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Recuperação de áreas degradadas pela 
mineração no Cerrado 
 
Manual para revegetação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rodrigo Studart Corrêa 
 
2007 
 
 
 
 Ilustrações 
Gilda Ferreira 
 
Capa 
Jazida de cascalho à margem da BR 060, 
 Distrito Federal, recuperada com lodo de esgoto. 
Foto: Rodrigo Studart Corrêa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Índice 
 
 página
Capítulo 1 - Conceitos básicos e noções de Ecologia 
1.1 Aspectos ecológicos e sucessão em áreas mineradas 
1.2 Degradação e perturbação 
1.3 Algumas noções sobre solos 
1.3.1 Noções de Pedologia 
1.3.2 Noções de Edafologia 
1.3.3 Solos de Cerrado 
Capítulo 2 – Legislação pertinente e base teórica 
Capítulo 3 - Planejamento e etapas da recuperação 
3.1 Recuperação de áreas degradadas 
3.2 Etapas da recuperação por meio da revegetação 
3.3 Medidas pré-lavra 
3.3.1 Planejamento da exploração 
3.3.2 Armazenamento da camada superficial do solo 
Anexo 3.1 
Capítulo 4 - Tratamento da paisagem 
4.1 Tratamento da forma da paisagem 
4.2 Controle da erosão 
4.3 Planejamento do controle da erosão 
4.3.1 Fator R - erosividade das chuvas 
4.3.2 Fator K - erodibilidade do substrato 
4.3.3 Fator L - comprimento de rampa e Fator S - declividade do terreno 
conjugados no Fator LS - fator topográfico 
 
4.3.4 Fator C - cobertura do substrato 
4.3.5 Fator P - medidas de controle da erosão 
4.3.6 Exemplo de uso da EUPS/USLE para subsidiar a elaboração de um PRAD 
4.5 Recomposição topográfica 
4.5.1 Construção de terraços (terraceamento) 
4.5.2 Exemplo de determinação da distância entre terraços e do número de 
terraços a serem construídos em uma área hipotética 
 
Capítulo 5 - Tratamento do substrato 
5.1 Material exposto 
5.2 Subsolagem ou escarificação do material exposto 
5.3 Amostragem do substrato exposto 
5.4 Coveamento 
5.5 Adubação do substrato 
5.5.1 Matéria orgânica 
5.5.1.1 Escolha da fonte de matéria orgânica 
5.5.1.2 Uso de esgoto e lodo de esgoto em PRAD’s 
5.5.1.3 Estabilização e higienização de lodos de esgotos 
5.5.1.4 Aplicação de lodos de esgoto a substratos minerados 
5.5.2 Correção do pH do substrato 
5.5.3 Adubação com nitrogênio (N) 
5.5.4 Adubação com fósforo (P) 
5.5.5 Adubação com potássio (K) 
5.5.6 Adubação com enxofre (S) e gessagem 
5.5.7 Adubação com micronutrientes 
5.5.8 Recomendações gerais de adubação 
5.5.9 Adubação da camada rasteira 
Capítulo 6 - Escolha da comunidade vegetal 
6.1 Estrato rasteiro 
6.2 Estrato lenhoso (árvores e arbustos) 
6.2.1 Exemplo de configuração de um estrato lenhoso de um projeto de restauração 
hipotético 
 
Capítulo 7 - Sistemas de revegetação de áreas mineradas 
7.1 Estrato herbáceo 
7.2 Estrato arbóreo 
7.3 Estrato arbóreo sobre herbáceo 
7.4 Regeneração induzida 
Capítulo 8 - Custos, monitoramento e manutenção de projetos de 
revegetação de áreas mineradas 
 
8.1 Custos de recuperação 
8.2 Monitoramento e manutenção 
Anexo 8.1 
Anexo 8.2 
Glossário 
Referências Bibliográficas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabelas 
 
 página 
Tabela 2.1: Algumas normas legais pertinentes à exploração mineral 
Tabela 4.1: Classes de erodibilidade e valores de K para alguns solos de Cerrado 
Tabela 4.2: Valores do fator topográfico (LS) para algumas inclinações e 
comprimentos de rampa no terreno 
 
Tabela 4.3: Valores de C em função da % de cobertura herbácea ou por resíduos 
de substratos 
 
Tabela 4.4: Médias pluviométricas, EI30mensal das chuvas e R para o Distrito 
Federal 
 
Tabela 4.5: Cenários para o uso da EUPS no planejamento da recuperação de 
uma área minerada hipotética 
 
Tabela 4.6: Distância entre paliçadas, de acordo com a declividade do terreno 
Tabela 4.7: Operações e implementos agrícolas usados na recuperação de áreas 
degradadas 
 
Tabela 4.8: Valores de α para a fórmula de Ev 
Tabela 4.9: Espaçamento horizontal recomendado entre terraços, conforme 
declividade do terreno, tipo de terraço e textura do substrato 
 
Tabela 5.1: Classificação dos teores de matéria orgânica para solos de Cerrados 
Tabela 5.2: Alguns parâmetros de algumas fontes de matéria orgânica (% na 
matéria seca) 
 
Tabela 5.3: Sobrevivência das mudas adubadas com composto de lixo e com lodo 
de esgoto, por espécie testada 
 
Tabela 5.4: Desinfestação de alguns patógenos durante o processo de 
compostagem 
 
Tabela 5.5: Composição média de alguns materiais orgânicos 
Tabela 5.6: Desinfestação de alguns parasitas por meio da caleação 
Tabela 5.7: Características agronômicas de cinco lodos de esgotos 
Tabela 5.8: Doses recomendadas de aplicação de lodos de esgoto a substratos 
minerados 
 
Tabela 5.9: Sobrevivência de patógenos e parasitas em um solo arenoso 
Tabela 5.10: Interpretação do valor de pH encontrado em solos e substratos 
Tabela 5.11: Dose de fósforo em função do teor de argila 
Tabela 5.12: Adubação de covas de 100 litros, abertas em substrato minerado 
Tabela 5.13: Doses de fósforo para implantação da camada rasteira em substratos 
minerados 
 
Tabela 5.14: Alguns fertilizantes disponíveis no mercado 
Tabela 6.1: Espécies de gramíneas nativas de Cerrado usadas sobre substratos 
minerados 
 
Tabela 6.2: Percentagem de germinação de algumas espécies de gramíneas ativas 
do Cerrado 
 
Tabela 6.3: Espécies utilizadas na composição do estrato herbáceo de projetos de 
revegetação 
 
Tabela 6.4: Espécies lenhosas de Cerrado, usadas na recuperação de áreas 
mineradas 
 
Tabela 6.5: Desempenho de algumas espécies plantadas em áreas mineradas no 
Cerrado após duas estações de crescimento (18 meses) 
 
Tabela 7.1: Matéria orgânica (M.O.) e nutrientes em substratos e em sedimentos 
de duas áreas mineradas 
 
Tabela 8.1: Cronograma de acompanhamento de locais em recuperação 
Tabela 8.2: Sintomas de deficiências nutricionais 
 
 
 
Figuras 
 
 Página 
Figura 1.1a: Espécie arbórea de Cerrado 
Figura 1.1b: Raízes remanescentes a variadas profundidades de corte 
Figura 1.2: Principais horizontes encontrados em solos brasileiros 
Figura 1.3: Relação entre a profundidade do solo e o porte da vegetação 
Figura 1.4: Proporção volumétrica dos diferentes componentes de um solo 
hipotético ideal 
 
Figura 4.1: Controle de erosão em voçoroca por meio de paliçadas 
Figura 4.2: Terraço de Mangum 
Figura 4.3: Terraço de Nichols 
Figura 5.1: Capacidade de infiltração de quatro substratos de Cerrado I 
Figura 5.2: Capacidade de infiltração de quatro substratos de Cerrado II 
Figura 5.3: Amostragem do substrato de uma área minerada 
Figura 5.4: Sobrevivência de mudas de acordo com a classe de altura e fonte de 
matéria orgânica utilizada, em 22 meses de crescimento 
 
Figura 5.5: Conteúdo de água (θg) durante o processo de irradiação solar do lodo 
Figura 5.6: Incremento em altura de jatobá-do-cerrado em covas de 64 litros 
adubadas com quatro tipos de lodo de esgoto (18 litros/cova) + N.P.K. - 4:14:8 
(100 g/cova) 
 
Figura 5.7: Valores de Ca, K, matéria orgânica, Mn, pH e Mg em um solo de 
Cerrado e em um substrato minerado no Cerrado. 
 
Figura 6.1: Evolução da diversidade de espécies em uma área minerada após o 
plantio de Inga marginata e Tibouchina stenocarpa 
 
Figura 7.1a: Estrato arbóreo 
Figura 7.1b: Estrato arbóreo sobre herbáceo 
Figura 8.1: Crescimento de Inga marginata (n = 20) e Tibouchina stenocarpa (n = 30) 
em área minerada no Cerrado durante 90 meses 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fotos 
 
 Página 
Foto 1.1: Áreas mineradas no Parque Nacional de Brasília, após 25 anos de 
sucessão 
 
Foto 4.1: Manilhamentoe construção de canal de alvenaria para estabilização de 
voçoroca em área minerada 
 
Foto 4.2: Terraço de retenção, tipo Nichols, construído em área minerada antes 
de sua revegetação 
 
Foto 5.1: Subsolagem cruzada de substrato exposto em cascalheira explotada 
Foto 7.1: Área revegetada exclusivamente com estrato herbáceo 
Foto 7.2: Estrato arbóreo brotando sobre substrato revegetado exclusivamente 
com espécies herbáceas, três anos após o tratamento do substrato 
 
Foto 7.3: Área revegetada com mudas de espécies arbóreas, tutoradas 
Foto 7.4: Estrato herbáceo brotando em área revegetada exclusivamente com 
espécies arbóreas 
 
Foto 7.5: Revegetação espontânea após construção de terraços e de acúmulo de 
sedimentos sobre substrato minerado 
 
Foto 7.6: Poleiros instalados em área de empréstimo no Parque Nacional de 
Brasília 
 
 
 
 
Quadros 
 
 página 
Quadro 1.1: Principais solos que ocorrem no Cerrado 
Quadro 4.1: Conversão entre declividade (%) e inclinação (graus) 
Quadro 5.1: Processo de compostagem 
Quadro 5.2: Equivalência mg kg-1 Æ kg ha-1 
Quadro 5.3: Teoria do Fator Limitante 
Quadro 5.4: Algumas relações de densidade global e massa de substrato ha-1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 1 
 
Conceitos básicos e noções de Ecologia 
 
 
1.1 Aspectos ecológicos e sucessão em áreas mineradas 
A sucessão ecológica é um processo de modificação do ambiente pelas próprias comunidades 
que o habitam. Ela se inicia com a colonização de uma área por uma comunidade simples e de 
pouca biomassa e termina com uma comunidade clímax, cuja biomassa atinge o valor máximo 
possível para as condições locais, e a diversidade é geralmente maior do que aquela existente na 
comunidade que iniciou o processo de sucessão. As chamadas sucessões primárias 
correspondem à colonização de um meio que nunca sofrera significativa influência biológica, 
como ocorre nos horizontes expostos de áreas mineradas. Esse tipo de sucessão leva séculos para 
atingir uma comunidade clímax (BEGON et al., 1990). Sucessões secundárias ocorrem em um 
local anteriormente povoado, mas do qual foram eliminados os seres vivos por meio de 
modificações climáticas (incêndios, glaciações), geológicas (terremotos, erosão), ou antrópicas 
(desmatamento). Sucessões ecológicas resultam freqüentemente em uma comunidade clímax 
diferente da que existia anteriormente no local. 
 
“A maior ameaça à diversidade biológica é a perda de habitat” (PRIMACK & RODRIGUES, 
2002) e planos conservacionistas recomendam a restauração de comunidades vegetais como 
forma de inpulsionar a sucessão e aumentar a capacidade de suporte do ambiente. (ANAND & 
DESROCHERS, 2004). Entretanto, um estudo do pesquisador turco Uzay Sezen, publicado na 
revista Science em fevereiro de 2005, mostra que, mesmo sob condições ideais de sucessão, não é 
possível que uma floresta ao se regenerar mantenha a diversidade que tinha antes de ser 
derrubada. O pesquisador verificou que mais de a metade dos exemplares de palmeira-barriguda 
(Iriartea deltoidea) que colonizavam uma área de pastagem abandonada descendia de apenas duas 
árvores. Trata-se de uma redução brutal na diversidade genética da espécie. Portanto, ainda que se 
tenha uma regeneração vigorosa de diferentes espécies em área em sucessão secundária, 
remanesce no local um panorama genético pobre. 
 
As perspectivas de regeneração natural em áreas mineradas são ainda menos promissoras. A 
sucessão geralmente recupera a cobertura vegetal de solos desmatados, mas não a de substratos 
minerados. Todavia, o estudo da sucessão em áreas mineradas no Cerrado pode indicar os 
caminhos da regeneração em locais escavados, as espécies vegetais aptas a iniciarem o processo, a 
velocidade dessa sucessão, a estrutura da comunidade, as mudanças que essa comunidade 
provoca no substrato minerado e, principalmente, explicar por que a regeneração natural nesses 
locais é insuficiente para cobrir e estabilizar a jazida explotada. Nesse sentido, a Ecologia da 
Restauração surge como um processo de alteração intencional um local para restabelecer algo 
próximo a diversidade, estrutura e funcionamento do ecossistema que ocupava aquele local 
originalmente (Primack & Rodrigues, 2002). 
 
Estudos de Ecologia de áreas desmatadas no Cerrado indicam que a regeneração da vegetação 
é resultado tanto na germinação de sementes quanto na brotação de partes aéreas e de raízes de 
algumas espécies que, quando expostas à luz, desenvolvem-se como parte aérea. Em áreas 
mineradas, a contribuição desses dois mecanismos é diferente, pois são raras as sementes que 
conseguem germinar e desenvolver uma planta adulta sobre substratos minerados (CORRÊA, 
1995). Corrêa et al. (1998) identificaram que em curto prazo as plantas regeneradas após a 
explotação de uma lavra são originadas de raízes geminíferas. Dessa forma, a recolonização de 
áreas mineradas no Cerrado depende inicialmente da germinação de raízes que permanecem 
enterradas no substrato após a mineração. A importância do sistema radicular nesse bioma pode 
ser entendida quando se diz que o Cerrado é uma floresta de cabeça para baixo, pois há mais 
biomassa sob a forma de raiz do que sob a forma de parte aérea (Figura 1.1a). 
 
A quantidade de raízes que permanece em substratos minerados diminui à medida que se 
aprofunda uma lavra (Figura 1.1b). Conseqüentemente, o número de plantas regeneradas varia 
em função da profundidade de corte. Corrêa et al. (1998) encontraram apenas 8% do número 
original de espécies lenhosas revegetando uma cava explorada até 2,7 m de profundidade. Porém, 
quando a profundidade de corte foi 0,2 m, 59% das espécies originalmente presentes em um 
Cerrado stricto sensu regeneraram em até seis meses após a escavação. Como a maioria das áreas 
explotadas pela mineração é mais profunda que 1,5 m, espera-se uma regeneração por meio de 
raízes geminíferas incipiente nesses locais. 
 
A riqueza e a diversidade de espécies (Índice de Shannon) também se mostram inversamente 
proporcionais à profundidade de corte de cavas mineradas. Em seis meses de regeneração, locais 
que perderam apenas 0,2 m de camada superficial recuperaram 79% diversidade original de 
espécies (CORRÊA et al.,1998). Cavas entre 1,6 e 2,2 m de profundidade recuperaram entre 35 e 
30% da diversidade original e assim sucessivamente, até que não se tenha qualquer espécie 
rebrotando em cavas mais profundas (Figura 1.1b). Todavia, mesmo quando há 80% de 
recuperação da diversidade de espécies em jazidas, a cobertura vegetal do substrato permanece 
insatisfatória, mesmo após décadas de sucessão. 
 
 
 
 
 
Figura 1.1a: Espécie arbórea de Cerrado. Figura 1.1b : Raízes remanescentes a 
 variadas profundidades de corte. 
 
 
A regeneração natural não tem sido capaz de recuperar satisfatoriamente a cobertura vegetal e 
a riqueza de espécies em áreas mineradas no Cerrado. Após 25 de regeneração, Corrêa (1995) 
constatou 3,7% de cobertura vegetal de uma área escavada em 1,5 m de profundidade no Parque 
Nacional de Brasília, que são insuficientes para proporcionar proteção a um substrato minerado 
(Foto 1.1). Pelo enorme banco de sementes, trânsito de animais e ausência de ações antrópicas, 
essa área minerada no Parque Nacional apresentaria grande potencial para se revegetar 
naturalmente. A riqueza de espécies desse local situava-se entre 7 e 8% dos valores encontrados 
em áreas desmatadas e em áreas naturais de Cerrado no Parque. O número de plantas situava-se 
entre 9 e 15% do total encontrado em outras áreas não mineradas. Com base na cobertura vegetal 
medida, a capacidadede regeneração (resiliência) dessa área escavada situou-se entre 4 e 5% da 
resiliência das áreas desmatadas no Parque que tiveram seus horizontes superficiais do solo 
preservados (Quadro 1.1). Há, dessa forma, perdas ecológicas e ambientais, inerentes à atividade 
de mineração, que não são recuperadas em décadas de sucessão natural. 
Estudos de longo prazo indicam que há maior similaridade vegetal entre uma área natural de 
Cerrado e outra regenerada a partir de um desmatamento do que entre uma área natural e um 
local regenerado a partir de uma escavação. De acordo com Corrêa (1995), a probabilidade de 
dois indivíduos coletados aleatoriamente em um local minerado e em uma área natural de 
Cerrado serem da mesma espécie é de apenas 14%. Caso os dois indivíduos fossem coletados em 
uma área que sofreu desmatamento e em uma área natural de Cerrado, essa probabilidade subiria 
para 27%. Mesmo na ausência de barreiras físicas, espécies que habitam locais vizinhos podem 
ser alopátricas (excludentes), caso as condições do solo/substrato definam biótopos diferentes 
(DAJOZ, 1973). Pode-se deduzir então que condições peculiares dos substratos minerados, dos 
solos de áreas desmatadas e de solos sob condições naturais funcionam como definidores de 
diferentes biótopos. Portanto, a regeneração natural de áreas desmatadas e mineradas no Cerrado 
estaria criando fitofissionomias ecologicamente diferenciadas daquelas presentes em áreas 
naturais. 
 
 
 
 Foto 1.1: Áreas mineradas no Parque Nacional de Brasília, após 25 anos de sucessão. 
 
De acordo com Odum (1993), qualquer comunidade evolui para um clímax, por mais lenta 
que seja essa evolução. A regeneração de áreas mineradas no Cerrado parece ser extremamente 
lenta e, devido aos problemas ambientais que freqüentemente causam, jazidas explotadas devem 
ser recuperadas. Há, ainda, a possibilidade de que o clímax de áreas mineradas no Cerrado seja 
atingido em poucas décadas de sucessão. Teoricamente, as condições adversas dos substratos 
minerados assemelhariam áreas mineradas a ecossistemas extremamente áridos, cuja cobertura 
vegetal e diversidade biológica são baixas (DAJOZ, 1973; ODUM, 1993). Dessa forma, a 
intervenção humana seria então necessária para prover uma cobertura vegetal satisfatória nesses 
locais. 
 
Há vários fatores limitantes que potencialmente retardam, dificultam ou impedem o 
estabelecimento e o desenvolvimento de plantas em áreas mineradas: a compactação da superfície 
exposta, a topografia que favorece enxurradas, a baixa capacidade de retenção de água e a baixa 
concentração de nutrientes no substrato que, juntos, tornam as áreas mineradas desfavoráveis ao 
desenvolvimento de vegetais. 
 
Segundo Dajoz (1973), os ecologistas não devem contentar-se com uma longa lista de 
possíveis fatores ecológicos que limitam ou retardam uma sucessão ecológica. Devem, ao 
contrário, descobrir um reduzido número de fatores limitantes que atuam diretamente sobre os 
indivíduos, as populações e as comunidades, para entender como eles operam. A identificação de 
fatores limitantes tem grande importância prática na Ecologia Aplicada e na solução de 
problemas relacionados ao estabelecimento e desenvolvimento de plantas em substratos 
minerados. No Cerrado, a topografia é certamente um fator que diferencia as poucas áreas 
mineradas que apresentam satisfatória regeneração daquelas em que os substratos são 
inapropriados às plantas. 
 
O número de plantas espontaneamente desenvolvidas em áreas mineradas é insignificante, 
mesmo quando propágulos e sementes estão disponíveis no local. De acordo com Rodrigues & 
Gandolfi (1998), há três fatores que garantem a sustentabilidade de uma comunidade vegetal: 
 
1) a disponibilidade de sementes e propágulos aptos a se desenvolverem; 
2) o estabelecimento de espécies de categorias sucessionais diferentes; 
3) a disponibilidade de um local adequado para dar suporte à germinação dessas sementes e 
ao desenvolvimento das plantas. 
 
Dessa forma, os elaboradores de Planos de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD’s 
devem visar, primeiramente, à criação de paisagens estáveis nas jazidas explotadas. Depois, 
devem tornar substratos minerados aptos ao recebimento de plantas e, finalmente, devem 
identificar as espécies vegetais que são capazes de iniciarem um processo de sucessão 
ecológica. Atualmente são reconhecidas treze medidas que visam à recuperação de áreas 
degradadas, que vão desde o isolamento do local, para favorecer a regeneração natural, até a 
restauração do ecossistema. Isolamento do local, supressão da causa de degradação, 
aproveitamento de camada superficial de solos, indução da regeneração natural por meio da 
reconstrução topográfica, do plantio de espécies-chave, de introdução de estuturas atrativas de 
fauna e, finalmente, a revegetação são as práticas mais comuns para a recuperação de áreas 
degradadas pela mineração. Segundo Durigan et al. (2004), em alguns casos os processos naturais 
de regeneração têm-se mostrado mais eficazes em reconstruir ecossistemas do que interferências 
de recuperação executadas pelo homem. 
 
1.2 Degradação e perturbação 
Os ecossistemas terrestres dependem do solo, a tênue e frágil camada de material pulverizado 
que recobre parte da biosfera. Entretanto, o conceito de solo varia conforme a ciência que o 
estuda e a função que lhe é dada. Para a Engenharia Civil, solo é o meio físico necessário à 
sustentação de estruturas e o material usado no leito de estradas. Para a Geologia, a camada que 
recobre o material a ser minerado e que deve ser removida. Para a Pedologia, um corpo natural 
sintetizado pela natureza. Para ambientalistas, solo é uma parte da paisagem. Para a Edafologia, o 
meio de crescimento de vegetais e de outros organismos. Para a Ecologia, solo é o local em que 
se processam parte dos ciclos naturais, como o da matéria orgânica, o de nutrientes, o ciclo 
hidrológico e outros. Nas Savanas, o maior estoque de nutrientes disponíveis não se encontra nos 
solos, mas na biomassa aérea e subterrânea (POGGIANI & SCHUMACHER, 2004). Portanto, 
desmatamento e mineração retiram nutrientes do ecossistema, que são essenciais para o seu 
funcionamento e equilíbrio ecológico. Finalmente, para aqueles que se ocupam da revegetação de 
áreas mineradas, solo será o produto final da intervenção humana sobre um substrato que 
apresenta baixo potencial biológico. 
 
A condição árida e inapropriada à vida das áreas mineradas é resultado da perda da estrutura 
física, química e biológica que existem em solos não degradados. Há três áreas de enfoque que 
visam à recuperação de áreas degradadas: revegetação, remediação e geotecnia. As 
estabilidades ecológica e ambiental, a estabilidade química e a estabilidade física são, 
respectivamente, os objetivos dessas três áreas de atuação. A interação entre essas áreas é intensa, 
pois não há que se pensar em revegetação sem antes se remediarem processos químicos e se 
estabilizarem fisicamente locais minerados. 
 
Substratos minerados são geralmente incapazes de cumprir a parte terrestre do ciclo 
hidrológico, que é permitir a infiltração das precipitações para que a água seja lentamente liberada 
para rios, lagos, mares e aqüíferos. Se não infiltra, a água escorre, empobrece ainda mais os 
substratos e causa erosão. Sob a óptica edafo-ecológica, sem armazenamento de água no 
substrato, não há vida terrestre. A degradação então pode ser vista como a quebra de ciclos 
naturais em sua porção terrestre. A recuperação de um local, portanto, tem que ser entendida 
como a restituição da função ecológica desse local nos ciclos naturais. Projetos de revegetação 
que não consideram os ciclos da naturezatêm a sua sustentabilidade ecológica comprometida. 
Incorporar as visões da Edafologia, da Ecologia e dos ambientalistas é de suma importância para 
o sucesso de PRAD’s. 
 
A conceituação de área degradada é ampla e diversa na literatura especializada. 
Genericamente, qualquer alteração do meio natural pode ser considerada uma forma de 
degradação. Dessa forma, pode ser área degradada aquela que diminuiu sua produtividade, por 
causa manejos agrícolas inadequados, aquela que teve a cobertura vegetal removida, aquela que 
recebeu excesso de fertilizantes e agrotóxicos, a que teve seu solo poluído ou que, finalmente, 
aquela área que perdeu seus horizontes superficiais do solo por causa da erosão ou da mineração. 
O tema se fortaleceu no Brasil na década de 1980, mas conceituações genéricas trouxeram alguma 
confusão em torno dos termos degradação e recuperação. Ao se nomear qualquer intensidade 
de dano ambiental de área degradada, dificulta-se um pré-diagnóstico sobre o estado real de 
deterioração de um ambiente e da necessidade de intervenção humana nele. 
 
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação define degradação de 
terras como a deterioração ou perda total da capacidade dos solos para uso presente e futuro 
(FAO, 1980 apud ARAUJO et al., 2005). Sendo assim, para os que se ocupam da recuperação de 
terras e ecossistemas, diferentes intensidades de danos requerem diferentes conceitos e 
tratamentos. Desmatar uma área ou deteriorar as propriedades de um solo podem ser 
degradações ou perturbações, a depender da intensidade do dano. Caso o ambiente não se 
recupere sozinho em um tempo razoável, diz-se que ele está degradado, e a intervenção humana 
é necesária. Se o ambiente mantém sua capacidade de regeneração ou depuração (resiliência), 
diz-se que ele está perturbado, e a intervenção humana apenas acelera o processo de 
recuperação. A degradação intensa, com perda de resiliência, resulta notadamente em áreas 
degradadas. Há outros locais, porém, que a simples mitigação dos impactos ambientais 
causadores da alteração é suficiente para que processos de regeneração natural recuperem o 
ecossistema terrestre. São as chamadas áreas perturbadas, que resguardam considerável grau de 
resiliência. Reconhecer os mecanismos de resiliência de um ecossistema e distinguir áreas 
perturbadas de áreas degradadas são aspectos importantes para e eficiência técnica e 
econômica de um PRAD. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 Algumas noções sobre solos 
1.3.1 Noções de Pedologia 
A Pedologia estuda a formação as caracterísiticas dos solos por meio da descrição de perfis. 
Dizem os pedólogos que o estudo de solos é o estudo de perfis de solos. Ao se cavar uma 
trincheira ou se observar um corte de estrada, percebe-se que o solo, ou o perfil do solo, é 
formado por camadas ou horizontes sobrepostos. Cada horizonte ou camada possui 
características específicas, atributos e limitações de ordem física, química, biológica, hidrológica e 
estrutural (Figura 1.2). Não se encontram todos os horizontes abaixo citados em todos os tipos 
de solos. Cada tipo de solo possui uma seqüência própria de horizontes. Nos Cambissolos, por 
exemplo, há horizontes A e B, pouco espessos, sobre um horizonte C mais profundo. Nos solos 
orgânicos, podem-se encontrar os horizontes O ou H. Solos mais profundos, com maior 
profundidade efetiva, geralmente suportam uma vegetação de maior porte (Figura 1.3). Para o 
minerador, é importante localizar a(s) camada (s) que interessa explorar e definir a sua espessura. 
Para os que irão recuperar uma área minerada, é essencial saber qual o horizonte que 
permanecerá exposto ao final da lavra, pois é sobre ele que o novo ecossistema será implantado. 
 
O 
Camada orgânica, formada sob condições aeróbicas, sem água estagnada (húmus) 
H 
Camada orgânica, superficial ou não, formada sob condições de água estagnada (turfa) 
A Horizonte superficial mineral, usado para classificar solos. Concentra a maior parte da 
matéria orgânica e da vida em solos minerais 
E Horizonte mineral de perda de matéria orgânica, argila e óxidos de ferro 
B Horizonte subsuperficial usado para classificar solos 
F 
Horizonte ou camada mineral de acúmulo de ferro e alumínio 
C Horizonte mineral parcialmente intemperizado e ainda apresentando características da 
rocha-mãe 
R 
Rocha matriz ou rocha-mãe 
Figura 1.2: Principais horizontes encontrados em solos brasileiros. 
Observação: fora de escala. 
 
 
 
Figura 1.3: Relação entre a profundidade do solo e o porte da vegetação. 
 
 
 
 
 
1.3.2 Noções de Edafologia 
A Edafologia vê o solo como um grande reservatório de nutrientes, água, ar e matéria 
orgânica. Para essa ciência, um solo mineral ideal teria cerca de 45% de seu volume ocupado 
pela fração mineral (areia, silte e argila), 5% pela matéria orgânica e a outra metade dividida em 
proporções similares de água e ar, necessários para plantas e organismos (Figura 1.4). Essa visão 
utilitarista sobre quais substâncias que o solo pode oferecer às plantas permanece. Mas sob uma 
óptica mais moderna, a Edafologia considera atualmente o solo um sistema dinâmico, pois há 
constantes transformações químicas, físicas e biológicas ocorrendo nele. A uréia (fertilizante) ao 
ser aplicada aos solos, por exemplo, não permanece estática. Ela pode rapidamente volatilizar ou 
ser transformada em nitrato, que é geralmente lixiviado para camadas mais profundas através da 
infiltração de água (chuva ou irrigação). O conteúdo da água aplicada ao solo também muda 
constantemente. Drenagem e evapotranspiração alteram rapidamente as proporções de ar e água 
no solo. Substratos minerados apresentam diminutas quantidades de matéria orgânica, ar e 
capacidade de reter água. 
 
Ecossistemas naturais pertubados respondem a alterações edáficas pela mudança na 
composição de espécies. (GONÇALVES et al., 2004b). Em ambientes degradados, sob o enfoque 
da Edafologia, deve-se aumentar a matéria orgânica, a aeração e a capacidade de armazenamento 
de água de substratos minerados. Só assim o substrato estará apto ao crescimento de plantas e 
outros organismos. 
 
 
5%
25%
25%
45%
Matéria orgânica 
Ar
Água
Fração mineral
 
 Figura 1.4: Proporção volumétrica dos diferentes componentes de um solo hipotético 
 ideal. 
 
 
1.3.3 Solos de Cerrado 
Os elaboradores e executores de PRAD’s no Cerrado necessitam de conhecimentos básicos 
sobre esse bioma e sobre seus solos (Quadro 1.1). O Cerrado ocupa 25% da extensão territorial 
brasileira (220 milhões de hectares), em sua maior parte localizado no Planalto Central brasileiro 
(MACEDO, 1994). Porém, há também manchas de Cerrado nas Regiões Sul, Sudeste, Norte e 
Nordeste do Brasil. 
 
A precipitação anual no Cerrado varia entre 750 e 2.000 mm e as temperaturas médias anuais 
são propícias ao crescimento vegetal durante todo o ano (18 a 26oC). Todavia, a má distribuição 
das chuvas é um sério problema para o cultivo de plantas e para o controle da erosão em solos 
descobertos. O deficit hídrico nos solos de Cerrado pode superar os 790 mm na época seca 
(LOPES, 1984), que representa forte impedimento à sobrevivência e ao crescimento de mudas 
arbóreas em fases iniciais de desenvolvimento. Apesar disso, Ferri (1944 apud MALAVOLTA & 
KLIEMANN, 1985) demonstrou que a vegetação de Cerrado transpira durante o ano todo. Isso 
significa que falta d´água não é fator limitante para o desenvolvimento da vegetação nativa em 
áreas não mineradas. Na verdade, a característica escleromórfica da vegetação de Cerrado é 
reputada à deficiênciade nutrientes e à toxidez pelo alumínio e não à falta d’ água. Porém, 
estudos mais recentes mostram que as espécies nativas fecham parcialmente seus estômatos 
durante as horas mais quentes do dia, como estratégia de sobrevivência ao clima seco (DA 
SILVA, 2001). 
 
Os solos de Cerrado são muito intemperizados, mediamente ácidos (DE OLIVEIRA et al., 
2000) e apresentam baixa disponibilidade de nutrientes para os vegetais. De acordo com Eiten 
(1994), o efeito do clima sobre a vegetação de Cerrado é indireto, através de sua ação sobre o 
solo: a baixa fertilidade dos solos estaria limitando o desenvolvimento de uma vegetação de maior 
porte e biomassa. A vegetação nativa de Cerrado cresce sobre solos pobres em bases trocáveis, 
principalmente o cálcio (MALAVOLTA & KIELMANN, 1985). Profundidade efetiva do solo, 
presença de concreções no perfil, proximidade à superfície do lençol freático, drenagem e 
fertilidade são fatores determinantes das diversas fitofisionomias que compõem o Cerrado lato 
sensu: Mata Mesofítica, Cerradão, Cerrado stricto sensu, Campo Sujo, Campo Limpo, Veredas e 
Brejos (HARIDASAN, 2000). Quando a comunidade clímax é limitada pela capacidade de 
suporte do solo, diz-se que o clímax é edáfico. Isso ocorre naturalmente no Cerrado (EITEN, 
1994), onde a pluviosidade, a temperatura e a luminosidade poderiam originar comunidades 
climácicas de maior biomassa, caso os solos fossem mais férteis. Em substratos minerados, o 
“clímax edáfico” deve fazer-se ainda mais intenso e limitante ao crescimento de plantas. 
 
De acordo com Malavolta & Kliemann (1985), os solos de Cerrado seguem a seguinte ordem 
decrescente de limitações: acidez > falta de fósforo > falta de enxofre ou potássio > falta de 
zinco > falta de boro > falta de cobre > falta de nitrogênio e de manganês. Portanto, deve-se 
iniciar a correção química dos substratos minerados com a aplicação de calcário e seguir com a 
adubação fosfatada, potássica e assim sucessivamente. 
 
Segundo Da Silva (2001), a fertilização e irrigação para posterior avaliação do 
desenvolvimento de espécies nativas de Cerrado é uma boa maneira de se caracterizar a escassez 
de nutrientes no Cerrado. De acordo com mesmo autor, as espécies vegetais associadas 
naturalmente a solos pouco férteis respondem menos à adição de fertilizantes do que plantas 
nativas de solos mais férteis. Dessa forma, ao serem utilizadas em PRAD’s, as espécies de Mata 
Mesofítica e Cerradão responderiam melhor à adubação do que as espécies de Cerrado stricto sensu 
ou de Campo Cerrado. Entretanto, segundo Ratter et al., (1977 e 1978 apud HARIDASAN, 2000), 
há espécies de Cerrado que são indiferentes à fertilidade do solo, enquanto outras só ocorrem em 
solos ácidos e poucos férteis. Um terceiro grupo de espécies somente cresce em solos férteis. 
O percentual de cobertura dos solos por copas de árvores varia de quase zero, nos Campos, 
atingido quase 100% nos Cerradões e Matas. Sob condições de cobertura vegetal natural, a erosão 
não é um problema sério. Entretanto, os solos tornam-se muito susceptíveis à erosão após o 
desmatamento. O regolito é geralmente o material exposto após a mineração. Ele é altamente 
erodível e permite um rápido aprofundamento de sulcos, ravinas, voçorocas e o 
desmoronamento de taludes (HARIDASAN, 1994). 
 
Cerca de 46% da área do Cerrado é coberta por Latossolos (Quadro 1.1). Os Podzólicos 
(Nitossolos) e as Areias Quartzozas (Neossolos Quartzarênicos) aparecem em segundo lugar, 
cobrindo cada um 15% da área. Em seguida aparecem os Plintossolos (9%), os Litossolos 
(Neossolos Litólicos), com 7%, os Cambissolos (3%), os solos Hidromórficos (2,5%), a Terra 
Rocha Estruturada (2%) e outras classes de solos, que cobrem menos de 0,5% da área total de 
Cerrado (CORREIA, et al., 2002). No Distrito Federal, os Latossolos aparecem em 55% da área, 
seguidos pelos Cambissolos com 31%. Os demais tipos de solos somam 14% da área restante. 
 
Áreas de Latossolos são mineradas para se retirar material argiloso para aterros e cascalho 
para pavimentação. As Areias Quartzosas (Neossolos Quartzarênicos) fornecem areia para a 
construção civil. A terra preta para jardins é retirada dos Solos Hidromórficos. Os Cambissolos 
fornecem cascalho para pavimentação. Litossolos fornecem pedras para construção e 
paisagismo. Há ainda couraças lateríticas, que ocorrem nas bordas das chapadas e em situações 
de relevo suavemente ondulado. Elas são encontradas principalmente sobre as ardósias do 
Grupo Paranoá, uma vez que esse tipo de substrato é mais rico em ferro. A vegetação associada 
é o Campo Sujo e Campo-cerrado, cujo estrato arbustivo fica pouco evidente. Esse material tem 
sido intensamente explorado como fonte de material para pavimentação de estradas, sendo tal 
situação responsável por grande parte dos locais degradados pela mineração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quadro 1.1: Principais solos que ocorrem no Cerrado. 
Latossolos Æ são solos profundos (2 a 14 m de profundidade), bem drenados, com teores de 
argila variando entre 15% e 90%. São ricos em caulinita, quartzo e óxidos de alumínio e ferro. A 
vegetação predominante sobre Lotossolos é o Cerrado stricto sensu. São solos de cor vermelha, 
alaranjada ou amarela. 
 
Podzólicos (Nitossolos) Æ são solos com 1,5 a 2,0 m de profundidade, em que há diferenciação 
marcante entre os horizontes. O teor de argila aumenta à medida que se aprofunda o perfil, mas 
são solos bem drenados. Podzólicos apresentam um horizonte B vermelho a vermelho-amarelado, 
que evidencia a acumulação de argila translocada do horizonte A pela ação da água. A vegetação 
sobre esses solos pode ser de Cerrado ou floresta subcaducifólia. O Podzólico Vermelho-Amarelo 
é o mais comum no Brasil e freqüentemente aparece associado a Latossolos. Aparecem em 
situação de relevo mais acidentado que o Latossolo. São solos derivados de gnaisses e granitos. 
 
Areias Quartzosas (Neossolos Quartzarênicos) Æ são solos muito profundos, desenvolvidos 
a partir de arenitos ou sedimentos areno-quatzosos que contêm menos de 15% de argila. São solos 
muito pobres em nutrientes, muito permeáveis, mal estruturados, de capacidade de retenção de 
água muito baixa e alta susceptibilidae à erosão. Apresentam a seqüência de horizontes A - C, 
sendo em geral ácidos, com baixo potencial agrícola. São de difícil recuperação quando 
degradados. As vegetações associadas são os Campos ou Cerrado stricto sensu. 
 
Solos Hidromórficos Æ são solos que se desenvolvem sob a influência de lençol freático alto, 
permanecendo a maior parte do tempo saturados por água. São também classificados como Glei 
Húmico, Laterita Hidromórfica ou Solo Orgânico (MACEDO, 1994). Ocorrem comumente ao 
longo de córregos, rios, lagoas, lagos, várzeas ou depressões fechadas. Em caso extremo de 
excesso de umidade, há um grande acúmulo de restos vegetais. Quando os solos são minerais, 
com o ferro reduzido e removido do perfil, possuem coloração acinzentada. É comum também o 
aparecimento do horizonte B contendo manchas de coloração vermelha, onde há concentração e 
oxidação do ferro, denominadas de mosqueado, que indica a ocorrência de oscilações do nível do 
lençol freático. As fitofisionomias associadas são as Matas de Galeria, Campos de várzeas ou 
Veredas de Buritis. 
 
Litossolos (Neossolos Litólicos) Æ são solos rasos, pedregosos, com horizonte A ou O 
(orgânico) de menos de 40 cm de espessura, assentados diretamente sobre a rocha ou horizonte C. 
São solos associados a terrenos bastante acidentados. Cerrado stricto sensu, floresta 
subcaducifólia, campos rupestres e outras fisionomias de campos aparecem sobre litossolos.Cambissolos Æ são solos intermediários entre os poucos e os bem desenvolvidos, com 1,0 a 1,5 
m de profundidade. Apresentam horizonte B incipiente ou câmbico, sem evidências de iluviações 
de argila e sem cimentação. A textura é média (16 a 34% de argila) ou argilosa (35 a 60% de 
argila), com grande teor de silte. Cambissolos contêm grande proporção de cascalho (material > 2 
mm de diâmetro). Estão associados a relevos acidentados e a Campos, em suas várias fisionomias. 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 2 
 
Legislação pertinente e base teórica 
 
A Constituição Federal diz em seu artigo 225 que “todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações”. Em seu § 2o está estabelecido que “aquele que explorar recursos 
minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com a solução técnica 
exigida pelo órgão público competente, na forma da lei”. 
 
A recuperação de áreas degradadas, qualquer que seja o estado de degradação, encontra 
suporte também em normas infraconstitucionais e há duas décadas o tema constitui um dos 
pilares da Política Nacional do Meio Ambiente. A Lei no 6.938, de 31/08/1981, que dispõe sobre 
a Política Nacional do Meio Ambiente determina que: 
 
artigo 2o - “A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria 
e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições 
ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da 
dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: 
 
VIII - Recuperação de áreas degradadas”. 
 
Entretanto, a falta de conceitos precisos sobre o que é degradar e recuperar levou à edição do 
Decreto no 97.632, de 10/04/89, que regulamenta o artigo 2o, Inciso VIII da Lei no 6.938/81. Em 
seu artigo 1º, o Decreto no 97.632 prevê que “os empreendimentos que se destinam à exploração 
de recursos minerais deverão, quando da apresentação do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e 
do Relatório de Impacto Ambiental - RIMA, submeter à aprovação do órgão ambiental 
competente o Plano de Recuperação de Área Degradada - PRAD. 
 
Decreto no 97.632, artigo 2o - “Para efeito deste Decreto são considerados como degradação 
os processos resultantes dos danos ao meio ambiente, pelos quais se perdem ou se reduzem 
algumas de suas propriedades, tais como a qualidade ou capacidade produtiva dos recursos 
ambientais”. 
 
Decreto no 97.632, artigo 3o - “A recuperação deverá ter por objetivo o retorno do sítio 
degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano preestabelecido para uso do solo, 
visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”. 
 
Porém, o Decreto no 12.379, de 16/05/90, restringiu o número de soluções possíveis no 
Distrito Federal, ao determinar a recondução de áreas degradadas ao status quo ante. Muitas vezes 
o status quo ante é inoportuno, pela urbanização da vizinhança, por mudança de uso do solo ou até 
mesmo pela impossibilidade de se reconstituir um fragmento de ecossistema com estrutura 
ecológica igual à natural. Países em que o tema encontrava-se mais desenvolvido à época, já 
haviam tomado posições mais realistas. A Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos 
aproximou, em 1974, a conceituação teórica da factabilidade prática. Ela definiu três termos que 
expressam processos, dificuldades e objetivos a serem atingidos ao se recuperar uma área 
degradada: 
 
• Restauração: reposição das exatas condições ecológicas da área degradada, ou ao status 
quo ante, como definido no Decreto no 12.379. A restauração de um ecossistema é 
extremamente difícil e onerosa, só justificável para ambientes raros. Os profissionais que 
trabalham com Ecologia da Restauração atuam no ramo da reconstrução de ecossistemas 
perturbados ou degradados. A restauração é improvável quando o ambiente foi 
agudamente degradado, como em áreas mineradas. Além disso, as restaurações 
geralmente produzem apenas comunidades simplificadas, em relação às originais, ou 
comunidades que não se podem manter (PRIMACK & RODRIGUES, 2002). 
 
• Reabilitação: retorno da função produtiva da terra, não do ecossistema, por meio da 
revegetação. Retorno de uma área a um estado biológico apropriado. De acordo com 
Primack & Rodrigues (2002), é a recuperação de pelo menos algumas das funções do 
ecossistema e de algumas espécies originais. A escarificação do substrato de uma área 
minerada, por exemplo, é capaz de devolver-lhe a função hidrológica de permitir a 
infiltração de águas pluviais. 
 
 
• Recuperação: estabilização de uma área degradada sem o estreito compromisso 
ecológico. Recuperação é um processo genérico que abrange todos os aspectos de 
qualquer projeto que vise à obtenção de uma nova utilização para um sítio degradado. É 
um processo que objetiva, sobretudo, alcançar a estabilidade do ambiente. 
 
Áreas degradadas são comumente revegetadas no Brasil e por isso recuperação e 
reabilitação são termos considerados afins no País (IBAMA, 1990). Quando se opta pela 
revegetação de uma área minerada, deve-se reconhecer que a recuperação não é um evento que 
ocorre em uma época determinada, mas é um processo que se inicia com o planejamento, antes 
da mineração, e termina muito após a explotação da lavra, com a manutenção do plantio 
(BARTH, 1989). Ao término da manutenção do plantio, a área deve encontrar-se em um 
processo autônomo de sucessão ecológica, quando a intervenção humana não se faz mais 
necessária. 
 
Na prática, o termo recuperação prevê atividades que permitem o desenvolvimento de 
vegetação, nativa ou exótica, na lavra explotada ou a reutilização do local que foi degradado para 
diversos outros fins. O resultado desses processos dependerá do objetivo pretendido e da 
capacidade do local de suportá-lo. Essa posição é compartilhada pelo órgão federal de meio 
ambiente brasileiro (IBAMA) desde 1990. O IBAMA define recuperação como o retorno de 
áreas degradadas a uma forma de utilização tecnicamente compatível, em conformidade com os 
valores ambientais, culturais e sociais locais (IBAMA, 1990). Dessa forma, o termo recuperação 
encontra base conceitual e técnica para que se adotem diversas medidas no tratamento de áreas 
degradadas. O fato é que áreas degradadas são ambientes criados pelo homem e a ecologia que 
rege seus processos, inclusive os de recuperação, ainda é pouco conhecida. 
 
Majer (1989) define ainda a reposição e a opção negligente como outras formas de manejo 
de áreas degradadas. A reposição consiste em se criar um ecossistema diferente do originalmente 
presente. A estabilização de cavas mineradas por meio da implantação de pastagens é um 
exemplo de reposição, em que o ecossistema natural pré-lavra é substituído por uma camada de 
forrageiras após a mineração. Nesse caso, o ambiente criado pelo homem na área minerada tende 
a ser rico em nutrientes minerais, por causa da adubação, apresentar grande biomassa vegetal, mas 
possuir baixa diversidade de espécies e pouca complexidade estrutural. Além disso, áreas 
degradadas pela mineração que são revegetadas são menos produtivas do que as áreas não 
mineradas (BARTH, 1989). Primack & Rodrigues (2002) chamam a reposição de substituição. 
A opção negligente (MAJER, 1989), ou nenhuma ação (PRIMACK & RODRIGUES, 
2002), refere-se a deixar a recuperação da área minerada a cabo da sucessão. A depender da forma 
da cava, do material exposto e da presença ou ausência de estruturas que disciplinem as águas 
pluviais, mais degradação, por causa da erosão,pode ocorrer na lavra explotada. Mesmo assim, a 
opção negligente é sem dúvida a que domina no Cerrado e, provavelmente, em todo o Brasil. 
 
A política ambiental brasileira objetiva permitir a exploração mineral sem permitir, contudo, 
que o passivo ambiental seja transferido para a sociedade e para os cofres públicos. Atualmente 
há diversos instrumentos normativos que visam promover a recuperação e o monitoramento de 
ambientes que foram degradados pelo homem. Essas normas buscam inserir ou ocultar espaços 
degradados específicos em unidades maiores, como bacias hidrográficas, ecossistemas e biomas. 
Buscam também, invariavelmente, formas de responsabilizar o agente degradador pelo ônus da 
recuperação, pois a falta ou o atraso em se iniciarem os trabalhos de recuperação no presente 
significa que as gerações futuras terão um trabalho de recuperação mais difícil e oneroso que a 
geração responsável pela degradação (BARTH, 1989). 
 
A política e a legislação ambiental brasileiras estabelecem como estratégico o 
desenvolvimento de técnicas que incrementem e facilitem a reabilitação de terras degradadas, 
para o posterior uso preservacionista, econômico ou social delas. O reflorestamento com espécies 
ecologicamente adequadas e o manejo da regeneração natural são as ações indicadas para 
transformar ambientes degradados em locais estáveis e/ou produtivos (MMA/PNUD, 2002). A 
importância de se utilizarem processos naturais de regeneração na recuperação de áreas 
degradadas é atualmente reconhecida não só pelos formuladores da política ambiental brasileira 
(MMA/PNUD, 2002), mas também pela legislação. O artigo 48 da Lei de Crimes Ambientais - 
Lei no 9.605, de 12/02/98 - considera crime passível de detenção impedir ou dificultar a 
regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação. 
 
A legislação sobre áreas degradadas evolui também em outros aspectos. Após duas décadas 
de pesquisa e trabalhos de recuperação, definições mais realistas são adotas pela legislação 
brasileira mais recente. A Lei no 9.985, de 18/07/00, que institui o Sistema Nacional de Unidades 
de Conservação da Natureza - SNUC, objetiva, entre outros, recuperar e restaurar ecossistemas 
degradados (Artigo 4o, Inciso IX). Em seu artigo 2o, o SNUC entende que: 
 
XIII - recuperação: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada 
a uma condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original. 
 
XIV - restauração: restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o 
mais próximo da sua condição original. 
 
Dessa forma, não somente pelo cumprimento da lei, mas principalmente porque são as leis 
naturais que regem os processos ecológicos, os conceitos atuais de degradação, resiliência, 
recuperação e restauração são mais realistas e devem ser os adotados em PRAD’s. Os 
processos de regeneração natural, sempre que possível, devem ser preferidos à intervenção direta, 
pois custos são reduzidos, evita-se a interferência direta sobre ciclos naturais e anulam-se riscos 
de impactos que a execução de um PRAD pode causar em porções frágeis de ecossistemas, 
sobretudo aquáticos. 
 
Finalmente, cabe lembrar que o Código Florestal brasileiro (Lei nº 4.771, de 15/09/65, art. 2º, 
alterado pela Lei nº 7.803, de 18/07/89) utiliza a vegetação para garantir a proteção das águas e 
de terrenos demasiadamente susceptíveis à erosão e ao desmoronamento. De acordo com essa lei, 
é proibida a exploração de recursos naturais e, portanto, é proibida a exploração mineral nas 
Áreas de Preservação Permanente. 
 
A Lei no 9.985, de 18/07/2000, também proíbe atividades que degradam o meio ambiente em 
Unidades de Conservação de Proteção Integral e, conseqüentemente, é proibida a exploração 
mineral em: 
 
• Estações Ecológicas. 
• Reservas Biológicas. 
• Parques Nacionais e similares nos Estados, Municípios e no Distrito Federal. 
• Monumentos Naturais. 
• Refúgios de Vida Silvestre. 
 
Existem outras normas legais que regulam a exploração mineral no Brasil, como mostrado na 
Tabela 2.1. 
 
Tabela 2.1: Algumas normas legais pertinentes à exploração mineral 
Norma Função 
Decreto-Lei nº 227/1967 estabelece o Código de Mineração 
Lei nº 6.567/1978 dispõe sobre o regime especial para exploração e 
aproveitamento das substâncias minerais da Classe II 
Lei nº 6.938/1981 estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente 
Lei nº 7.347/1985 disciplina as Ações Civis Públicas por danos ao meio 
ambiente 
Lei nº 7.805/1989 altera o Decreto nº 227/67, criando o regime de permissão 
de lavra e garimpagem, a obrigatoriedade do licenciamento 
ambiental e extingue o regime de matricula 
Lei nº 7.990/1989 estabelece a compensação financeira da mineração 
Lei nº 8.001/1990 define os percentuais da distribuição da compensação 
financeira de que trata a Lei nº 7.990, de 28/12/1989 
Decreto no 97.632/1989 regulamenta o artigo 2o, Inciso VIII da Lei no 6.938/1991 
Decreto nº 99.274/1990 regulamenta as Leis nº 6.902/81 e 6.938/1981 
Decreto nº 98.812/1990 regulamenta a Lei nº 7.805/1989 
Decreto nº 99.556/1990 dispõe sobre a proteção das cavidades subterrâneas 
naturais 
Decreto Distrital no 22.139/2001 
 
regulamenta a Lei Distrital no 1.393/1997 e estabelece 
garantias fiduciárias para a recuperação de áreas mineradas
Resolução CONAMA nº 01/1986 estabelece a obrigatoriedade dos estudos de impacto 
ambiental para as atividades potencialmente poluidoras 
Resolução CONAMA nº 09/1990 determina que a realização da pesquisa mineral, quando 
envolver o emprego de guia de utilização, fica sujeita ao 
licenciamento ambiental de órgão competente e da outras 
providências 
Resolução CONAMA nº 010/1990 determina que a explotação de bens minerais da Classe II 
(bens minerais de uso direto na construção civil) deverá 
ser precedida de licenciamento ambiental do órgão 
estadual de meio ambiental ou do IBAMA, quando 
couber, nos termos da legislação vigente e desta resolução 
Resolução CONAMA nº 237/1997 dispõe sobre o licenciamento ambiental para as atividades 
consideradas poluidoras/impactantes, estando previsto em 
seu texto a obrigatoriedade da realização de estudos 
ambientais e a apresentação de um plano detalhado de 
reparação dos danos causados ao meio ambiente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 3 
 
Planejamento e etapas da recuperação 
 
 
3.1 Recuperação de áreas degradadas 
Especialistas preconizam que a recuperação de uma área degradada pela mineração começa 
antes de se iniciar a abertura da lavra (BARTH, 1989; IBAMA, 1990). A definição prévia do uso 
futuro do local degradado, o planejamento para a retirada da cobertura vegetal e da camada 
superficial do solo, o gerenciamento da forma da paisagem da lavra e a recuperação 
concomitantemente à exploração são medidas que reduzem os custos de controle ambiental, 
tornando a atividade minerária menos nociva e mais rentável. 
 
A maioria dos órgãos ambientais exige a adoção dessas práticas, que são cobradas nos termos 
de referência para a elaboração e execução de PRAD’s (Anexo 3.1). Permitir a geração de 
riquezas sem transferir os passivos ambientais da atividade minerária para a sociedade e para as 
futuras gerações é a diretriz que resultou na exigência de elaboração e de execução de PRAD’s. A 
exploração minerária no Brasil necessita atualmente da aprovação prévia da atividade pelo setor 
ambiental governamental, que se utiliza de PRAD’s para sistematizar e operacionalizar os 
princípios do desenvolvimento sustentável. O PRAD deve ser apresentado ao órgão ambiental 
competente após a emissão da Licença Prévia - LP da lavra. Ele seráentão analisado e a 
Licença de Instalação - LI somente será emitida após a aprovação dele pelos técnicos do 
governo. 
 
Alguns estudos indicam que mineração com controle ambiental é atividade economicamente 
viável para pequenos, médios e grandes mineradores (CORRÊA, 1998a). O Responsável Técnico 
- RT de uma lavra deverá estar habilitado para interpretar e cumprir as exigências legais e as 
demandas dos órgãos ambientais de forma econômica e tecnicamente eficiente. Seguir o termo de 
referência do órgão ambiental responsável pelo empreendimento é o melhor caminho. O termo 
de referência deve fornecer diretrizes que resultem em um PRAD que, ao ser executado, acabe 
por estabilizar a paisagem em curto, médio e longo prazos. A estabilização da paisagem pode 
ser entendida como o objetivo geral de qualquer PRAD e de qualquer forma de recuperação de 
uma área degradada pela mineração. 
 
Os objetivos específicos de uma recuperação variam em função do minerador, do órgão 
ambiental, da especificidade do local, entre outros. Os objetivos mais freqüentes são: 
 
• restituir a forma da área (paisagem florestal, de campo e outras); 
• restituir a função da área (suporte de fauna, recarga de aquíferos, proteção de rios e 
outras); 
• cumprir a legislação; 
• executar um projeto de recuperação que esteja em conformidade com a destinação da 
área e com a vizinhança (urbanização, paisagismo, agricultura, reflorestamento, 
preservação); 
• executar um projeto sustentável que demande o mínimo de manutenção em curto, médio 
e longo prazos. 
 
3.2 Etapas da recuperação por meio da revegetação 
Etapa 1 - Medidas pré-lavra 
Conforme item 3.3 
 
Etapa 2 - Caracterização do empreendimento e do sítio degradado 
Conforme Anexo 3.1. 
 
Etapa 3 - Planejamento 
1) Definição do produto a ser obtido e das ações necessárias para se obtê-lo (ex: parque de 
lazer, campo agrícola, reflorestamento comercial). 
2) Avaliação da capacidade de suporte do local minerado para receber o projeto proposto. 
 
O tratamento da paisagem, do substrato e a escolha da comunidade vegetal são três 
etapas imprescindíveis caso a revegetação seja o meio escolhido para se estabilizar a paisagem. 
Portanto, o sucesso de um projeto de revegetação reside em grande parte no planejamento 
correto e detalhado dessas três etapas. 
 
Etapa 4 - Tratamento da paisagem 
1) Controle da erosão. 
2) Recomposição topográfica e obras de engenharia, se necessárias. 
Etapa 5 - Tratamento do substrato 
Tratamentos físicos (escarificação, subsolagem, gradeação, aração, terraceamento, 
coveamento, incorporação de matéria orgânica e outros), tratamentos químicos (calagem, 
gessagem, aplicação de matéria orgânica e de fertilizantes) e tratamentos biológicos (incorporação 
de matéria orgânica, inoculação de microorganismos e minhocas). 
 
Etapa 6 - Escolha da comunidade vegetal inicial 
1) Escolha das espécies herbáceas e/ou arbustivas e/ou arbóreas. 
2) Definição da densidade de plantio (ex: mudas/hectare). 
3) Definição da quantidade de cada espécie a ser plantada 
4) Definição da época de plantio. 
5) Definição da necessidade de irrigação. 
 
Etapa 7 - Manutenção e monitoramento (24 meses) 
• Adubações de cobertura. 
• Avaliação da sobrevivência das plantas. 
• Reposição de mudas mortas. 
• Substituição de espécies pouco adaptadas. 
• Capinas. 
• Coroamento de mudas. 
• Aceiramento para controle de incêndios. 
• Controle de pragas e patógenos. 
• Identificação de toxidez e/ou deficiências nutricionais. 
• Reconstrução de terraços. 
• Elaboração periódica de relatórios de acompanhamento. 
 
3.3 Medidas pré-lavra 
3.3.1 Planejamento da exploração 
Seguindo as recomendações de IBAMA (1990), deve-se planejar e conduzir a exploração 
mineral sempre visando ao produto final que será obtido com a execução do PRAD. Existem 
medidas mitigadoras que são de fácil execução e que tornam a recuperação mais simples, eficiente 
e menos onerosa. A experiência acumulada recomenda as medidas abaixo listadas, principalmente 
para pequenos mineradores: 
 
• cercamento e vigilância da jazida, para coibir a exploração clandestina de terceiros. 
• piqueteamento da jazida, para facilitar a visualização espacial e otimizar a exploração e a 
recuperação. 
• presença de um responsável na lavra que indique aos operadores de máquinas os locais 
e profundidades a serem explorados, em conformidade com o estipulado na Licença 
Ambiental e no PRAD. 
 
O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal adota a exploração de cascalho 
laterítico em tiras, conforme descrito em Cardoso & Carvalho (1998). Essa técnica foi 
desenvolvida para as condições geomorfológicas do Distrito Federal e para tornar a revegetação 
das áreas explotadas mais eficiente e menos onerosa. Ela pode ser testada em outros locais do 
Cerrado, como descrito nos itens abaixo: 
 
1) inicialmente a jazida é dividida paralelamente às curvas de nível, em faixas de 30 a 40 m de 
largura; 
 
2) o avanço da exploração faz-se em tiras de exploração, das cotas inferiores para as 
superiores; 
 
3) remove-se a cobertura vegetal e a camada superficial de 20 cm de solo apenas da faixa de 
30-40 m de largura a ser imediatamente explorada. A camada superficial de 20 cm de solo 
é estocada em leiras, contornando toda a porção topograficamente inferior e lateral da tira 
de exploração, a uma distância mínima de 5 m da escavação. Essa distância visa facilitar as 
manobras de máquinas no abatimento do talude, que deve ter uma inclinação final de 
25% (1 vertical : 4 horizontal); 
 
4) não se deve aprofundar a lavra até atingir a rocha, saprolito ou surgências d’água. Deve-se 
manter uma camada mínima de 30 cm de cascalho sobre o saprolito. Idealmente, essa 
camada de cascalho deve ter 50 cm de profundidade ou mais. Essa camada será 
posteriormente tratada para se tornar o “solo” que irá dar suporte à nova comunidade 
vegetal; 
5) caso uma segunda tira de exploração precise ser aberta antes da revegetação da anterior, a 
camada de solo superficial da segunda tira deve ser armazenada a 5 m de distância da sua 
borda superior. Deve-se manter uma faixa não escavada entre as tiras exploradas, para 
formar terraços naturais que separam cavas adjacentes. Essa medida é fundamental para o 
controle do escorrimento d’água; 
 
6) a camada de solo superficial estocada será colocada sobre a superfície a ser revegetada, 
após a recomposição topográfica da lavra explotada e da escarificação ou subsolagem do 
substrato exposto; 
 
7) os depósitos de cascalho situam-se geralmente nos limites da quebra do relevo, nas 
bordas das chapadas, onde a declividade é acentuada (MARTINS et al., 2004). Manter 
lavras a uma distância de 100 m das bordas de chapada é mais seguro e evita infrações ao 
Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771, de 15/09/65). 
 
3.3.2 Armazenamento da camada superficial do solo 
O grande valor ecológico e monetário da camada superficial dos solos foi descoberto assim 
que PRAD’s começaram a ser executados. A camada superficial dos solos concentra matéria 
orgânica, sementes, nutrientes e organismos, que diferenciam porções destruídas do Cerrado que 
se regeneram espontaneamente daquelas que têm que ser revegetadas pelo homem. Portanto, 
pode-se considerar que a resiliência do Cerrado encontra-se, ainda que parcialmente, na camada 
superficial de seus solos. 
 
Os horizontes superficiais de solos minerais de Cerrado possuem cerca de 2% de matéria 
orgânica, que apresenta valor econômico. Ao se considerar uma densidade aparente do solo de 1 
Mg m-3 (1 t m-3), têm-se 2.000 toneladas de solo na camada de 20 cm de cada hectare. São, 
portanto, 40toneladas de matéria orgânica armazenadas nesses 20 cm de solo de cada hectare. 
Composto de lixo, por exemplo, contém 50% de umidade e 35% de matéria orgânica. Então, 
seria necessário incorporar 228 toneladas de lixo compostado em cada hectare para se atingir 2% 
de matéria orgânica na camada superficial de 20 cm de substrato. Esse material é comercializado 
por R$ 8,00 a tonelada. Dessa forma, o custo para se elevar o teor de matéria orgânica do 
substrato minerado até 2% passaria de R$ 1.820,00 por hectare, sem considerar transporte e 
custos de incorporação. 
 
Alternativamente, pode-se adquirir lodo de esgoto ao custo do transporte. O lodo de esgoto 
contém 88% de umidade e 61% de matéria orgânica em sua parte seca. Seria necessário 
incorporar 546 toneladas de lodo a cada hectare de substrato minerado. O custo do frete 
dependeria da distância entre a estação de tratamento e a jazida explotada. Considerando um 
custo hipotético e subestimado de R$ 5,00 por tonelada transportada, haveria um gasto de R$ 
2.730,00 com frete. Parte desse valor seria compensado pela economia com fertilizantes, haja 
vista a alta concentração de nutrientes existente em lodos de esgoto. Entretanto, torna-se menos 
oneroso e mais eficiente separar e armazenar a camada superficial do solo, para utilizá-la como 
substrato para o desenvolvimento da vegetação a ser implantada. 
 
Sementes e organismos não têm sido mensurados economicamente, mas são outros 
benefícios existentes na camada superficial do solo armazenada. Ao se depositar a camada de 20 
cm sobre a superfície escarificada ou subsolada da lavra, aumenta-se a profundidade efetiva do 
substrato, que é a camada explorada pelas raízes das plantas. As operações para espalhar a camada 
superficial de solo sobre o substrato minerado são mais simples que as necessárias para 
distribuição e incorporação de fonte exógena de matéria orgânica. Como resultado, há também 
economia no uso de máquinas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 3.1 
 
Modelo de Termo de Referência para elaboração de Plano de Recuperação 
de Área Degradada - PRAD para o Distrito Federal 
 
1 - Informações gerais 
1.1 Nome ou razão social do empreendedor. 
1.2 Endereço do empreendedor para correspondência e contato. 
1.3 Tipo de atividade. 
1.4 Localização geográfica da obra, devendo ser apresentada em mapa ou croqui, em que 
deverão ser marcadas as vias de acesso principais e secundárias. 
1.5 Mapa, informando a posição do empreendimento na bacia hidrográfica, mapa geológico e 
de solos. 
1.6 Declividade do terreno. 
1.7 Número do processo em trâmite no órgão ambiental. 
1.8 Características específicas dos equipamentos que serão utilizados nos trabalhos de 
recuperação. 
 
2 - Introdução 
A introdução deverá discorrer sobre a necessidade de se recuperar a área. Devem-se 
contemplar os métodos utilizados para sua elaboração e os órgãos governamentais e empresas 
privadas envolvidas no trabalho. 
 
 3 - Mapa da área 
Os limites e as dimensões das áreas a serem recuperadas deverão constar em mapas 
georreferênciados, na escala determinada pelo órgão ambiental. 
 
4 - Legislação pertinente 
Relacionar as legislações concernentes à atividade minerária, à proteção ambiental e ao local a 
ser explorado. 
 
 
 
5 - Diagnóstico ambiental 
A partir do diagnóstico ambiental, contendo o levantamento geral dos componentes 
abióticos, bióticos e sócio-econômicos, serão identificadas e determinadas áreas que serão 
influenciadas, direta e indiretamente, pela mineração. A área de influência indireta deve abranger, 
no mínimo, a sub-bacia hidrográfica em que a área de influência direta se localiza. Essas 
informações servirão de base para o projeto de recuperação da área. 
 
5.1 Meio Físico 
5.1.1 Clima: pluviometria, temperatura, umidade relativa, radiação solar, velocidade e direção 
predominante dos ventos. 
5.1.2 Geomorfologia: levantamento topográfico da área, mapa de declividade, determinar os 
locais com maior susceptibilidade à erosão e trechos de instabilidade geomorfológica. 
5.1.3 Solo: caracterizar, analisar e mapear o(s) tipo(s) de solo(s) existente(s) na área a ser 
recuperada, o horizonte exposto e o manto rochoso. 
5.1.4 Recursos hídricos: caracterização e comportamento da drenagem superficial e 
subterrânea, do lençol freático, das vazões e drenagens principais, dos regimes fluviais, 
dos carreamentos de sedimentos para os cursos d’água, da qualidade da água, dos 
poluentes líquidos e sólidos e as suas fontes, da influência dos lançamentos de águas 
pluviais. 
 
5.2 Meio biótico - levantamento e análise da flora e fauna do local e da circunvizinhança e 
suas interações com o meio físico e antrópico 
 
5.3 Meio antrópico - devem-se caracterizar os possíveis interesses conflitantes (interferência 
em outras atividades econômicas, culturais e sociais, poluição, ruído, trânsito de veículos 
pesados e outros), o histórico de ocupação, a situação fundiária da área, a influência 
antrópica, o uso e o aproveitamento atual da área. 
 
6 - Impactos ambientais 
Consiste no levantamento dos principais impactos ambientais gerados pela atividade 
minerária e pela execução do PRAD nas áreas de influência direta e indireta, considerando os 
meios físico, biótico e antrópico. 
 
 
7 - Destinação futura da área 
Descrever a utilização futura da área com base na legislação e valores locais, características 
físicas da área, região circunvizinha, necessidades e aspirações locais e demais fatores que sejam 
relevantes. 
 
8 - Plano de recuperação da área degradada 
Os métodos de trabalhos propostos para o Plano de Recuperação da Área Degradada - 
PRAD deverão ser devidamente especificados, tais como: 
 
8.1 Medidas mitigadoras dos impactos. 
8.2 Método a ser utilizado para a recuperação da(s) fitofisionomia(s) em questão. 
8.3 Técnicas de conservação do solo. 
8.4 Técnicas de preparo do substrato para cobertura vegetal. 
8.5 Recursos hídricos próximos. 
8.6 Seleção de espécies adaptadas às condições do local, levando-se em consideração o Índice 
de Valor de Importância (IVI) das espécies da área de influência indireta. Para a seleção 
adequada da(s) espécie(s), devem-se considerar as espécies existentes no local e/ou o 
histórico vegetacional da área. 
8.7 Plano de monitoramento, tratos culturais de manutenção da área recuperada. 
8.8 Técnicas de proteção e conservação da fauna, flora e recursos hídricos. 
8.9 Outras medidas a serem adotadas que visam ao sucesso da recuperação. 
 
Caso haja outras atividades correlatas, necessárias à recuperação e que venham a acarretar 
danos ambientais, elas devem ser citadas. 
 
9 - Cronograma executivo 
Elaborar cronograma de atividades, juntamente com os custos e o produto final. 
 
10 - Discussão e conclusão 
Nesse item o empreendedor deverá apontar as condições positivas e negativas para o 
empreendimento e citar as metas a serem atingidas. 
 
11 - Representação gráfica 
Este item tem por objetivo a visualização da área degradada e sua configuração após serem 
realizados os trabalhos de recuperação propostos no PRAD. Deverão ser apresentadas pelo 
menos duas plantas planialtimétricas, em escala definida pelo órgão ambiental. 
 
11.1 Planta da área degradada, devendo conter as poligonais da área degradada, indicar as 
características físicas, enfatizando os aspectos da cobertura vegetal outrora existente, 
topografia e processos erosivos no local. 
11.2 Planta da área recuperada (projeção), com a previsão de configuração da área após a 
realização dos trabalhos de recuperação, constituindo assim o modeloa ser alcançado 
pelo PRAD. 
 
12 - Qualificação da equipe 
A elaboração e a execução do PRAD deverão ser realizadas por profissional(s) habilitado(s) - 
graduado(s) e devidamente registrado(s) no órgão profissional competente (CREA, CRB e outros). 
Os trabalhos deverão ser acompanhados de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). A 
última folha do PRAD deverá conter a assinatura do(s) Responsável(s) Técnico(s) - RT(s). 
 
13 - Forma de apresentação do produto 
O PRAD deverá ser apresentado em forma de texto impresso e em meio digital. No caso de 
desenhos e/ou gráficos, eles deverão ser apresentados impressos e em disquetes (em formato 
compatível com Excel 7.0 ou superior e formato DXF para arquivos vetoriais e TIFF para 
arquivos rasteirados, versão Windows). 
 
Os mapas e detalhes deverão ser entregues em papel e na forma digital, no formato compatível 
com o programa Arcinfo ou Arcview. A mídia de armazenamento dos mapas digitais deverá ser 
do tipo CDROM ou DVD. 
 
 
 
 
 
 
14 - Recebimento, avaliação e acompanhamento do PRAD 
O PRAD deverá ser protocolado no órgão ambiental, que designará uma equipe de técnicos 
para avaliar e acompanhar o Plano. 
 
Relatórios semestrais devem ser elaborados pelo(s) RT(s), abordando: 
 
• medidas de conservação e proteção da área recuperada; 
• sucesso da revegetação, com proposta de replantio se necessário; 
• controle do processo erosivo; 
• outros. 
 
Os relatórios deverão ser apresentados até que a recuperação esteja consolidada, ou seja, que 
todos os problemas ambientais pertinentes estejam sanados. 
 
15 - Referências bibliográficas 
 
16 – Anexos do PRAD 
• Mapas. 
• Desenhos e/ou croquis. 
• Fotografias. 
• Planilhas de custo. 
• Outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo 4 
 
Tratamento da paisagem 
 
4.1 Tratamento da forma da paisagem 
O horizonte C de Latossolos e Neossolos Quartzerênicos (Areias Quartzosas) ou o saprolito 
de Cambissolos são materiais freqüentemente encontrados na superfície de lavras explotadas na 
região do Cerrado. Os solos de Cerrado, que naturalmente impõem restrições químicas ao 
desenvolvimento de plantas, tornam-se mais limitantes para os processos de sucessão natural 
quando desprovidos de seus horizontes superficiais. As limitações de substratos minerados 
referem-se à falta de uma estrutura similar a de um solo, à compactação, a deficiências 
nutricionais e aos baixos teores de matéria orgânica existente. Valores extremos de pH e/ou 
compostos tóxicos que dificultem o desenvolvimento de uma vegetação são geralmente 
inexistentes em substratos minerados nas regiões de Cerrado. 
 
Além dos problemas acima citados, a forma da paisagem (topografia) e a grande compactação 
das superfícies mineradas freqüentemente impedem o estabelecimento de vegetação em áreas 
degradadas pela mineração. Dessa forma, restabelecer a vegetação em uma área minerada não é 
possível sem o manejo adequado de sua topografia e de seu substrato. Somente após a 
recomposição topográfica há que se pensar em melhorar as condições químicas e biológicas de 
substratos minerados. 
 
A macroforma final da paisagem será determinada pela configuração da lavra explotada. Por 
esse motivo, deve-se controlar a evolução da escavação com base no futuro uso da área, que deve 
estar previsto no plano de recuperação da área a ser degradada (PRAD). Entretanto, a regra geral 
é explorar seguindo os depósitos minerais e, portanto, a macroforma da paisagem é geralmente 
determinada por critérios minerários e não por determinações ambientais. Resta, então, tratar a 
paisagem deixada pela lavra, modificando alguns de seus elementos. Retaludamento, desmonte de 
testemunhos, construção de terraços e disciplinamento de águas surgentes são algumas medidas 
que visam a uma melhor estética paisagística, a uma maior estabilidade da área e ao controle da 
erosão. 
 
As operações de preparação da área minerada são capazes de manter e elevar a fertilidade e 
produtividade de uma área, quando bem operadas. Essas operações devem ser capazes de reduzir 
a erosão e melhorar a relação custo/benefício dos recursos disponíveis, tais como máquinas, 
mão-de-obra, combustível, mudas, sementes e insumos (GONÇALVES et al., 2004b). Se operada 
inadequadamente, a preparação de substratos minerados é ineficaz para promover a recuperação 
da área. 
 
4.2 Controle da erosão 
A erosão é o processo de desprendimento e transporte de partículas do solo, que em regiões 
tropicais pode ser causado pela água (hídrica) ou pelo vento (eólica), mesmo sob condições 
naturais. Porém, a erosão tem sido acelerada pelo homem e a sua forma hídrica representa um 
dos principais problemas em áreas mineradas e agrícolas no Cerrado brasileiro. Após a retirada da 
cobertura vegetal nativa, os solos das regiões de Cerrado são muito susceptíveis à erosão causada 
pelas chuvas. Em lavras explotadas, quando há a canalização das águas pluviais, o substrato 
exposto é altamente erodível e permite um rápido aprofundamento de ravinas e voçorocas 
(HARIDASAN, 1994). 
 
Solos de regiões tropicais que recebem de média a alta pluviosidade são muito susceptíveis à 
erosão, quando a cobertura vegetal é removida. O problema se agrava quando há duas estações 
definidas, uma seca e a outra de chuvas, como ocorre no Cerrado. Há reconhecidamente quatro 
formas de erosão hídrica: laminar, em sulcos, ravinas e voçorocas. Geralmente a erosão laminar 
precede a erosão em sulcos que, por sua vez, pode originar ravinas. Quando a água subsuperficial 
e subterrânea contribuem para erodir as ravinas, criam-se as voçorocas. 
 
O carreamento da parte superficial de substratos sob a forma de sedimentos, por meio da 
erosão laminar e em sulcos, afeta a qualidade e a quantidade de água armazenada em 
reservatórios, barragens, lagos, rios e outros. As ravinas e voçorocas, freqüentemente presentes 
em áreas mineradas, destroem obras civis e ecossistemas, além de provocarem também o 
assoreamento de reservatórios. Além disso, o impacto das chuvas sobre substratos desnudos, a 
desagregação de partículas e o carreamento de sedimentos em áreas mineradas acarreta no 
aumento da compactação e na diminuição da capacidade de armazenamento de água dos 
substratos. A perda de partículas é acompanhada pela perda de nutrientes, que reduz as chances 
de revegetação natural dessas áreas. 
 
A avaliação das perdas de solo em locais minerados e abandonados no Distrito Federal 
mostrou que elas são cerca de duas vezes superiores às perdas de sedimentos em áreas de 
monoculturas sazonais mecanizadas, ou três mil vezes maiores que as perdas de sedimentos de 
solos sob matas nativas. Locais minerados no Distrito Federal há décadas liberam entre quatro e 
doze toneladas de sedimentos por hectare a cada ano (CORRÊA, 1998b). A revegetação é a 
medida mais eficiente para o controle de erosão. A presença de vegetação sobre Latossolos no 
Cerrado é suficiente para reduzir em até 90% as perdas de solo. Até a simples deposição de 
cobertura morta sobre superfícies desnudas pode diminuir em até 75% a perda de sedimentos. 
 
O controle da erosão laminar e em sulcos demanda medidas físicas ou mecânicas 
(reconstrução de elementos da paisagem, retaludamento), edáficas (escarificação, tratamento do 
substrato, incorporação de matéria orgânica) e/ou biológicas ou vegetativas (incorporação de 
matéria orgânica, revegetação). Toda e qualquer ação que diminua a desagregação das partículas 
do substrato e seu carreamento pelas águas ou vento constitui prática de controle da erosão. 
Implantar e otimizar a cobertura vegetal sobre substratos, aumentar a capacidade de 
infiltração de água

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