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Arquitetura e Urbanismo [Ano] Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 2 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II MATERIAL TEÓRICO Responsável pelo Conteúdo: Profa Daniele Ornaghi Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 3 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Arquitetura e Urbanismo Pós Moderno II 1. Charles Moore: um dos fundadores do movimento pós-moderno Robert Venturi não foi a única figura importante no movimento pós- moderno. Seu outro mentor, o arquiteto Charles Moore, promove nas suas obras uma releitura de estilos clássicos. Figura 1 – Piazza d’Italia em New Orleans, de Charles Moore: esta praça é um evidente protesto ao funcionalismo e racionalismo modernos: há exagero de referências a arquitetura clássica e renascentista, como pode ser constatado na profusão de texturas e cores; mas sem dúvida pós moderna no emprego de materiais novos, como o aço inoxidável (que reveste suas ostensivas colunas). 2. Carlo Scarpa e a questão do patrimônio Ao contrário das linhas de restauração antes reverenciadas pelos arquitetos e profissionais afins, Carlo Scarpa, arquiteto italiano, adota uma postura diferente: as camadas históricas deveriam ser visíveis, acrescentando informações contemporâneas (TIETZ, 2008) no objeto a ser restaurado. Esta vertente pode ser observada na sua restauração do Castel Vecchio, ocorrida em Verona entre 1956 e 1964 (TIETZ, 2008): emprega materiais modernos, como concreto, aço e vidro, delimitando bem suas intervenções contemporâneas, como podem ser observados nas Figuras 2 e 3. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 4 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Figuras 2 e 3 - Detalhes do Castelvecchio, cujo projeto de restauro foi idealizado por Carlo Scarpa: o contraste entre materiais tradicionais, como o tijolo, e contemporâneos, como concreto, também pode ser observado no desenho requintado da nova escadaria, bem como as linhas retas dos peitoris de metal. Fonte: Wikipedia. 3. Metabolistas japoneses Batizados de “metabolistas” e fundado por um grupo de arquitetos japoneses em 1959, inicialmente adere ao estilo internacional, mas sofrem influência conceitual do grupo Archigram, sendo Kenzo Tange seu representante mais ilustre. No cenário pós Segunda Guerra reinava a desordem urbana das cidades japonesas, que se expandiram rapidamente sem planejamento. Para resolução destes problemas, observa-se uma busca no movimento moderno e nas tradições culturais, formulando intervenções urbanas para enfrentar o caos de suas cidades por “novas áreas urbanizadas que extravasavam os limites da terra e ocupavam espaços no mar e no ar e suas residências móveis que podiam ser deslocadas para qualquer parte” (DIAS, 2005). Adotavam a visão tecnológica, esperando que as questões sociais e urbanas prosperassem na mesma medida. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 5 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Ao contrário das cidades europeias, as cidades asiáticas, em especial as japonesas, não dispunham de tanto espaço para realizar intervenções urbanas tradicionais (espaços residuais, esvaziamento de centros, etc.). Suas opções eram a verticalização, propiciada pelos novos edifícios altos (e edifícios cápsulas, como o Nakagin Capsule Figura 5 e 6) , sendo estes frutos da crescente revolução tecnológica; e a horizontalidade de espaços improváveis – as cidades poderiam ser estendidas, esparramadas para o mar por aterros. Em seu projeto para a reorganização de Tókio, Kenzo Tange, pode-se perceber essa tendência de espraiar as cidades (Figura 4). Figura 4 – Projeto do arquiteto Kenzo Tange para Tókio. Fonte: Kenzo Tange website. Além dessa apropriação do espaço marítimo, foram propostas soluções mais arrojadas e menos viáveis, embora nem por isto constituíssem propostas menos interessantes: surge o conceito de cidades flutuantes e aéreas. Num primeiro momento, Kenzo Tange aposta nos edifícios altos para gerar novos paradigmas de assentamentos urbanos, especialmente no âmbito habitacional, no qual uma unidade mínima de habitação deveria ser projetada de modo flexível, adaptável e “espartano”. Tal consonância com o grupo Archigram pode ser percebida na proposta de Tange. Mas este grupo concebia seus projetos teóricos sem as limitações espaciais dos japoneses e, portanto, permitindo que vislumbrassem megaestruturas, edifícios altos e fluxos urbanos. Não contemplados com Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 6 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II espaço abundante, os metabolistas propuseram seus projetos teóricos de acordo com sua limitação geográfica: extensões espaciais deveriam ser aéreas ou flutuantes, como pode se observar os projetos Aerial City (do arquiteto Noriaki Kurokawa) e a Helix City (do arquiteto Kisho Kurokawa). Figura 5 e 6 – Cápsula Nakagin, de Kisho Kurokawa: nota-se uma forte semelhança às propostas do grupo Archigram. Fonte: Wikipedia. 4. Neoprodutivista Segundo MONTANER (2009), o neoprodutivismo na arquitetura se consolida em países mais desenvolvidos (essencialmente em duas localidades: Grã-Bretanha e Estados Unidos), consistia no uso das inovações tecnológicas nos edifícios (realizadas de maneira pragmática e situadas no tecido das grandes cidades). Enquanto o Archigram perseguia ideias high tech, os neoprodutivistas conseguiram por em prática essas fantasias. Exemplifica muito bem esta vertente da arquitetura o grupo criado pelo britânico Norman Foster em 1967. Exploravam ao máximo a técnica e as realizações práticas, adotando elementos industrializados em sua arquitetura, embora no sentido de adequação climática ainda herde certa arrogância do modernismo: o projeto regional para Alajero (Ilhas Canárias) foi realizado mesmo prevendo mudanças no microclima local. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 7 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Referente aos materiais utilizados mais comumente pelos arquitetos neoprodutivistas ingleses está o concreto armado, como pode se observar no Brunswick Centre (Figura 7), de autoria do arquiteto britânico Patrick Hodgkinson. O concreto armado se presta perfeitamente aos preceitos do neoprodutivismo, por ser versátil e moldável, garantindo a flexibilidade e a sofisticação típica do high tech. Figura 7 - Brunswick Centre, de Patrick Hodgkinson. Nos Estados Unidos a representatividade desta vertente foi bem mais intensa, em essência, representadas pelos arquitetos estadunidenses John Dinkenloo e Kevin Roche, autores de uma série de edifícios altos na América do Norte, condizentes com a referida vertente arquitetônica. Seu edifício Ford Foundation em Nova Iorque (Figura 8) é emblema da arquitetura neoprodutivista estadunidense: climatizada, leve, tecnológica, diáfana e ao mesmo tempo vedada do meio externo.Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 8 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Figura 8 – Emprego de materiais leves, transparência na fachada e climatização interna: características neoprodutivistas do edifício Ford Foundation, de Roche e Dinkenloo. 5. O quinteto de Nova Iorque (Os “Cinco” de Nova Iorque ou “whites”) Um grupo de cinco novos arquitetos nova-iorquinos apresenta um trabalho no Museu de Arte Moderna da cidade, em 1967. Tais arquitetos eram: Peter Eisenman, Michael Graves, Charles Gwathmey, John Hejduk e Richard Meier. Pode-se dizer que numa primeira análise de suas ideias percebe-se um dos últimos suspiros do movimento moderno: amor pelas formas geométricas, pela simplicidade, pelo monocromático (em especial o branco, o que rendeu o apelido de “whites”, em especial o arquiteto Richard Meier) influência de Le Corbusier (fase vintage, mais especificamente do inicio dos anos 20, em especial a equipe de Charles Gwathmey). MONTANER (2009) classifica seus trabalhos como tentativa de reinterpretar as sintaxes racionalistas dos personagens históricas do Movimento Moderno. Além deste purismo formal, a negação da tradição e certo descaso com o sítio de inserção (seja do contexto urbano ou mesmo topográfico) era características marcantes dos whites. Mais preocupados com os exercícios formais, submetiam o indivíduo ao objeto arquitetônico. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 9 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Peter Eisenman pode ser considerado um dos mais formalistas. Influenciado pela obra do arquiteto Giuseppe Terragni e do pintor abstrato Carlo Belli, apresentava obras sem título, uma maneira de desumanizar o produto. Eram adeptos de exposições sem assinatura e sem data, valorizando o projeto em si mesmo. Analogamente, denominava suas próprias obras (Residência I, Residência II, Residência X, etc). Segundo MONTANER (2009), Eisenman enfatiza que a arquitetura é um trabalho intelectual, que deve partir de premissas formas e concluir em resultados formais, evitando qualquer expressão figurativa ou simbólica. Esse esvaziamento de significado permite a ruptura com a tradição e liberta a arquitetura para emergir exclusivamente da geometria. Formas derivadas da geometria pura como se observa na Residência VI (Figura 9). Figura 9 – A forma subjuga o caráter simbólico na Residência IV, de Peter Eisenman. John Hejduk foi, em essência, um acadêmico, embora tenha produzido algumas obras arquitetônicas interessantes. Lecionou na Irwin Chanin School of Architecture (Nova Iorque); talvez tenha encontrado na academia um interesse maior por aproximar o objeto arquitetônico do humano. Embora destoe do grupo por apresentar interesse por necessidades humanas, sejam estas simbólicas ou materiais, seu gosto pelas formas geométricas aproxima dos colegas do quinteto nova iorquino, como pode ser constatado no edifício Wall House (Figura 10). Em específico, seu estilo próprio remete ao neoplasticismo, “especialmente as pinturas de Mondrian”. (MONTANER, 2009) Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 10 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Figura 10 – Wall House, de John Hejduk. Richard Meier produziu muitos edifícios transparentes, iluminados, níveos e delicados, baseado em formas puras (cubos, cilindros, etc) que se apresentam ora ortogonais ora diagonais. Considerado o arquiteto mais pragmático do quinteto, suas edificações foram inúmeras e belas, garantindo assim projeção internacional, mas não há contraposições pós-modernas formais, sobrando as referências nostálgicas que remetem a primeira fase do movimento. A harmonia plástica inegável de suas edificações é bem ilustrada pela obra The Atenheum, de 1979 (Figuras 11, 12 e 13), no qual se observa a influência moderna das formas geométricas puras. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 11 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Figura 11, 12 e 13 – Sobram referências formais ao modernismo no edifício Atheneum, de Richard Meier. Em linhas gerais, a inserção dos objetos arquitetônicos de Meier em seus terrenos não ocorre “naturalmente”, como acontece com a Casa Kauffmann (de Frank Lloyd Wright) majestosamente pousada sobre a cascata. São “pérolas brancas” lançadas nos sítios. Resumidamente, o quinteto nova-iorquino ou os whites foram ávidos em romper com a continuidade e referências históricas que se faz presente nas obras de Charles Moore e de Carlo Scarpa, e da vontade de retomar as questões formais livres de interferências, somente embasadas no trabalho intelectual do arquiteto. Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 12 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Anotações _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 13 Unidade: Colocar o nome da unidade aqui Unidade: Arquitetura e Urbanismo Pós Modernos II Referências ARGAN, Giulio Carlo; Arte moderna; São Paulo: Companhia das Letras, 1992; ISBN 8571642516. BENEVOLO, Leonardo; História da arquitetura moderna; São Paulo: Editora Perspectiva, 2001; ISBN 8527301490 DIAS, Fabiano; O desafio do espaço público nas cidades do século XXI. Arquitextos, Junho 2005; ISSN 1809-6298. JENCKS, Charles, The Language of Post Modern Architecture, London, Academy, 1977. MONTANER, Joseph Maria, Depois do Movimento Moderno: Arquitetura da segunda metade do século XX, Barcelona, Gustavo Gili, 2009 www.cruzeirodosul.edu.br Campus Liberdade Rua Galvão Bueno, 868 01506-000 São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000 Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br
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