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CONDIÇÕES, RECURSOS, NICHO ECOLÓGICO E HÁBITAT Já vimos que os organismos são o alvo da seleção natural. Muitas vezes, as pressões seletivas exercidas nos organismos são bióticas (= providas de vida), como inimigos naturais, patógenos, competidores, mutualistas, entre outros. Em adição, muitas pressões impostas aos organismos dizem respeito às condições nas quais os organismos vivem. Condições são fatores físico-químicos do ambiente como temperatura, luminosidade, água, precipitação, umidade, salinidade, pressão atmosférica, pH, ventos, campo magnético, entre outros. É importante considerar que as condições são, portanto, desprovidas de vida, ou seja, são fatores abióticos do meio que variam e influenciam a sobrevivência, a funcionalidade e o desempenho dos organismos. Condições não são utilizadas pelos organismos, logo não são alvo de processos como competição. Contudo, como os organismos respondem diferencialmente às condições, se estes vivem em condições abaixo ou acima das necessárias para sua sobrevivência e reprodução, estas podem se constituir em fatores limitantes do meio ao estabelecimento dos organismos em um dado ambiente. Quando os organismos suportam uma grande variação das condições às quais estão sujeitos, utiliza-se o prefixo “euri”; quando toleram uma pequena variação, o prefixo “esteno”. Por exemplo, bactérias que toleram grandes variações de temperatura – sendo assim encontradas em ambientes tanto temperados quanto tropicais – são ditas euritérmicas. Em outro exemplo, animais ou plantas que toleram pouca variação de pressão atmosférica – sendo encontrados apenas no nível do mar, por exemplo - são denominados estenobáricos. Em contrapartida, recursos são fatores do ambiente requeridos pelos organismos. Em outras palavras, se um organismo utiliza um dado recurso, o mesmo se torna indisponível aos demais organismos. Esta característica pode tornar os recursos limitantes, embora nem sempre o sejam. Os recursos podem ser divididos em três grandes grupos: 1) alimento: luz, água, nutrientes, gases, bem como outros organismos; 2) espaço: locais para descanso, abrigo, alimentação, rotas migratórias, sítios para hibernação, invernada, acasalamento, nidificação e cuidado da prole e 3) parceiros: parceiros para a reprodução ou para formação de grupos (este último, no caso de organismos sociais). Nicho ecológico é um termo em ecologia discutido há cerca de cem anos, mas apenas nos anos 50 o ecólogo George Evelyn Hutchinson conseguiu caracterizá-lo de forma a alcançar um consenso que perdura até hoje. Imagine um organismo – ou espécie – capaz de tolerar uma dada faixa de condições, como temperatura, pluviosidade, pressão atmosférica, luminosidade, bem como de recursos, como, por exemplo, itens alimentares. Cada fator corresponderia a uma dimensão, o que acabaria, em conjunto, por compor o Nicho Multimensional ou Hipervolume. Assim sendo, nicho é uma ideia e não um lugar. É importante distinguir o nicho fundamental (o espectro de condições e recursos potenciais de uma espécie) do nicho realizado (o espectro de fato utilizado por esta espécie, face à existência de predadores, competidores e outros). Historicamente, os conceitos como nicho e hábitat foram confundidos. Hábitat do organismo é o lugar onde este vive, seja o local em si (uma toca, um tronco de árvore, um simbionte) ou até mesmo um ecossistema ou bioma (restingas, o Cerrado, a Mata Atlântica, a Tundra, entre outros). Assim sendo, basta associar o hábitat a um local propriamente dito, não importando se em pequena ou grande escala espacial. O nicho deve ser associado a um conjunto de condições e recursos, os quais podem ser estudados de acordo com a pergunta, a conveniência e as possibilidades do pesquisador. Assim, é possível caracterizar o nicho ecológico de uma espécie de acordo com uma, duas, três ou quantas dimensões forem necessárias, bem como sistematizá-lo em tabelas ou gráficos. Bibliografia Consultada: Begon, M., Harper, J.L. & Townsend, C.R. 2007. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. 4 a ed. Porto Alegre, Artmed Editora. 752p. Lincoln, R., Boxshall, G. & Clark, P. 1998. A Dictionary of Ecology, Evolution and Systematics. 2 a ed. Cambridge, Cambridge University Press. 361p.