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Tratado de Arquitetura Vitrúvio Resenha

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Vitrúvio – Tratado de Arquitetura – Resenha 
 Em “Tratado de Arquitetura”, Vitrúvio, escreve um “manual” de referência para o imperador romano Otávio César Augusto com o intuito de expandir - lhe a mente para a importância do arquiteto no cenário pós-guerra do século I a.C. Naquela época o império romano conquistara muitas terras adotando a política expansionista, o que lhes proporcionou uma rápida ascensão política e domínio sobre algumas regiões da Europa Oriental (Macedônia, Grécia, Ásia menor e Síria), o Norte de África, Península Itálica, Mediterrâneo, entre outras. Quando não havia mais interesse em expansão, os romanos decidiram então estabelecer e fortalecer seu império. Foi nesse momento que Vitrúvio analisa a necessidade de intervir com seus conhecimentos sobre a Arquitetura e deveres de um arquiteto.
 No livro um, o autor ressalta quais as principais características de um arquiteto e o que seria fundamental para ser tornar um profissional desta área. Dentre algumas citações importantes destacam-se algumas em particular “A prática consiste na preparação contínua e exercitada da experiência”, “Nasce da prática e da teoria” e “... os que se aplicaram numa e noutra coisa, como que protegidos por todas as armas, atingiram mais depressa, com prestígio, aquilo a que se propuseram”. Fica evidente, assim, que apenas se tornará um respeitável arquiteto aquele que é letrado e habilidoso, ambos devidamente em equilíbrio. Faz-se necessário conhecimento suficiente sobre alguns assuntos correlacionados como, por exemplo, literatura, desenho gráfico, geometria, aritmética, história, filosofia, música, medicina, direito e astronomia (aqui se inclui a física). Pode-se dividir em 6 grupos significativos, respectivamente aplicados: formas de expressão escrita e visual, forma concretizada da arquitetura, forma significativa e essencial, forma de crescimento e amadurecimento do ser, forma de conhecimento técnico, e parte ambientalista da profissão. Para aprofundar ainda mais nas características citadas acima, sobressalto aqui (novamente em ordem) o que cada grupo significa: a expressão escrita e visual se faz necessária quando falamos em arte literária, para que os dizeres do arquiteto tenham mais impacto no interlocutor e espectador, a literatura e desenho representam corretamente este papel; a geometria e a aritmética retrata a parte concretizada da arquitetura, quando este, em questão, reproduz desenhos técnicos e calcula as despesas das edificações de forma lógica; um excelente exemplo de essência e significado é quando o profissional não se obste da história de sua cultura e das demais podendo, assim, elaborar monumentos e edificações representativas e condizentes; entrando na questão do amadurecimento profissional e pessoal torna-se fundamental o estudo da filosofia, para que tal não se deixe induzir pelos sentimentos de avareza, arrogância e cobiça; o desenvolvimento técnico pode ser adquirido com a música, conhecer sobre as leis harmônicas e matemáticas deste estudo, segundo Vitrúvio, ajudará o arquiteto a desenvolver órgãos hidráulicos, entre outras máquinas de cunho similar; contudo, a parte ambientalista da profissão fica por conta da medicina, direito e astronomia, já que o arquiteto deve, obrigatoriamente, saber projetar uma habitação “saudável” e dentro das normas pré-estabelecidas (atualmente ABNT), além de ter o mínimo de sensatez referente aos pontos cordeais e cursos dos astros. 
 Vitrúvio ainda cita que somente deveria ser arquiteto aquele que desde novo já estão familiarizados com cada disciplina, porém aponta que um indivíduo, mesmo em idade mais madura, pode, com afinco, chegar a tão elevado nível de conhecimento. Entretanto, deixa claro que nunca se deve procurar a perfeição em cada uma das disciplinas concomitantemente, pois assim fracassará em seu objetivo. O arquiteto não deve buscar pelo máximo de conhecimento em cada área, embora não deva ser ignorante delas. Todavia, mesmo sendo erudito nas diversas ciências já citadas, só obterá sucesso aquele que encontrar equilíbrio entre teoria e prática. Definindo, assim, a prática como tudo que é exercitado e teoria como aquilo que é explicado e mostrado com forma concisa. 
 Por fim, o capítulo de número 1 do primeiro livro conclui-se dizendo á César que não são todos os indivíduos que serão capazes de se dedicar e assimilar tantas áreas de conhecimento. Tanto por falta de acessibilidade a esses tipos de saberes, quanto pela idoneidade de cada um para absorver todas as características, e que ficam disponibilizadas a tal autoridade todas as instruções a respeito das faculdades e dos raciocínios que lhe são inerentes, ajudando-o com a construção de seu império.

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