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[Resumo] A Cidade Antiga

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1 
 
 
 
 
 
___________________ 
 
A CIDADE ANTIGA 
FUSTEL DE COULANGES 
___________________ 
2 
 
 
 
LIVRO PRIMEIRO 
ANTIGAS CRENÇAS 
3 
 
CAPÍTULO I 
CRENÇAS A RESPEITO DA ALMA E DA MORTE 
Os pensamentos e costumes desde épocas remotas podemos 
reconhecer as idéias do homem a respeito de sua natureza, alma e o mistério 
da morte. 
Na história das raças indo-européias, nas quais gregos e italianos, 
acreditavam que antes dos primeiros filósofos já se criava uma segunda 
existência para além da vida terrena, a morte não como decomposição do ser, 
porém como transformação da vida. 
Para os romanos e gregos, a alma ia passar essa segunda existência 
junto dos homens, continuando a viver na terra junto deles, acreditou-se por 
muito tempo que esta segunda existência da alma continuava unida ao corpo 
mesmo com a morte. Essas crenças por mais remotas, delas permanecem 
testemunhos autênticos como os ritos fúnebres, que no ajuda a compreender 
melhor. 
Os ritos fúnebres mostra claramente como acreditavam que a pessoa 
fosse sobreviver debaixo da terra, enterrando junto objetos necessários como 
roupas, vasos, armas, vinho, comida, até mesmo sacrificavam escravos e 
cavalos para servi-lo na sepultura como havia feito durante sua vida. 
Desta crença primitiva, surgiu a necessidade de sepultamento, pois 
acreditava que a alma sem uma sepultura tornava-se perversa, atormentando 
os vivos com aparições, provocando doenças, advertindo – os que tanto seu 
corpo como ela própria desejavam uma sepultura. Daí vem a crença da alma 
do outro mundo, e o povo antigo passou a creditar que só com o sepultamento 
conseguiria a felicidade para todo sempre. Não bastava somente enterrar o 
corpo, era necessário obedecer alguns ritos tradicionais e formulas das 
cerimonias fúnebres, algumas eram capazes de evocar as almas fazendo-as 
sair por alguns instantes do supulcro. 
Temia-se menos a morte do que a privação da sepultura, pois desta 
dependia a felicidade eterna. Era comum os atenienses matarem seus 
generais, que não recolhia os corpos dos soldados mortos após uma batalha, 
mesmo que essa batalha tenha sido vitoriosa. Talvez esses generais por serem 
discípulos de filósofos soubessem distinguir a alma do corpo. 
Havia também entre os antigos quem acredita-se na existência de um 
lugar subterrâneo, bem maior do que túmulo, onde as almas se desprendia do 
corpo sendo as penas e recompensas distribuídas conforme a conduta que 
tivera durante a vida. 
Alguns ritos mais antigos divergem dos outros, um deles é a idéia de que 
a alma não se separava do corpo e permanecia aonde fosse enterrado, e nada 
tinha a prestar conta de sua vida anterior, o que nos mostra a sua noção de 
vida futura. 
4 
 
A cerimônia dos mortos era uma espécie de comemoração, as famílias 
colocavam alimentos, leite, vinho sobre o túmulo, pronunciavam fórmulas que 
convidavam o morto a comer e ninguém tocada nas oferendas pois eram 
destinadas às suas necessidades. 
Pode nos parecer coisas impossíveis, no entanto essas crenças 
exercem um influencia muito grande na vida homem antigo, isso nos revela 
também que a sociedade e as instituições domésticas teve ali sua origem. 
 
 
CAPÍTULO II 
O Culto dos Mortos 
Essas crenças criaram ao longo dos anos algumas regras, como a de 
alimentar os mortos. Isso estabeleceu uma verdadeira religião da morte com 
seus dogmas e rituais que desapareceram com o cristianismo. 
Como os mortos eram considerados criaturas sagradas, os antigos os 
veneravam como se fossem Deuses, tanto mau quanto do bem, suas 
sepulturas possuía uma inscrição sacramental Dis Manibus. A criatura divina 
como chamava os antidos, permanecia encerrado no seu túmulo, Manesque 
sepulti, diante da sepultura havia um altar para sacrifícios igual ao que há em 
frente dos templos dos deuses.O culto dos mortos é encontrado também entre 
os helenios, latinos, sabinos etruscos e hindus. 
Na Índia encontramos o livro das leis de manu, que nos apresenta como 
o mais antigo culto praticado pelos homens, ainda hoje os hindus continuam 
fazendo oferendas aos seus ancestrais, essas idéias e rituais são o que há de 
mais antigo encontrado na raça indo-européia. 
O culto na Índia era o mesmo que na Grécia e na Itália. O hindu deve 
oferecer à alma dos mortos o alimento denominado sraddha (arroz, leite, 
raízes...), como no grego encaravam-se os mortos como seres divinos, se 
deixassem de fazer o sraddha ao morto, sua alma se tornaria errante, 
atormentando os vivos, trazendo-lhes doenças, enfim enquanto não se 
restabelecessem os rituais os mortos não voltariam ao túmulo. O morto 
cultuado desempenha um papel importante na vida das pessoas, ao se 
encontrar um túmulo parava –se e dizia-se: " Tu, que és um Deus sobra terra, 
seja –me propício". 
Essa religião dos mortos parece ter sido a mais antiga que existiu, antes 
de adorarem Indra ou Zeus, homem adorou seus mortos, pela primeira vez o 
homem teve a idéia do sobrenatural, acreditou em coisas que transcendiam, 
talvez morte foi seu primeiro grande mistério e elevou seu pensamento do 
visível ao invisível, do humano ao divino. 
5 
 
CAPÍTULO III 
O FOGO SAGRADO 
Toda casa de grego ou romano, havia um altar que nele sempre devia 
ter um pouco de cinzas e brasas, era obrigação do dono da casa manter essa 
chama acessa dia e noite, infeliz daquele que a chama apagasse! Ao anoitecer 
cobria-se com cinza a brasa para que não se consumisse totalmente, e no dia 
seguinte a primeira coisa a fazer era acender o fogo. O fogo só deixava de 
brilhar o altar quando todos da família morressem. 
Evidentemente que manter o fogo sobre o altar fazia parte de alguma 
antiga crença, pois para manter esse fogo acesso não era permitido alimenta-lo 
com qualquer tipo de madeira, a religião distinguia entre as árvores a que podia 
ser usada. Num determinado dia do ano, as pessoas apagavam o fogo do altar 
de suas casa, e acendiam-lo no dia seguinte. Para acender o novo fogo deve-
se observar alguns ritos, esse deveria ser feito da seguinte forma: encontra-se 
um ponto onde incida os raios do sol , com dois pedaços de madeira de 
determinada espécie, fricciona-los até acender o fogo. Para os homens desta 
época esse fogo não era apenas uma de decoração, eles viam algo mais no 
fogo que queimara sobre os altares. 
Esse fogo possuía algo de divino, eles o cultuava oferecendo, vinho, 
flores, tudo que julgassem ser do seu agrado. Pediam –lhe proteção, saúde, 
riqueza e felicidade e assim o viam como um Deus protetor, forte, que protegia 
suas casa e famílias, quando na presença de perigo procuravam refugio junto 
dele. O fogo do lar era tão importante que Agamenon retornando da guerra de 
tróia, ia mostrar sua gratidão e alegria ao fogo do lar, os homens quando 
chegavam em casa, antes mesmo de beijar a mulher ou abraçar seus filhos, 
parava em frente ao fogo para invoca-lo. A cerimônia era simples, em alguma 
hora do dia colocavam nele ervas e alguns pedaços de lenha, o fogo lhes 
aparecia brilhante, ofereciam-lhe sacrifícios, vinho, óleo, incenso e a gordura 
da vítima, esse era o momento de invocação. A cerimônia sagrada sem dúvida 
era o meio em que o homem entrava em comunhão com Deus, deixaram por 
muito tempo seus vestígios entre os homens seus ritos e modos de falar que o 
próprio incrédulo não podia desprezar. 
O culto ao fogo sagrado não foi exclusivo dos povos da Grécia e Itália, 
aparece também no oriente com a religião de Brama, já estabelecida 
anteriormente às leis de Manu. O culto de brama colocou em segundo plano, 
embora sem ter conseguido destruí-la. O brâmane tem o dever de manter o 
fogo aceso dia e noite, e todas as manhãs e todas as noites, oferecer-lhe lenha 
e alimento, a refeição aqui também aparece como um ato religioso descrito nas 
leis de Manu. 
Os hindus assimcomo os gregos e romanos, julgam os deuses como 
seres que necessitam não só de honras e respeito, mas também bebidas e 
alimentos. Como na Grécia, os hindus tem o fogo como uma espécie de 
divindade, através das orações pedem-lhe saúde, proteção e riqueza para sua 
família. 
6 
 
É certo que os hindus, gregos e italianos não aprenderam uma com os 
outros a pratica da religião do fogo, porém eles descendem de uma mesma 
raça, os árias. Os árias viveram na Ásia central em uma época muito remota, e 
pela primeira vez se deu origem as crenças, ritos e a religião do fogo sagrado. 
Daí então as tribos dos árias se separaram trazendo consigo esse culto comum 
e levando umas para as margens do Ganes e outros para as margens do 
Mediterrâneo. Mais tarde já sem relações umas com as outras, um adorando 
Brama e outro adorando Zeus, mas mantiveram como tradição esta religião 
primitiva. 
Quando os povos da Grécia e Itália começaram a representar seus 
deuses como pessoas e dar forma humana, o culto do fogo sofreu a mesma 
influência e passou a ser chamado de Vesta, chegou até mesmo ser 
representado por meio de estátuas, mas não consegui destruir os vestígios da 
crença primitiva. 
O fogo do lar é inteiramente puro, somente podendo ser produzido com 
determinados ritos e alimentado com determinada espécie de madeira. É 
verdade também que aquece e coze os alimentos sagrados, mas tem ao 
mesmo tempo um espírito, uma consciência, dita deveres e vela para que 
sejam cumpridos. Moralmente possui sentimentos e afetos, concede ao homem 
a pureza, ordena o bem e o mal, e alimenta a alma. Pode se dizer que mantém 
a vida humana na dupla sucessão das suas manifestações: representa ao 
mesmo tempo, a origem da riqueza, da saúde e da virtude. Isto nos leva de 
volta ao culto dos mortos, estão tão ligados que a crença dos antigos fazem 
deles uma só religião, os antigos quando falavam de seus mortos esses 
estavam sempre ligados ao fogo, quando falavam do fogo recordavam o nome 
de seus antepassados. 
Existe uma nítida relação entre o culto dos mortos e do fogo sagrado, 
essa religião antiga que tirava seus deuses do próprio homem foi se 
enfraquecendo, mas nunca ao ponto de desaparecer por completo. 
 
 
CAPÍTULO IV 
A RELIGIÃO DOMÉSTICA 
O fato da religião do povo antigo não adorar um só deus, e também os 
deuses não aceitavam a adoração de todos os homens, isso a torna uma 
religião estritamente doméstica. 
O culto dos mortos se assemelha com a dos cristãos em relação aos 
santos. O culto aos mortos somente era aceito se feito por um membro da 
família, a lei proibia qualquer estranho de se aproximar do túmulo, até mesmo 
tocar o pé mesmo que por descuido. O culto aos mortos representa realmente 
o culto aos antepassados, tanto na Grécia como na Índia o filho tinha o dever 
7 
 
de fazer o culto a seu pai e seus antepassados, o não cumprimento desse 
dever acarretaria uma série de mortes e destruindo a felicidade. Mas se feito os 
sacrifícios, os ritos, se ao alimentos eram levados ao túmulos nos dias 
determinados, então tínhamos no antepassado um deus protetor.A ligação 
entre os vivos e os mortos era muito forte, unia gerações de uma mesma 
família constituindo um corpo eternamente inseparável. 
Cada família possuía um túmulo onde sepultava o seus mortos, ali 
celebravam cerimônias, festejavam seus aniversários. Nos tempos mais 
remotos, o túmulo ficava dentro das casas na parte central não muito próximo a 
porta, assim toda vez que um membro da família entra-se ou saí-se, deveria 
fazer –lhes uma invocação. Desta forma os antepassados continuavam 
fazendo parte da família, tendo sempre o pai como imortal e divino. 
É difícil compreendermos como o povo antigo pudesse adorar seu pai e 
seus antepassados, contrário as religiões de hoje. Porém devemos lembrar que 
os antigos não tinham a idéia da criação, por isso, a adoração que faziam aos 
seus ancestrais pode representar o mesmo significado do mistério da criação 
que temos hoje. 
O fogo sagrado era tão ligado na família, que cada família possuía o seu 
. As cerimônias não eram públicas, realizadas no interior das casas, cada 
família tinha o seu próprio ritual e jamais o fogo era colocado para fora nem 
mesmo próximo à porta de saída. Para essa religião doméstica não existam 
uniformes ou regras comuns, cada família agia com total independência. 
Nenhum poder externo tinha o direto de interferir nos cultos, apenas o poder 
externo podia certificar-se de que o pai cumpria com os deveres, mas não 
podia ordenar nenhuma mudança nas regras da sua religião doméstica. 
Deste modo as religiões não se manifestavam nos templos mas sim nas 
casas, as quais cada uma possuía seus deuses e protegia sua família, isso 
nasceu naturalmente do espírito humano, tendo sua origem na família. Os ritos 
e orações passados de pai para filho, caracterizavam que somente op pai tinha 
poder da reprodução, as mulheres só participavam do culto através de seu 
marido ou seu pai. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
LIVRO SEGUNDO 
A FAMÍLIA 
 
 
9 
 
CAPÍTULO I 
A RELIGIÃO FOI A NORMA CONSTITUTIVA DA FAMÍLIA 
ANTIGA 
A família se reunia todas as manhãs e noites para dirigir suas orações 
ao fogo sagrado, durante o dia comparecem junto dele para as refeições, cada 
casa possuía o túmulo dos seus ancestrais, a morte não os separou. Formando 
então uma família indissolúvel . Em determinado dia, indicado conforme sua 
religião doméstica, a família se reúne no túmulo para um banquete fúnebre 
pedindo a seus deuses proteção. 
A origem da família antiga não está apenas na geração, o fato da irmã 
não se igualar ao irmão, nem o filho emancipado ou a filha casada deixam de 
fazer parte da família. 
Na família antiga não encontramos o afeto natural, para o direto romano 
isso nada representava. Algo muito mais forte une seus membros, na religião 
do fogo sagrado e dos antepassados encontramos essa força, a religião não foi 
a responsável pela criação das famílias, mas lhe deu as regras. Isso torna a 
família antiga muito diferente do que se ela fosse formada conforme os 
sentimentos naturais do homem. 
 
 
CAPÍTULO II 
O CASAMENTO 
A primeira instituição estabelecida pela religião doméstica foi o 
casamento. A mulher quando pedida em casamento, isso significava 
abandonar o lar de seus pais e passar a cultuar os deuses do seu esposo. Para 
o esposo também era um ato muito sério, pois iria colar uma estranha dentro 
de seu lar, expondo seus ritos, hinos e deuses que são os maiores bens que o 
homem pode ter. 
O casamento era realizado dentro da residência e dividia-se em três 
etapas: 1o a cerimônia era realizada na casa da mulher, o pai só entregava a 
filha ao pretendente depois que a desvincule do seu fogo sagrado. 2o A jovem 
não entrava sozinha na casa do esposo, tinha de ser carregada nos braços. 3o 
aA jovem era colocada em frente ao fogo sagrado do esposo, e entravam em 
comunhão com os deuses domésticos.O casamento romano assemelhava-se 
muito com o grego e como este possuía três atos: traditio, deductio in domum, 
confarretio. 
A mulher casada não tem mais direito de cultuar os seus mortos, de 
agora em diante só poderá cultuar os ancestrais do seu esposo. Não se pode 
10 
 
pertencer a duas famílias nem a duas religiões e assim a mulher passa a 
pertencer completamente a família e religião do marido. Veremos ainda as 
conseqüências dessa regra no direito de sucessão. 
O casamento sagrado era tão importante que não se admitia a 
poligamia, o divórcio era praticamente impossível, somente uma outra 
cerimônia religiosa poderia desfazer aquilo que ela mesma ligara. 
 
 
 
CAPÍTULO III 
DA CONTINUIDADE DA FAMÍLIA. PROIBIÇÃO DO 
CELIBATO. DIVÓRCIO EM CASO DE ESTERILIDADE. 
DESIGUALDADE ENTRE FILHO E FILHA 
Do princípio fundamental do direitodoméstico derivou a regra de que 
todas as famílias deviam perpetuar-se para sempre. 
De forma idêntica a lei romana permanecia atenta para que não se 
extinguisse nenhum culto doméstico. Eles temiam que seu culto doméstico se 
extinguisse , isso levaria o fim de sua religião e os mortos cairiam no 
esquecimento. O grande interesse da vida humana, consiste em continuar sua 
descendência e manter vivo sua religião. 
O celibato era considerado uma crueldade, pois isso colocava em risco a 
continuidade da família bem como o culto aos seus ancestrais. As crenças 
diziam que o homem não pertence a si mesmo e sim a uma família, tornando 
obrigatório que essa seqüência não fosse interrompida com ele. 
O casamento era obrigatório, e tinha como objetivo principal perpetuar o 
culto religioso. No caso da mulher ser estéril o divórcio era permitido. A religião 
dizia que a família não podia se extinguir, em caso em que a esterelidade ser 
do homem nesse caso um irmão ou parente do marido devia substitui-lo. 
O casamento da viúva era permitido quando não tivesse tido filhos do 
marido, com o parente mais próximo do marido, o filho gerado desta união era 
considerado filho do morto. 
O nascimento de uma mulher não satisfazia o objeto do casamento, pois 
a mulher quando fosse se casar teria que renunciar ao culto do seu pai, 
passando a pertencer a religião do marido. O filho esperado era sempre o 
homem, pois este tinha a responsabilidade de perpetuar a religião e culto ao 
fogo sagrado de sua família 
 
11 
 
CAPÍTULO IV 
ADOÇÃO E EMANCIPAÇÃO 
Para que uma família não sofresse a temida punição do seu culto 
doméstico ser extinto, cabia-lhes um último recurso. Era permitida a adoção 
para as famílias que a natureza não lhes concedeu filhos. Adotar um filho era 
portanto dar continuidade a religião doméstica e pela conservação do fogo 
sagrado, adotar é pedir à religião e a lei aquilo o que não se pode conseguir da 
natureza. 
Para isso era necessário que o filho adotivo renuncia-se ao culto da sua 
família. A adoção era relativa a emancipação, para que um filho adotivo ser 
aceito em uma nova família, deveria ser libertado previamente de sua religião 
original. Nos romanos esse filho jamais seria considerado membro da família 
nem pela religião nem pelo direito. 
 
 
CAPÍTULO V 
O PARENTESCO. O QUE OS ROMANOS ENTENDIAM 
POR "AGNAÇÃO" 
O parentesco só era reconhecido pelo direito de oferecer sacrifícios ao 
antepassado em comum. O princípio do parentesco não era dado com o 
nascimento e sim com o culto e só os da linha masculina. 
O fato de se encontrar um parente com vínculo de sangue não era 
suficiente para se considerar parente, era necessário ter o vínculo do culto, 
tanto que mesmo os filhos emancipados tornavam-se agnados, isso nos mostra 
que só a religião determinava o parentesco. 
A medida em que essa religião enfraquece o parentesco pelo sangue 
surge sendo reconhecido pelo direito, porém no tempo das Doze Tábuas 
somente o parentesco da agnação era reconhecido. 
 
 
 
 
 
12 
 
CAPÍTULO VI 
DIREITO DE PROPRIEDADE 
Os antigos sempre praticaram a propriedade privada. Havia três coisas 
que mostram uma forte relação entre si: a religião doméstica, a família e o 
direto de propriedade. 
Na religião doméstica as pessoas tinham em suas casas o fogo sagrado 
e o túmulo de seus ancestrais, os quais necessitavam de serem cultuados 
pelos membros da família. O fogo sagrado jamais poderia sair de casa e os 
mortos do lugar onde fora enterrado, daí a idéia de propriedade nasce 
naturalmente. 
Como na religião doméstica o túmulo e o fogo sagrado eram os maiores 
bens que o homem poderia ter, então surgiu a necessidade de traçar os limites 
de sua propriedade, afim de protege-los, o local onde eram enterrados os 
mortos torna-se propriedade. 
A sepultura estabelecia um vínculo indissolúvel da família com a terra, 
em conseqüência dessas crenças e religião nasce o direto de propriedade 
originando toda a civilização. 
As famílias cercavam suas propriedades , estabelecido os limites não 
havia poder que fosse capaz de muda-lo, não podendo perde-la e nem ser 
abandonada sua legítima posse.Esses limites compreendiam em uma área 
destina ao campo, onde se plantava, no centro a casa e dentro dela o tumulo e 
o fogo sagrado. 
Com a lei das Doze Tábuas o túmulo continuava inviolável, porém já se 
permitia a divisão do campo entre irmão, mais tarde também a venda, mas isso 
só se realiza através de cerimônias religiosas. Somente a religião pode dividir 
aquilo que ela mesma considera indivisível. 
O homem que adquiria uma divida era punido, só que a lei não permitia 
que sua propriedade fosse tomada para o pagamento da dívida, pois a terra 
pertencia mais a família do que a ele próprio, Era mais fácil escravizar o 
homem lhe tirar o Direito de Propriedade. 
 
 
CAPÍTULO VII 
DIREITO DE SUCESSÃO 
Estabelecido o culto hereditário, o direito de propriedade não 
desaparece, o homem morre, o culto permanece. Deste princípio nasce às 
13 
 
regas do direito de sucessão, uma delas é a da hereditariedade que passa de 
pai para filho conforme determina a religião doméstica. Cabe ao filho a 
sucessão da propriedade, obrigações e dívidas. Já a filha não tem direto de 
herdar os bens do pai, ela não está apta a dar continuidade no culto, quando se 
casa deve renunciar ao culto do seu pai a se dedicar exclusivamente ao culto 
do esposo, ou seja a filha não pode dar continuidade ao culto do seu pai. 
Quando o pai morre, os irmãos devem partilhar a propriedade e que os 
irmãos adotem suas irmãs, elas não ter direto a sucessão paterna. A filha que 
não fosse casada tinha o direto de herdar e dar continuidade ao culto, porém a 
religião impunha uma série de dificuldades mesmo porque a filha sempre 
estava subordinada ao irmão ou a um dos agnados da família. 
Mesmo com a lei de Vocônia que instituía a mulher herdeira, embora 
filha única, casada ou solteira, e legar às mulheres metade da propriedade, o 
pai de filha única que morresse a religião exigia que o parente mais próximo 
fosse o herdeiro. 
Quando o homem morria sem filhos, na falta de irmão ou sobrinho, era 
necessário recorrer aos antecedentes do morto, sempre pela linha masculina, 
até que encontrasse algum vivo, esse seria o herdeiro. 
No culto doméstico o homem não podia receber herança de duas 
famílias, no caso do filho adotivo para receber uma herança de sua família 
natural, era necessário que se desligasse completamente da família adotante, 
só assim ele poderia dar continuidade ao culto que lhe foi herdado. 
O testamento para outra pessoa que não fosse o herdeiro natural não 
era reconhecido, a propriedade e o culto pertenciam à família, passava-se os 
bens do morto para o vivo segundo as regras da religião. O filho nem podia ser 
desertado pelo pai, o testamento na prática era muito difícil. 
O patrimônio da família era indivisível, quando o pai morria o filho mais 
velho assumia o lugar do pai e os outros viviam sobre sua tutela, isso 
representava a indivisão tanto da família quanto do patrimônio. 
 
 
 
CAPÍTULO VIII 
A AUTORIDADE NA FAMÍLIA 
1o ORIGEM E NATUREZA DO PODER PATERNO ENTRE OS ANTIGOS 
O Direito teve sua origem na família, nasceu espontaneamente, segundo 
os princípios antigos e suas crenças. A família era composta do pai, mãe, 
14 
 
folhos e escravos, mas algo superior ao pai comandava tudo, a religião 
doméstica. 
O poder do homem derivava de suas crenças e o colocava numa 
posição bem superior à mulher, o casamento constituía essa subordinação e 
sua dignidade. Pela religião às crianças só atingiria a maioridade após a morte 
do pai. 
A religião fez com que a família formasse um pequeno corpo organizado, 
uma sociedade com seu chefe e seu governo mantido pelo poder paternal. 
Todareligião reside no pai. 
2o ENUMERAÇÃO DOS DIREITOS QUE COMPUNHAM O PODER 
PATERNO 
O poder paterno pode ser catalogado em três categorias. 
I - O pai chefe supremo da religião doméstica, ninguém da família 
contestava sua autoridade sacerdotal, como sacerdote do lar não reconhece 
hierarquicamente nenhum superior. Tinha o direito de reconhecer ou não o filho 
que nascer, repudiar a mulher em caso de esterilidade, casar a filha, emancipar 
o filho(excluir da família e do culto). 
II - A propriedade era da família, o pai era um usufrutuário. Tudo que a 
mulher pudesse adquirir durante o casamento era passado para o marido. O 
filho nada podia adquirir, caso alguém testasse algo a ele, era o pai quem 
recebia. Podia vender o filho, pois o seu trabalho era uma fonte de renda. 
III – A justiça só existia para o pai, assim o pai era quem respondia pelos 
delitos cometidos pelos membros de sua família. 
No Direito antigo a autoridade do pai imperava de forma absoluta. 
 
 
CAPITULO IX 
A ANTIGA MORAL DA FAMÍLIA 
A religião e moral foram exclusivamente doméstica. Os princípios morais 
se baseiam na religião, os homens sempre que cometessem algum ato que 
não fosse a provado pelos deuses, este já sofria uma punição moral, 
dependendo do ato cometido não podia nem se aproximar mais de seu lar. 
Para o homem voltar a seu culto era necessário se purificar em cerimônia 
religiosa, essa religião conhece o perdão. 
A falta mais grave era o adultério, isso feria todos os princípios da 
religião, tornaria o culto profano. O homem traído fazia o papel de juiz 
15 
 
condenando a mulher adultera a morte ou no mínimo repudia-la. Eis as 
primeiras leis da moral doméstica, nos mostra que homem e mulher estão 
unidos para sempre e ambos tinha a obrigação de se respeitarem 
multuamente, a união homem e mulher era de caráter sério e sagrado. 
A mulher apesar de estar sobre o domínio do marido, ela tinha a 
responsabilidade de cuidar para que o fogo sagrado não se extinguisse, apesar 
de não ter autoridade igual à do marido, tinha igual dignidade. 
O homem amava sua casa como hoje ama sua igreja, a moral proibia o 
derramamento de sangue, a suas crenças fortaleceram as noções de justiça, 
as famílias estabeleceram um vínculo forte entre os membros, que fez com que 
se respeitassem multuamente. A antiga moral ignorava a caridade mas 
ensinava as virtudes domésticas. 
 
 
CAPITULO X 
A GENS EM ROMA E NA GRÉCIA 
Gens, formava um corpo de constituição inteiramente aristocrática, uma 
alteração profunda introduzida pela democracia no regime da Gens. 
1o O QUE OS ESCRITORES ANTIGOS NOS DÃO A CONHECER A 
RESPEITO DAS "GENS" 
Cada gens possuía seu culto, suas festas religiosas e seu túmulo em 
comum. Os membros de uma mesma gens são unidos, ajudam uns aos outros 
nas necessidades da vida, toda a gens responde pela dívida de qualquer um 
de seus membros, resgata prisioneiros, acompanham – o ao julgamento, 
demonstram uma grande solidariedade entre seus membros. Era contrário à 
religião reclamar de algum membro da gens ou mesmo testemunhar contra. 
Tanto em Roma como na Grécia, as gens tinham suas assembléias, 
promulgavam decretos os quais seus membros respeitavam até mesmo pela 
própria cidade. 
2o EXAME DE ALGUMAS OPINIÕES EMITIDAS PARA EXPLICAR A 
"GENS" ROMANA 
A gens era uma espécie de parentesco artificial, uma associação política 
de várias famílias estranhas umas às outras, uma característica evidente é que 
a gens possui um culto próprio como nas famílias. 
O sistema da gens apresenta contra si: 1 o direito de sucessão para o 
herdeiro natural; 2 a comunidade das crenças religiosas onde houvesse 
comunidade de nascimento; 3 a origem da língua plebéia. 
16 
 
3o A "GENS" É A FAMILIA CONSERVANDO AINDA SUA ORGANIZAÇÃO 
PRIMITIVA E SUA UNIDADE 
A gens teve sua origem na religião doméstica de forma natural, conserva 
a unidade que a religião lhe concedera, e alcançou todo desenvolvimento do 
direito privado.Era natural que os membros de uma mesma gens usassem o 
mesmo nome, dessa forma transmitia-se o nome de geração em geração com 
o objetivo de perpetua-lo. 
Foram aparecendo vários ramos e tornando-se independentes, porém o 
verdadeiro nome era o da gens, pois este era o antepassado oficialmente 
conhecido. 
4o EXTENSÃO DA FAMÍLIA, A ESCRIVIDÃO E A CLIENTELA 
Outro elemento passa a fazer parte da família, o servo. Como a religião 
doméstica não permitia a entrada de pessoas estranha na família, para que o 
servo pudesse entrar, ele era iniciado no culto doméstico. 
Após sua aceitação na família, o servo passava a tanto ao culto quanto 
ao seu senhor, sendo inclusive enterrado na mesma sepultura da família. 
O servo libertado chama-se cliente, apesar de livro continuava a 
reconhecer a autoridade do seu senhor, o cliente era um servidor ligado ao 
patrão. Esse vínculo formado pela religião jamais era rompido 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
 
LIVRO TERCEIRO 
A CIDADE 
18 
 
CAPÍTULO I 
A FRATRIA E A CÚRIA: A TRIBO 
A religião doméstica proibia que duas famílias se unissem e 
confundirem-se. Mas era possível que várias famílias se unissem para 
celebração de um culto que lhes fosse comum, daí surgi a fatria na língua 
grega e cúria na latina. 
Toda fatria e cúria possuíam seu altar e seus deuses protetores, culto 
religiosos que conservavam sua peculiaridade. Seus banquetes fúnebres, 
orações. 
Para se tornar parte de uma fatria, era indispensável ter nascido do 
casamento entre as pessoas que a compunham, a sua admissão na fatria se 
fazia através de ato religioso, e passava a ter um vínculo indissolúvel. 
A sociedade cresceu sobre esse sistema, as fatrias e cúrias se 
agruparam dando origem as tribos, essa por sua vez também estabeleceu sua 
religião, com seu altar e sua divindade protetora, essa divindade normalmente 
era da mesma natureza da fatria ou da família . A tribo promulgava seus 
decretos, possuía um tribunal de jurisdição sobre seus membros e acima dela 
não havia nenhum poder. 
 
 
 
CAPÍTULO II 
Novas Crenças Religiosas 
1o OS DEUSES DA NATUREZA FÍSICA 
A religião antiga, primeiro tomou seus deuses com sendo da alma 
humana, o culto aos antepassados, e a segunda veio os deuses de natureza 
física, os fenômenos da natureza. 
Isso não o levou a concepção de um Deus único, por se tratar de 
natureza, ignoravam a Terra , o Sol e os Astros (planetas), porém para o solo, 
a árvore, a nuvem, as águas dos rios, o sol e outros, passaram a olhar como 
deuses lhes dirigindo preces e adorações. 
Essas duas religiões não tiveram entre si algo em comum. 
 
19 
 
2o A RELÇÃO DESSA RELIGIÃO COM O DESENVOLVIENTO DA 
SOCIEDADE HUMANA 
A religião natural surgiu de diferentes pensamentos como conseqüência 
de sua força natural. 
Tendo – se dado que essas crenças apareceram quando se viviam no 
Estado de família, esses deuses eram considerados demônios. Aconteceu que 
com o passar do tempo esses deuses passaram a ser adorados pelas famílias 
e logo toda cidade passou a adora-los. 
Essa nova religião atuava num campo mais amplo e como conseqüência 
surge uma nova moral, que não se limitava a ensinar os deveres de família. Na 
medida que foi se desenvolvendo a sociedade cresceu, o fogo sagrado deixou 
de ser uma divindade e passou a ser o altar de sacrifícios dos Deuses e ficava 
no interior dos templos. 
 
 
CAPÍTULO III 
FORMA-SE A CIDADE 
As tribos se associaram entre si com a condição de o culto de cada uma 
delas fosse respeitado, essa aliança nasceu a cidade. 
A religião subsistiu em pequenos cultos que dos quais se estabeleceu o 
culto comum, já politicamente continuou a funcionar pequenos governos que 
em cima dos quais se levantou o governo comum. A cidade era uma 
confederação e por issodurante muitos séculos respeitou a independência 
religiosa e civil das fatrias cúrias e famílias. 
A religião foi um fator determinante na formação das cidades, os homens 
a medida que a para eles uma divindade em comum, vão se associando em 
grupos cada vez maiores conforme as regras aplicadas nas famílias e 
sucessivamente nas fatrias cúrias e cidades. A concepção religiosa foi entre os 
antigos a inspiração para organização das sociedades. 
 
 
 
 
 
20 
 
CAPÍTULO IV 
A cidade 
Cidade e urbe não eram palavras sinônimas no mundo antigo. Cidade 
era a associação religiosa e política das famílias e tribos, Urbe era o santuário 
dessa sociedade. 
Quando as tribos decidiam se unir e terem o mesmo culto, era 
necessário fundar a Urbe para representar o santuário do culto comum, assim 
a fundação da Urbe foi era sempre um ato religioso. 
O primeiro cuidado fundador era escolher o local da nova cidade, essa 
escolha sempre fica entregue a decisão dos deuses. Chegado o dia da 
fundação primeiramente é oferecido um sacrifício, após a cerimônia cava-se 
um pequeno fosso e lança o torrão de terra trazido da cidade anterior, a religião 
proibia deixar a terra onde os antepassados repousavam, com esse ato 
julgavam trazer para ali a alma dos seus ancestrais da antiga pátria. Acende-se 
o fogo e ao redor desse ergue-se a cidade. 
Esses costumes nos mostra como foi a urbe, dentro dos limites 
sagrados, ao redor do altar, a cidade foi domicílio religioso que abrigava os 
deuses e acolhia os homens da cidade. 
Como os deuses sempre estavam ligados a cidade, o povo jamais devia 
deixa-la. Havia um acordo entre deuses e homens, todas as cidades foram 
construídas para serem eternas. 
 
 
CAPÍTULO V 
O CULTO DO FUNDADOR: A LENDA DE ENÉIAS 
O fundador era o homem que realizava o culto religioso, sem o qual a 
cidade não podia se estabelecer. 
Pode-se imaginar o respeito que as pessoas tinham por esse homem, 
pois era o pai da cidade. Depois de morto era cultuado como um deus e 
passava ser um antepassado comum para todas as pessoas da cidade. 
Consideram Enéias, o fundador de Roma. Na destruição de Tróia, 
graças a Enéias o fogo sagrado não se extinguiu, o povo e os deuses fogem 
com Enéias a procura de um novo local onde possam se estabelecer. Mas a 
escolha desse local está sempre ligada aos deuses, então Enéias consulta os 
oráculos e se deixa conduzir pela divindade. 
21 
 
CAPÍTULO VI 
OS DEUSES DA CIDADE 
Nos tempos antigos, o culto era o vínculo de toda e qualquer 
sociedade.O altar da cidade ficava dentro do prédio, os gregos davam o nome 
de pritaneu e os romanos de vesta. 
Cada cidade possuía seus próprios deuses e eram comumente da 
mesma natureza que os da religião primitiva. Todo homem que prestara algum 
serviço à cidade, desde aquele que fundara tornava-se um deus para essa 
cidade. 
Os mortos fossem quem fossem eram guardas do país sob condição de 
lhe renderem o culto, as cidades possuíam divindades políadas, entre eles 
Zeus, Atena e Hera. 
Cada cidade possuía o seu corpo de sacerdotes, entre os sacerdotes de 
duas cidades não havia nenhum vínculo, pois cada um possuía seus dogmas, 
suas orações, livros litúrgicos sempre mantido em segredo. 
Os homens rendiam o culto a seus deuses em troca de proteção da 
cidade, quando uma cidade era conquistada atribuíam a culpa aos deuses, 
atiram-lhe pedras e destruíam seus templos. Em tempos de guerra procuravam 
se apoderar dos deuses das cidades conquistadas através de cerimônias, tanto 
para passar para o seu lado como para destruí-lo. 
 
 
CAPÍTULO VII 
A RELIGIÃO DA CIDADE 
1O OS BANQUETES PÚBLICOS 
A principal cerimônia da cidade era o banquete comum, em honra a suas 
divindades, com toda a população presente. Em algumas pessoas faz o 
banquete comum todos os dias. 
2O AS FESTAS E O CALENDÁRIO 
Do tempo que o homem tem para viver, deve dar um quinhão aos 
deuses. Tudo que era sagrado havia festa, festa dos muros da cidade, 
território, fundador, dos campos de trabalho, toda cidade tinha a sua festa para 
cada divindade adotada como protetora, em dia de festa o trabalho era 
proibido. O calendário era a sucessão de festas religiosas regulado pela pelas 
leis da religião e só conhecido pelos sacerdotes. 
22 
 
3O O CENSO E A LUSTRAÇÃO 
Uma das cerimônias mais importante na religião da cidade chamava-se 
festa da puruficação, tinha por finalidade o resgate das faltas cometidas pelos 
cidadãos contra o culto, o responsável para realizar essa festa chamava-se 
Censor. 
Para isso exigia-se que nenhum estrangeiro pode estar presente e todos 
os cidadãos devem estar presentes. A perda do direito de cidadania era o 
castigo para o homem que não se inscrevesse no censo. 
O censor era o senhor absoluto naquele dia , determinava o lugar de 
cada homem, se colocado entre os senadores seria senador, assim 
sucessivamente. 
4o A RELIGIÃO NA ASSEMBLÉIA, NO SENADO, NO TRIBUNAL E NO 
EXÉRCITO; O TRIUNFO 
A assembléia iniciava-se sempre com um ato religioso, a Tribuna era 
lugar sagrado, olocal de reunião do senado sempre foi o templo. 
Na guerra a religião se mostrou mais poderosa que na paz, o exército 
ostentava a insígnia da cidade, levava consigo as estátuas de suas divindades, 
os deuses indicavam o início das batalhas. 
Assim tanto em tempo de paz como de guerra, religião intervinha em 
todos os atos dos homens, envolvendo o homem, alma, corpo, vida privada, 
vida pública, assembléias, tribunais, tudo estava sob o julgo da religião. 
Governava o homem com autoridade absoluta que coisa alguma permanecia 
fora do seu poder. 
 
 
CAPÍTULO VIII 
O RITUAL E OS ANAIS 
A religião era um vínculo que matinha o homem em escravidão, deixava-
se governar por ela, temiam seus próprios deuses e passavam a vida inteira a 
apazigua-los. 
Cada família tinha um livro onde estavam condensadas suas fórmulas, a 
menor falta convertia o ato sagrado em sacrilégio. Mas o mais importante é que 
as fórmulas nunca fosse esquecida e os ritos jamais se alterassem. 
Os ritos nunca eram mostrados aos estranhos, revelar um rito ou uma 
fórmula era trair a religião, no pensamento desse povo tudo que fosse antigo se 
23 
 
considerava sagrado, a cidade não podia esquecer coisa alguma, pois tudo 
estava ligado ao culto. 
Na história se inscreviam todos os acontecimentos referente a religião 
para lição e piedade dos descendentes, isso era prova material da existência 
dos deuses. Os anais da cidade eram rudes, esses documentos nunca saiam 
do santuário e apenas os sacerdotes podiam ler. 
Mais tarde esses anais se divulgaram e Roma publicou o seu. 
 
 
CAPÍTULO IX 
O GOVERNO DA CIDADE: O REI 
1o AUTORIDADE RELIGIOSA DO REI 
A religião prescrevia que o lar tivesse um sacerdote supremo, de modo 
igual a cidade possuía o sacerdote do lar público que chamamos de rei, sendo 
o culto do lar público a fonte de sua dignidade e poder, a principal função do rei 
era a realização de cerimônias religiosa. 
Preocupados com muitas guerras criou-se os flâmines, para substituir o 
rei quando este estava ausente de Roma. 
2o AUTORIDADE POLÍTICA DO REI 
Assim como família, a cidade tinha o seu chefe político, era colocado 
entre os deuses e o homem. Era o sacerdote que velava pelo fogo sagrado, 
como a religião se envolvia com o governo, justiça e guerra, resultou que o rei 
era ao mesmo tempo magistrado, juiz e militar, o sacerdócio foi hereditário 
assim como o próprio poder. 
Entre essas populações a sociedade foi se formando pouco a pouco, 
não foi Idea pela ambição de alguns, nasceu da necessidade coletiva. Os reis 
não tinham necessidade a força material , sua autoridade em poder era 
mantida pela crença. Os povos estabeleceram o regime republicano mas o rei 
continuou a ser venerado.24 
 
CAPÍTULO X 
O MAGISTRADO 
O magistrado que substituiu o rei foi, como este, sacerdote e chefe 
político. O caráter do magistrado se assemelha aos de Estado das sociedades 
modernas. Sacerdócio justiça e comando confundem-se numa mesma pessoa. 
O magistrado representa a cidade, associação tão religiosa quanto política. 
Não havia magistrado que não realiza-se algum ato sagrado, para os 
antigos qualquer forma de autoridade de algum modo era religiosa. 
Quando as revoluções suprimiram a realeza, os homens procuram uma 
forma de eleição aprovada pelos deuses. O magistrado recebia um pressagio 
dos deuses, ele indicava a pessoa para que fosse votada, a participação do 
povo não ia além de retificar o candidato indicado. Todos acreditavam que a 
escolha do candidato era feita pelos deuses. 
A cidade exigia que o magistrado fosse de família pura, se asseguravam 
que o candidato estava apto ao para desempenhar as funções religiosas, 
ficando a cidade compreendida em suas mãos. 
 
 
CAPÍTULO XI 
A LEI 
A lei surgiu a principio como uma parte da religião. Durante muito tempo 
só os pontífices eram os jurisconsultos.Todas as contestações relativas ao 
casamento, divórcio, direitos civis e religiosos eram levados ao seu tribunal. 
As leis não foram feitas pelos homens, surgiu como conseqüência direta 
e necessária da crença, era a própria religião, aplicada nas relações dos 
homens entre si. Para os antigos obedecer a lei era obedecer aos deuses. 
A princípio a lei era imutável porque era divina, nunca se revogavam as 
leis. Esse princípio foi causa de uma grande confusão, as leis opostas de 
diferentes épocas, achavam-se associadas e todas tinham o direto de serem 
igualmente respeitadas. 
As leis antigas nunca tiveram considerações, não se explicava suas 
razões e os homens a obedeciam porque crêem nela. O Direito não era nada 
mais que uma das faces da religião. 
 
 
25 
 
CAPÍTULO XII 
O CIDADÃO E O ESTRANGEIRO 
Reconhecia-se como cidadão, todo homem que participa do culto 
religioso da cidade, dessa participação vinha seus direitos civis e políticos, pelo 
contrário o estrangeiro é aquele que não tem acesso ao culto, aquém os 
deuses da cidade não protegem nem sequer tem direto de invoca-los. 
Facultar o direito de cidadania a um estrangeiro era uma verdadeira 
violação dos princípios fundamentais do culto religioso. As leis da cidade não 
existiam para eles. 
O escravo de certa maneira era mais bem tratado que o estrangeiro, 
para que pudesse ter algum valor era necessário tornar-se cliente de qualquer 
cidadão, desta forma adquiria alguns direitos civis e a proteção das leis. 
 
 
CAPÍTULO XIII 
O PATRIOTISMO O EXILO. 
A grande pátria era a cidade, com seu pritaneu, seus heróis e território 
demarcado pela religião. Estado, Cidade e Pátria representavam todo um 
conjunto de divindades locais que tinham grande poder sobre as almas. 
Somente na sua pátria, ele tem dignidade de homem e seus deveres, o 
cidadão não pode ser homem em outro lugar. 
A posse da pátria era muito importante, pois a punição pelos grandes 
crimes era o exílio. O exilado ao abandonar a pátria deixava ali seus deuses, 
não conseguia encontrar uma religião que pudesse consola-lo e protege-lo. O 
exilado perdendo a religião de sua pátria perdia tudo. 
 
 
 
CAPÍTULO XIV 
DO ESPÍRITO MUNICIPAL 
Cada cidade tinha sua própria religião, seus códigos , suas festas. O 
calendário de uma não podia ser igual a outra. 
26 
 
A natureza física exerce uma certa influência, mas as crenças era algo 
muito mais forte. Por essa razão não puderam estabelecer nenhuma outra 
organização social que não fosse a cidade. 
O espírito da cidade está fundamentado na religião, de forma que não é 
possível a união de duas cidades. 
 
 
CAPÍTULO XV 
RELAÇÕES ENTRE AS CIDADES; A GUERRA; A PAZ A 
ALIANÇA DOS DEUSES 
Quando as cidades estavam em guerra, não era apenas os homens que 
combatiam, também os deuses. 
Antes da batalha o soldado profere contra o exército inimigo uma 
maldição, depois duelavam com uma fúria selvagem bem própria de quem 
julgava ter os deuses a seu lado. O vencedor podia usar sua vitória como 
melhor lhe aprouvesse. Quando o vencedor não exterminava o vencido, tinha o 
direito de destruir sua associação religiosa e política. 
O tratado de paz era feito através de ato religioso, essa cerimônia 
religiosa atribuía às convenções internacionais de caráter sagrado e inviolável, 
assim como nas guerras os deuses estavam presentes. Estipulava-se que 
haveria uma aliança entre os deuses e o homem. 
 
 
 
CAPITULO XVI 
AS CONFEDERAÇÕES; AS COLÔNIAS 
Algumas cidades se agruparam numa espécie de confederação, essas 
também tiveram seu templo e cultos religiosos. Essas anfictionias e 
confederações exerceram pouca ação política. 
Uma colônia não era anexo ao Estado, era independente, todavia 
possuía um vínculo de natureza particular e isso provinha de um pacto de 
quando fora fundada. 
 
 
27 
 
CAPÍTULO XVII 
O ROMANO; O ATENIENSE 
A religião com seus dogmas e práticas outorgou aos romanos e gregos 
seu modo de pensar e de agir. 
O romano ou patrício era o homem nobre, poderoso e rico. Todo o dia 
oferece sacrifício em sua casa, todo momento consulta os deuses, só corta 
cabelo na lua cheia, carrega amuletos. É valente mas com a condição que os 
auspícios lhe tenham assegurado a vitória. Acredita-se que há mais deuses em 
Roma do que cidadãos, por temerem os deuses vieram o a ser senhor da terra. 
O ateniense afastava-se do romano pelo caráter de espírito, mas se 
assemelhava pelo temor aos deuses, concebido como incosntante, caprichoso 
e tão livre pensador. 
O ateniense tem suas coleções de antigos oráculos, não começa 
nenhuma frase sem antes invocar a boa forma. 
 
 
CAPÍTULO XVIII 
DA ONIPOTÊNCIA DO ESTADO; OS ANTIGOS NÃO 
CONHECERAM A LIBERDADE INDIVIDUAL 
Em sociedade estabelecida sobre tais princípios, a liberdade individual 
não existia, a vida privada não fugia da onipotência do Estado, tal era o seu 
poder que ordenava a inversão dos sentimentos naturais e era obedecido. 
Os antigos não conheciam a liberdade de vida privada, nem a de 
educação, nem a religiosa, o homem não tinha sequer a mais ligeira concepção 
do que fosse a liberdade. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
LIVRO QUARTO 
AS REVOLUÇÕES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A primeira transformação foi no campo das idéias como 
conseqüência natural do desenvolvimento do espírito 
humano fazendo desaparecer as antigas crenças. O 
segundo encontra-se na classe que está a margem dessa 
organização, que sofria e querendo destruí-la declarou uma 
guerra sem tréguas. 
 
29 
 
CAPÍTULO I 
PATRÍCIOS E CLIENTE 
Os patrícios eram os chefes das famílias, eles compunham o senado e 
as assembléias deliberativas, tinham o comando da cidade. Os clientes como 
já vimos, eram as pessoas que se submetiam a outras para poderem ter 
acesso a algum culto e proteção. 
 
 
CAPÍTULO II 
OS PLEBEUS 
O povo era compreendido de patrícios e clientes, a plebe estava fora. 
Uma classe muito numerosa que provavelmente fossem remanescentes de 
povos conquistados e subjulgados. 
Três palavras caracterizavam os plebeus: "Não tem culto", não tendo 
culto, não tinha aquilo que autorizava o homem a ter um pedaço de terra, 
fazendo dela sua propriedade. Não tendo religião todo plebeu era impuro, 
dessa religião proveio a distinção de classes. 
 
 
CAPÍTULO III 
PRIMEIRA REVOLUÇÃO 
1o A AUTORIDADE POLÍTICA É TIRADA AOS REIS 
Surge uma aristocracia formada pelos patres, que ganha força e 
promove a luta contra os reis. A Realeza é despojada do seu antigo poder, 
tornou-se apenas um sacerdócio. 
2o A HISTÓRIA DESSA REVOLUÇÃO EMESPARTA 
A realeza foi deposta do seu poder pela aristocracia, que entregou para 
os magistrados anuais denominados éforos. Para os reis restou apenas o 
sacerdócio 
 
 
30 
 
3o A MESMA REVOLUÇÃO EM ATENAS 
Teseu transformou o governo de monárquico em republicano, onde o 
corpo político era composto pela aristocracia. 
4o A MESMA REVOLUÇÃO EM ROMA 
A aristocracia assume o poder, porém as classes inferiores reclamam e 
a realeza é restabelecida sob forma de eleição.Numa, foi mais sacerdócio que 
guerreiro. O terceiro rei foi mais guerreiro que sacerdócio, foi morto, com isso o 
senado se restitui com toda sua autoridade. 
O quinto rei, voltou-se contra o senado e foi assassinado, o sexto rei 
tomou o poder com um golpe de Estado apoiado pelas classes inferiores, foi 
degolado. 
A cidade fica momentaneamente sem o rei, a aristocracia se aproveita, 
toma o poder definitivamente, para realeza só restou o sacerdócio. 
 
 
CAPÍTULO IV 
A ARISTOCRACIA GOVERNA AS CIDADES 
A religião hereditária era para essa aristocracia título de domínio 
absoluto. Em Roma esse regime durou pouco tempo, já na Grécia teve um 
longo período. 
Essa aristocracia permaneceu absoluta no poder, conservando título de 
proprietário, não tendo as classes inferiores direito sobre o solo. 
 
 
CAPÍTULO V 
SEGUNDA REVOLUÇÃO; TRANSFORMAÇÕES NA 
CONSTITUIÇÃO DA FAMÍLIA; DESAPARECE O 
DIREITO DE PRIMOGENITURA; A GENS SE 
DESMEMBRA 
As velhas instituições começaram a fraquejar. Pouco a pouco foi-se 
deixando de lado a regra da indivisão, desaparece o direito de primogenitura. 
31 
 
Esse desmembramento da gens enfraqueceu a antiga família sacerdotal, 
o que tornou mais fáceis as outras transformações. 
CAPÍTULO VI 
LIBERTAM-SE OS CLIENTES 
A família antiga compreendia, sob a autoridade de um único chefe, duas 
classes de categoria desigual: de um lado os ramos mais novos, isto é o 
indivíduo naturalmente livre; de outro servos ou clientes, inferiores pelo 
nascimento, mas aproximados do chefe pela sua participação no culto 
doméstico 
O cliente não tinha direito a nada, nem mesmo sua vida lhe pertencia. 
Mais tarde, o olhar do cliente começou a estender-se para além do acanhado 
círculo da família. Via existir fora da família uma sociedade, regras, leis, altares, 
templos e deuses. No coração desses homens penetrou o ardente desejo de 
liberdade. 
Houve uma guerra entre cliente e patronos, que preencheu logo período da 
existência de Roma. 
O cliente começou a alcançar o direito de propriedade, no início o Che 
da gens demarca-lhe um lote de terra para cultivar. Não muito depois ele se 
torna possuidor vitalício desse lote, contanto que contribua para todas as 
despesas do antigo patrono. 
O cliente faz am seguida novo: consegue o direito de ao morrer, 
transmitir o que possui ao filho. 
Pouco a pouco os vínculos da clientela afrouxam-se e o cliente vai se 
afastando do patrão. 
 
 
CAPÍTULO VII 
TERCEIRA REVOLUÇÃO. A PLEBE PASSA A FAZER 
PARTE DA CIDADE 
A classe inferior, em sua fraqueza, não lobrigou de início outro meio de 
combater a aristocracia senão apondo-lhe na monarquia. 
O povo conseguiu eleger chefes entre os seus; e não podendo dar-lhes 
um nome de reis chamou-os de tiranos. 
32 
 
O povo na Grécia e em Roma, procurava restaurar a monarquia, mas 
não por preferir esse regime, a monarquia era para o povo um meio de vencer 
e de se vingar. 
A classe inferior cresceu pouco a pouco em poderio. No século VI, a 
Grécia e a Itália viram brotar nova fonte de riquezas, aterra já não bastava para 
todas as necessidades do homem: nasciam as artes, a indústria e o comércio. 
Pouco a pouco formou uma riqueza mobiliária, cunhou-se moeda e o dinheiro 
apareceu. 
Tudo mudou; os maus foram colocados acima dos bons. A justiça foi 
alterada, leis antigas deixaram de ter vigência e leis de estranha inovação ás 
substituíram. A riqueza tornou-se o único objetivo dos desejos dos homens, 
porque apenas esta lhes reconheceu o poderio. Assim a cidade antiga foi se 
transformando gradualmente. 
Muitos estrangeiros afluíram a Roma, onde a localização se tornava 
propícia para o comércio, o cliente que conseguia escapar da gens tornava-se 
plebeu. A ambição da plebe era destruir as antigas barreiras que a excluíam 
das associações religiosa e política. Os reis protegeram a plebe e a plebe 
apoiou os reis. Os primeiros progressos dos plebeus deram-se no reinado de 
Sérvio, sua primeira reforma foi dar terás à plebe. Promulgou leis que até então 
não as tinha tido. Foi um início de direito comum as duas classes, e para plebe 
um começo de igualdade. 
A plebe constituída em sociedade quase regular teria chefes escolhidos 
entre seus próprios membros, essa é a origem do tribuno. Assim que a plebe 
encontrou seus chefes, não tardou em reunir também as suas assembléias 
deliberativas. Escolhido esse caminho, começou por reclamar um código de 
leis. 
Decidiu-se que os legisladores seriam todos patrícios, mas o seu código, 
antes de ser promulgado e posto em vigor, devia ser exposto ao público e 
submetido a aprovação prévia de todas as classes. O patriciado usou de todas 
as suas forças e habilidades para afastar os plebeus das magistraturas. 
A plebe tomou armas e iniciou a guerra civil. O patriciado vencido 
promulgou um senatus consulto, pelo qual aprovava e confirmava de ante mão 
todos os decretos que o povo apresentasse naquele ano. 
Restava o sacerdócio. Com o transcorrer do tempo, a religião dos 
plebeus tornou-se coisa séria, chegando esses a crer que era mesmo sobre o 
ponto de vista do culto e relativamente a seus deuses, iguais aos patrícios. A 
plebe percebeu que não teria igualdade civil ou política se não tivesse também 
o sacerdócio. 
 
 
33 
 
CAPÍTULO VIII 
MODIFICAÇÕES NO DIREITO PRIVADO; CÓDIGO DAS 
DOZE TÁBUAS; CÓDIGO DE SOLON 
Nos novos códigos o legislador não representa mais a tradição religiosa, 
mas a vontade popular. A lei doravante tem por princípio o interesse dos 
homens, e por fundamento o assentimento da maioria.. 
Um dos pontos onde ás doze tábuas não se afasta do direito antigo, é a 
conservação do poder do pai. 
O código de Sólon corresponde a uma grande revolução social, as leis 
são as mesmas para todos. Tanto em Atenas como em Roma o direito 
começou a transformar-se. 
 
 
 
CAPÍTULO IX 
O PRINCÍPIO QUE DALI EM DIANTE, SE FUNDOU O 
GOVERNO DAS CIDADES, PASSOU A SER O 
INTERESSE PÚBLICO 
A religião deixara de governar os homens. 
A eleição não pertence mais aos deuses, mas ao povo. São os homens 
que escolhem. 
 
 
CAPITULO X 
TENTA-SE CONSTITUIR UMA ARISTOCRACIA DA 
RIQUEZA, ESTABELECIMENTO DA DEMOCRACIA 4O 
REVOLUÇÃO 
Não foi a democracia o regime que sucedeu á dominação da 
aristocracia. Vimos no exemplo de Atenas e de Roma, que a revolução 
efetuada não fora obra das classes humildes. 
34 
 
Os direitos políticos que na época precedente eram inerentes ao 
nascimento, passaram a estar durante algum tempo, inerentes a fortuna. 
A aristocracia não baseou unicamente sua superioridade na riqueza, 
procurou também ser da classe militar. A nobreza sacerdotal da época 
precedente prestara grande serviço, porque foi ela quem pela primeira vez 
estabeleceu leis e fundou governos regulares. 
A classe rica não manteve o domínio por tanto tempo. Diante da riqueza 
o sentimento mais vulgar no homem não é o respeito, mas a inveja. A 
desigualdade política que resultava da desigualdade de fortunas, dentro em 
pouco lhes pareceu iniqüidade, e os homens trabalharam por faze-la 
desaparecer. 
As cidades da Grécia e Itália viviam em estado de guerra. Um dos 
efeitos da guerra, era ou ficarem as cidades quase sempre obrigadas a 
conceder armas as classes inferiores. A guerra preencheu o espaço que a 
aristocraciade riqueza interpusera entre si e as classes inferiores. 
O regime democrático foi necessário para que o pobre tivesse amparo e 
o rico um freio, concedeu-se direitos a todos os homens livres. 
 
 
CAPÍTULO XI 
NORMAS DO GOVERNO DEMOCRÁTICO; EXEMPLO 
DA DEMOCRACIA ATENIENSE 
À medida que as revoluções seguiam o seu curso, os povos se 
afastavam do regime antigo. 
Superior ao próprio senado estava a assembléia do povo. Era verdadeira 
e soberana. Como nas monarquias bem constituídas, a democracia também 
tinha normas invariáveis às quais se submetia. 
Atenas sabia bem que a democracia só podia sustentar-se pelo respeito 
ás leis. 
Os tesmótetas apresentavam seus projetos ao senado, em caso de 
aprovação convocavam a assembléia para comunicar-lhes. Numa outra 
estância, reunia-se o povo que devia votar, se aprovado se transformava em 
lei. 
A lei nova sempre vinha com o nome do seu autor, que mais tarde podia 
ser perseguido judicialmente e punido. O povo como verdadeiro soberano era 
35 
 
considerado impecável, mas orador, com tudo, continuava sempre como 
responsável pelo conselho que dera. 
Essas eram as regras às quais a democracia prestava obediência. 
Qualquer que seja a forma de governo, monarquia, aristocracia ou democracia, 
a dias em que a razão governa, mas também a outros que sobrevem a paixão. 
Um desastre para a pátria seria igualmente para cada cidadão a 
diminuição da sua dignidade pessoal, da sua segurança e da sua riqueza. 
O dever do cidadão limitava-se ao voto, quando chegava a sua vez ele 
se tornava magistrado de seu demo ou de sua tribo. 
 
 
CAPÍTULO XII 
RICOS E POBRES; DESAPARECEM A DEMOCRACIA; 
OS TIRANOS POPULARES 
À medida que se afastavam do antigo regime, formava-se uma classe 
pobre. Antes, quando cada homem pertencia a uma gens e tinha um chefe, a 
miséria era quase desconhecida. O homem era alimentado pelo seu chefe; 
aquele a quem prestava obediência. Devia, em troca, atender a todas as suas 
necessidades. 
A democracia não suprimiu a miséria; tornou-a mais acentuada. A 
igualdade nos direitos políticos tornou mais evidente ainda a desigualdade de 
condições. 
 
 
CAPÍTULO XIII 
REVOLUÇÃO EM ESPARTA 
Na sociedade espartana encontramos uma hierarquia de classes 
sobrepostas umas as outras. 
O que salvou Esparta foi a excessiva distinção estabelecida ente as 
classes inferiores. 
Quando a oligarquia levou as coisas aos últimos limites do possível, 
tornou-se necessário uma revolução, e a democracia contida e reprimida 
portanto tempo rompesse finalmente os seus diques. Supõe –se também que 
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depois de tão longa compressão, a democracia não devia limitar-se a reformas 
políticas, mas ir imediatamente ás reformas sociais. 
Na Itália e Grécia, só se viam dois grupos de homens, a classe 
aristocrática e o partido popular; a primeira pedia a dominação de Roma, o 
segundo a rejeitava. Venceu a aristocracia e Roma adquiriu um império. 
A liberdade municipal e o império de Roma eram inconciliáveis; a 
primeira só podia ser uma mera aparência, uma mentira. 
Roma enviava um dos seus cidadãos a um país e fazia deste país a 
província deste homem, ao mesmo tempo conferia a esse cidadão o impérium, 
renunciando em favor desse homem, por tempo determinado a soberania que 
possuía sobre esse país. 
Era deplorável a condição de súdito de Roma, enquanto que a condição 
de cidadão romano causava inveja, quem não fosse cidadão romano, não era 
reputado como marido nem como pai, não podendo legalmente ser nem 
proprietário nem herdeiro. 
Uns cem anos se passaram e Roma mudou de política. 
Decidiu-se dar as diferentes cidades seu governo municipal, suas leis, 
suas magistraturas. Roma abriu uma porta que permitiu ao súditos a entrada 
na sociedade. 
A guerra que se seguiu, foi a chamada guerra social, os aliados de 
Roma tomavam armas para deixar de ser aliados e tornar-se romanos. 
A Grécia também entrou pouco a pouco no Estado romano. 
Depois de oito ou dez gerações terem ansiados pelo direito de cidadania 
romana e de o ter obtido todo homem que tivesse algum valor, apareceu um 
decreto imperial a concede-lo a todos os homens livres, sem distinção 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
 
 
LIVRO QUINTO 
DESAPARECE O REGIME 
MUNICIPAL 
 
 
38 
 
CAPÍTULO I 
NOVAS CRENÇAS: A FILOSOFIA ALTERA AS NORMAS 
DA POLÍTICA 
O conceito de divindade modificou-se. A idéia atribuída primeiramente 
pelo homem, a força invisível que sentia em si próprio transportou-a ele, para 
as potências incomparavelmente maiores que encontrava na natureza, até 
enlevar-se na concepção de outro ser quem estivesse acima e para além da 
natureza. Então os deuses Lares e os Heróis deixaram de ser adorados pelo 
seres racionais. 
O homem não mais quis crer sem conhecer suas crenças, nem deixar-se 
governar sem discutir suas instituições. 
 
 
CAPÍTULO II 
A CONQUISTA ROMANA 
A sabedoria de Roma consistiu, como toda sabedoria em saber 
aproveitar-se das circunstancias. 
A população romana era um cruzamento de várias raças, seu culto uma 
união muitos cultos, seu lar nacional uma associação de diferentes lares. Roma 
era quase a única cidade cuja religião municipal não isolava das demais. 
Estava ligada a toda Itália a toda Grécia. Poucos povos havia que roam não 
pudesse admitir em seu lar. 
Roma foi a única cidade que com a guerra soube aumentar sua 
população; juntou a si todos o quanto venceu; ao mesmo tempo enviava 
colonos para os pises conquistados. 
 
 
 
CAPÍTULO III 
O cristianismo muda as condições de governo 
A vitória do cristianismo assinala o fim da sociedade antiga. 
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O cristianismo transformou no homem a natureza e a forma de 
adoração. O templo passou a ficar aberto a quem quer que crê em deus. O 
sacerdócio deixou de ser hereditário, porque religião já não era um patrimônio. 
Quanto ao governo de Estado, podemos dizer que cristianismo, 
transformou em sua essência precisamente porque não se ocupou dele. Jesus 
Cristo ensina que seu reino não é desta mundo. Separa a religião do Estado. E 
acrescenta: "daí a César o que é de César e a Deus o que de Deus". Proclama 
que a religião não é mais do Estado, e obedecer a César já não é o mesmo 
que obedecer a Deus. 
Apresentamos a história de uma crença. Estabelece-se a crença: 
constitui-se a sociedade humana. Modifica-se a crença: a sociedade atravessa 
uma série de revoluções. A crença desaparece: a sociedade muda de aspecto. 
Esta foi a lei dos tempos antigos.

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