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História e Origem da Literatura A história da literatura procura entender todas as modificações que a produção literária passou ao longo da evolução da sociedade. Para este estudo, a análise e compreensão dos textos literários são muito importantes, pois nos ajudam a entender melhor o contexto histórico em que o texto foi escrito. Quando estudamos a história ou origem da literatura deparamos com um conceito: o de estilos literários ou estilos de época. - Estilos de época: é o nome dado conjunto de obras escritas em uma determinada época. O critério usado para dividir os estilos de época varia muito: às vezes, o autor publica uma obra revolucionária e ela acaba se tornando o marco inicial de um determinado período, outras vezes um fato histórico influencia uma infinidade de obras que darão origem a um determinado movimento literário. É importante ressaltar que as datas estabelecidas para um determinado período não são tão rigorosas quanto parecem, são apenas recursos didáticos usados para facilitar o estudo, já que é quase impossível estabelecer precisamente quando iniciou ou terminou um período. Também é bom sabermos que um estilo de época não “morre” por completo e que a passagem de um estilo para outro não é tão rápida assim. Muitas idéias adotadas em um período podem ser aproveitadas por outros estilos literários que fazem uma releitura ou uma reinterpretação de textos já escritos. A Literatura busca influência nela mesma para sempre ter a possibilidade de abrir novos caminhos e novas idéias. É por esta razão que o entendimento correto sobre cada estilo é tão importante, pois através dessa compreensão temos uma visão geral da Literatura e da sociedade que a produziu. PERÍODOS LITERÁRIOS NO BRASIL Dividido em dois momentos: - Literatura do período colonial (Literatura de Informação, Barroco e Arcadismo – 1500 até 1822) Nesse período ocorreram várias manifestações literárias de um grupo composto por alguns escritores que copiavam os padrões e tendências de Portugal. - Literatura do período nacional ( Romantismo, Realismo – Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernismo, Pós-Modernismo – da Independência até os dias de hoje). Todos os acontecimentos históricos e marcantes da história do Brasil contribuíram para fortalecer os movimentos literários. O público cresceu e com isso estimulou os escritores a melhorar cada vez mais suas obras. PERÍODOS LITERÁRIOS EM PORTUGAL - ERA MEDIEVAL (Trovadorismo e Humanismo) - Trovadorismo: poemas feitos para serem cantados, são as cantigas (de amor, amigo, escárnio e maldizer) - AMOR (eu-lírico masculino) - Exaltação das qualidades da dama - Sofrimento amoroso - Ambiente aristocrático - AMIGO (eu-lírico feminino) - Ambientação rural - Linguagem e estrutura simples - Fala do amor da mulher pelo seu amigo - ESCÁRNIO E MALDIZER - Crítica aos membros da sociedade - Jogos de palavras e ironias - Abordavam temas como escândalos, sexo, falsa religiosidade. OBS: Na cantiga de escárnio o nome da pessoa era ocultado, na de maldizer a crítica era direta e a vítima tinha seu nome revelado. Humanismo: Valorização do homem. - ERA CLÁSSICA (Classicismo, Barroco e Arcadismo) Classicismo: Teve em Camões o seu maior representante. Barroco: Textos ricos com profunda elaboração formal. Arcadismo: - Textos bucólicos, - Valorização do homem, - Linguagem simples, - Imitação dos modelos da literatura da Antiguidade Clássica e do Renascimento. - ERA MODERNA (Romantismo, Realismo-Naturalismo, Simbolismo, Modernismo) Romantismo liberdade de expressão e de pensamento, tentativa de buscar soluções para os problemas sociais etc. Realismo: “O Crime do Padre Amaro” e “O Primo Basílio” de Eça de Queirós foram duas obras importantes que ajudaram a divulgar o realismo no Brasil. Simbolismo: Marco inicial do Simbolismo em Portugal foi a publicação do livro de poesias “Oaristos” de Eugênio de Castro, em 1890. Barroco no Brasil No século XVIII, o Brasil presenciou o surgimento de uma literatura própria a partir dos escritores nascidos na colônia, quando as primeiras manifestações valorizando a terra surgiram. Contexto Histórico Os fatos históricos fundamentais da época foram a Primeira invasão holandesa, que ocorreu na Bahia, em 1624, e a Segunda, em Pernambuco, em 1630, que perdurou até 1654. As invasões aconteceram na região que concentrava a produção açucareira. A produção literária não foi favorecida nesse período, pois a disputa pelo poder no Brasil era evidente e chamava toda a atenção. O Barroco surgiu nesse contexto como fruto de esforços individuais, quando os modelos literários portugueses chegaram ao Brasil. A arte que se desenvolveu com mais força foi a arquitetura, mas a partir da segunda metade do século as artes sofreram impulso maior. Costuma-se considerar a publicação da obra Prosopopéia (1601), de Bento Teixeira, como o marco inicial do Barroco no Brasil. Esse é um poema épico, de estilo cancioneiro que procura imitar Os Lusíadas. Os autores barrocos que mais se destacaram são: - Gregório de Matos (na poesia); - Pe. Vieira (na prosa); - Bento Teixeira; - Frei Manuel de Santa Maria Itaparica; - Botelho de Oliveira; - Sebastião da Rocha Pita; - Nuno Marques Pereira. Gregório de Matos (1636 – 1696) Gregório de Matos é o maior poeta barroco brasileiro, sua obra permaneceu inédita por muito tempo, suas obras são ricas em sátiras, além de retratar a Bahia com bastante irreverência, o autor não foi indiferente à paixão humana e religiosa, à natureza e reflexão. As obras desse escritor são divididas de acordo com a temática: poesia lírica religiosa, amorosa e filosófica. - A lírica religiosa: explora temas como o amor a Deus, o arrependimento, o pecado, apresenta referências bíblicas através de uma linguagem culta, cheia de figuras de linguagem. Veja que no exemplo a seguir o poeta baseia-se numa passagem do evangelho de S. Lucas, quando Jesus Cristo narra a parábola da ovelha perdida e conclui dizendo que “há grande alegria nos céus quando um pecador se arrepende”: A JESUS CRISTO NOSSO SENHOR Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado, da vossa alta clemência me despido; porque, quanto mais tenho delinquido, vos tenho a perdoar mais empenhado. Se basta a vos irar tanto pecado, a abrandar-vos sobeja um só gemido: que a mesma culpa, que vos há ofendido vos tem para o perdão lisonjeado. Se uma ovelha perdida, e já cobrada glória tal e prazer tão repentino vos deu, como afirmais na sacra história, eu sou Senhor, a ovelha desgarrada, cobrai-a; e não queirais, pastor divino, perder na vossa ovelha, a vossa glória. (Gregório de Matos) - A lírica amorosa: é marcada pela dualidade amorosa entre carne/espírito, ocasionando um sentimento de culpa no plano espiritual. - A lírica filosófica: os textos fazem referência à desordem do mundo e às desilusões do homem perante a realidade. Em virtude de suas sátiras, Gregório de Matos ficou conhecido como “O boca do Inferno”, pois o poeta não economizou palavrões nem críticas em sua linguagem, que além disso era enriquecida com termos indígenas e africanos. Eis um exemplo dos muitos “retratos” que Gregório de Matos compôs: Soneto A cada canto um grande conselheiro, Que nos quer governar cabana, e vinha, Não sabem governar sua cozinha, E podem governar o mundo inteiro. Em cada porta um frequentado olheiro, Que a vida do vizinho, e da vizinha Pesquisa. Escuta, espreita, e esquadrinha, Para levar à Praça, e ao Terreiro. Muitos mulatos desavergonhados, Trazidos pelos pés os homens nobres, Posta nas palmas toda picardia. Estupendas usuras nos mercados, Todos, os que não furtam muito pobres, E eis aqui a cidade da Bahia. Romantismo no Brasil O Romantismo foi para além da literatura, foi um movimento artístico e filosófico que surgiu no final do século XVIII na Europa, indo até o final do século XIX. A maior característica do Romantismo era a visão de mundo que se contrapunha ao racionalismo doperíodo anterior (neoclassicismo). O movimento romântico cultiva uma visão de mundo centrada no indivíduo, e portanto os autores voltavam-se para si mesmo, retratando dramas pessoais como tragédias de amor, idéias utópicas, desejos de escapismo e amores platônicos ou impossíveis. O século XIX seria, portanto, marcado pela arte voltada para o lirismo, a subjetividade, a emoção e a valorização do “eu”. No Brasil, o período histórico era marcado por um sentimento nacionalista, em especial pelo fato marcante que foi a Independência, em 1822. Encontramos, pois, elementos que caracterizam o período, presentes nas obras dos autores românticos. É o exemplo da exaltação da Pátria feita por Gonçalves Dias, e do clima nostálgico presente nas poesias de Álvares de Azevedo e Fagundes Varela, sem falar no engajamento nas causas sociais, presente fortemente na obra de Castro Alves, o qual abordou temas polêmicos como a escravidão. A produção Romântica foi rica e vasta, tanto em outros países, quanto aqui, tanto em prosa, quanto em versos. Na poesia, a obra que marca o início das produções românticas é “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães. A poesia romântica é dividida em 3 gerações: Primeira Geração: Nacionalismo - influenciada pela Independência do Brasil, a poesia buscava a identificação do país com suas raízes históricas, linguísticas e culturais. O desejo era o de construir uma arte brasileira, livre da influência de Portugal, e o sentimento eram de nacionalidade, resgatando elementos da história do país. Foi fortemente marcada pelo indianismo e trazia à toda elementos da natureza (flora e fauna) brasileiros. O índio era exaltado como herói, pois representava o povo brasileiro, e o Brasil em sua essência. Segunda Geração: Mal do Século - Neste período, que se iniciou por volta de 1850, a poesia vinha de encontro às ideias e temáticas da geração anterior: o eu-lírico volta-se mais para si e afasta-se da realidade social à sua volta. Traz em si o pessimismo e o apego aos vícios. Os sentimentos são exagerados e aparecem de forma idealizada na poesia. Além disso, elementos como a noite, a melancolia, o sofrimento, a morbidez e o medo do amor são recorrentes em seus textos poéticos. O eu-lírico vivem em meia solidão, aos devaneios e às idealizações. Terceira Geração: Condoreiríssimo - a última geração da poesia romântica se inspira em Victor Hugo, e traz um foco político e social. Na época, ideias abolicionistas e republicanas vinham à tona, e junto com elas o desejo de se libertar do Império. É a fase que prenuncia o Realismo, que viria em seguida, tanto é que tem como foco a realidade social, a crítica à sociedade, a poesia liberal, enfim, era o final do movimento romântico no Brasil. O condoreiríssimo se refere à figura do condor, uma ave que tinha voo alto, assim como os poetas românticos faziam em busca de defender seus ideais libertários. Enquanto isso, na prosa romântica, iniciava-se, de fato, a produção de prosa literária no Brasil. Neste campo, o romantismo se dividiu por tendências, sendo elas: Romance Urbano - ligava-se à vida social, principalmente no Rio de Janeiro, descrevendo os tipos humanos encontrados naquela sociedade. Romance Regionalista (sertanejo) - demonstrava atração pelo pitoresco e tinha como principal característica a retratação da vida no interior do Brasil, seus hábitos, seu modo de falar, etc. Romance Histórico - tratou-se de uma revalorização do passado, trazendo ao romance personagem da nossa história, retratando-os de modo nacionalista. Romance Indianista - por fim, porém não menos importante, há o romance indianista, que teve como maior representante o romancista José de Alencar, e como característica a idealização do índio, como herói brasileiro, nobre e valente. Já em relação aos aspectos formais, a literatura romântica é desvinculada dos padrões do Classicismo, caracterizando-se pelo verso livre, sem métrica e pelo verso branco, sem rima. Características como o subjetivismo e o sentimentalismo não podem ser separadas da estética romântica, pois estiveram presentes em toda ela, tanto na prosa, quanto na poesia. Além destas, há outras características tipicamente românticas, como o nacionalismo, o ufanismo, a religiosidade, a evasão, a idealização da realidade e do ser amado, o escapismo e o culto à natureza.
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