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A Produção Decisória do Sistema de Justiça Criminal para o Crime de Homicídio: Análise dos Dados do Estado de São Paulo entre 1991 e 1998.

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A Produção Decisória do Sistema de Justiça
Criminal para o Crime de Homicídio: Análise dos Dados do Estado de São Paulo entre 1991 e 1998.
O propósito do artigo foi analisar a produção decisória do sistema de justiça criminal do Estado de São Paulo para os crimes de homicídio processados entre 1991 e 1998. O ponto de sustentação observado é o Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Este sistema possui informações acerca de abertura de processo, sentença e condenação, referente aos homicídios ocorridos no Estado de São Paulo entre 1991 e 1998.
O artigo publicado em 2009 e a recente reportagem do programa televisivo profissão repórter exibido em 24 de agosto de 2016 tendem a mostrar a alta taxa de homicídios e uma baixa taxa de resolutividade dos casos. 
Existe um afunilamento do sistema de justiça criminal, a inexistência de um sistema oficial de estatísticas que contenha informações de todas as fases, desde a policial até a do sistema prisional. Existe uma fragmentação muito grande acerca das bases de dados das policias, seja civil, militar ou federal. Cada qual possui um sistema que atende ou ao menos deveria atender suas necessidades, porém nenhum se comunica com outro sistema de outra instituição de segurança.
A um gargalo enorme no sistema de justiça criminal, e notável na reportagem que numa certa cidade do nordeste, dentre mais de 50 casos de homicídios apenas 5 (cinco) chegaram ao fórum da cidade, deste apenas 4 passaram pelo ministério público. A má formação ou mesmo a falta de treinamento e equipamentos por parte do Estado leva a tal fato. 
O maior problema estrutural se encontra na passagem da fase policial para a fase judicial, principalmente levando em conta que do total de homicídios registrados pela Polícia Civil, apenas 22 % se transformaram em processos, 14 % alcançaram a fase de sentença e 8% resultaram em condenação à pena privativa de liberdade. O artigo concluiu a importância decisiva da fase policial da persecução penal, pois se verificou ser maior a perspectiva de um crime de homicídio chegar a um julgamento quando há superação da fase policial, mediante conclusão e finalização do inquérito policial, expondo a importância de se investir e valorizar as condições estruturais das Polícias Civis no Brasil. 
É possível notar que de 1991 até 1998, gradativamente a cada ano vem diminuindo os números de esclarecimento, sentenciamento e condenação de casos de homicídios, a fase policial é determinante para a continuidade do caso até a fase da sentença. O inquérito policial é uma das fases mais importantes do fluxo do sistema de justiça criminal, caso não ocorra o esclarecimento da autoria ou a prova de materialidade do crime, o caso não pode seguir adiante.
É importante destacar que a pesquisa mostrou uma dificuldade estrutural no sistema de justiça criminal quanto à passagem das etapas de processamento, principalmente nas seguintes fases: registro policial-instauração do inquérito – esclarecimento da autoria – conclusão do inquérito e judicialização do procedimento – sentença penal. 
Notadamente evidencia-se que a idade e a cor do réu são elementos que condicionam a efetividade de todas as transições das etapas do sistema de justiça criminal, em perda de outras variáveis, como sexo, grau de escolaridade e flagrante, isso permite concluir que muitas vezes as características dos envolvidos no crime de homicídio se sobrepõem às características processuais e legais relacionadas, fazendo com que a continuidade do fluxo seja mais determinada pelas características do próprio criminoso do que pela natureza do crime, evidenciando a seletividade e desigualdade social e econômica que estrutura o Sistema de Justiça Criminal quanto a sua aplicabilidade.

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