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E-book Vital 24 disfunçoes Oncológicas para Fisioterapia www.fisioterapiaemoncologia.net Autora Dra Flavia Vital E-book Vital Acompanhe nossas publicações 1. Introdução ................................................................................................................................................................... 2 2. Disfunção de ombro ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 3. Linfedema ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 4. Dor .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 5. Alteração postural .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 6. Fibroses .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 7. Déficit de mobilidade .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 8. Descondicionamento cardiovascular e pulmonar associado à dispneia crônica .. 6 9. Fadiga ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 10. Fraqueza muscular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 11. Paresia ou paralisia facial periférica .............................................................................. 7 12. Paresia e plegias ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 13. Incontinência urinária (IU) .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 14. Disfunção erétil ................................................................................................................................................... 8 15. Trismo ......................................................................................................................................................................... 9 16. Mucosite oral ....................................................................................................................................................... 9 17. Hipersecreção ..................................................................................................................................................... 10 18. Atelectasia ............................................................................................................................................................ 10 19. Tosse ineficaz ....................................................................................................................................................... 11 20. Náusea e vomito.................................................................................................................................................. 11 21. Amputação ..................................................................................................................................................... 11 22. Estenose vaginal ................................................................................................................................................. 12 23. Incontinência fecal ....................................................................................................................................... 12 24. Constipação fecal ....................................................................................................................................... 12 25. Edema pulmonar .......................................................................................................................................... 13 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia Introdução E-book Vital 1 www.fisioterapiaemoncologia.net A assistência fisioterápica tem ganhado espaço na área da oncologia com expectat ivas crescentes de expansão. Isto vem acontecendo, principalmente, devido aos avanços dos tratamentos oncológicos e seus bons resultados em aumentar o tempo de vida, mas com consequentes impactos na qualidade de vida dos pacientes devido a sequelas e eventos adversos dos tratamentos. Tanto o câncer quanto o seu tratamento são agressivos e podem se manifestar em diferentes partes e sistemas do organismo humano e desta forma gerar disfunções, muitas das quais podem ser prevenidas ou tratadas pela fisioterapia. Neste material estaremos apresentando as principais disfunções apresentadas pelos pacientes com câncer e que podem ser t ratadas de forma preventiva ou terapêutica, esta discriminação é necessária, pois tem relação direta com os objetivos do plano fisioterápico que deverá ser traçado após o diagnóstico cinético-funcional, ou seja, se um paciente não apresenta nenhuma disfunção no momento da avaliação, mas apresenta risco aumentado de evoluir com alguma disfunção com a evolução da doença ou seu tratamento oncológico, seja ele, radioterapia, quimioterapia ou cirurgia, o mesmo poderá receber intervenções ou orientações que minimizarão o risco de desenvolver determinadas disfunções. Vamos a alguns exemplos: Exemplo 1: Paciente com câncer de pulmão, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), que na avaliação do médico - cirurgião foi precocemente encaminhado para fisioterapia para me- lhorar a reserva funcional pulmonar enquanto realiza seus exames de risco cirúrgico. Esta “pré-reabilitação” tem demonstrado ser efetiva em criar uma reserva funcional capaz de viabilizar a ressecção cirúrgica em pacientes que poderiam não ter parâmetros de função pulmonares mínimos para serem eleitos para o procedimento cirúrgico que seria a melhor opção terapêutica de cura da doença restrita ao pulmão. Todavia, mesmo se o paciente já tiver função pulmonar mínima para ser eleito para cirurgia, o seguimento de um protocolo de exerc íc ios pré-operatór io poderá melhorar sua função respiratória e geral e desta forma minimizar o r isco de complicações respiratórias, que são as mais comuns nos pós-operatórios de tórax,e contribuir para uma recuperação precoce da sua capacidade funcional prévia à cirurgia. Exemplo 2: Paciente com câncer de mama que realizará quimioterapia para redução do volume tumoral para posterior retirada do tumor pela cirurgia, este esquema de tratamento contribui para realização de uma cirurgia menos agressiva com melhores resultados e s t é t i c o s . S e e s t a p a c i e n t e f o r encaminhada para fisioterapia logo após a definição diagnóstica e do plano terapêutico oncológico será possível orientá-la para realização de exercícios aeróbicos,os quais têm um efeito em todo organismo por melhorar a função das células que passam a receber um maior aporte de sangue contendo nutrientes e oxigênio devido ao maior bombeamento do sangue pelo coração que foi estimulado pelo exercício. Em pacientes em quimioterapia isto tem um enorme valor em minimizar a disfunção da medula 2 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia Disfunção de ombro E-book Vital 2 www.fisioterapiaemoncologia.net óssea que é a principal produtora de células sanguíneas, as quais por terem um ciclo celular curto são as mais afetadas pelos efeitos tóxicos da quimioterapia e desta forma morrem facilmente, o que gera a necessidade da medula óssea em produzir novas células sanguíneas rapidamente para viabilizar um adequado carreamento de oxigênio pelas hemácias, adequada defesa orgânica pelos leucócitos ou mesmo uma adequada estagnação do sangue pelas plaquetas, ou seja, os exercícios aeróbicos podem prevenir complicações como anemia, infecções e sangramentos que podem ser motivo da interrupção do tratamento de quimioterapia que poderá ter impacto no resultado do plano terapêutico em busca da cura. A avaliação fisioterápica previa ao início do tratamento oncológico também permite ao fisioterapeuta identificar disfunções que podem ser tratadas precocemente ou podem servir de parâmetro para o grau máximo de melhora possível com a fisioterapia, como acontece com as disfunções de ombro comuns no pós-operatório de câncer de mama com linfadenectomia, uma vez que com a retirada dos linfonodos axilares é retirado o panículo adiposo responsável pelo adequado desl izamento das estruturas moles adjacentes (pele, tendões, nervos, vasos...) que somado ao estímulo de restrição da mobilidade nos primeiros dias após a cirurgia podem ser o suficiente para gerar fibroses locais que limitarão os movimentos do ombro. Desta forma orientar a paciente sobre o que vai acontecer durante e após a cirurgia, os cuidados com o membro e como será realizado o acompanhamento fisioterápico poderá minimizar a chance de disfunção do ombro e outras como linfedema que discutiremos em outro momento Contudo a área de maior reconhecimento atual da fisioterapia em oncologia está na reabilitação de disfunções e/ou sequelas geradas pelo tratamento oncológico ou mesmo pelo crescimento e disseminação tumoral. Como em toda área da saúde, reabilitar precocemente permite um melhor prognóstico com os resultados da reabilitação, uma vez que criar novos caminhos neurais para reconhecer os padrões normais de funcionamento orgânico, em casos crônicos, será sempre um desafio para as ciências da saúde A reabilitação física em oncologia realizada pela fisioterapia tem diferentes focos a depender da região onde o (s)tumor (es) está(ão) localizado(s), o tipo de tratamento oncológico e a forma de oferta do tratamento oncológico, internação ou ambulatorial. Desta forma descrevo abaixo algumas disfunções comuns de serem tratadas pela fisioterapia a depender da localização do tumor. A disfunção de ombro tem alta incidência após o tratamento oncológico de câncer de mama e de cabeça e pescoço. Pode ser consequência da radioterapia, devido à formação fibrótica de tecido cicatricial para regeneração dos tecidos irradiados ou consequente ao procedimento cirúrgico o qual poderá realizar a linfadenectomia próxima a região do tumor para minimizar o risco de disseminação do mesmo, mas para tal será necessário a retirada do panículo adiposo onde os linfonodos encontram-se inseridos. Este panículo é necessário para um adequado deslizamento das estruturas da região (tendões, nervos, vasos, complexo articular...)que viabilizam o movimento do o m b r o . A d i c i o n a l m e n t e a linfadenectomia, existe a recomendação 3 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia Linfedema E-book Vital 3 www.fisioterapiaemoncologia.net e m p a c i e n t e s s u b m e t i d o s a linfadenectomia; excesso de calor, excesso de peso corporal; fumo; bebida alcoólica; frequência com que realiza atividades físicas, uma vez que a contração muscular é o principal mecanismo fisiológico para estimular o retorno linfático nos membros. Todavia o linfedema pode surgir inclusive na face em pacientes com tumores em cabeça e pescoço. Desta forma cabe a fisioterapia orientar as pacientes submetidas a linfadenectomia axilar a realizarem os cuidados com o membro e exercícios com membros superiores e realizar o tratamento complexo descongestivo sempre que o linfedema estiver instalado, sendo que uma diferença de 2 cm entre os membros tem indicação de iniciar o tratamento. Dores moderadas a severas estão presentes em cerca de 30%-45% dos pacientes no momento do diagnóstico e em 50% nos estágios intermediários, já em fases avançadas está presente em aproximadamente 87% em crianças a c o m e t i d a s p o r c â n c e r . Aproximadamente 58% a 80% dos doentes adultos com câncer hospitalizados sofrem de dor. Todavia, segundo a OMS, cerca de 80% a 90% da dor relacionada ao câncer pode ser relativamente aliviada com analgésicos e drogas adjuvantes. Sendo que 10% a 20% são de difícil tratamento e são consideradas como “dor com baixa r e s p o s t a a o o p i ó i d e ” d e v i d o a inviabilidade de aumentar as doses terapêuticas que intoxicam o organismo provocando diversos efeitos adversos. de restrição da mobilidade próxima à região de cicatriz cirúrgica para viabilizar uma adequada cicatrização. Alguns estudos concluiram que a limitação dos movimentos de flexão e abdução do ombro a 900 no pós-operatório imediato de mama podem ser necessários para minimizar o risco de desenvolver seroma. Todavia é bem conhecida a relação biológica de depósito de fibrina em regiões imobilizadas. Desta forma, a disfunção de ombro é um l infadenectomia ou radioterapia. As disfunções de ombro estão presentes em cerca de 50-100% dos pacientes que realizam linfadenectomia radical, devido a câncer de cabeça e pescoço, e 29-60% das linfadenectomias modificadas e a radioterapia pode ser um fator de risco adicional a longo prazo. O sistema linfático é responsável pelo carreamento do excesso de gordura e líquido intersticial(líquido que envolve as células e de onde a mesmas retiram seus nutrientes e eliminam substâncias residuais de seu metabolismo) e devolução dele ao sangue e assim manter o equilíbrio dos fluidos corporais. Além disto, filtram a linfa para organismos e substância agressivas ao organismo devido a presença de linfonodos no caminho dos vasos linfáticos que contêm células imunes como linfócitos, monócitos e plasmócitos. O linfedematem sua incidência influenciada por diferentes fatores de risco, como número de linfonodos retirados no procedimento cirúrgico ou invadidos pelo tumor; cuidados com a pele para prevenir infecções e interrupção do fluxo linfático Dor4 4 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net um tumor na mama como em pacientes que tiveram algum membro amputado como consequência de um tumor em qualquer dos tecidos que compõe o membro. Todavia a fisioterapia pode minimizar ou eliminar esta sensação se precocemente for orientada técnicas de desensibilização e analgesia. Alterações posturais são possíveis de surgir em pacientes com câncer de mama seja pela retirada de um grande volume de mama, seja devido a posturas antálgicas consequentes a outras disfunções; assim como nos tumores de cabeça e pescoço como consequência de sequelas de lesão de nervo acessório ou mesmos em tumores do sistema músculo- esquelético devido a assimetrias causadas por amputações. Os tratamentos oncológicos, em especial a radioterapia e a cirurgia podem desencadear processos fibróticos devido aregereração do tecido lesado pelaradiação ou cicatriz e manipulação c i r u r g i c a r e s p e c t i v a m e n t e . Adicionalmente a redução da mobilidade provocada por efeitos adversos do tratamento, disfunções psico-emocionais ou dor pode favorecer o acúmulo de fibrina nas regiões articulares com mobilidade reduzida. Algumas sequelas destes processos fibróticos são comuns podem ser resolvidas considerando técnicas manipulativas, exercícios de amplitude demovimento, massagem, e outras. Alguns exemplos de complicações relacionadas a processo fibróticos são aderência cicatricial, Dentro da oncologia a dor pode ser classificada como neuropática cuja causa pode estar re lacionada a compressão nervosa central ou periférica pelo tumor ou pode ser causada pela cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou infecção viral. Existe, também, a dor incidente que é aquela provocada pela metástase óssea ao suportar peso ou ao movimento. Além da dor viceral, que é quando o tumor infiltra ou comprime v í s c e r a s o u o c o r r e e s p a s m o d e musculatura lisa, inflamação ou liberação de enzima pancreática. A escada de tratamento antálgico p r o p o s t o p e l a O M S e a c e i t o universalmente inclui opióides, anti- inflamatórios não esteróides e drogas adjuvantes(corticóides, antidepressivos t r i c í c l i c o s , a n t i c o n v u l s i v a n t e s e a n t i a r r i t m i c o s ) . C o n t u d o o u t r o s tratamentos são úteis para controlar a dor com baixa resposta ao opióide como as técnicas anestésicas (analgesia direta em SNC, destruição de tecido nervoso com bloqueio, neurólise oucordotomia) ou terapêuticas não farmacológicas como cirurgia, radioterapia, acupuntura ou auriculoacupuntura e recursos de fisioterapia tradicional como TENS, exercícios, massagem, crioterapia, calor superficial e prescrição de órteses. A dor é um sintoma muitas vezes associado a disfunções que pode ser gerada pela redução ou ausência de movimento. Portanto, pode ser minimizada ou prevenida com a manutenção dos movimentos corporais. Desta forma o exerc íc io é a única intervenção fisioterapêutica sistêmica preventiva e terapêutica. A dorfantasma merece destaque pois pode surgir tanto em pacientes que realizaram mastectomia radical devido a Alteração postural Fibroses 5 6 5 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net A fisioterapia é a principal intervenção para prevenir ou reabilitar esta disfunção c o n s i d e r a n d o d i f e r e n t e s r e c u r s o s terapêuticos como fortalecimento muscular, treino de marcha, treino de transferência e ou prescrição de órteses como bengalas, muletas e andadores. A redução da mobilidade reduz a utilização do sistema musculoesquelético o que tende a provocar uma redução da carga imposta ao sistema cardiovascular, cujo principal órgão é o coração o qual também é um múscu lo es t r iado esquelét ico. Desta forma quando reduzimos a carga imposta a ele, o mesmo tende a reduzir o seu trofismo e consequentemente o seu potencial de contração, ou seja, sua força e resistência. Se a velocidade ou o volume de sangue que são ejetados pelo coração for reduzido, os pulmões também terão uma redução da sua funcionalidade o que tende a piorar as trocas gasosas podendo manifestar sintomas crônicos como dispneia. Considerando este raciocínio fisiológico, se um paciente que apresenta intolerância ao esforço for estimulado à prática regular de atividade física aeróbica, o mesmo tenderá não apenas a reabi l i tar uma adequada função cardiovascular e pulmonar, mas também prevenir disfunções em diferentes sistemas orgânicos, uma vez que todos sistemas são dependentes do sistema vascular para receber um adequado aporte de oxigênio e nutrientes, assim como eliminar os dejetos do seu metabolismo e desta forma manter o equilíbrio das suas funções. capsulite adesiva, fibroesclerose do vaso linfático e fibrose do músculo peitoral maior; todas comuns em pacientes mastectomizadas. Além de trismo e retração de língua em tumores de cabeça e pescoço. Seja em consequência aos efeitos adversos do tratamento oncológico ou seja pela perda de massa muscular provocada pelo consumo energético acelerado pelo crescimento tumoral, o déficit de mobilidade é uma disfunção que pode surgir em diferentes fases do câncer e do seu tratamento. Embora a prevalência ou incidência de déficit de mobilidade não tenha sido, ainda, adequadamente estudada nesta população de pacientes com câncer, é fato que o repouso prolongado, muitas vezes induzido pelo mal estar provocado pela doença ou seu tratamento, reduz a massa muscular geral podendo enquadrar os pacientes na síndrome do imobilismo, a qual defino como sendo “conjunto de s inais e s intomas re lacionados à mobilidade, manifestos pelas disfunções orgânicas geradas devido a redução de nutrientes e oxigênio carreáveis pelo sistema cardiovascular cujo potencial funcional tem influencia direta do nível de atividade física”. Ou seja, se o sistema musculoesquelético está ativo, o mesmo ativará o sistema cardiovascular e desta forma será melhordistribuído oxigênio e nutrientes a todas as células do organismo e assim será possível potencializar um sistema orgânico, em disfunção ou doente, a reagir e buscar a resolução da causa da disfunção/doença, ou pelo menos será possível prevenir a redução da mobilidade como consequência ou causa das disfunções orgânicas. Descondicionamento cardiovascular e pulmonar associado à dispneia crônica Déficit de mobilidade 8 7 6 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net mobilidade. A imobilidade pode reduzir a massa muscular pela metade em menos de duas semanas provocando uma perda de força muscular de 4 a 5% por semana de imobilismo. A Função física é o mais importante determinante de sobrevida e qualidade de vida. Portanto identificar precocemente e t ratar d i s funções como déf ic i t de m o b i l i d a d e , d e s c o n d i c i o n a m e n t o cardiovascular, fadiga e fraqueza muscular, que quase sempre co-existem, pode ser essencial para melhorar o prognóstico de pacientes que desenvolvem câncer. Talvez este seja o principal papel da fisioterapia em oncologia, uma vez que estudos recentes e de qualidade têm gerado um grande impacto na literatura da saúde por i d e n t i f i c a r e m q u e p a c i e n t e s q u e desenvolveram câncer e passaram a realizar atividade física regular após finalizado o t r a t a m e n t o o n c o l ó g i c o c u r a t i v o apresentaram uma maior sobrevida e uma menor recidiva da doença comparado a aqueles que não realizaram atividade física regular. O desenvolvimento de fraqueza muscular em pacientes com câncer pode estar relacionado à hipotrofia muscular gerada pela falta de substrato proteico que compõe a musculatura, o que pode ocorrer por consumo energético excessivo pelo tumor em expansão ou pela baixa ingesta calórica devido a efeitos adversos do tratamento como náusea e vômito. Outro fator que pode gerar hipotrofia e consequentemente uma redução do Cirurgias de cabeça e pescoço ou neurológica devido a um tumor em caeça podem gerar disfunções nos músculos faciais que podem ser permanentes ou temporárias a depender da presença de u m a s e c ç ã o p a r c i a l o u t o t a l , respectivamente, de nervos próximos a região tumoral . Todavia a própria manipulação cirúrgica pode alterar a condução nervosa ou mesmo o crescimento tumoral pode comprimir os nervos motores da face e gerar disfunções na mímica facial, na fala, na mastigação ou na deglutição. A radioterapia realizada em região de cabeça e pescoçotende a gerar fibrose em tecidos moles da região o que A National Comprehensive Cancer Network (NCCN) definiu a fadiga como uma sensação subjetiva, persistente e penosa de cansaço ou exaustão física, emocional e/ou cognitiva relacionada ao câncer ou seu tratamento que é desproporcional a atividade recente e interfere com a funcionalidade habitual. Cerca de 61-99% dos pac ientes recebendo tratamento oncológico apresentam fadiga, em especial nos pacientes que recebem quimioterapia citotóxica, radioterapia, transplante de medula, tratamento com modificadores de resposta biológica ou possuem doença metastática. Entre 20% a 40% dos pacientes a fadiga pode estar presente anos após finalizar o tratamento curativo. M e c a n i s m o s c o g n i t i v o - comportamentais e inatividade física são fatores de risco para o desenvolvimento de fadiga relacionada ao câncer. Embora nem sempre seja claro a origem da fadiga, psíquica ou física, o tratamento fisco à base de exercícios aeróbicos têm se mostrado efetiva em melhorar o sintoma e a qualidade de vida em quem desenvolve fadiga. Fadiga Fraqueza muscular Paresia ou paralisia facial periférica 9 10 11 7 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net e s f í n c t e r , u m a v e z q u e e s t a s a n o r m a l i d a d e s c o - e x i s t e m n o p ó s - operatório, assim como é controverso se a hiperatividade do detrusor é um fator primário ou secundário a incontinência. Hiperatividade do detrusor e deficiência do esfíncter devido a uma lesão esfincteriana ou fraqueza são citadas como as mais importantes causas de incontinência persistente após prostectomia radical. Os principais fatores de risco para IU pós-prostatectomia radical são as anormalidades de contratilidade do detrusor pré-existentes, idade avançada (atrofia esfincteriana e degeneração neural), ressecção transuretral ou radioterapia prévia, trauma, lesão em medula espinhal, nova obstrução devido a recidiva, contratura no colo da bexiga, estenose uretral, doença de Parkinson, demência, medicações, assim como inadequada habilidade e experiência do cirurgião podem determinar a frequência de incontinência pós-operatória. Existe também a relação de IU aumentada em hospitais que realizam menos de 20 prostatectomias radicais por ano. Pacientes que se tornam continentes têm 5 x mais chance de recuperar a potencia sexual. Pacientes que desenvolvem tumores cerebrais ou peri-cerebrais podem evoluir com paresias ou plegias em consequência da evolução tumoral e compressão da massa encefálica ou como consequência do tratamento oncológico local recebido (cirurgia ou radioterapia) os quais podem lesar tecido encefálico e impedir uma adequada condução nervosa para execução das funções relacionadas a mobilidade. Diante deste quadro o planejamento da reabilitação da função motora é essencial para melhorar a qualidade de vida e o prognóstico. Uma das complicações mais prevalentes seguidas de prostatectomia e radioterapia na região de períneo é a i n c o n t i n ê n c i a u r i n á r i a . S e u desenvolvimento depende de uma nteração complexa de fibras musculares estriadas e lisas que juntas formam o mecanismo de continência. Ainda é controverso se a incontinênci pós-prostatectomia está relacionada a um efeito no músculo detrusor da bexiga ou no Disfunção erétil é o efeito colateral mais comum em homens com câncer de p r ó s t a t a , p r i n c i p a l m e n t e a p ó s prostatectomia radical e entre dois a três anos após radioterapia. Muitos pacientes não relatam esta disfunção aos médicos, assim como os médicos muitas vezes não investigam esta disfunção no acompanhamento do tratamento oncológico. Todavia entre os pacientes que queixam de pobre ereção pode gerar, também, disfunções na condução nervosa. O seguimento de um protocolo de reabilitação precoce pode recuperar a função muscular local e desta forma normalizar funções básicas das atividades de vida diária como falar, mastigar e se expressar através da mímica facial. Paresia e plegias Incontinência urinária (IU) Disfunção erétil 12 13 14 8 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net respiração e fala. Além disso, interfere na higiene oral, aumentando o risco de broncoaspiração de conteúdo oral contaminado, interfere na nutrição o que contribui para a perda de peso, fragilidade imunológica, perda de massa muscular, fraqueza e fadiga, provoca dificuldades para examinar a orofaringe e para obtenção de tratamento dental adequado. Todas estas disfunções somadas às alterações estéticas e psíquicas tendem a ter grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. O trismo é definido como a inabilidade de abrir a boca completamente,sendo que uma distância menor do que 35 mm entre os incisivos é preditivo de trismo. Os principais fatores de risco para trismo são: tumores em reg ião próx ima a muscu latura de fechamento de boca, radiação na art iculação temporomandibular ou músculos da mastigação, particularmente no músculo pterigóide medial e as cirurgia de cabeça e pescoço, além de possíveis eventos adversos da quimioterapia como fadiga, mialgia e miosites. Desta forma, os 3 principais tratamentos anti-neoplásicos podem contribuir para o trismo. Um estudo longitudinal demonstrou que o trismo estava presente antes do início do tratamento oncológico em 47% dos pacientes, e após cirurgia a taxa aumentou para 71% e após cirurgia seguida de radioterapia a incidência foi de 79%. A restrição da movimentação mandibular em pacientes com câncer de cabeça e pescoço resulta em dificuldades nas atividades de vida diária como alimentação, mastigação, deglutição, A mucosite oral é uma inflamação, com possível ulceração da mucosa bucal e formação de pseudomembrana e fonte potencial de infecções com risco de morte. A dor está presente em 69% dos casos e pode acarretar dificuldade na alimentação (56%); na hidratação e na fala. Perda de peso tende a acontecer em cerca de 34% dos pacientes. Portanto tende a ter impacto na qualidade de vida dos pacientes enquanto está presente. Sua incidência pode chegar a 100% em pacientes recebendo quimioterapia após transplante de medula ou que recebem radioterapia em cabeça e pescoço, com cerca de 50% dos pacientes manifestando grau 3 e 4 em uma classificação de 1 a 4 sendo 4 o grau mais grave. Os efeitos tóxicos da radioterapia e da quimioterapia tendem a se manifestar principalmente em células de proliferação rápida, como as das mucosas (no caso, da boca), o que reduzo índice de renovação celular provocando atrofia, inflamação e ulceração. Como consequência pode ocorrer uma alteração da flora microbiana da boca, da quantidade e composição da saliva e da maturação epithelial, o que dentificou-se que 48% foram tratados com braquiterapia, 61% com radioterapia externa e 23% com prostatectomia radical e nunca haviam tentado ut i l i zar medicamentos ou equipamentos para auxiliar na disfunção erétil. Programas de reabilitação peniana podem prover melhora. O reforço educacional para uma adequada aderência precoce ao tratamento pode ser essencial para minimizar fibroses no corpo cavernoso e desta forma obter um melhor prognóstico para o problema. Trismo Mucosite oral 15 16 9 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net e desta forma aumentar o agravamento do quadro para uma insuficiência respiratória, por exemplo. Desta forma em todo paciente hospitalizado avaliar a presença de hipersecreção é de grande relevância para prevenir a complicação mais frequenteneste perfil de pacientes que é a pneumonia, e caso esta se manifeste, a avaliação da presença de hipersecreção e a intervenção com técnicas desobstrutivas podem ser de grande valor. A hipersecreção é uma disfunção que pode estar presente em diversos diagnósticos clínicos de doenças. Ela representa uma superprodução de muco pelas células endócrinas do pulmão na tentativa de proteger o órgão de possíveis agentes agressores. Quando estes agentes estão presentes repetidamente, mas com baixo grau de toxicidade por dose, tende- se a desenvolver uma hipersecreção crônica, como o que acontece com os fumantes que desenvolvem doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), todos estes criam um ambiente favorávela pro l i fe ração de microorgan i smos (umidade e calor), aumentando, desta forma, seu risco de desenvolver infecções, em especial se não realizarem adequada higiene brônquica diária ou ficarem expostos a ambientes com grande carga de microorganismos infectantes como é o ambiente hospitalar. Todavia quando o agente agressor provoca uma reação inflamatória intensa, como nas infecções, temos um caso de hipersecreção aguda a qual se não for a d e q u a d a m e n t e r e s o l v i d a p o d e prolongar a presença do agente agressor Atelectasia é o termo utilizado para expressar a falta de expansão dos alvéolos em uma parte do pulmão ou do pulmão inteiro devida a uma ausência de ventilação consequente à obstrução total ou parcial de um brônquio. Quando este tipo de colapso ocorre, outras áreas do pulmão tentam compensar a perda ventilatória na tentativa de manter uma adequada troca gasosa nos vasos que irrigam o pulmão os quais irão levar sangue oxigenado para o restante do organismo. Os principais fatores que podem causar obstrução ou colapso alveolar são: infecção, sangramento, hipersecreção, anestesia geral, cirurgia abdominal, objetos estranhos, derrame pleural, pneumotórax, falta de mudança de postura quando em decúbito prolongado no leito, respiração superficial, trauma grave e tumores obstrutivos. O diagnóstico pode ser realizado associando informações clínicas como dispneia, taquicardia e baixa saturação arterial de oxigênio associados a exames de imagem . aumenta orisco de infecção e morte, principalmente se imunodeprimido. A intervenção precoce pode minimizar o risco de necessidade de hospitalização (16-62%), de nutrição enteral (70% - GIII e IV, ) de interrupção do tratamento (30%) ou redução da dose terapêutica efetiva (60%), além de reduzir o risco de infecção (60% febre) que pode levar à morte, fadiga e reduzir os custos com diária hospitalar, analgésico, antibiótico, nutrição. Hipersecreção Atelectasia 17 18 10 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net paralisia temporária dos mesmos. Isto écomum em especial em pacientes em uso de ventilação mecânica. Quando estes dois fatores estão presentes (biomecânica alterada e inibição do centro respiratório) estes pacientes tendem a ter mais dificuldade de serem desmamado da ventilação mecânica, o que tende a aumentar seu tempo de internação hospitalar, aumentar o risco de infecções, o risco de progredir na síndrome do imobilismo e consequentemente um pior prognóstico para sua sobrevivência. Desta forma, identificar e tratar a fraqueza de musculatura respiratória, em especial a relacionada à expiração (abdominais) em pacientes com alteração da biomecânica torácica ou em ventilação mecânica pode ser um fator crítico para o sucesso na prevenção de complicações respiratórias como pneumonias, atelectasias e insuficiência respiratória em pacientes hospitalizados. Alguns pacientes podem evoluir com uma tosse ineficaz em consequência de uma alteração da biomecânica torácica devido à presença de doença ou deformidade torácica ou mesmo devido à imobilidade dos músculos da respiração induzida por medicações que inibem o centro respiratório ou mesmo provocam Náusea e vômito são sintomas de alta prevalência em pacientes com câncer, em especial os que realizam quimioterapia ou no pós-operatório de cirurgias digestivas, ginecológicas ou de cabeça e pescoço. Embora o sistema digestivo não seja um sistema alvo da a t u a ç ã o f i s i o t e r á p i c a , a l g u m a s intervenções de fisioterapia, como exercícios e auriculoacupuntura, podem ser úteis e efetivas na prevenção e alívio destes sinais e sintomas. A amputação é, muitas vezes, um mal necessário em pacientes com câncer, pois pode ser a melhor estratégia para minimizar o risco de disseminação da doença e assim aumentar a sobrevida. Microatelectasias ou atelectasias subclínicas são consideradas quando apenas os sinais nos exames de imagem estão presentes. Todavia sempre que identificadas intervenções capazes de reexpandir as áreas colapsadas devem ser realizadas para minimizar o risco de progressão do quadro para problemas mais graves como pneumonias ou insuficiência respiratória. As atelectasias podem surgir em pacientes com câncer em consequência da expansão tumoral no pulmão ou qualquer outro tecido do tórax ou parte superior do abdome. Como a ressecção cirúrgica é uma das principais propostas terapêuticas de cura para tumores torácicos e abdominais, as atelectasias são comuns de surgirem nestes pós-operatórios devido à disfunção diafragmática gerada pela manipulação cirúrgica e efeito residual da anestesia. Elas também podem surgir como consequência de outras complicações como infecções, sangramentos, derrame pleural ou pneumotórax. Esta manifestação clínica também é comum em pacientes restritos ao leito devido à internação prolongada ou mesmo no domicílio. Náusea e vomito Amputação Tosse ineficaz 20 21 19 11 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net Esta é uma das principais disfunções sexuais que acometem mulheres após o tratamento do câncer do colo do útero por dificultar a penetração vaginal durante o ato sexual. Pode vir acompanhada de atrofia vaginal, dispareunia e diminuição da lubrificação, o que reduz as sensações clitorianas e vaginais durante a relação sexual com penetração vaginal. Ela pode ser causada por fibrose pós-cirúrgicas ou pós-radioterapia, o que diminui a elasticidade da região que recebe a intervenção. Esta disfunção também pode dificultar exames ginecológicos de r o t i n a n e c e s s á r i o s d u r a n t e o acompanhamento clínico pós-tratamento oncológico. Diferentes técnicas podem ser aplicadas par manter ou restaurar a elasticidade dos tecidos da região vaginal e desta forma prevenir ou reabilitar a estenose vaginal. As mais utilizadas por fisioterapeutas são os dilatadores vaginais, biofeedback e a terapia manual (massagem, digitopressão). O tratamento tende a melhorar sua autoestima e autoconfiança para suas atividades sexuais. P a c i e n t e s s u b m e t i d o s à retossigmoidectomia e/ou radioterapia podem evoluir com incontinência fecal. Embora o mecanismo para que isso ocorra não esteja muito claro, a contração paradoxal dos músculos puborretais ou dissinergia do assoalho pélvico pode ocorrer gerando o descontrole do ânus. A incontinência fecal é definida como a passagem involuntária de gases, fezes ou a incapacidade de manter o controle da eliminação do conteúdo intestinal em local e tempo socialmente adequados. Como os sintomas são constrangedores, tendem a levar ao isolamento do paciente e a graves perturbações psíquicas e sociais. A reabilitação através de biofeedback objetiva reeducar a musculatura retoanal através de dispositivos visuais e sonoros. Esta técnica baseia-se no autocontrole do paciente sobre as funções de evacuação e c o n t i n ê n c i a , u t i l i z a n d o d o reconhecimentoda resposta fisiológica da musculatura do esfíncter anal externo a qual pode ser controlada pelo paciente, ou seja éum programa educacional utilizando retroalimentação visual ou sonorapara corrigir a dissinergia do assoalho pélvico e melhorar a sensibilidade retal. A constipação fecal é definida como a insatisfatória eliminação das fezes caracterizada por defecação infrequente, dificuldade para eliminação das fezes ou ambas. É um sintoma que caracteriza uma disfunção da motilidade intestinal, do assoalho pélvico ou ambas. Sempre que ela ocorrer será importante o acompanhamento pela equipe de fisioterapia desde o pós-operatório imediato onde intervenções e orientações para reduzir o edema podem ocorrer, assim como a prescrição de órteses para auxílio na locomoção e de exercícios para prevenção de perda de força muscular comum com a restrição da mobilidade. Após a alta hospitalar a continuidade dos exercícios será necessária para prevenir o risco de compensações posturais devido à perda do membro e ainda preparar o coto para uma possível protetização. Incontinência fecal Constipação fecal Estenose vaginal 23 24 22 12 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net pacientes com retirada de dreno de tórax, após radioterapia em tumores do tórax, uso de morfina para dor, além de reações alérgicas e infecções locais (Ex. pneumonia) ou sistêmicas ou mesmo a hipoproteinemia comum em pacientes com tumor em progressão. Portanto os mecanismos fisiopatológicos principais são dois. O primeiro seria por uma congestão pulmonar gerada pelo retorno do sangue ao pulmão o qual deveria ser ejetado pelo coração para todo organismo, mas devido a diferentes patologias ou aumento do volume sanguíneo, o coração se torna incapaz impulsioná-lo e parte do sangue retorna ao pulmão e provoca o aumento da pressão intravascular pulmonar. Desta forma o sangue tende a entrar nos alvéolos (edema pulmonar) dificultando as trocas gasosas essenciais para manutenção da vida. O segundo mecanismo pode ocorrer por aumento da permeabilidade capilar, nesta condição há uma exagerada passagem de líquido do capilar pulmonar para dentro do alvéolo devido a uma alteração anatômica ou funcional da permeabilidade da membrana alvéolo capilar. Este mecanismo é comum de ocorrer quando o nível de proteína no sangue cai. O edema pulmonar agudo ou descompensado é uma condição grave com risco de morte que deve ser tratada rapidamente. A fisioterapia tem um papel essencial nestes casos podendo intervir precocemente sempre que identificar sinais e sintomas de congestão pulmonar como estertores à ausculta pulmonar associados à ortopneia, queda da saturação de oxigênio abaixo de 90% e uma radiografia de tórax com típicos sinais de congestão. A intervenção que tende a ter melhor efeito evitando, em alguns casos, até o uso de medicamentos é a Um edema pulmonar pode ter várias causas, mas em um paciente com câncer além das causas tradicionais como disfunção cardíaca e insuficiência renal descompensadas, algumas intervenções comuns para o tratamento oncológico podem desencadear um processo fisiopatológico até a formação de edema pulmonar que tende a se manifestar com um quadro de insuficiência respiratória. Alguns exemplos de intervenções seriam a quimioterapia tendo efeitos cardiotóxicos ou manifestando toxicidade pulmonar ou renal, edema de re-expansão em A imobilidade é uma das frequentes causas de constipação, outras causas possíveis são condições neurológicas, e n d ó c r i n a s , e f e i t o c o l a t e r a l d e medicações (Ex: opiáceos), funcional ou idiopática (75%). Dois principais tipos de const ipação id iopát ica têm s ido identificados. O primeiro é a constipação por trânsito lento e a outra a obstrução funcional para saída ou desordem de evacuação, também descrita na literatura como síndrome do assoalho pélvico espástico, dissinergia do assoalho pélvico, contração pulboretal paradoxal ou anismo. A obstrução de saída pode ocorrer devido ao uso anormal do assoalho pélvico. Durante o esforço o músculo puboretal contrai ao invés de relaxar e mantém o canal anal fechado. Também tem sido sugerido que o problema seja devido a uma insuficiente força propulsiva gerada pelo assoalho pélvico. Técnicas de biofeedback são úteis e efetivas para reeducar o assoalho pélvico, mas devem ser somadas a orientações da anatomia e função do sistema digestivo, frequência, postura e permanência no vaso sanitário, além de orientações dietéticas. Edema pulmonar25 13 24 Disfunções Oncológicas para Fisioterapia E-book Vital www.fisioterapiaemoncologia.net ventilação não invasiva. O fisioterapeuta é o profissional que mais tem desenvolvido a habilidade de util izar este recurso terapêutico e desta forma tem contribuído, e muito, em salvar várias vidas. 14
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