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_Empresarial Atualizado (XVI TRF1)

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Resumos Magistratura Federal | e-mail: resumos-magistratura-federal@yahoogrupos.com.br
	
Direito Empresarial
2015
	
Resumo elaborado conforme o edital do XVI Concurso Público para Provimento de Cargo de Juiz Federal Substituto do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, tendo sido adaptado com informações do edital adotado pelo Tribunal Regional da 3ª Região.
Colaboradores: 
Fabio Aretini
Natacha Cruz
 Vitor.
Atualizado em dezembro de 2015 por: 
Ana Cláudia Neves Machado
Daniela Alexandra Pardal Araújo
Daniela Abreu Danczuk
Erika Barbosa Gomes
Gabriel Reis
Georgiano Rodrigues Magalhães Neto
Hallisson Costa Glória
Jerusa de Oliveira Dantas Passos
Rodrigo Bahia Accioly Lins
PONTO 1 - DIREITO COMERCIAL: ORIGEM. EVOLUÇÃO HISTÓRICA. AUTONOMIA. FONTES. CARACTERÍSTICAS. EMPRESÁRIO: CARACTERIZAÇÃO. INSCRIÇÃO. CAPACIDADE. TEORIA DA EMPRESA E SEUS PERFIS.
Origem e Evolução histórica
O surgimento do direito comercial relaciona-se à ascensão da classe burguesa, originando-se da necessidade dos comerciantes da Idade Média possuírem um conjunto de normas para disciplinar a atividade profissional por eles desenvolvida. Reunidos em corporações de ofício, os comerciantes criaram o direito comercial com base nos usos e costumes comerciais difundidos pelos povos que se dedicaram à atividade comercial, dentre os quais destacam-se os gregos e os fenícios.
O direito comercial aparece na Idade Média com um caráter eminentemente subjetivista, já que destinado a disciplinar as atividades profissionais dos comerciantes, caracterizando-se, no início, como um direito corporativista e fechado, restrito àqueles matriculados nas corporações de mercadores. 
O direito comercial nasce, assim, como um direito especial, autônomo em relação ao direito civil, o que lhe permitiu alcançar autonomia jurídica, possuindo uma extensão própria, além de princípios e métodos característicos.
O prestígio e a importância das corporações começaram a enfraquecer com o mercantilismo, que fortaleceu o Estado e afastou das corporações de mercadores a elaboração das normas comerciais e sua respectiva aplicação pelos cônsules, que eram os juízes eleitos pelos comerciantes nas corporações para decidir os conflitos de natureza comercial. As primeiras codificações das normas comerciais surgiram na França, com as Ordenações Francesas. A primeira Ordenação, de 1673, tratava do comércio terrestre e ficou conhecida como Código Savary. Em 1681 surgiu a Ordenação da Marinha, que disciplinava o comércio marítimo.
As Ordenações Francesas tiveram vigência por um longo tempo e o Código Savary foi a base para a elaboração do Código de Comércio Napoleônico de 1807.
Com o Código Comercial francês de 1807 o direito comercial passou a ser baseado na prática de atos de comércio enumerados na lei segundo critérios históricos, deixando de ser aplicado somente aos comerciantes matriculados nas corporações. Assim, para se qualificar como comerciante e submeter-se ao direito comercial, bastaria a prática habitual de atos de comércio. Essa objetivação do direito comercial atendia aos princípios difundidos pela Revolução Francesa em 1789.
Na enumeração realizada nos artigos 632 e 633 do Código francês, o legislador considerou de natureza comercial os atos que eram tradicionalmente realizados pelos comerciantes na sua atividade, não sendo possível identificar nessa enumeração legal qualquer critério científico para definir quando um ato é ou não de comércio. 
Atividades econômicas que tradicionalmente não eram desenvolvidas pelos comerciantes, como a atividade imobiliária, a prestação de serviços em geral e a atividade agrícola, foram afastadas do regime comercial. A ausência de um critério científico na separação das atividades econômicas em civis e comerciais e a exclusão de importantes atividades do regime comercial em razão do seu gênero constituíram os principais fatores para o desprestígio da teoria francesa, contribuindo para a sua superação.
Em consonância com o desenvolvimento das atividades econômicas e de acordo com a tendência de crescimento do direito comercial, surgiu na Itália uma teoria que substituiu a teoria francesa, superou os seus defeitos e ampliou o campo de abrangência do direito comercial, alcançando atividades econômicas até então consideradas civis em razão do seu gênero. Essa teoria, denominada de teoria jurídica da empresa, foi inserida no Código Civil italiano de 1942, que ficou conhecido por ter realizado a unificação legislativa do direito privado na Itália.
A teoria da empresa afasta o direito comercial da prática de atos de comércio para incluir no seu núcleo a empresa, ou seja, a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços. Com a teoria da empresa, não importa o gênero da atividade econômica desenvolvida, desde que seja desenvolvida de forma organizada, em que o empresário reúna capital, trabalho, matéria-prima e tecnologia para a produção e circulação de riquezas. (teoria subjetiva moderna)
A teoria da empresa, ao contrário da teoria francesa, não divide as atividades econômicas em dois grandes regimes (civil e comercial), prevê um regime amplo para as atividades econômicas, excluindo desse regime apenas as atividades de menor importância, que são, a princípio, as atividades intelectuais, de natureza literária, artística ou científica. Segundo a teoria da empresa, a atividade agrícola também pode estar afastada do direito comercial, já que cabe ao seu titular a opção pelo regime comercial, que ocorre mediante o registro da atividade econômica no Registro Público de Empresas, realizado no Brasil pelas Juntas Comerciais.
Considerando o núcleo que delimita a matéria comercial ao longo de sua evolução histórica, pode-se dividir o desenvolvimento do direito comercial em três períodos. O primeiro período, do Séc. XII ao Séc. XVIII, denominado de período subjetivo corporativista ou período subjetivo do comerciante, tem como núcleo do direito comercial a figura do COMERCIANTE MATRICULADO NA CORPORAÇÃO. O segundo período, compreendido entre o Séc. XVIII e o Séc. XX, inicia-se com o Código de Comércio Napoleônico de 1807 e tem como núcleo os atos de comércio. O terceiro e atual período de evolução histórica do direito comercial inicia-se com o Código Civil italiano de 1942 e tem como núcleo a empresa, compreendendo o Séc. XX até nossos dias.
A evolução do direito comercial brasileiro
O direito comercial brasileiro tem origem em 1808 com a chegada da família real portuguesa ao Brasil e a abertura dos portos às nações amigas. Da sua origem até o surgimento do Código Comercial brasileiro, disciplinavam as atividades comerciais no país as leis portuguesas e os Códigos Comerciais da Espanha e da França, já que entre as leis portuguesas existia uma lei (Lei da Boa Razão) prevendo que no caso de lacuna da lei portuguesa deveriam ser aplicadas para dirimir os conflitos de natureza comercial as leis das nações cristãs, iluminadas e polidas. Por essa razão, nessa primeira fase do direito comercial brasileiro a disciplina legal das atividades comerciais mostrava-se bastante confusa.
Em 1834, uma comissão de comerciantes apresentou ao Congresso Nacional um projeto de Código Comercial, que após uma tramitação de mais de 15 anos originou o primeiro código brasileiro, o Código Comercial (Lei n° 556, de 25 de junho de 1850), que foi baseado nos Códigos de Comércio de Portugal, da França e da Espanha. O Código Comercial brasileiro adota a teoria francesa dos atos de comércio, podendo-se, entretanto, identificar traços do período subjetivo na lei de 1850, em razão do art. 4° prever que somente os comerciantes matriculados em alguns dos Tribunais de Comércio do Império poderão gozar dos privilégios previstos no Código Comercial.
Cumpre ressaltar que embora o Código Comercial brasileiro seja baseado na teoria dos atos de comércio, em nenhum dos seus artigos ele apresenta a enumeração dos atos de comércio,como faz o Código Comercial francês de 1807 nos artigos 632 e 633. Essa ausência da enumeração dos atos de comércio no Código Comercial foi proposital, justificando-se pelos problemas que a enumeração causava na Europa, onde eram conhecidas grandes divergências doutrinárias e jurisprudenciais referentes à caracterização da natureza comercial ou civil de determinadas atividades econômicas em razão da enumeração legal dos atos de comércio.
Entretanto, não foi possível ao legislador brasileiro escusar-se de apresentar uma enumeração legal dos atos de comércio no país, que foi realizada no Regulamento n° 737 de 1850 (art. 19 e 20), que tratava do processo comercial, com base no Código de Comércio francês. 
Até 1875, a enumeração dos atos de comércio constante no Regulamento n° 737 era utilizada para delimitar o conteúdo da matéria comercial para o fim jurisdicional e para qualificar a pessoa como comerciante no país. Em 1875 os Tribunais de Comércio foram extintos e com a unificação do processo deixou de ser necessário para o fim jurisdicional diferenciar a atividade comercial da atividade civil. Assim, sob o aspecto processual, a teoria dos atos de comércio perdeu a sua importância no Brasil, mas continuou a ser necessária para diferenciar o comerciante do não comerciante, já que a lei prevê um tratamento diferenciado para aquele que desenvolve uma atividade econômica de natureza comercial, sendo o principal exemplo dessa diferenciação a Lei de Falência.
O Regulamento n° 737 de 1850 foi revogado em 1939 pelo Código de Processo Civil e desde então deixou de existir no país um diploma legal que apresente a enumeração dos atos de comércio, dificultando a definição da comercialidade das relações jurídicas no Brasil a ponto de não existir até o surgimento do Código Civil de 2002 um critério seguro para se definir o conteúdo da matéria comercial. 
Se não bastasse, nas últimas décadas, várias leis brasileiras de natureza comercial passaram a apresentar fortes traços da teoria da empresa e a doutrina nacional passou a se dedicar ao estudo dessa teoria italiana, prestigiando-a em detrimento à teoria francesa.
A Jurisprudência pátria também demonstrou a sua simpatia pela teoria da empresa. Mesmo antes do surgimento do Código Civil de 2002, vários juízes já haviam concedido concordata a pecuaristas e garantido a renovação compulsória de contatos de aluguel de sociedades prestadoras de serviço, ou seja, aplicado institutos típicos do regime jurídico empresarial a agentes econômicos que não se enquadravam no conceito de comerciante adotado pelo direito positivo brasileiro da época.
Todo esse contexto fez com que a definição da comercialidade das relações jurídicas no país se transformasse em um grande problema. Nessa difícil tarefa em delimitar o conteúdo da matéria comercial utilizou-se como referência os atos de comércio enumerados no revogado Regulamento n° 737 de 1850, o disposto em lei como sendo matéria comercial (sociedades anônimas, empresas de construção civil) e a jurisprudência, já que várias decisões envolvendo complexos casos passaram a definir a natureza comercial de certas atividades econômicas.
As dificuldades encontradas na definição da comercialidade das relações jurídicas e a adoção da teoria da empresa para caracterizar determinadas atividades econômicas como comerciais caracterizam o período de transição do direito comercial brasileiro nos últimos 30 anos. Esse período transitório entre a teoria dos atos de comércio, presente no Código Comercial e na Lei de Falência, e a teoria da empresa, prestigiada pela doutrina e pela jurisprudência e presente em importantes leis comerciais (p. ex.: Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976 - Lei das Sociedades Anônimas; Lei n° 8.934, de 18 de novembro de 1994 - Lei de Registro Público de Empresas; Lei n° 8.884, de 20 de julho de 1994 - Lei de Defesa da Livre Concorrência, revogada pela Lei nº 12.529, de 30 de novembro de 2011; Lei n° 9.279, de 14 de maio de 1996 - Lei da Propriedade Industrial; Lei n° 9.841, de 5 de outubro de 1999 - Novo Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte), é finalmente superado com o surgimento do novo Código Civil brasileiro, que adotou a Teoria da Empresa (Teoria Italiana).
Autonomia 
Mesmo com a unificação legislativa do direito privado (civil e comercial), não houve o desaparecimento da autonomia jurídica do direito comercial, tendo em vista que este ramo do direito privado possui institutos, regras e princípios jurídicos próprios. O direito empresarial aparece como um ramo do direito privado destinado a regular o exercício da empresa por empresário ou sociedades empresárias. 
Além disso, não se pode confundir autonomia formal com autonomia cientifica. Autonomia formal decorre da existência de um corpo legislativo diferenciado, já a autonomia cientifica de um ramo do direito decorre de vários outros aspectos: existência de um objeto único ou de objetos relacionados de regulação, existência de princípios e institutos próprios, método interpretativo diferenciado.
Cientificamente, apenas há alteração na parte geral do direito comercial, que passa a ser direito empresarial, mantendo-se suas divisões internas inalteradas. Portanto, não se pode dizer que o direito comercial perdeu sua autonomia jurídica por causa do novo Código Civil pelo simples fato de ter havido alterações legislativas de tópicos específicos regulados, sendo que a maior parte do seu objeto de regulação (falência e concordata, títulos de créditos, marcas e patentes, direito societário, registro de empresas etc.), continua vivo e sem alteração sob o prisma científico.
Ademais, existem ainda atividades econômicas de caráter civil às quais se aplicam as regras civis comuns, e não as disposições próprias dos empresários. Isso dependerá da forma como atividade será prestada, excluindo-se determinadas atividades por força de lei [cooperativa, sociedade de advogados, profissional liberal, atividade agrícola]. 
Fontes e objeto do direito empresarial 
Para Rubens Requião, fontes do direito comercial são o modo pelo qual surgem as normas jurídicas de natureza comercial, constituindo um direito especial.
As fontes primárias do direito empresarial são: 
A Constituição Federal 
O Código Civil: que trata das sociedades simples, ltda. etc. 
O Código Comercial: segunda parte, que trata do direito marítimo
Leis especiais, tais como: a lei de falências (Lei 11.101/2005), lei das sociedades anônimas (lei nº 6.404/76 e alterações da 10.303/01); lei das duplicatas (lei nº 5.474/68); lei da propriedade industrial (lei nº 9.279 /96) etc.
Decreto nº 2044/1908 – letra de cambio e NP;
Os tratados internacionais (Decretos 57.595/1966 – Lei Uniforme em matéria de cheques; 57.663/1966 – lei uniforme em matéria de LC e NP) IMPORTANTE: Os decretos trazem as leis uniformes em seus ANEXOS.
As fontes secundárias do direito empresarial são: 
Os usos e costumes: a lei não distingue o uso do costume, mas boa parte da doutrina entende que o uso é estabelecido por convenção das partes (prática uniforme, constante e por certo tempo e exercido de boa-fé), enquanto o costume é mais imperativo (regra subsidiária às normas). 
Pode ser dividido em usos comerciais propriamente ditos (é generalizado, equivale à lei e obriga as partes) e o uso convencional (interpretativo ou de fato / advém da vontade das partes, ainda que tacitamente e demanda prova). 
A doutrina, a jurisprudência, analogia, princípios gerais do direito, a lei civil (excetuada a hipótese acima), tratados e convenções internacionais (parâmetro). 
Características
Simplicidade ou informalidade: o Direito Comercial é menos formalista que o Direito Civil, até mesmo em atenção à maior celeridade própria das relações comerciais. Ex.: fiança e o aval.
Cosmopolitismo: Consiste em um ramo do Direito Privado de envergadura internacional; característica que somente agora outros ramos do direito começam a adquirir em face da globalização dos mercados e unificação legislativa dos países de blocos econômicos.Onerosidade: Em regra, todo ato mercantil é oneroso. A onerosidade é regra e deve ser presumida; no direito civil, a gratuidade é constante (ex.: o mandato).
Individualismo: As regras do Direito Comercial se inspiram em acentuado individualismo, porque o lucro está diretamente vinculado ao interesse individual, contudo sofrem intervenção do Estado.
Elasticidade: O direito comercial é muito mais renovador e dinâmico que os demais ramos do direito, tendo forte influência dos usos e costumes comerciais.
Fragmentariedade: para ROCCO é um sistema completo, mas formado por diversas normas esparsas que deixam muitas lacunas. 
Solidariedade presumida: a tutela do crédito e a segurança na circulação de bens trazem a necessidade de uma maior proteção das relações comerciais. Entretanto, esta característica não se aplica ao ordenamento jurídico brasileiro em face do disposto no artigo 265 do CC, que estabelece que a solidariedade não se presume.
Enunciado 22 da I Jornada de Direito Comercial – Não se presume solidariedade passiva (art. 265 do Código Civil) pelo simples fato de duas ou mais pessoas jurídicas integrarem o mesmo grupo econômico.
Objeto do direito empresarial 
O Direito Empresarial é o conjunto de normas jurídicas disciplinadoras da atividade empresarial. Comerciantes e empresários são considerados agentes econômicos fundamentais, pois geram empregos, tributos, além da produção e circulação de certos bens  essenciais à sociedade. Portanto, gozam de alguns privilégios, exemplo: produção de provas em seu favor por meio de livros comerciais regularmente escriturados, falência (menos gravosa que a insolvência civil) etc.
Direito empresarial no Brasil
	
Empresa
Modernamente, conceitua-se empresa como uma atividade econômica organizada, para a produção ou circulação de bens ou serviços, exercida profissionalmente pelo empresário, por meio de um estabelecimento empresarial. São características dessa atividade:
Econômica: finalidade lucrativa
Organizada: organização dos fatores de produção (capital + força de trabalho + matéria-prima + tecnologia). Haverá organização empresarial quando a atividade-fim for exercida com a colaboração de terceiros.
Profissionalidade ou habitualidade: reiteração da atividade, não se caracterizando quando esta for exercida em caráter eventual.
Enunciado 28 da I Jornada de Direito Comercial – Em razão do profissionalismo com que os empresários devem exercer sua atividade, os contratos empresariais não podem ser anulados pelo vício da lesão fundada na experiência. 
Produção ou circulação de bens ou serviços – Exemplos: 
Produção de bens – fábrica de bens
Produção de serviços – Prestador de serviços: banco;
Circulação de bens – loja de roupa;
Circulação de serviços: agência de turismo exerce circulação de serviços de transporte aéreo e hospedagem.
Enunciado 54 do CJF – Art. 966: é caracterizador do elemento empresa a declaração da atividade-fim, assim como a prática de atos empresariais. 
A empresa pode ser desenvolvida por pessoas físicas ou por pessoas jurídicas. Se quem exerce a atividade empresarial é pessoa física ou natural, será considerado empresário individual. Se quem o faz é pessoa jurídica, será uma sociedade empresária e não empresarial (correspondente a sociedade de empresários). O adjetivo empresário conota ser a própria sociedade (e não seus sócios) a titular da atividade econômica.
Enunciado 53 do CJF – Art. 966: deve-se levar em consideração o princípio da função social na interpretação das normas relativas à empresa, a despeito da falta de referência expressa.
Segundo Eduardo Tomasevicius Filho (RT 810/33-50), a função social corresponderia a um direito-função, situando no meio termo entre o direito propriamente dito e o dever jurídico. Embora seja livre o exercício da empresa, o empresário estaria vinculado ao cumprimento de alguns fins para o atendimento dos interesses da coletividade, vale dizer, “o exercício de um direito subjetivo, de tal modo que se atenda ao interesse público, não apenas no sentido de não impor restrições ao exercício desse direito, mas também no sentido de acarretar uma vantagem positiva e concreta para a sociedade”. Supera-se, assim, a visão estreita do neminem laedere (“não prejudicar”) a que todos estão obrigados por força do art. 186 do CC/02 (cláusula geral de responsabilidade civil). 
Exemplificativamente, a sociedade pode ser obrigada a instalar filtros na sua fábrica (defesa do meio ambiente), mas não poderia se exigir, com base na função social, o financiamento de atividades culturais ou esportivas. 
Teoria da empresa e seus perfis
Segundo o autor italiano Alberto Asquini, a empresa é um fenômeno poliédrico, ou seja, com diversas facetas, podendo ser visualizadas sob diversos perfis:
Perfil objetivo: empresa é um estabelecimento ou patrimônio aziendal, um conjunto de bens corpóreos e incorpóreos reunidos pelo empresário, para o desenvolvimento de uma atividade econômica. 
Perfil subjetivo: empresa é o empresário, sujeito que organiza e desenvolve atividade econômica.
Perfil corporativo: é considerada uma instituição, na medida em que reúne pessoas – empresários e seus empregados – com propósitos comuns. Segundo Fábio Ulhôa, este perfil constitui uma ficção, “pois a ideia de identidade de propósitos a reunir na empresa proletários e capitalista apenas existe em ideologias populistas de direita, ou totalitárias (como a fascista, que dominava a Itália na época)”.
Perfil funcional: uma atividade econômica organizada, para a produção e circulação de bens ou serviços, que se faz por meio de um estabelecimento e por vontade do empresário.
Pelo CC 2002, a empresa é conceituada segundo o perfil funcional, ou seja, como atividade desenvolvida pelo empresário através da exploração do seu estabelecimento com o auxílio ou não de prepostos. Enquadrar-se-ia, portanto, na categoria do fato jurídico.
Logo, não confundir com: (i) estabelecimento empresarial: o conjunto dos bens organizados; (ii) empresário: o sujeito de direitos, seja como empresário individual (pessoa física ou natural), seja como sociedade empresária (pessoa jurídica). Ou seja, em especial, "empresa" é diferente de "sociedade empresária".
Natureza Jurídica da Empresa: FATO JURÍDICO (universalidade de fato)
A empresa não possui personalidade jurídica, e nem pode possuí-la e consequentemente não pode ser entendida como sujeito de direito, pois ela é a atividade econômica que se contrapõe ao titular dela, isto é, ao exercente daquela atividade. O titular da empresa é o que denominaremos de empresário.
A empresa deve ser enquadrada em uma nova categoria jurídica, pois não se trata nem de sujeito nem de objeto de direito, enquadrando-se perfeitamente na noção de fato jurídico em sentido amplo. Tal noção se mostra mais adequada que a de ato jurídico, pois falamos da atividade, do conjunto de atos, e não de cada ato isolado, que poderia ser enquadrado na condição de ato jurídico.
Conceito de empresário
Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. (art. 966 do Novo Código Civil) 
Estão excluídos o profissional liberal, o artista e outros que exerçam atividade predominantemente intelectual, do conceito de empresário, ainda que tenham o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se adotarem estrutura empresarial (i.e., a força de trabalho intelectual seja elemento da empresa). 
Obs.: Consultório Médico – FÁBIO ULHÔA entende que dependerá da forma de organização, podendo ser caracterizado como sociedade empresária; VINÍCIUS GONTIJO tem opinião diversa, entendendo que sociedade médica em nenhuma hipótese poderá ser enquadrada como empresária por não se compatibilizar com a ética comercial.
Obs: O STJ adotou a teoria de FABIO ULHÔA em julgado de 2011 (ADRESP 200702610344/julho de 2010), de relatoria do Ministro Luiz Fux. 
A questão possui relevância no tocante à definição do sujeito passivo da incidência do ISS,tendo o STJ se posicionado no sentido da configuração de atividade empresarial aquela desenvolvida por profissionais liberais por meio de complexa organização estrutural: 
“1. A Primeira Seção consolidou o entendimento de que "as sociedades uniprofissionais somente têm direito ao cálculo diferenciado do ISS, previsto no artigo 9º, parágrafo 3º, do Decreto-Lei nº 406/68, quando os serviços são prestados em caráter personalíssimo e, assim, prestados no próprio nome dos profissionais habilitados ou sócios, sob sua total e exclusiva responsabilidade pessoal e sem estrutura ou intuito empresarial" (EREsp 866.286/ES, Rel. Ministro Hamilton Carvalhido, julgado em 29/09/2010, DJe 20/10/2010). (...) 3. A tributação diferenciada do ISS não se aplica à pessoa física ou jurídica cujo objeto social é o exercício de profissão intelectual como elemento integrante da atividade empresarial (vale dizer, o profissional liberal empresário e a sociedade empresária profissional). No caso, configurado o caráter empresarial da atividade desempenhada, fica afastada a incidência do artigo 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 406/68. 4. Recurso especial desprovido. (REsp 1028086/RO, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 20/10/2011, DJe 25/10/2011)
Enunciado 193 do CJF – Art. 966: O exercício das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do conceito de empresa.
Obs.: Caso a atividade intelectual seja apenas a atividade-meio da sociedade, esta poderá ser enquadrada como empresária (Ex.: médico pesquisador na UFMG – atividade intelectual - área-fim; médico pesquisador na BAYER – atividade intelectual - área meio, a sociedade é empresária – Enunciados 194 e 195 do CJF) 
Antes de iniciar sua atividade, o empresário individual e a sociedade empresária devem, obrigatoriamente, registrar-se no órgão competente, que é a Junta Comercial da respectiva sede da empresa, obtendo o Número de Identificação do Registro de Empresas (NIRE). Contudo, a sua inscrição no Registro de Empresas não é requisito para a caracterização de comerciante e sim da sua regularidade. O registro possui um caráter declaratório. A sua ausência não pode servir de escudo para se furtar aos deveres decorrentes do exercício da atividade empresarial Neste sentido, pode se aplicar, analogicamente, a previsão contida no art. 973 do CC/02:
CC/02, Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.
Enunciado 198 do CJF – Art. 967: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário. 
Enunciado 199 do CJF – Art. 967: A inscrição do empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua regularidade, e não da sua caracterização. 
Obs.: O registro realizado fora do prazo (30 dias da lavratura) terá natureza constitutiva, sendo os atos anteriores regidos como se a sociedade fosse comum. O prazo deve ser contado da apresentação dos documentos na Junta Comercial e não da manifestação do órgão. 
CC/02, Art. 986. Enquanto não inscritos os atos constitutivos, reger-se-á a sociedade, exceto por ações em organização, pelo disposto neste Capítulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatíveis, as normas da sociedade simples.
CC/02, Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.
O empresário rural e o pequeno empresário sujeitam-se a regime registral próprio e simplificado, (art. 970), sendo que, no caso de empresário rural, o seu registro é facultativo. Estão dispensados também da obrigação geral dos empresários de escrituração dos livros comerciais (Art. 1179 do CC/02)
CC/02, Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
CC/02, Art. 1179 (omissis), § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. [Vide Enunciado n.º 235 do CJF]
Enunciado 200 do CJF – Art. 970: É possível a qualquer empresário individual, em situação regular, solicitar seu enquadramento como microempresário ou empresário de pequeno porte, observadas as exigências e restrições legais. 
Enunciado 201 do CJF – Arts. 971 e 984: O empresário rural e a sociedade empresária rural, inscritos no registro público de empresas mercantis, estão sujeitos à falência e podem requerer concordata. 
Enunciado 202 da III Jornada de Direito Civil - O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.
Enunciado 235 do CJF 202 – Art. 1.179: O pequeno empresário, dispensado da escrituração, é aquele previsto na Lei n. 9.841/99. Fica cancelado o Enunciado n. 56. [A Lei 9.841/99 prevê estes benefícios nos artigos 4º a 7 e art. 35, sendo substituída pela LC n.º 123/06 que institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, também conhecida como Supersimples, com fundamento no Art. 146, III, d e PU c/c o art. 179 da CF/88].
O comerciante sem registro é o COMERCIANTE IRREGULAR OU DE FATO. Ambos têm o mesmo tratamento jurídico, mas o IRREGULAR é aquele que tem atos constitutivos e apenas não os levou a registro, ao passo que o DE FATO não tem sequer atos constitutivos.
Obs.: É importante ressaltar que o contrato social, mesmo não registrado, tem validade entre os sócios, tendo a regra o escopo de privilegiar a proteção de terceiros, não podendo a irregularidade no registro ser alegada por sócio em demanda contra a sociedade ou outros sócios.
Junta comercial – registro 
O Serviço do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins é exercido em todo o território nacional, de maneira uniforme, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem). A disciplina dos órgãos que o compõem, bem como o do sistema registral, está disciplinada na Lei n.º 8.934/94, que é a Lei do Registro de Empresas.
Merece destaque o fato de que com a criação da Secretaria da Micro e Pequena Empresa pela Lei n. 12.792/2013, de 28/03/2013, foi editado o Decreto n. 8.001/2013 extinguindo o Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), ligado ao Ministério da Indústria e Comércio, e criando o Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI), subordinando-o à nova Secretaria.
O Sinrem é integrado pelo Departamento de Registro Empresarial e Integração (DREI – Antigo DNRC), vinculado à Secretaria da Micro e Pequena Empresa da Presidência da República, e pelas Juntas Comerciais, órgãos locais responsáveis pelo registro de Empresários individuais, sociedades empresárias e cooperativas. (LRE, art. 3º). As funções do DREI estão previstas no art. 4º da LRE, podendo assim serem sintetizadas: 
a) supervisão e coordenação, no plano técnico, dos órgãos de registro. Funciona também como segunda instância administrativa; 
b) expedição de normas e diretrizes gerais relativas ao registro; 
c) solução de dúvidas e controvérsias oriundas do registro 
Embora tenha sido investido nas funções de órgão central disciplinador, fiscalizador e supervisor do registro de empresas, o DREI não dispõe de instrumentos de intervenção nas Juntas comerciais, caso não adotem suas diretrizes ou deixem de acatar recomendações de correção. A lei estabelece, apenas, que o DREI poderepresentar às autoridades competentes (o Governador do Estado, O Ministério Público Estadual e outros).
As Juntas Comerciais são órgãos estaduais submetidos, no âmbito técnico, ao DREI, e no âmbito administrativo e financeiro, ao Governo Estadual (exceção a situada no Distrito Federal, pois se submete técnica e administrativamente ao DREI). Há uma Junta Comercial em cada Estado do País, com sede na capital e jurisdição na área de circunscrição territorial respectiva. São responsáveis pelo registro das empresas.
Quanto à competência para apreciar as questões que envolvem as juntas comerciais, o STJ tem decidido (STJ, REsp 678.405/RJ; CC90338/RO; CC 31.357/MG; CC 37.386/PR):
Competência da Justiça Federal: somente nos casos em que: i) se discute a regularidade dos atos e registros praticados pela Junta Comercial; e ii) nos mandados de segurança impetrados contra seu presidente, por aplicação do artigo 109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada (as juntas efetuam o registro do comércio por delegação federal). 
Competência da Justiça Estadual: i) quando particulares litigam acerca de registros de alterações societárias perante a Junta Comercial, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros societários pode produzir apenas efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração; ii) causas em que se discute anulação de registros por fraude; iii) abstenção de uso de nome comercial; iv) se apenas por via reflexa será atingido o registro da Junta Comercial, não há interesse da União, e por isso a competência será do juízo estadual, como, por exemplo, discussão sobre nome comercial, sobre idoneidade de documentos usados em alteração contratual, sobre o direito de preferência de sócio.
Atenção: Conforme o STJ, em matéria criminal, no que tange aos delitos de falsidade ideológica que afetem exclusivamente a junta comercial, sem lesão direta a bens, interesses ou serviços da União, a competência é da justiça estadual. (STJ, CC 130.516/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 26/02/2014, DJe 05/03/2014).
Atos de registro 
O ordenamento dos atos do registro de empresa, previsto nas disposições da Lei n. 8.934/94 é muito simples e compreende três atos [art. 32 da LRE]: 
I. Matrícula: a matrícula se refere aos agentes auxiliares do comércio. Assim, são matriculados nas Juntas Comerciais, sob a supervisão e segundo as normas do Departamento Nacional do Registro do Comércio os leiloeiros, tradutores públicos, administradores de armazéns-gerais, trapicheiros (responsáveis por armazéns gerais de menor porte destinados à importação e exportação), entre outros. A matrícula é uma condição para que eles possam exercer tais atividades paracomerciais. 
II. Arquivamento: correspondem, por sua vez, ao registro dos empresários individuais, sociedades empresárias e cooperativas. Enquanto não registrados seus atos constitutivos, as sociedades empresárias não adquirem personalidade jurídica. Os atos de arquivamento abrangem contratos ou estatutos sociais das sociedades empresárias, atos constitutivos da empresa dos empresários individuais, bem como futuras alterações contratuais, dissoluções ou extinção da atividade empresarial. Essas mudanças e demais observações relativas às empresas serão averbadas à margem do registro. A averbação é uma espécie de arquivamento e corresponde à anotação de nova situação contratual feita à margem do registro originário.
Em relação à cooperativa, a previsão no art. 32. II, a da Lei 8.934/94 não restou derrogada pela atribuição da natureza de sociedade simples por força de disposição legal (CC/02, art. 982, PU: Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa). 
Enunciado 69 do CJF – Art. 1.093: as sociedades cooperativas são sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais.
CC/02, Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples, ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária.
Lei 8.934/94, Art. 35. Não podem ser arquivados:
I - os documentos que não obedecerem às prescrições legais ou regulamentares ou que contiverem matéria contrária aos bons costumes ou à ordem pública, bem como os que colidirem com o respectivo estatuto ou contrato não modificado anteriormente;
II - os documentos de constituição ou alteração de empresas mercantis de qualquer espécie ou modalidade em que figure como titular ou administrador pessoa que esteja condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil;
III - os atos constitutivos de empresas mercantis que, além das cláusulas exigidas em lei, não designarem o respectivo capital, bem como a declaração precisa de seu objeto, cuja indicação no nome empresarial é facultativa;
IV - a prorrogação do contrato social, depois de findo o prazo nele fixado;
V - os atos de empresas mercantis com nome idêntico ou semelhante a outro já existente;
VI - a alteração contratual, por deliberação majoritária do capital social, quando houver cláusula restritiva;
VII - os contratos sociais ou suas alterações em que haja incorporação de imóveis à sociedade, por instrumento particular, quando do instrumento não constar:
a) a descrição e identificação do imóvel, sua área, dados relativos à sua titulação, bem como o número da matrícula no registro imobiliário;
b) a outorga uxória ou marital, quando necessária;
VIII - os contratos ou estatutos de sociedades mercantis, ainda não aprovados pelo Governo, nos casos em que for necessária essa aprovação, bem como as posteriores alterações, antes de igualmente aprovadas.
Parágrafo único. A junta não dará andamento a qualquer documento de alteração de firmas individuais ou sociedades, sem que dos respectivos requerimentos e instrumentos conste o Número de Identificação de Registro de Empresas (Nire).
III. Autenticação: refere-se aos instrumentos de escrituração, ou seja, aos livros comerciais. A autenticação é condição de regularidade dos referidos documentos. Assim, um livro comercial, deve ser levado à Junta Comercial para autenticação, e neste ato terá todos os requisitos que devem ser observados na escrituração, fiscalizados. 
No momento da apresentação dos documentos necessários para o registro da empresa, a Junta Comercial deverá ater-se apenas aos aspectos formais exigidos por lei para o respectivo registro [legalidade extrínseca do ato]. Não serão registradas empresas cujos documentos não obedecerem às prescrições legais, ou que contenham matéria contrária aos bons costumes, à ordem pública, bem como os que colidam com o respectivo estatuto ou contrato social originário não modificado anteriormente. Assim, se a maioria dos sócios de uma sociedade limitada resolver expulsar um minoritário que está concorrendo com a própria sociedade, não caberá à Junta verificar se é verdadeiro ou não o fato ensejador da expulsão. 
É considerada inativa a firma individual ou a sociedade empresária que, durante dez anos consecutivos, não arquivar nenhuma alteração contratual ou não comunicar à Junta Comercial que se encontra em atividade. Como efeito, tem-se que, se for considerada inativa pela Junta Comercial, terá seu registro cancelado (artigo 60 da LRE). 
As Juntas Comerciais adotam dois regimes decisórios distintos: colegiado ou singular. Nos atos de arquivamento relativos às sociedades anônimas e consórcios de empresas, e, ainda, de transformações, fusões, cisões e incorporações sociais, a Junta segue o regime de decisão colegiada. Em se tratando de matrículas, autenticações ou atos de arquivamento de outros tipos societários, as Juntas adotam o regime de decisão singular, feito pelo Presidente daJunta ou por um vogal por ele designado. 
Lei 8.934/94, Art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas comerciais, na forma desta lei:
I - o arquivamento:
a) dos atos de constituição de sociedades anônimas, bem como das atas de assembléias gerais e demais atos, relativos a essas sociedades, sujeitos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins;
b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas mercantis;
c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976;
II - o julgamento do recurso previsto nesta lei.
Lei 8.934/94, Art. 42. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, não previstos no artigo anterior, serão objeto de decisão singular proferida pelo presidente da junta comercial, por vogal ou servidor que possua comprovados conhecimentos de Direito Comercial e de Registro de Empresas Mercantis.
Parágrafo único. Os vogais e servidores habilitados a proferir decisões singulares serão designados pelo presidente da junta comercial.
Ao Plenário compete ainda o julgamento dos processos em grau de recurso (decisões colegiadas ou singulares).
Enunciado 209 da III Jornada de Direito Civil - O art. 986 deve ser interpretado em sintonia com os arts. 985 e 1.150, de modo a ser considerada em comum a sociedade que não tiver seu ato constitutivo inscrito no registro próprio ou em desacordo com as normas legais previstas para esse registro (art. 1.150), ressalvadas as hipóteses de registros efetuados de boa-fé.
Enunciado 483 da V Jornada de Direito Civil - Admite-se a transformação do registro da sociedade anônima, na hipótese do art. 206, I, d, da Lei n. 6.404/1976, em empresário individual ou empresa individual de responsabilidade limitada.
Enunciado 465 da V Jornada de Direito Civil - A "transformação de registro" prevista no art. 968, § 3º, e no art. 1.033, parágrafo único, do Código Civil não se confunde com a figura da transformação de pessoa jurídica.
Enunciado 466 da V Jornada de Direito Civil - Para fins do Direito Falimentar, o local do principal estabelecimento é aquele de onde partem as decisões empresariais, e não necessariamente a sede indicada no registro público.
Enunciado 476 da V Jornada de Direito Civil - Eventuais classificações conferidas pela lei tributária às sociedades não influem para sua caracterização como empresárias ou simples, especialmente no que se refere ao registro dos atos constitutivos e à submissão ou não aos dispositivos da Lei n. 11.101/2005.
Enunciado 489 da V Jornada de Direito Civil - No caso da microempresa, da empresa de pequeno porte e do microempreendedor individual, dispensados de publicação dos seus atos (art. 71 da Lei Complementar n. 123/2006), os prazos estabelecidos no Código Civil contam-se da data do arquivamento do documento (termo inicial) no registro próprio.
Em 2015, o Enunciado 6 da I Jornada de Direito Comercial foi alterado pelo Enunciado 58 da II Jornada de Direito Comercial do CJF. 
Enunciado 6 da I Jornada de Direito Comercial - O empresário individual regularmente inscrito é o destinatário da norma do art. 978 do Código Civil, que permite alienar ou gravar de ônus real o imóvel incorporado à empresa, desde que exista, se for o caso, prévio registro de autorização conjugal no Cartório de Imóveis, devendo tais requisitos constar do instrumento de alienação ou de instituição do ônus real, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis.
Enunciado 58 da II Jornada de Direito Comercial. O empresário individual casado é o destinatário da norma do art. 978 do CCB e não depende da outorga conjugal para alienar ou gravar de ônus real o imóvel utilizado no exercício da empresa, desde que exista prévia averbação de autorização conjugal à conferência do imóvel ao patrimônio empresarial no cartório de registro de imóveis, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no registro público de empresas mercantis.
Justificativa: O enunciado 6 refere-se a procedimentos que inexistem legalmente no regime do registro imobiliário, como o “prévio registro de autorização conjugal”, ato estranho ao elenco do art. 167 da Lei 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos).” Também é importante que os enunciados atentem para a compatibilidade com outras normas legais, no caso em tela, especialmente, ao direito de família. Dessa forma, o texto deveria fazer menção à averbação e não ao registro. O art. 246 da Lei n. 6.015/1973 permite, genericamente, tal averbação, enquanto que o rol do art. 167, que trata do registro, faz numeros clausus. 
Embora a alienação e a gravação de ônus sobre o imóvel utilizado no exercício da empresa pelo empresário individual sejam livres do consentimento conjugal, no teor do art. 978, CCB, a sua destinação ao patrimônio empresarial necessita da concordância do cônjuge, para passar da esfera pessoal para a empresarial. Essa autorização para que o bem não integre o patrimônio do casal, mas seja destinado à exploração de atividade empresarial exercida individualmente por um dos cônjuges pode se dar no momento da aquisição do bem, em apartado, a qualquer momento, ou no momento da alienação ou gravação de ônus.
Capacidade 
Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. (art. 972).
É importante diferenciar a capacidade para ser empresário da capacidade para ser sócio de sociedade empresária.
Se uma pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário vier a exercê-la, responderá pelas obrigações contraídas. (art. 973)
O relativamente incapaz que vier a estabelecer economia própria se torna capaz, seja desenvolvendo uma atividade civil ou comercial, pela existência de uma relação de emprego. Nunca é demais lembrar que esta hipótese de aquisição de capacidade independe de provimento judicial – o estabelecimento comercial com economia própria suplanta a incapacidade (presume-se que, neste caso, o menor já tenha se ambientado com a ética comercial, estando apto a realizar todos os atos da vida civil) - (art. 5º, PU, III do CC/02). 
Enunciado 197 do CJF – Arts. 966, 967 e 972: A pessoa natural, maior de 16 e menor de 18 anos, é reputada empresário regular se satisfizer os requisitos dos arts. 966 e 967; todavia, não tem direito a concordata preventiva, por não exercer regularmente a atividade por mais de dois anos. [O benefício da concordata foi extinto com o advento da Lei 11.101/05, mas continua a proibição de obter a recuperação judicial]
Lei 11.101/05, Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos requisitos, cumulativamente.
Excetuada a hipótese anterior, ao incapaz somente é permitida a continuação de um negócio empresarial já existente. É necessária prévia autorização judicial a ser obtido através de procedimento de jurisdição voluntária (arts. 1103 a 1112 do CPC) ouvido o Ministério Público (Arts. 82 e 1105 do CPC), sendo nomeado gerente, se o representante ou assistente não puder exercer a atividade de empresário. Ao contrário das demais empresas ou firmas individuais, há uma limitação da responsabilidade quanto ao patrimônio do menor, ficando limitado os resultados da empresa aos bens afetados na sua exploração (art. 974, § 2º do CC/02) .
Enunciado 203 do CJF – Art. 974: O exercício da empresa por empresário incapaz, representado ou assistido somente é possível nos casos de incapacidade superveniente ou incapacidade do sucessor na sucessão por morte. 
Enunciado 221 do CJF – Art. 1.028: Diante da possibilidade de o contrato social permitir o ingresso na sociedade do sucessor de sócio falecido, ou de os sócios acordarem com os herdeiros a substituição de sócio falecido, sem liquidação da quota em ambos os casos, é lícita a participação de menor em sociedadelimitada, estando o capital integralizado, em virtude da inexistência de vedação no Código Civil. 
Em determinadas hipóteses o direito obstaculiza o acesso ao exercício da empresa a determinadas pessoas que, a princípio, eram capazes para tal. Os proibidos de comerciar são plenamente capazes para a prática de atos empresariais, mas a lei entendeu por bem impedi-los de exercê-los. Trata-se de hipótese de ausência de legitimação ou legitimação sob o enfoque negativo.[1: 	 Age de modo negativo quando a lei por disposição cogente declara a inabilitação de certas pessoas para a prática de certos atos devido a alguma situação irremovível em que elas se acham, ou quando mantém o impedimento durante a persistência de determinadas situações especiais, caracterizando-se, na primeira hipótese, de ilegitimação absoluta ou inalterável pela vontade dos agentes e, na segunda hipótese, a da ilegitimidade relativa. ]
Estão impedidos de exercer a atividade empresária:
Deputados e Senadores (CF/88, Art. 54, II, a) – é absoluta. [2: Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:II - desde a posse:a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada;]
Magistrados (LC 35/79, art. 36, I) e Membros do Ministério Público (CF/88, Art. 128, II, c). 
Servidores públicos civil (Lei 8.112/90, Art. 117, X) e militar na ativa (Lei 6.880/80, art. 29). 
Em relação aos servidores públicos, a proibição não é absoluta, podendo participar de sociedade, como sócio cotista, acionista ou  comanditário, desde que não ocupe cargo de administração, de controle, e desde que não seja majoritário. A eventual participação na sociedade empresária gera o impedimento do Juiz e membro do Ministério Público de atuar em processos em que a sociedade seja parte (Arts. 134, VI e 138 do CPC; Art. 254, VI e Art. 258 do CPP – aqui tratada como hipótese de suspeição).
Se os cônjuges forem casados sob o regime da comunhão universal de bens ou separação obrigatória (legal) de bens, não poderão constituir sociedade entre si. Nada impede que cada um seja titular de empresa individual ou sócio de uma sociedade empresária. O legislador criou uma presunção absoluta de fraude, principalmente no caso de separação obrigatória de bens para que não houvesse confusão patrimonial. CONTRA: 
Enunciado 204 do CJF – Art. 977: A proibição de sociedade entre pessoas casadas sob o regime da comunhão universal ou da separação obrigatória só atinge as sociedades constituídas após a vigência do Código Civil de 2002. [Aplicação do ato jurídico perfeito]
Enunciado 205 do CJF – Art. 977: Adotar as seguintes interpretações ao art. 977: (1) a vedação à participação de cônjuges casados nas condições previstas no artigo refere-se unicamente a uma mesma sociedade; (2) o artigo abrange tanto a participação originária (na constituição da sociedade) quanto a derivada, isto é, fica vedado o ingresso de sócio casado em sociedade de que já participa o outro cônjuge.
Enunciado 396 do CJF – A capacidade para contratar a constituição da sociedade submete-se à lei vigente no momento do registro
OBS: O TJ/RS já declarou a inconstitucionalidade do artigo 977 por contrariar a liberdade de associação (CF, art. 5º, XVII) – a constituição já teria definido a única exceção possível (paramilitar), não cabendo ao legislador ordinário criar outra hipótese de restrição.
Falido não reabilitado – diversamente das outras hipóteses, a proibição ao falido não diz respeito à ética comercial.
Pessoa que esteja condenada pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade mercantil; (Lei 8.934/94, Art. 35, II). Afora a condenação por crime falimentar (Lei 11.105/05, Art. 181), não há previsão específica, podendo ser aplicado o Art. 1011, § 1º do CC/02 (referente ao impedimento do administrador).
CC/02, Art. 1011 (omissis), § 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação.
Enunciado 60 do CJF – Art. 1.011, § 1º: as expressões “de peita” ou “suborno” do § 1º do art. 1.011 do novo Código Civil devem ser entendidas como corrupção, ativa ou passiva. 
PONTO 2 - TEORIA GERAL DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS. TÍTULOS DE CRÉDITOS: LETRA DE CÂMBIO, CHEQUE, NOTA PROMISSÓRIA, DUPLICATA. ACEITE, AVAL, ENDOSSO, PROTESTO, PRESCRIÇÃO. AÇÕES CAMBIAIS.
Títulos de crédito
Título de crédito é um documento abstrato e cartular que representa o crédito, permitindo maior circulação deste. Estão tratados junto com o Direito das Obrigações no artigo 887 e seguintes do NCC. Representam obrigações de natureza pecuniária. Não se confundem com a própria obrigação. As obrigações representadas em um título de crédito ou têm origem extracambial, como é o caso das originadas de contratos, ou têm origem exclusivamente cambial, como na obrigação do avalista.
Documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado (Vivante).
CC/02, art. 887.   O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
Circunstâncias especiais - atributos dos títulos de crédito - chamados de negociabilidade, (facilidade de negociação), e executividade (maior eficiência na cobrança).
Ou seja, há um regime jurídico-cambial, que estabelece regras que dão à pessoa que detém inicialmente o crédito (ou para quem o crédito é transferido), maiores garantias do que as do regime civil.
Fases do Direito Cambiário: (quatro)
Período Italiano – até 1650: mercadores das cidades italianas / necessidade de operar com moedas diferentes em praças diversas (letras de câmbio);
Período francês: (1650 até 1848): surge o endosso / a letra de câmbio deixou de ser instrumento de pagamento para instrumento de crédito.
Período Germânico: (1848=1930): codificadas as normas disciplinadoras da cambial, separando-as das normas de direito comum / proteção especial ao terceiro adquirente de boa-fé, como forma de garantir a circulação do título. 
Período Uniforme: aprovação, em 1930, das leis uniformes genebrinas sobre letras de câmbio e notas promissórias, e, em 1931, sobre cheques. 
Normatização
O CC/02 não está valendo para: letra de câmbio, nota promissória, cheque e duplicata, porque o artigo 903 dispõe que estão ressalvadas as leis especiais. Ou seja, o Código Civil não revogou as legislações anteriores, sendo que cada título específico permanece com seu regulamento especial. As regras do CC/02 são supletivas às leis especiais. 
Ademais, as normas do CC/02 aplicam-se:
a) aos títulos de crédito cuja legislação de regência não determine a aplicação subsidiária da legislação sobre letra de câmbio e nota promissória ou de qualquer outra lei sobre determinado título;
b) aos títulos nominados, quando a lei de regência for silente sobre determinada matéria, como, por exemplo, título escritural (art. 889, § 3º).
Comentando o art. 903 do CC, Tepedino (Código Civil Interpretado), afirma que há duas possibilidades de interpretação do presente artigo: 
(i) o CC pretendeu regular os chamados títulos de crédito atípicos ou inominados, isto é, aqueles que não encontram regulamentação expressa nas leis, fixando requisitos mínimos dos títulos de crédito;
(ii) o CC quis estabelecer uma teoria geral dos títulos de crédito, de modo que, quando não são aplicáveis as normas constantes da legislação especial, seriam aplicáveis as normas do CC. Crítica: quase todas as matérias que o CC regula já se encontram previstas em leis especiais; regulou de forma contraditória em relação, por exemplo, à proibição de avalparcial.
Fabio Ulhoa Coelho sustenta que as normas sobre títulos de crédito encontradas no CC aplicam-se apenas aos títulos que não possuírem na lei específica a definição das regras a aplicar (art. 903). É o que ele chama de título de crédito não regulado. Observa, contudo, que não há atualmente no direito brasileiro nenhum título em tais condições.
As normas do CC sobre títulos de crédito diferem-se das aplicáveis às letras de câmbio quanto ao seguinte: (i) proibição das cláusulas de juros, “não à ordem”, e exoneração de despesas; (ii) admissibilidade de títulos ao portador, se autorizado pela lei específica; (iii) não-vinculação do endossante ao pagamento do título como regra; (iv) não cabimento de aval parcial; (v) títulos nominativos são os emitidos em favor de pessoa cujo nome conste do registro do emitente (art. 921), não se cuidando de identificação do credor no próprio título, como ocorre com a letra de câmbio, mas sim em assentamento externos à cártula.
Em resumo, pode-se dizer que as normas relativas aos títulos de crédito trazidas no CC/02 só serão utilizadas há hipótese em que não venham a contrariar a lei especial, e em particular os tratados internacionais que disciplinam a matéria (Marcelo Bertoldi), especialmente a lei uniforme de Genebra, traduzida no Decreto 57.663/66.
Função dos títulos de crédito
A função primordial dos títulos de crédito é a mobilização do crédito. Sua finalidade é a circulação. O título de crédito só é verdadeiramente tal quando circula. Fora daí ele deve ser visto mais como documento, do que como título propriamente dito. Essa visão, aliás, vem sido tida pela jurisprudência, que não mais aceita o documento formal, como meio de o credor se beneficiar de uma situação de abstração ou autonomia. Assim é que em muitos casos, demonstrado que o título foi criado não para atender sua função primordial de circulação e mobilização do crédito, tem-se deixado de aplicar certos princípios favoráveis ao credor. 
São conhecidos acórdãos que veem em notas promissórias emitidas unicamente como garantia de certos contratos de financiamento, ou de abertura de crédito, não mais um título abstrato, mas um documento representativo de um direito, para cujo exercício se impõe a demonstração da origem do débito. Por exemplo: as notas promissórias emitidas em branco pelos titulares de contas com cheque especial, modalidade do contrato de abertura de crédito. A cártula é preenchida pela instituição financeira (tal prática é vedada – Súmula 60 do STJ: “É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”), englobando todos os débitos constantes da conta, com os encargos contratuais. Quando o banco executa apenas o título está, em verdade, deixando de observar a sua função na tentativa de impedir ou dificultar ao extremo a defesa do executado, pois que se executasse o contrato teria de anexar os demonstrativos contábeis. 
Por isso, muitos comercialistas não veem como incorretas decisões que não aceitam o título para execução, exigindo a comprovação dos débitos mediante a anexação do contrato e dos demonstrativos contábeis.
Súmula 258 do STJ – A nota promissória vinculada a contrato de abertura de crédito não goza de autonomia em razão da iliquidez do título que a originou.
Súmula 233 do STJ - O contrato de abertura de crédito, ainda que acompanhado do demonstrativo do débito, não constitui título executivo extrajudicial, porquanto carece da liquidez característica dos títulos de crédito.
Princípios do direito cambiário
Cartularidade (ou documentalidade ou da incorporação) (cártula = documento = título): 
De acordo com o Princípio da Cartularidade, a obrigação deve estar representada por um documento cartular, ou seja, um papel que especifica a obrigação. O exercício dos direitos representados por um título de crédito pressupõe sua posse. Quem não se encontra com o título em sua posse, não se presume credor. O princípio da cartularidade é garantia de que o sujeito que postula a satisfação do crédito é mesmo o seu titular (É uma garantia de que o credor não negociou o seu crédito.). Cópias autênticas não conferem a mesma garantia. 
Implicações: a) a posse do título pelo devedor presume o pagamento; b) só é possível o protesto mediante apresentação do título; c) só é possível a execução mediante apresentação do título. 
OBS.: mais recentemente, algumas exceções ao princípio da cartularidade: a) nos negócios mercantis, necessidade de maior informalidade: possível executar o crédito representado pela duplicata, em alguns casos, mesmo sem apresentação da cártula; b) informática, disseminação dos títulos de crédito não cartularizados – NCC admite o título de crédito virtual: 
Art. 889, §3º - O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo. 
Literalidade: 
Toda e qualquer obrigação só é válida se estiver escrita na cártula. Somente produzem efeitos jurídico-cambiais os atos lançados no próprio título de crédito. A quitação deve estar representada por título. Atos documentados em instrumentos apartados, ainda que válidos e eficazes entre os sujeitos diretamente envolvidos (ex. aval concedido fora do título poderá ser tido como fiança), não produzirão efeitos perante o portador do título, mas vigoram entre os signatários originais como qualquer obrigação civil.
OBS.: a quitação da duplicata pode ser dada em documento em separado. 
Autonomia:
De acordo com o Princípio da Autonomia das relações cambiárias, cada relação jurídica existente no título é autônoma em relação a outra. Por consequência, quando um único título representa mais de uma obrigação (do emitente, do avalista, do endossante e outros) a eventual invalidade de qualquer delas não prejudica as demais. 
As implicações do princípio da autonomia representam a garantia efetiva de circulabilidade do título de crédito. O terceiro descontador não precisa investigar as condições em que o crédito foi transacionado.
O princípio da autonomia desdobra-se em dois sub-princípios:
i) Abstração – O título de crédito se desvincula da relação causal-base que lhe deu origem quando posto em circulação. Se houve algum vício na causa que originou o título (ex: contrato de compra e venda declarado nulo), não haverá prejuízo às obrigações nele constantes. A abstração somente se verifica quando o título circula para um terceiro de boa-fé, que não tem ciência do defeito existente no negócio que originou o título. 
Obs: As relações causal e cartular não se confundem, embora coexistam harmonicamente porque a criação do título de crédito não implica novação no que se refere à relação causal, vez que esta não se extingue. A relação causal enseja uma ação extracambiária, ao passo que a relação cartular enseja uma ação cambiária.
Obs: todos os títulos são autônomos. Mas alguns títulos não são classificados como abstratos: determinados títulos de crédito podem resultar de qualquer causa, mas dela se libertam após a sua criação, o que não ocorre com os títulos causais (duplicata), que, embora circulem, mantêm vínculo com a causa que os gerou.
[...] se o título de crédito ainda não circulou e a execução é proposta pelo próprio credor originário, é possível que seja reconhecido o pagamento do título sem que a cártula tenha sido resgatada pelo devedor (pagamento extracartular). (STJ, RESP 1078399/MA)
Observação: 
Para outra teoria, o título se diz abstrato se a lei que o tenha instituído não tenha prescrito os negócios jurídicos que autorizam a sua emissão. Se a lei cria o título, mas não menciona os negócios que autorizam a emissão, poderemos emiti-los tendo em vista qualquer negócio lícito. Ex: cheque, nota promissória e letra de cambio. Qualquer atividade licita é apta a permitir emissão do título. 
ii) Inoponibilidade de Exceções a Terceiros de Boa-fé (art. 17 da Lei Uniforme e art. 916 do CC)
O executado emvirtude de um título de crédito não pode alegar matéria de defesa estranha à sua relação direta com o exequente, salvo, provando a má-fé dele. Ou seja, não pode lhe opor exceções pessoais (que tinha contra o antigo credor), salvo se o terceiro for adquirente de má-fé. Se o título não circular, ele está preso à relação causal. Mas pode ser oposto o vício formal. Possui natureza processual.
Natureza da obrigação cambial
Várias teorias tentam explicar a natureza dos títulos de crédito. São elas:
Teoria do Contrato com Incerta Pessoa: Esta teoria foi adotada por Savigny, seguido por Jolly, Goldschmidt e Unger. Conforme seu enunciado, se contrata com alguém que não se sabe quem é, só o vindo a saber no momento da apresentação do título, ou seja, quando da sua exigibilidade. Nesse momento se descobrirá quem é o credor do título. Parte Savigny da ideia de que quem emite o título geralmente o faz em massa, estando a posse de fato sempre unida à presunção de propriedade.
Teoria do Germe: enunciada pelo famoso jurista Von Ihering, para esta teoria, o título seria como um germe que surge em mãos do devedor, mas que se formava quando circulava. O título só tem sentido para circular, é esse o seu objetivo, sua razão. O credor é o último portador. 
Teoria da Personificação do Título: formulada por Schweppe, declara que o título é bastante em si, como se ele mesmo fosse o credor. Quando se assina um título, o devedor passa para ele um pouco de si, de sua personalidade, credibilidade, imagem. Como o título personifica o devedor, quem vai pagá-lo, paga a ele mesmo, ou seja, quando se paga o título é porque se quer resgatá-lo, não importando nas mãos de quem ele esteja. A pessoa se reintegrava com a aquisição do título que emitiu. Essa teoria foi contestada sob o argumento de que não pode haver crédito sem credor, uma vez que as coisas materiais não podem ser sujeito de direitos.
Teoria da Promessa Unilateral: segundo essa teoria, que tem como precursores Einnert e Kuntze, o devedor promete sozinho, unilateralmente. Essa teoria inspirou um pouco o pensamento moderno no sentido de que o título não é simples documento probatório: a) é veículo de promessa; b) a promessa de pagamento é abstrata; independe da relação fundamental; c) não se trata de contrato, mas de promessa unilateral. Assim, surgiu a dúvida se o título é válido quando é emitido ou quando é criado, pois ele poderia ser extorquido.
SUB-TEORIAS:
Teoria da Emissão: abraçada por Stobbe e Windscheid, preconiza que o emitente do título dele se desvincula quando o põe em circulação. Só após o abandono voluntário da posse, seja por ato unilateral, seja por tradição, é que nasce a obrigação do subscritor. Sem emissão voluntária não se forma o vínculo.
Teoria da Criação: formulada por Siegel e Kuntze, defende que o direito deriva da criação do título. A vontade do devedor já não importa para tal efeito obrigacional. É o título que cria a dívida. Observa Rubens Requião que “a consequência da teoria da criação é severa e grave. O título roubado ou perdido, antes da emissão, mas após a criação, leva consigo a obrigação do subscritor”. 
Teoria do duplo sentido da vontade: segundo Vivante, autor desta teoria, há dois mundos, que não se comunicam: o mundo dos contratos e o mundo dos títulos. O devedor fica no meio dos dois. Não se pode trazer o fato de um contratante ter deixado de cumprir sua obrigação (no mundo dos contratos) para não pagar aquele que lhe apresentou o título (no mundo dos títulos). Assim, em relação ao seu credor, o devedor do título se obriga por uma relação contratual, motivo por que contra ele mantém intatas as defesas pessoais que o direito comum lhe assegura; em relação a terceiros, o fundamento da obrigação está na sua firma (do emissor), que expressa sua vontade unilateral de obrigar-se, e essa manifestação não deve defraudar as esperanças que desperta em sua circulação.
DOUTRINA PREDOMINANTE: A obrigação cambiária resulta de declaração unilateral de vontade por parte do subscritor do título e não de contrato celebrado com o beneficiário. 
Direito Brasileiro: O Código Civil Brasileiro incluiu os títulos ao portador entre as Obrigações por Declaração Unilateral de Vontade. O art. 896 do CC reza que “o título de crédito não pode ser reinvindicado do portador que o adquiriu de boa-fé e na conformidade das normas que disciplinam a sua circulação”. Essa norma adota a teoria da criação porque considera legitimado o portador ainda que o título tenha sido posto em circulação sem ou contra a vontade do emitente, dispondo da mesma maneira que o artigo 26, al.2a da LUG.
Os devedores de um título de crédito são solidários. Esta regra encontra-se no artigo 47 da Lei Uniforme de Genebra. O devedor solidário que paga ao credor a totalidade da dívida pode exigir, em regresso, dos demais devedores a quota-parte cabível a cada um.
Porém, na obrigação cambial há hierarquia entre os devedores de um mesmo título. Em relação a cada título, a lei irá escolher um para a situação jurídica de devedor principal, reservando aos demais a de codevedores. Mesmo os codevedores só terão direito de cobrar dos codevedores que lhes antecederam.
Classificação dos títulos de crédito
a) Quanto ao Modelo:
Livres: cujo formato não segue um rigor absoluto. Ex.: nota promissória no caderno.
Vinculados: além dos requisitos, existe padronização (padrão normativamente estabelecido). Ex.: cheque, duplicata.
b) Quanto à Estrutura:	
Ordem de Pagamento: ordem dada por uma pessoa (sacador) para que outro (sacado) pague ao beneficiário (tomador). Ex.: letra de câmbio.
Promessa de Pagamento: relação direta entre o emitente e o beneficiário. Ex.: nota promissória.
	
c) Quanto à hipótese de emissão:	
Todo título advirá sempre de um negócio jurídico, contudo haverá títulos em que esse negócio precisa ser comprovado para que o título tenha existência válida. E é partir dessa ideia que surgem os títulos causais e não causais:	
Causal: somente pode ser emitido para documentar determinadas operações. Ex: duplicata (prestação de serviço e compra e venda).
Não-Causal (ou abstratos): pode ser emitido por qualquer causa, em qualquer tipo de negócio. Ex.: cheque, nota promissória.
O título se diz abstrato se a lei que o tenha instituído não tenha prescrito os negócios jurídicos que autorizam a sua emissão. Se a lei cria o título, mas não menciona os negócios que autorizam a emissão, poderemos emiti-los tendo em vista qualquer negócio lícito. Ex: cheque, nota promissória e letra de cambio. Qualquer atividade licita é apta a permitir emissão do título. 
O título se diz causal conforme a lei que o tenha instituído tenha prescrito os negócios jurídicos que autorizam a sua emissão. No título causal, a lei tem dois objetos: (i) cria o titulo e (ii) também se encarrega de mencionar os negócios que autorizam sua emissão. Exemplo: warrant (só pode ser emitido, se houver depósito de mercadorias nos silos dos armazéns gerais), CCB (cédula de credito bancário: pode ser emitida se houver mútuo bancário), duplicata (só pode ser emitida se houver compra e venda mercantil ou prestação de serviços). 
Se título é causal, só pode ser emitido nas causas permitidas em lei, sob pena de responsabilização penal. 
d) Quanto à Circulação:	
Todo título é feito para circular, mas a forma de circulação varia de título para título:
Ao Portador: são os títulos nos quais não consta o nome do beneficiário do direito nele incorporado. É transmitido por mera tradição. Quem estiver portando a cártula e a apresentar ao devedor será o legítimo credor.
Nominal: consta o nome do beneficiário. Pode apresentar-se sob a modalidade à ordem (passíveis de serem transferidos por endosso) ou não à ordem (transmitidos somente por cessão comum civil de crédito – nesse caso o cedente se obriga apenas com o cessionário, não em relação aos posteriores possuidores do título). 
Nominativo (art. 921, CC): “É título nominativo o emitido em favor de pessoa cujo nome conste no registro do emitente”.
Títuloscambiais e títulos cambiariformes. 
Títulos cambiais, genuínos, são a letra de câmbio e a nota promissória. Todos os demais títulos de créditos, como o cheque, a duplicata etc., são considerados apenas assemelhados ou cambiariformes, conforme leciona Pontes de Miranda. Contudo, as regras da letra de câmbio e da nota promissória aplicam-se aos títulos cambiariformes, em tudo que lhes for adequado, inclusive a ação de execução.  
A informática e o futuro do direito cambiário
O meio magnético vem substituindo paulatina e decisivamente o meio papel como suporte de informações. O registro da concessão, cobrança e cumprimento do crédito comercial não fica, por evidente, à margem desse processo, ao qual se refere a doutrina pela noção de desmaterialização do título de crédito.
É certo que as informações arquivadas em banco de dados magnéticos constituem a base para a expedição de alguns documentos (em papel) relativos à operação (os bancos emitem documentos de quitação de dívida; os cartórios de protesto geram intimação ao devedor e lavram o instrumento de protesto). Contudo, nenhum desses papéis é título de crédito.
Diante desse quadro, vale a pena conferir se são compatíveis os princípios do direito cambiário com o processo de desmaterialização do título de crédito: 
O princípio da cartularidade: se o documento nem sequer é emitido, não há sentido algum em se condicionar a cobrança de crédito à posse de um papel inexistente.
O princípio da literalidade: não se pode prestigiá-lo, na medida em que não existe mais o papel, a limitar fisicamente os atos de eficácia cambial.
O princípio da autonomia das obrigações cambiais: apresenta-se compatível. Será a partir dele que o direito poderá reconstruir a disciplina da ágil circulação do crédito, quando não existirem mais registros de sua concessão em papel.
Rigor cambiário
Os títulos de crédito para valerem como tal devem obedecer a certos requisitos legais.
A Súmula 387 do Supremo Tribunal Federal diz que “a cambial emitida ou aceita com omissões, ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé antes da cobrança ou do protesto.” (vide art. 891, CC/2002). Para protestar o título o credor de boa-fé deve ter efetuado o preenchimento. Enquanto não for preenchido, o título não se torna exigível.
O Novo Código Civil adotou o princípio da liberdade de criação e emissão de títulos atípicos ou inominados, resultantes da criatividade da praxe empresarial, com base no princípio da livre iniciativa, pedra angular da ordem econômica (Constituição de 1988, arts. 1º e 170), visando a atender às necessidades econômicas e jurídicas do futuro, tendo em vista a origem consuetudinária da atividade mercantil.
Letra de câmbio 
É um título de crédito clássico e comporta todas as características dos títulos de crédito. É mais utilizada em negócios internacionais (comércio exterior) e no Brasil é substituída pela duplicata. Está prevista no Decreto 57663/66 (Lei Uniforme de Genebra). O anexo I está em vigor, sendo que o anexo II estabelece as reservas do que não vige no Brasil, devendo ser aplicado o Decreto 2.044/1908.
Legislação aplicável – Decreto n. 57.663/66 – Lei Uniforme de Genebra
Conceito
Ordem dada, por escrito, a uma pessoa, para que pague a um beneficiário indicado, ou à ordem deste, uma determinada importância em dinheiro. Ou seja, é um título de crédito por meio do qual uma pessoa (sacador) declara que certa pessoa (sacado) pagará a certa pessoa (tomador ou beneficiário) uma quantia certa, num determinado local ou data.
Elementos pessoais
a) Sacador - eminente da letra de câmbio / quem dá a ordem de pagamento;
b) Sacado - quem recebe a ordem de pagamento;
c) Tomador - o beneficiário da ordem de pagamento.
É possível que sacador e tomador sejam a mesma pessoa.
É possível que sacador e sacado sejam a mesma pessoa (nesse caso, a letra de câmbio acaba tendo as mesmas funções de uma nota promissória, conforme art. 3º da Lei Uniforme).
É possível até que sacador, sacado e tomador sejam a mesma pessoa (Marcelo Bertoldi).
Requisitos da letra de câmbio 
Título de modelo livre.
Quanto ao aspecto material, a letra de câmbio deve ser feita em papel; a forma mais comum são formulários já prontos, em que basta preencher espaços vazios com as informações indicadas.
Requisitos extrínsecos: são aqueles relativos à formalidade do título em si. Eventuais falhas quanto a tais requisitos podem ser alegadas e opostas por qualquer devedor contra qualquer credor. Ex: falsidade da cártula; adulteração, etc.
Requisitos intrínsecos: são aqueles relativos à obrigação contida na letra de câmbio. São os exigidos pelo direito para a validade de qualquer negócio jurídico. Referem-se à capacidade das partes, ao consentimento, ao objeto e à causa da obrigação.
Requisito essenciais: o art. 1º do Anexo I do Decreto n. 57.663/66 traz os elementos que deve conter a letra de câmbio, sem os quais, o título não produzirá efeitos como tal.
a) a palavra “letra” inserta no próprio texto do título e expressa na língua empregada para a redação desse título;
b) mandado puro e simples de pagar uma quantia determinada;
c) o nome daquele que deve pagar (sacado);
d) nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga (a Lei Uniforme veda a emissão de letra de câmbio ao portador); 
e) A indicação da data de emissão da letra (para averiguar a capacidade do emitente e prazos para apresentação e vencimento); 
f) A assinatura de quem passa a letra (sacador). É vedada a utilização de chancela mecânica.
Na ausência do lugar, considera-se que a letra foi passada no lugar designado ao lado do nome do sacador.
A LU considera requisitos não essenciais (art. 2º):
i) data de vencimento do título (na sua ausência o título é pagável à vista);
ii) lugar de pagamento (quando o título não especificar o lugar de seu pagamento, será aquele mencionado ao pé do nome do sacado, que ao mesmo tempo será tido como sendo seu domicílio);
iii) lugar de emissão (quando não houver, considera-se que a letra foi passada no lugar designado ao lado do nome do sacador).
A LU prevê possibilidade de inclusão de outras cláusulas:
Cláusulas de juros: é permitida sua inserção nas letras pagáveis à vista ou a certo termo da vista. Em qualquer outra espécie, tal cláusula será considerada como não escrita. Para ser válida, ela deverá indicar a taxa, sendo os juros contados da data da letra se outra data não for indicada.
Cláusula exonerando o sacador da garantia do aceite. 
LU, art. 9º. O sacador é garante tanto da aceitação como do pagamento da letra. O sacador pode exonerar-se da garantia da aceitação; toda e qualquer cláusula pela qual ele se exonere da garantia do pagamento considera-se como não escrita.
Para ser considerada válida, a NP deve conter requisitos essenciais (art. 75 da LU):
- denominação “nota promissória”;
- promessa solene e direta de pagar certa quantia; 
- nome da pessoa a quem ou à ordem de quem deve ser paga; 
- indicação da data de emissão da nota promissória; 
- assinatura do emitente.
Saque 
É a criação da letra de câmbio. Vincula apenas o sacador (emitente).
Aceite 
Na época do saque, o ato ainda não vincula o sacado, vincula somente o sacador. O aceite é o ato que vincula o sacado. É o ato formal segundo o qual o sacado se obriga a efetuar, no vencimento, o pagamento da ordem que lhe é dada (art. 28). O aceite é formalizado com a assinatura do sacado no título (art.25).
Quando o sacado aceita pagar, ele passa a ser o devedor principal, denominado de aceitante, de modo que o sacador continua sendo devedor, mas não o principal. 
O aceite na letra de câmbio é facultativo, porém irretratável, sendo que a sua recusa gera o vencimento antecipado do título, podendo o tomador exigir do sacador o seu pronto pagamento.
Pode ainda haver a recusa parcial, que ocorre quando o sacado aceita a letra parcialmente, podendo ser limitativo (do valor constante do título) ou modificativo (aceita pagar, mas modifica alguns requisitos). Nestes casos,

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