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CONCEITO IGUALDADE Ainda hoje, os elementos trazidos por Aristóteles faz parte do discurso contemporâneo. No livro V de “Ética a Nicômaco”, Aristóteles fala que para saber o que é justo, deve-se saber também o que é injusto. Hobbes já cita que a igualdade relativa às condições físicas do ser humano é capaz de levar o homem ao desejo de usufruir dos mesmos bens. Isso portanto, para o filósofo, acarretaria numa luta entre os indivíduos, o que levou o autor a elaborar a frase “o homem é o lobo do homem”, já que o homem ama naturalmente a liberdade e a dominação sobre o outro. Locke já se afasta de Hobbes, ao dizer que os homens no estado de natureza tende a ter uma vida tranqüila e harmoniosa. Para o autor, só se reconhecendo como iguais que o ser humano criará uma esfera comum de poder igualitário, cujo fim é assegurar a conservação. Para Rousseau, há dois tipos de desigualdade: uma natural ou física, que nasce das diferenças de gênero, idade, saúde, constituição do corpo, do espírito e da alma; e outra de ordem moral ou política, que se traduz nos privilégios que uns gozam em detrimento de outros, como o de serem mais ricos ou mais poderosos socialmente. Rousseau fala em sua obra que não é necessário que voltemos ao estado de natureza para que possamos ser iguais. A solução é utilizarmos o direito e a razão como ferramentas por meio dos quais se corrigem as diferenças entre seres humanos, como acontece com as leis ou atos normativos. Por fim, Marx acredita que criticar a igualdade perante a lei, é uma forma de embasar a construção do conceito de igualdade material. IGUALDADE FORMAL É a igualdade garantida pela Constituição Federal de 1988. Joaquim Barbosa Gomes fornece abaixo um conceito detalhado de Igualdade Formal: “O princípio da igualdade perante a lei consistiria na simples criação de um espaço neutro, onde as virtudes e as capacidades dos indivíduos livremente se poderiam desenvolver. Os privilégios, sem sentido inverso, representavam nesta perspectiva a criação pelo homem de espaços e de zonas delimitadas, susceptíveis de criarem desigualdades artificiais e intoleráveis.” A Igualdade Formal quando evocada, vai se referir ao poder Estatal analisando sua natureza formal, no sentido de ser a igualdade perante a lei com a preocupação e o comando legal do tratamento igualitário sem afeições sobre qualidades ou atributos da norma. Portanto, a Igualdade Formal resulta do ponto de vista político do Estado de Direito, que é fundado na lei, no sentido da lei igual para todos. Em suma: todos são iguais perante a lei como forma de garantia dos direitos fundamentais estabelecidos pelo Estado legal. IGUALDADE MATERIAL É caracterizada pelos esforços de proteção das minorias por parte da esfera do Poder Legislativo (apesar de que nos últimos anos essa proteção tem sido compartilhada com ONGs e políticas de conscientização e educação locais). Durante um certo período, perante a lei, a Igualdade era identificada como garantia da concretização da liberdade, e bastaria somente a inclusão dela no rol dos direitos fundamentais para tê-la assegurada. Ela era efetivada com a idéia de Igualdade meramente Formal, já que essa idéia não passava de mera ficção. Para assegurar a efetivação do princípio da igualdade, há de se considerar comportamentos inevitáveis da convivência humana, já que somente proibir a discriminação não garante em nada a efetivação da igualdade. Daí surgiu a Igualdade Material, que se afastou da concepção formalista de igualdade e passou a considerar as desigualdades concretas existentes socialmente de maneira a tratar de modo diferente situações diferentes. DIFERENÇA ENTRE IGUALDADE MATERIAL E FORMAL Podemos concluir que a Igualdade Formal sustenta o veto, já a Igualdade Material, o projeto de lei. Ambas são, no entanto, interligadas. Ou seja, a desigualdade formal pode levar a desigualdade material, e vice-versa. Pela discricionariedade hermenêutica, o Juiz de Direito poderá adotar três medidas distintas para resolver a lide: Poderá considerar inconstitucional o projeto de lei, priorizando a Igualdade Formal; Poderá acatar a lei, dando assim prioridade a Igualdade Material; Poderá conciliar as duas formas de Igualdade, harmonizando a convivência entre as duas, eliminando a antinomia. A diferenciação justificada, eficiente e especificada serão os critérios usados pelo Juiz de Direito na sua interpretação normativa, usando sua discricionariedade para assegurar a eficácia jurídica e validade legal, coexistindo igualdade formal e igualdade material simultaneamente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SILVA, Nícolas Trindade da. Da igualdade formal a igualdade material. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 107, dez 2012. Acesso em maio 2015.
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