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Fichamento Tratado da terra e gente do Brasil

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FICHAMENTO
	REFERÊNCIA
	CARDIM,Fernão. Tratado da terra e gente do Brasil. In:___. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. p. 57-103.
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INTRODUÇÃO
Fernão Cardim foi um padre jesuíta, responsável pela educação dos primeiros brasileiros. Sendo um dos precursores da história do Brasil. Seus depoimentos trouxeram muita luz para a compreensão da primeira colonização do país. 
Seus depoimentos são de testemunha presencial. Cardim era o geógrafo, que estudava a terra, suas divisões, seu clima e suas condições de habitalidade; o etnógrafo, que descrevia os arborígenas, seus usos, costumes e cerimônias; O zoólogo e o botânico, por igual aparelhados para o exame da fauna e da flora desconhecida; mas nele também havia um historiador diserto, que discorre sobre as missões jesuítas, seus colégios e residências, o estado das capitanias, seus habitantes e sua população, o progresso ou decadência da colônia, e suas causas, sobre a vida daquela sociedade nascente. 
CAP. I : DO CLIMA E TERRA DO BRASIL
Cardim vai descrever o clima do Brasil como um clima maravilhoso, de ar puro e límpido; onde os homens que aqui viviam, tinham vida longa, cerca de noventa a cento e poucos anos de idade, uma terra habitada por velhos, segundo ele; Descreve o céu como puro e claro, a noite principalmente. A terra que aqui havia era regada de muitas águas, sejam elas de rios ou do céu, já que se chovia muito por aqui, principalmente no inverno. Uma terra cheia de árvores, que são verdes por todo o ano. Para vestir havia pouca comodidade, já que da terra não se tirava mais do que algodão. Era uma terra farta, principalmente de gado e açucares.
DOS ANIMAIS
Cardim vai descrever os animais que por aqui existiam, dentre eles estão: o veado, o tapyretê (anta (onde da pele desse animal, os índios fabricavam suas adagas)), o porco montês (mantimento dos índios), além de outras espécies de porcos. O acuti (cutia), a paca, o iagoáretê (a onça), o sarigué (o gambá), o tamanduá, o tatu, o canduaçú (o porco espinho), a eirara (o papa-mel), o aquigquig (pode ser relacionado ao muriqui), o coatí, os gatos bravos (hoje chamados de gato do mato), o iaguaruçu (como os cães de hoje em dia), o tapiti (como os coelhos de Portugal) iaguacini (o guaxinin) a biarataca (se parece com o furão) a preguiça, os ratos.
AS COBRAS NÃO PEÇONHENTAS
A jiboia, que para caçar se estende pelo caminho e quando sua presa cruza esse caminho ela se enrola toda à presa, quebra todos os seus ossos, depois lambe a sua presa, a engole e a traga. Existem outros tipos de cobras não peçonhentas, que vão se alimentar de ovos de pássaros, rãs. Tais como: Grigaupiagóra (papa-ovo) , caninana, boitiapoá (cobra cipó; cobra usada para um rito de fertilidade, na qual fazia as mulheres que não tinham filhos engravidarem) gaitiepia, a boyuna (cobra preta), a bom (pelo seu rastejar que emite o som de bom), a boicupenga (a cobra com espinhos nas costas).
AS COBRAS QUE TÊM VENENO
A jararaca (que com a peçonha que possui pode matar uma pessoa em 24hs), a surucucu (quando os índios a matam, lhe enterram a cabeça), boichininga (a cascavel, que os índios a chamam de “a cobra que voa” por ter grande velocidade), igbigracuâ ( que sua picada faz todo o seu sangue sair do corpo, seja pelos olhos, narizes, orelhas ou por qualquer ferida que possua), igbiboca (a cobra coral, a mais peçonhenta de todas).
AS AVES QUE HAVIAM NESTA TERRA E DELA SE SUSTENTAVAM
Os papagaios, a arara, a ararúna¸ o anapuru, arujucuráo, o tuin, o guigrajúba (pássaro amarelo, triste), guainumbig (chamam de, o pássaro ressuscitado. Dizem que esse dorme seis meses e vive seis meses), guigranhezeéngetá (pássaro de costas e asas azuis,e barriga amarela, que possui um diadema amarelo. Um ótimo pássaro para gaiola), o tangará, o quereiuá (pássaro de rica formosura. Os índios usam suas penas, que são de um azul claro), tucana (o tucano), a guigrapónga (ARAPONGA; seu cantar se compara a um repique de um sino) o macucuagá (MACAGUÁ; se parece com o faizão, tem muita carne, põe duas vezes ao ano, de cada vez 13 à 15 ovos), o mutú, o uru, o nhandugoaçú (a ema), anhigma (ANHUMA; uma ave de rapina, que os naturais acreditavam que tinha o poder de fazer falar as pessoas que não falavam).
AS ÁRVORES DE FRUTO
O acajú (CAJUEIRO), a mangaba (MANGABEIRA), o macuoé, o araçá, o ombú (UMBUZEIRO), a jaçapucaya (árvore que tem um fruto do tamanho de uma bola. Usavam a madeira de sua árvore para construir engenhos, já que a mesma não apodrecia. O araticu (possui aparência de limoeiro), o pequeá (do fruto do tamanho de uma laranja, que dentro de sua casca possui um mel claro e doce como açúcar.), a jaboticaba (JABOTICABEIRA), o pinheiro.
DAS ÁRVORES QUE SERVEM PARA USO MEDICINAL
A cabureigba (CABUREÍBA, de onde se tira o balsamo, serve para feridas. Onde os animais vão roçar para curar algumas enfermidades. Aparece principalmente na capitania do Espírito Santo), cupaigba (COPAÍBA, Extrai-se o seu óleo para o uso em feridas. Os animais também se esfregam nela), a ambaigba (SAMBAIBA, sua casca serve para o uso em feridas), ambaigtinga (AMBAITINGA, para o estômago, cólica), igbacamuci (único remédio para as câmaras de sangue), igcigca (seu óleo branco serve para doenças de frio), a curupicaigba (serve para feridas novas ou antigas), a caaróba (serve para o combate das boubas, uma doença tropical infecciosa), a caarobmoçorandigba (sara os ferimentos da bouba e as doenças causadas pelo frio), labigrandi (suas folhas são o único remédio para o fígado.
OS ÓLEOS QUE OS ÍNDIOS USAM PARA SE UNTAREM
O andá (ANDA-AÇÚ; da fruta se tira o azeite com que os índios se untam e as mulheres os cabelos), a morexecuigba (dentro da fruta desta árvore se exprime o azeite para se untarem), aiuruatubira (da fruta desta árvore se tira um óleo vermelho com que os índios se untam), aiabutipigta (JABOTAPITA; se untam com o óleo dessa árvore e se untam em suas enfermidades), lanipaba (GENIPAPO; de sua fruta se extrai um óleo branco, que passado no corpo, após algumas horas fica muito preta. Com este óleo, eles se untam para a semana e para as festas,se untando e pondo algumas penas e outras joias de osso. Essa tinta dura em torno de nove dias no corpo. A fruta tem que ser colhida verde, porque depois de madura não pode se tingir mais) o lequigtiygoaçu (O SABOEIRO; essa árvore dá umas frutas como madronhos, e dentro delas há uma tinta muito preta. Esse óleo que se exrai também pode ser usado para se fabricar o sabão.
DAS ÁRVORES QUE TEM ÁGUA
É uma árvore grande e larga, onde essa existe no sertão da Bahia, em lugares que não há água. Nos seus ramos existem buracos do comprimento de um braço, mais ou menos, que sempre ficam cheios de água, seja no inverno ou no verão. Não se sabe de onde vem essa água.
DAS ÁRVORES QUE SERVEM PARA MADEIRA
Dentre as árvores que servem para madeira estão entre elas: o pau Brasil, o jacarandá,o pau daquila, o pau d’angelim, o pau santo e etc.
DAS ERVAS QUE SÃO FRUTOS E SE COMEM
A mandioca (o mantimento ordinário desta terra, que serve como pão. Da mandioca, os índios preparam vinho, biscoitos, farinha, remédios contra peçonha, mingau, beiju e etc),a naná (uma erva comum, se parece com a babosa, possui folhas, não tão grossas em redondo e possui uns bicos bem cruéis. No meio desta erva nasce uma fruta como as pinhas, toda cheia de flores de várias cores. Desta fruta se produz o vinho, o seu sumo tira nodas de roupas), a pacoba (não é árvore e nem é erva; usam suas folhas para escrita; boa para o tratamento de feridas) o maracujá (único remédio para chagas velhas e boubas;
DAS ERVAS QUE SERVEM PARA MEZINHAS (REMÉDIO CASEIRO)
O tetigcucú (JETICUCÚ; raízes compridas que servem de purga), o igpecacócaya (IPECACOANHA; suas folhas possuem um cheiro muito forte, seu uso serve para purgar as câmaras de sangue), cayapiá (CAPIÁ; única erva que serve para a peçonha, chamada de “erva de cobra”; dela só se aproveita a raiz, e dessa raiz se fazem remédios para febre, para feridas de flechas e etc) o tareroquig (TAREROQUI; os índios se perfumam com esta erva para não morrerem, e para curar uma enfermidade comum nesta terra, chamada de doença do bicho; serve para matar os bichos de porcos e bois) o goembegoaçú (GUEMBÉ-GUAÇU; uma erva que serve para o fluxo sanguíneo), a caáobetinga (seu uso serve para curar as chagas), a sobaúra (serve para as chasgas velhas, que já não há outro remédio; coloca-se moída e queimada em cima da ferida, logo vai curar e fazer nascer um couro novo) a erva santa (TABACO; serve para feridas, catarro, e principalmente para doentes da cabeça, estômago e asmáticos) a guaraquigynha (GUARAQUIM; a erva moura de Portugal, único remédio para lombrigas) a camará (CAMBARÁ; serve de remédio para sarnas, boubas, feridas novas, quando as feridas estão curadas se lava com a água desta erva) o aipo (se acha somente pelas praias, principalmente no RJ) o malvaisco, o caraguatá (GRAVATÁ; toda mulher grávida que a come diariamente vem a morrer) o timbó.
AS ERVAS CHEIROSAS
Erva que dorme (ao anoitecer ela se murcha, e quando o sol nasce ela se abre toda) erva viva (é chamada assim porque quando à tocam ela murcha e depois torna a ficar como antes.
AS CANAS
Cardim só descreve um tipo de cana, a tacoara. 
OS PEIXES DE ÁGUA SALGADA
O peixe-boi, o bijupirá, o olho de boi, camurupi, o peixe selvagem, a baleia, o espadarte, a tartaruga, os tubarões, o peixe voador, os botos e toninhas.
OS PEIXES PEÇONHENTOS
O peixe-sapo ou baiacu, o puraquê, o caramuru ou moreia, o moreiatim, o baiacu-curuba, o terepomoga ou a sanguessuga.
OS HOMENS MARINHOS E OS MOSNTROS DO MAR
O Pe. Cardim vai relatar histórias de monstros que os naturais da colônia tanto tem medo, que vivem na beira dos rios doce, tendo esses monstros aparência de pessoas. Se dizia que quem visse tais monstros morriam.
OS MOLUSCOS
Os polvos (Cheio de tentáculos e que têm como proteção uma tinta preta, para se defender) a azula (Um marisco como um canudo de cana, come-se em jejum) a água morta (hoje, água-viva).
OS CRUSTÁCEOS
O uçá, o guayamum, o aratú, as ostras, os mexilhões, os berbigões, o perigoari, o coral-branco, os lagostins.
AS ÁRVORES QUE SE CRIAM NA ÁGUA SALGADA
Os mangues, que possuem uma madeira boa para fazer fogo, emadeirar casas. Da sua casca se faz tinta e serve para cortir couros. Nos mangues se criam os carangueijos, ostras, ratos e papagaios. 
OS PÁSSAROS QUE SE SUSTENTAM E SE ACHAM NA ÁGUA SALGADA
Guigratinga (GUIRATINGA; se parecem com as emas africanas), caripirá (raabiforcado, porque seu rabo é dividido pelo meio), guacá (GAIVOTA), o guigrtéotéo (TÉU-TÉU), o calcamar (TALHA-MAR), a ayara (COLHEIRO) a saracura e o guará.
OS RIOS DE ÁGUA DOCE E O QUE NELE EXISTE
As águas claras e saudáveis eram características dos rios de água doce, no Brasil colonial, contendo uma infinidade de peixes, de várias espécies. Dos quais existiam muitos de estimado valor e muito saudáveis, que se davam ao doentes pela medicina. Peixes esses que os naturais da colônia pescavam para o consumo.
AS COBRAS DA ÁGUA DOCE
A sucurijuba (SUCURI; uma das maiores, ou senão a maior cobra que existia no Brasil colônia), a manima (Cobra que vive na água; muito colorida; os naturais acreditavam que se vissem essa cobra, teriam uma vida longa por vê-la)
OS LAGARTOS D’ÁGUA
O jacaré.
OS LOBOS QUE VIVEM NA ÁGUA
 O jaguaruçú (vivem dentro e fora d´água, matam gentem), atacape (são lobos menores, mais rápidos, que atacam as pessoas, as matam e as comem) pagnapópeba (LONTRA; alguns não fazem mal, por outro lado, outras são bem ferozes) baéapina (são considerados homens marinhos, pelo tamanho de um menino, e por possuir uma aparência semelhante), capijuara (CAPIVARA; são do mesmo tamanho dos porcos, mas diferem na feição; se alimentam de ervas e frutas) ita (as conchas, que servem de colher ou para se fazer farinha) cágados (um mantimento para os naturais da colônia) guararigeig (uma espécie de rã; Segundo cardim, os naturais morriam de medo delas, diziam que ao escutar o grito delas morreriam e não podiam fazer nada)
OS ANIMAIS, ÁRVORES E ERVAS QUE EXISTEM EM PORTUGAL E TAMBÉM NO BRASIL COLÔNIA
Cavalos, vacas, porcos, ovelhas, cabras, galinhas, perús, garças, cachorros, árvores como: laranjeiras, cidreira, limoeiro e etc; figueiras, mameleiros, parreiras; ervas, legumes, o trigo, e as ervas cheirosas.
O PRINCÍPIO E ORIGEM DOS ÍNDIOS NO BRASIL
Esse povo não tem conhecimento do principio do mundo. Têm alguma informação sobre o dilúvio, mas por não possuírem escrita tal informação é confusa. Dizem que as águas afogaram e mataram todos os homens, restando apenas um,em cima de uma janipaba, acompanhada de sua irmã que estava grávida, e assim, a partir dali começou sua multiplicação.
O CONHECIMENTO QUE TINHAM DO CRIADOR
Esse povo que habitava a colônia não tinha conhecimento algum do seu criador ou de qualquer coisa relacionada ao céu. Para eles não existe pena nem glória depois da vida, por isso, não fazem adorações, cerimônias ou culto divinos. Sabem que têm alma e que a alma não morre. Acreditam que depois da morte, vão todos para os campos onde existem muitas árvores ao longo de um rio, onde todas as almas juntas não fazem outra coisa além de dançar. Pra esse povo que habitava a colônia, existia um demônio, no qual chamavam de Curupira.
Eles não possuem algum nome próprio que expliquem a Deus, mas creem em Tupã, que pra eles é quem cria os trovões e relâmpagos, e quem lhe deu as enxadas e os mantimentos.
OS CASAMENTOS
Entre os índios da colônia havia o casamento, mas existe uma dúvida se são verdadeiros casamentos, por terem muitas mulheres e por deixarem elas facilmente por qualquer discussão ou desgraças que com eles aconteça. A mulher perseverava virgem antes do casamento. Depois do casamento o casal ganhava uma rede lavada, e depois de casados começavam a beber. Porque até então, os pais não consentiam que bebessem. 
SUAS COMIDAS E BEBIDAS
Este povo come a todo tempo, seja de noite ou de dia, a cada hora e momento. Logo, este povo, come tudo o que têm, dividindo a comida com seus amigos. Dividiam a comida por fama e honra e a pior injúria que pudessem fazer a eles era os chamar de escassos. Quando não têm o que comer são muito sofridos, com fome e sede. 
Comem todo tipo de carne, até a carne de animais imundos, como cobras, sapos, ratos entre outros. Comem todo tipo de frutas, menos as venenosas. Sua alimentação é o que dá na terra, sem cultivo. 
Em dias particulares, costumam a fazer festas, chamando de casa em casa (ocas) e convidando a todos para beber, estas festas duram de dois a três dias. Quando bebiam durante a festa, brigavam, tomavam as mulheres um dos outros. Não dão graças nem antes nem depois de comerem, não lavam as mãos antes de comer, e depois de comer limpam as mãos nos cabelos. Comiam deitados nas redes ou sentados.
SEU MODO DE DORMIR
Todo este povo utiliza como cama, redes de algodão. Não possuem cobertores ou roupas de dormir, agasalham-se com cedo. No inverno ou verão tem fogo embaixo de suas redes.
O MODO COMO SE VESTEM
Todos andam nus, tanto homens quanto mulheres. Quando um homem falava comalguma mulher, virava-lhe as costas. Para saírem arrumados, pintam seus corpos com óleos extraídos de árvores, dando muito riscos pelo corpo. Além de utilizar diademas, braceletes e outras invenções.
Não deixam cabelos pelo corpo, a não ser o da cabeça. Todas as mulheres têm cabelos compridos e pretos. As mulheres quando estão tristes e quando os maridos estão longe, cortam os cabelos, nisto mostram ter lealdade e amor pelo marido. Existe tanta variedade em seus cortes, que pela cabeça se conhece as nações. 
AS CASAS
As casas dos índios são chamadas de ocas, que são cascas de madeira coberta por folhas. Nestas ocas moram um principal ou mais, a quem todos obedecem, e são necessariamente parentes.
A CRIAÇÃO DOS FILHOS
Quando as mulheres parem não se levanta as crianças, e sim o pai, ou alguma pessoa que os índios tomam por compadre, assim como entre os cristãos. Quando o filho nasce, o pai corta-lhe o cordão umbilical com os dentes ou com duas pedras, e logo se põe a jejuar até que o umbigo caia. Não saem do jejum até que o umbigo caia por completo. Se a criança for homem, é posto um arco e flecha no punho da rede, atado. No outro lado é posto molhos de ervas, que são os contrários que seu filho há de matar e comer. As mulheres dão de mamar por um ano e meio, sem dar outra coisa pra criança comer. 
O COSTUME DE AGASALHAR OS HÓSPEDES
O agasalho do hóspede vai ser o choro das mulheres dali. Logo depois que o hóspede adentra a oca, ele é posto sentado na rede, e sem falar com o hóspede a mulher, filha e amigas se sentam em torno da rede e começam a chorar, tocando a mão na pessoa, contando em prosa tudo que aconteceu desde que se viram. 
O COSTUME DE BEBER FUMO
Os índios da colônia costumavam usar fumo de pentigma ou erva santa (tabaco). Secavam a erva e fazem de uma folha de palma uma canguera, que parecia com um canudo de cana. Enchiam esse canudo de fumo, tocavam fogo na ponta e chupavam aquele fumo. 
COMO FAZEM SUAS ROÇARIAS E COMO PAGAM UNS AOS OUTROS
Este povo não tinha dinheiro para que pudessem satisfazer aos serviços que lhes fazem, mas vivem em comunidade, a troco de vinho. Usam o vinho como modo de troca.
DAS SUAS JÓIAS
Necessariamente, os índios usam principalmente nas festas, onde fazem colares de búzios, diademas de penas e de umas metaras (pedras que metem no lábio inferior). Nas orelhas metem umas pedras brancas de comprimento de um palmo. 
O TRATAMENTO COM AS MULHRES E COMO AS PROTEGEM
Os indígenas costumam tratar bem as mulheres, não batem nelas e nem discutem, a não ser em tempos de vinho, onde se vingam delas, botando a desculpa no vinho que beberam, mas depois pedem desculpas e ficam como antes. Quando saem, os maridos sempre vão à frente, para que, se houver uma cilada a mulher tenha tempo de fugir enquanto o marido tenta escapar. 
OS CANTOS E DANÇAS
Em suas festas, os homens costumam imitar o cantar de vários pássaros. Desde pequeno, os pais ensinam as crianças a cantar e dançar. Na sua dança costumam bater os pés ou andar em ao redor de onde estiver, balançando o corpo e a cabeça, tudo fazem por um compasso. 
DOS SEUS ENTERROS
Quando alguém da tribo morre, os índios chamam toda a tribo para chorar a sua morte, aos que não choram lança-se pragas, dizendo que ninguém irá chorar a sua morte. Quando algum índio morre, logo o lavam e o pintam, depois cobrem o morto com fios de algodão. Cava-se um buraco onde coloca-se o morto sentado com todas as suas joias e adereços, e depois o aterram fazendo-lhe uma casa, aonde todos os dias vão levar comida, porque eles acreditam que o morto irá comer o que ali está depois que se sua alma cansar de dançar. Tudo que foi dado ao morto em vida, depois de sua morte volta a ser da pessoa que lhe deu, já que eles acreditavam que depois que morrem, perdem todo o direito do que lhes foi dado.
AS FERRAMENTAS QUE USAM
Antes de se ter conhecimento dos portugueses, os índios usavam ferramentas de pedra, osso, pau, canas, dentes de animais e etc. Depois da chegada dos portugueses, o uso do ferro passa a ser estabelecido.
AS ARMAS QUE USAM
Este povo honra muito seus arco e flechas. Fazem deles uma arma bastante admirada, tingindo suas cordas de verde ou vermelho, buscando as mais belas penas para as flechas de cana, e na ponta de cada flecha eram utilizados dentes de animais, canas duras e às vezes era utilizado ervas com veneno. Também usam espadas de pau como armas. Essas espadas não cortam, mas podem quebrar a cabeça de um homem.
O MODO COMO MATAM E COMEM CARNE HUMANA
Este povo faz das mortes dos seus adversários um cerimonial. Quando os índios trazem os seus adversários de batalhas vivos, esses já estão destinados à morte. Já vêm com um sinal, que é uma cordinha amarrada em seu pescoço. Antes de adentrar os povoados que há pelo caminho, eles enfeitam os prisioneiros com penas, para que todos possam ver a sua vitória. Depois disso, fazem um ritual de cinco dias, até que por fim, o novo cavaleiro (o escolhido para matar) mata o seu preso quebrando-lhe a cabeça. Se esse morto caísse de costas e não de bruços, os índios acreditavam que esse matador iria morrer. Depois de morto, o prisioneiro é levado a uma fogueira e fica assado parecendo um leitão. Depois vai ser entregue ao carniceiro que lhe corta abaixo do estômago, onde os meninos enfiam as mãos e tiram as tripas, até que o carniceiro o corta e o divide com a comunidade. 
AS CERIMÔNIAS PARA O NOVO CAVALEIRO
Depois de cumprir a sua tarefa, o matador volta para casa. Depois de alguns dias, a cabeça do morto lhe é apresentada, onde um olho é tirado e com os nervos desse olho, o pulso do cavaleiro é pintado, a boca do morto é cortada e o cavaleiro põe a mão dentro. Logo depois o matador vai deitar em sua rede, como se estivesse doente, mas ele está com medo. Sabe que se não cumprir perfeitamente as cerimônias pode matar a alma do morto. Dali a alguns dias, todo seu corpo é cortado com um dente de cutia. Quando acabam de riscar o corpo do matador, passam carvão moído e erva moura para abrir e inchar as riscas. Quando está se recuperando, ele está deitado na rede, sem falar nem pedir nada para não quebrar o silêncio. Têm ali água, farinha e certas frutas para poder suprir suas necessidades, porque nesses dias não podia se comer carne ou peixes. Depois de sarado, após dias ou meses, se fazem muitos vinhos para o matador esquecer suas dores e para que ele pudesse ajeitar seu cabelo, que até ali, não ajeitava, onde se tinge de preto. A partir dali o matador se torna habilitado para matar sem fazerem a mesma cerimônia de iniciação. 
	A DIVERSIDADE DE NAÇÕES E LÍNGUAS	
OS POTYGUARAS, OS TUPINAMBÁS, OS CAAÉTÉ, OS TUPINIQUINS, OS TUPIGUAÉS, APIGAPIGTANGA, MURIAPIGTANGA, OS ITATIS, OS TAMUYAS, OS ARARAPES, OS CARIJÓS, OS TAPUYAS, OS GUAYMURÊS, OS MUCUTÛS, E ETC.

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