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APOL1 - TEORIAS CONTEMPORANEAS DAS RIs

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Questão 1/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“O estruturalismo, que sofre influências do pensamento dialético, da fenomenologia existencial e até
da geologia (Lévi-Strauss, 1971), mas que nasce das pesquisas de campo e não do raciocínio
especulativo, é uma tentativa de reconciliar a teoria com a prática. Lévi-Strauss procurou uma ponte
entre o lógico e o empírico, um fundamento que pudesse dar conta da diversidade do mundo, um
instrumental que fosse deduzido, ele também, do real. Algo que não fosse a simples descrição do
empírico imediato, que não resvalasse para o devaneio, para a pura abstração. Que fosse uma teoria
do possível. A base científica criada por Lévi-Strauss, se propõe justamente isto: desenvolver uma
teoria do logicamente possível, construída a partir do real concreto” (Thiry-Cherques, 2006, p. 16).
Fonte: Thiry-Cherques, Hermano Roberto. O primeiro estruturalismo: método de pesquisa para as
ciências da gestão. Revista de Administração Contemporânea [online]. 2006, v. 10, n. 2, pp. 137-156.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1415-65552006000200008>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, qual é o argumento
central da teoria estruturalista:
Nota: 10.0
A
Para o estruturalismo, a maneira como os indivíduos se organizam em sociedade parte de uma 
lógica de contingências e acasos, não havendo relações robustas entre os diferentes modos de 
vida.
B
Para o estruturalismo, o modo como as comunidades humanas se organizam e se relacionam 
entre si só pode ser compreendido por meio da observação das diferenças culturais, religiosas e
étnicas.
C Para o estruturalismo, a maneira como os seres humanos pensam e agem organiza-se a partir de
uma lógica subjacente, baseada especialmente na relação entre pares de opostos.
Você acertou!
O estruturalismo é uma abordagem teórica e metodológica presente em diversas
disciplinas das ciências humanas, tendo destaque sobretudo na Antropologia e na
Linguística. Seu argumento fundamental é o de que a maneira como os seres humanos
pensam e agem organiza-se a partir de uma lógica subjacente, baseada especialmente
na relação entre pares de opostos (também chamados de “oposições binárias”), como
masculino/feminino, céu/terra, cru/cozido, seco/úmido, interior/exterior etc. Por
consequência, o objetivo básico do estruturalismo é o de analisar os artefatos da
cultura humana para além da diversidade de aparência e de conteúdo, buscando em vez
disso as estruturas profundas (ou seja: as diversas combinações entre pares de opostos)
comuns a todos eles. Os precursores do estruturalismo, como o sociólogo Émile
Durkheim (1858-1917) e o linguista Ferdinand de Saussure (1857-1913), já defendiam
a importância de se tratar a sociedade – no caso do primeiro – e a língua – no caso do
segundo – como sistemas de relações entre um conjunto de elementos determinados.
Durkheim procurava compreender a sociedade como uma espécie de “organismo”, em
que cada parte (a escola, por exemplo) só poderia ser compreendida a partir da função
que cumpriria “em relação” às demais partes (a de socializar as crianças, preparando-
as para os papéis da vida adulta) (DURKHEIM, 2003). Saussure, por sua vez, em seu
seminal Curso de Linguística Geral, publicado em 1916, defendia que se estudasse a
língua como um sistema de relações, em que palavras e letras só adquiririam
significado pelas relações (de proximidade, de oposição etc.) mantidas umas com as
outras: assim, uma determinada palavra (“alto”, por exemplo) só se tornaria inteligível
– quer dizer: passível de ter seu significado compreendido – a partir da sua relação de
oposição a outras palavras (“baixo”, seguindo o mesmo exemplo) (SAUSSURE,
2011).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 1: “As Fontes Teóricas do
Pós-Estruturalismo”.
D
Para o estruturalismo, a modo como as sociedades se organizam parte de uma lógica de 
interação caótica e dificilmente apreensível pela pesquisa científica.
E
Para o estruturalismo, a maneira como as estruturas sociais estão organizadas baseia-se na 
construção de significados coletivos universais e consistentes.
Questão 2/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“A aproximação entre os Estudos de Gênero e as Relações Internacionais1 acontece no contexto do
chamado "terceiro debate" em RI. Este artigo tratará da trajetória desse encontro a partir da
perspectiva das RI. O objetivo será, além de construir um panorama das diversas abordagens
feministas para as relações internacionais, demonstrar a forma pela qual o surgimento da reflexão pós-
positivista em RI será responsável por abrir o espaço, na disciplina, necessário à aplicação do gênero
como categoria de análise” (Monte, 2013, p. 59).
Fonte: Monte, Izadora Xavier do. O debate e os debates: abordagens feministas para as relações
internacionais. Revista Estudos Feministas [online]. 2013, v. 21, n. 1, pp. 59-80. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/S0104-026X2013000100004>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, duas contribuições
das teorias feministas para as teorias das Relações Internacionais:
Nota: 10.0
A
O feminismo contribuiu para a sofisticação metodológica das teorias em Relações 
Internacionais ao trazer o uso contínuo de análise estatística para a compreensão da violência 
contra a mulher e implementar o teste de hipótese como o modelo analítico disciplinar.
B
O feminismo possibilitou o aumento de estudantes em Relações Internacionais, uma vez que a
sua inclusão na área acabou atraindo pesquisadoras mulheres e permitiu a inclusão dos estudos
sociológicos sobre violência doméstica na alta política internacional.
C O feminismo ampliou as possibilidades analíticas nas Relações Internacionais com o estudo 
dos mecanismos de invisibilização das mulheres na política internacional e com a 
operacionalização do gênero como categoria analítica fundamental na disciplina.
Você acertou!
Resumidamente, o feminismo ampliou as possibilidades analíticas da disciplina em
duas direções: primeiramente, na do estudo dos mecanismos de invisibilização das
mulheres na política internacional; em segundo lugar, na operacionalização do gênero
como categoria analítica fundamental para as Relações Internacionais. Em relação ao
primeiro ponto, Cynthia Enloe (1989, p. 1) lança uma pergunta e uma provocação à
área: onde estariam as mulheres na política internacional? Tal ausência leva a autora a
questionar os pressupostos das teorias dominantes e a maneira como elas constroem a
noção de “internacional”, objeto de reflexão da disciplina. Ao excluir aquilo que é
considerado “privado”, “doméstico”, “local” ou “trivial”, tais teorias apagam as
mulheres – suas experiências, ações e ideias – das análises presentes na disciplina. A
contribuição feminista, aqui, reside justamente na inclusão do “pessoal” e do “privado”
nas agendas de pesquisa, mostrando como eles constituem e são também constituídos
pelo internacional (ENLOE, 1989, p. 343). Uma segunda direção em que a abordagem
feminista ampliou as possibilidades analíticas da área diz respeito à operacionalização
da categoria “gênero” como dimensão central da política internacional. Os trabalhos
guiados por essa preocupação compõem o que Jacqui True denominou como “segunda
geração” dos estudos feministas na disciplina (TRUE, 2005, p. 216), centrados no
desvelamento do caráter genderizado das estruturas e dinâmicas internacionais
(TICKNER, 2001, p. 278).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rotade
Aprendizagem da aula 3 – Material para a Impressão. Tema 4: “Andrew Linklater”.
D
O feminismo pluralizou a atuação política das teorias de Relações Internacionais por conta da 
inclusão de mulheres pesquisadoras nas Relações Internacionais e pela criação de grupos de 
apoio para mulheres vítimas de violência de guerra.
E
O feminismo fomentou a o tom revolucionário das teorias das Relações Internacionais por 
meio da inclusão do termo subalterno para a pesquisa e a crítica ao papel dos processos de 
colonização para a constituição do patriarcado burguês.
Questão 3/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“O moderno sistema de Estados que surge das ruínas do mundo feudal entre os séculos XV e XVII na
Europa tem sido caracterizado como um sistema anárquico, no qual as unidades são soberanas.
Mesmo que o modelo de soberania externa absoluta e a ausência de normas no sistema internacional
tenha sido um ideal que a realidade da política internacional jamais confirmou, grande parte do debate
entre diferentes correntes da disciplina de relações internacionais tem girado em torno do conceito de
anarquia, das possibilidades de ordem, cooperação e ação coletiva nesse contexto. O pensamento em
relações internacionais tem sido marcado pelo dilema da ordem ou da governabilidade em um sistema
supostamente anárquico. A constituição do moderno sistema de Estados instaura este dilema, na
medida em que estabelece o princípio da soberania nacional; o baixo grau de governabilidade no
sistema internacional é a contraface do alto grau de respeito à autonomia do Estado em questões
domésticas e externas” (Herz, 1997, p. 308).
Fonte: Herz, Mônica. Teoria das Relações Internacionais no Pós-Guerra Fria. Dados [online]. 1997, v.
40, n. 2, pp. 307-324. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0011-52581997000200006>.
Considerando o trecho citado acima e os conteúdos discutidos ao longo da disciplina de
Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais, análise as assertivas abaixo, que tratam
sobre o entendimento da teoria construtivista, em especial de Alexander Wendt, sobre a
anarquia internacional:
I. Para os construtivistas a anarquia é o que Estados fazem dela, isto é, as características da estrutura
internacional são resultantes da interação e dos entendimentos comuns construídos pelos agentes
internacionais
PORQUE
II. os Estados possuem capacidade reflexiva, de modo que acumulam conhecimento ao longo do
tempo e podem alterar os seus interesses e identidades em decorrência dos processos de socialização
no ambiente internacional.
Avalie as assertivas acima e, depois, assinale a alternativa que faz a análise correta:
Nota: 10.0
A As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma justificativa da I.
B As asserções I e II são proposições falsas
C As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I
Você acertou!
A resposta correta é aquela que indica que as duas afirmações são verdadeiras e que a
segunda asserção é uma justificativa da primeira. Enquanto realistas e neorrealistas
naturalizam a “anarquia” como princípio fixo e imutável do sistema internacional –
dada a ausência de algum tipo de governo mundial com capacidade de impor o
cumprimento das regras e da ordem –, construtivistas a tratam como um resultado
específico (entre outros possíveis) das interações e dos entendimentos comuns
construídos pelos agentes de tal sistema: “A autoajuda e a política de poder são
instituições e não características essenciais da anarquia. A anarquia é o que os estados
fazem dela” (WENDT, 1992 p. 5, grifado no original). Esse debate a respeito da
relação entre atores e o sistema do qual fazem parte tem sido um dos tópicos centrais
da Teoria Social (justamente uma das fontes teóricas dos construtivistas) até os dias
atuais, recebendo, nela, a designação de “debate agência/estrutura”. Em linhas gerais,
debate-se quem deve ter precedência explicativa nos modelos teóricos, se os agentes –
os indivíduos ou as coletividades tratadas como unidades individualizadas (empresa,
Estado ou qualquer outro tipo de organização) – ou a estrutura que esses agentes
integram. A chamada “teoria da estruturação”, do sociólogo britânico Anthony
Giddens, é uma das várias tentativas, presentes na Teoria Social, de resposta ao
problema agência/estrutura. Segundo Giddens, as estruturas designam os recursos e as
regras envolvidas na produção e na reprodução de sistemas sociais (GIDDENS, 2009).
Esses recursos e regras, contudo, não são elementos externos aos indivíduos, mas sim
elementos internalizados pela via da socialização ou aprendizado social. Recursos e
regras tornam-se, assim, capacidades e inclinações, as quais se externalizam na forma
de comportamentos “estruturantes”, quer dizer, comportamentos que reforçam ou
alteram as estruturas (recursos e regras) iniciais. Trata-se, portanto, de um processo de
co-constituição, em que nem indivíduos nem estrutura possuem precedência ou
preponderância explicativa (PEREIRA; BLANCO, 2021). Voltando às Relações
Internacionais, a aplicação dessa noção de co-constituição resulta em uma visão do
Estado como agente dotado da capacidade de promover mudanças na estrutura do
sistema internacional. Sem essa capacidade, o Estado deixa de ser agente e se
transforma em mero efeito da estrutura (anárquica) desse sistema, respondendo de
maneira mecânica a ele (o comportamento autointeressado, centrado na segurança e na
defesa, de acordo com realistas e neorrealistas) (ibidem). Na visão de Wendt, portanto,
os Estados acumulam conhecimentos ao longo do tempo e são capazes de alterar
interesses e identidades, construindo ativamente, por meio da interação com outros
atores estatais, a estrutura característica da realidade internacional em dado momento.
Em resumo, pode ser afirmado que, para os construtivistas, o comportamento dos
Estados depende de “conhecimento compartilhado, do significado coletivo que eles
atribuem à situação, de sua autoridade e legitimidade, das leis, instituições e recursos
naturais que eles usam para achar seu caminho, de suas práticas, ou mesmo, algumas
vezes, de sua criatividade conjunta” (Adler, 1999, p. 203).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 1: “O Construtivismo nas
Relações Internacionais”.
D A asserção I uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa
E A asserção II uma proposição verdadeira, e a I é uma proposição falsa
Questão 4/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o trecho a seguir:
“Uma abordagem construtivista pode avançar muito em direção a uma explicação sistemática da
mudança nas relações internacionais. Até um certo ponto, a construção social da realidade que leva a
mudanças no significado e propósito coletivo aos objetos físicos é ela mesma um componente
importante do processo de mudança. Tome-se como exemplo o fim da Guerra Fria, um poderoso
evento que as abordagens tradicionais têm tido dificuldade de explicar, e certamente não previram.
Torna-se cada vez mais claro que os eventos e fenômenos que pareciam ser "sistematicamente" sem
importância, tal como o movimento de dissidência soviético e o acidente nuclear em Chernobyl, que
tornou familiar os horrores do poder nuclear sem controle, deram espaço em poucos anos para
consequências amplas e não previstas” (Adler, 1999, p. 231).
Fonte: Adler, Emanuel. O construtivismo no estudo das relações internacionais. Lua Nova: Revista de
Cultura e Política [online]. 1999, n. 47, pp. 201-246. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-
64451999000200011>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais e o trecho citado acima, análise as afirmaçõesabaixo que tratam dos
pontos de divergência do construtivismo com o a teoria realista:
I. A caracterização realista do Estado, como um agente monolítico e de atuação universalmente
orientada pelo autointeresse e pela garantia da própria sobrevivência, é rechaçada pelos autores
construtivistas.
II. O construtivismo adota uma posição crítica à concepção realista de que a política mundial e as
políticas domésticas dos Estados podem ser enquadradas como uma continuum de atuação, sem uma
fronteira divisória clara.
III. O privilégio analítico concedido pelos realistas aos aspectos materiais da realidade internacional é
criticado pelos construtivistas, uma vez que a compreensão sobre as relações entre os atores sociais
também envolve incidência de constrangimentos econômicos.
IV. A compreensão realista de que a anarquia é uma condição natural e permanente do sistema
internacional é negada pelos construtivistas, que entendem que os interesses e as identidades dos
Estados podem se alterar e, como consequência, promover mudanças na estrutura internacional.
Agora, assinale a alternativa que indica as corretas:
Nota: 10.0
A Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
B Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
C Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
Você acertou!
A resposta correta é aquela que indica que apenas as afirmações I e IV estão corretas.
A afirmação I está correta porque os construtivistas se diferem dos realistas na maneira
como os Estados são caracterizados pela visão tradicional, quer dizer, como atores cuja
ação tem como princípio fundamental a sobrevivência e o autointeresse, sendo a
segurança e a defesa os aspectos fundamentais de suas políticas. Os construtivistas,
como Onuf e Kratochwill, colocam em xeque a própria centralidade dos Estados como
unidades de análise básicas das relações internacionais. Wendt aceita essa premissa
tradicional de centralidade, ainda que discorde da caracterização dos atores estatais
como entidades guiadas universalmente pela sobrevivência e autointeresse e focadas
nas questões de segurança e defesa, em detrimento da cooperação. A afirmação II está
incorreta porque Onuf rompe com a separação estanque entre a política mundial e as
políticas domésticas dos países, tal como apresentada pela teoria neorrealista de
Kenneth Waltz, para quem a primeira seria caracterizada pela anarquia, e a segunda,
pela hierarquia (PEREIRA; BLANCO, 2021). A afirmação III está incorreta porque,
por mais que os construtivistas discordem da caracterização realista e neorrealista da
realidade internacional, que privilegia os aspectos materiais dela (o poder e os recursos
bélicos dos atores), os construtivistas não se concentram nos aspectos econômicos.
Para Wendt, os “mundos material, subjetivo e intersubjetivo interagem na construção
social da realidade” (ADLER, 1999, p. 216, grifado no original). O que significa dizer
que não é possível, como fazem os realistas, tratar a dimensão material da realidade
internacional, a do poder e das armas, como “um ponto de partida esvaziado de ideias”
(WENDT, 2014, p. 53), quer dizer, como uma realidade imune à necessidade de
interpretação típica das relações intersubjetivas. Assim como a relação entre duas
subjetividades individuais demanda um processo de mútua interpretação, de
entendimento comum a respeito do que está acontecendo, também a relação entre
atores estatais envolve a incidência de elementos ideacionais – crenças, conjecturas,
conhecimentos prévios etc. A afirmação IV está correta porque os construtivistas
discordam da naturalização da “anarquia” como princípio imutável desta realidade
internacional e, portanto, como principal variável explicativa do comportamento dos
atores estatais – o que significa, na prática, a negação de qualquer “agência” ou
autonomia de ação aos Estados, reduzidos por essa via a meros efeitos da estrutura
(anárquica e desigual) do sistema internacional (PEREIRA; BLANCO, 2021).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 1: “O Construtivismo nas
Relações Internacionais”.
D Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
E Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
Questão 5/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leio o texto a seguir:
“Desde a última década do século XX, os debates teóricos no âmbito das Relações Internacionais
caracterizam-se pela crescente presença de abordagens que questionam as teorias positivistas,
principalmente o neorrealismo. Dentre as críticas produzidas por essas novas perspectivas, dois
grandes grupos podem ser destacados: autores construtivistas, que aceitam elementos das
abordagens tradicionais, mas acrescentam variáveis mais subjetivas às análises, e autores que
relativizam de maneira radical as perspectivas mainstream a partir de um marco pós-estruturalista.
Estes últimos extrapolam os limites do conceito de estrutura e analisam fenômenos identificando
aberturas e instabilidades que produzem um constante fluxo de sentidos em relação ao objeto
estudado” (Mendes, 2015, p. 46).
Fonte: Mendes, Cristiano. Pós-estruturalismo e a crítica como repetição. Revista Brasileira de Ciências
Sociais [online]. 2015, v. 30, n. 88, pp. 45-59. Disponível em: <https://doi.org/10.17666/308845-
59/2015>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma das principais
contribuições da abordagem pós-estruturalista para as Relações Internacionais:
Nota: 10.0
A
A busca pela compreensão do funcionamento das estruturas internacionais pelos pós-
estruturalistas, bem como das suas consequências para os atores políticos neste espaço, 
permitiu a construção de uma série de conceitos de caráter prescritivo e normativo nas 
Relações Internacionais.
B A preocupação pós-estruturalista com as relações entre conhecimento e poder possibilitou a 
problematização da centralidade teórica do Estado nas Relações Internacionais e dos seus 
efeitos para a realidade internacional.
Você acertou!
A partir do final dos anos 1980 e começo da década seguinte, as contribuições dessa
nova filosofia, sobretudo francesa, começou a encontrar eco nas produções de autores
e autoras da área, por meio de trabalhos como os de Richard Ashley (1981; 1984),
James Der Derian (1987), Michael Shapiro (1988) e R. B. J. Walker (1987; 1995)
(CAMPBELL, 2010, p. 226). Inicialmente, tais trabalhos baseavam-se em
problematizações de cunho majoritariamente meta-teórico, quer dizer, questionando o
próprio processo de construção de conhecimento na área, seus pressupostos e
fundamentos implícitos. Um exemplo de tais problematizações, é aquela em relação ao
caráter “estadocêntrico” das teorias tradicionais, como a realista: “[o pós-
estruturalismo começou] questionando como o Estado passou a ser considerado o ator
mais importante na política mundial, e como o Estado passou a ser entendido como um
ator unitário e racional” (ibidem). Tratava-se, assim, de desnaturalizar a centralidade
teórica do Estado, indagando inclusive por meio de quais práticas estatais o Estado
colaborava para manter a visão a respeito de sua importância (ibidem). Após esse
primeiro momento, em que a atenção das abordagens pós-estruturalistas esteve
centrada nos pressupostos e fundamentos meta-teóricos da disciplina, outros
fenômenos e aspectos da realidade internacional passaram a ser problematizados.
Ainda que muito variada, a produção desse novo momento pode ser descrita como
possuindo os seguintes elementos: “1) uma preocupação fundamental com a relação
entre poder e conhecimento; 2) o emprego de metodologias pós-positivistas, como a
desconstrução e a genealogia;3) um engajamento crítico com o papel do Estado e com
questões relacionadas a fronteiras, violência e identidade; e 4) a necessidade resultante
de repensar fundamentalmente a relação entre política e ética” (BLEIKER, 2007, p.
91).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 2: “O Pós-Estruturalismo
em Relações Internacionais”.
C
A centralidade concedida pelo pós-estruturalismo ao estudo do problema agência e estrutura 
corroborou para a consolidação de uma leitura despolitizada e sincrônica sobre os fenômenos, 
processos e atores internacionais.
D
A coerência interna dos conceitos trabalhados pela teoria pós-estruturalista possibilitou a 
constituição de análises marcadamente objetivas das relações internacionais e amplamente 
conectadas ao idealismo.
E
A relevância dada à teoria normativa pelos pós-estruturalistas permitiu a ascensão de 
concepções abertamente revisionistas e orientadas para resultados concretos nas Relações 
Internacionais.
Questão 6/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“De acordo com Onuf, tal como Maja Zehfuss explica, a sociedade política tem duas propriedades. De
um lado, há sempre regras que dão significado às atividades humanas, tornando-as socialmente
inteligíveis e significativas. De outro lado, dadas as assimetrias sociais e materiais, “as regras resultam
numa distribuição desigual de benefícios”, o que significa dizer que elas levam a certas condições de
domínio ou governo (Zehfuss, 2002, p. 152; 2001, p. 61). Assim, Onuf correlaciona sociedade e política
por meio do “nexo regras-governo”: enquanto a sociedade é baseada em regras, a “política sempre
lida com relações sociais assimétricas geradas por regras, ou seja, [certas condições assimétricas de]
governo” (Zehfuss, 2002, p. 152). Nas palavras de Onuf, “onde há regras (e, portanto, instituições) há
governo – uma condição na qual agentes usam regras para exercer controle e obter vantagens sobre
outros agentes” (1998, p. 63). Retornando ao pensamento social alemão, mais especificamente ao
paradigma do Herrschaft, traduzido por ele como o “paradigma da sociedade política”, Onuf entende tal
sociedade política como a expressão de “relações de superordenação e subordinação – relações
mantidas por meio de regras e resultando em governo” (Onuf, 2013, p. 196)” (Herz e Yamato, 2018, p.
8).
Fonte: Herz, Monica; Yamato, Roberto Vilchez. As Transformações das Regras Internacionais sobre
Violência na Ordem Mundial Contemporânea. Dados [online]. 2018, v. 61, n. 1, pp. 3-45. Disponível
em: <https://doi.org/10.1590/001152582018145>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, quais são os três
tipos de assimetria existentes nas relações internacionais de acordo com Nicholas Onuf:
Nota: 10.0
A
Hegemonia, Hierarquia e Heteronomia.
Você acertou!
Nicholas Onuf afirma que podemos observar três tipos distintos de assimetria ou
domínio nas relações internacionais. O primeiro tipo de domínio é chamado de
Hegemonia e refere-se a um tipo de relação assimétrica em que um ator (ou conjunto
de atores) monopoliza a produção dos significados a respeito da realidade, transferindo
uma ideologia ou visão de mundo aos atores subordinados, que se mostram então
incapazes de estabelecer programas de ação alternativos àqueles oriundos de tal
ideologia ou visão de mundo (ONUF, 1989, p. 209-210). O segundo tipo de domínio é
chamado de Hierarquia, e, por sua vez, descreve uma relação assimétrica entre atores
situados em níveis diferentes de uma dada instituição ou organização. As regras
diretivas são então transmitidas dos níveis superiores aos inferiores, tal qual nas
modernas burocracias dos Estados ou dos Organismos Internacionais. Por último, o
terceiro tipo de domínio é chamado de heteronomia (o oposto da “autonomia”) e
envolve relações assimétricas entre atores formalmente de mesmo status (como os
Estados nacionais ou os cidadãos de um país), cuja interdependência por meio de
trocas gera ganhos maiores a um dos lados da relação. Aqui, predominam as regras de
compromisso entre os atores envolvidos e, de acordo com Onuf, tais relações
heterônomas são especialmente importantes para explicar as relações internacionais. A
sociedade internacional, nos termos de Onuf, em vez de anárquica, seria, portanto,
heterônoma (NOGUEIRA; MESSARI, 2005, p. 172): foram as regras de compromisso
que produziram e regularam as esferas de influência durante a Guerra fria, por
exemplo (ONUF, 1989, p. 225).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 2 – Material para a Impressão. Tema 3: “Nicholas Onuf”.
B Anarquia, Império e Democracia.
C Autarquia, Federação e Teocracia
D Autocracia, Oligarquia e Monarquia.
E Plutocracia, Tecnocracia e Meritocracia.
Questão 7/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leio o texto a seguir:
“Talvez tenha ocorrido algo na história do conceito de estrutura que pudesse ser chamado de “evento”,
se essa palavra não implicasse em um significado que é precisamente função da estrutura – ou da
estruturalidade – pensada para reduzir ou suspeitar. Mas deixe-me usar o termo “evento” de qualquer
maneira, empregando-o com cautela e como se estivesse entre aspas. Nesse sentido, este evento terá
a forma exterior de uma ruptura e um redobramento. Seria fácil mostrar que o conceito de estrutura e
até a própria palavra “estrutura” são tão antigos quanto a episteme – isto é, tão antigos quanto a
ciência e a filosofia ocidentais – e que suas raízes estão profundamente cravadas no solo da
linguagem comum, em cujos recessos mais profundos a episteme mergulha para reuni-los mais uma
vez, tornando-os parte de si mesma em um deslocamento metafórico. No entanto, até o evento que
desejo marcar e definir, estruturar – ou melhor, a estruturalidade da estrutura - embora sempre tenha
estado envolvida, sempre foi neutralizada ou reduzida, e isso por um processo de dar-lhe um centro ou
referencial a um ponto de presença, uma origem fixa” (Derrida, 1978, p. 278).
Fonte: Derrida, Jacques. Structure, Sign, and Play in the Discourse of the Human Sciences. Writing
and Difference. Trans (pp. 278-294). Alan Bass. Chicago: U of Chicago.1978.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais e o trecho citado acima, análise as afirmações abaixo, que tratam das
principais críticas deste ao ‘estruturalismo’:
I. Certamente, uma das principais críticas do pós-estruturalismo ao seu antecessor direciona-se à
relativa ausência de coerência interna da teoria e à baixa capacidade preditiva dos modelos analíticos
do estruturalismo.
II. Para o pós-estruturalismo, o privilégio concedido às análises sincrônicas no estruturalismo tende a
marginalizar o questionamento sobre como os processos históricos contribuem para a formação das
estruturas e das relações de poder dentro delas.
III. O pós-estruturalismo rejeita à concepção estruturalista de que o método científico permite que os
indivíduos (pesquisadores) se tornem imunes aos vieses interpretativos produzidos pelas estruturas
que analisa.
IV. Para os pós-estruturalistas o objetivo das teorias estruturalistas, de alcançar um conhecimento
verdadeiro, deve estar no centro de toda pesquisa cientifica, rejeitando assim o excesso de
reflexividade na ciência.
Agora, assinale a alternativa que indica quais afirmações estão corretas:
Nota: 10.0
A Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
B Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas
C Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
D Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
E Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
Vocêacertou!
Como foi possível observar no decorrer das aulas, apenas as afirmações II e III estão
corretas. A apresentação do texto Structure, Sign, and Play in the Discourse of the
Human Sciences, de Jacques Derrida, na Universidade John Hopkins, em 1966, foi
fundamental para o surgimento do rótulo do pós-estruturalismo. O diálogo crítico que
o autor estabelecia com os mestres do estruturalismo, criticando alguns de seus
principais argumentos, foi o pontapé inicial para que o establishment acadêmico
percebesse o surgimento de novas abordagens que procuravam superar algumas das
teses então hegemônicas. Ainda que tais críticas variassem de acordo com cada autor,
alguns pontos comuns podiam ser identificados: (i) o questionamento da rigidez do
modelo analítico estruturalista, centrado em oposições binárias ou pares de opostos,
que simplificaria a análise dos sistemas culturais a fim de obter uma imagem coerente
e estável de tais sistemas (o que torna a afirmação I incorreta); (ii) ao explicar um
elemento a partir de sua relação com os demais elementos do sistema, o estruturalismo
privilegiaria a análise sincrônica (quer dizer: do momento presente), em detrimento da
história – análise diacrônica da estrutura ao longo do tempo – que teria produzido tais
elementos e as relações entre eles (o que torna a afirmação II correta; (iii) o
estruturalismo ainda estaria assentado em uma concepção de conhecimento e de
ciência amplamente positivistas, pretendendo assim obter a “interpretação verdadeira”
a respeito das culturas e das sociedades humanas (o que torna a afirmação III correta);
(iv) como consequência dessa visão positivista, o analista estruturalista enxergaria a si
próprio como estando imune aos vieses interpretativos produzidos pelas estruturas que
analisa (o que torna a afirmação IV incorreta).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 1: “As Fontes Teóricas do
Pós-Estruturalismo”.
Questão 8/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“[...] as teorias de RI não interessam tanto pelas substanciais explicações sobre as condições
políticas no mundo moderno, mas sim como expressão dos limites da imaginação política
contemporânea quando confrontadas com persistentes e evidentes transformações estruturais e
históricas. Elas podem ser interpretadas […] como expressões de um entendimento historicamente
específico do caráter e da localização da vida política em geral. (Walker, 2013, p. 22) ”
Fonte: Walker, R. B. J. Inside/Outside: Relações Internacionais como teoria política. Rio de Janeiro: Ed.
PUC-RIO: Ed. Apicuri, 2013.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais e o trecho do livro ‘Inside/Outside: Relações Internacionais como teoria
política’, de R. B. J. Walker, análise as afirmações abaixo, sobre as principais contribuições do
pós-estruturalismo às Relações Internacionais:
I. O pós-estruturalismo possibilitou a redefinição do papel da teorização nas Relações Internacionais,
de modo que a conexão entre a produção do conhecimento na área e as relações de poder
passassem a ser problematizadas e visualizadas pelos pesquisadores.
II. Os conceitos de discurso, de Michel Foucault, e texto e textualidade, de Jacques Derrida,
contribuíram para uma compreensão mais apurada sobre o papel e a função da linguagem na vida
social e política, incluindo a realidade internacional.
III. A crítica pós-estruturalista às concepções de subjetividade e sujeito permitiram que o indivíduo
fosse compreendido, essencialmente, a partir da sua capacidade de pensar e raciocinar sobre os
fenômenos de modo objetivo.
IV. A problematização pós-estruturalista não apenas faz com que se questione como determinadas
teorias e conceitos consolidam-se na disciplina de Relações Internacionais, mas possibilita a
observação de “soluções” e cursos de ação alternativos invisibilizados pelas teorias tradicionais.
Agora, assinale a alternativa que indica as corretas:
Nota: 10.0
A Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
B Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas.
Você acertou!
Como foi possível observar na disciplina de Teorias Contemporâneas das Relações
Internacionais, as abordagens pós-estruturalistas representaram um vetor importante de
pluralização epistemológica e teórico-metodológica para as Relações Internacionais,
ao questionar as bases positivistas sobre as quais as escolas hegemônicas da área,
como realismo e idealismo, se assentaram. Entre as principais inovações trazidas por
essas novas abordagens, pode-se destacar: (a) uma redefinição do papel da teorização,
a quem caberia menos a produção de um modelo preditivo do comportamento dos
atores internacionais, e mais uma problematização da própria relação entre tal
teorização e as relações de poder da qual ela inevitavelmente faz parte – de modo que a
afirmação I está correta; (b) a crítica à maneira tradicional, de matriz cartesiana, de se
conceber o sujeito (jargão filosófico para designar a experiência mental do indivíduo
ao tentar compreender o mundo que o cerca) e a subjetividade, dando ênfase ao ser
humano como ser racional possibilitou a compreensão da influência do contexto
histórico e das relações de poder sobre a construção da subjetividade – por conseguinte
a afirmação III está incorreta; c) o papel da linguagem na vida social e política,
incluindo aí a política internacional; (d) o conceito foucaultiano de “discurso”; (v) os
conceitos de “texto” e “textualidade”, oriundos da obra de Derrida – de modo que a
afirmação II está correta; (e) as inovações metodológicas representadas pelas
estratégias textuais, pela genealogia e pela análise estética (PEREIRA, BLANCO,
2021). A noção de “problematização” pressupõe a reflexão crítica – seja por meio da
análise historiográfica ou textual – acerca de como um determinado conjunto de
temáticas (científicas, sociais ou políticas) passa a se configurar como um “problema”,
quer dizer, como um enunciado sobre a realidade a respeito do qual é preciso refletir e
buscar “soluções”. Assim, “ao invés de começar com uma pergunta de pesquisa que
identifica os significados dos conceitos e explora as relações entre eles, [...] uma
abordagem partindo da problematização reflete sobre por que problemas particulares
emergiram em determinados momentos históricos” (MHURCHÚ, 2016, p. 107).
Problematizar aquilo que em geral permanece como um pressuposto indiscutido leva,
em Relações Internacionais, a um ganho de reflexividade por parte do analista, que
passa a colocar sob o crivo da crítica os próprios instrumentos teóricos da pesquisa: os
conceitos (soberania, anarquia, Estado), pressupostos teóricos (o Estado como unidade
de análise da realidade internacional) e técnicos (a quantificação do poderio militar,
por exemplo). Esse tipo de indagação reflexiva também permite retomar “soluções” e
cursos de ação alternativos, muitas vezes bloqueados ou invisibilizados pela linguagem
corrente (PEREIRA; BLANCO, 2021) – por conseguinte a afirmação IV está correta.
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 3: “Contribuições do Pós-
Estruturalismo às Relações Internacionais: a relação entre poder e conhecimento e a
crítica ao sujeito cartesiano”.
C Apenas as afirmativas I e IV estão corretas.
D Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.
E Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
Questão 9/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leio o texto abaixo:
“É a partir de problematizações que um projeto de pesquisa se inicia. A atividade de pensar/construir a
realidade implica interrogar o que se encontra instituídohistoricamente. Tal um arqueólogo, o
pesquisador explora estratos teóricos com o intuito de encontrar restos que, quando atualizados,
possam imprimir um movimento de virtualização aos estudos realizados. Um arqueólogo não sabe
exatamente o que vai encontrar. Há a procura. Não se trata de encontrar uma verdade, mas de
atualizar uma virtualidade. Nesse caso, a pesquisa busca a identificação de certas regras de formação
dos enunciados, das proposições, de certa forma de colocação do problema. O procedimento de
pesquisa é, ao mesmo tempo, produção de saber, construção de metodologia, elaboração de
princípios, estabelecimento de resultados e invenção/construção processual do seu caminho,
abandonando certas vias e criando outras. Tem-se associado a concepção de metodologia à utilização
de estratégias formais que têm como modelo o campo das ciências naturais ou exatas. Mas o que
entendemos por metodologia? A metodologia fala do como pesquisar. Mais do que uma descrição
formal dos métodos e técnicas a serem utilizados, indica as opções e a leitura operacional que o
pesquisador fez do quadro teórico utilizado” (Aragão, Barros e Oliveira, 2005, p. 19-20)
Fonte: Aragão, Elisabeth Maria; Barros, Maria Elisabeth Barros de; Oliveira, Sonia Pinto de. Falando de
metodologia de pesquisa. Estudos e Pesquisa em Psicologia. 2005, vol.5, n.2, pp. 18-28. Disponível
em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-
42812005000200003&lng=pt&nrm=iso>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais e a importância da metodologia para a pesquisa científica, assinale a
alternativa que apresenta, corretamente, quatro estratégias metodológicas introduzidas nas
Relações Internacionais pela abordagem pós-estruturalista:
Nota: 0.0
A Análise de Conteúdo, Método Dedutivo, Análise Documental e Análise Bibliográfica.
B Análise do Discurso, Método Descritivo, Técnica Estatística, Behaviorismo.
C Método Hipotético Dedutivo, Estudo de Caso, Comparação e Bibliometria.
D Historiografia, Método Dialético, Método Indutivo e Análise Cartesiana.
E
Leitura Dupla, Desconstrução, Análise Estética e Genealogia.
Além das já elencadas contribuições do pós-estruturalismo à problematização de
alguns dos pressupostos subjacentes às teorias tradicionais das Relações
Internacionais, autores como Derrida e Foucault também oferecem valiosas sugestões
às estratégias metodológicas que pesquisadoras e pesquisadores da área podem
empregar em suas pesquisas. Tais estratégias afastam-se, contudo, dos parâmetros
positivistas de pesquisa e de ciência, guiando-se, ao contrário, pela tarefa de crítica e
de desestabilização da presumida objetividade dos discursos acerca da realidade
internacional, tendentes a naturalizar e universalizar características contingentes
produzidas por processos históricos particulares. Entre tais estratégias metodológicas
pós-estruturalistas, destacam-se as estratégias textuais propostas por Derrida,
notadamente a “desconstrução” e a “leitura dupla”; a análise genealógica, presente nas
obras finais de Michel Foucault; e a análise estética, elaborada sobretudo a partir dos
trabalhos do também francês Jacques Rancière (2004).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 5: “Metodologias Pós-
Estruturalistas para as Relações Internacionais”.
Questão 10/10 - Teorias Contemporâneas das Relações Internacionais
Leia o texto abaixo:
“Na perspectiva de Laclau e Mouffe (2011), a linguagem é apenas um dos componentes da estrutura
discursiva. O discurso possui, enquanto sistema, a sua evidente dimensão linguística, mas não se
restringe aos atos de fala ou ao que está estritamente escrito, englobando também ações e relações
que possuem significado social, sendo resultado de uma prática articulatória que constitui e organiza
essas relações” (Oliveira, 2018, p. 6).
Fonte: Oliveira, Marcia Betânia de. Pós-estruturalismo e teoria do discurso: perspectivas teóricas para
pesquisas sobre políticas de currículo*. Revista Brasileira de Educação [online]. 2018, v. 23. e230081.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1413-24782018230081>.
Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Teorias Contemporâneas das
Relações Internacionais, assinale a alternativa que explica, corretamente, a importância da
linguagem para a abordagem pós-estruturalista nas Relações Internacionais:
Nota: 10.0
A
A linguagem, por se conformar como o instrumento de representação das relações políticas,
religiosas e sociais, é considerada como um aspecto que apenas importa nas situações nas quais
os agentes internacionais manifestam, por meio de discursos formais, o seu posicionamento
sobre dada temática.
B
A linguagem, por se constituir como um sistema de signos que molda a interpretação dos
indivíduos sobre a realidade e o modo de se agir sobre ela, não possui uma função meramente
representativa do mundo e da política, mas também é capaz de produzir e alterar a realidade
internacional.
Você acertou!
A visão convencional sobre a “linguagem” a define como “qualquer meio sistemático
de comunicar ideias ou sentimentos através de signos convencionais, sonoros, gráficos,
gestuais etc.” (HOUAISS, 2009). Esses “signos” (as letras e as palavras que compõem
este texto, por exemplo) funcionam como representações que evocam objetos, ações e
fenômenos: a palavra “cavalo” evoca, na mente do leitor ou da leitora, a imagem do
animal “cavalo”, ainda que este não esteja fisicamente presente. Daí a importância da
linguagem para a sociabilidade humana: ela permite que se fale a respeito daquilo que
não está imediatamente presente ou mesmo sobre aquilo que existe apenas na
imaginação (a ideia de “nação” ou de “Estado”, por exemplo). Essa função
“representacional” da linguagem – a capacidade que ela tem de “simular” ou “evocar”
os objetos e as características da realidade – tem sido salientada e analisada pela
tradição filosófica ao menos desde os gregos antigos. A novidade trazida pela
abordagem pós-estruturalista é a de enxergar a linguagem para além dessa função
representacional, ressaltando em vez disso o papel dela como produtora de alterações
na própria realidade: nomear algo é interferir ativamente na realidade; é, em certo
sentido, criar realidade (GOMES, 2011). Muito da realidade internacional, por
exemplo, baseia-se em atos de nomeação e renomeação – de atores, situações e
fenômenos: expressões como “anarquia”, “soberania”, “crise humanitária”, “direitos
humanos”, “segurança internacional”, “terrorismo” etc. funcionam como instrumentos
de produção de uma maneira específica de enxergar a realidade e, por essa via, de
atuar sobre ela: “a nomeação de objetos no mundo é arbitrária e, além disso, o
processo de nomeação produz o objeto nomeado como algo que é separado do
continuum das coisas no mundo” (EDKINS, 2007, p. 91). A abordagem pós-
estruturalista atribui, assim, um papel central à linguagem, como sistema de signos que
molda a interpretação sobre a realidade e, dessa forma, a maneira como se age sobre
ela: “o que é dito ou pensado depende do que uma língua específica, e o seu modo de
ver o mundo, tornam possível dizer ou pensar” (ibidem).
Referência: Teoria Contemporânea das Relações Internacionais. Rota de
Aprendizagem da aula 1 – Material para a Impressão. Tema 4: “Contribuições do Pós-
Estruturalismo às Relações Internacionais: Linguagem, Discurso e Textualidade”.
C
A linguagem, por se conformar como um componente essencialmente cultural e diversificado 
em suas formas e signos, acaba potencializando os desentendimentos e as rivalidades entre os 
pesquisadores da disciplina de Relações Internacionais e atrapalhandoa evolução da disciplina.
D
A linguagem, por se constituir no principal de mecanismo de mediação dos diferentes 
interesses dos seres humanos, possui a funcionalidade de organizar as relações entre os Estados
no ambiente internacional e reforçar os laços de amizade pré-existentes.
E
A linguagem, por se conformar no veículo de transmissão das informações e representações 
acerca dos países em organismos internacionais, não possui uma função meramente descritiva 
do mundo, mas também o papel de conduzir interesses conflitantes.

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