Buscar

Artefatos_em_rm

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 56 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
Artefatos	
  em	
  RM	
  
Alessandro A. Mazzola1,2 
 
 
A palavra artefato deriva do latim e significa arte factus, ou “feito com arte”, o que 
não deixa de ser verdadeiro se imaginarmos que muitos dos efeitos observados nas 
imagens podem ser tratados como obra quase poética, porém não é neste sentido 
que utilizamos esta palavra em Imagem por Ressonância Magnética (IRM) e nos 
demais métodos de diagnóstico por imagem. Segundo Houaiss[13], artefato é toda 
conclusão enganosa derivada de ensaio científico ou de medição, e causada por 
problemas na aparelhagem empregada ou por ineficácia do método eleito. Em IRM, 
vamos adotar que artefato é qualquer intensidade, sinal ou característica anormal 
que não possui correspondência com o objeto de que se está adquirindo a imagem. 
 
Não é incorreto afirmar que todas as imagens de RM apresentam algum tipo de 
artefato. Uma imagem axial ponderada em T2 do encéfalo pode, aparentemente, 
não apresentar qualquer artefato mais grosseiro, porém se olharmos com cuidado os 
vasos sanguíneos presentes na imagem, perceberemos que muitos deles 
apresentarão ausência de sinal no seu lúmen, causado pelo fenômeno de fluxo 
sanguíneo, o que pode ser considerado anormal, uma vez que é atribuído hipersinal 
a líquido nas imagens ponderadas em T2. A RM é a técnica de imagem mais 
susceptível a artefatos e é a que mais os utiliza para o diagnóstico. Os artefatos 
podem prejudicar uma aquisição a ponto de ser necessária sua repetição ou mesmo 
o cancelamento do exame, por outro lado, um artefato pode ajudar a identificar uma 
condição patológica específica. 
 
Desta forma, podemos definir as duas grandes questões que este capítulo pretende 
abordar: 
1. Como identificar um ou mais artefatos em uma imagem de RM? 
 
1 PhyMED – Consultores em Física Médica e Radioproteção – Av. Osvaldo Aranha, 1180/303 – Porto Alegre, RS/Brasil 
2 Unidade de Diagnóstico por Imagem - Hospital Moinhos de Vento – Rua Ramiro Barcelos, 910 - Porto Alegre, RS/Brasil 
amazzola@phymed.com.br 
 2 
2. Como minimizar o artefato em uma imagem de RM? 
 
Vejam que falamos em minimizar e não eliminar. Talvez fosse mais conveniente 
usar o termo eliminar, porém isto não é totalmente verdadeiro. O que ocorre na 
quase totalidade dos exames é a busca pela adequação da técnica no intuito de 
minimizar a ocorrência de artefatos. Como veremos mais adiante, o efeito físico que 
gera o artefato pode estar ocorrendo, porém devido a uma alteração nos parâmetros 
de aquisição ou escolha de uma técnica específica, conseguimos fazer com que ele 
não se torne tão evidente na imagem. 
Dada a grande quantidade de tipos de equipamentos de RM, bobinas, sequências 
de pulso e novas técnicas, abordaremos neste capítulo os artefatos mais comuns. 
Artefatos mais antigos relacionados a problemas já resolvidos em equipamentos de 
RM e artefatos de técnicas muito recentes ainda não disponíveis clinicamente serão 
deixados de lado para tornar o texto mais objetivo e conciso. Buscaremos também 
não limitar os artefatos aos equipamentos de 1,5T, comentando também o efeito de 
um mesmo artefato em equipamentos com campo magnético maior ou menor. 
	
  
Identificação	
  versus	
  Conhecimento	
  
 
Muitas pessoas ficam admiradas quando a imagem de alguma constelação ou 
nebulosa do céu profundo é apresentada em um jornal ou revista. As imagens 
produzidas pelo telescópio Hubble enchem os olhos mesmo de quem é um simples 
admirador de uma noite estrelada. Mas será que para um astrofísico experiente as 
imagens revelam a verdade? Ou será que determinado fenômeno contradiz a 
realidade? Será que imagens falsas podem estar presentes numa imagem captada 
da nebulosa do Caranguejo devido a problemas nos espelhos do telescópio Hubble? 
 
A diferença entre achar uma imagem bonita e perceber um artefato nesta parece 
residir no conhecimento do observador. Esta afirmativa não é diferente para as 
imagens de RM. Conhecer a física, a técnica e as patologias estudadas em IRM é o 
pressuposto para a identificação e a minimização de artefatos. Alguns artefatos, 
 3 
como os causados por implantes metálicos, são evidentes nas imagens de RM, 
porém outros são tão sutis que podem conduzir o radiologista a um erro de 
diagnóstico por criar uma falsa imagem ou ocultar uma lesão existente. 
Conhecimento faz com que um exame se torne mais conclusivo, e, por que não 
dizer, mais belo. 
 
Classificação	
  dos	
  Artefatos:	
  Origem	
  versus	
  Aparência	
  
 
Alguns autores classificam os artefatos quanto ao efeito físico que o originou, outros 
preferem classificá-los quanto a sua aparência nas imagens ou a parte do sistema 
de RM a que o mesmo está vinculado [0,0,0]. 
Muitos são os efeitos físicos que podem gerar artefatos. Cada parte do sistema de 
RM, incluindo o magneto, os gradientes de campo magnético, o sistema de 
radiofrequência (RF) e os computadores de processamento, tem sido continuamente 
aperfeiçoada para evitar a ocorrência de erros e minimizar falhas no seu 
funcionamento. Se tentássemos agrupar os tipos de artefatos por cada parte que 
compõe o sistema, poderíamos seguir a classificação mostrada na Tabela 2. 
 
De forma mais prática, os diversos artefatos serão agrupados primeiramente de 
acordo com sua aparência nas imagens e, logo a seguir, serão classificados quanto 
a causa ou ao fenômeno físico que o originou e/ou a parte do sistema a que este 
está relacionado. Observações - quanto ao impacto na qualidade da imagem e no 
tempo de aquisição para uma dada ação corretiva proposta - também serão 
abordadas. 
Para o usuário das imagens de RM esta é uma forma mais direta de relacionar a 
anomalia presente na imagem com a possível causa e a ação corretiva necessária. 
Entretanto, é preciso não esquecer que a maioria dos artefatos é resultado de uma 
interação entre variáveis fisiológicas, parâmetros de aquisição, limitações do 
equipamento e escolha de sequências de pulso, tornando difícil segmentar um 
artefato em uma única causa e eliminá-lo com uma única ação. As ações corretivas 
propostas no texto se limitam ao nível do operador do equipamento de RM. 
Tabela 1. Relação entre a parte do sistema, incluindo o paciente, e alguns tipos de artefatos 
em IRM. 
 4 
Parte do Sistema de IRM Tipo de Artefato 
Magneto Distorção Geométrica 
Erros de Saturação de Gordura 
Desvio Químico 
Inomogeneidade do Campo Magnético 
Instabilidade do Campo Magnético 
Gradiente de Campo Magnético Distorção Geométrica 
Instabilidade dos Gradientes 
Não-Compensação de Correntes Parasitas 
Sistema de RF Inomogeneidade do Campo de RF 
Posicionamento do Paciente 
RF Anômala 
Técnica de Aquisição Desvio Químico 
Envelopamento ou Aliasing 
Sombreamento 
Amostragem do Sinal 
Truncamento 
Processamento do Sinal Método de Reconstrução 
Filtração 
Paciente Movimento Voluntário e Involuntário 
Fluxo Vascular ou Liquórico 
Presença de Objeto Metálico 
Susceptibilidade Magnética 
 
Classificação	
  quanto	
  à	
  aparência	
  
A classificação que adotaremos estará dividida da seguinte forma: 
v Fantasmas; 
v Envelopamento ou “Aliasing”; 
v Linhas e Ondulações; 
v Falsos Contornos e Sombras 
v Distorção Geométrica. 
 
Antes de iniciarmos a revisão sobre artefatos, que tal testar seus conhecimentos 
prévios quanto à identificação, causa e a ação corretiva mais adequada para os 
 5 
artefatos mostrados na Figura 46? Observe as imagens com atenção, guarde as 
suas observações e busque identificar no texto a descrição que melhor se relaciona 
com os artefatos apresentados. Ao final do capítulo apresentaremossolução para 
este pequeno enigma. 
 
Figura 1. Quais artefatos podem ser identificados nas três imagens acima (a, b e c)? Qual a 
causa e a ação corretiva mais adequada? (Respostas no final do capítulo). 
 
Fantasmas 
 
O aparecimento de repetições de determinada parte da anatomia na imagem de RM 
é conhecido como artefato fantasma, como mostra a Figura 47. 
 6 
 
Figura 2. (a) Imagem axial spin eco (SE) ponderada em T1 do encéfalo com presença de 
artefato fantasma (seta menor) devido ao movimento dos olhos. Nas imagens axiais do 
encéfalo a direção de fase tem que ser colocada na direção direita-esquerda para evitar o 
artefato. (b) Artefato fantasma devido ao movimento das estruturas do abdome causado pela 
respiração. O uso de sincronia respiratória é uma das formas de evitar o aparecimento deste 
artefato. 
 
Estes fantasmas ocorrem na direção de fase da imagem e são resultado de 
movimentação de tecido ou parte do corpo do paciente durante a aquisição do sinal 
de RM. A movimentação pode ser voluntária (respiração, deglutição, movimentos de 
partes de corpo etc) ou involuntária (batimento cardíaco, pulsação do líquor ou 
sangue, peristaltismo etc). Eliminar o movimento ou fazer com que a aquisição das 
imagens seja concatenada com fases deste movimento, através do uso de sincronia 
respiratória e/ou cardíaca, resulta, na maioria das vezes, em supressão completa do 
artefato. A distância entre os fantasmas é diretamente proporcional ao tempo de 
repetição, número de codificações de fase, número de excitações (NEX) e a 
frequência do movimento [0]. Em sequências rápidas, com tempos de eco (TE) 
extremamente curtos, os fantasmas se manifestam como borramento. 
 
É conveniente ressaltar que, quanto mais hiperintensa for a estrutura em movimento, 
maior será a presença do artefato na imagem. Este fato é especialmente importante, 
pois explica a ausência de artefatos fantasma em imagens spin eco (SE) ou turbo 
 7 
spin eco (TSE ou FSE) ponderadas em T1 da fossa posterior antes da administração 
de meio de contraste a base de gadolínio em comparação com imagens pós-
gadolínio, como mostra a Figura 48. O mesmo raciocínio vale para regiões onde a 
gordura (em T1) e o líquido (em T2) estejam presentes e hiperintensos. A saturação 
do sinal da gordura torna a imagem com menor quantidade de artefatos fantasma, 
não pela redução do movimento, mas pelo cancelamento do sinal da estrutura. 
 
Figura 3. (a) Imagem axial T1 SE na região da fossa posterior com a presença de gadolínio e 
com o artefato fantasma presente devido ao sangue hiperintenso e pulsando. A direção de 
fase é laterolateral. (b) Após a aplicação de técnica de compensação. 
 
Apesar do aspecto na imagem (efeito) ser parecido para as diversas origens, a 
causa e a ação corretiva são bastante distintas. Desta forma subdividiremos e 
discutiremos o artefato fantasma nas seguintes subcategorias de acordo com a 
causa principal: 
a) Fluxo Sanguíneo 
b) Fluxo Liquórico 
c) Peristaltismo 
d) Respiração 
e) Batimento Cardíaco 
f) Movimento Voluntário ou Involuntário 
g) Fantasma N/2 EPI 
Uma informação importante, já comentada anteriormente sobre este artefato, é que 
o mesmo sempre se propaga na direção de aplicação do gradiente codificador de 
 8 
fase, mesmo que a direção do movimento não seja esta, como mostra a Figura 47. 
Mas, por que isto ocorre? 
 
É preciso lembrar que o tempo necessário para preencher uma linha do espaço K, 
ou seja, para amostrar o sinal durante o acionamento do gradiente de leitura (ou 
gradiente de codificação de frequência) é muito menor que o tempo necessário para 
passar de uma linha a outra do espaço K (codificação de fase). Em uma típica 
aquisição turbo spin eco (TSE), o tempo para preenchimento da linha (coleta do eco) 
é da ordem de milissegundos (1ms = 10-3s), já o intervalo de tempo entre o 
preenchimento de uma linha e a próxima linha do espaço k é da ordem de 
segundos. Neste tempo mais longo, a anatomia mudou de posição, incorrendo em 
erro de localização na direção de fase da imagem. 
 
O fluxo sanguíneo pode causar artefatos fantasma e produzir variações na 
intensidade de sinal dentro dos vasos que simulam dissecções ou trombos, ou 
ainda, mascaram patologias [0]. Os fantasmas se propagam na direção de fase e 
com alto sinal. Sequências GRE são muito mais susceptíveis a artefatos de fluxo 
que SE. Nas sequencias SE, geralmente, o vaso aparece escuro, pois o sangue 
presente no corte no momento da aplicação do pulso de excitação de 90º irá sair do 
plano de corte antes da aplicação do pulso de 180º, sendo substituído por sangue 
que não sofreu a aplicação do pulso de 90º. Nas sequências GRE, o fluxo produz o 
fenômeno conhecido como “in-flow” que torna o vaso brilhante na imagem. 
 
Este artefato é bastante dependente do tipo de sequência de pulso e parâmetros 
utilizados, porém de forma geral, o principal artefato ocorre quando um alto sinal do 
sangue está presente no vaso e, devido à pulsação, acaba propagando fantasmas 
na direção de fase. 
 
Ação Corretiva: 
v Utilizar técnica de compensação de fluxo	
  
 
 9 
Através do uso de gradientes de campo magnético adicionais na sequência de pulso 
é possível reduzir o artefato fantasma, porém o TE mínimo irá aumentar. 
Comentaremos mais adiante no texto os detalhes esta técnica. 
 
v Utilizar pulsos de RF de pré-saturação (bandas de saturação) 
 
Pulsos de RF espacialmente localizados, também conhecidos como bandas de 
saturação, podem ser posicionados próximos ao corte de forma que sature o sinal 
de RF do sangue que irá entrar no corte. A imagem do vaso se torna escura e não 
propaga o artefato fantasma, como mostra a Figura 50. Bandas de saturação 
também podem ser usadas dentro do campo de visão para suprimir o sinal de uma 
região que contém vasos que irão apresentar hipersinal devido ao fluxo e propagar o 
artefato fantasma na direção de fase. 
 
Figura 4. Imagem axial T1 GRE adquirida em parada respiratória sem uso de banda de 
saturação superior ao corte (a) e com uso de banda de saturação (b). 
 
v Alterar a direção de codificação de fase/frequência 
 
Trocar a direção de codificação de fase pode ser útil para jogar o artefato numa 
direção que não comprometerá a avaliação da região de interesse. Nos exames de 
RM de Joelho, por exemplo, a aquisição axial STIR é adquirida com direção de fase 
direita-esquerda, ao invés de anteroposterior, jogando o artefato de pulsação dos 
 10 
vasos poplíteos para os lados e não comprometendo a avaliação da patela (Figura 
51). 
 
Figura 5. Pulsação da veia poplítea e artefato fantasma sobre a patela. 
 
v Uso de sincronia cardíaca ou periférica 
 
Posicionar eletrodos para coletar o eletrocardiograma (ECG) e concatená-lo com a 
aquisição dos dados possibilita selecionar a parte do ciclo cardíaco relacionada a 
diástole onde ocorre o menor efeito de pulsação do vaso. A sincronia cardíaca 
periférica, com o posicionamento do transdutor no dedo do paciente, também pode 
ser utilizada. O aumento no tempo de aquisição é a contrapartida para o uso da 
sincronia. 
 
Técnica de Compensação de Fluxo (“Flow Comp”) ou Anulação do Momento 
dos Gradientes (GMN) ou Supressão do Artefato de Movimento (MAST) 
 
O acionamento de gradientes de campo magnético induzem desvios de fase nos 
spins estacionários. Se os spins estiverem em movimento, como no caso do sangue 
nos vasos, um desvio de fase adicional irá surgir e será proporcional a velocidade ou 
a aceleração destes. Em uma sequência de pulso SE convencional, o acionamento 
 11 
dos gradientes necessários para coleta do sinal são calculadosde forma que 
compensem eventuais defasagens induzidas nos spins estacionários. Entretanto, os 
spins em movimento irão possuir desvios de fase, como mostra a Figura 52, que 
podem gerar, basicamente, três problemas, fantasmas, dispersão de fase intravoxel 
e erros de registro espacial [0]. Estes desvios induzidos pelo movimento podem ser 
minimizados e até eliminados se incorporarmos lobos de gradiente adicionais antes 
da leitura do sinal. Sendo que cada um dos três eixos (leitura ou frequência, 
codificação de fase e seleção de corte) é tratado de forma independente. Desta 
forma, a compensação de fluxo pode ser realizada em apenas um eixo ou nos três. 
 
Figura 6. Ilustração do GMR igual à Figura 22-16 do Edelman. 
 
O tipo de compensação de fluxo normalmente utilizado é o de primeira ordem, ou 
seja, para compensar velocidade constante e pode ser selecionado na direção de 
codificação de frequência e de corte. A compensação na direção de fase vem sendo 
estudada para reduzir o artefato de perda de registro (“misregistration”) causado 
pelo atraso entre o gradiente codificador de fase e o centro do eco durante a leitura 
do sinal, o qual gera um deslocamento aparente do vaso quando o fluxo se propaga 
de forma oblíqua ao gradiente codificador de frequência e de fase. Esta 
compensação é importante quando o objetivo, por exemplo, é o de diagnosticar 
pequenos aneurismas com uso de angiografia por RM [0]. Portanto, com a 
 12 
compensação de fluxo a fase dos spins em movimento é restituída no momento da 
leitura do sinal (TE), aumentando a intensidade de sinal dos vasos ou do líquor e 
reduzindo a defasagem intravoxel. Lobos mais complicados de gradiente podem 
estar disponíveis nos equipamentos de RM para compensar aceleração (termos de 
segunda ordem) porém são raramente usados devido ao aumento causado no 
tempo de eco (TE), que já é significativo quando acionada a compensação de 
primeira ordem. Especialmente em sequências GRE não só o TE aumenta, mas 
também o tempo de repetição (TR). 
 
Fluxo Liquórico 
 
O artefato ocorre devido a pulsação do líquido cefalorraquidiano (LCR ou líquor) no 
interior dos ventrículos cerebrais e da medula espinhal, cujo movimento causa um 
erro na codificação espacial da imagem. Na coluna cervical e torácica, a imagem 
ponderada em T2 é apresentada com um artefato do tipo fantasma, no qual 
aparecem linhas sobre a medula se propagando na direção de fase, além de perda 
de sinal, resultado de defasagem intravoxel. 
 
Nos ventrículos cerebrais podem aparecer imagens de baixa intensidade de sinal em 
imagens ponderadas na densidade de prótons (DP) e T2 ou de alta intensidade de 
sinal em FLAIR. A perda de sinal (vazio de sinal) em imagens ponderadas em 
densidade de prótons (DP) do sistema ventricular cerebral já foi utilizada para 
auxiliar no diagnóstico de hidrocefalia de pressão normal (HPN), sendo substituída 
pela medida quantitativa do fluxo liquórico com uso de sequências de pulso por 
contraste de fase (PC) e sincronia cardíaca [0, 0]. 
 
Ação Corretiva: 
 
v Utilizar técnica de compensação de fluxo 
 
Conforme descrito anteriormente, a compensação de fluxo permite uma redução 
significativa nos artefatos de fluxo liquórico, sendo usada, especialmente, nas 
imagens TSE com ponderação T2 da coluna cervical. 
 13 
v Utilizar sincronia cardíaca 
 
É uma opção disponível, mas raramente utilizada devido ao aumento no tempo de 
aquisição. 
v Alterar a direção de codificação de fase/frequência 
 
Para reduzir os artefatos na coluna cervical devido à pulsação do líquor é possível 
selecionar a direção de codificação de fase como superior/inferior e acionar a opção 
de “no phase wrap” ou “phase oversampling” para que não ocorram artefatos de 
envelopamento. Com esta alteração, pequenos movimentos de deglutição que 
venham a ser realizados pelo paciente serão minimizados ou se propagarão na 
direção superior/inferior, não recaindo sobre a coluna. Em exames da coluna 
cervical o uso de sequências de pulso GRE ponderadas em T2* com múltiplos ecos 
(MEDIC), associadas a técnicas de compensação de fluxo e transferência de 
magnetização, tem sido usadas para melhor identificar edema e outras patologias 
[0]. 
 
Movimento Peristáltico 
 
O movimento peristáltico durante a aquisição das imagens faz com que ocorra um 
erro na codificação espacial do sinal. Este artefato é apresentado como uma área 
borrada na imagem, na região do intestino do paciente, onde o movimento é mais 
intenso, porém prejudica toda a região pélvica. 
 
Ação Corretiva: 
v Realizar jejum 
 
Solicitar que pacientes realizem jejum alimentar de 6 horas ou mais, reduzem as 
chances de movimentação de bolo alimentar no intestino, evitando artefatos de 
movimento que não serão compensados por parada ou sincronia respiratória [0]. 
v Utilizar antiespasmódicos 
 
 14 
Medicamentos antiespasmódicos são recomendados para pacientes que irão 
realizar exames de abdome e pelve e estes devem ser administrados momentos 
antes de o paciente entrar na sala de exames. Os antiespasmódicos também 
ajudam a reduzir artefatos de movimento causados pela peristalse uterina [0]. 
 
v Utilizar sequências de pulso rápidas 
 
De forma geral, quanto mais rápida for a aquisição das imagens, menor será a 
presença de artefato de movimento. Sequências rápidas, tipo half-fourier (HASTE, 
SSFSE etc) e True-FISP, permitem a obtenção de imagens em tempos inferiores a 
dois segundos, minimizando artefatos. Em contrapartida, estas sequências de 
pulso não oferecem a resolução espacial ou a ponderação necessária para o 
diagnóstico de certas patologias. 
v Utilizar técnica PROPELLER/BLADE 
 
O uso desta técnica permite a aquisição de imagens com redução significativa de 
artefatos por movimentação da estrutura no plano de aquisição. Mais adiante no 
texto trataremos em maiores detalhes esta técnica. 
 
Movimento Cardíaco 
 
O batimento cardíaco durante a aquisição das imagens faz com que ocorra um erro 
na codificação espacial, formando um artefato que se propaga na direção de fase, 
como mostra a Figura 53. O coração é apresentado como um grande borrão na 
imagem e estruturas na direção de fase deixam de ser corretamente visualizadas 
devido a propagação do artefato fantasma. Exames cardíacos vêm ganhando cada 
vez mais importância e já fazem parte da rotina de muitos centros, porém nos 
concentraremos nas soluções mais simples para os artefatos relacionados ao 
movimento do coração. Uma leitura mais detalhada e específica está disponível na 
literatura [0,0]. 
 15 
 
Figura 7. Imagem do coração sem o uso de sincronia cardíaca e com o uso de sincronia 
cardíaca. 
 
Ação Corretiva: 
v Utilizar sincronia cardíaca por eletrodos ou por sensor de pulso 
 
A coleta do eletrocardiograma (ECG), através de eletrodos posicionados no tórax do 
paciente ou dos batimentos através do sensor de pulso posicionado no dedo, 
permitem que o ciclo cardíaco seja monitorado para que a aquisição possa ser 
concatenada ou sincronizada. O complexo PQRS mostrado na Figura 9 evidencia 
os dois picos (ondas R) que determinarão o intervalo R-R, ou o ciclo cardíaco. Cada 
pico R representa o início da fase sistólica. Desta forma, a fase do ECG que 
representa a diástole ocorre cerca de 400 ms após a detecção da onda R e pode ser 
usada para adquirir o sinal de RM, preenchendo algumas linhas do espaço k[0]. 
Uma vez que a diástole é a parte do ciclo em que o coração está em maior repouso, 
as imagens irão estar livres de artefatos, como pode ser visto na Figura 54. Alguns 
equipamentos possuem um sistema de detecção e rejeição de arritmias queelimina 
a coleta dos dados (preenchimento do espaço k) quando o batimento cardíaco não 
corresponde ao esperado. 
 
 
 16 
Em exames cardíacos é fundamental o uso de sequências de pulso rápidas (turbo 
FLASH, True-FISP etc) juntamente com sincronia cardíaca para eliminar o artefato e 
permitir que a anatomia possa ser estuda nas fases diferentes do ciclo cardíaco. 
 
Figura 8. Complexo PQRS e dados coletados para mostrar fases do batimento e gerar imagens 
em cine ou dados coletados da fase em que o coração está mais parado. 
 
v Utilizar sequências de pulso rápidas 
 
Sequências tipo half-fourier (SSFSE ou HASTE) podem ser usadas para aquisição 
de imagens da região do tórax, assim como sequências de pulso True-FISP, 
combinadas a períodos de parada respiratória. 
 
v Alterar a direção de codificação de fase e frequência 
 
Em exames da região do tórax, como os exames de mama, é fundamental a correta 
seleção da direção de fase, uma vez que não se costuma adotar a sincronia 
cardíaca. Um erro comum é posicionar a direção de fase anteroposterior nos cortes 
axiais ou coronais, uma vez que é a direção de menor tamanho da anatomia, porém 
faz com que todo o artefato fantasma relacionado ao batimento cardíaco e o fluxo 
sanguíneo recai sobre a imagem do tecido mamário, como mostra a Figura 55. 
 17 
 
Figura 9. Artefato coração exames de mama. 
 
Movimento Respiratório 
 
O artefato ocorre durante o movimento respiratório, onde as linhas de dados são 
adquiridas alternadamente na inspiração ou na expiração. O hipersinal da gordura 
subcutânea é um dos causadores da visualização deste artefato, assim como outras 
estruturas hiperintensas. A imagem é apresentada com um artefato do tipo 
“fantasma” em várias posições na direção de fase. A posição dos “fantasmas” 
depende do período respiratório e do tempo de repetição (TR). Este artefato também 
pode provocar um borramento na imagem causando uma diminuição na resolução 
espacial aparente. 
 
Ação Corretiva: 
v Utilizar cinta para sincronia respiratória 
 
O posicionamento de uma cinta sobre o abdome ou tórax do paciente que 
detectará a movimentação devido a respiração permite sincronizar a aquisição e 
eliminar artefatos de movimento respiratório. A janela de aquisição dos dados 
poderá ocorrer na expiração ou na inspiração. O aumento no tempo total de 
aquisição é o principal inconveniente de uso desta técnica, além da dependência 
de um correto posicionamento da cinta e regularidade do ciclo respiratório do 
paciente. 
 18 
v Utilizar navegador respiratório na imagem 
 
O navegador respiratório posicionado na imagem é uma técnica moderna e 
elegante de detectar o ciclo respiratório. Basicamente consiste de uma região de 
interesse (ROI) quadrada que deve ser posicionada na interface entre o fígado e o 
pulmão a partir de imagens coronais ou sagitais, como mostra a Figura 56. Desta 
ROI é gerada uma imagem gradiente eco com ângulo de desvio baixo que é 
adquirida em aproximadamente 100 ms. Através de processamento em tempo real 
da imagem, a interface ou borda entre o diafragma e o ar é detectada. Cada 
posição da interface, detectada ao longo do tempo, permite construir uma curva 
semelhante à detectada por uma cinta respiratória externa. A vantagem de utilizar 
este método é que estamos observando o movimento do fígado de forma 
quantitativa em relação às maior ou menor inspiração/expiração. Como o tamanho 
da ROI é conhecido, a posição da interface pode ser correlacionada com a 
localização, permitindo que esta informação seja usada para corrigir a posição do 
corte. Isto evita que ocorram erros na localização do corte devido a mudanças na 
inspiração/expiração. A utilização desta técnica também aumenta o tempo de 
aquisição e depende da regularidade do ciclo respiratório do paciente. 
 
Figura 10. Figura do navegador respiratório posicionado na imagem. 
v Realizar parada respiratória associada a sequências de pulso rápidas 
 
 19 
Está é a técnica mais adotada quando o paciente é colaborativo, apesar de uma 
quantidade cada vez maior de trabalhos mostrarem vantagens em relação a 
qualidade da imagem e detecção de lesões quando é utilizada sincronia respiratória 
por cinta ou navegador [25,0]. O amplo uso da parada respiratória se deve a 
rapidez com que se consegue realizar o exame. O uso de sequências de pulso 
HASTE e TSE em tempo inferiores a 20 segundos permitem que sejam adquiridos 
de 10 a 30 cortes. Aquisições com múltiplas paradas respiratórias também podem 
ser adotadas, porém resultam em maior desgaste do paciente e possibilidade de 
perda de registro de localização do corte, uma vez que o paciente pode executar a 
parada respiratória com maior ou menor quantidade de ar, resultando em alteração 
na posição de estruturas como o fígado e o pâncreas. 
v Aumentar o número de excitações 
 
Uma solução, porém não muito utilizada, é aumentar o número de aquisições do 
espaço K para gerar uma mesma imagem, ou seja, aumentar o número de 
excitações (NEX). A repetição dos dados no espaço K suaviza os artefatos (Figura 
57) e permite imagens de boa qualidade, porém o aumento de tempo de aquisição é 
proporcional ao aumento no NEX. 
 
Figura 11. Figura axial do abdome T1. 
 
v Utilizar técnica Propeller/BLADE 
 
 20 
Em estudos do abdome tem sido cada vez mais adotada a técnica de correção de 
movimento baseada em aquisições em projeção do espaço k para uso em 
pacientes não colaborativos, e onde a sincronia respiratória não é possível. Em 
exames de ombro e plexo braquial esta técnica tem sido útil para eliminar artefatos 
devido a movimento respiratório. 
v Utilizar técnicas de correção de movimento “offline” 
 
É possível fazer uso de técnicas de correção de movimento (corregistro) após a 
aquisição das imagens através da aplicação de algoritmos instalados no próprio 
computador de aquisição ou em computadores independentes. Quando são 
adquiridas múltiplas fases em parada respiratória (e.g., pré e pós-infusão de 
gadolínio) nos exames de mama e fígado, o efeito da respiração pode não ocasionar 
artefatos diretamente visíveis nas séries individuais. Porém, quando é necessário 
obter a curva de realce pelo meio de contraste ou realizar a subtração das séries 
pós-gadolínio da aquisição pré, pequenas alterações de posição devido ao 
movimento respiratório ou voluntário podem acarretar falsas imagens de 
impregnação ou alterações no traçado da curva de realce do meio de contraste, 
sendo necessária a aplicação de correção de movimento “offline”. 
 
Movimento Voluntário 
 
O movimento do paciente durante a aquisição das imagens faz com que ocorra um 
erro na codificação espacial, formando um artefato que se propaga na direção de 
fase. A imagem é apresentada com um artefato do tipo fantasma em várias posições 
na direção de fase, degradando a qualidade da mesma. Dependendo do nível de 
movimento, um borramento total da imagem pode ocorrer, inviabilizando a 
continuação do exame. 
 
Ação Corretiva: 
 
v Melhorar a comunicação com o paciente 
 
 21 
Quando o paciente é informado previamente sobre todas as etapas do exame e se 
sente tranquilo e seguro, a ansiedade tende a diminuir, reduzindo assim a chance de 
movimentação. Durante o exame, o operador deve se comunicar com o paciente 
pedindo-lhe cooperação e explicando cada etapa. Em exames com a infusão de 
meio de contraste endovenoso, o preparo prévio dos materiais necessários e a 
punção otimizam o tempo e evitam que o mesmo mude de posição. Este ponto é 
especialmente importante quando se deseja que as imagens pré e pós-contraste 
possuam boa correlaçãode posição, como nos exames de mama e abdome. 
v Realizar contenção do paciente 
 
O uso de faixas e sacos de areia auxilia a conter o paciente. Muitas bobinas de 
crânio possuem fixadores laterais e espumas especialmente desenvolvidas para 
evitar pequenos movimentos. Fazer a contenção de forma confortável é 
fundamental. Alguns sistemas de RM possuem, como opcionais, espumas 
imobilizadoras moldadas por ar ou por vácuo. 
v Técnica Propeller/BLADE 
 
Em exames onde a colaboração do paciente não é possível e nos casos em que o 
procedimento anestésico não resulta em supressão completa de movimentos, a 
técnica Proppeler/BLADE, quando disponível, deve ser usada. Pacientes portadores 
da doença de Parkinson com movimentos de tremor no corpo são beneficiados por 
esta técnica, assim como pacientes com suspeita de acidente vascular cerebral nos 
quais a sedação ou anestesia não é recomendada. 
v Utilizar técnicas de correção de movimento “offline” 
 
Da mesma forma que para a correção de artefatos de movimento respiratório, 
técnicas de correção de movimento podem ser usadas após a aquisição dos dados, 
permitindo que imagens desalinhadas no espaço possam ser corrigidas em seis 
graus de liberdade (três de rotação e três de translação). O uso desta técnica é 
especialmente útil em estudos de RM funcional (RMf) pois permite que os cortes 
volumétricos sejam realinhados para a correta análise estatística posterior. 
 
 22 
Técnicas de Correção de Movimento Baseadas em Aquisições em Projeção do 
Espaço k (PROPELLER/BLADE/MultiVane) 
 
A técnica conhecida como PROPELLER (Periodically Rotated Overlapping Parallel 
Lines with Enhanced Reconstruction) descrita originalmente por Pipe [0] está 
baseada na aquisição de lâminas, ou conjuntos retangulares de linhas do espaço k, 
de forma radial até que seja obtido um disco de dados. Cada lâmina consiste de 
linhas de codificação de fase adquiridas através de trajetória retilinear com ecos 
coletados de aquisições TSE ou EPI após o envio de um pulso inicial de RF. O 
método é uma variante de aquisições espirais do espaço k e permite a correção de 
movimentos de rotação e translação que ocorrem no plano de corte através do uso 
dos dados do centro do espaço k. O centro do espaço k é obtido diversas vezes, 
uma vez que cada lâmina passa obrigatoriamente pelo centro, portanto, por efeito de 
média (“averaging) reduz artefatos de movimento e ainda permite a correção de 
inconsistências causadas por movimento entre as lâminas [0]. 
 
Figura 12. Processo de obtenção do BLADE. 
 
 23 
Fantasma N/2 EPI 
 
Devido ao fato de que cada segunda linha do espaço k é lida através da aplicação 
de um gradiente negativo, as imagens EPI são extremamente susceptíveis à 
modulações do sinal de uma linha para outra. Antes da transformada de fourier dos 
dados do espaço K, estas linhas devem ser revertidas. Este processo de reversão 
pode resultar na introdução de erros de fase em cada linha alternada do espaço k 
[0]. A modulação do sinal em imagens EPI causa uma imagem fantasma que 
aparece desviada em metade do campo de visão, daí o nome N/2, onde N se refere 
ao número de pixels na direção de codificação de fase. A maior parte das ações 
corretivas possíveis necessita de intervenção do fabricante, pois se referem a 
calibrações e ajustes que não estão acessíveis ao operador. 
 
Figura 13. Artefato N/2. 
 
Ação Corretiva: 
v Aumentar o do campo de visão 
 
Uma solução usada no passado ou em equipamentos mais antigos era adquirirem-
se as imagens eco planares (EPI) com um campo de visão maior de forma que o 
artefato não recaísse sobre a anatomia de interesse. A penalização para esta ação é 
a perda de resolução espacial. 
 24 
Envelopamento 
 
O envelopamento ou dobra ocorre quando parte da anatomia, que está fora do 
campo de visão (CDV) na direção de fase da imagem, recai no lado aposto da 
imagem nesta direção. A ocorrência de envelopamento na direção de frequência é 
muito rara, pois atualmente os sistemas de RF utilizam filtros para eliminar os 
valores de frequência do sinal de RM que ocorrem fora do CDV. A Figura 60 mostra 
o artefato de envelopamento em um corte 2D sagital do encéfalo causado pelo 
posicionamento incorreto do centro do CDV antes da aquisição. 
 
Figura 14. Imagem sagital SE T1 do encéfalo onde o centro do corte foi posicionado de forma 
errada, causando efeito de dobra (envelopamento de fase) da parte anterior da face no lado 
oposto do campo de visão. 
 
Nas aquisições 3D existe a possibilidade de ocorrência deste artefato na direção de 
corte do volume, como mostra a Figura 61, uma vez que o perfil de RF para excitar a 
região 3D excede o volume de imagem e é utilizada codificação de fase na direção 
de corte. O aparecimento de imagem de estruturas que estão acima ou abaixo do 
volume pode inutilizar alguns cortes importantes da aquisição. 
 25 
 
 
Ação Corretiva: 
v Aumentar o campo de visão na direção de fase 
 
Esta ação é a mais simples, porém altera diretamente a resolução espacial se não 
for acompanhada de aumento na matriz na direção de fase, o que resulta por sua 
vez em aumento no tempo de aquisição. Na maioria das vezes é aplicada para 
adequar o tamanho do paciente ao campo de visão. 
v Inverter a direção de codificação de fase 
 
Trocar a direção de fase pela de frequência garante que a anatomia excedente não 
irá dobrar. Esta ação pode ser adotada num corte axial do abdome quando o 
paciente repousa com os braços ao longo do corpo. Se a direção de fase for 
anteroposterior, a imagem dos braços não recairá para dentro do campo de visão. 
Deve se ter atenção quanto a ocorrência de artefatos tipo fantasma que se 
propagam na direção de fase, pois podem passar a ocorrer ou atrapalhar a imagem 
da região de interesse. 
v Utilizar recursos de “no phase wrap” ou “phase oversampling” 
 
Esta técnica consiste em codificar, na direção de fase, além do campo de visão 
definido. Esta região extra que foi codificada não será mostrada na imagem 
reconstruída. Em alguns equipamentos o uso desta técnica faz com que 
automaticamente a área codificada em fase aumente 50% simetricamente para cada 
lado. Em outros equipamentos uma seleção de valores porcentuais do campo de 
visão pode ser selecionada. Cada aumento de codificação de fase irá resultar 
proporcionalmente em aumento de tempo de exame, porém com melhoria na razão 
sinal-ruído. 
v Utilizar recursos de “slice” ou “volume oversampling” 
 
Da mesma forma que com o phase oversampling, esta técnica permite que a 
codificação de fase em imagens 3D aumente simetricamente nos dois lados da fatia 
 26 
na direção de corte. Este aumento acarretará aumento no tempo de aquisição e na 
razão sinal-ruído. 
v Utilizar pulsos de RF de pré-Saturação (bandas de saturação) 
 
O posicionamento de bandas de saturação espacial de radiofrequência permite que 
todo o sinal da região marcada pela banda não contribua com sinal no processo de 
formação da imagem. Assim, é possível posicionar bandas de saturação na 
anatomia que excede ao campo de visão na direção de fase. Algumas bobinas 
locais, como a de joelho, por exemplo, podem captar o sinal do outro joelho fora da 
bobina, fazendo com que seja necessário o uso de bandas de saturação. 
v Melhorar o posicionamento da bobina ou da região anatômica 
 
O posicionamento correto da região anatômica no interior de bobinas de volume e, 
principalmente, de bobinas locais (e.g., bobina de ombro), permite que o sinal 
desejado fique restrito a região de interesse, reduzindo a sensibilidade para regiões 
que estão além do campo de visão. 
Linhas e OndulaçõesO aparecimento de linhas, ondulações e outros sinais com padrões diversos que não 
possuem correlação com a presença de vasos ou movimentação do paciente, 
caracterizam este tipo de artefato, como mostra a Figura 59. Basicamente estão 
relacionados a erros durante o preenchimento do espaço k, seja por problemas de 
instabilidade dos gradientes, seja por erros na transmissão de RF. Problemas 
externos ao sistema de RM, como entrada de RF espúria pela gaiola de faraday, 
acessórios não próprios para o ambiente da sala de exames (bomba injetora de 
contraste, monitor multiparamétrico, oxímetro, bomba de infusão etc) também 
podem ser a causa deste tipo de artefato na imagem. Podemos subdividir o artefato 
em dois tipos: “spikes” e “zipper”, apesar de em alguns casos os dois tipos estarem 
presentes na imagem. 
 
 27 
Figura 59. (a) Imagem axial tof para angiorressonância do encéfalo mostrando artefato em 
linha. (b) reconstrução 3D com visão anterior do volume adquirido mostrando a ocorrência do 
artefato em outros cortes e prejudicando a visualizacão das estruturas. O artefato foi causado 
por entrada de RF causado devido a problema na blindagem da porta da sala de exames. 
 
Artefato tipo “Spike” 
 
O termo “spike” se refere a erros nos dados do espaço k, em pontos bem 
determinados, que causarão, após a transformada de Fourier, oscilações e padrões 
de intensidade de sinal em toda a imagem. Estes pontos podem ter uma alta ou 
baixa intensidade de sinal comparada com o restante do espaço k[0]. A distância e 
a intensidade destes pontos em relação ao centro do espaço k irá determinar o 
aspecto na imagem. A origem é bastante variada e pode estar relacionada ao 
funcionamento dos gradientes, presença de material metálico (anéis, brincos, clipes 
de papel, moedas etc) dentro do túnel do equipamento, descargas elétricas geradas 
nos contatos de tomadas e lâmpadas, assim como no próprio lençol do paciente [0]. 
 28 
 
Figura 60. (a) Exemplo de imagem com artefato tipo “Spike”, (b) correspondente imagem do 
espaço k mostrando o local de ocorrência do artefato, (c) remoção manual da região do 
espaço k e (d) aplicação da transformada de Fourier 2D no espaço k modificado para 
demonstrar a eliminação completa do artefato da imagem. 
 
Artefato Tipo “Zipper” 
 
É um artefato causado pela entrada de RF na sala de exames, normalmente por 
fechamento incompleto da porta da sala, quebra ou falha na blindagem da mesma, 
ou problemas na gaiola de faraday causados por erros na instalação ou má 
conservação ao longo do tempo. As imagens com este artefato mostram linhas de 
alta intensidade na imagem que se propagam na direção de fase, indicando que a 
falsa RF possui um valor específico de frequência, sendo esta uma diferença para o 
“spike”. 
 
 29 
Ação Corretiva: 
v Verificar integridade da gaiola de faraday 
 
Os contatos da porta da sala de exames sofrem avarias com o tempo e devem ser 
revisados e limpos periodicamente, sendo substituídos quando quebrados ou 
ausentes. Testes realizados por empresas especializadas podem ser necessários 
quando existe desconfiança quanto a integridade da gaiola, principalmente quando é 
percebido sinais de umidade ou mesmo goteiras dentro da sala de exames. 
v Verificar a integridade das lâmpadas e cabos ligados a tomadas elétricas 
 
Lâmpadas queimadas ou com mau contato podem ocasionar faiscamento, assim 
como conexões defeituosas em tomadas elétricas. 
v Não permitir a entrada na sala de exames de equipamentos que não possuam 
compatibilidade com o ambiente de RM 
 
Todos os equipamentos e materiais usados dentro da sala de exames devem ser 
compatíveis com o ambiente de RM, tanto sob o ponto de vista de segurança, 
quanto em relação a possibilidade de ocorrência de artefatos. Bombas injetoras de 
contraste, de infusão medicamentosa e monitores multiparamétricos testados e 
aprovados pelos fabricantes para o ambiente da RM, trazem indicação da distância 
limite que devem ser mantidos do magneto para evitar atração e geração de 
artefatos. 
 30 
 
Figura 61. Artefato tipo “Zipper”. 
 
Falsos Contornos ou Sombras 
 
Manchas escuras, sombras e falsos contornos nas imagens podem ter diversas 
causas que foram aqui agrupadas pela característica de envolver a redução de sinal 
local na imagem. As diferenças de frequência de precessão entre diferentes 
materiais, efeitos locais de susceptibilidade magnética e o simples fato da excitação 
de um corte interferir em outro corte próximo, podem causar este tipo de artefato. 
Uma subdivisão quanto a causa, ajuda a escolher a melhor opção para eliminar ou 
reduzir estes artefatos. Desta forma, esta categoria de artefato foi subdividida em: 
desvio químico, susceptibilidade, sobreposição de cortes, truncamento e volume 
parcial. 
 
 31 
Desvio Químico 
 
A presença de contornos ou sombras nos limites entre diferentes estruturas 
anatômicas na direção de codificação de frequência denúncia este tipo de artefato, 
como pode ser visto na Figura 65. A causa é a diferença na frequência de precessão 
dos prótons de hidrogênio presentes na água e na gordura. Esta diferença, ou 
desvio, é de 3,35 partes por milhão (3,35 ppm)[0], o que representa cerca de 214 Hz 
a 1,5 T e 428 Hz a 3,0T. Com este exemplo é possível perceber que o artefato de 
desvio químico se torna bastante pronunciado à medida que o valor do campo 
magnético dos equipamentos aumenta, o que, por outro lado, faz com que não seja 
tão importante em equipamentos de baixo campo (0,2 a 0,5T). 
 
Figura 62. Artefato de desvio químico criando uma falsa borda na direção de frequência entre a 
gordura e o tecido hepático. 
 
Uma vez que a codificação espacial do sinal de RM - ou seja, a posição de onde 
vem o sinal do corpo do paciente - está baseada na frequência de precessão, um 
tecido ao lado do outro (pixel vizinho) irá ter uma distância em milímetros 
proporcional a uma distância em frequência, considerando que os tecidos dentro 
destes dois pixels vizinhos sejam iguais quanto a composição. Já, se a composição 
de um pixel for predominantemente de água (e.g., tecido hepático) e do outro pixel 
de gordura, além da distância em frequência gerada pelo processo de codificação 
 32 
espacial, teremos um afastamento do pixel de água em relação ao pixel de gordura 
causado pela diferença de precessão entre os dois. No espaço vazio deixado por 
este afastamento surge a sombra escura vista nas imagens. A presença de uma 
borda brilhante pode ocorrer se houver sobreposicão de tecidos devido ao desvio 
químico. 
 
 É fundamental salientar que a distância em hertz (Hz) entre os pixels de uma 
imagem, se deve a largura de banda de recepção selecionada no protocolo de 
aquisição. Quanto menor for a largura de banda de recepção para uma mesma 
matriz selecionada, maior será o efeito do desvio químico na imagem. Para 
exemplificar o que foi dito acima, a Figura 21 mostra este efeito em um objeto de 
teste composto por um frasco de óleo mineral que está imerso em um recipiente 
contendo água. Foram adquiridas imagens variando direção do gradiente de 
frequência e largura de banda de recepção. 
 
 
 
Figura 62. Demonstração do artefato de desvio químico com frasco contendo água e óleo 
mineral e a influência da seleção de direção de codificação de frequência e da escolha da 
largura de banda de recepção. 
 
 33 
Imagens em fase e fora de fase 
 
O desvio químico entre a água e a gordura origina uma técnica utilizada em IRM que 
faz uso de um artefato para o diagnóstico de patologias. As chamadas imagens em 
fase e fora de fase têm origem em sequências de pulso gradienteeco (GRE), 
adquiridas com tempos de eco (TEs) calculados a partir do desvio químico entre a 
água e a gordura. Nas sequências de pulso Spin Eco (SE), os spin da água e os da 
gordura estarão em fase no momento da leitura (coleta do eco). 
 
Se convertermos o desvio químico, dado em frequência (Δf), em período (T), 
conforme a equação dada abaixo - podemos calcular o intervalo de tempo em que 
os spins da água e da gordura estarão em fase. Na metade deste tempo, os spins 
estarão fora de fase. 
 
 
Se calcularmos para 1,5 T, considerando um desvio de 214 Hz entre a água e a 
gordura, o valor do período será de aproximadamente 4,7 ms, como mostra o 
cálculo abaixo. 
 
 
Isto quer dizer que a cada 4,7 ms os spins da água e da gordura, submetidos a um 
campo de 1,5T, estarão em fase e a cada 2,4 ms estarão fora de fase. A Tabela 3 
mostra valores calculados de TE para diferentes valores de campo a serem 
utilizados em sequencias GRE. 
 
Tabela 2. Valores aproximados de tempo de eco (TE) em milissegundos (ms) para que os spins 
estejam em fase e fora de fase para diferentes valores de campo magnético. 
Tempo de Eco 
(ms) 
0,23T 0,35T 0,5T 1,0T 1,5T 3,0T 
Em fase 30,5 20,0 14,0 7,0 4,7 2,3 
Fora de Fase 15,2 10,0 7,0 3,5 2,3 1,2 
 
 34 
 
A partir deste conceito podemos obter imagens gradiente eco com tempos de eco 
em fase e fora de fase, como mostra a Figura 67, onde, nas imagens fora de fase, 
as interfaces entre tecidos com uma quantidade maior de água e tecidos com maior 
conteúdo de gordura aparecerão com perda de sinal, como é o caso dos limites 
entre o fígado e a gordura intraperitonial. No caso de patologias como a adenoma da 
glândula adrenal e infiltração gordurosa hepática, onde o tecido doente passa a ter 
uma concentração maior de gordura, o diagnóstico pode ser auxiliado pelo artefato, 
uma vez que nas imagens fora de fase, o sinal no tecido será reduzido em relação 
as imagens em fase, como mostra a Figura 67 [0,0]. 
 
Figura 64. Imagem com adenoma da glândula adrenal in fase e fora de fase. 
 
Método Dixon: Uso do Desvio Químico para Supressão do Sinal da Gordura 
 
Em 1984, um método proposto por Dixon[0], baseado em sequências de pulso Spin 
Eco modificadas, permitiu que fossem obtidas imagens em separado da água e da 
gordura, fazendo uso do desvio químico. A habilidade de produzir imagens 
separadas da água e da gordura, mesmo na presença de inomogeneidades do 
campo magnético estático (B0), faz o método Dixon útil para supressão de gordura, 
supressão de água e análise de tecido que possuam conteúdo lipídico, 
principalmente em equipamentos de menor valor de campo (0,23 ou 0,35T) onde 
técnicas baseadas no envio de pulsos seletivos de RF não são possíveis. Em 
equipamentos de 3,0T ou mais, é bastante útil, pois não utiliza pulsos de RF 
 35 
adicionais para saturar o sinal da gordura, reduzindo assim a taxa de absorção 
específica (SAR). Artefatos decorrentes desta técnica residem, em grande parte, no 
problema de corrigir de forma eficiente a fase no pós-processamento e compensar 
as inomogeneidades de campo magnético [0,0]. 
 
Em regiões do corpo onde o formato da estrutura não é uniforme ou é acompanhado 
de mudanças abruptas (e.g., pé, ombro e mão) as técnicas de saturação da gordura 
por RF falham e podem produzir artefatos, como mostra a Figura 68, pois são muito 
dependentes da homogeneidade do campo magnético. Como a técnica Dixon não 
requer tão alta homogeneidade do campo magnético, a chance de se obter sucesso 
com a supressão do sinal da gordura pode chegar a 100% [36]. 
 
Figura 65. (a) Erros de Saturação e (b) Uso do Dixon. 
 
Susceptibilidade 
 
A susceptibilidade magnética é uma característica dos materiais de responderem à 
aplicação de um campo magnético externo. O efeito de susceptibilidade magnética 
pode ser de reduzir levemente (diamagnetismo), de aumentar levemente 
(paramagnetismo) ou de aumentar bastante o campo magnético local 
(ferromagnetismo). 
 36 
 
Desta forma, podemos dizer que a simples presença de tecido humano no interior do 
equipamento altera a homogeneidade do campo. De forma geral, o tecido humano é 
diamagnético, conforme observações realizadas por Faraday ainda no século XIX 
[0], porém tecidos em condições funcionais ou patológicas específicas podem 
produzir alterações no seu estado magnético e, consequentemente, no sinal, 
podendo assim ser usadas diretamente para o diagnóstico ou gerar artefatos. 
Algumas proteínas que contêm íons metálicos, como a deoxihemoglobina, 
metahemoglobina, hemosiderina e ferritina são paramagnéticas. O gadolínio 
presente nos meios de contraste usados em RM é paramagnético. 
 
A presença de material metálico e principalmente com componentes 
ferromagnéticos irá perturbar o campo gerando, não somente perda de sinal na 
região, mas também distorção geométrica, como mostra a Figura 69. Atualmente a 
quase totalidade dos implantes e dispositivos presentes no corpo de pacientes não 
é, ou não contém, elementos ferromagnéticos, porém ainda produzem quantidades 
variadas de artefato por susceptibilidade. Materiais como o titânio, platina e ouro são 
não ferromagnéticos e frequentemente utilizados em implantes e clipes de 
aneurisma. 
 
Assim como o desvio químico, o efeito de susceptibilidade é dependente do campo 
magnético externo aplicado. Quanto maior for o campo (e.g., 3,0 T) maior será o 
efeito de susceptibilidade. 
 37 
 
Figura 66. Artefato produzido por aparelho dentário em diferentes sequências de pulso usadas 
em exames de rotina do encéfalo. (a) Sagital SE T1, (b) Axial Time-of-Fligth (TOF) para 
angiografia do encéfalo, (c) Axial EPI SE e (d) Axial EPI GRE. É possível perceber que a o 
artefato é mais proeminente nas imagens gradiente eco (b), especialmente na sequência de 
pulso EPI GRE (d). 
 
As diferenças na susceptibilidade dos tecidos faz com que aumente a 
inomogeneidade do campo magnético local, resultando em aceleração da 
defasagem nestas regiões, o que termina por reduzir o sinal local ou criar anomalias 
de sinal. As interfaces ar-tecido e osso-tecido são as principais causas de diferenças 
de susceptibilidade, podendo afetar imagens EPI e criar dificuldades para a 
saturação de gordura e realização da espectroscopia. Um mapa da homogeneidade 
do campo ou das regiões de maior susceptibilidade pode ser produzido com o uso 
de sequencias gradiente eco, como mostra a Figura 70. Este mapa permite 
identificar que nas interfaces osso-ar-tecido ocorrem grandes variações do campo e 
serão estes os lugares responsáveis pelo surgimento de artefatos de distorção, 
saturação de gordura e alteração de sinal. 
 
 38 
As sequências de pulso SE são as menos sensíveis aos artefatos de 
susceptibilidade. Já as sequências GRE e, principalmente, EPI, são muito sensíveis. 
As interfaces ar-tecido-osso, mesmo causando pequenas alterações de 
susceptibilidade, podem afetar de forma bastante heterogênea o sinal de imagens 
EPI e causar distorções geométricas importantes. 
 
Figura 67. Cortes axiais gradiente eco “Field Map”. 
Ações Corretivas: 
v Retirar objetos metálicos e revisar o interior do magneto e a mesa de exames 
 
Os pacientes devem retirar todos os metais possíveis do corpo, assim como 
receber roupa apropriada para a realização do exame. Uma moeda no bolso da 
calça de um paciente pode resultar em forte artefato na região ou afetar a 
saturação de gordura em regiões próximas. O interior do magneto e a mesa de 
exames devem ser periodicamente revisados e limpos. 
v Utilizar sequências de pulso SE e TSE 
 
Sequências de pulso Spin Eco (SE) e Turbo Spin Eco (TSE) são menossensíveis a 
artefatos de susceptibilidade que sequencias gradiente eco, uma vez que o pulso 
de RF de 180º refocaliza os spins corrigindo a defasagem. 
v Aumentar a largura de banda de recepção 
 
 39 
O aumento da largura de banda faz com que o desvio químico entre a água e a 
gordura diminua de pixel para pixel e reduz a amplitude do artefato de 
susceptibilidade causado pela presença de metal na região. Também possibilita que 
um menor TE possa ser selecionado pelo operador. O inconveniente fica por conta 
do aumento de ruído na imagem que deve ser compensado de outra forma, como 
por exemplo, aumentando o NEX. 
v Reduzir tempo eco 
 
Tempo de eco mais curtos reduzem o tempo de defasagem e as perdas de sinal. 
v Direção de fase AP nas aquisições axiais EPI do Encéfalo 
 
Ao contrário do que ocorre para outras aquisições axiais do encéfalo que utilizam SE 
ou TSE, nas imagens EPI a direção de fase tem que ser anteroposterior. Assim o 
gradiente de susceptibilidade causado pelas interfaces ar-tecido-osso vai estar na 
mesma direção que o gradiente codificador de fase, reduzindo, mas não eliminando 
o artefato. 
v Saturar/Anular o sinal da gordura em EPI 
 
Imagens EPI são muito sensíveis ao efeito do desvio químico. Qualquer mudança na 
frequência do sinal, como no caso da gordura, irá resultar em um pronunciado 
desvio de posição na imagem devido ao longo tempo de amostragem do sinal (50 a 
100 ms), podendo afetar até mais que 10 pixels na imagem. O uso de saturação de 
gordura por RF ou de técnicas baseadas na anulação do sinal da gordura por 
inversão da recuperação (STIR) são formas recomendadas de evitar este artefato. 
v Adquirir e utilizar os mapas de campo ou de susceptibilidade para programar cortes 
 
Mapas de susceptibilidade são imagens gradientes eco rápidas que podem ser 
usadas para mapear as alterações de campo magnético causadas pelo próprio 
tecido (e.g., base do crânio e seios paranasais) ou pela presença de metal (e.g., 
grampos de sutura craniana). Estas imagens podem ser usadas como localizadoras 
para a programação de cortes em sequências como a EPI, onde a proximidade com 
interfaces ar-osso-tecido ou com o metal degradam a qualidade. Podem também ser 
 40 
utilizadas na programação de aquisições single e multivoxel para espectroscopia 
cerebral. 
v Utilizar técnicas de aquisição paralela 
 
Dada a redução na necessidade de acionamento de gradientes codificadores de 
fase, as técnicas de aquisição paralela [0,0] permitem a redução do TE mínimo e do 
comprimento do trem de ecos, reduzindo assim artefatos de susceptibilidade, como 
mostra a Figura 26(b). 
v Utilizar técnicas de recuperação da inversão por saturação espectral não seletiva 
 
Técnicas baseadas no uso de recuperação da inversão combinadas a pulsos de RF 
adiabáticos asseguram alta uniformidade na saturação de gordura mesmo na 
presença de inomogeneidades do campo de RF [0]. 
v Utilizar Método Dixon 
 
Como já descrito anteriormente o método Dixon é uma opção para obter imagens 
com supressão do sinal da gordura mesmo na presença de inomogeneidades do 
campo magnético. O tempo de aquisição mais prolongado que técnicas de 
saturação da gordura por RF é um limitador para o seu uso. 
 
Sobreposição por Angulação dos Cortes 
 
Este artefato ocorre, geralmente, em exames da coluna lombar, onde alguns cortes 
acabam sendo sobrepostos ao serem posicionados sobre os discos e seguindo sua 
angulação. Assim, a região de um corte sofre a influência da radiofrequência do 
corte adjacente, ficando saturada. A região da imagem onde ocorreu a sobreposição 
do corte é apresentada como uma faixa de baixo sinal, como pode ser visto na 
Figura 68. 
 
 41 
 
Figura 68. Imagem axial da coluna lombar mostrando sombra resultante da sobreposição entre 
cortes adjacentes. 
 
v Ajustar o posicionamento 
 
Pode-se posicionar os cortes de maneira que a intersecção destes ocorra fora da 
região de interesse. 
v Adquirir cortes de forma alternada/intercalada 
 
Alguns equipamentos permitem adquirir cortes alternadamente, o que diminui a 
interferência entre os cortes. 
 
Sobreposição por Proximidade (“Cross Talk”) 
 
Um efeito semelhante, também conhecido como cross talk ou conversa cruzada 
pode ocorrer entre dois cortes paralelos muito próximos, ou seja, sem o correto 
espaçamento entre o início de um e o fim de outro. Este efeito é resultado da 
imperfeição inerente ao perfil de RF enviado ao corpo do paciente. Este perfil possui 
uma largura em frequências que não se encerra abruptamente, ocasionando uma 
saturação de cortes adjacentes ao de interesse. Se adquirirmos cortes de forma 
contigua, ou seja, um após o outro (corte 1, 2, 3...) e sem o devido espaçamento, a 
RF de um irá saturar parte do tecido do outro corte. No momento da excitação do 
próximo corte não teremos a máxima magnetização disponível, ocasionando uma 
 42 
redução geral do sinal na imagem. Quanto mais rápido e mais fino for o corte 
desejado, a tendência é que seja menos perfeito o pulso de RF que irá excitar a 
região, ocasionando maior efeito de sobreposição de RF de um corte para outro. 
 
v Usar o espaçamento recomendado entre os cortes 
 
O espaçamento entre o fim de um corte e o início de outro garante que as 
imperfeições de cada pulso não irão afetar o corte adjacente. Espaçamentos de no 
mínimo 10% da espessura de corte são recomendados para garantir a qualidade de 
imagens 2D. Quando em sequencias com uso de pulso de inversão (e.g., STIR, 
FLAIR) é recomendado, no mínimo, 20%. 
v Selecionar cortes intercalados 
 
Esta opção faz com que a excitação dos cortes não ocorra de forma contigua e sim 
intercalada entre cortes pares e ímpares. Primeiro são excitados os cortes pares (2, 
4, 6...) e depois os cortes ímpares (1, 3, 5...). 
 
Truncamento ou Efeito “Gibbs” 
 
Este artefato ocorre devido a baixa amostragem de dados na direção de codificação 
de fase ou frequência (baixa resolução da matriz de aquisição), de modo que as 
interfaces de alto e baixo sinal são apresentadas incorretamente na imagem. Uma 
série de linhas paralelas a borda das estruturas se propaga na imagem, como pode 
ser visto na Figura 69. 
 43 
 
Figura 15. Artefato tipo truncamento. 
 
Um objeto com borda bem definida, como a medula em relação ao líquor nas 
imagens ponderadas em T1, será bem representada se houver uma alta taxa de 
amostragem do sinal de RM, para representar bem esta mudança abrupta. 
Dependendo da direção de aplicação do gradiente e da orientação da estrutura na 
imagem esta direção pode ser a codificação de fase ou a codificação de frequência. 
O truncamento do sinal de RM, principalmente na direção de fase, que possui 
relação direta com o tempo de aquisição, ocorre quando selecionamos uma matriz 
muito baixa, como por exemplo, 128. 
 
O efeito no sinal de RM é de retirada das altas frequências no sinal armazenado no 
espaço k, ocasionando, após a aplicação da transformada de fourier (TF), uma 
representação incorreta, principalmente das bordas. Se um objeto que contém 
componentes de alta frequência espacial (bordas bem definidas) não for amostrado 
corretamente, o resultado será não somente uma perda de resolução na imagem, 
mas também a introdução dos chamados anéis de Gibbs. Nome este dado em 
homenagem ao matemático e físico americano, Josiah Willard Gibbs (1839-1903), 
que explicou o fenômeno da presença de grandes oscilações nas bordas quando se 
tenta aproximar por séries de Fourier uma onda quadrada. Este artefato é 
caracterizado por oscilações de intensidade de sinal que se propagam a partir das 
bordas naanatomia e se tornam evidentes somente quando o tamanho da transição 
na borda do objeto e da ordem do tamanho do pixel ou menor que este. 
 
 44 
v Filtro de Suavização 
 
Utilizar um filtro matemático (e.g., filtro Hanning) no espaço k para suavizar os 
dados antes da transformada de fourier auxilia na eliminação deste artefato na 
imagem. O processo chamado de apodização consiste em suavizar as altas 
frequências espaciais. 
v Aumentar o número de codificações de fase e frequência 
 
O aumento do número de codificações de fase e frequência, ou seja, na matriz de 
aquisição, reduz significativamente este tipo de artefato. O aumento na matriz na 
direção de fase aumenta o tempo de aquisição. 
v Saturar/Anular o sinal da gordura 
 
O uso de saturação de gordura por RF ou anulação por inversão da recuperação 
permite reduzir o artefato que tem origem nas imagens com hipersinal da gordura. 
 
Distorção Geométrica 
 
Quando a imagem apresenta distorções que alteram o formato e/ou a posição da 
anatomia do paciente, o tipo de artefato pode ser classificado como de distorção 
geométrica ou linearidade espacial. A imagem deformada pode ter como origem a 
homogeneidade do campo magnético estático (B0), a linearidade dos gradientes de 
campo magnético, a presença de objetos metálicos e efeitos de susceptibilidade 
causados por regiões e estruturas do próprio paciente. 
 
O campo magnético estático é mais homogêneo no isocentro e tende a piorar a 
medida que nos afastamos do centro em direção aos limites do CDV. Imperfeições 
na homogeneidade do campo B0 podem ser resultado de material metálico deixado 
dentro do magneto, falta de procedimento de homogeneização do campo pelo 
fabricante, colocação de equipamentos ou grandes quantidades de massa metálica 
nas vizinhanças da sala de exames ou mesmo características do tipo de magneto 
adquirido. 
 45 
A variação linear do gradiente de campo magnético deve ocorrer ao longo do campo 
de visão até sua máxima dimensão selecionável pelo operador. Porém, na maioria 
dos equipamentos, nos limites do campo de visão ocorrem alterações da 
homogeneidade de campo magnético principal além de distorções no perfil do 
gradiente, como mostra a Figura 73. Estes erros levam a distorção da imagem 
nestas regiões. Um artefato bastante comum nas imagens de RM, e que está 
diretamente relacionado à homogeneidade do campo, são as falhas na saturação de 
gordura, principalmente em regiões próximas aos limites do campo de visão. 
 
A distorção causada por efeitos de susceptibilidade das interfaces ar-osso-tecido 
causa, além de alterações no sinal das imagens já comentadas anteriormente, 
distorções da imagem que impossibilitam a identificação de estruturas ou a medição 
de lesões. 
 
 
Figura 71. (a) Imagem adquirida no plano coronal com campo de visão (CDV) de 40 cm em um 
equipamento de 0,35T e sem uso do filtro de correção. Foi utilizado dispositivo de teste 
composto de grade de acrílico utilizado para verificar a distorção geométrica. (a) Imagem do 
mesmo dispositivo, porém com uso do filtro de correção. (c) e (d) Imagens de exames 
realizados com uso do máximo CDV sem uso do filtro de correção. 
 
Ação Corretiva: 
 46 
v Uso de algoritmos (filtros) de correção da distorção geométrica 
 
Os fabricantes possuem filtros para a correção de distorção geométrica e 
recomendam seu uso, normalmente, a partir de um determinado tamanho do CDV. A 
correção de distorção pode ser selecionada em alguns equipamentos somente antes 
do início da aquisição, porém, em outros equipamentos, o algoritmo pode ser 
aplicado na imagem já adquirida. 
v Melhor posicionamento da anatomia 
 
Este procedimento inclui não somente um reposicionamento do paciente ao longo do 
eixo da mesa de exames (superior-inferior) mas também, quando possível, um 
reposicionamento lateral do paciente. Se num exame de ombro, por exemplo, 
houver distorção da imagem ou dificuldade de realizar saturação do sinal da 
gordura, a movimentação lateral do paciente, trazendo o ombro de interesse mais 
para o centro do magneto jea garante uma melhor homogeneidade de campo. 
Equipamentos abertos de RM e novos equipamentos de 1,5T e 3,0T com abertura 
do gantry de 70 cm possibilitam que esta manobra seja realizada com maior 
facilidade, mesmo em pacientes grandes. 
v Realização de shimming específico na região de interesse 
 
A maioria dos sistemas de RM permite ao usuário selecionar as dimensões e o 
posicionamento da região de interesse que o shimming será feito. Na ausência de 
interação do usuário, o sistema adota a mesma região onde estão programados os 
cortes. 
v Certificação do shimming passivo do equipamento 
 
A homogeneidade do campo magnético é ajustada na instalação do equipamento 
através da colocação de peças de material ferromagnético no interior do magneto, 
procedimento este conhecido como shimming passivo. Apesar de raro, pode ser 
necessário refazer o shimming passivo, especialmente se houveram modificações 
importantes na estrutura física no entorno da sala do magneto ou problemas nas 
bobinas de gradiente, por exemplo. 
 47 
 
Outros Artefatos 
 
Artefatos Devido a Técnica de Aquisição Paralela 
 
Técnicas de aquisição paralela (e.g., SMASH, SENSE, mSENSE, GRAPPA etc) 
estão disponíveis nos modernos equipamentos de RM e permitem uma série de 
vantagens na medida em que reduzem a necessidade do acionamento de 
gradientes codificadores de fase para coletar todo um espaço k, fazendo uso do 
sinal obtido por diferentes elementos de bobinas de RF e do seu perfil de 
sensibilidade. 
 
Ruído inomogêneo e envelopamento residual são dois tipos característicos de 
artefatos que vêm se tornando cada vez mais raros à medidas que modificações nas 
técnicas e nas bobinas são implementadas. O ruído inomogêneo pode ser evitado 
através do posicionamento correto da bobina, campo de visão adequado e baixo 
fator de aceleração. O envelopamento residual se caracteriza pela dobra da 
anatomia no centro do campo de visão na direção de codificação de fase e resulta, 
na maioria das vezes, de discrepância entre o sinal coletado para a calibração do 
perfil de sensibilidade da bobina e aquisição do sinal propriamente dito. Uma 
abordagem mais aprofundada e completa pode ser obtida na literatura [0,0,0]. 
 
 “Cross Talk” entre Sistemas de RM 
 
Das referências utilizadas somente uma relatava este tipo de artefato bastante 
incomum, mas presente no nosso meio. É importante relatar este tipo de artefato, 
pois vem se tornando cada vez mais frequente a instalação de um segundo ou 
terceiro equipamento de RM de mesmo valor de campo magnético e bastante 
próximo um do outro, quando não um ao lado do outro. Se os dois equipamentos 
estão operando na mesma frequência e ao mesmo tempo é muito importante que as 
salas sejam circundadas por blindagem especialmente desenhada para que não 
 48 
ocorra o “cross talk” entre os sistemas. É recomendável que o aterramento da 
blindagem de RF seja feito separadamente e que os armários dos sistemas de RF e 
gradientes sejam mantidos distantes ou em ambientes distintos para cada sistema. 
Desvio Químico em Imagens EPI 
 
Em aquisições convencionais do espaço k, o efeito do desvio químico entre a água e 
a gordura irá resultar num deslocamento dos pixels na direção de frequência, como 
citado anteriormente na seção 4.4.1. Este efeito se torna um pouco mais complicado 
quando analisamos a sequência de pulso EPI. Nas aquisições eco planares do 
espaço k (EPI), a taxa de amostragem do eco é muito mais alta, o que resulta em 
menores acúmulos de fase durante a leitura do sinal (codificaçãode frequência). 
Entretanto, o tempo entre pontos de dados adjacentes na direção de codificação de 
fase é muito maior, resultando em um grande desvio de posição da gordura na 
direção de fase da imagem, como mostra a Figura 72-a. 
 
Figura 72. EPI do encéfalo sem (a) e com uso de fat Sat (b). 
 
A opção para eliminar este artefato é fazer uso de pulso de saturação espectral do 
sinal da gordura (Figura 72-b) ou utilizar pulsos de inversão da magnetização e 
tempo de inversão (TI) ajustado para anular o sinal da gordura. 
 
Difusão da Mama com Próteses de Silicone 
 49 
 
O uso da imagem ecoplanar ponderada na difusão da água para regiões do corpo 
além do tecido cerebral vem se tornando cada vez mais frequente. No caso 
específico do uso de difusão da mama, atenção deve ser dada quando a paciente 
possui prótese de silicone. O silicone possui um desvio químico de 
aproximadamente 296 Hz em relação a água e causará um artefato de 
deslocamento pior que o da gordura em imagens EPI, como mostra a Figura 73. 
 
Figura 73. (a) Imagem axial T2 TSE STIR mostrando prótese de silicone unilateral (mama 
direita). (b) Imagem axial EPI STIR ponderada na difusão (b=50 mm/s2) mostrando o 
pronunciado deslocamento na direção de fase (anteroposterior). (c) Imagem axial EPI 
ponderada na difusão (b=50 mm/s2) com uso de pulso adiabático de saturação e inversão da 
magnetização, onde é possível verificar que o sinal do silicone foi saturado. 
 
A solução é utilizar técnicas de saturação espectral por RF que eliminem tanto o 
sinal da gordura como do silicone, eliminando assim o artefato na imagem. O uso de 
recuperação da inversão combinadas a pulsos de RF adiabáticos é uma opção 
disponível nos sistema de RM mais modernos. 
 
Efeito do Ângulo Mágico 
 
 50 
Este artefato é visto com certa frequência em tendões, ligamentos e nervos 
periféricos, onde certas partes do tecido aparecem com aumento de sinal nas 
imagens ponderadas em T2 com TE curto. A orientação da fibra em relação a 
direção do campo magnético principal (B0) determina o efeito do ângulo mágico. 
Tendões e ligamentos possuem tempos T2 extremamente curtos, dadas as 
interações dipolares que o hidrogênio, ligado a cadeias de colágeno, possui. Num 
ângulo aproximado de 55º com a direção do B0, as interações dipolares se tornam 
nulas, resultando num aumento do tempo T2 (cerca de 100 vezes) e aumento do 
sinal em imagens ponderadas em T2[0]. O tendão de Aquiles altera seu T2 de 0,6 
ms para 22 ms [46]. O aumento de sinal no tendão patelar. 
O posicionamento da anatomia de interesse num ângulo diferente de 55º e o uso de 
TE mais longos (acima de 37 ms) são as alternativas para eliminar este artefato. O 
aumento do TE pode ajudar na especificidade de uma doença, porém pode resultar 
em perda de sensibilidade na detecção, visto que a condição patológica terá de 
aumentar o tempo T2 mais do que o efeito do ângulo mágico. 
 
Deve-se ter cuidado especial quando do uso de exames dinâmicos, especialmente 
em equipamentos abertos de RM, onde a anatomia de interesse realiza movimento e 
altera sua orientação em relação a direção do B0. Atualmente estão sendo 
desenvolvidas sequências de pulso que utilizam tempos de eco ultra-curtos (UTE – 
Ultra short TE), onde o TE varia de 8 a 80 µs, o que faz com que se obtenha sinal 
das fibras mesmo quando orientadas a 0º em relação ao B0 [0]. 
 
Artefato da Anestesia nas Imagens FLAIR 
 
Hiperintensidades nas cisternas da base e nos espaços subaracnóideos em 
imagens FLAIR (Fluid-Attenuated Inversion Recovery), de pacientes submetidos a 
procedimentos anestésicos para realização do exame de RM, foram inicialmente 
atribuídas ao uso de um anestésico conhecido como propofol [0]. Trabalhos 
subsequentes mostraram que o suplemento de oxigênio resulta em encurtamento do 
tempo T1 do líquido cefalorraquidiano (LCR) e é o responsável pelo aparecimento 
de hiperintensidades no LCR que podem ser erroneamente atribuídas conteúdo 
proteico anormal ou hemorragia subaracnóidea. [0,0,0] 
 51 
 
 
 
 
 
 
Referências	
  
1. BLOCH F. Nuclear Induction. Phys Rev 1946; 70:460. 
 
2. PURCELL EM, TORREY HC, POUND RV. Resonance Absorption by Nuclear 
Magnetic Moments in a Solid. Phys Rev 1946; 69:37. 
 
3. FOSTER MA. Magnetic Resonance in Medicine and Biology. New York: 
Pergamon Press; 1984. 
 
4. BERNSTEIN MA, KING KF, ZHOU XJ. Handbook of MRI Pulse Sequences. 
London: Elsevier; 2004. 
 
 
5. HAHN EL. Spin Echoes. Phys Review 1950;80 (4). 
 
6. LAUTERBUR PC. Image Formation by Induced Local Interactions: Examples 
Employing Nuclear Magnetic Resonance. Nature 1973;242:190-191. 
 
7. HOUNSFIELD GN. Computerized transverse axial scanning (tomography): Part 1. 
Description of system. BJR 1973;46(552):1016-1022. 
 
8. MANSFIELD P. “Multi-planar imaging formation using NMR spin echoes. J Phys 
1977;10:L55–L58. 
 
9. BRACEWELL R. The Fourier Transform & Its Applications. Third Edition. New 
York: McGrawl-Hill Science. 1999. 
 
 52 
10. GALLAGHER TA et al. An Introduction to the Fourier Transform: Relationship to MRI. 
AJR 2008;190:1396-1405. 
 
11. HENNING J, NAUERTH A, FRIEDBURG H. RARE Imaging: A Fast Imaging Method 
for Clinical MR. Magn Reson Med 1986;3:823-833. 
 
12. FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Disponível em: 
http://www.fda.gov/bbs/topics/NEWS/2007/ NEW01638.html. Acessado em: 4 de 
outubro de 2012. 
13. HOUAISS A. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Objetiva. 
2009. 
 
14. STADLER A. Artifacts in Body MR Imaging: Their Appearance and How to Eliminate 
Them. Eur Radiol 2006. 
 
15. BERNSTEIN M.A. Imaging Artifacts at 3.0 T. JMRI 2006. 
 
16. ZHUO J. MR Artifacts, Safety and Quality Control. Radiographics 2006. 
 
17. ZAND KR et al. Artifacts and Pitfalls in MR Imaging of the Pelvis. JMRI 2007; 26:480-
497. 
 
18. EHMAN RL, FELMLEE JP. Flow Artifact Reductionin MRI: a review of the role of 
gradient moment nulling and spatial presaturation. Magn Reson Med 1990; 14:293-
307. 
 
19. PARKER DL et al. The Need for Phase-Encoding Flow Compensation in High 
Resolution Intracranial Magnetic Resonance Angiography. JMRI 2003; 18:121-127. 
 
20. BRADLEY WG JR, KORTMAN KE, BURGOYNE B. Flowing cerebrospinal fluid in 
normal and hidrocephalic states: appearance on MR images. Radiology 1986; 
159:611-616. 
 
21. NITZ WR et al. Flow Dynamics of Cerebrospinal Fluid: Assessment with Phase-
Contrast Velocity MR Imaging Performed with Retrospective Cardiac Gating. 
Radiology 1992; 183:395-405. 
 
 53 
22. HELD P, DORENBECK U, SEITZ J, FRUND R, ALBRICH H. MRI of the Abnormal 
Cervical Spine Cord Using Spoiled Gradient Multiecho Sequence (MEDIC) with 
Magnetization Trasnfer Saturation Pulse. J Neuroradiol 2003; 30:83-90. 
 
23. SAREMI F, GRIZZARD JD, KIM RJ. Optimizing Cardiac MR Imaging: Pratical 
Remedies for Artifacts. Radiographics 2008; 28:1161-1187. 
 
24. SCOTT AD, KEEGAN J, FIRMIN DN. Motion in Cardiovascular MR Imaging. 
Radiology 2009; 250(2): 331-351. 
25. NANIMOTO T, YAMASHITAY, MITSUZAKI K, TAKAHASHI M. The Value of 
Respiratory Triggered T2-Weighted Turbo Spin-Eco Imaging of the Liver using a 
Phased Array Coil. JMRI 1998; 8:655-662. 
 
26. KLESSEN C et al. Magnetic Resonance Imaging of the Upper Abdomen Using Free-
Breathing T2-Weigthed Turbo Spin Eco Sequence with Navigator Triggered 
Prospective Acqusition Correction. JMRI 2005; 21:576-582. 
 
27. PIPE JG. Motion correction with PROPELLER MRI: application to head motion and 
free-breathing cardiac imaging. Magn Reson Med 1999; 42:963–969. 
 
28. BERNSTEIN MA, KING KF, ZHOU XJ. Handbook

Outros materiais