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História Antiga: recortes, temas e 
fontes
Apresentação
O estudo da História Antiga apresenta uma série de oportunidades de pesquisa, e muito ainda se 
tem por estudar, recuperar arqueologicamente, traduzir, analisar e compreender. Muitas são as 
lacunas históricas que permanecem em aberto esperando que se descubram fontes, desvendem 
línguas e desenterrem vestígios. Porém, graças aos trabalhos de dedicados pesquisadores de 
diversas áreas, já se pode reconstituir parte dos fatos e das culturas das sociedades antigas, 
principalmente daquelas que deixaram fontes escritas e já decifradas pelos pesquisadores.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as relações entre política e religiões no período 
da antiguidade clássica e tardia. Você vai conhecer as formas de escravidão e trabalhos 
compulsórios e, por fim, como o cinema abordou a antiguidade e a possibilidade do uso de filmes 
para ensiná-la em sala de aula.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Discutir as relações entre religião e política na História Antiga.•
Reconhecer a presença da servidão e da escravidão na História Antiga.•
Analisar a História Antiga retratada no cinema.•
Infográfico
As imagens e o cinema estão impactando o mundo e são responsáveis por boa parte das 
apreensões de conhecimentos na contemporaneidade. Os filmes, em especial os filmes "históricos" 
ou os romances com fundo histórico, podem funcionar como bons chamarizes e boas ferramentas 
para a introdução de temas da História Antiga, desde que passem por uma crítica e um processo de 
comparação entre realidade histórica e imaginação.
No Infográfico, você vai descobrir alguns preparos importantes a se fazer antes de passar um filme 
para os alunos – os dados básicos a conhecer e apreender para posteriormente construir uma 
análise histórica. Também vai ver que as questões do presente influenciam as leituras do passado e 
as composições biotípicas dos personagens.
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Conteúdo do Livro
Nas sociedades, o bom fluir dessas relações é responsável, entre outras coisas, por sua constituição 
e continuidade. As crenças e a religião estão presentes em todas as sociedades, das mais simples e 
não estatais às mais complexas. As relações entre poder político e poder religioso podem afetar a 
sociedade para o bem ou para o mal. O mesmo se dá em se tratando de economia, sem uma base 
econômica sólida dificilmente um Estado que integre soberania, território e povo se manterá 
estável.
No capítulo História Antiga: recortes, temas e fontes, da obra História Antiga, você vai aprender 
como se davam as relações entre poder político e religião em diferentes povos da antiguidade. Vai 
estudar sobre escravidão e trabalho compulsório e vai descobrir como a forma de pensar e 
institucionalizar a escravidão impactou a economia e a vida de gregos e romanos. A visão dos 
cineastas sobre a História Antiga e a utilização de filmes como instrumentos pedagógicos também 
serão abordados.
Boa leitura.
HISTÓRIA 
ANTIGA
Ana Cristina Zecchinelli Alves
A História Antiga: 
recortes, temas e fontes
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Discutir as relações entre religião e política na História Antiga.
  Reconhecer a presença da servidão e da escravidão na História Antiga.
  Analisar a História Antiga retratada no cinema.
Introdução
Didaticamente, a história pode ser dividida por temporalidades e te-
máticas. Quando se estuda a História Antiga, é necessário considerar as 
relações entre religião e política, as formas de submissão por meio da 
escravidão e dos trabalhos compulsórios, bem como as interpretações 
feitas sobre esse período ao longo do tempo.
Neste capítulo, você vai descobrir a íntima relação que existia entre po-
lítica e religião na Antiguidade. Você também vai estudar o trabalho com-
pulsório na prática da corveia e o seu formato mais ignóbil, a escravidão. 
Além disso, você vai ver como o cinema representa a Antiguidade. Como 
você vai notar, embora romanceadas para as telas e descomprometidas 
com a realidade histórica, as narrativas cinematográficas sobre a História 
Antiga podem ser instrumentos pedagógicos e fontes interessantes.
Religião e política na História Antiga
Tratar da relação entre política e religião na Antiguidade é complicado. Afi nal, 
a História Antiga é um período longo que apresenta uma variedade de divisões 
políticas, cujos registros nem sempre estão disponíveis. Muitas sociedades não 
deixaram fontes escritas e outras ainda não foram estudadas em profundidade. 
Por isso, a seguir, você vai estudar as sociedades mais conhecidas. Por meio 
delas, é possível obter uma imagem generalizada das relações entre religião e 
política na Antiguidade Clássica e Tardia. Consideram-se, para isso, os estudos 
de grandes mestres como Fustel de Coulanges e Ciro Flamarion Cardoso.
Oriente Próximo
No Oriente Próximo, na Antiguidade, a religião era central no pensamento 
social e político. As monarquias se assentavam sobre ela para justifi car e 
fundamentar o seu poder. Contudo, as relações entre religião e política apresen-
tavam diversas modalidades (CARDOSO, 1990). Os faraós, por exemplo, eram 
considerados deuses que regiam o Egito; outros monarcas eram intermediários 
entre os deuses e a humanidade. O temor da ofensa aos deuses era imenso, por 
isso mantinham-se o formalismo e o ritualismo e evitavam-se as impurezas.
Segundo Cardoso (1990), no que tange ao Oriente Próximo na Antigui-
dade, somente de forma artificial e para fins analíticos ou didáticos pode-se 
separar política, religião e economia. Os templos eram parte integrante do 
complexo do Estado. Embora elementos produtivos fossem entregues pelo rei à 
administração dos templos, isso era apenas uma forma de gerenciar riquezas, 
e não uma entrega definitiva.
No Império Assírio, o imperador tudo fazia em nome e para o deus Assur, 
que assume a primazia no referido período. Os neobabilônicos de Nabucodono-
sor tinham Marduc como seu deus principal. Já os judeus tinham Yaveh, para 
quem construíram o Templo de Jerusalém — seu único lugar de culto, onde 
inicialmente outros deuses também eram aceitos. Somente depois da divisão 
do reino e do exílio na Babilônia, com a compilação dos textos sagrados e 
a revisão deuteronômica, é que os judeus se tornam totalmente refratários a 
outros deuses, praticando um monoteísmo radical e único para a época. Yaveh, 
durante milênios, foi o condutor das decisões dos judeus em todos os campos.
Mesopotâmicos
Para os mesopotâmicos, o mundo humano, o natural e o divino são contínuos; 
tudo é animado. O que surge na Terra é projetado pelos deuses, inclusive 
cidades-estados, monarquias e impérios. A monarquia é uma criação divina 
que “desceu dos céus” duas vezes: antes e depois do dilúvio. O Estado é 
organizado pelos deuses de forma hierárquica, tendo estes também uma assem-
bleia divina. Tudo e todos, a começar pelo rei, são servidores das divindades 
(CARDOSO, 1990).
A História Antiga: recortes, temas e fontes2
Nos diversos impérios surgidos na região mesopotâmica, o politeísmo 
esteve presente. Os deuses das cidades eram cultuados. Durante o Império 
Assírio, o deus Assur assume a primazia e a ele se seguem os demais deuses. 
É Assur o deus que determina a ação dos reis, que tudo fazem em seu nome. 
No Império Babilônico sob Hammurabi e no neobablônico caldeu, é Marduc 
o deus principal a quem servem e obedecem aos reis.
Egípcios
No Egito, antes da unifi cação, as associações administrativas territoriais 
regionais iniciais formavam nomos ou spat, que reuniam pessoas em traba-
lhos de irrigação e armazenavam grãos e metais, o que pressupunha alguma 
forma de tributação. Esses nomosem tribos ou fratrias e posteriormente em cidades produziam um novo 
deus, desenhado em seus atributos as características que cada novo grupo desejava que 
fossem repassadas aos cidadãos.
C) Escolhia-se um novo deus entre deuses de outros povos e adotava-se como o deus da tribo 
ou fratria, quando estas se juntavam para formar uma cidade, repetiam o processo buscando 
outro deus que não fosse o já cultuado por nenhuma das tribos.
D) Ao se unirem para formar tribos ou fratrias, as famílias gregas ou latinas concebiam um novo 
deus, divindade superior às domésticas pertencente a vários grupos para a qual criavam altar 
e culto; o mesmo ocorria por ocasião da união de tribos ou fratrias para formação da cidade.
E) Na Grécia, onde a democracia era dominante, exceto por Esparta e algumas outras pequenas 
cidades, o deus da fratria e da cidade eram eleitos pelos cidadãos. Em Roma, vencia o deus lar 
ou antepassado da família mais poderosa na formação da tribo ou cidade , a quem os deuses 
de todas as outras famílias passavam a se subordinar
3) O cristianismo a princípio era entendido tanto por judeus-cristãos quanto por romanos como 
uma seita judaica. A influência de Paulo foi decisiva para a universalização do Cristianismo. 
As divisões entre o Judaísmo e o Cristianismo sempre estiveram presentes, tanto nas 
relações entre apóstolos como entre grupos distintos do Judaísmo. A separação definitiva 
entre as duas vertentes religiosas ocorre:
A) a partir da conversão de Paulo, um judeu-romano,que anteriormente caçava cristãos e após 
se converter resolveu abandonar o Judaísmo e levou os chamados judeus-cristãos a negarem 
sua parte judia, tornando-se somente cristãos.
B) a partir da morte de Paulo e Pedro em Roma, os devotos da doutrina de Jesus, revoltados 
com os judeus que o mataram e com os romanos que consideravam Pedro e Paulo como 
judeus-cristãos, resolveram tirar a palavra judeu de sua confissão religiosa.
C) a separação final ocorreu quando os romanos destruíram o segundo templo e arrasaram 
Jerusalém, dando início à diáspora judaica, em 70 d.C.; pouco antes do evento, os cristãos já 
haviam abandonado a cidade, passando ao outro lado do Jordão.
D) em verdade, eles não se separaram até que a Igreja Cristã conseguisse se tornar aceita em 
Roma e posteriormente religião oficial do Império, momento em que os cristãos não 
precisavam mais se dizer judeus-cristãos.
E) não houve separação; com a queda de Jerusalém e a destruição do segundo templo, o 
Judaísmo desapareceu, só voltando a reaparecer na Europa no final da Idade Média. A Igreja 
Cristã, no entanto, continuou viva e cresceu em força e poder, tornando-se independente.
4) Você aprendeu que a escravidão esteve presente em quase todas as sociedades antigas, e 
que ocorria a partir de diferentes situações para atender a diferentes demandas. Segundo o 
entendimento de Perry Anderson, a escravidão sempre existiu, porém ela toma outra 
característica a partir da ação de gregos e romanos. A que transformação realizada na 
instituição da escravidão a partir das sociedades gregas e romanas Anderson está se 
referindo?
A) Anderson se refere à escravidão por dívidas que entre os Romanos foi abolida pelo código 
das Doze Tábuas e entre os gregos variou de cidade a cidade, sendo proibido por Aristóteles 
aos gregos escravizar outros gregos.
B) Os escritos e as decisões de Péricles que, a partir de Atenas, envia aos gregos uma mensagem 
sobre a importância de somente fazer escravos entre os povos mesopotâmicos e sempre 
poupar da escravidão romanos e egípcios.
C) A transformação da escravidão em um modo de produção escravo adotado inicialmente pelos 
gregos e posteriormente pelos romanos, permitindo, segundo o autor, constituir uma base 
definitiva tanto para suas realizações quanto para seu eclipse.
D) Antes que gregos e romanos começassem a escravizar pessoas, a escravidão somente se dava 
por dívida ou por crime, sendo essas formas, segundo o autor, “impuras” juridicamente 
falando. Isso não ocorreu na Grécia e em Roma, pois esses povos também escravizavam por 
guerra.
E) Anderson se refere ao colonato, que em Roma, por tabela na Grécia, depois de Roma, e nos 
locais do antigo Império, substituiu com louvor a escravidão e produziu muito mais para o 
Estado que o sistema anterior.
5) A antiguidade vem sendo retratada pelo cinema há tempos e, nos últimos anos, alguns filmes 
com temáticas antigas vêm sendo refilmados ou ganhando novas versões. Utilizar filmes 
para ensinar História Antiga em sala de aula exige atenção, pois, segundo o entendimento de 
Marc Ferro:
A) desde que se tornou uma arte, o cinema, sob a aparência da mera representação, introduz nos 
filmes ficção e documentários, doutrinas e glorificações .
B) é necessário conhecer bem os diretores, os roteiristas e as fontes que foram usadas por eles 
antes de utilizar um filme em sala de aula. Principalmente, é preciso levantar os currículos dos 
menos conhecidos.
C) as histórias e os grandes épicos hollywoodianos sempre primaram por sua isenção e 
imparcialidade na representação da antiguidade.
D) exceto os filmes sobre o Judaísmo e o Cristianismo que se baseiam nas palavras e nos textos 
da Bíblia, sendo, portanto, verdade intestável, os demais são apenas ficções
E) desde que se tornou arte, seus pioneiros passaram a pesquisar e tratar a história de forma 
científica, retratando-a e representando-a com verossimilhança.
Na prática
Quando o ser humano pensa que a escravidão e as formas de trabalho compulsório análogas a ela 
acabaram, abre o jornal ou liga a TV e lá está a escravidão contemporânea desmentindo as 
esperanças e debochando das leis.
Na antiguidade e em outros períodos históricos, a escravidão foi tratada como algo naturalizado 
pela sociedade e defendido por filósofos como Aristóteles e Platão, recebendo a condescendência 
da Igreja Católica, que a naturalizava em troca de uma suposta evangelização dos indígenas pelos 
portugueses e espanhóis. Enquanto decidia se africanos tinham alma, ela também tinha escravos. 
Até o século XIX, a escravidão em alguns lugares no Ocidente era legal.
Veja como aproveitar o assunto dos alunos para introduzir temáticas e debater assuntos do 
presente e do passado.
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Saiba mais
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Governando camponeses: colonato e mobilidade no Império 
Romano tardio
Para uma visão sobre a instituição do colonato e suas legislações, leia este artigo.
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Escravo, servo ou camponês? Relações de produção e luta de 
classes no contexto da transição da antiguidade à Idade Média
Veja este artigo e compreenda debates historiográficos sobre escravidão, servidão e colonato na 
Hispânia entre os séculos V e VIII d.C
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O grande monumento da engenharia romana | 
HUMANIDADE | HISTORY
Veja este vídeo em que uma equipe multidisciplinar tenta reproduzir as construções da Roma 
antiga.
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https://seer.ufrgs.br/anos90/article/view/65579/46837
http://periodicos2.uesb.br/index.php/politeia/article/view/3809/3134
https://www.youtube.com/watch?v=8Vy6XMumBQQ
Mulheres Faraó [COMPLETO] – As rainhas do Nilo
Veja o vídeo e tenha uma visão sobre rainhas egípcias.
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Cinema e história – as funções do cinema como agente, fonte e 
representação da história
No artigo, Barros, refletindo a partir da convergência entre História cultural e História política, 
analisa e discutepossibilidades de interação entre cinema e História e uso do cinema como fonte 
histórica.
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https://www.youtube.com/watch?v=qCIWriMT3R0
https://journals.openedition.org/lerhistoria/2547se tornaram províncias no Egito unifi cado. 
O primeiro rei era a divindade Hórus, que assumiu o trono após a morte de 
seu pai, o deus Osíris; os monarcas que se seguem são a sua encarnação. Veja:
Na teoria político-religiosa da monarquia egípcia, formada muito cedo e 
mantida por quase três milênios com poucas alterações [...], o rei se define 
literalmente como o centro de todas as coisas, incluindo mesmo os países 
estrangeiros, destinados à subordinação por ele [...] O rei, como deus, é a 
origem de todos os poderes (CARDOSO, 1990, p. 41–43).
O faraó é também chamado filho de Rá (Sol), podendo falar pelos deuses 
e por si mesmo. No Egito, os cultos aos deuses locais dos nomos se mantêm, 
embora os deuses monárquicos possam variar conforme o momento e a dinastia. 
Alguns deuses locais acabaram por se tornar nacionais por conta da escolha 
monárquica. O que transformava o rei em Hórus vivo era sua entronização, 
e a partir da quinta dinastia ele se tornou filho de Rá. Havia uma série de 
regras de hereditariedade, que cobriam por meio de casamentos os casos em 
que o rei não era o filho do último faraó. De qualquer forma, era a coroação 
que o fazia divino, e não o nascimento. No processo, o faraó vinculava-se à 
linha sucessória divina e simbolizava a união entre o cosmos e a humanidade. 
Também a partir da quinta dinastia os sacerdotes adquirem importância e se 
hierarquizam (CARDOSO, 1990).
No Egito, a visão do faraó como um deus vivo demonstra a inseparabilidade 
da religião e da política, embora nem sempre os sacerdotes dos diversos templos 
tivessem ingerência direta sobre o faraó, o que não obstava sua força política. 
No reinado de Akhenaton, ocorreu uma revolução religiosa de cima para 
baixo: o faraó decidiu ser Aton, o deus único, uma tentativa de monoteísmo 
3A História Antiga: recortes, temas e fontes
que pereceu com o próprio faraó, assim como Amarna, cidade que fundou 
para Aton e na qual obrigou a corte a permanecer. Sobre o período, Cardoso 
(1990, p. 11) explica:
A historiografia de há algumas décadas costumava explicar a reforma religiosa 
empreendida pelo soberano egípcio Akhenaten (1353–1335 a.C.) como algo 
análogo à luta entre imperadores e papas na Idade Média, com motivações 
mais políticas e econômicas do que religiosas. O culto de um novo deus so-
lar — Aten —, surgido na corte já antes de Akhenaten, e posteriormente sua 
imposição como deus único do Egito, seriam formas de reação dos faraós [...] 
contra o incremento exagerado do poder político e da riqueza do clero das 
divindades tradicionais, em especial o do deus Amon-Ra — incremento que 
teria ocorrido em detrimento do poder e da riqueza do próprio rei.
Perceba que o faraó decidiu que haveria um único deus e a sociedade se 
tornou oficialmente, naquele período, monoteísta, retornando ao politeísmo 
quando da assunção do novo faraó. Isso não significa que as pessoas comuns 
tenham deixado de crer nos seus deuses, apenas que o culto oficial e público 
era dirigido a um único deus, Aton. Nas guerras religiosas europeias, os reinos, 
em um primeiro momento, eram seguidores da religião de seu rei ou príncipe. 
Quando este mudava de religião, em teoria, todo o reino e os seus súditos 
também o faziam. Alguns exemplos do poder e da relação entre religião e 
política são emblemáticos: a conversão de Henrique de Navarra (“Paris bem 
vale uma missa”) para tornar-se rei da França (nesse caso, a maioria do povo 
era católico sem conversão e não haveria condições de assumir e permanecer 
no trono); o rompimento de Henrique VIII com a Igreja Católica, por lhe negar 
o divórcio, levando-o a criar a Igreja Anglicana, da qual se tornou o chefe; 
e o apoio dos príncipes alemães a Lutero, que acabou por permitir que se 
livrassem do domínio papal. Voltando ao Antigo Egito e ao seu rápido período 
de monoteísmo, veja as conclusões de Cardoso (1990, p. 12):
O faraó Akhenaten, como senhor supremo dos bens do Estado, fechou os 
templos e confiscou os seus bens, em seu próprio proveito e no dos santuários 
do seu deus Aten, sem encontrar qualquer resistência, já que a concepção e a 
tradição da monarquia egípcia lhe davam pleno direito de o fazer. Mais tarde, 
morto Akhenaten, outro rei reverteu tais medidas e restaurou os deuses e suas 
propriedades: mas não como efeito de uma luta ou resistência do “clero de 
Amon”, ou de qualquer outro corpo sacerdotal. A impopularidade da reforma 
tentada deve ter influído na decisão de encerrar a experiência; mas foi só 
depois de encerrada que se geraram, por monárquica, textos e outras reações 
desfavoráveis à mesma e ao rei já falecido que a empreendera.
A História Antiga: recortes, temas e fontes4
Uma diferença que deve ser considerada é a que existe entre as monarquias 
egípcias e mesopotâmicas e as siropalestinas. Segundo Cardoso (1990), as 
primeiras eram mais estáveis devido à sua ecologia. Por conta de sua alta 
produtividade agrícola, da densidade populacional e da mão de obra para 
prestar corveias, havia estabilidade, o que permitia a formação de complexos 
político-econômicos duradouros. Na região da sírio-palestina, a situação era 
diferente. Como o local era menos povoado e produtivo, tornava-se propor-
cionalmente mais complicado para a sociedade manter os luxos e gastos das 
monarquias, classes dominantes e burocratas, reduzindo o tempo de duração 
desses sistemas — que, embora pareçam mudar, são reconhecíveis — de 
milhares de anos no caso do Egito e da Mesopotâmia para centenas de anos 
no caso da Siría Palestina, com renovações ocorrendo a partir de guerras, 
rebeliões, migrações e invasões (CARDOSO, 1990).
Hititas
Os hititas viviam na Ásia Menor e apresentavam condições bastante diferen-
ciadas em sua estrutura ecológica, com qualidade de pastagens e fertilidade 
variada em seu território. Porém, a sua agropecuária era de rendimento inferior 
à dos povos mesopotâmicos e egípcios. A sua população era pequena e rarefeita. 
Durante a sua história, os hititas sofreram ataques e invasões de diversos 
povos que os infl uenciaram em diferentes dimensões. Os deuses próprios ou 
importados de outros povos eram cultuados conforme o rito original e não 
se praticava sincretismo. Entre os hititas do período imperial, o rei era tam-
bém, e acima de tudo, o sumo sacerdote mediador entre os deuses e homens, 
agindo sob a tutela da divindade; a sua esposa era a sacerdotisa principal. 
Ao morrerem, os reis eram divinizados (CARDOSO, 1990).
O Antigo Império Hitita (cerca de 1650 a.C.) surgiu aos poucos a partir da 
Anatólia Central, conquistando cidades ou saqueando-as, inclusive a Babilônia 
na Baixa Mesopotâmia (1595 a.C.), sem, no entanto, permanecer por longo 
tempo na região. Era um reino com problemas internos (lutas dinásticas e 
aristocráticas) e externos (adversários). Em 1525 a.C., Telepinush chega ao 
trono hitita e estabelece regras dinásticas de sucessão, procurando consolidar 
o seu poder e a monarquia. Durante o Médio Império, ocorre a expansão. No 
reinado de Supiluliuma I (cerca de 1380 a 1346 a.C.), o reino hitita se transforma 
num vasto império com capital em Hattusha (atual Boghazköy). A Ásia Menor, 
no entanto, não se unificou politicamente; reinos subordinados aos hititas 
possuíam autonomia interna considerável, o que também ocorria com relação 
a povos não estatais, como os kasha, asi e kayasa a eles submetidos. A sua 
5A História Antiga: recortes, temas e fontes
organização política era em forma de estados confederados, preservando-se 
alternadamente por via de casamentos dinásticos, tratados, juramentos ou 
guerras punitivas, de forma a “[...] manter o fluxo de tributos e o envio de 
tropas auxiliares” (CARDOSO, 1990, p. 53). Havia variação no tratamento 
dado às províncias conforme sua importância estratégica e sua localização.
Entre 1306 e 1250 a.C., aproximadamente, hititas e egípcios disputaram a 
área da sírio-palestina, chegando a um acordo por conta da pressão exercida 
sobre eles pelos assírios. Nesse período imperial, os reis se autorreferiampela 
expressão “meu Sol”; eram sumo sacerdotes, generais supremos, exercendo 
ainda as funções de legislador e, se necessário, juiz. É interessante notar a 
posição da rainha hitita: 
A rainha tinha uma posição própria no Estado e na religião, e uma sucessão 
separada (ou seja, só ao morrer a rainha anterior a esposa do soberano atual se 
tornava rainha). Ela recebia cartas e intervinha na diplomacia paralelamente 
ao rei (CARDOSO, 1990, p. 54). 
As mulheres encontraram poder real entre hititas, no reino de Kush, no 
período meroítico e no Egito, onde algumas se fizeram faraós e outras inter-
feriram ativamente no governo.
Judeus
Os judeus se consideram o povo eleito pelo deus Yaveh. Moisés seria o homem 
escolhido por Yaveh como seu líder, responsável por tirá-los do cativeiro 
egípcio. De seu retorno à síria-palestina até o período do pós-exílio babilônico, 
os judeus percorreram um longo caminho. Houve episódios de retorno ao 
politeísmo e de monolatria, até que chegaram fi nalmente a um monoteísmo 
radical, origem do judaísmo. As regras dessa religião foram desenvolvidas 
juntamente à compilação dos textos sagrados salvos da destruição do templo 
pelos deuteronomistas durante o exílio.
Suas tribos, já na Palestina, eram governadas por líderes que aos poucos 
formaram ligas ou confederações, reunindo-se “[...] em santuários como Gigal 
ou Silo para consultar a divindade, Iahweh, por ocasião de certas festas anuais” 
(CARDOSO, 1990, p. 62). Nesse período de confederações e ligas, surgiram os 
juízes, que emergiam como elementos carismáticos em momentos de crise ou 
perigo. Posteriormente, o profeta Samuel unge o primeiro dos reis israelitas: 
Saul (cerca de 1020 a 1000 a.C.), sucedido por David (cerca de 1000 a 961 
a.C.), que vence os filisteus, também ungido por Samuel.
A História Antiga: recortes, temas e fontes6
Entre os governos de Saul e David, dá-se a formação do Estado dos israeli-
tas. David organiza a administração, a cobrança de impostos e o recrutamento 
militar, amplia o território e faz povos tributários e acordos com Hiram, rei 
de Tiro, na Fenícia. Ele foi ungido por deus e aclamado pelo povo. Seu filho 
Salomão (961–922 a.C.) é escolhido por David em vida como sucessor no trono, 
sendo então ungido e aclamado, iniciando assim a hereditariedade na monarquia 
israelita. Salomão reinou pacificamente e construiu o templo de Yaveh em 
Jerusalém, cidade que David havia conquistado e que se tornou sede do reino.
As religiões dos povos mesopotâmicos, egípcios e hititas tinham em comum 
o fato de serem não reveladas, desenvolvidas com base em cultos locais, não 
diferenciando as esferas do humano, do divino e do natural. Já o javismo (de 
Yaveh) é considerado uma religião revelada: Yaveh, o deus, escolheu o povo 
israelita como seu povo e com ele fez uma aliança; ele falou com Moisés, a 
quem entregou os mandamentos gravados a fogo celeste em pedra. Yaveh é 
visto pelos teólogos israelitas:
[...] como entidade radicalmente heterogênea, descontínua, em relação aos 
homens e ao universo que criara. Deus garante a fertilidade e a abundância, 
mas não é um deus da fertilidade; comanda os astros e cavalga a tempestade, 
sem poder ser, em si, na sua natureza, associado a qualquer destas coisas 
(CARDOSO, 1990, p. 67–68).
Além disso, considere o seguinte:
O Deus de Israel não se associa aos acontecimentos repetitivos e até certo 
ponto previsíveis da natureza, mas à história, que ele comanda numa forma em 
geral inescrutável. Ao contrário das outras civilizações orientais, a israelita era 
dotada de um firme sentido de finalidade histórica, garantido pela crença na 
providência divina e na aliança com o Deus nacional (CARDOSO, 1990, p. 68).
A teocracia é o regime político decorrente da aliança. É em nome de 
Yaveh que líderes carismáticos, juízes e posteriormente monarcas governam, 
tributam, fazem guerra, etc. Todos eles tinham de receber tanto sanção divina 
quanto aclamação ou eleição humana. Para Cardoso (1990), durante o reinado 
de Davi, forjou-se a teoria político-religiosa pela qual uma nova aliança era 
realizada vinculando Yaveh, Jesuralém e a casa de David (CARDOSO, 1990). 
Durante os séculos seguintes, no que tange ao pensamento do povo hebreu-
-israelita-judeu, em todas as instâncias da vida, tudo está relacionado ao 
cumprimento das regras da aliança com Yaveh. Quando descumpridas, este 
se afasta e pune o povo.
7A História Antiga: recortes, temas e fontes
Os reis persas, como os mesopotâmicos, reinavam e agiam pela graça e 
pelo apoio dos deuses, em especial sob Dario I (521–486 a.C.), vinculado ao 
deus supremo Ahuramazda. Sua religião principal, cujo profeta era Zaratustra 
(por volta dos séculos VII e VI a.C.) era o zoroastrismo ou mazdeísmo, uma 
religião que pregava uma concepção dualista do mundo e que predominou 
na região até o advento do islamismo, no século VII d.C. (PINTO, [201-?]).
Com isso, pode-se afirmar que, no Oriente Próximo, religião e política 
estiveram sempre entrelaçadas. A única exceção é o povo judeu, cujo deus 
Yaveh estava radicalmente separado das demais dimensões da realidade. Yaveh 
era seu criador, mas não era parte da criação. A monarquia era ungida, eleita 
e aclamada. Nela, o rei algumas vezes assumia o papel de sacerdote. O corpo 
sacerdotal se desenvolveu de forma paralela e os profetas tinham ingerência 
sobre o todo político, social e religioso. No entanto, nem sempre o palácio e os 
sacerdotes concordavam. Embora o rei devesse seguir os ditames da aliança 
com Yaveh, não era o mediador entre o deus e os homens.
Gregos e romanos
Coulanges (2006) trata da importância das crenças para os homens da Anti-
guidade, reconhecendo que tais crenças se modifi cam com o tempo, a partir 
das mudanças dos próprios homens. Para Coulanges (2006), é impossível 
entender as instituições sem compreender as crenças dos homens. Ele refere-
-se aos cultos familiares — aos mortos, ao fogo sagrado —, aos domésticos 
e àqueles da Cidade — aos fundadores, aos deuses da cidade e, na Roma 
Imperial, ao imperador.
De acordo com Coulanges (2006), as famílias gregas e romanas foram 
constituídas a partir de uma religião primitiva, que estabeleceu algumas pre-
missas: as formas de casamento, a autoridade paterna, os direitos de sucessão 
e propriedade. Posteriormente, da associação de famílias, originou-se uma 
instituição maior: a cidade (pólis e civita), que herdou os seus princípios da 
religião. Tais princípios foram adaptados e modificados, evoluindo ao sabor 
das transformações sociais.
Para esse autor, as estruturas mentais dos homens guardam memórias 
de outros tempos e crenças que, mesmo não deixando vestígios materiais ou 
escritos, se fazem presentes nas estruturas linguísticas. Assim, ele entende 
que a partir de tais memórias seria possível conhecer as crenças mais antigas. 
Para Coulanges (2006), as crenças dos homens afetaram a constituição da 
família e a constituição e as instituições das cidades: religião, política e direito.
A História Antiga: recortes, temas e fontes8
Para Coulanges (2006), a constituição do direito privado foi realizada 
da família para a cidade. Caso contrário, seria diferente, posto que talvez 
o patriarca não tivesse tanto poder em suas mãos. Ele considera que a ideia 
religiosa e a sociedade caminharam juntas. Grupos de famílias gregas forma-
ram frátrias, enquanto as latinas formaram cúrias, concebendo, no momento 
em que se uniam, uma divindade superior às domésticas, que pertenceria a 
vários grupos, velando por eles. Para essa divindade, criavam altares e cultos, 
tornando-a a protetora do grupo. Frátrias e cúrias constituíam assembleias que 
tinham direito a promulgar decretos. Crescendo, as associações de frátrias e 
cúrias formavam tribos e o processo (altar/culto) se repetia. Em geral, o deus 
da tribo era um herói ou um homem divinizado. As tribos tinham assembleia 
e tribunal com direito de justiça sobre seus membros.
Aos deuses humanos, antepassados divinizados, provenientes da formação 
familiar,somam-se outros deuses que Coulanges (2006) classifica como deuses 
de natureza física (Zeus, Hera, Juno, Marte, etc.). Duas religiões distintas, 
mas não concorrentes, passam a coexistir: uma, a religão doméstica de cunho 
familiar e privado; outra, a religião da cidade, de cunho público, social e 
político. Com relação à última, muitas vezes, seus deuses eram apropriados 
de forma personalizada pelas famílias.
Da união das tribos (voluntária ou não), surgiram as cidades, tendo como 
vínculo constituinte o culto, o fogo sagrado aceso no templo no meio da nova 
cidade e uma religião comum. Era erguido um templo (Vesta em Roma e 
Primateu entre os gregos) onde ficava o altar da cidade; nele, o fogo sagrado 
permanecia sempre aceso. Em Roma, as sacerdotisas de Vesta, as vestais, 
eram muito respeitadas e levavam vidas de dedicação exclusiva, sendo pe-
nalizadas caso deixassem o fogo apagar ou cometessem atos que de alguma 
forma maculassem o culto ou a sua castidade, o que era entendido como um 
perigo para a cidade. Os cultos dos deuses da cidade eram interditados a 
estrangeiros. Por sua vez, os sacerdotes eram vinculados às suas cidades e 
templos (COULANGES, 2006).
Os deuses das cidades eram força e sustentáculo e estavam presentes em 
todas as situações que a ela se referiam: políticas, sociais, culturais, econômicas 
e bélicas. Gregos e romanos, especialmente, tinham tanto respeito pelos deuses 
das cidades, que antes das batalhas conjuravam seus deuses a não abandonarem 
a cidade e faziam agrados e oferendas aos deuses dos inimigos, para que lhes 
abandonassem e ficassem ao lado de Roma, pelo que receberiam templos e 
cultos. Algumas vezes, os gregos preferiam roubar a estátua dos deuses dos 
templos inimigos. As cidades sitiadas, por sua vez, tudo faziam para proteger 
seus deuses. Clausewitz (2005, p. 90) afirma “[...] que a guerra é simplesmente 
9A História Antiga: recortes, temas e fontes
a continuação da política por outros meios”. No caso dos gregos e romanos, a 
religião e a política estavam juntas e eram inseparáveis, posto que os deuses 
eram a força e cuidavam da fortuna da cidade. O seu apoio e a sua proteção 
eram alvo de suborno ou furto. Dessa forma, pode-se dizer que os antigos 
começavam a guerra — continuação da política — pelo ato religioso, não 
havendo separação entre religião e política.
Com exceção dos hebreus, em geral, os povos da História Antiga não separavam a 
política da religião, nem o divino do humano e do natural. Os casos distintos se devem 
à influência da filosofia, em determinado momento na Grécia, e do cristianismo, que 
em princípio separa os poderes espirituais dos temporais, mas não deixa de influenciar 
a política.
O cristianismo
O cristianismo surge entre os judeus na época da dominação romana. Ini-
cialmente, é considerado mais uma entre diversas seitas judaicas, certamente 
incômoda para os sacerdotes judeus, dada a perseguição que sofrem os após-
tolos depois da morte de Jesus. Da Palestina, o cristianismo espalha-se para o 
mundo antigo. No norte e no nordeste da África, entre os séculos I e IV d.C., a 
religião encontra abrigo e acolhimento para a sua vanguarda intelectual, que, 
mais tarde, no século VII d.C., sucumbiria com o advento de outra religião, 
o islamismo (BRANCO, 2015). Por volta de 350 d.C., a Etiópia, antigo reino 
de Axum, se converte ao cristianismo a partir da conversão do rei Ezana, da 
rainha e da família real. Então, os templos dos antigos deuses são transfor-
mados em igrejas.
Com o advento do cristianismo e a sua relação com o Império Romano, 
especialmente após se tornar a religião oficial do Império, algumas mudanças 
se verificam na relação entre Estado e religião. O governante político não é 
mais o pontífice máximo da religião romana e, embora a Igreja Cristã seja a 
religião oficial do Império, ela é também universal, portanto sem fronteiras. 
Os deuses pagãos, que em geral conviviam em harmonia respeitosa, são 
excluídos, considerados falsos ídolos, vencidos pelo poder do deus cristão. 
A História Antiga: recortes, temas e fontes10
O imperador e os reis, no entendimento dos cristãos, não são deuses, mas 
estão a serviço do deus cristão, empoderados por ele.
O deus cristão, que na época em que Jesus viveu era o mesmo deus dos 
judeus (Yaveh), deste se distancia e se diferencia religiosamente, sendo in-
terpretado de outra forma: aquela descrita pelo Novo Testamento, baseada 
na doutrina pregada por Jesus e pelos apóstolos. Com a queda de Jerusalém, 
a destruição do segundo templo e a diáspora judaica, em 70 d.C., cristãos e 
judeus definitivamente se separam. Daí em diante, o cristianismo cresce em 
volume de adeptos e em relação às classes que a ele aderem. Torna-se, assim, 
a religião oficial do maior império daqueles tempos.
Para além do Império, e antes mesmo de conquistá-lo, a religião já havia 
se espalhado pelo norte da África e por diversos pontos do Oriente. Também 
se infiltrara entre os povos bárbaros. O cristianismo adquiriu força espiritual 
e moral e moldou consciências, inclusive as dos senhores do poder. Nos anos 
finais de Roma, o cristianismo já havia convertido muitos reis e chefes “bár-
baros”. Assim, a religião se converteu numa potência espiritual e temporal, 
de modo que a política se realizava dentro e fora da Igreja. Em síntese, o 
cristianismo adquiriu poder e estrutura financeira.
Para Friguetto (2010), na Antiguidade Tardia, época de grandes transforma-
ções religiosas, políticas, sociais, culturais e econômicas, o cristianismo foi um 
dos elementos principais que contribuíram para o processo de transformação e 
renovação ocorrido. O cristianismo católico serviu como veículo de afirmação 
de poder político durante a Antiguidade Tardia. Se os imperadores, a partir 
dos concílios de Niceia (325 a.C.) e Constantinopla I (381 a.C.), se tornam 
defensores da comunidade dos homens, também se vinculam ao divino por 
meio da fé. Dessa forma, o imperador aparece como “eleito”, escolhido como 
representante da unidade da eclésia. Com o fim do Império, duas figuras 
despontam como substitutas no que tange à defesa e à manutenção da unidade: 
bispos e monarcas romano-bárbaros (rex). Friguetto (2010, p. 126) pontua que 
a sociedade política na Antiguidade Tardia era composta por um:
[...] conjunto de indivíduos detentores de importantes cargos e funções políticas, 
administrativas e militares, integrantes dos grupos sociais mais destacados, 
inclusive do ponto de vista cultural, das instituições políticas existentes na 
Antiguidade Tardia, como o império e os reinos. Aqui encontramos os partí-
cipes das aristocracias regionais de origem senatorial romana e pré-romana, 
que envolviam tanto os segmentos laicos como os eclesiásticos, ao lado dos 
líderes tribais bárbaros presentes, de forma efetiva, desde os primórdios do 
século V nos territórios romanos ocidentais. Foram estes grupos políticos e 
11A História Antiga: recortes, temas e fontes
sociais os maiores interessados pela construção de princípios teóricos e ide-
ológicos que defendiam a noção de unidade presente no discurso eclesiástico 
desde Niceia com uma lógica extensão ao conjunto das instituições políticas 
e sociais que indicavam o imperador, o rei e o bispo como responsáveis pela 
preservação unitária do universo político e religioso no ocidente tardo-antigo.
O autor refere-se a cristianismos que podiam ser entendidos como legítimos 
ou não. De qualquer forma, forneciam uma:
[...] explicação lógica sobre a natureza do Deus cristão e a sua conexão ao 
mundo terrestre, especialmente seu vínculo com a máxima autoridade política 
e secular, legitimando-a e, em teoria, fortalecendo-a ideologicamente diante 
das ameaças existentes (FRIGUETTO, 2010, documento on-line). 
O bispo era a figura mais emblemática e representativa dessa ideia.
Num período em que a alteridade e a identidade, a heresia e o paganismo, 
a civilização e a barbárie eram conceitos em conflito e em busca de definição, 
ser cristão podia estar muito próximode ser civilizado, urbano, conhecedor 
da lei e da fé. Por outro lado, os que se retiraram para o mundo rural eram 
tidos como camponeses, rústicos, agrestes, cultuadores de ídolos e pagãos. 
Os “homens santos cristãos” buscam no ambiente rural e nas dificuldades que 
apresenta tanto se aperfeiçoar quanto combater o paganismo.
Desde o século III a.C., o Império vinha assinando tratados e fazendo 
alianças com povos bárbaros, criando novos foedus. Ele utilizava esses povos 
tanto nos limes quanto no exército, internalizando-os. Muitos desses povos se 
tornaram cristãos (católicos ou arianos), embora nem todos os clãs aceitassem 
o cristianismo, o que resultou em conflitos internos. Para Friguetto (2010), 
a evangelização e a conversão de bárbaros ao cristianismo (em especial ao 
cristianismo ariano), principalmente no século IV d.C., tem a ver com uma 
busca, por parte desses povos, de “[...] inserção e aceitação no interior da 
romana civitas” (cidadania romana, no caso, indicando a busca por aceitação 
de sua cidadania legal para que se torne real ante os romanos) (FRIGHETTO, 
2010, documento on-line). Entre bárbaros, cristãos e pagãos, constrói-se a 
diferença: uns cristianizados e interiorizados no território imperial e partícipes 
da romana civitas e outros que, permanecendo pagãos, continuam considera-
dos “bárbaros”, “incivilizados”. Nesse caso, religião e política permanecem 
caminhando juntas, como elementos complementares entre si, sem relação 
de subalternidade.
A História Antiga: recortes, temas e fontes12
Na Antiguidade Clássica, não parece ter havido o que se conhece hoje como Estado 
laico. Religião e Estado andavam de mãos dadas, quando não eram representados 
por um único elemento real ou família. A Antiguidade Tardia e a Alta Idade Média 
demonstram que mesmo a separação entre Estado (reino, império) e Igreja não significa 
realmente uma divisão entre a religião e o poder governante temporal. Essa ligação se 
torna evidente em 800 d.C., quando Leão III (750–816), após solicitar e receber a ajuda 
de Carlos Magno (747–814), o rei dos francos, o coroa como imperador romano, o que 
sob vários aspectos foi uma demonstração do poder da Igreja.
Os deuses, a política e os sacrifícios
Como você viu, para os povos da Antiguidade, política e religião eram uma 
dimensão contínua, sem divisas claras (embora pudessem parecer separadas, 
por exemplo, no binômio palácio/templo). Também é necessário reconhecer 
que, até advento do cristianismo, as demais religiões, além de orações, ofe-
reciam aos seus deuses: fogos, frutas, alimentos da terra, água e sacrifícios 
de diversos tipos de animais (em alguns casos, até de seres humanos). Não 
orar, não oferendar e não sacrifi car aos deuses, ou seja, não respeitá-los, eram 
atitudes consideradas impiedades e podiam causar diversos transtornos: fomes, 
guerras, perdas, doenças, pestes, morte, destruição.
A literatura, a mitologia e as escavações apontam para a realização de 
sacrifícios humanos de diversos tipos. Os sacrifícios não eram meros assas-
sinatos, mas rituais em que se oferecia a vítima como algo que, se já não era 
sagrado, sacralizava-se no próprio ritual. Na Íliada, de Homero, por exemplo, 
para vencer a Guerra de Troia, Agamenon, o líder dos gregos, sacrifica a 
sua filha Ifigênia à deusa Ártemis para vencer a guerra. Nenhuma rogativa 
da esposa ou da filha foi capaz de demovê-lo. Agradar a deusa para obter a 
vitória dos gregos sobre Troia era mais importante do que a própria família.
O preço de sangue foi cobrado a Atenas pelo rei Minos, de Creta, cujo 
filho Androgeu, campeão dos jogos ginásticos, havia sido assassinado por 
rivais atenienses (PLATÃO, 1991; CANDIDO, 2007). A compensação foi 
exigida na forma do envio periódico de sete moços e sete moças atenienses 
a serem sacrificados ao Minotauro em seu labirinto. Isso se repetiu até que 
Teseu, um jovem ateniense determinado a pôr fim ao Minotauro, embarcou 
junto aos demais destinados ao sacrifício com a finalidade de matar o mons-
tro. Ao chegar a Creta, foi visto por Ariadne, filha de Minos e Pasífae, que 
13A História Antiga: recortes, temas e fontes
se apaixonou por ele, entregando-lhe um novelo e permitindo que, por uma 
artimanha, conseguisse entrar no labirinto, derrotar o Minotauro e sair de lá 
vivo (BULFINCH, 2002; GRIMAL, 2009).
Os faraós egípcios, dada a sua crença em outra vida em que tudo era melhor, 
construíram pirâmides e tumbas. Nelas, para além das pinturas de cenas do 
processo de passagem ao outro mundo, das cerimônias, dos textos de evoca-
ção e invocação, das oferendas aos deuses e das representações da vida no 
além, eram colocados o enxoval mortuário e comidas e bebidas. Inicialmente, 
também eram enterrados nas tumbas — sacrificados — servos que pereciam 
para servir aos faraós na outra vida. Aos poucos, contudo, o corpo dos servos 
foi sendo substituído pelos shabti ou ushabti, “pequenas estatuetas, colocadas 
nas tumbas, representando servos cuja função era substituir o morto em seus 
trabalhos na pós-vida”.
Os fenícios e cartagineses praticavam sacrifícios humanos ou “sacrifícios 
Moloc” (KORMIKIARI, 2017), além de sacrifícios infantis. Eles consideravam 
tais sacrifícios rituais de devoção, que também se refletiam em uma posição 
privilegiada da sociedade junto aos deuses. Embora pesquisadores discutam se 
o que havia era sacrifício infantil ou uma necrópole para crianças, a tendência 
é considerar que realmente havia espaços da sacrifício de crianças e animais 
aos deuses Baal Harmom e Tanit (KORMIKIARI, 2017).
Moloc (2019) é o nome de um antigo deus amonita. A adoração de Moloc foi praticada 
pelos cananeus, pelos fenícios e por culturas relacionadas no norte da África e no 
Levante. Como um deus adorado pelos fenícios e pelos cananeus, Moloc estava 
associado com um tipo especial de sacrifício infantil propiciatório realizado pelos pais.
Arqueólogos encontraram diversos tofetes, espaços sagrados, cercados e 
abertos onde eram depositadas:
[...] urnas contendo bebês ou crianças muito pequenas e/ou animais bebês, 
normalmente cordeiros, cremados, por vezes sob marcadores de pedra (as 
chamadas estelas), e com vários tipos de altares, capelas e outros tipos de ins-
talações de culto ali posicionados. (KORMIKIARI, 2017, documento on-line). 
A História Antiga: recortes, temas e fontes14
Na Bíblia, uma peroração demonstra que o deus dos judeus, Yaveh, des-
gostava dos atos que vinham sendo praticados:
Porque os filhos de Judá fizeram o que era mau aos meus olhos, diz o Senhor; 
puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome, para 
contaminá-la.
E edificaram os altos de Tofete, que está no Vale do Filho de Hinom, para 
queimarem no fogo a seus filhos e a suas filhas, o que nunca ordenei, nem 
me subiu ao coração.
Portanto, eis que vêm dias, diz o Senhor, em que não se chamará mais 
Tofete, nem Vale do Filho de Hinom, mas o Vale da Matança; e enter-
rarão em Tofete, por não haver outro lugar (JEREMIAS, 7:30-32, 2019, 
documento on-line).
Disso é possível concluir que, além dos fenícios, parte dos judeus tam-
bém praticava sacrifícios humanos. Em Levítico (18:21, 2019, documento 
on-line), aparece uma ordem de Yaveh: “E da tua descendência não darás 
nenhum para dedicar-se a Moloque, nem profanarás o nome de teu Deus. 
Eu sou o SENHOR”. César relata que celtas realizavam sacrifícios humanos 
aos deuses e ofereciam a Marte todo o “butim animado”. Diodoro da Sicília 
e Estrabão também relatam sacrifícios humanos realizados aos deuses pelos 
celtas (MARCO-SIMÓN, 1999). Langer (2004) estuda sacrifícios humanos 
entre os vikings. Segundo as suas pesquisas, os escravos, por sua condição 
jurídica entre vikings até o cristianismo, eram considerados seres semelhantes 
aos animais, sendo por isso a maior parte das vítimas imoladas, juntamente 
a prisioneiros de guerra e criminosos.
Na Anatólia (atual Turquia), durante a ocupação celta, no período helenís-
tico (cerca de 360 a 110 a.C.), também eram praticados sacrifícios humanoscujos vestígios físicos foram encontrados na cidade de Gordion, em uma 
microrregião denominada Lower Town. Posteriormente, no período romano, 
os vestígios indicam que eram realizadas práticas funerárias de enterramento 
de tipo convencional (CARDOSO, 2014). Especialistas e estudiosos do 
assunto são capazes de diferenciar por meio de análises a morte sacrificial 
do enterramento.
15A História Antiga: recortes, temas e fontes
Como você viu, na Antiguidade, o sacrifício humano esteve presente em algumas so-
ciedades: fenícia, cartaginesa, grega, celta da Anatólia, númida, egípcia. Não cabe ao 
pesquisador julgar tais práticas, mas compreendê-las a partir do contexto histórico-cultural 
em que eram realizadas. Como ensina Carr (1978 apud LANGER, 2004), “O historiador sério 
é aquele que reconhece o caráter de todos os valores historicamente condicionados, 
não aquele que reivindica para seus próprios valores uma objetividade acima da história”.
O trabalho compulsório e a escravidão 
na História Antiga
A escravidão parece ter surgido quando o homem se deu conta de que po-
deria submeter outros à sua vontade. As teorias sobre a escravidão mais 
antiga supõem que ela começou com o desenvolvimento das sociedades. Nas 
sociedades antigas, era usual o estatuto da escravidão. Ela se dava por meio 
de condições diversas: guerra, dívidas, crimes. Além disso, podia apresentar 
várias faces: escravidão urbana, rural, sexual, para prestação de serviço nas 
galés, construção civil, minas. Ademais, podia apresentar diversifi cados níveis 
de direitos: de nenhum a quase todos menos a liberdade.
A escravidão era legislada pelo menos desde Hammurabi e, antes disso, 
organizada pelos costumes. O escravo era o outro, o estrangeiro, na maioria 
das vezes. Porém, no caso da escravidão por dívidas ou por crime, o escravo 
podia ser compatriota, tornado outro devido à sua condição. A escravidão 
podia ser uma condição individual ou coletiva. Sendo coletiva, referia-se a 
um grupo de soldados, por exemplo, ou a uma cidade ou nação.
Entre os filósofos da Grécia Antiga, Platão concebia e defendia a escra-
vidão, mas não que se escravizassem gregos. Aristóteles refletia que há os 
que nascem para ser livres e mandar e os que nascem para ser escravos e 
obedecer. Ao mesmo tempo, admitia exceções. Segundo Anderson (1991, p. 
23), Aristóteles também observava que os Estados tendiam a conter grande 
número de escravos. Para Xenofonte, uma das formas de reconstituir as fortunas 
atenienses era que o Estado possuísse “[...] escravos públicos até que houvesse 
três para cada cidadão ateniense”.
Entre o povo hebreu, as regras eram bem definidas tanto em relação à 
escravidão do estrangeiro e ao direito dos herdeiros sobre os escravos quanto 
no que tange à escravização de judeus por outros povos ou pela venda de si 
mesmo. Veja como a dinâmica se dava entre judeus:
A História Antiga: recortes, temas e fontes16
Eu sou o Senhor vosso Deus, que vos tirei da terra do Egito, para vos dar a terra 
de Canaã, para ser vosso Deus. Quando também teu irmão empobrecer, estando 
ele contigo, e vender-se a ti, não o farás servir como escravo. Como diarista, 
como peregrino estará contigo; até ao ano do jubileu te servirá; então sairá 
do teu serviço, ele e seus filhos com ele, e tornará à sua família e à possessão 
de seus pais. Porque são meus servos, que tirei da terra do Egito; não serão 
vendidos como se vendem os escravos. Não te assenhorearás dele com rigor, 
mas do teu Deus terás temor (LEVÍTICO, 25:38-43, 2019, documento on-line).
Entre judeus e estrangeiros:
Quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das nações que estão 
ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas. Também os comprareis 
dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas famílias 
que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por 
possessão. E possuí-los-eis por herança para vossos filhos depois de vós, 
para herdarem a possessão; perpetuamente os fareis servir; mas sobre vossos 
irmãos, os filhos de Israel, não vos assenhoreareis com rigor, uns sobre os 
outros (LEVÍTICO, 25:44-46, 2019, documento on-line).
Entre estrangeiros e judeus:
E se o estrangeiro ou peregrino que está contigo alcançar riqueza, e teu irmão, 
que está com ele, empobrecer, e vender-se ao estrangeiro ou peregrino que está 
contigo, ou a alguém da família do estrangeiro, depois que se houver vendido, 
haverá resgate para ele; um de seus irmãos o poderá resgatar (LEVÍTICO, 
25:47-48, 2019, documento on-line).
No entanto, o livro anterior ao Velho Testamento, o Êxodo, legisla de modo 
diferente, demonstrando claramente que havia escravidão entre judeus:
Se comprares um servo hebreu, seis anos servirá; mas ao sétimo sairá livre, 
de graça. Se entrou só com o seu corpo, só com o seu corpo sairá; se ele era 
homem casado, sua mulher sairá com ele.
Se seu senhor lhe houver dado uma mulher e ela lhe houver dado filhos ou 
filhas, a mulher e seus filhos serão de seu senhor, e ele sairá sozinho. Mas se 
aquele servo expressamente disser: eu amo a meu senhor, e a minha mulher, 
e a meus filhos; não quero sair livre, então seu senhor o levará aos juízes, e 
o fará chegar à porta, ou ao umbral da porta, e seu senhor lhe furará a orelha 
com uma sovela; e ele o servirá para sempre.
E se um homem vender sua filha para ser serva, ela não sairá como saem os 
servos. Se ela não agradar ao seu senhor, e ele não se desposar com ela, fará 
que se resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, agindo deslealmente 
17A História Antiga: recortes, temas e fontes
com ela. Mas se a desposar com seu filho, fará com ela conforme ao direito 
das filhas. Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento desta, nem o seu 
vestido, nem a sua obrigação marital. E se lhe não fizer estas três coisas, sairá 
de graça, sem dar dinheiro (ÊXODO 21:2-11).
Havia hierarquia entre os escravos dos judeus. Os judeus escravos estavam 
hierarquicamente acima dos escravos estrangeiros. Entre estes, os netínim 
— “escravos sagrados”, aqueles que serviam no templo — eram superiores 
(CAMPOS, 2007). Outro tipo de escravidão muito comum no Oriente era aquela 
resultante da venda direta de crianças, fosse praticada em forma de venda ou 
de adoção, realizada por contrato. Havia também a autovenda, realizada para 
saldar dívidas ou em troca de roupa e comida.
Os escravos eram marcados fisicamente de maneiras diversas. As condições 
referentes a casamentos, filhos e direitos diversos, inclusive o de comprar-se 
a si mesmo e os referentes à herança e à manumissão, variam conforme a 
sociedade e a época; em geral, são legislados. Há sociedades em que os escra-
vos desempenham um papel econômico importante, e outras em que as suas 
funções não impactam a economia. Em outras ainda, os escravos convivem 
com os senhores como “parte da família”, ou, por serem mulheres e crianças, 
acabam se agregando à tribo.
No Egito, os escravos não causam grandes impactos na economia, e as 
grandes obras são realizadas por corveia. A corveia é um entre vários tipos de 
trabalho compulsório, como a peonagem, a clientela, o colonato e a servidão. 
A escravidão é a sua face mais terrível. Em Roma, os escravos fazem toda a 
diferença em tempos imperiais. A redução de seu número, ocasionada pelo 
término da expansão territorial e pela ampliação da cidadania, foi um dos 
fatores que colaboraram para o declínio da economia romana. Outros povos, 
como judeus, a depender da ocasião, podiam se ver forçados a prestar serviços 
de corveia ou impô-los a outros. Na Antiguidade Tardia, o colonato, prévia da 
servidão, também se enquadra na categoria de trabalho compulsório.
Para Anderson (1991), embora a escravidão existisse no mundo antigo sob 
várias formas — com relação ao Oriente Próximo, ele chama de juridicamente 
“impuras” (servidão por débitos ou trabalho penal, entre outros tipos) —, “[...] 
o modo de produção escravo foi uma invenção decisiva do mundo greco-
-romano, que constituiu abase definitiva tanto para suas realizações quanto 
para seu eclipse” (ANDERSON, 1991, p. 21). Para ele, as cidades gregas foram 
as responsáveis por tornar “[...] a escravidão absoluta na forma e dominante 
na extensão, transformando-a assim de um sistema auxiliar em um modo 
sistemático de produção” (ANDERSON, 1991, p. 21). Esse modo de produção 
foi dominante tanto na Grécia Clássica quanto em Roma.
A História Antiga: recortes, temas e fontes18
No Império Romano, do final do século III ao século V, as soluções pas-
saram pelos foedus, que assentavam bárbaros nas terras, e pelo cololonato, 
legislado pelo Império como forma de manter braços no campo e, com isso, 
a produção, a tributação, a ocupação dos espaços de forma útil, entre outros 
fatores. A escravidão também era um comércio. Os cartagineses comercia-
vam escravos a longa distância. Os escravos de guerra, muitas vezes, faziam 
parte do “butim” de alguns graduados dos exércitos, que ficavam com eles 
ou os vendiam. Mulheres e crianças eram vendidas para fins de casamento, 
prostituição ou concubinato. Quando necessitavam de braços, os judeus com-
pravam escravos aos seus vizinhos (CAMPOS, 2007). A escravidão penal 
era uma forma de aproveitar o criminoso em serviço útil à sociedade em vez 
de prendê-lo.
Em suma, diversas formas de trabalho compulsório e escravidão foram 
praticadas na Antiguidade. E houve várias formas de legislar sobre o assunto, 
que não ficava descuidado pelos governos. Há situações interessantes, como 
o caso dos gregos, que, por sua cultura, eram empregados pelos romanos na 
educação de seus filhos. Os escravos podiam ser tratados como animais, como 
bens móveis, como humanos inferiores ou como quase iguais aos livres. Uma 
série de fatores interferia para gerar este ou aquele tratamento. Assim, apesar 
de hoje ser extremamente condenada, na Antiguidade, a escravidão era aceita 
como algo normal.
Atualmente, em alguns lugares, ainda se apreendem e vendem pessoas como escravas 
de forma aberta ou velada. O tráfico de pessoas continua a existir. A escravidão sexual, a 
escravidão infantil e os trabalhos compulsório, forçado e semiescravo são encontrados 
em vários lugares do globo. Infelizmente, em muitos casos, a ideia de direitos humanos 
é totalmente desconsiderada ou desconhecida; ou, ainda pior, só vale para alguns.
Cinema e História Antiga
O cinema vem retratando a Antiguidade há muito tempo. Alguns dos mais 
famosos clássicos do cinema são fi lmes épicos que giram em torno desse 
período histórico, como Cleópatra, Julio César e Ben-Hur. Muitas dessas 
obras têm sido regravadas como fi lmes e séries. Elas discutem não apenas 
19A História Antiga: recortes, temas e fontes
o episódio central que inspira a produção (como a escravidão e a revolta em 
Spartacus), mas outras questões de fundo cultural, social, político e religioso. 
Além do cinema, as histórias em quadrinhos adaptam muitos episódios da 
História Antiga; considere, por exemplo, os casos de Asterix e dos Trezentos 
de Esparta.
O filme Apocalypto, de Mel Gibson, busca retratar, embora de forma romantizada, a 
civilização maia. A produção destaca os costumes, a cultura, a religião e a política 
daquele povo, bem como as suas relações de dominação para com outros povos. 
Apocalypto traz um detalhe interessante: é falado na língua dos povos da época.
Os filmes sobre a Antiguidade servem como base para análises sobre a 
História Antiga, porém devem ser encarados, naturalmente, como ficções 
sobre eventos históricos. Eles apresentam situações, sociedades e culturas, mas 
não estão restritos ou comprometidos com a fidelidade à realidade histórica. 
Trabalhar com cinema em sala de aula requer alguns reconhecimentos por 
parte dos professores. Os alunos devem compreender que a imagem (e não 
apenas a imagem fílmica) não é somente ilustração, não é algo que apenas 
reproduz a realidade; ela a reconstrói por meio de uma linguagem própria que 
é produzida num dado contexto histórico.
No momento em que a história se abriu a novos tempos, novas contribuições, 
novos campos e novas fontes, o filme, nas suas diversas tipologias (ficção, 
documentário, cinejornal, etc.), adquiriu importância. Ele pode ser utilizado 
como fonte para apreciação e compreensão de valores, comportamentos, visões 
de mundo, identidades e ideologias de dadas sociedades (KORNIS, 1992). 
Tudo, no entanto, deve ser contextualizado: não somente o filme produzido, 
mas também o momento histórico de sua produção, os seus realizadores, as 
mensagens enviadas, etc.
Como você sabe, o mundo contemporâneo é caracterizado pela alta tecno-
logia, que permite o uso de imagens, a sua análise e a sua crítica em sala de 
aula. Mas a inclusão do filme como instrumento didático requer preparação 
por parte do professor, tanto em relação à sua formação quanto à sua prática. 
Considere o seguinte:
A História Antiga: recortes, temas e fontes20
Um trabalho com o uso de imagens na formação do professor de História 
tem que privilegiar, além das reflexões relativas ao novo estatuto teórico 
desse campo de conhecimento, pelo menos duas perspectivas consideradas 
relevantes para a prática de sala de aula. Uma delas é considerar as imagens 
como documento histórico e a outra é atentar para o seu estatuto enquanto 
recurso imagético, com uma linguagem cuja especificidade requer tratamento 
próprio, sejam as imagens móveis como o filme, ou imóveis, como a fotografia, 
a publicidade, o cartaz etc (SCHMIDT, 2002, p. 175).
O estudo de Gimouski (2009) sobre o uso das televisões multimídias em 
escolas públicas do Paraná complementa a ideia. A utilização desse tipo de 
recurso didático, principalmente nas aulas de história, se tornou uma estratégia 
comum. Veja:
Muitos jovens e até mesmo adultos têm contato com certos temas históricos 
apenas pelo cinema e, diga-se de passagem, entendem como uma verdade 
histórica. O cinema nos transmite esta sensação do real. A linguagem audio-
visual consegue trabalhar com a emoção e traz a impressão de realidade. A 
noção de documento na História vem aumentando, todos os vestígios deixados 
pela humanidade são dignos de análise e servem de objeto de estudo para o 
historiador, o cinema inclui-se nestes novos documentos (GIMOUSKI, 2009, 
documento on-line).
Para Carvalho e Funari (2007), os estudos da História Antiga e, consequen-
temente, os historiadores antiquistas foram beneficiados pela nouvelle histoire, 
que permitiu a pesquisa de novos temas, assim como pela expansão da história 
cultural a partir da década de 1990. A isso se somam o desenvolvimento de 
novas tecnologias e as possibilidades de análises a partir das filmografias. 
Assim, há boas oportunidades de utilizar esse instrumental imagético e fílmico 
em sala de aula, desde que haja interesse e preparo por parte dos professores. 
Em especial, são necessárias práticas como:
O respeito pelo trato documental, sua datação e autoria, críticas internas e 
externas dos discursos, sua linguagem metafórica, enfim, a desconstrução do 
discurso [...] Sempre aliados ao conhecimento documental e historiográfico, 
os investigadores antiquistas escolherão seus métodos, técnicas e teorias de 
abordagem, associando tais interpretações à análise iconográfica e à cultura 
material (CARVALHO; FUNARI, 2007, documento on-line).
Com relação à crítica das fontes, pode-se inserir a filmografia e a sua 
análise. Também é importante perceber que imagens e filmes são fontes para 
além de sua óbvia função de “ilustrar e representar” uma realidade (política, 
21A História Antiga: recortes, temas e fontes
social, cultural, etc.). Elas expressam igualmente os imperativos históricos 
vigentes no momento de sua produção.
Assim, cabe ao professor escolher o filme (ou trecho de filme) adequado. 
Para isso, ele deve considerar roteiro, diálogos, cenários, objetos, vestimen-
tas, costumes reais da época, tecnologias, etc. Também é tarefa do professor 
verificar as condições técnicas (salas, equipamentos, tomadas). Além disso, 
ele devedecidir que uso fará do filme. Ele pode, por exemplo:
  utilizar a história contada para fazer paralelos entre a interpretação 
fílmica da história e a história real, como meio de chamar a atenção 
para determinadas instituições (políticas, religiosas, sociais) ou aspec-
tos culturais e econômicos (arte, cerâmica, indústrias, vestimentas, 
ferramentas, armamentos, navios);
  apresentar as representações realizadas pelos homens de cada época e 
mostrar como são encaradas por cineastas de diferentes períodos, para 
levantar um debate sobre uma temática ou temporalidade determinada.
As séries Vikings, Roma, Rei Tut, Troia, A legião, A legião perdida, Asterix, 
Gladiador, Júlio César, Spartacus, Roma: Império de sangue, por exemplo, 
têm em comum o fato de tentarem retratar a Antiguidade. Por meio delas, o 
professor pode levar os alunos a se interessarem pelo assunto, partindo da ficção 
e da história romantizada e fazendo uma ponte para introduzir o conteúdo 
histórico. Para além disso, as representações de algumas produções resultam 
de pesquisa e têm acompanhamento de especialistas em Antiguidade. Desse 
modo, diversas obras de ficção possibilitam a realização de um bom traba-
lho em sala de aula quanto a costumes, crenças, moda, escravidão, política, 
etc. Como você sabe, nunca é possível reproduzir fielmente a história, mas 
ferramentas como o cinema são capazes de despertar o interesse dos alunos.
Em geral, a Antiguidade é retratada como uma época glamourosa, cheia 
de valores como honra, fidelidade, lealdade e cumprimento do dever, além de 
ideais de glória, piedade, sacrifício e martírio (em especial em filmes sobre 
o cristianismo). Considere o seguinte:
A História Antiga no Brasil, durante muito tempo, esteve associada a um plano 
secundário. Civilizações exóticas e pouco importantes, há muito desaparecidas, 
direcionadas por um sentimento romântico e pela curiosidade. O cinema tratou 
de reforçar esse romantismo exacerbado sobre o tema. Amor e aventura em 
um mundo perfeito, sem pobreza, miséria, fome. Apenas homens musculo-
sos e mulheres curvilíneas. Hollywood, desde os primórdios da História do 
Cinema, tratou de absorver essa ideia (CARLAN, 2010, documento on-line).
A História Antiga: recortes, temas e fontes22
Apesar da acertada crítica de Carlan (2010), em sala de aula, um olhar 
direcionado pelo professor permite que os alunos percebam, entre os ele-
mentos retratados nos filmes, a vida dura do povo, bem como as suas formas 
de reagir a situações como escravidão, fome, doenças, violência da guerra e 
do cotidiano, traição, ambição, ganância, fé, etc. O direcionamento do olhar 
deve ser realizado pelo professor. Por isso, o conhecimento prévio tanto da 
obra fílmica quanto da história real e de seus detalhes é fundamental para o 
trabalho didático com filmes em sala de aula.
Para Ferro (1992, p. 13), no cinema, como em outros textos e fontes, sempre está em jogo 
a intencionalidade de escritores, produtores e diretores: “Desde que o cinema se tornou 
uma arte, seus pioneiros passaram a intervir na história com filmes, documentários ou de 
ficção, que, desde sua origem, sob aparência de representação, doutrinam e glorificam”. Se 
você analisar com atenção, a própria escolha do que filmar em cada época corresponde a 
uma imagem, mensagem ou ideologia que se quer divulgar para o público. As abordagens 
cinematográficas, assim como as das ciências, impactam os resultados do texto, posto 
que o seu ponto de vista é construído de lugares diferenciados.
Há uma extensa filmografia sobre os deuses antigos e a sua interferência no 
mundo dos humanos. Igualmente, são retratadas histórias bíblicas de diferentes 
épocas. Filmes como Os dez mandamentos, Êxodo: Deuses e Reis e Noé versam 
sobre as histórias dos judeus, de Jesus e dos cristãos. A história de Moisés virou 
desenho animado, alcançando o público infantil, e outras histórias bíblicas se-
guem o mesmo caminho. No Brasil, vêm sendo produzidas novelas e séries sobre 
as histórias bíblicas. Embora de viés teológico, com algum esforço, essas obras 
permitem a introdução da história dos judeus, de sua religião monoteísta e do 
nascimento do cristianismo. Como em todos os demais casos, cabe ao professor 
separar a história fundamentada pelas pesquisas daquela ainda por esclarecer, ou 
seja, do que é mito, fantasia ou inverdade. Nesse sentido, é necessário diferenciar 
o que é história do que é construção religiosa, ideológica ou comercial. Esta é 
uma questão importante: como as crenças religiosas de cada época interferem 
no pensamento social, nos atos culturais, políticos e econômicos?
Quando se separa o histórico do romantizado e do fantasioso e se distingue a 
ideologia apresentada pelos filmes, é possível comparar imagens representativas 
e realidades históricas. Na última gravação de Troia, o diretor buscou evitar 
23A História Antiga: recortes, temas e fontes
a referência aos deuses e às suas interferências, disputas e guerras paralelas, 
deixando a história de Troia na conta das decisões e realizações dos homens. 
Isso, por um lado, permite observar a história da Guerra de Troia por um viés 
menos religioso, mas, por outro, retira da produção o pensamento religioso 
que estava internalizado, naturalizado nos homens da Antiguidade, vinculado 
à política e às práticas sociais.
Você ainda deve considerar que os filmes permitem perceber a visão sobre 
a Antiguidade que se tinha na época em que foram produzidos. Para perceber 
isso, é necessário atentar aos fatores são privilegiados em cada filmagem sobre 
o mesmo tema. Muitas perguntas podem ser feitas, como você pode ver a seguir.
  Quais são as intencionalidades envolvidas?
  Que tipo de propaganda e “ideal” são oferecidos ao público?
  O que muda entre as gravações de épicos hollywoodianos do século 
passado e os filmes sobre a Antiguidade do século XXI?
  Por que os temas da Antiguidade voltam a ser gravados, inclusive 
virando séries?
Naturalmente, há um público consumidor amplo interessado na História 
Antiga. Além disso, as tecnologias atuais permitem inúmeros efeitos especiais 
antes impossíveis e muito custosos (considere, por exemplo, a quantidade de 
pessoas que era necessário contratar para cenas de batalhas, hoje produzidas 
por meio de programas de computador, com custo reduzido).
Outro tipo de filme, em geral mais apropriado para as aulas, porém nem 
sempre atrativo para os alunos, é o documentário. Os documentários, prin-
cipalmente aqueles que conseguem equilibrar boas imagens e uma narrativa 
que não seja monótona ou muito técnica, são capazes de prender a atenção 
e despertar o interesse dos educandos. Eles podem ser utilizados como con-
traponto e elemento de comparação em relação à história romantizada nos 
filmes. Documentários de arqueólogos costumam ser muito bons para tratar 
da cultura material em sala de aula, mostrando-a como uma importante fonte 
de informação sobre a história dos povos.
Em suma, é possível fazer um bom trabalho utilizando filmes como recurso 
didático em sala de aula. Para isso, as representações da Antiguidade precisam 
passar por uma crítica severa. Também é necessário comparar o mundo antigo 
expresso pelos produtores nas imagens e nos diálogos com a Antiguidade 
histórica real. Além disso, é preciso apontar anacronismos, explicitar a diver-
sidade das sociedades e, no interior delas, relacionar elementos do passado 
com suas rupturas e permanências até o presente.
A História Antiga: recortes, temas e fontes24
A seguir, veja alguns filmes sobre temas clássicos da Antiguidade.
  Spartacus (1960), de Stanley Kubrick
  Cleópatra (1963), de Joseph L. Mankiewicz
  Quo Vadis (1951), de Mervyn LeRoy
  Os Dez Mandamentos (1956), de Cecil B. DeMille
  Ben-Hur (1959), de William Wyler
  Os 300 de Esparta (1962), de Rudolph Maté
  Alexandre (2004), de Oliver Stone
  Troia (2004), de Wolfgang Petersen
  Gladiador (2000), de Ridley Scott
  Helena de Troia (2003), de John Kent Harrison
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A História Antiga: recortes, temas e fontes26
Dica do Professor
Desde a antiguidade os homens professam algum tipo de crença e todas as sociedades têm algum 
tipo de religião. Na antiguidade, quando deuses e reis eram figuras muito próximas, muitas vezes se 
confundindo ou se fundindo numa única figura, os deuses iam à guerra, guerreavam entre si, 
provocavam a guerra ente os homens, ordenavam que reis fizessem guerras, os empoderavam para 
que ganhassem ou os abandonavam para que perdessem. O certo é que deuses, reis e guerras 
estavam sempre em relação uns com os outros.
Nesta Dica do Professor, você vai ver um pouco dessas relações entre deuses, reis e guerras. As 
ordens e o poder divinos aparecem como justificativas para atos de guerra, para a vitória ou a 
derrota, para comprovação do poder do deus e do rei ou para demonstrar o oposto, ou seja, sua 
inferioridade. Os deuses também aparecem com humores diversos em relação a seus reis e seu 
povo, e algumas vezes se deixam roubar ou “comprar” abandonando seu povo/cidade original em 
favor de seus inimigos.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
 
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Exercícios
1) Em muitas sociedades antigas os reis e imperadores eram divinizados em vida ou após a 
morte. No Antigo Egito, os faraós, ao serem entronizados, eram transformados em Hórus, se 
tornavam divinos e, a partir da quinta dinastia, eram chamados de filhos de Rá. A sucessão 
seguia regras de hereditariedade que incluíam casamentos caso o rei não fosse filho do 
antigo faraó. A teoria político-religiosa egípcia apresentava o rei como:
A) um homem que era incorporado por um deus quando a necessidade imposta pela guerra, a 
fome ou a peste se fazia presentes, que reinava em nome desse deus, sendo considerado filho 
de outro deus, mas somente se tivesse nascido do faraó anterior.
B) um deus vivo e a origem de todos os poderes, vinculado pela entronização à linha sucessória 
divina , centro de todas as coisas, inclusive dos países estrangeiros que a ele deveriam se 
subordinar.
C) um rei que era também pontífice máximo e escolhia um entre os deuses do Egito para ser o 
deus de sua dinastia, cujo culto público e privado impunha aos súditos deixando os demais 
deuses com cultos suspensos.
D) um sacerdote, escolhido e ungido por um profeta que solicitava por meio de oferendas poder 
aos deuses como forma de legitimação de seu domínio sobre o povo e as terras do Egito.
E) qualquer membro da família real poderia sentar-se ao trono e empunhar a coroa do Alto Egito 
após passar pelo ritual real e sacrificar Ápis, o touro, com as próprias mãos numa cerimônia 
pública.
2) Os povos da Antiguidade, em geral, eram politeístas. Segundo o entendimento de Fustel de 
Coulanges, tanto na Grécia quanto em Roma, inicialmente, antes mesmo de existirem 
cidades, existiam deuses familiares, chamados lares, que não aceitavam culto de estranhos. 
Quais eram os procedimentos tomados a esse respeito pelos grupos quando da formação de 
tribos e fratrias e, posteriormente, Pólis e Civitas?
A) Democraticamente, os chefes de família se uniam e faziam uma votação que abrangia todos 
os homens maiores de 21 anos e menores de 60 anos como eleitores e escolhiam o deus da 
tribo ou fratria; nas cidades isso acontecia por sorteio, crendo-se que o deus mais poderoso 
faria surgir seu nome no papel ou pedra sorteados.
B) As uniões de famílias

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