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Resenha: 3 culturas da anarquia (WENDT, A. 1999)

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO 
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
 
Disciplina: Teoria das Relações Internacionais II 
Docente: Ana Saggioro Garcia 
Discente: Joabe Estevão Honorato 
 
 
Resenha: 
Capítulo 6: Três culturas da anarquia 
WENDT, A. Social Theory of International Politics Relations 
 
 
Neste capítulo, Wendt busca uma outra compreensão da dinâmica do Sistema 
Internacional que não seja através de abordagens individualistas à teoria sistêmica, tal 
como já vistas no neorrealismo e no neoliberalismo. Através de uma perspectiva holista, 
Wendt irá observar a estrutura da política internacional (a própria anarquia) para 
encontrar os três tipos de cultura da anarquia - inimigo, rival e amigo – ou então, 
hobbesiana, lockeana e kantiana. 
Levando em conta a interação entre grandes e pequenas potências no sistema 
anárquico, o autor consegue identificar um impasse na questão de autoridade e ordem na 
política internacional. No que tange sobre os "poderes causais das estruturas anárquicas", 
denominado por Wendt, o autor levanta duas questões, sendo elas a questão de variação 
e a questão de construção. 
A primeira, questiona se a anarquia é compatível com mais um tipo de "lógica"; 
já a segunda questão é se o sistema internacional constrói Estados. A priori, Wendt afirma 
que conforme o nível da interação, as estruturas anárquicas variam e, a partir desse 
argumento, chega-se a questão principal “se de fato a anarquia em si cria uma tendência 
para que todas as interações como essas produzam uma lógica em nível macro” (WENDT, 
2014, p. 302). Acerca da questão de construção, Wendt aponta que a estrutura da política 
internacional tem efeitos constitutivos sobre os Estados. Com base no argumento 
construtivista, sobretudo, podemos afirmar que as estruturas são determinadas por ideias 
compartilhadas. 
Através desses pressupostos, então, chegamos ao argumento central do texto, onde 
Wendt aponta que a anarquia do sistema internacional não é algo dado, ou determinado, 
“A anarquia, como tal, é um repositório vazio e não tem uma lógica intrínseca; anarquias 
só adquirem lógicas como uma função da estrutura do que colocamos dentro delas”. 
(WENDT, 2014, p. 304). Ao contrário das visões reducionistas, a base do argumento de 
Wendt consiste em conceituar a estrutura em termos sociais, onde, segundo Weber, “os 
atores tomam uns aos outros em consideração ao escolher as suas ações” – seguindo os 
papéis do Self e Other. Compondo a estrutura social, Wendt indica as ideias 
compartilhadas e, em seu subconjunto, a cultura. 
No que conduz aos tipos de cultura, Wendt admite a importância de conceituar os 
motivos pelos quais os atores podem enxergar as normas culturais: por coerção, por 
interesse próprio e por legitimação. Para tal, seria "mais útil vê-las como refletindo três 
diferentes "graus" em que uma norma pode ser internalizada" (WENDT, 2014. p. 305). 
Para simplificar, decidi elaborar uma tabela, relacionando os três graus de internalização 
das normas com as concepções construtivistas apontadas por Wendt. 
 
A concepção múltipla da cultura internacional (Wendt) * 
Tipo de cultura Hobbesiana Lockeana Kantiana 
Grau de sociedade Inimigo Rival Amigo 
Obs. das normas Coerção Auto interesse Legitimidade 
Teoria Neorrealista Neoliberal Idealista 
(construtivista?) 
* esta é uma tentativa de organizar as ideias, e não uma categorização. 
 
 É importante observar a defesa construtivista de Wendt em relação ao terceiro 
grau de internalização: 
“It is only with the third degree of internalization that actors are really 
‘‘constructed’’ by culture; up to that point culture is affecting just their 
behavior or beliefs about the environment, not who they are or what 
they want.” (WENDT, 1999, p. 250). 
 No decorrer deste capítulo, pode-se evidenciar, então, uma combinação de 
realismo científico, holismo e idealismo (KEOHANE, 2000, p. 125) dentro do enfoque 
construtivista de Wendt elucidado pelo autor ao longo do texto. Aproximando-se da 
Teoria Estruturalista, Wendt rebate a estrutura causal exposta pelas teorias neorrealista e 
neoliberal, observando agora o agente e a estrutura como elementos constitutivos. 
Considerando que a anarquia não possui uma lógica intrínseca e, nessa ordem, é um 
vácuo, conseguimos, por fim, compreender a afirmação de Wendt: “o que dá sentido à 
anarquia são os tipos de pessoas que nela vivem e a estrutura de seus relacionamentos”. 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
WENDT, Alexander. Teoria Social da Política Internacional. Ed. Apicuri. Rio de 
Janeiro, 2014 
 
WENDT, A. Social Theory of International Politics Relations. Cambridge: Cambridge 
University Press, 1999. 
 
KEOHANE, Robert. O. (2000), “Ideas part-way down”, em Review of International 
Studies, 26, p. 125.)

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