Buscar

Aula 00

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 105 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 105 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 105 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 1
APRESENTAÇÃO E PLANO DE AULAS
CAROS AMIGOS E ALUNOS: 
É um prazer poder usufruir dos atuais meios de comunicação e me dirigir 
a todos vocês. Nesta apresentação vou passar algumas informações sobre mim 
e do curso que pretendemos ministrar. 
Sou graduado e pós-graduado em Direito pela Pontifícia Universidade 
Católica de São Paulo (PUC/SP). Desde os tempos do 1o ano de Faculdade fui o 
que se pode chamar de “concurseiro”. Exerci cargos, por concurso público, no 
Tribunal de Justiça de São Paulo (escrevente) e no Tribunal Regional do 
Trabalho da 2a Região (Atendente Judiciário, Auxiliar Judiciário e Técnico). 
Depois de formado em Direito, prestei concurso para a Procuradoria Geral do 
Estado. E assim, fui Procurador do Estado de São Paulo de 1984 a 1992, 
tendo atuado neste período em diversas áreas do Direito (trabalhista, criminal e 
cível). Exerci minhas funções na Procuradoria de Assistência Judiciária (que 
atualmente é chamada de Defensoria Pública), ou seja, ingressava com ações e 
defendia pessoas carentes e humildes, que não tinham recursos para pagar um 
Advogado. A atuação neste cargo me deu uma grande lição de vida e larga 
experiência profissional. Em 1993 prestei concurso para a Magistratura, sendo 
que desde então sou Juiz de Direito. Ao lado de todas estas funções públicas, 
sempre fui ligado ao ensino. Para mim, uma atividade completa a outra e vou 
me mantendo sempre atualizado. Leciono desde 1983. Iniciei minha carreira 
docente na própria PUC/SP, onde dei aulas durante alguns anos. Mas meu foco 
são os cursos preparatórios para concursos públicos. Como disse, acabei 
me envolvendo com diversas disciplinas na área jurídica, mas me especializei no 
maravilhoso Direito Civil, matéria da qual possuo algumas obras e artigos 
publicados. 
Há mais de vinte anos acompanho os concursos públicos, nas mais 
diferentes áreas, seja no âmbito jurídico, fiscal e outros. O contato que 
mantenho com os alunos (seja real, ou, nos tempos atuais, também virtual) é 
muito enriquecedor. Gosto de transmitir toda aquela experiência que fui 
acumulando nos concursos que prestei e nos cargos que exerci e ainda exerço. 
Fico extremamente feliz quando recebo a notícia de que um aluno passou em 
um concurso. Cada vez que isso ocorre, parece que eu passei junto com ele. E 
isso renova minhas forças para continuar fazendo o que gosto. Devo acrescentar 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 2
que venho tendo muitas dessas alegrias, tendo-se em vista o frequente 
sucesso dos alunos, em especial, aqui no PONTO DOS CONCURSOS. 
Minha intenção com este curso é ministrar aulas totalmente 
direcionadas para concursos públicos, de forma clara, direta e objetiva, 
fornecendo o máximo de informações possíveis ao aluno, mas sem dispersar a 
matéria para temas que não caem nas provas, evitando opiniões pessoais e 
doutrinárias que não são acolhidas nos concursos. Chamamos este curso de 
”CURSO REGULAR”, pois o seu conteúdo programático é o mais 
abrangente possível, atendendo a todos os editais referentes ao Direito 
Civil. Podemos dizer que se trata de um CURSO COMPLETO. Por isso vamos 
devagar, com uma aula a cada 15 (quinze) dias, para dar tempo ao aluno ler 
toda a matéria e fazer os exercícios com calma. 
Vamos agora explicar como será desenvolvido nosso curso. 
Cada aula contém a matéria referente a um capítulo do Direito Civil, 
sendo que a mesma será exposta de uma forma bem simples, direta e objetiva. 
Durante as aulas forneço o maior número de exemplos possível. Tenho certeza 
de que mesmo uma pessoa que não tenha qualquer formação em Direito terá 
plenas condições de acompanhar o curso e entender tudo o que será ministrado. 
No entanto não posso fugir de algumas ‘complexidades jurídicas’, pois estas 
também costumam cair em alguns exames. Costumo dizer que os examinadores 
gostam de pedir “as exceções de uma regra...” e também “as exceções da 
exceção...”. Desta forma, darei um enfoque especial a estes aspectos, 
chamando a atenção do aluno quando um ponto é mais exigido em um concurso 
e onde podem ocorrer as famosas “pegadinhas”. 
Em todas as aulas, após apresentar a parte teórica, com muitos exemplos 
práticos, sempre faço um quadro sinótico, que na verdade é o resumo da 
aula. É o que eu chamo de “esqueleto da matéria”. Ele é bem simples... a 
essência do que foi dito. Mas a experiência demonstra que esse “quadrinho” é 
de suma importância, pois se o aluno conseguir memorizá-lo, saberá situar a 
matéria e completá-la de uma forma lógica e sequencial. Portanto, após ler 
toda a aula, o aluno deve também ler (e reler) o resumo apresentado, mesmo 
que tenha entendido toda matéria fornecida. Sem dúvida alguma, esta é uma 
excelente maneira de fixação do conteúdo da aula. Além disso, é ótimo para 
rápidas revisões às vésperas de um exame. 
Ao final de cada aula também apresento alguns testes. Aliás, muitos 
testes. Todos eles já caíram em concursos públicos anteriores. Procuro 
especificar bem as bancas: ESAF, CESPE/UnB, Carlos Chagas, CESGRANRIO, 
Getúlio Vargas, etc. Este ponto merece um destaque especial em nosso curso. 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 3 3
Trata-se de um diferencial. Até por experiência própria, entendo que os testes 
são imprescindíveis para um curso direcionado para concursos. Uma aula, por 
melhor que seja, só é completa se tiver os testes. Aliás, esta é uma exigência 
atual dos alunos, pois é por meio dos exercícios que o aluno vai pegando a 
“malícia” de uma prova. Inicialmente os testes têm a finalidade de revisar o 
que foi ministrado na aula e fixar, ainda mais, a matéria dada. Mas resolver 
questões já aplicadas em concursos anteriores é, indiscutivelmente, uma das 
melhores formas de se preparar para exames. Observem como os concursos 
costumam repetir questões que já caíram em outros exames ou fazer “variações 
sobre um mesmo tema”. 
Os testes apresentados neste nosso curso têm um grau de dificuldade 
acima da média e não fujo de questões polêmicas, desde que haja interesse 
para um concurso. Por isso não fiquem preocupados se o seu índice de acerto 
ficou aquém do esperado... isso é natural... faz parte do aprendizado. Com o 
tempo, sem afobação, o aluno “vai pegando a malícia dos testes”. É importante 
o aluno fazer todos os exercícios, pois muitas vezes eles completam a aula. 
Por esse motivo o gabarito é totalmente comentado. Muitas dúvidas da aula 
podem ser sanadas somente por meio da leitura dos testes e de suas 
respectivas respostas, pois completam e aprofundam a matéria da aula. 
Passados alguns dias, refaçam os testes. Veja como seu índice melhorou... sem 
perceber você está “pegando o jeito da coisa”. Devo esclarecer que alguns 
testes foram adaptados, acompanhando as alterações legislativas que vem 
ocorrendo a todo o momento e também com inserção de mais alternativas em 
algumas questões. Por isso, nem sempre a fonte é citada, pois o exercício 
original ficou “desnaturado”. 
Além dos testes, propriamente ditos, sempre que possível, adicionamos no 
final de toda aula, algumas propostas bem objetivas para questões 
dissertativas. Trata-se de um complemento para alunos que desejam testar 
seus conhecimentos, a sua redação e o seu poder de síntese sobre alguns temas 
da matéria exposta e tambémpara preparação em concursos (em especial na 
área jurídica) que as exigem. Trata-se de um bom exercício prático, pois 
fornecemos as respostas para estas indagações dissertativas. Assim, mesmo 
que o aluno não queira resolver a questão, recomendamos no mínimo a 
leitura da indagação com respectiva resposta. Isto, por si só, já constitui 
uma boa forma de estudo, reforçando e complementando o que foi fornecido em 
aula. 
Finalmente, qualquer dúvida que porventura o aluno ainda tenha referente 
à aula deve ser encaminhada ao forum deste site, para que eu possa respondê-
la da melhor forma possível. Assim, as perguntas dos alunos e as minhas 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 4 4
respostas ficarão disponíveis para todos os matriculados no curso, enriquecendo 
ainda mais o nosso projeto. Por isso é importante que o aluno leia todas as 
perguntas e respostas que já foram elaboradas e encaminhadas, mesmo que 
por outros alunos, pois às vezes as suas dúvidas podem ser as mesmas que 
outro aluno já formulou. 
Gostaria por derradeiro, de aproveitar este momento para fazer uma 
observação e alerta importante: NÃO SE ASSUSTEM COM O NÚMERO DE 
PÁGINAS DE CADA AULA!!! Realmente o conteúdo total da aula é bem 
grande. Mas isso ocorre porque a aula é completa, abordando todos os pontos 
que estão no edital. Durante a aula elaboro gráficos e dou muitos exemplos 
práticos de cada instituto, sendo que ao final da aula ainda forneço um resumo. 
Além disso, forneço uma grande quantidade de testes. E depois ainda faço 
muitos comentários sobre cada questão, esmiuçando bem a matéria. Tudo isso 
faz com que o material seja mais extenso. Assim, se por um lado a aula é 
completa, por outro lado, realmente, acaba ficando grande. Mas penso que é 
preferível ter um material extenso, porém completo, do que uma aula menor, 
mas que não aborda pontos importantes da matéria. Ademais o aluno pode 
selecionar aquilo que entenda mais conveniente para imprimir. Lembrando que 
este é o chamado CURSO REGULAR, ou seja, COMPLETO. Isso não ocorre nos 
demais cursos que ministramos aqui no PONTO, pois nestes a aula é bem 
enxuta, dirigida especialmente para aquele concurso que está aberto e 
abordando somente os pontos do edital exigidos. 
Com a exposição da matéria teórica acompanhada de exemplos práticos, 
quadros sinóticos, resumos e uma boa quantidade de testes com gabarito 
comentado, possibilitando ainda ao aluno eliminar qualquer dúvida que reste 
através do nosso forum, acreditamos ser este trabalho uma importante 
ferramenta para o conhecimento e aprimoramento nos estudos. Finalizo, 
desejando a todos os votos de pleno êxito em seus objetivos, com muita 
tranquilidade e paz durante os estudos e na hora da realização das provas. 
 
Um forte abraço. 
Lauro Ribeiro Escobar Jr. 
CRONOGRAMA DAS AULAS
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 55
Aula 00 – Aula Demonstrativa (fornecida hoje, logo após a esta 
apresentação) – Noções Gerais de Direito e Lei de Introdução ao Código Civil. 
A) Noções Gerais de Direito. Conceito e Classificação de Direito: Público e 
Privado. Fontes de Direito Civil. B) Lei de Introdução ao Código Civil. Lei. 
Aspectos Gerais. Vigência e Eficácia das Leis no Tempo e no Espaço. Aspecto 
Temporal: Início da Obrigatoriedade da Lei. Revogação: ab-rogação e 
derrogação. Repristinação. Retroatividade. Direito Adquirido, Ato Jurídico 
Perfeito e Coisa Julgada. Aspecto Territorial. Conflito das normas no tempo e 
no espaço. Interpretação das Leis – Hermenêutica. Lacuna e Integração da 
Norma Jurídica: analogia, costumes e princípios gerais de direito. Antinomia: 
conflitos entre as leis; critérios para solução. 
Aula 01 (13 de outubro) Das Pessoas Naturais – Conceito. Personalidade: 
Início, Individualização e Término. Nascituro. Domicílio Civil. Direitos da 
Personalidade. Capacidade: classificação. Incapacidade. Emancipação. Registro 
e Averbação. 
Aula 02 (27 de outubro) Das Pessoas Jurídicas – Conceito. Classificação: 
Pessoa Jurídica de Direito Público e de Direito Privado. Personalidade Jurídica. 
Início da Personificação e Término de sua existência legal. Registro e 
Representação. Domicílio. Responsabilidade. Grupos não personificados. Abuso e 
Desconsideração da Personalidade Jurídica. 
Aula 03 (10 de novembro) Bens – Das Diferentes Classes de Bens. Conceito. 
Espécies. Classificação Geral. Bem de Família: legal e convencional. 
Aula 04 (24 de novembro) Fatos e Atos Jurídicos (1a Parte) – Fatos 
Jurídicos. Classificação. Aquisição. Resguardo. Modificação. Extinção de Direitos. 
Fato Natural. Prescrição e Decadência. 
Aula 05 (08 de dezembro) Fatos e Atos Jurídicos (2a Parte) – Ato 
Jurídico. Negócio Jurídico. Conceito. Classificação. Requisitos. Modalidades. 
Elementos Constitutivos. Elementos Essenciais: gerais e especiais (particulares). 
Elementos Acidentais: condição, termo e encargo (ou modo). Validade e 
Defeitos do Negócio Jurídico. Invalidade: Nulidade Absoluta e Relativa (nulidade 
e anulabilidade). Conversão do Negócio Nulo. Invalidade. Confirmação. 
Conversão do Negócio Nulo. Interpretação. Forma e Prova dos Negócios 
Jurídicos. 
Aula 06 (15 de dezembro) Atos Ilícitos. Abuso de Direito. 
Responsabilidade Civil. Conceito, pressupostos, espécies e efeitos. 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 6 6
Responsabilidade Contratual e Extracontratual. Responsabilidade Objetiva e 
Subjetiva. Abuso de Direito. Indenização. Exclusão da Ilicitude. 
Aula 07 (22 de dezembro) Direito das Obrigações – Parte Geral – Teoria 
Geral das Obrigações. Conceito. Elementos Constitutivos. Fontes. Classificação 
Completa. Modalidades de Obrigações. Cláusula Penal. Efeitos. Formas de 
Extinção das Obrigações. Pagamento ou Adimplemento (objeto, prova, lugar e 
tempo). Pagamento Direto. Pagamento Indireto. Dação em Pagamento. 
Novação. Confusão. Compensação. Remissão das Dividas. Formas Especiais de 
Pagamento. Mora. Inexecução das Obrigações. Transmissão – Cessão (crédito, 
débito e contrato). Declaração unilateral de vontade. 
Aula 08 (05 de janeiro - 2011) Contratos – Parte Geral – Disposições 
Gerais. Teoria Geral dos Contratos. Elementos. Princípios Fundamentais. 
Formação. Modalidades ou Espécies. Efeitos particulares (exceção de contrato 
não cumprido, direito de retenção, revisão, arras ou sinal, vício redibitório, 
evicção). Extinção da Relação Contratual. 
Aula 09 (19 janeiro - 2011) Espécies de Contratos – Compra e Venda. 
Troca. Contrato Estimatório. Doação. Locação (móveis e imóveis). Lei do 
Inquilinato. Empreitada. Prestação de Serviço. Empréstimo (Comodato e 
Mútuo). Depósito. Mandato. Fiança. Aula Extra: Transporte. Seguro. 
Transação. Arbitragem. Comissão. Agência e Distribuição. Corretagem. 
Constituição de Renda. 
Aula 10 (26 de janeiro - 2011) Direito das Coisas – 1a Parte – Posse: 
Conceito. Teorias sobre a Posse. Aquisição. Proteção. Efeitos. Perda. 
Propriedade: Função Social. Extensão e Restrição ao Direito de Propriedade. 
Aquisição. Perda. Usucapião. Condomínio (modalidades). Propriedade Resolúvel. 
Direito de Vizinhança. Uso Anormal da Propriedade. Passagem Forçada. 
Aula 11 (09 de fevereiro - 2011) Direito das Coisas – 2a Parte – Direitos 
Reais Sobre Coisa Alheia. A) Gozo ou Fruição. Enfiteuse. Superfície. Servidão 
Predial. Usufruto.Uso e Habitação. B) Garantia. Penhor. Hipoteca. Anticrese. 
Alienação Fiduciária em Garantia. C) Direito Real de Aquisição. Compromisso 
ou Promessa Irretratável de Venda. D) Direitos Reais de Interesse Social. 
Concessão de uso especial para fins de moradia. Concessão de direito real de 
uso. 
Aula 12 (23 de fevereiro - 2011) Direito de Família – 1) Direito 
Matrimonial. Regimes de Bens entre os Cônjuges. 2) Direito Convivencial. União 
Estável entre Homem e Mulher. 3) Direito Parental. Filiação. Adoção. Poder 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 7 7
Familiar. Alimentos. Relações de Parentesco. 4) Direito Assistencial. Guarda. 
Tutela. Curatela. Ausência. 
Aula 13 (02 de março - 2011) Direito das Sucessões – Da Sucessão em 
Geral: Legítima e Testamentária. Formas de Testamento. Inexecução. 
Deserdação. Codicilo. Inventário e Partilha. 
AULA DEMONSTRATIVA
NOÇÕES GERAIS DE DIREITO 
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 
(Decreto-lei n° 4.657/42) 
Meus Amigos e Alunos 
Nem todo concurso público coloca no edital a matéria que veremos nesta 
aula inaugural sobre “Noções de Direito e Lei de Introdução ao Código 
Civil”. Mas, mesmo para aqueles concursos que não exigem essa matéria, 
aconselhamos a leitura atenta desta aula. Nossa intenção com ela é fazer com 
que o aluno “conheça e entre no mundo do Direito”. Lembrem-se: o Direito está 
presente em todos os atos de nossa vida. Até naqueles que consideramos 
insignificantes. Assim, mesmo aqueles alunos que não sejam formados em 
Direito terão a oportunidade de “captar o espírito do Direito e das normas 
jurídicas”. E para aqueles que já têm uma formação jurídica é uma excelente 
oportunidade para relembrar importantes conceitos introdutórios e básicos, mas 
que serão relevantes para o desenvolvimento normal deste nosso curso. Alguns 
alunos não gostam de estudar este ponto por acharem “muito básico”, 
preferindo outros pontos do edital que consideram “mais importantes”. Mas é 
bom que deixemos claro uma coisa: em um concurso não existe ponto mais 
ou menos importante. Se o ponto está no edital... há a possibilidade de cair. 
E mesmo que o aluno ache a matéria muito básica, é preciso tomar cuidado, 
pois podem ocorrer as famosas “pegadinhas”. Por isso, não podemos subestimar 
as matérias! Tudo é importante! Por outro lado, não podemos nos perder em 
detalhes e em assuntos que não constam do edital. A experiência nos ensina 
que agir assim é pura perda de tempo. Costumo usar a seguinte frase: o que 
não está no edital não está no mundo (parafraseando uma parábola muito 
comum no meio jurídico: “o que não está no processo não está no mundo”). 
Às vezes pode cair uma questão de uma outra matéria (Constitucional, 
Tributário, Administrativo) e o aluno pode acertar a questão apenas com a 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 8 8
leitura desta aula introdutória, pois ela é bem genérica, abordando tudo que 
tem caído nos concursos realizados ultimamente, inclusive nos concursos que 
exigem um grau mais elevado de conhecimento jurídico, como Procurador da 
República, da Fazenda Nacional, Juiz Federal ou Estadual, Ministério Público, etc. 
É interessante também que o aluno leia a nossa apresentação, pois nela 
explico como será o nosso plano de aula, como desenvolveremos a matéria, a 
importância do quadro sinótico fornecido ao final das aulas, os testes e seus 
respectivos gabaritos comentados, complementando a aula, nosso fórum de 
perguntas e respostas, etc. Bem... agora vamos deixar de prosa e entrar naquilo 
que realmente nos interessa... 
DIREITO 
Pela Teoria Geral do Direito costumamos fazer a seguinte divisão: “mundo 
do ser” e “mundo do dever ser”. Explicando: 
O mundo do ser abrange os fenômenos da natureza, sujeito às leis 
da física (ex: se eu largar uma caneta no ar, ela cairá, independentemente de 
uma lei que afirme isso ou o contrário). Elas são imutáveis, não comportam 
exceção e, por isso, não podem ser violadas. 
Já o mundo do dever ser abrange o mundo jurídico, caracterizando-
se pela liberdade na escolha da conduta (ex: uma pessoa que comete um delito 
“deve ser” punida). 
☺ Com base nestes exemplos podemos concluir que o Direito pertence 
ao “mundo do dever ser” ☺ 
Vejamos isso no plano histórico. O ser humano, desde os seus primórdios, 
para melhor atingir seus objetivos, foi um ser sociável. Basta ler nos livros de 
história, como viviam os primeiros grupos humanos na pré-história e 
posteriormente nas civilizações egípcia, suméria, babilônica, assíria, etc. E 
também tempos depois, com os gregos e os romanos. Verificamos isso até 
mesmo nas tribos indígenas que viviam no Brasil antes do descobrimento. É 
certo, também, que foram inevitáveis os conflitos de interesses entre os 
membros da sociedade. Por isso a convivência em comum acabou impondo uma 
certa ordem em suas relações. Por mais rudimentares que fossem, todos os 
grupos humanos possuíam um conjunto de regras para disciplinar suas relações. 
E a partir daí foram sendo criadas as normas jurídicas para melhor regular 
essas relações, estabelecendo restrições e limites. Assegurou-se, com isso, 
condições de equilíbrio para a coexistência entre os indivíduos. 
Primitivamente não existia o Estado para impor regras de comportamento 
e solucionar os inevitáveis conflitos entre os membros do grupo. Tudo se 
resolvia com a “lei do mais forte”, pelas próprias mãos (vingança privada). Era a 
autotutela (ou autodefesa). Com o passar do tempo, percebeu-se que, sob 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 9 9
pena de ser colocada em risco a própria existência e manutenção daquele grupo 
social, uma terceira pessoa, não interessada no conflito, é que deveria ser 
encarregada de resolvê-lo. Surge, então, a arbitragem. Inicialmente a ordem 
interna era mantida por uma pessoa dotada de qualidades que o destacavam 
diante do grupo (o ancião, o chefe, um sacerdote, etc.). As normas geralmente 
eram (e ainda são) acompanhadas de uma sanção em caso de desrespeito. Por 
isso aquela pessoa, dentre inúmeras outras tarefas, julgava os conflitos e 
impunha as penalidades. Assim, de forma espontânea e paulatina, o homem foi 
evoluindo e formando aglomerados sociais como: família, trabalho, escola, 
associação cultural, religiosa, profissional, esportiva, etc. Portanto, além das 
normas jurídicas, a sociedade exigiu também a observância de outras normas, 
como as religiosas, morais, de urbanidade, etc. Como uma evolução da 
sociedade, surge o Estado e este passa a se sobrepor aos particulares em prol 
da segurança e estabilidade da coletividade. O Estado absorve o poder de 
solucionar os conflitos. Concluindo: o Direito não corresponde somente às 
necessidades individuais de cada pessoa, mas também às necessidades da 
coletividade de paz, de ordem e de bem comum. Surgiu da necessidade de 
equilíbrio e justiça nas relações humanas (de acordo com a convicção prevalente 
de determinado momento e lugar), exercendo uma função ordenadora na 
sociedade. Segundo Rousseau (Contrato Social), o homem, para ter paz e 
segurança, deve abrir mão de parte de sua liberdade; não se pode conceber 
uma sociedade humana em que não haja ordem jurídica. Por isso a doutrina 
costuma usar o seguinte adágio para explicar o fenômeno: “onde existe 
Sociedade, existe Direito” (ubisocietas, ibi jus). 
Atualmente, podemos dizer que são formas de se resolver os 
conflitos: 
, consegue 1) Autotutela (ou autodefesa) – o interessado, por si mesmo 
a satisfação de sua pretensão. Nosso Direito, de uma forma geral, abomina esta 
forma de resolução de conflitos, tendo-se em vista a sua agressividade e o fato 
de se criar uma instabilidade social ainda maior. Como exemplo, o art. 345 do 
Código Penal prevê como crime: “fazer justiça com as próprias mãos, para 
satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite”. Assim, 
nosso sistema jurídico impõe que caso haja um conflito, o Estado-juiz deve ser 
chamado para solucioná-lo. Mas como há a ressalva legal, e baseado no fato de 
ser impossível o Estado se fazer presente em todo momento em que um direito 
estiver sendo violado, admite-se a autotutela em hipóteses excepcionais. 
Exemplos: a) legítima defesa da posse e desforço imediato (art. 1.210, §1o, CC: 
O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua 
própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não 
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse); b) o 
direito de retenção (arts. 1.219, 1.433, II, 1434, CC); c) o direito de cortar 
raízes de árvores limítrofes que ultrapassem o limite do prédio (art. 1.283, CC), 
etc. 
2) Autocomposição (ou homocomposição) – uma das partes (ou ambas) 
abre mão de seu interesse, no todo ou em parte. O exemplo clássico é a 
conciliação. Ela pode ser endoprocessual (dentro de um processo judicial) ou 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 100
extraprocessual (fora do âmbito do processo), somente atingindo direitos
disponíveis e nunca os indisponíveis (ex: direitos da personalidade, como a vida, 
liberdade, honra, intimidade, etc.). A conciliação pode tomar três formas 
clássicas: a) transação, onde há mútuas concessões entre as partes: uma cede 
um pouco de um lado, a outra cede outro pouco de outro lado, e acaba saindo 
um acordo (art. 269, III, do Código de Processo Civil); b) submissão, onde 
uma das partes se submete à pretensão do outro, ou seja, há o reconhecimento
do pedido (art. 269, II, CPC); c) desistência, onde uma das partes renuncia ao 
direito em que se funda ação (art. 269, V, CPC). Além da conciliação, uma outra 
forma de autocomposição é a arbitragem, que ganhou força no Brasil com a 
chamada Lei de Arbitragem (Lei n° 9.307/96). Trata-se de um mecanismo 
alternativo à atividade do Poder Judiciário. Ela é facultativa e somente atinge 
direitos patrimoniais disponíveis. Normalmente ela se dá por meio de um 
contrato em que se inclui a chamada cláusula compromissória. Em aula mais 
adiante aprofundaremos este tema. 
3) Jurisdição – trata-se de uma das expressões do poder estatal, onde o 
Estado-juiz decide imperativamente e impõe suas decisões. A finalidade da 
jurisdição (e do sistema processual) é a pacificação. E para atingir este objetivo 
o Estado cria um sistema processual, instituindo normas a respeito da jurisdição 
(direito processual), órgãos jurisdicionais (estrutura jurisdicional), exercendo o 
poder por meio do processo. Este tema é desenvolvido por outras matérias, 
como o Direito Processual Civil, Processual Penal, etc. 
Conceito e Classificação do Direito 
A palavra Direito deriva do latim, directum, e designa, na sua origem, 
aquilo que é reto; num sentido figurado, seria aquilo que está de acordo com a 
lei (directum – particípio passado do verbo dirigere = dirigir, alinhar). Os 
romanos usavam a palavra jus ou juris (verbo jubere = mandar, ordenar; ou 
justum, aquilo é justo). O vocábulo pode ser empregado com significados 
diversos. Mas, em sentido técnico, podemos fornecer o seguinte conceito: 
)Direito é o conjunto das normas gerais e positivas 
que regulam a as ações humanas e suas consequências. 
Atualmente conceituamos o Direito de uma forma mais ampla e completa: 
conjunto de normas da vida em sociedade que busca expressar e também 
alcançar um ideal de justiça, traçando as divisas do ilegal e do obrigatório. 
Como uma ciência social, o Direito deve ser concebido em função do homem 
vivendo em uma sociedade, pois estas suas relações somente são passíveis com 
a existência de normas reguladoras. 
Alguém agora pode me perguntar: O Direito pode ser dividido? E eu 
respondo: na realidade o Direito deve ser visto como um todo. Todas as 
normas, princípios e instituições devem se inter-relacionar de forma harmônica, 
formando um só sistema. MAS... situado no conjunto dos conhecimentos 
humanos, e para fins didáticos podemos dividi-lo ou classificá-lo. Podemos 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 111
traçar uma analogia entre o Direito e seus ramos com as águas de uma piscina 
dividida em raias. Estas raias servem apenas para orientar o nadador, no 
entanto elas não dividem as águas da piscina. Da mesma forma o Direito: ele é 
uma coisa só. A sua divisão em ramos apenas serve para orientar o estudioso e 
facilitar a sua compreensão. Até porque, cada matéria do Direito mantém 
relações e conexões com as demais matérias do Direito. Assim, a primeira forma 
de divisão se refere ao Direito Objetivo e Direito Subjetivo. Vejamos: 
• Direito Objetivo → é a norma de agir (usamos a expressão norma 
agendi). Abrange a lei e/ou os costumes. Geralmente há um preceito e 
uma sanção. O preceito estabelece obrigações ou proibições. Ele é 
imperativo, de caráter geral, dirigido aos membros de uma sociedade. O 
preceito, como regra, vem acompanhado de uma sanção, que é a 
consequência negativa pela inobservância da norma. Podem ser 
catalogadas duas espécies de consequências (que podem em alguns casos 
ser acumulada): a) nulidade (ex: um bem imóvel somente pode ser 
vendido por pessoa capaz; se um absolutamente incapaz vendeu seu 
imóvel a venda é considerada nula); b) penalidade (prevê uma punição 
pessoal, como uma prisão, ou patrimonial, como uma multa ao 
transgressor). 
• Direito Subjetivo → é a faculdade de agir (falamos em facultas agendi), 
ou o conjunto de prerrogativas que os membros da sociedade têm 
dentro do ordenamento. Quando se diz que uma pessoa tem direito a algo 
(ex: direito à saúde, educação, etc.), está-se referindo a um direito 
subjetivo, a uma faculdade que esta pessoa possui. 
Vamos dar um exemplo deixando mais clara essa classificação. Vejamos a 
posse. O direito objetivo determina que o possuidor deve ser garantido em sua 
posse. Esta é a norma, dirigida a todos abstratamente. Mas se a posse de uma 
pessoa for violada, surge a faculdade desta pessoa em ingressar com uma ação 
judicial para ser reintegrada. Trata-se, portanto, de uma prerrogativa individual, 
ou seja, de um direito subjetivo. 
Costumamos dizer que a cada Direito (objetivo) corresponde uma ação 
que o assegura (seria o exercício do direito subjetivo). A ação serve para 
proteger o direito material. Portanto, a norma agendi (que é estática) se 
dinamiza na facultas agendi. 
Há uma outra classificação que é realizada pelos estudiosos da matéria: 
Direito Positivo e Direito Natural. 
Direito Positivo é o conjunto de normas jurídicas vigentes em 
determinado lugar, em determinada época; na verdade trata-se da Lei 
propriamente dita. Não depende de qualquer entidade superior (Deus) e não se 
cogita de justiça: seu fundamento é a força. É evidente que isto pode levar a 
alguns abusos. Exemplo: se uma norma disser que o roubo ou o homicídio não 
são mais crimes... estas condutas não serão mais crimes,pouco importando se 
isso é justo ou injusto. 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 122
Por outro lado, existem normas que não são criadas por nós, estão acima 
da norma legislativa. Assim, o Direito Natural é o composto pelo conjunto de 
regras imutáveis e necessárias, capazes de conduzir o homem a sua perfeição, 
correspondendo a uma justiça superior e suprema. Simbolizam, assim, o sentido 
de justiça de uma comunidade. 
Mais do que uma simples classificação, Direito Positivo e Natural são duas 
correntes que sempre permearam toda a História do Direito. Mas não se pode 
dizer que há uma total contraposição de um com o outro, pois o próprio Direito 
Positivo muitas vezes se inspirou no Direito Natural, buscando uma harmonia e 
perfeição. O Brasil sofreu forte influência do positivismo, uma vez que o próprio 
Regime Republicano foi instalado sob sua égide teórica. Até a divisa de nossa 
Bandeira “Ordem e Progresso” foi extraída da fórmula máxima do positivismo 
pregado por Auguste Comte: “O amor por princípio, a ordem por base e o 
progresso por fim”. 
Atualmente chamamos de Jusnaturalismo a corrente de pensamento que 
tenta reunir todas as ideias que surgiram, no correr da história, em torno do 
Direito Natural. O jusnaturalismo seria como o fiel da balança, pois prega a 
existência do Direito Positivo, mas entende que o mesmo deva ser objeto de 
uma valoração, inspirada num sistema superior de princípios ou preceitos 
imutáveis (que seria o Direito Natural), que corresponde a uma justiça maior, 
anterior e superior ao Estado e que emana da própria ordem equilibrada da 
natureza (ou mesmo de Deus). O grande exemplo que pode ser dado sobre 
esta divisão é a dívida de jogo. Para o nosso direito positivo a dívida de jogo não 
é exigível; mas para o direito natural o seu pagamento é obrigatório. 
Segundo Sílvio Venosa (Direito Civil, Ed. Atlas, vol. I), o Direito é uma 
realidade histórica, um dado contínuo; provém da experiência. Só há uma 
história e só pode haver uma acumulação de experiência valorativa na 
sociedade. E para que haja disciplina social, para que as condutas não tornem a 
convivência inviável, surge o conceito de norma jurídica. Há então uma trilogia 
da qual não se afasta nenhuma expressão da vida jurídica: fato-valor-norma, 
na chamada Teoria Tridimensional do Direito, descrita por Miguel Reale. 
Embora este tema aborde aspectos filosóficos, acho conveniente 
aprofundá-lo um pouco. Isto porque nosso atual Código Civil foi desenvolvido a 
partir das ideias de Miguel Reale. Foi ele o coordenador dos trabalhos e seu 
mentor intelectual. 
☺ Vou tentar explicar esta Teoria de forma simples, em termos 
“não tão técnicos” ☺ O Direito não é um produto pronto e acabado. Ele é 
resultante de uma interação entre um fato social e o valor deste fato na busca 
de soluções concretas e racionais para a edição de uma norma. Fato é o 
acontecimento social referido pelo Direito Objetivo. Valor é o elemento moral do 
Direito; é o ponto de vista sobre a Justiça. Norma é o padrão de comportamento 
social que o Estado impõe aos indivíduos. Não é possível se conceber uma lei 
sem analisar os fatos ou acontecimentos e necessidades sociais e a sua 
valoração para a sociedade. A edificação do Direito está sujeita a esta dinâmica 
cultural-valorativa, que pode variar em face do tempo e do espaço de uma 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 133
sociedade, tendo-se sempre o homem como o centro de convergência das 
atenções (e, convenhamos, o ser humano é de fato o destinatário final das 
normas). Cada um desses itens (fato-valor-norma) é explicado pelos demais e 
pela totalidade do processo. Há uma interdependência entre os três elementos, 
de forma que a referência a um deles implica necessariamente na referência aos 
demais. 
O “fato” irá gerar um “valor” na sociedade, fazendo nascer uma “norma” 
jurídica para proteger esse valor. Para que isso não fique apenas no plano 
teórico, vou dar um exemplo bem simples: “A” matou “B” (trata-se de um 
fato); isto gerou um valor (no caso a vida – e a nossa sociedade preza a vida); 
nasce então uma norma para proteger este valor (no exemplo dado, o artigo 
121 do Código Penal prevê o crime de homicídio, com a finalidade de proteger a 
vida). 
Deixo claro, no entanto, que muitos autores (ex: Hans Kelsen) negam a 
existência de qualquer outro Direito que não seja a norma posta (ou imposta). 
Para esta forte corrente doutrinária, Direito é o que está na lei. E pronto!! Mas o 
aluno de um curso preparatório para um concurso público não precisa se filiar a 
corrente “A” ou “B”. Basta saber que existem as duas escolas. E o que prega 
cada uma delas. E relembrando que o atual Código Civil possui a visão 
jusnaturalista de Miguel Reale (e não a visão positivista do Código anterior). 
O Direito Objetivo ou Positivo (ou seja, a norma ou a lei de uma forma 
geral), por sua vez, pode ser dividido em ramos. Como vimos, o Direito deve 
ser visto como um todo. As normas (sejam elas da natureza que forem) se 
intercomunicam a todo instante, não se podendo dissociar o interesse público do 
privado como se fossem coisas antagônicas. No entanto costuma-se fazer a 
divisão do Direito Objetivo em matérias para melhor orientar o estudioso. Por 
isso dividimos o Direito Objetivo basicamente em dois ramos: o Direito Público 
e o Direito Privado. Reforçamos a ideia de que nem todos os autores admitem a 
possibilidade de divisão do Direito. Mas, para fins didáticos e de concursos, é 
plenamente aceita esta divisão. Vamos agora falar um pouquinho sobre cada 
um desses Ramos do Direito. 
A) DIREITO PÚBLICO é o destinado a disciplinar os interesses gerais da 
coletividade, alcançando as condutas individuais de forma indireta. É composto 
predominantemente por normas de ordem pública, que são cogentes, ou seja, 
impositivas, de aplicação e obediência obrigatória. Quais as matérias que 
formam o Direito Público? Resposta: podemos dizer que são suas principais 
matérias: o Direito Constitucional, o Administrativo, o Tributário, o Processual 
(Processo Civil e Processo Penal) e o Direito Penal. A elas podemos adicionar, 
também (entre outras matérias) o Direito Internacional e o Direito Eclesiástico 
(ou Canônico) e mais atualmente o Direito Ambiental. O Direito Público, assim, 
regula a organização do Estado em si mesmo (ex: Constitucional, 
Administrativo), em suas relações para com os particulares (ex: Penal, 
Tributário) e em suas relações para com outros Estados soberanos (ex: Direito 
Internacional). 
O vínculo nas relações do Direito Público é de subordinação. Ou seja, há 
uma desigualdade no tratamento entre os polos de uma relação jurídica. Por 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 144
isso, sempre que houver conflitos entre os interesses do Estado e os dos 
particulares, prevalecem os primeiros (respeitados, evidentemente, os direitos e 
garantias fundamentais constitucionais), posto que aqueles representam os 
interesses da coletividade (estatais e sociais). Exemplo: como vimos, nosso 
direito protege a posse e a propriedade privada; mas por outro lado permite a 
desapropriação de um imóvel particular para a construção de uma obra pública 
que irá beneficiar toda uma coletividade. Neste caso, fica fácil notar que o 
interesse público se sobrepõeao do particular. 
B) DIREITO PRIVADO é o conjunto de preceitos reguladores das relações 
individuais, quer seja na relação dos particulares entre si, quer seja na relação 
do particular com o Estado. Com estas regras possibilita-se o convívio das 
pessoas em sociedade e maior harmonia na fruição de seus bens. É composto 
por normas em que predominam os interesses de ordem particular. As normas 
de ordem privada vigoram enquanto a vontade dos interessados não 
convencionar de forma diversa. Estas normas dividem-se em dispositivas 
(quando permitem que os sujeitos disponham como lhes convier) ou supletivas 
(quando se aplicam na ausência de regulamentação das partes). O Direito 
Privado tem como principais matérias o Direito Civil e o Direito Comercial. 
Alguns autores ainda acrescentam o Direito do Trabalho, mas há controvérsias a 
este respeito, não havendo uma unanimidade sobre o tema. Nos últimos 
concursos em que este assunto foi tratado (embora tenham sido poucos) o 
gabarito oficial deu como correta a classificação do Direito do Trabalho como 
sendo também um ramo do Direito Privado. Mas, como nossa matéria é o 
Direito Civil, vamos focar nele as nossas atenções. 
O vínculo nas relações do Direito Privado é de coordenação. Ou seja, há uma 
igualdade entre os polos de uma relação jurídica, não havendo motivos, a 
priori, para se estabelecer diferenças entre as partes. Mesmo na hipótese do 
Estado integrar um dos polos da relação jurídica. Exemplo: quando uma 
sociedade de economia mista vende seus produtos. Isto porque neste caso o 
Estado não está tutelando interesses coletivos, mas atuando como um ente 
particular. 
Sistemas Jurídicos 
Existem, basicamente, duas formas de sistematização do ordenamento 
jurídico de um País. O civil law (apesar do nome não significa Direito Civil) e o 
common law. O civil law é o baseado nas leis, adotado por quase todos os 
países europeus e sul-americanos. Os Juízes e Tribunais fundamentam suas 
decisões a partir das disposições da Constituição, descendo para a legislação 
infraconstitucional (Códigos e Leis Especiais) e a partir daí se originam as 
soluções de cada caso. Já o commom law é o sistema adotado por países de 
origem anglo-saxônica (Estados Unidos, Inglaterra, Escócia, Irlanda, Austrália, 
Nova Zelândia, etc.) onde os costumes prevalecem sobre o direito escrito. 
Principais Diferenças: O commom law é baseado nos costumes e na 
jurisprudência (judge-made-law); é um direito judiciário. Já o civil law é 
baseado na lei, sendo que a jurisprudência tem um papel secundário; o 
processo é apenas um acessório do direito. Quando Roma caiu nas mãos dos 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 155
bárbaros de origem germânica, estes absorveram grande parte do Direito 
Romano, misturando a ele seus próprios costumes. Dessa fusão se originaram 
“diversos direitos”. Entre eles o Direito Português e seu filho: o Direito 
Brasileiro. Por isso dizemos que de uma forma geral, o Direito Brasileiro deriva 
da grande família jurídica romano-germânica, com ramificação pelo mundo 
inteiro (civil law). Ou seja, adotamos o sistema do civil law. 
Direito Civil 
O conceito de Direito Civil é herança do Direito romano. O Ius Civile 
significava Direito da Cidade de Roma e era aplicado a todos os cidadãos 
romanos independentes, não havendo distinção entre os diversos ramos do 
Direito. Assim, o Direito Penal, o Direito Processual, o Direito Administrativo, o 
Direito Comercial, etc. eram chamados de “Direito Civil”. Direito Civil, para os 
romanos, era como o Direito brasileiro para nós. 
DIVISÃO DO ATUAL CÓDIGO CIVIL 
Como vimos o Direito Civil pertence ao Ramo do Direito Privado e possui 
como lei básica o Código Civil (Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 – que é 
a data da sua promulgação). Ele contém duas partes. Vamos ver com atenção 
o conteúdo de cada uma dessas partes, pois será muito importante para as 
próximas aulas: 
A) PARTE GERAL ⎯ apresenta normas concernentes às pessoas físicas e 
jurídicas (arts. 1o a 69), ao domicílio (arts. 70 a 78), aos bens (arts. 79 a 103), 
e aos fatos jurídicos (arts. 104 a 232): disposições preliminares, negócio 
jurídico, atos jurídicos lícitos, atos ilícitos, prescrição e decadência e prova. 
B) PARTE ESPECIAL ⎯ apresenta normas atinentes ao direito das 
obrigações (poder de constituir relações obrigacionais para a consecução de 
fins econômicos ou civis ⎯ contratos, declaração unilateral de vontade e atos 
ilícitos - arts. 233 a 965); ao direito de empresa (regendo o empresário, a 
sociedade, o estabelecimento - arts. 966 a 1.195); ao direito das coisas 
(posse, propriedade, direitos reais sobre coisas alheias, de gozo, de garantia e 
de aquisição - arts. 1.196 a 1.510); ao direito de família (casamento, relações 
entre cônjuges, parentesco e proteção aos menores e incapazes - arts. 1.511 a 
1.783); e ao direito das sucessões (normas sobre a transferência de bens por 
força de herança e sobre inventário e partilha - arts. 1.784 a 2.027). O atual 
Código Civil contém ainda um Livro Complementar (que são as suas disposições 
finais e transitórias – arts. 2.028 a 2.046). 
É interessante deixar claro de todos os Códigos contém algumas regras 
básicas e peculiares. O atual Código Civil absorveu boa parte do Direito 
Comercial (Direito de Empresa) e não revogou Lei de Introdução ao Código Civil. 
E, como não poderia deixar de ser, baseado nas teorias humanistas do jurista e 
filósofo Miguel Reale, adotou como princípios fundamentais: 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 166
a) Socialidade – representando a prevalência dos valores coletivos sobre 
os individuais, sem se esquecer do valor supremo da pessoa humana. 
b) Eticidade – fundado no valor da pessoa humana como fonte dos 
valores, priorizando a equidade, a boa-fé, a justa causa, o equilíbrio econômico, 
etc. 
c) Operabilidade – que é a efetivação do direito, isto porque o direito é 
elaborado para ser realizado material e eficazmente. 
Precisamos agora, para encerrar essa parte introdutória, fornecer um 
conceito de Direito Civil. Baseado em tudo que foi dito, costumo conceituá-lo 
da seguinte forma: 
) Direito Civil é o Ramo do Direito Privado destinado a reger as 
relações familiares, patrimoniais e obrigacionais que se formam entre indivíduos 
encarados como tais, ou seja, enquanto membros de uma sociedade. 
LEI DE INTRODUÇÃO AO CÓDIGO CIVIL 
Meus Amigos e Alunos 
Como vimos, em 2003 entrou em vigor um novo Código Civil. Trata-se da 
Lei n° 10.406/02. Embora ela tenha sido publicada no dia 10 de janeiro de 
2002, somente entrou em vigor no ano seguinte. Veremos mais adiante que o 
fato de uma lei ser publicada em um determinado dia e entrar em vigor em 
outra data tem um nome específico = vacatio legis. Ocorre que na vigência do 
Código anterior, vigorava também uma outra lei conhecida como Lei de 
Introdução ao Código Civil, ou, simplesmente, LICC, que é o Decreto-lei n° 
4.657, de 04 de setembro de 1942. 
As perguntas que poderiam ser feitas agora são: o novo Código Civil 
revogou a LICC? Ou ele incorporou a LICC em seu texto? Foi publicada uma 
nova LICC após a edição do novo Código Civil? Ou a LICC de 1942 continua a 
vigorar normalmente? Resposta a estas indagações: o Decreto-lei n° 4.657/42 
continua a vigorar normalmente, apenas com algumas alterações que ocorreram 
em seu texto original. 
Conclusão: o novo Código Civil não revogou a LICC, nem a incorporou 
em seu texto. Dizemos que ela é uma lei anexaao Código Civil, porém 
autônoma, independente. Podemos afirmar que a LICC não é parte 
integrante do Código Civil. No entanto, apesar do nome, suas normas são 
aplicáveis não só ao Direito Civil, como a todo nosso ordenamento jurídico, 
conforme também veremos adiante. 
Na realidade, o Decreto-lei no 4.657/42, também chamado de Lei de 
Introdução ao Código Civil, é um conjunto de normas sobre normas, isto 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 177
porque disciplina as próprias normas jurídicas (seja de direito público ou 
privado), prescrevendo-lhes a maneira de aplicação e entendimento, 
predeterminando as fontes e indicando-lhes as dimensões espaço-temporais. Na 
realidade a LICC não rege propriamente a vida das pessoas, mas sim as 
próprias normas jurídicas. Logo, ela ultrapassa o âmbito do Direito Civil, 
atingindo tanto o direito privado quanto o público. Contém, portanto, normas 
de sobredireito (também chamadas de normas de apoio). É, na verdade, um 
código de normas. A doutrina a considera como uma lei de introdução às leis 
por conter princípios gerais sobre as normas sem qualquer discriminação, 
indicando como aplicá-las. A doutrina costuma usar a seguinte frase para 
conceituá-la: “é um repositório de normas, preliminar à totalidade do 
ordenamento jurídico nacional”. E ela continua em vigor, a despeito do novo 
Código Civil, em sua plenitude e de forma autônoma. Notem que durante as 
aulas costumo colocar algumas expressões em negrito. Pois esses negritos não 
estão aí por acaso. Sempre que faço isso é porque há uma razão: para chamar 
atenção do aluno para um aspecto mais relevante da matéria. No caso do 
parágrafo anterior as expressões estão em negrito, pois todas elas já caíram em 
concursos, conforme veremos nos testes (que possuem gabarito comentado) 
que colocamos no final da aula. 
Em síntese, a LICC trata dos seguintes assuntos: 
• Vigência das leis sob o aspecto temporal (ou seja, início e tempo de 
obrigatoriedade) e sob o aspecto espacial (ou seja, a territorialidade). 
• Garantia da eficácia da ordem jurídica (ou seja, não admite a ignorância 
de lei vigente). 
• Critérios de interpretação das normas (hermenêutica). 
• Fontes e integração das normas (ou seja, quando houver lacunas na lei). 
• Direito intertemporal. 
• Direito internacional (como a competência judiciária brasileira, prova de 
fatos ocorridos no estrangeiro, eficácia de tratados e convenções 
assinadas pelo Brasil, execução de sentença proferida no exterior, atos 
praticados pelas autoridades consulares brasileiras no exterior, etc.). 
Resumindo a LICC: Os arts. 1o e 2o regulam a vigência e a eficácia da norma 
jurídica. O art. 3o dispõe acerca do erro de direito (onde não se admite alegar 
que não se conhece o direito). O art. 4o contém mecanismos para solucionar as 
chamadas “leis lacunosas” (integração normativa). O art. 5o fornece critérios de 
hermenêutica. O art. 6o regula o conflito de normas no tempo, tendo como 
objetivo a estabilidade do ordenamento. Já os arts. 7o ao 19 regulam o conflito 
de normas no espaço. 
Pergunto agora: A LICC se aplica ao Direito Comercial? E ao Direito 
Administrativo? E ao Tributário? Resposta: Sim!! Como dissemos acima, ela se 
aplica a todo o ordenamento jurídico; a todos os ramos do Direito, seja Público 
ou Privado. Porém, cada matéria do Direito possui algumas peculiaridades, que 
devem ser respeitadas. Aponto, como exemplo, o Direito Penal. Veremos logo 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 188
adiante que pela LICC, uma lei somente poderá retroagir se não prejudicar o 
Direito Adquirido, o Ato Jurídico Perfeito e a Coisa Julgada. Isto também se 
aplica ao Direito Penal. Porém esta matéria tem mais um dispositivo que lhe é 
peculiar: a lei somente retroage no Direito Penal para favorecer o réu e nunca 
para prejudicá-lo. Observem que a regra geral sobre o tema é de que a lei não 
pode retroagir, prejudicando quem quer que seja. No Direito Penal, ao se 
permitir o benefício da retroatividade ao acusado de um crime, a vítima está 
sendo prejudicada. Mas esta é a regra do Direito Penal, inclusive com previsão 
na Constituição. Portanto, a LICC é básica para todas as matérias. Mas, se cada 
matéria deve respeitar a LICC, deve, também, acima de tudo, observar suas 
próprias regras, distinguindo-as, portanto, das outras matérias. Outro 
exemplo: A LICC manda aplicar os costumes em casos omissos (art. 4o). Esta 
regra se aplica a todo o ordenamento jurídico. Mas não no Direito Penal (como 
exemplo), pois esta matéria possui regras específicas sobre este tema, não 
permitindo o uso de costumes para criar uma nova figura penal (os costumes 
não podem criar um novo crime). 
Nosso objetivo aqui é a análise do Direito Civil. Até porque a Lei de 
Introdução ao Código Civil, embora genérica, se refere mais ao Direito Civil (até 
pelo seu próprio nome). Portanto, a partir daqui, tudo que falarei se aplica 
integralmente ao Direito Civil. No entanto o que estou falando pode também 
se aplicar a outras matérias, respeitadas as suas peculiaridades, que certamente 
serão melhor explicadas pelos professores de cada matéria. 
FONTES DO DIREITO CIVIL 
Quais são as Fontes de Direito para a nossa matéria? Na verdade “Fontes 
do Direito” é uma expressão figurada. Em sentido comum, fonte é o ponto em 
que surge um veio d’água. Em sentido técnico é o meio pelo qual se 
estabelecem as normas jurídicas. Exemplo: um Juiz precisa apontar um 
dispositivo (que é a fonte) para fundamentar sua sentença. 
São necessários dois elementos para caracterizar uma fonte de direito: 
segurança e certeza. Cada autor possui uma classificação própria de fonte de 
direito. Citamos duas formas de se classificar. Aliás, muito parecidas entre si. A 
primeira é a seguinte: 
• Fontes formais – formadas pela lei, a analogia, os costumes e os 
princípios gerais de direito. Lembrem-se de que no Brasil a lei é a 
principal fonte de Direito. As demais são apenas formas acessórias. Mas 
nem por isso são menos importantes, especialmente para fins de 
concurso. 
• Fontes não-formais – formadas pela doutrina e pela jurisprudência. 
Para uma outra corrente doutrinária, a classificação é um pouco diferente: 
• Fontes diretas ou imediatas – são as que geram por si mesmas a 
regra jurídica (lei e costumes). Observem que esta classificação possui 
um caráter mais restrito, pois não menciona a analogia e os princípios 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 1 199
gerais de direito, que seriam formas de integração (e não fontes) da 
norma jurídica (falaremos sobre este tema mais a frente). 
• Fontes indiretas ou mediatas – são as que não geram por si 
mesmas a regra jurídica, mas contribuem para que a mesma seja 
elaborada (doutrina e jurisprudência). 
Obs.: Para quem vai prestar concurso na área jurídica, é interessante saber que, para a teoria 
kelseniana ((Hans Kelsen, Teoria Pura do Direito), a expressão “fonte do direito” é utilizada como 
equivalente ao fundamento de validade da ordem jurídica. Ou seja, direito deve ser encarado 
como um sistema escalonado e gradativo de normas, em que cada uma retira sua validade da 
camada que lhe for imediatamente superior, e assim sucessivamente, até atingir a chamada norma 
hipotética fundamental. 
Vamos iniciar nosso estudopelas Fontes Indiretas. 
1) Doutrina é a interpretação da lei feita pelos estudiosos da matéria. 
Também é chamada de Direito Científico. Forma-se doutrina por meio dos 
pareceres dos jurisconsultos, das pesquisas, ideias e ensinamentos dos 
professores, das opiniões e juízos críticos dos tratadistas e dos trabalhos 
forenses, especialmente se há alguma controvérsia. Esta nossa aula, por 
exemplo, embora singela sob o ponto de vista jurídico, não deixa de ter um 
conteúdo doutrinário. 
2) Jurisprudência é a interpretação da lei feita pelos juízes em suas 
decisões. Para os romanos é a “sabedoria da lei”; o digesto de Justiniano a 
definia como ciência e arte. Ciência do justo e injusto; arte (administração) do 
bom e equitativo. Como fonte de direito podemos dizer que a jurisprudência é o 
conjunto uniforme, constante e pacífico das decisões judiciais sobre 
determinada matéria em determinado sentido. “Uma andorinha não faz verão” 
e, da mesma maneira, uma decisão solitária não constitui jurisprudência. Por 
isso é necessário que as decisões se repitam e sem variações de fundo. 
Costuma-se usar o termo “jurisprudência mansa e pacífica” quando as decisões 
não sofrem alterações em julgados da mesma natureza. Quanto à importância 
dela, diversificam os sistemas jurídicos contemporâneos. Para os anglo-saxões, 
de direito costumeiro (dizemos direito consuetudinário – direito dos 
costumes), ela é de suma importância; a pessoa que tem a jurisprudência a seu 
favor certamente ganhará a causa (common law). Já para o nosso sistema 
jurídico, teoricamente, ela não tem tanta relevância, pois nosso sistema é 
baseado nas leis (civil law). No entanto, na prática, a jurisprudência tem-se 
revelado como uma importante fonte criadora de Direito e uma ótima 
ferramenta para os juristas. Basta verificar a quantidade de Súmulas de 
Jurisprudência de nossos Tribunais Superiores. A jurisprudência é fonte indireta 
de direito porque muitas vezes cria soluções não encontradas na lei ou em 
outras fontes. Mas, embora se constitua numa importante fonte de consulta, 
os Juízes não são obrigados a segui-la. 
É possível que a partir de agora a jurisprudência tenha maior relevância 
no cenário do Direito, pois a chamada “Reforma do Poder Judiciário” (Emenda 
Constitucional n° 45/04) aprovou a “Súmula de Efeitos Vinculantes”. Há uma 
grande discussão a respeito do tema, dividindo os autores a respeito dos “prós e 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 200
contras” do dispositivo, pois por um lado ela “engessaria” a magistratura, 
tornando o direito estático, impossibilitando a interpretação do Juiz e afetando 
sua independência. Mas por outro lado dará uma melhor igualdade sistêmica, 
conferindo maior homogeneidade nas decisões judiciais e limitando o excessivo 
número de recursos para matérias que já foram amplamente debatidas, 
desafogando o Poder Judiciário. Mas não estamos aqui para defender uma ou 
outra posição. Nosso objetivo é dizer que atualmente elas existem, estão 
previstas na Constituição e por isso devem ser cumpridas. E caem nos 
concursos... 
Explicando melhor o assunto: Súmulas são enunciados que, sintetizando as 
decisões assentadas pelo respectivo Tribunal em relação a determinados temas 
específicos de sua jurisprudência, servem de orientação para toda comunidade 
jurídica; são extraídas de reiteradas decisões judiciais em um mesmo sentido. 
As Súmulas podem ser vinculantes ou não vinculantes. As de efeito vinculante 
estão fundamentadas no artigo 103-A da Constituição Federal, dispositivo este 
regulamentado pela Lei n° 11.417/06. Elas somente podem ser editadas pelo 
Supremo Tribunal Federal, de ofício ou por provocação, mediante decisão de 
dois terços de seus membros, depois de reiteradas decisões sobre matéria 
constitucional. A partir de sua publicação na imprensa oficial ela terá um efeito 
chamado “vinculante”, que torna estas Súmulas obrigatórias aos demais órgãos 
do Poder Judiciário e à Administração Pública direta e indireta, nas esferas 
federal, estadual e municipal. Também poderá ser revisada ou cancelada pela 
nossa Suprema Corte, na forma estabelecida em lei. Por isso entendo que tais 
Súmulas já podem ser classificadas como fonte direta de direito (um pouco 
de common law em nosso direito). Existe também a chamada “Súmula 
Impeditiva de Recurso” (criada tanto pelo Supremo Tribunal Federal como pelo 
Superior Tribunal de Justiça). Por força dela não cabe recurso da decisão quando 
o Juiz segue o entendimento de qualquer dessas Súmulas. 
Falemos, agora sobre as Fontes Diretas, que são as mais importantes 
para nosso sistema jurídico e, por isso mais complexas exigindo um estudo mais 
aprofundado: 
1) COSTUMES 
No direito antigo, o costume desfrutava de larga projeção, devido à escassa 
função legislativa e ao pequeno número de leis escritas. Ainda hoje, nos países 
de direito costumeiro (ou direito consuetudinário – common law), como na 
Inglaterra, ele exerce papel importante como fonte do direito. No direito 
moderno, de um modo geral, o costume foi perdendo paulatinamente sua 
importância. Costume é direito não-escrito, com o uso reiterado, constante, 
notório e uniforme de uma conduta, na convicção de ser a mesma (a conduta) 
obrigatória. Em outras palavras: é uma prática que se estabelece por força do 
hábito, com convicção. 
São seus elementos: o uso continuado de uma prática (elemento objetivo) 
e a convicção de sua obrigatoriedade (elemento subjetivo). Um ótimo exemplo 
que podemos citar sobre os costumes são as filas. Elas não estão previstas na 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 211
lei, mas a sua reiterada prática em nosso dia-a-dia, cria a convicção de sua 
obrigatoriedade. A diferença entre o costume e um simples hábito reside no fato 
de que neste último há a prática constante do ato, porém sem a crença de sua 
obrigatoriedade. Apesar de ter pouca aplicabilidade prática no Brasil, o costume 
tem caído em concursos com frequência, daí a sua importância para o nosso 
estudo. Em relação à lei, o costume pode ser classificado em três espécies: 
a) Costume segundo a Lei (secundum legem) ⎯ quando a própria lei se 
reporta expressamente aos costumes e reconhece a sua obrigatoriedade. 
Exemplo: prevê o art. 569, inciso II, do CC: “O locatário é obrigado: a pagar 
pontualmente o aluguel nos prazos ajustados e, em falta do ajuste, segundo o 
costume do lugar”. Observem que é a própria lei que determina a aplicação do 
costume. Outro exemplo a conferir é o do §1o do art. 1.297, CC, em relação ao 
direito de tapagem. 
b) Costume na falta da Lei (praeter legem) ⎯ quando o costume se 
destina a suprir a omissão de uma lei, tendo caráter supletivo ou 
complementar. A lei deixa lacunas que podem ser preenchidas pelo costume, 
que irá ampliar o preceito da lei. Apresenta-se um caso ao Juiz! Não há lei 
regendo um determinado assunto! O que o Juiz deve fazer? Deixar de julgar por 
falta de previsão legal? Não! Deve aplicar o costume. Um Juiz não pode deixar 
de decidir uma causa com o argumento de que não há previsão legal. 
Chamamos de anomia quando há ausência de norma acerca de determinada 
conduta (embora este termo também possa ser usado para indicar a situação 
em que há norma, mas as pessoas agem como se ela fosse inexistente). Na 
ausência de norma deve-se ao menos tentar aplicar o costume na falta da lei. 
Mas depois veremos que também há outras formas de se integrar a norma 
jurídica. Exemplo: já faz parte dos costumes no Brasil, o usodo chamado 
“cheque pré-datado”, desnaturando esse título de crédito. Notem que o cheque 
é uma ordem de pagamento à vista, mas quando se coloca a expressão “bom 
para o dia tal”, estamos transformando este título em uma promessa de 
pagamento; em uma garantia de que o pagamento será efetivado 
posteriormente. Assim, segundo nossos Tribunais, se alguém receber um 
cheque pré-datado e depositá-lo antes da data ajustada, incide em um fato 
capaz de gerar prejuízos de ordem moral. Outro exemplo: a lei silencia quanto 
ao modo pelo qual o arrendatário deve tratar a propriedade arrendada: 
devemos então nos socorrer dos costumes locais; portanto cada região do Brasil 
pode ter suas próprias regras sobre o tema. 
c) Costume contra a Lei (contra legem) ⎯ quando ele contraria o que 
dispõe a lei. Ou seja, pode ocorrer que em determinada região de nosso País o 
costume se sobreponha à lei. A doutrina difere duas espécies de costume contra 
a lei: a) consuetudo ab-rogatoria (o costume cria nova regra contrária à lei, 
“revogando” esta); b) desuetudo (desuso da lei; esta passa a ser “letra morta”). 
Os costumes segundo a lei e na falta da lei são aceitos pacificamente. Já o 
costume contra a lei tem gerado inúmeras discussões, sendo que a corrente 
majoritária não o aceita. Ele até pode existir na prática. Mas não é aceito 
juridicamente. Um exemplo disso é o famoso “jogo do bicho”. Pode-se dizer 
que este jogo de azar é um costume arraigado em algumas localidades de nosso 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 222
País. Mas trata-se de uma contravenção penal. Não é crime (pois este é uma 
infração penal de maior gravidade). Trata-se de uma contravenção penal, que é 
uma infração penal de menor potencial ofensivo. Assim, é possível a prisão de 
uma pessoa que “jogou no bicho”, pois a lei a respeito ainda não foi revogada. O 
mesmo ocorre com a chamada pirataria de CDs, videogames, software, etc. Por 
maior que seja a tolerância da sociedade em aceitar estas práticas, elas são 
ilegais e expressamente proibidas. Outro exemplo é o uso de capacete. Pode ser 
que em uma cidade pequena um motociclista que não use o capacete não seja 
autuado (não há o costume nesta cidade de usar o capacete), embora haja 
legislação específica determinando que isto seja feito. Mas o fato de ele não ser 
autuado não significa que a lei não possa ser aplicada a qualquer momento. 
1) Pessoalmente eu conheço apenas um caso em que o costume contra a lei 
foi aceito: o art. 227 do Código Civil determina que só se admite prova 
testemunhal em contratos cujo valor não exceda dez vezes o maior salário 
mínimo vigente no país. Ou seja, os contratos acima de um determinado 
valor só têm validade se forem elaborados por escrito. E a prova 
testemunhal é insuficiente para provar a sua existência. Mas, segundo os 
usos e costumes de cidades como Barretos e Araçatuba (sem falar em 
outras localidades do Brasil) os negócios de gado, por maiores que sejam 
(e, geralmente envolvem cifras grandiosas), são celebrados verbalmente, 
na confiança, sem que haja documento escrito. Como se diz na gíria: “é 
tudo feito pelo fio do bigode”. E eles foram considerados válidos, ainda 
que contra a lei. Alguns autores veem no art. 5o da LICC (“Na aplicação da 
lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum”) uma válvula que permitiria ao Juiz aplicar o costume contra 
disposição expressa da lei. 
2) LEI 
Etimologicamente o vocábulo lei é originário do verbo latino legere = eleger, 
escolher (em sentido figurado seria a escolha de uma determinada regra dentro 
de um conjunto). A lei pode ser definida de vários modos. Para conceituá-la 
adotamos o ensinamento da Professora Maria Helena Diniz: Lei é a norma 
imposta pelo Estado e tornada obrigatória na sua observância, assumindo forma 
coativa. Também podemos conceituá-la como sendo um preceito escrito 
formulado com solenidade pela autoridade competente, sendo instituidora de 
uma ordem jurídica, impondo-se coercitivamente a todos (somente o Estado 
detém o monopólio da força coercitiva), protegendo interesses e normatizando 
as ações. 
Atualmente há uma exigência de maior certeza e segurança para as relações 
jurídicas. Por isso, nas sociedades modernas, há um entendimento de 
supremacia da lei, da norma escrita sobre as demais fontes. Portanto a lei é, 
indiscutivelmente, a fonte mais importante na ordem jurídica brasileira. Trata-
se, portanto, de uma norma jurídica escrita, elaborada pelo Poder Legislativo, 
por meio de um processo adequado. 
Vejam o que diz nossa Constituição Federal: “Ninguém será obrigado a fazer 
ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (artigo 5o, inciso II – 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 233
Princípio da Legalidade). E o artigo 4o da Lei de Introdução ao Código Civil 
determina que somente quando a lei for omissa é que se aplicarão as demais 
formas de expressão de direito. O Código de Processo Civil, no seu artigo 126, 
também prevê que “o juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando 
lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as nor-
mais legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princí-
pios gerais de direito”. 
Características da Lei 
• Generalidade – não se dirige a um caso particular, mas a um número 
indeterminado de indivíduos. 
• Imperatividade – impõe um dever, uma conduta aos indivíduos. Trata-
se de ordem: quando exige uma ação → impõe; quando exige uma ab-
stenção → proíbe. 
• Autorizamento – autoriza que o lesado pela violação exija o 
cumprimento dela ou a reparação pelo mal causado. 
• Permanência – a lei não se exaure numa só aplicação; ela perdura até 
que seja revogada por outra. No entanto, como veremos adiante, algumas 
normas são temporárias, como por exemplo, as disposições transitórias 
de uma lei, as leis orçamentárias, etc. 
• Competência – deve emanar de autoridade competente (ou seja, de 
acordo com o previsto na Constituição). 
☺ Observação ☺ Alguns autores ainda acrescentam como característica o 
registro escrito da lei, pois garante maior estabilidade das relações jurídicas, 
com a sua consequente divulgação em órgãos oficiais (publicação em Diário 
Oficial). 
CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS 
Existem várias formas de se classificar as leis. Depois de ler muito sobre o 
assunto, elaborei uma classificação, baseada na melhor e mais atualizada 
doutrina. A classificação que daremos a seguir ajuda o aluno a entender o 
sentido de diversas palavras que têm caído nos concursos. Já vi cair em alguns 
testes, logo no enunciado da questão, o seguinte: “Nossa lei adjetiva 
prescreve......” O que é uma lei adjetiva? E uma lei substantiva? E cogente? E 
dispositiva? A resposta está logo adiante. 
A) Quanto à Obrigatoriedade (ou imperatividade): 
Cogentes (ou de imperatividade absoluta) – são as normas de ordem 
pública, impositivas; estabelecem princípios de aplicação obrigatória; não podem 
ser ignoradas ou alteradas pela vontade dos interessados. Exemplo : os 
requisitos e solenidades para se contrair um casamento são absolutos; a 
vontade dos contraentes não é levada em consideração; neste caso, na hipótese 
de desrespeito, a consequência é a nulidade do ato (ex: um viúvo é proibido de 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coonnccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 244
casar com a sua sogra; mesmo que ambos queiram, isto é proibido; se 
eventualmente conseguiram se casar, este casamento é considerado nulo). As 
normas cogentes podem ser mandamentais (quando ordenam uma determinada 
ação) ou proibitivas (quando impõem uma abstenção, um não-fazer). 
Dispositivas (ou não-cogentes ou de imperatividade relativa) – são 
as normas de ordem particular. Não proíbem nem determinam uma conduta de 
modo absoluto, por não estarem ligadas diretamente ao interesse da sociedade. 
Por isso, apesar da lei dizer algo, as pessoas podem convencionar de modo 
diverso. A norma irá funcionar no silêncio dos contratantes. Exemplo: o art. 
327, CC prevê que o pagamento de uma dívida deve ser feito no domicílio do 
devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente. Outro: o art. 313, 
CC estabelece que um credor não é obrigado a receber prestação diversa da que 
lhe é devida, mesmo que mais valiosa. Ele credor não é obrigado, mas ele pode 
aceitar outra coisa ao invés daquela originalmente pactuada. As normas 
dispositivas podem ser permissivas (quando permitem que os interessados 
disponham como lhes convier) ou supletivas (quando se aplicam na falta de 
manifestação de vontade das partes). 
B) Quanto à Natureza:
Substantivas (também chamadas de materiais, primárias ou de primeiro 
grau) – São leis que visam realizar uma ordem à sociedade, disciplinando a 
conduta dos indivíduos no seu cotidiano. Busca-se impor ao cidadão a prática de 
uma determinada conduta ou a omissão de outra considerada danosa à 
sociedade. Nosso ordenamento jurídico, na sua maior parte, possui normas de 
natureza substancial, sejam elas no plano Constitucional ou Infraconstitucional, 
em suas especialidades como o Civil (Código Civil), Penal (Código Penal), 
Tributário (Código Tributário Nacional). E assim por diante nas outras matérias: 
Comercial, Trabalhista, Militar, Eleitoral e diversas outras que vêm surgindo na 
atualidade. Mesmo que não haja um Código específico, uma lei pode ser 
considerada material, como no Direito Administrativo. 
Adjetivas (também chamadas de formais, processuais, secundárias ou de 
segundo grau) – Nosso ordenamento jurídico possui um grupo de normas 
também denominadas de instrumentais, que irão realizar a eficácia contida na 
norma material. Elas regem o exercício da jurisdição, buscando organizar o 
trâmite de um processo. Assim o direito processual é um instrumento para 
solucionar eventual conflito do direito material; ele traça os meios para a 
realização do direito material. Exemplos: Código de Processo Civil, Código de 
Processo Penal, etc. É de se observar que a aplicação do Direito Processual é 
exclusiva do Poder Judiciário, exercendo sua função típica (tanto o Poder 
Legislativo, como o Executivo podem exercer a função julgadora, porém de 
forma atípica). 
Exemplificando – Duas pessoas querem se casar! Quais as normas 
aplicáveis? Normas de direito material (ou Substantivas). Ou seja, para um 
casamento aplica-se o Código Civil. É ele quem vai apontar todas as 
formalidades para o casamento, irá prever os regimes de bens que os nubentes 
podem escolher e adotar, as proibições para o casamento, as nulidades, etc. 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 255
Passados alguns anos estas pessoas desejam se separar! E agora? Quais as 
normas aplicáveis? Normas de direito processual (ou adjetivas). Ou seja, essas 
pessoas necessitarão ingressar com uma ação no Poder Judiciário e o processo 
irá tramitar de acordo com as normas processuais. O divórcio está previsto no 
Código Civil; mas os meios para se divorciar estão disciplinados no Código de 
Processo Civil. 
Outro Exemplo: Duas pessoas desejam celebrar uma locação: aplicam-se 
então as disposições do direito material, sendo elaborado um contrato. Uma das 
partes não respeita o contrato (ex: deixa de pagar o aluguel). Surge para a 
outra o direito de ingressar com uma ação de despejo, que é norma do direito 
processual (ou adjetiva). Mais um Exemplo: “A” matou “B”. Pelo Código Penal 
(direito material ou substantivo) cometeu o crime de homicídio (art. 121). E 
agora? Como fazemos? Esta pessoa será processada! Mas como se desenvolverá 
o processo? É o Direito Processual Penal (direito adjetivo ou formal) que 
determinará qual o rito que o processo seguirá. O direito material irá descrever 
o crime e as penas. E direito processual irá estabelecer o rito que o processo 
seguirá. Assim, se uma regra do direito material não for observada o Estado-juiz 
é acionado para que o conflito seja composto. E é aí que inicia o âmbito de 
atuação do direito processual. 
Finalizando: durante o trâmite de um processo, o Juiz deve aplicar as 
normas de direito material que estavam em vigor quando da existência do 
conflito (como regra estas regras não retroagem). Já as normas de direito 
processual, como regra, têm vigência imediata. Se uma regra processual for 
alterada no curso de um processo em trâmite, ela já se aplica a este processo 
(ressalvados apenas os atos já realizados). Mais adiante, ainda hoje, falaremos 
de forma detalhada sobre o princípio da retroatividade das leis. 
C) Quanto ao Autorizamento: 
Mais que perfeitas – sua violação autoriza a nulidade do ato ou o 
restabelecimento à situação anterior e ainda uma aplicação de pena ao violador. 
Exemplo: Uma pessoa casada contraiu novas núpcias. Para o Direito Civil este 
segundo casamento é considerado nulo. Além disso, esta pessoa também irá 
responder pelo crime de bigamia (Direito Penal). 
Perfeitas – sua violação autoriza apenas nulidade ou anulabilidade do 
ato. Exemplo: Menor de 16 anos que vendeu sua casa – negócio nulo. Pródigo 
que vendeu seu automóvel – negócio anulável. 
Menos que perfeitas – há uma aplicação de sanção ao violador da 
norma, mas o ato não é considerado nulo ou anulável. Exemplo: o divorciado, 
enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal 
não deve se casar. Mas se ele se casou sem ter feito a partilha? –Neste caso o 
seu casamento não será anulado. A consequência é que o regime de bens do 
casamento será obrigatoriamente o de separação de bens. 
Imperfeitas – a violação não acarreta qualquer consequência jurídica, 
não havendo penalidade alguma. Exemplo: perdi dinheiro no jogo; a lei prevê 
 
C CUURRSSO O OON N--LLIINNE E – – D DIIRREEIITTO O CCIIVVI ILL - - R REEGGUULLAAR R 
P PRROOFFEESSSSOOR R:: LLAAUURRO O EESSCCOOBBAAR R 
w wwww w..p poon ntto oddo ossc coon nccu urrssoos s..c coom m..b brr 2 266
que ninguém é obrigado a pagar dívidas de jogo. O mesmo ocorre com as 
dívidas prescritas, como falaremos em aula mais adiante. 
D) Quanto às Espécies Normativas 
Quanto a esse ponto, aconselhamos o aluno a ler a Constituição Federal 
no tópico “espécies normativas” (arts. 59 a 69, CF/88) e o processo legislativo. 
Esta não é matéria específica de Direito Civil. Por isso nosso objetivo aqui é 
apenas relembrar as diversas espécies de lei, consideradas em seu sentido 
amplo e tecer alguns breves comentários sobre elas. 
A) Constitucionais – são as que constam na Constituição, que é a lei 
máxima de nosso País e servem de fundamento para todo o nosso sistema 
jurídico positivo. Trata-se do princípio da supremacia (ou primazia) da 
Constituição, que está em um patamar superior a qualquer outra lei, no topo da 
pirâmide normativa. Nossa Constituição é escrita e da espécie rígida, pois 
exige, para sua alteração, um processo muito mais solene do que é exigido 
para a elaboração das demais espécies normativas (ditas infraconstitucionais). 
Ela também recebe o nome de (isso cai em concurso): Lei Fundamental,

Outros materiais