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A SOCIEDADE NA REGIÃO MINEIRA (E O MOVIMENTO DA INCONFIDÊNCIA)

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A SOCIEDADE NA REGIÃO MINEIRA 
• Vinham pessoas de todo canto. O conflito entre, de um lado, esses forasteiros que 
vinham de outras regiões da colônia e de Portugal e, de outro, os paulistas, 
descobridores das jazidas, resultou na Guerra dos Emboabas (1708-1709). Os paulistas 
reivindicavam o direito exclusivo de explorar as minas que haviam descoberto. Os 
“Emboabas” eram os forasteiros, mas há divergências quanto ao sentido original da 
expressão. Por exemplo, o significado de “aves de pés recobertos de penas”, pois os 
portugueses usavam botas ou rolos de pano protegendo os pés, enquanto os paulistas 
geralmente andavam descalços. Os emboabas levaram a melhor nos conflitos, razão 
pela qual os paulistas tiveram de buscar novas jazidas em outras fronteiras, como nas 
descobertas auríferas de 1718 em Mato Grosso. Efeitos do conflito: 
o Normatização da distribuição das lavras; 
o Criação da Capitania de São Paulo e das Minas do Ouro (03/11/1709), ligada 
diretamente à Coroa. 
o A Vila de São Paulo eleva-se à categoria de Cidade (11/06/1711). 
o Pacificação da região e formação da sociedade mineira. 
• Depois de pacificada, gerou-se na região uma sociedade de características diferentes: 
essencialmente urbana; muito especializada; desenvolveu outras atividades urbanas 
como o comércio e o artesanato; quase todos os produtos necessários vinham de fora 
(alimentos, roupas, calçados, utensílios etc.); mobilidade social. 
• Os negros escravos chagavam a valer um quilo de ouro. 
• Era uma sociedade constituída, além dos mineradores, por negociantes, advogados, 
padres, fazendeiros, artesãos, burocratas e militares. 
• Nas cidades ocorreram manifestações culturais notáveis, no campo das artes, das 
letras e da música. 
• Associações religiosas leigas (as Irmandades e as Ordens Terceiras) surgiram como 
uma resposta à proibição do ingresso de ordens religiosas. Sua importância é 
indiscutível: elas patrocinaram a construção das Igrejas barrocas mineiras, onde se 
destacou a figura do mulato Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, filho ilegítimo de 
um construtor português e uma escrava. 
• Por que a base era escravista, se os escravos não constituem a maioria da população? 
Porque o trabalho mais duro a eles cabia, especialmente quando o ouro das jazidas se 
vai esgotando e se faz necessária a exploração das rochas matrizes. 
• O trabalho nas galerias subterrâneas produziu doenças como a disenteria, a malária, as 
infecções pulmonares, além das mortes por acidentes, 
• Estima-se que a vida útil do escravo ia de 7 a 12 anos. 
• De acordo com os dados de Bóris Fausto, os negros seriam 52,5% da população, 
seguidos pelos mulatos (25,7%) e pelos brancos (22,1%). 
• Muitas alforrias. Por quê? Há várias hipóteses, dentre elas a própria decadência da 
mineração e o custo de se manter a mão de obra escrava. Entre 1735 e 1749, os 
libertos eram 1,4% da população de descendência africana. Em 1786, seriam 41,4% 
dessa população e cerca de 34% do número total de habitantes da capitania. 
Outros conflitos do período: 
• Guerra dos Mascates (1710): os fazendeiros empobrecidos de Olinda (os “pés-
rapados” endividavam-se com os comerciantes portugueses de Recife (os “mascates”), 
que lhes impunham elevados juros. A elevação de Recife à condição de Vila (pois havia 
crescido muito durante a ocupação holandesa) desagradou aos olindenses. Olinda era 
a mais antiga vila da capitania, embora mais pobre e menos povoada. Quando, em 
1710, demarcaram-se os limites entre as duas vilas, iniciou-se a revolta. Apenas em 
1714, restabelecer-se-á a ordem na região. 
• Motins do Maneta (1711): duas sublevações populares na Bahia. Razões: aumento de 
impostos e outros motivos. 
• Revolta de Filipe dos Santos (1720): 
o Quando foram criadas as Casas de Fundição em Minas Gerais (1719), a 
circulação do ouro em pó, comum até então, foi proibida. 
o As Casas de Fundição pretendiam evitar o contrabando e recolher o quinto. 
o A revolta contra estas medidas teve início em Vila Rica (atual Ouro Preto) em 
1720, reunindo cerca de 2000 revoltosos e liderada por Felipe dos Santos 
Freire. 
o Num primeiro momento o Governador das Minas, Dom Pedro de Almeida, 
Conde de Assumar, manifestou concordância com o pleito dos revoltosos, pois 
não dispunha de recursos nem contingente para enfrentá-los. 
o Quando conseguiu as tropas suficientes, esmagou a revolta e fez prender as 
suas lideranças. Filipe dos Santos foi enforcado em 16/07/1720, e teve o corpo 
esquartejado em seguida. 
 
• A Inconfidência Mineira (1789): 
o Foi motivada pelos excessos da administração portuguesa na região. 
o Conflito entre a realidade da decadência da produção e a “irrealidade” das 
cobranças de impostos. O piso estipulado para o quinto era absurdo, e se não 
fosse atingido poderiam ocorrer as derramas, com toda a sua virulência e 
irracionalidade. 
o Idéias de liberdade e iluministas trazidas por brasileiros que estudaram na 
Europa. Em 1787, entre os 19 estudantes brasileiros matriculados na 
Universidade de Coimbra, 10 eram de Minas Gerais. Coimbra era um centro 
conservador, mas situava-se na Europa, facilitando o conhecimento das novas 
idéias e o contato com as personalidades da época. 
o O conhecimento da Independência dos EUA. 
o Destaques entre os Inconfidentes: 
� Padre Carlos Correia de Toledo e Melo; 
� Padre José de Oliveira Rolim; 
� Padre Manoel Rodrigues da Costa; 
� Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade; 
� Coronel Domingos de Abreu; 
� Coronel Joaquim Silvério dos Reis (um dos delatores); 
� Poeta Claúdio Manoel da Costa (“Doroteu”); 
� Poeta Inácio José de Alvarenga Peixoto; 
� Poeta Tomás António Gonzaga (“Citrilo”); 
� Estudante José Álvares Maciel (formou-se em Coimbra e morou um 
ano e meio na Inglaterra, onde aprendeu técnicas fabris e sondou com 
comerciantes locais a possibilidade de apoio a um movimento de 
independência do Brasil). 
o Em 1786, o estudante José Joaquim da Maia teve um encontro na França com 
o ministro Thomas Jeferson a fim de negociar apoio estrangeiro para o 
movimento, mas Maia não chegou a retornar ao Brasil. 
o Em sua grande maioria, os Inconfidentes eram um grupo da elite colonial, 
formado por mineradores, fazendeiros, padres envolvidos em negócios, 
funcionários, advogados de prestígio e uma alta patente militar, o comandante 
dos Dragões, o Tenente-Coronel Francisco de Paula Freire de Andrade. Todos 
tinham vínculos com as autoridades coloniais ou, como no caso de Alvarenga 
Peixoto e Thomás Antônio Gonzaga, ocupavam cargos na magistratura. 
o TIRADENTES , José Joaquim da Silva Xavier, era uma exceção: seus pais 
morreram prematuramente e deixaram sete filhos; perdeu suas propriedades 
por dívidas e tentou a vida no comércio, sem êxito. Em 1775, entrou na 
carreira militar, no posto de Alferes, o grau inicial. Nas horas vagas, exercia o 
ofício de dentista. 
o O governador Luis da Cunha Meneses assumiu o cargo em 1782 e criou vários 
conflitos entre a elite local e a administração da capitania, pois privilegiou seu 
grupo de amigos e marninalizou significativos membros da elite. TIRADENTES 
SE VIU PREJUDICADO, MESMO NÃO SENDO DA ELITE, MAS PORQUE PERDEU O 
COMANDO DO DESTACAMENTO DOS DRAGÕES QUE PATRULHAVA A 
ESTRATÉGICA ESTRADA DA SERRA DA MANTIQUEIRA. 
o Com a nomeação de Visconde de Barbacena para o cargo, as coisas pioraram. 
Coube-lhe a incumbência de garantir o recebimento das 100 arrobas anuais, 
devendo executar a derrama caso a quota não fosse atingida. Recebeu ainda 
outra tarefa: investigar os devedores da Coroa e os contratos de 
“terceirização” entre a Coroa e particulares. 
o Era comum na época colonial que particulares assumissemfunções públicas 
como as de cobradores de impostos. Eles pagavam uma quantia fixa à Coroa 
para ter o direito de cobrar impostos e ficavam com a diferença da 
arrecadação efetiva. Freqüentemente, deixavam de completar o pagamento à 
Coroa e acumulavam dívidas significativas. 
o Houve, além de Silvério dos Reis, outros dois delatores: o Tenente-coronel 
Basílio de Brito Malheiro do Lago e o Mestre-de-campo Inácio Correia 
Pamplona. SILVÉRIO DOS REIS ERA DEVEDOR DA COROA COMO VÁRIOS 
OUTRO INCONFIDENTES, MAS PREFERIU OPTAR POR UMA MANEIRA “MAIS 
DIRETA” DE RESOLVER O SEU PROBLEMA. 
o Informado, Visconde de Barbacena, o governador, suspendeu a Derrama 
programada para 1788 e expediu ordens de prisão contra os revoltosos. 
Tiradentes foi preso no RJ, para onde viajou com o objetivo de conseguir 
armas. 
o O processo arrastou-se por dois anos, TERMINANDO EM 18/04/1792. A 
sentença condenou vários à morte e outros ao degredo. Posteriormente, as 
penas de morte foram comutadas em degredo perpétuo pela Rainha D. Maria 
I, excetuando-se a de Tiradentes (A LEITURA DA SENTENÇA, ESPETACULOSA, 
DUROU DEZOITO HORAS! A MUDANÇA DA SENTENÇA CHEGOU ALGUMAS 
HORAS DEPOIS, POR MEIO DE UMA CARTA DE CLEMÊNCIA DA RAINHA DONA 
MARIA) 
Boris Fausto: 
“A Inconfidência Mineira é um exemplo de como acontecimentos históricos de alcance 
aparentemente limitado podem ter impacto na história de um país. (...) Há indícios de que o 
grande espetáculo, montado pela Coroa portuguesa para intimidar a população da Colônia, 
causou efeito oposto, mantendo viva a memória do acontecimento e a simpatia pelos 
inconfidentes. A atitude de Tiradentes, assumindo toda a responsabilidade pela conspiração, a 
partir de certo momento do processo, e o sacrifício final facilitaram a mitificação de sua figura, 
logo após a Proclamação da República. O 21 de abril passou a ser feriado, e Tiradentes foi cada 
vez mais retratado com traços semelhantes às imagens mais divulgadas de Cristo. Assim se 
tornou um dos poucos heróis nacionais, cultuado como mártir não só pela direita e pela 
esquerda, como pelo povo na rua.” (História do Brasil, p. 118-119)

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