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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Disciplina: Teoria das Relações Internacionais II Docente: Ana Saggioro Garcia Discente: Joabe Estevão Honorato Resenha: Capítulo 6: Três culturas da anarquia WENDT, A. Social Theory of International Politics Relations Neste capítulo, Wendt busca uma outra compreensão da dinâmica do Sistema Internacional que não seja através de abordagens individualistas à teoria sistêmica, tal como já vistas no neorrealismo e no neoliberalismo. Através de uma perspectiva holista, Wendt irá observar a estrutura da política internacional (a própria anarquia) para encontrar os três tipos de cultura da anarquia - inimigo, rival e amigo – ou então, hobbesiana, lockeana e kantiana. Levando em conta a interação entre grandes e pequenas potências no sistema anárquico, o autor consegue identificar um impasse na questão de autoridade e ordem na política internacional. No que tange sobre os "poderes causais das estruturas anárquicas", denominado por Wendt, o autor levanta duas questões, sendo elas a questão de variação e a questão de construção. A primeira, questiona se a anarquia é compatível com mais um tipo de "lógica"; já a segunda questão é se o sistema internacional constrói Estados. A priori, Wendt afirma que conforme o nível da interação, as estruturas anárquicas variam e, a partir desse argumento, chega-se a questão principal “se de fato a anarquia em si cria uma tendência para que todas as interações como essas produzam uma lógica em nível macro” (WENDT, 2014, p. 302). Acerca da questão de construção, Wendt aponta que a estrutura da política internacional tem efeitos constitutivos sobre os Estados. Com base no argumento construtivista, sobretudo, podemos afirmar que as estruturas são determinadas por ideias compartilhadas. Através desses pressupostos, então, chegamos ao argumento central do texto, onde Wendt aponta que a anarquia do sistema internacional não é algo dado, ou determinado, “A anarquia, como tal, é um repositório vazio e não tem uma lógica intrínseca; anarquias só adquirem lógicas como uma função da estrutura do que colocamos dentro delas”. (WENDT, 2014, p. 304). Ao contrário das visões reducionistas, a base do argumento de Wendt consiste em conceituar a estrutura em termos sociais, onde, segundo Weber, “os atores tomam uns aos outros em consideração ao escolher as suas ações” – seguindo os papéis do Self e Other. Compondo a estrutura social, Wendt indica as ideias compartilhadas e, em seu subconjunto, a cultura. No que conduz aos tipos de cultura, Wendt admite a importância de conceituar os motivos pelos quais os atores podem enxergar as normas culturais: por coerção, por interesse próprio e por legitimação. Para tal, seria "mais útil vê-las como refletindo três diferentes "graus" em que uma norma pode ser internalizada" (WENDT, 2014. p. 305). Para simplificar, decidi elaborar uma tabela, relacionando os três graus de internalização das normas com as concepções construtivistas apontadas por Wendt. A concepção múltipla da cultura internacional (Wendt) * Tipo de cultura Hobbesiana Lockeana Kantiana Grau de sociedade Inimigo Rival Amigo Obs. das normas Coerção Auto interesse Legitimidade Teoria Neorrealista Neoliberal Idealista (construtivista?) * esta é uma tentativa de organizar as ideias, e não uma categorização. É importante observar a defesa construtivista de Wendt em relação ao terceiro grau de internalização: “It is only with the third degree of internalization that actors are really ‘‘constructed’’ by culture; up to that point culture is affecting just their behavior or beliefs about the environment, not who they are or what they want.” (WENDT, 1999, p. 250). No decorrer deste capítulo, pode-se evidenciar, então, uma combinação de realismo científico, holismo e idealismo (KEOHANE, 2000, p. 125) dentro do enfoque construtivista de Wendt elucidado pelo autor ao longo do texto. Aproximando-se da Teoria Estruturalista, Wendt rebate a estrutura causal exposta pelas teorias neorrealista e neoliberal, observando agora o agente e a estrutura como elementos constitutivos. Considerando que a anarquia não possui uma lógica intrínseca e, nessa ordem, é um vácuo, conseguimos, por fim, compreender a afirmação de Wendt: “o que dá sentido à anarquia são os tipos de pessoas que nela vivem e a estrutura de seus relacionamentos”. Bibliografia: WENDT, Alexander. Teoria Social da Política Internacional. Ed. Apicuri. Rio de Janeiro, 2014 WENDT, A. Social Theory of International Politics Relations. Cambridge: Cambridge University Press, 1999. KEOHANE, Robert. O. (2000), “Ideas part-way down”, em Review of International Studies, 26, p. 125.)
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