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SOCIEDADE EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA - UNISOCIESC CENTRO UNIVERSITÁRIO SOCIESC MARCELO GASTALDI KRIEGER ANÁLISE DE DEFLEXÃO DA FERRAMENTA DE CORTE NA FABRICAÇÃO DE PEÇAS COM GEOMETRIAS COMPLEXAS DE PAREDES FINAS. Joinville 2015 MARCELO GASTALDI KRIEGER ANÁLISE DE DEFLEXÃO DA FERRAMENTA DE CORTE NA FABRICAÇÃO DE PEÇAS COM GEOMETRIAS COMPLEXAS DE PAREDES FINAS. Este trabalho será apresentado ao Centro Universitário SOCIESC, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. MSc. Alexandre Marcos Ferreira Joinville 2015/1 MARCELO GASTALDI KRIEGER ANÁLISE DE DEFLEXÃO DA FERRAMENTA DE CORTE NA FABRICAÇÃO DE PEÇAS COM GEOMETRIAS COMPLEXAS DE PAREDES FINAS. Este trabalho foi julgado e aprovado em sua forma final, sendo assinado pelos professores da Banca Examinadora. Joinville, 08 de Dezembro de 2015. _______________________________________ Prof. MSc. Alexandre Marcos Ferreira _______________________________________ Prof. Esp. Silvio Romeu Sell _______________________________________ Prof. MSc. Vitor Ogliari DEDICATÓRIA Dedico a minha família, meus melhores amigos e colegas de classe que me incentivaram a realizar este trabalho. AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que me ajudou nas horas de desespero, alegria e tristeza. Aos meus pais, Angela Maria Gastaldi Krieger e James Luis Krieger, que sempre me apoiaram nos momentos de alegria e tristeza. E também me deram conselhos, oportunidades, educação e esperança para que seja uma boa pessoa. Ao meu irmão, Giancarlo Gastaldi Krieger, que sempre me acompanhava nos momentos bons e ruins. Quando acontecia algo que me deixa triste ou preocupado, ele sempre dava conselhos para eu rir e não dar muita atenção no acontecimento. Agradeço ao meu avô Élio que me levava para o fliperama quando eu era criança, minha avó Doris por me empurrar na rede da praia, minha avó Anayr por me dar um monte de carinho e meu avô Jorge que infelizmente eu não conheci, mas gostaria de estar ao seu lado pelo fato que minha mãe contava momentos felizes que passaram juntos. Aos meus tios, tias, primos e primas que estiverem em todos os eventos marcantes da minha vida, como natal, aniversários, ano novo e entre outros. Ao meu melhor amigo, César Hagel Freitas, que sempre participou dos melhores momentos da minha vida, sempre me incentivando e dando conselhos para que me torne uma boa pessoa, sempre me alegrando nos dias tristes e sempre me ajudando nos problemas e nas dificuldades ao longo da minha vida. Aos meus fieis amigos Alex, Matheus e Johnathan que sempre estiveram nos momentos mais alegres e divertidos na minha vida. Aos meus colegas de ensino fundamental, médio e na graduação que fizeram o meu tempo de estudos serem o mais interessante possível e sempre me ajudando a resolver as dificuldades encontradas. Ao meu orientador, Alexandre Marcos Ferreira, que sempre me incentivou, me dando conselhos e sempre acreditando em mim para eu continuar com este projeto. Também agradeço aos que me ajudaram a realizar este trabalho, a empresa Schmolz + Bickenbach pelo fornecimento do material da peça, a empresa Nissin Metais pela recomendação e fornecimento da ferramenta de corte, a Silvane Nós Soares e a Adriane Machado por ter feito os testes na máquina de medir coordenada e no rugosímetro, as professoras Rosilaine Lima Lopes Zedral e Daniele da Silva Ramos pelas recomendações e correções do meu trabalho e por fim agradeço todo o corpo docente da UNISOCIESC que me ajudaram a ser um bom profissional na área da engenharia mecânica. “Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível”. (CHARLES CHAPLIN) RESUMO Após a revolução industrial, a sociedade precisava da alta produção e da alta qualidade de um determinado produto, então as grandes empresas e estudiosos criaram novas formas de fabricar, novas tecnologias, métodos e estratégias para criar e lançar um produto para o mercado. Portanto foram criados novos tipos de processos de fabricação de usinagem, de soldagem e de conformação mecânica. Esta pesquisa foi focada no processo de fabricação por usinagem, em que o objetivo é analisar a deflexão da ferramenta de corte na fabricação de geometria complexa de peças de paredes finas. Tendo como o objetivo específico de verificar a deflexão da ferramenta da ferramenta quando é variada a velocidade de corte, avanço por dente, penetração de trabalho e sobremetal. A metodologia foi feita da seguinte forma: por primeiro foi feito o corpo de prova num software CAD, em segundo escolhido a ferramenta de corte para o acabamento, após isto, foi simulado a trajetória da ferramenta no desbaste, pré-acabamento e acabamento, depois foi feita a fabricação das peças e por ultimo foi analisado a deflexão da ferramenta em cada parede fina. Com esses dados, todos os experimentos, exceto o sobremetal, quando é aumentado as suas variáveis, a deflexão da ferramenta de corte aumenta. Na teoria, o sobremetal aumenta a deflexão da ferramenta, quando é aumentado a sua variável. Então, umas das hipóteses para este fenômeno foi o ponto zero da ferramenta na peça, pois foi feito por primeiro o desbaste de todas as peças e em seguida foi feito o acabamento. Outra solução seria usar um método mais preciso para determinar a deflexão da ferramenta. Para este trabalho, o sobremetal e a penetração de trabalho possuem o mesmo significado, logo, a rugosidade superficial da peça aumentou quando estes valores crescem. A ferramenta de corte que obteve o maior desgaste foi a penetração de trabalho e o menor desgaste foi com o sobremetal. Palavras-chave: Deflexão da ferramenta. Paredes finas. Usinagem. ABSTRACT After the industrial revolution, society needed high production and high quality of a product, so then large companies and scholars have created new forms of manufacturing, new technologies, methods and strategies to create and launch a product in to the market. Therefore it was created new types of manufacturing processes of machining, welding and mechanical forming. This research focused on the manufacturing process for machining, in which the main theme is to analyze the deflection of the cutting tool in the manufacture of geometrically complex parts with thin walls. Having as objective to verify the tool deflection tool when is varied the cutting speed, feed per tooth, Radial depth of cut and stock. The methodology was made as follows: on the first step was made the sample in a CAD software, secondly choose the cutting tool for the finish, after this, it was simulated the tool path when roughing, semi finishing and finishing,then made the fabrication of the parts and finally the tool deflection was analyzed in each thin wall. With this data, all experiments except the allowance, when it increased its variables, the deflection of the cutting tool increases. In theory, the allowance increases the deflection of the tool when it is increasing its variable. So, one of the hypotheses for this phenomenon was the tool zero point in the play, it was done by first thinning of all the parts and then the finish was done. Another solution would be to use a more accurate method for determining the deflection of the tool. For this work, the working allowance and penetration have the same meaning, so the surface roughness of the part increased when these values increase. The cutting tool that had the highest wear was the penetration work and less wear was with the allowance. Keywords: Deflection of the tool. Thin walls. Machining. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Exemplos de estratégias em passes paralelos e em offset. ..................... 17 Figura 2 – Tipos de estratégias usadas na usinagem. .............................................. 17 Figura 3 - Comparação da trajetória da interpolação linear, linear/circular e polinomal. .................................................................................................................. 19 Figura 4 - Linha do comando NURBS. ...................................................................... 19 Figura 5 - Trajetória da ferramenta na interpolação linear com tolerâncias diferentes. .................................................................................................................................. 20 Figura 6 - Problemas que podem acontecer num arquivo IGES. .............................. 22 Figura 7 - Processos de fresamento. ........................................................................ 26 Figura 8 - Grandeza na penetração no fresamento. .................................................. 27 Figura 9 - Grandeza de avanço no fresamento. ........................................................ 28 Figura 10 - Movimento concordante e discordante no processo de fresamento. ...... 29 Figura 11 - Movimento combinado. ........................................................................... 29 Figura 12 - Força de corte no processo de fresamento tangencial e suas componentes na operação de fresamento. ............................................................... 31 Figura 13 - Representação do ângulo de inclinação. ................................................ 33 Figura 14 - Representação do ângulo de folga, ângulo de cunha e ângulo de saída. .................................................................................................................................. 33 Figura 15 – Deflexão na ferramenta de corte. ........................................................... 35 Figura 16 – Experimento da relação do sobremetal na deflexão da ferramenta de corte. ......................................................................................................................... 35 Figura 17 – Dinamômetro Kistler modelo 9257B. ...................................................... 36 Figura 18 – Representação da estratégia indicada pela Sandvik. ............................. 37 Figura 19 - Sistema de linha média M. ...................................................................... 40 Figura 20 - Perfil de rugosidade. ............................................................................... 40 Figura 21 - Rugosidade Rq definida pela rugosidade parcial. ................................... 41 Figura 22 - Método de descobrir o Rz. ...................................................................... 41 Figura 23 - Método para encontrar o Ry. .................................................................. 42 Figura 24 - Rugosímetro digital da Time Group (TR - 210). ...................................... 42 Figura 25 - Fluxograma das etapas da pesquisa. ..................................................... 43 Figura 26 – Corpo de prova na vista frontal. ............................................................. 44 Figura 27 – Corpo de prova na vista de topo. ........................................................... 44 Figura 28 – Ferramenta usada no desbaste e pré-acabamento................................ 46 Figura 29 – Representação da fresa de topo. ........................................................... 46 Figura 30 – Operação de acabamento no topo da parede e na base do corpo de prova. ........................................................................................................................ 47 Figura 31 - Representação das estratégias usadas. ................................................. 50 Figura 32 – Máquina CNC FV 600 da fabricante Feeler. .......................................... 51 Figura 33 – Sistema de fixação usado nos corpos de prova. .................................... 52 Figura 34 – Sistema de fixação BT 40. ..................................................................... 52 Figura 35 - Máquina de medir coordenadas Beyond Crysta 710. ............................. 53 Figura 36 - Rugosímetro Form Talysurf Plus............................................................. 53 Figura 37 – Representação do método para calcular a deflexão da ferramenta de corte. ......................................................................................................................... 54 Figura 38 – Regiões mencionadas em círculos......................................................... 55 Figura 39 – Pontos superiores pegos na parede fina. ............................................... 55 Figura 40 – Pontos inferiores pegos na parede fina. ................................................. 56 Figura 41 – Peças após a usinagem. ........................................................................ 57 Figura 42 – Parede em que foram pegos os dados de rugosidade. .......................... 63 Figura 43 – Ferramentas usadas nos experimentos da velocidade de corte e avanço por dente. .................................................................................................................. 65 Figura 44 - Ferramentas usadas nos experimentos da penetração do trabalho e sobremetal................................................................................................................. 66 Gráfico 1 - Influência da tolerância CAM no programa NC. ...................................... 21 Gráfico 2 – Desvios geométricos dos pontos superiores e inferiores da superfície côncava. .................................................................................................................... 58 Gráfico 3 – Deflexão da ferramenta de corte de uma superfície côncava. ................ 59 Gráfico 4 – Desvios geométricos dos pontos superiores e inferiores de uma superfície convexa. ................................................................................................... 60 Gráfico 5 - Deflexão da ferramenta de corte de uma superfície convexa. ................. 61 Gráfico 6 – Desvios geométricos dos pontos superiores e inferiores de uma superfície plana. ........................................................................................................ 61 Gráfico 7 - Deflexão da ferramenta de corte de uma superfície plana. ..................... 62 Gráfico 8 – Resultado da rugosidade da superfície das paredes. ............................. 64 Quadro 1 - Classificação dos processos de usinagem. ............................................. 24 Quadro 2 - Tipos de fresas na operação de fresamento. ..........................................26 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Parâmetros de corte no experimento de Polishetty. ................................ 32 Tabela 2 - Símbolos usados na tolerância nos desenhos técnicos. .......................... 38 Tabela 3 - Composição química do aço AISI P20. .................................................... 45 Tabela 4 - Característica mecânicas do aço AISI P20 .............................................. 45 Tabela 5 – Dimensões e parâmetros da fresa de topo modelo G9A69080 ............... 46 Tabela 6 – Parâmetros de corte recomendados. ...................................................... 46 Tabela 7 – Parâmetro de corte no desbaste e no acabamento do topo da parede fina e da base do corpo de prova. .................................................................................... 47 Tabela 8 – Parâmetros de corte para o pré-acabamento das paredes finas. ............ 48 Tabela 9 – Parâmetros de corte para o acabamento da parede fina. ....................... 49 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A - Área de corte (mm²) ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas Ae - Penetração de Trabalho Ap - Profundidade de Corte (mm) B - Largura do Cavaco (mm) C (%) - Porcentagem de Carbono Cr (%) - Porcentagem de Cromo f - Avanço (mm) F - Força (N) Fc - Força de Corte (N) Fp - Força Passiva ou de Profundidade (N) Fx - Força no Eixo X (N) Fy - Força no Eixo Y (N) fz - Avanço por dente (mm/dente) Fz - Força no Eixo Z (N) h - Espessura Máxima do Cavaco (mm) Hd - Espessura de corte (mm) K - Vetor no Ponto de Controle (knot) Ks - Pressão Específica de Corte (N/mm²) lm - Percurso de Medição Mn (%) - Porcentagem de Manganês Mo (%) - Porcentagem de Molibdênio NURBS - Non Uniform Rational B-Spline P - Grau da Equação Polinomial R - Peso do Ponto de Controle (weight) Ra - Rugosidade Média Rq - Maior Valor das Rugosidades Parciais Ry - Distância entre o Pico mais Alto e o Vale mais Fundo Rz - Rugosidade Parcial Si (%) - Porcentagem de Silício Vc - Velocidade de Corte (m/min) Vf - Velocidade de Avanço (mm/volta) X - Eixo X Y - Eixo Y yi - Ordenadas de Afastamento Z - Eixo Z z - Número de dentes Zi - Valor das Rugosidades Parciais φ - Ângulo de contato do dente (°) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 1.1 OBJETIVO GERAL .............................................................................................. 11 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 11 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 14 2.1 SISTEMAS CAD .................................................................................................. 14 2.2 SISTEMAS CAM ................................................................................................. 15 2.2.1 Estratégias de corte em sistemas CAM ........................................................ 16 2.2.2 Conceito de interpolação linear, linear/circular e polinomial ..................... 18 2.2.3 Tolerâncias de usinagem em sistemas CAM ............................................... 20 2.3 SISTEMAS CAI ................................................................................................... 21 2.4 INTEGRAÇÃO DO SISTEMA CAD/CAM ............................................................ 21 2.5 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO POR USINAGEM ................ 23 2.5.1 Definição do processo de fresamento .......................................................... 25 2.5.2 Grandezas na operação de fresamento ........................................................ 27 2.5.3 Fresamento concordante, discordante e combinado ................................. 28 2.5.4 Força de corte no processo de fresamento ................................................. 30 2.5.5 Ângulo de ferramenta de corte ..................................................................... 32 2.5.6 Deflexão da ferramenta de corte ................................................................... 34 2.5.7 Definição de paredes finas no processo de fabricação por usinagem ..... 37 2.6 DESVIOS DE TOLERÂNCIAS GEOMÉTRICAS ................................................. 38 2.7 RUGOSIDADE .................................................................................................... 39 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 43 3.1 GEOMETRIA DO CORPO DE PROVA ............................................................... 43 3.2 FERRAMENTA DE CORTE ................................................................................ 45 3.3 PARÂMETROS DE CORTE ................................................................................ 47 3.4 TRAJETÓRIAS DA FERRAMENTA DE CORTE ................................................. 50 3.5 MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS ........................................................................ 51 3.5.1 Máquina CNC FV 600 - Feeler ........................................................................ 51 3.5.2 Máquina de medir coordenadas Beyond Crysta 710 – Mitutoyo ................ 52 3.5.3 Rugosímetro Form Talysurf Plus - Taylor-Hobson...................................... 53 3.6 MÉTODO PARA CALCULAR A DEFLEXÃO DA FERRAMENTA ....................... 54 3.7 REGIÕES ANALISADAS PARA VERIFICAR A DEFLEXÃO .............................. 55 4 RESULTADOS E DISCUSSÔES ........................................................................... 57 4.1 APÓS A USINAGEM ........................................................................................... 57 4.2 ANÁLISE DE DEFLEXÃO DA FERRAMENTA NAS TRÊS SUPERFÍCIES ........ 58 4.3 ANÁLISE DE RUGOSIDADE SUPERFICIAL DAS PEÇAS ................................ 63 4.4 DESGASTE DA FERRAMENTA DE CORTE ...................................................... 64 5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 67 6 CONTRIBUIÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 69 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 70 ANEXOS ................................................................................................................... 76 10 1 INTRODUÇÃO Devido ao começo da Revolução Industrial, por volta de 1800, as indústrias necessitavam da rápida expansão do comércio, da alta produtividade de um produto e da rapidez para coloca-lo no mercado, ou seja, as pessoas queriam que os produtos fossem acessíveis a todos. Então, o ser humano descobriu novas tecnologias, métodos e maneiras para melhorar e aperfeiçoar o modo de fabricação de um determinado produto. Portanto, foram criados os processos de fabricação por usinagem, por conformação mecânica e por soldagem. A usinagem é o processo de fabricação mais conhecido no mundo. Cerca de 10% de toda produção de metais é transformado em cavaco e ela emprega aproximadamento dezenas de milhões de pessoas, ou seja, é a operação mais popular do mundo. A maioria das aplicações na usinagemé transformar blocos metálicos fundidos, forjados ou pré-moldados em produtos ou peças, com um determinado tamanho e acabamento específico (SOUZA, 2011-a, p. 7). A operação de usinagem pode ser definidade como uma operação de corte que retira excesso de um material bruto, esta remoção é feita por uma ferramenta cortando capaz de tirar o material da peça. Este material é definido como cavaco, ou, porção de uma material de forma geometrica irregular. (SOUZA, 2011-a, p. 5) Nesta pesquisa, o tema que foi abordado é a análise de deflexão da ferramenta de corte na fabricação de peças, de aço AISI P20, com geometrias complexas de paredes finas, porque a deflexão no processo de fresamento de topo na usinagem pode causar um acabamento ruim e uma tolerância dimensional não desejada na peça. Este fenômeno precisa ser analisado e estudado para que o projeto de uma peça seja aceitável (DINIZ et al., 2006, p. 59). Ribeiro et al. (2006, p. 3) explicam que a deflexão pode mudar ao decorrer no tempo no processo de usinagem, este fenômeno é causado pela força de corte, pelo diâmetro e do comprimento da ferramenta. Com o problema desta pesquisa pergunta-se: qual seria o melhor tipo de parâmetro de corte que será usado neste trabalho que tem menos deflexão da ferramenta de corte na fabricação de peças com geometrias complexas de paredes finas? A pesquisa é importante para aumentar a vida da ferramenta de corte, diminuir as forças de corte durante o processo de usinagem, melhorar a qualidade 11 da peça, reduzir custos de um projeto, reduzir o tempo de fabricação, reduzir custos na compra de máquinas-ferramenta e acessórios mais robustos e entre outros. Para fazer esta análise, primeiro, foi feita uma pesquisa bibliográfica em livros, revistas, sites, artigos científicos, catálogos, teses e entre outros. Por último foi feito a pesquisa experimental, em que os parâmetros de cortes serão alterados, como velocidade de corte, penetração de trabalho, avanço por dente e profundidade de corte. Estes parâmetros serão alterados para analisar a deflexão da ferramenta de corte de acorda com estas alterações. Para confeccionar as peças foram feitas o desenho da peça num software CAD e simulado a trajetória da ferramenta de corte num software CAM. O software usado para fazer a etapa mencionada é o NX 8.0 da empresa SIEMENS. Em seguido foi usado o laboratório de usinagem da UNISOCIESC para fazer a fabricação das peças numa fresadora CNC FV 600 da fabricante Feeler. Após isto utilizou se a máquina de medir coordenadas em três dimensões Beyond - Crysta 710 da fabricante Mitutoyo, esta máquina analisada os desvios geométricos das peças. E por último foi usado um rugosímetro modelo Form Talysurf Plus da fabricante Taylor-Hobson. Este equipamento é utilizado para medir a rugosidade dos corpos de prova e com estes dados podem ser analisados os acabamentos superficiais das peças. Existem várias hipóteses para diminuir a deflexão na ferramenta de corte com geometria complexa de paredes finas, como por exemplo: alterar a geometria e tolerância da peça, avanço, velocidade e profundidade de corte, diâmetro, altura e material da ferramenta, sistema de fixação e entre outros, ou seja, se mudar algumas destas variáveis, vai alterar a deflexão da ferramenta. Algumas delas são mais importantes e outras menos. 1.1 OBJETIVO GERAL Analisar a deflexão da ferramenta de corte através dos diferentes tipos de parâmetros de corte, na fabricação de peças com geometria complexas de paredes finas para moldes e matrizes. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 12 a) Desenvolver um corpo de prova com paredes finas através de um software CAD; b) Escolher a ferramenta de corte que se adapte ao material do corpo de prova e as especificações da pesquisa; c) Simular a trajetória da ferramenta de corte de corpo de prova num software CAM; d) Fabricar o corpo de prova conforme o desenho no CAD e na trajetória da ferramenta de corte no CAM; e) Utilizar a máquina de medir coordenadas no corpo de prova para fazer análise de desvio geométrico dos corpos de prova; f) Calcular a deflexão da ferramenta através dos desvios geométricos; g) Utilizar o rugosímetro para obter os dados da rugosidade superficial do corpo de prova; h) Analisar se a ferramenta de corte teve uma deflexão na fabricação do corpo de prova; i) Analisar o acabamento dos corpos de prova através do rugosímetro. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO Neste trabalho esta sendo divido em capítulos e as referências, a seguir mostrará as descrições deles. a) Capítulo 1 - Introdução: Mostra as aplicações usadas no processo de fabricação de uma peça com geometria complexa de paredes finas e os objetivos propostos neste trabalho. b) Capítulo 2 - Referencial Teórico: Serão abordados todos os fundamentos teóricos para que possa cumprir os objetivos citados. c) Capítulo 3 - Metodologia: É a etapa em que foram descrito todos os métodos e meios para que possa concluir o objetivo do trabalho. d) Capítulo 4 – Resultados e discussões: São os resultados e discussões de todas as etapas do trabalho. e) Capítulo 5 – Conclusões: Serão feitas as conclusões finais no trabalho e demonstrando todas as informações importantes. 13 f) Capítulo 6 – Contribuições para trabalhos futuros: São os trabalhos que poderão ser pesquisados para complementar e adicionar mais o conhecimento sobre o tema abortado. g) Referência – Possui todas as referências bibliográficas estudas para confeccionar este trabalho. h) Anexos – São as informações de documentos e fotos que complementaram para o entendimento do trabalho. 14 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo são explicadas as seguintes definições, como: sistemas CAD, sistemas CAM, Integração entre os sistemas CAD/CAM, processo de usinagem, processo de fresamento, desvios de tolerâncias geométricas, rugosidade, característica do aço AISI P20 e entre outros. 2.1 SISTEMAS CAD O sistema CAD (Computer Aided Design – Computador Auxiliado no Desenho) pode ser entendi como um software que modela ou faz um projeto auxiliado por um computador de uma peça. Este sistema é usado em diversas áreas, como na engenharia mecânica, elétrica e civil, além disto, pode ser utilizados pelos arquitetos, designers e entre outros. (ARIAS, 2009, p. 22) Dentro do CAD existe uma subárea para cada aplicação, como por exemplo, na área da mecânica possui um módulo que faz o modelamento de uma chapa metálica, de tubulações, de geometrias complexas e entre outras. (SOUZA E ULBRICH 2009, p. 76) No sistema CAD comercial existe sistema para desenho 2D e 3D. Embora os sistemas 2D sejam tecnologicamente mais simples e visualmente menos atrativo, em muitos casos este pode ser o sistema mais eficiente. Atualmente, os sistemas CAD 3D existem uma grande diversidade de software. Isto porque cada software 3D pode ser indicado para trabalhos distintos. Dessa forma, é fundamental compreender esta diversidade de sistemas CAD a fim de realizar, de forma mais eficiente, uma análise de investimento nesta tecnologia, assim como adequar a sua utilização. (SOUZA e ULBRICH, 2009, p. 76) Os programas de CAD atual podem ser classificados conforme a sua determinada aplicação. Esta separação de categorias ajuda nos custos na compra e na capacidade de modelar geometrias simples ou complexas do software. Elas podem ser distinguidas em três categorias: sistemas CAD de pequeno porte (low- end), de médioporte (middle-end) e de grande porte (high-end). (SOUZA e ULBRICH, 2009, p. 77) Sistemas CAD de pequeno porte (low-end) são usados para fazer objetos e formas geométricas em duas dimensões. Este sistema utiliza geometria conhecida 15 como de baixa ordem, porque a sua matemática é simplificada, como: segmentos de retas, círculos e curvas. Umas das grandes vantagens da utilização deste tipo de software é que possui um baixo custo na compra dele; fácil de usar; fácil para armazenamento e buscas de dados. Porém existem umas limitações que o programa não pode fazer que é a comunicação entre outros sistemas CAx; a análises mecânicas e a ausência de informações de volume ou superfície. (SOUZA e ULBRICH, 2009, p. 77) Sistemas CAD de médio porte (middle-end) utilizam uma representação de peças ou objetos em terceira dimensão mais realista e sem a interpretação de vista e perspectivas feita pela segunda dimensão. Este programa além de fornecer informações de geometrias de baixa ordem, pode fornecer ao usuário o centro de gravidade e volume de um objeto. Este sistema pode ser responsável pelo modelamento de produtos tridimensionais, pela análise das formas geométricas para manufatura, pela definição do centro de gravidade, do volume e da área. (SOUZA e ULBRICH, 2009, p. 80) Sistemas CAD de grande porte (high-end) possuem vários módulos dentro dele, como: CAD, CAM, CAI, CAE e outros CAx. Além de possuir vários CAx, dentro deles, existem submódulos como por exemplo no CAM. Existe um comando para fazer a programação CNC para torneamento, fresamento de três eixos e entre outros. Outro exemplo é o CAD, em que pode fazer tubulações, chaparias, formais complexas e etc. (SOUZA e ULBRICH, 2009, p. 87) 2.2 SISTEMAS CAM Segundo Arias (2009, p. 25 - 26), o sistema CAM (Computer Aided Manufacturing - Computador Auxiliado na Manufatura) usa o modelo de uma peça em CAD e para fazer programas CNC de superfícies complexas. Estes sistemas são empregados para auxiliar a manufatura de moldes e matrizes, peças complexas na indústria aeroespacial e entre outras aplicações. Isto fornece mais rapidez, confiabilidade, também possui a vantagem de ganhar tempo na programação de máquinas CNC, melhoramento da qualidade das peças e no seu tempo de fabricação. Souza e Ulbrich (2009, p. 255), explica outra definição do CAM, em que ela envolve diversas etapas que se integram para produzir um produto na qual um 16 computador auxilia a criação na programação nas máquinas CNC, ou seja, ele pode ser utilizado na geração de programas CNC para a usinagem de todos os processos, como: fresamento, torneamento, furação, eletroerosão e entre outros. Anterior ao advento da tecnologia CAD/CAM, quando se desejava fabricar um produto contendo formas geométricas complexas, uma das possibilidades de trabalho era criar artesanalmente um modelo em resina, similar à forma geométrica a ser usinada. Utilizava-se uma fresa-copiadora para a usinagem da superfície através deste modelo, num processo que representava longo o tempo de fabricação, com baixa precisão dimensional e baixa qualidade de acabamento superficial. (SOUZA e ULBRICH, 2009, p. 256) Conforme Souza e Ulbrich (2009, p. 256), o sistema CAD é amplamente empregado nas indústrias aeronáutica, automobilística, na indústria de moldes e matrizes e entre outros. Existe uma variedade de softwares CAM, alguns utilizam uma junção do sistema CAD e CAM (turnkey) cuja maioria dos sistemas utilizados são de grande porte. Na usinagem no processo de fresamento teve uma grande importância, pois os movimentos de cortes, de vez em quando, eram complicados para serem calculados, portanto, era necessário o uso de um computador para facilitar o cálculo. 2.2.1 Estratégias de corte em sistemas CAM Weinert e Guntermann (2000, s. p., apud SOUZA, 2001, p. 45) explicam que existem vários tipos de estratégias de usinagem no sistema CAM. O projetista deve definir a melhor escolha que influencie no tempo de usinagem, desgaste de ferramentas de corte e qualidade superficial. Estes fenômenos são importantes na usinagem de superfícies complexas, em que o processo depende fortemente da escolha da estratégia de corte. (SOUZA, 2001, p. 56) Para a usinagem de superfícies complexas, de acordo com um determinado grau de curvatura da superfície, é importantíssima a escolha da estratégia de corte para ter uma superfície de melhor qualidade. (ALBANO, 2008, p. 33) Um Estudo feito por Weinert e Guntermann (2000, s. p.), no Instituto de Usinagem da Universidade de Dortmund (Alemanha), percebeu que a grande diferença no resultado obtido por dois processos de usinagem é a estratégia de corte utilizada. A Figura 1 mostra os dois tipos de estratégias de usinagem feita no 17 experimento. Em que na Figura 1a, foi utilizada a trajetória de fresamento paralelas ao eixo, conhecido como Raster. Na Figura 1b, utilizou uma estratégia composta por fresamento em curvas de nível nos setores mais íngremes e usinagem em offset nos setores planos. Figura 1 - Exemplos de estratégias em passes paralelos e em offset. Fonte: Weinert e Guntermann (2000, s. p.) Bittencourt (2006, p. 29) demostra que existe outros tipos de estratégias no sistema CAM. Em que existe a estratégia com a trajetória 3D offset, espiral, radial ascendente, radial descendente e passes paralelos. Na Figura 2 mostra algumas estratégias que são utilizadas na usinagem. Figura 2 – Tipos de estratégias usadas na usinagem. Fonte: Adaptado por Bittencourt (2006, p. 29) A seguir será definida a definição de cada tipo de estratégia. a) 3D offset: sua operação é feita de seguinte forma: incrementa no eixo z, usina em forma de círculos, todo o perímetro da peça naquela altura do eixo z, fazendo então forma da superfície e, em seguida, repete o mesmo procedimento (BITTENCOURT, 2006, p. 29). b) Espiral: a ferramenta de corte usina na forma de espiral com um incremento em todo perímetro da peça, porque ele só para quando acabar seu processo. 18 c) Radial ascendente: o comportamento da trajetória da ferramenta é feita da seguinte forma: a ferramenta é incrementada radialmente, no sentido de contornar a figura a ser usinada, a ferramenta de corte faz o movimento de baixo para cima percorrendo a superfície da peça. (BITTENCOURT, 2006, p. 29). d) Radial descendente: é a mesma coisa do que a radial ascendente, só que a movimentação da ferramenta é feita de cima para baixo. (BITTENCOURT, 2006, p. 29). e) Passes paralelos: também conhecido com Raster, em que a trajetória da ferramenta é feita da seguinte forma: os passes são paralelos com o incremento no eixo X ou Y até o fim da peça, a ferramenta de corte desce e sobe por toda peça e o sentido de corte da ferramenta é concordante de um lado e discordante do outro. (BITTENCOURT, 2006, p. 29). 2.2.2 Conceito de interpolação linear, linear/circular e polinomial Para Souza (2001, p. 39), a interpolação serve para descrever o percurso da ferramenta, que fazem o comando conhecido pelo CNC (G01 - Interpolação linear com avanço programado; G02 - Interpolação circular horária e G03 - Interpolação circular anti-horária). Neste trabalho será mencionado dois tipos de interpolações, que são: interpolação linear e interpolação linear/circular. Interpolação Linear: a ferramenta irá fazer uma trajetória onde é feito por segmentos de reta que melhor se adapta a faixa de tolerância do projeto (MONARO e HELLENO, 2010, p. 4). Na Figura 3 mostra um exemplo dos diferentes tipos de interpolações. A Figura 3a é a interpolação linear.Neste tipo de interpolação, quanto menor a tolerância, maior será o número de retas da ferramenta para fazer um segmento de reta. A Figura 3b mostra um exemplo de interpolação circular/linear, em que os segmentos de retas são PO1 e PO2 e nos segmentos de raios são R1 e R2. A Figura 3c mostra um exemplo de uma interpolação polinomial spline, em azul é a trajetória da ferramenta, o polígono de controle que define a curva está em vermelho e os pontos cartesianos são utilizados para definir o polígono. 19 Figura 3 - Comparação da trajetória da interpolação linear, linear/circular e polinomal. Fonte: Souza (2001, p. 39) Interpolação Linear/Circular: o método possui uma combinação de interpolação linear e de interpolação circular, ou seja, nas trajetórias com segmento de reta utiliza-se a interpolação linear e nos segmentos circulares ou de raios usa-se a interpolação circular. (SOUZA, 2001, p. 40) Neste tipo de interpolação gera programas NC contendo comandos G01, G02 e G03. Normalmente, são usados nas trajetórias com duas dimensões, alguns softwares com sistema CAM podem gerar programas NC e grande parte dos CNC conseguem interpretar estas informações. (SOUZA, 2001, p. 40) Interpolação polinomial do tipo spline: a maioria dos sistemas CAD atuais utiliza este tipo de representação de curvas e superfícies complexas. Este modelo é conhecido como funções spline e a função mais eficiente é a metodologia conhecida como NURBS - Non Uniform Rational B-Spline. Com este método é possível representar uma trajetória complexa de ferramenta. Então, este programa não ira ter códigos G01, G02 e G03, mas um novo tipo de codificação que representará a trajetória complexa (SOUZA, 2001, p. 42). Na Figura 4 mostra um exemplo de uma linha de comando NURBS. Figura 4 - Linha do comando NURBS. Fonte: Adaptado por Souza (2001, p. 42) Onde: N5152 é o número de linhas (este comando está na linha 5152 do programa), o G6.2 é a chamada da interpolação spline, o P é o grau da equação polinomial, K é o vetor no ponto de controle (knot), o X, Y e o Z são coordenadas do ponto de controle o R é o peso do ponto de controle (weight). (SOUZA, 2001, p. 42) 20 2.2.3 Tolerâncias de usinagem em sistemas CAM O sistema CAM configura a trajetória da ferramenta dentro de uma certa tolerância definida pela o projetista, mais conhecida como chord error. Quando esta tolerância for menor, mais aproximado à ferramenta estará de acordo com a geometria do sistema CAD. (SOUZA e ULBRICH, 2009, p. 281) Para fazer o cálculo da trajetória da ferramenta, o programador precisa fornecer ao sistema CAM a faixa de tolerância, mais conhecida como tolerância superior e inferior. Em seguida, o sistema usa esta faixa de tolerância no modelo geométrico e define qual seria a trajetória da ferramenta que se comporta melhor para a determinada faixa. (HELLENO e SCHÜTZER, 2004, p. 10) O sistema CAD está diretamente relacionada com a exatidão da trajetória da ferramenta, com o tamanho do programa NC e com o seu tempo de cálculo, ou seja, quanto maior será o campo da tolerância, maior é a liberdade da trajetória da ferramenta, com isto, o sistema cálcula uma trajetória mais simples, que é representada por segmentos maiores em menor quantidade, fazendo que o programa NC e a exatidão da trajetória da ferramenta seja menor. Na Figura 5 mostra um exemplo da trajetória da ferramenta na interpolação linear com tolerâncias diferentes. (HELLENO e SCHÜTZER, 2004, p. 10) Figura 5 - Trajetória da ferramenta na interpolação linear com tolerâncias diferentes. Fonte: Monaro e Helleno (2010, p. 4) Este fenômeno foi comprovado, por Helleno e Schützer (2004, p. 10), na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) no Laboratório de Sistemas Computacionais para Projeto e Manufatura, em que queriam determinar o tamanha e o tempo de cálculo do programa NC em função da tolerância do sistema CAM. Para gerar o programa NC foi usado o sistema CAD/CAM Unigraphics V18, utilizando a interpolação linear. No Gráfico 1 mostra as informações obtidas no 21 ensaio. Onde se percebe que ao diminuir o campo de tolerância resulta num aumento exponencial do tamanho do programa NC e também aumenta o tempo do cálculo. Gráfico 1 - Influência da tolerância CAM no programa NC. Fonte: Helleno e Schützer (2004, p. 10) 2.3 SISTEMAS CAI O Sistema CAI (Computer Aided Inspection - Inspeção Auxiliada por Computador) é um programa que faz a comparação geométrica entre a peça feita no sistema CAD e com a peça real. Este sistema tem como objetivo de verificar erros de formas teóricas da geométrica e erros dimensionais (SOUZA E ULBRICH, 2009, p. 52). Neste software recebe todas as informações geométricas do sistema CAD e também do produto final. As informações do produto final são adquiridas por certa quantidade de pontos ou coordenadas, para obter estes dados é usado uma máquina de medir coordenadas. Então o sistema CAI compara os erros geométricos do produto modelado no CAD e no real, em seguida, é gerado um relatório com as regiões que estão fora da tolerância especificada no projeto (SOUZA E ULBRICH, 2009, p. 52). 2.4 INTEGRAÇÃO DO SISTEMA CAD/CAM A combinação dos sistemas CAD e CAM é uma tecnologia em que ajuda o usuário do computador para aumentar a produtividade e a operação de manufatura. Antigamente, estes dois sistemas eram considerados independentes e agora possuem uma grande integração (KHEMANI, 2008, s. p.). 22 Khemani (2008, s. p.) explica quais são os processos que envolvem na integração do sistema CAD/CAM. a) Primeiro o produto tem que ser projetado para a sua determinada aplicação e para as variáveis da análise de tensões. Todo este processo é feita através de um software CAD (KHEMANI, 2008, s. p.). b) Depois de feito o processo anterior, é necessário fazer o desenho do projeto num software CAD (KHEMANI, 2008, s. p.). c) Neste processo é feito o estudo do planejamento e da programação do produto. O software que ajuda nesta etapa é o CAM (KHEMANI, 2008, s. p.). d) Finalmente é feita a manufatura do produto. A máquina que é operada por computadores se chama de máquinas CNC (Computer Numerically Controlled – Comando Numérico Computadorizado). As máquinas CNC são alimentadas com as instruções da programação da manufatura (KHEMANI, 2008, s. p.). Para a empresa GibbsCAM o sistema CAD/CAM precisa de ter um alto nível de integração. Esta integração é como se cada função dos dois softwares trabalhando juntos. Existem dois tipos de integração, que são: a) Integração de dados é a função de compartilhar modelos de peças. Uma superfície de um arquivo em IGES possui uma representação de dados ruins, devido o tempo de reparo manual para que se torne acessível à integração. Um arquivo Parasolid enviado por um programa Parasolid representa uma integração muito boa, ou seja, não há necessidade de fazer o reparo manual. Na Figura 6 mostra um exemplo de problema de um arquivo IGES. Figura 6 - Problemas que podem acontecer num arquivo IGES. Fonte: Khemani (2008, s. p.) b) A integração aplicada é o caminho em que vários módulos trabalham juntos para um único usuário. Isto pode ser conquistado através de diferentes 23 funções no mesmo computador e também pode ser conseguido por vários computadores trabalhando juntos. 2.5 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO POR USINAGEM Segunda Souza (2011-a, p. 5) a operação de usinagem pode ser definidade como uma operação de corte que retira excesso de um material bruto, esta remoçãoé feita por uma ferramenta cortando capaz de tirar o material da peça. Este material é definido como cavaco, ou, porção de uma material de forma geometrica irregular. Existe dois tipos de finalidade de operação de corte na usinagem, que são: as operações de desbaste e as operações de acabamento. (SOUZA, 2011-a, p. 8) As operações de desbaste tem como finalidade de obter as dimensões mais próximas das tolerâncias finais, ou seja, ela é um processo anterior a de acabamento (SOUZA, 2011-a, p. 8). Para que possa ser possível a grande quantidade de remoção do cavaco na peça é preciso de uma grande profundidade de corte (Ap), de um grande avanço (f) e de uma baixa velocidade de corte (Vc). Este tipo de regra proporciona uma alta taxa de remoção de material sem se preocupar com o acabamento superfícial da peça e da otimizão da vida da ferramenta. Porém, esta aplicação ter um certo limite, pois pode ter problemas do aumento das forças que atuam na ferramenta de corte, na peça e na máquina. Podendo ter dificuldade da ficção da peça, empenamento da peça, quebra da ferramenta, deformações elásticas na máquina-ferramenta e entre outras. (SOUZA, 2011-a, p. 42) Arias (2009, p. 21) explica que a operação de acabamento tem como objetivo de retirar o sobremetal que esta na peça depois da operação de desbaste. O acabamento é realizado por uma usinagem em 3 eixos e com um determinado tipo de parâmetro de corte. Com a ajuda de um sistema CAM pode ter diversos tipos de estratégias de usinagem e cada um tem um tipo de cálculo para realizar o processo de fabricação. As operações de acabamento têm a afinidade de obter peças com as suas dimensões finais (SOUZA, 2011-a, p. 8). A junção de um baixo avanço (f), de uma baixa profundidade de corte (Ap) e uma grande velocidade de corte (Vc) possibilita um remoção de cavaco que seja razoável sem que tenha vibrações na peça. (SOUZA, 2011-a, p. 43) 24 Para Souza (2011-a, p. 5), o processo de fabricação possuem duas classificações: com remoção de cavaco e sem remoção de cavaco. No Quadro 1 mostra a classificação dos processos de fabricação com remoção de cavaco e junto com alguns exemplos. Quadro 1 - Classificação dos processos de usinagem. Fonte: Souza (2011-a,p. 6) O processo de fabricação com remoção de cavaco, se classifica em dois tipos: convencional e não convencional. Nas convencionais são as operações que usam energia mecânica na remoção do material, em que o contato entre a ferramenta de corte a peça é feita por cisalhamento. Para os não convencionais são as operações que usam outros tipo de energia para retirar o material, sua taxa de volumétrica de remoção é menor que a dos convencionais e não geram marcas padrões na superficie. (SOUZA, 2011-a, p. 7) Nos processos convencionais a geometrica da ferramenta é conhecido como definido, ou seja, usa-se arestas cortantes com formato e tamanho conhecido. Para a geometria conhecida como não definida, usa-se partículas abrasivas com formatos aleatórios e compostas por aresta minúsculas de corte. (SOUZA, 2011-a, p. 8) Já para a sem remoção de cavaco é mais conhecida como operações de conformação mecânica, que é definido como conferir à peça a forma, ou as 25 dimensões, ou o acabamento, ou ainda, podendo ter os três itens combinados. (SOUZA, 2011-a, p. 7) Souza (2011-a, p. 7) explica que na grande parte das aplicações industriais a usinagem é feita para transformar blocos metálicos fundidos, forjados ou pré- moldados em produtos ou peças, com um determinado tamanho e acabamento específico. A maioria dos produtos possuem componentes que necessitam de um processo de fabricação por usinagem. Cerca de 10% de toda produção de metais é transformado em cavaco e ela emprega aproximadamento dezenas de milhões de pessoas, ou seja, é a operação mais popular do mundo. 2.5.1 Definição do processo de fresamento O processo de fresamento é uma operação que retira o cavaco ou sobrematerial da superfície da peça com o objetivo de fazer uma superfície plana ou com uma determinada forma e acabamento de acordo com o projeto. Esta operação remove o material através de dois movimentos que são feitos simultaneamente. O primeiro movimento é a rotação da ferramenta em torno do seu próprio eixo, o outro é o movimento da mesa da máquina, em que a peça é fixada na mesa, ou também chamada de movimento de avanço que leva a peça até a ferramenta de corte e tornando possível de fazer a operação de usinagem. O nome que se dá a ferramenta de corte do processo de fabricação é a fresa, em que possui arestas de corte espalhadas simetricamente em torno de um eixo. No Quadro 2 mostra a classificação das fresas da operação de fresamento. Na Figura 7 mostra os tipos de processos de fresamento, em que a Figura 7a é a cilíndrica tangencial, a Figura 7b é a cilíndrica tangencial concordante, a Figura 7c é a cilíndrica tangencial discordante, a Figura 7d é a frontal, a Figura 7e é a frontal de canal com fresa de topo e a Figura 7f é a composto. (SOUZA, 2011-b, p. 163) 26 Quadro 2 - Tipos de fresas na operação de fresamento. Fonte: Stoeterau (2004, p. 110) Figura 7 - Processos de fresamento. Fonte: Souza (2011-a, p. 13) A norma NBR 6175 (1971, p. 7) , o processo de fresamento pode ser classificado em dois tipos: a) Fresamento cilíndrico tangencial tem como o objetivo de fazer superfícies planas planas paralelas ao eixo de rotação da ferramenta; b) Fresamento frontal é destinado a fazer superfície plana perpendicular ao eixo de rotação da ferramenta. Existe casos em que estes dois tipos de classificação comparcem simultaneamente durante o processo de fresamente, em que é chamado de fresamento composto. 27 O tipo de fresa mais usada é o fresa de topo que é utilizada pra setores da ferramentaria. As fresas de topo tem gumes na sua periferia e na sua face, fazendo corte em duas regiões. (MARCELINO et al., 2004, p. 1) 2.5.2 Grandezas na operação de fresamento Diniz et al. (2006, p. 19 - 21) explicam algumas grandezas mais importantes no processo de fresamento, que são avanço, avanço pode dente, profundidade de corte, penetração de trabalho, velocidade de corte, velocidade de avanço e entre outros.. Na Figura 8 demonstra as grandezas do processo de fresamento, a Figura 8a mostra a tangencial ou periférica e a Figura 8b é a frontal. Figura 8 - Grandeza na penetração no fresamento. Fonte: Souza (2011-b, p. 165) a) Avanço (f): é o percurso de avanço em cada volta ou em cada curso da ferramenta. Sua unidade é (mm/volta); b) Avanço por dente (fz): é o percurso de avanço por dente e por volta, na qual é medida na direção do movimento da ferramenta. Sua unidade é (mm/dente). Este tipo de avanço é calculado de acordo com a Equação 1. fz = f z (1) Onde o z é o número de dente na fresa e o f é o avanço da fresa (mm). c) Profundidade de corte (Ap) é a profundidade, medida perpendicularmente ao plano de trabalho, da ferramenta em relação à peça. Sua unidade é (mm); d) Penetração de trabalho (Ae) é a penetração, medida perpendicularmente a direção de avanço, da ferramenta em relação à peça. Sua unidade é (mm); 28 e) Velocidade de corte (Vc) é definida como a velocidade tangencial instantânea resultante da rotação da ferramenta em torno da peça. Sua unidade é (m/min). Esta velocidade é calculada através da Equação 2. Na Figura 9 mostra um exemplo da grandeza das velocidades no fresamento. Vc = π∗d∗n1000 (2) Figura 9 - Grandeza de avanço no fresamento. Fonte: Souza (2011-b, p. 165) Onde o d (m/min) é o diâmetro da ferramenta e o n (rpm) é a rotação da ferramenta. f) Velocidade de avanço (Vf) é caracteriza pelo o produto do avanço pela rotação da ferramenta. Sua unidade é (mm/volta). Na Equação 3 mostra o cálculo feito para descobrir esta velocidade. Vf = f ∗ n (3) Onde o f é o avanço da fresa (mm) e o n é a rotação da fresa. 2.5.3 Fresamento concordante, discordante e combinado No fresamento existem três tipos de movimentos relativos entre a peça e a ferramenta, que é o concordante, o discordante e o combinado. Para definir quais que são os movimentos, precisa-se definir o ângulo de contato do dente (φ), que é o ângulo entre a linha radial da fresa e a linha radial que passa no ponto onde a espessura de corte (Hd) é zero. (SOUZA, 2011-b, p. 180) O fresamento concordante o sentido da rotação da fresa é a mesma do que do avanço da peça. Seu processo começa quando a espessura máxima do cavaco (h) e a força de corte aperta a peça contra a mesa. As suas vantagens são: menor 29 desgaste, melhor acabamento, menor força e potência de usinagem e caminho mais curto da aresta de corte. Porém este tipo de movimento é a menos indicada no processo de fresamento. Na Figura 10 mostra o exemplo de um movimento concordante e discordante no processo de fresamento, em que a Figura 10a é a concordante e a Figura 10b é discordante. Na Figura 11 mostra um exemplo de movimento combinado. (SOUZA, 2011-b, p. 180) Figura 10 - Movimento concordante e discordante no processo de fresamento. Fonte: Adaptado por Souza (2011-b, p. 181) Figura 11 - Movimento combinado. Fonte: Souza (2011-b, p. 182) O fresamento discordante o sentido de rotação da fresa é contrário ao sentido de avanço da peça. O corte do cavaco faz que a espessura (h) fique mínima. Devido a esta força tem a tendência de levantar a peça. A peça pode ter vibrações indesejáveis, se ela for muito longa e estiver presa nas extremidades. Neste método não possui influência da folga entre a porca e o parafuso no deslocamento da mesa, então o peça tem um melhor acabamento. (SOUZA, 2011-b, p. 181) O fresamento combinado é quando a fresa possui um eixo dentro do campo de corte da peça. Com isto, a operação vai ter dois movimentos juntos (concordante e discordante). (SOUZA, 2011-b, p. 181) 30 2.5.4 Força de corte no processo de fresamento Segundo König e Klocke (1999, p. 471, apud MARCELINO et al., 2004, p.1), para fazer a deformação do material durante a operação de usinagem, é necessário que a ferramenta de corte use uma certa força sobre a peça a ser usinada. O estudo da grandeza e direção da força é importante para fazer o dimensionamento dos elementos de máquinas-ferramentas, tais como: mancais, guias, acionamentos, sistemas de fixação e na determinação dos parâmetros, guias, acionamentos, sistemas de fixação e nos parâmetros de corte e da precisão que a operação de usinagem faz na peça. A força que atua sobre a aresta da ferramenta durante a operação de usinagem é denominado (F). De acordo com a tecnologia usada e na formação do cavaco é possível encontrar as suas componentes devido à decomposição ortogonal. Fazendo a projeção do Fz sobre a direção de corte é possível encontrar a força de corte (Fc); para Fx é preciso projetar sobre a direção de avanço para encontrar a força de avanço (Ff) e no Fy é projetada perpendicularmente ao plano de trabalho e é encontra a força passiva ou de profundidade (Fp). (SOUZA, 2011-a, p. 57) Outra variável que precisa conhecer, antes de calcular a força de corte, é a (Ks). Ela é denominada de pressão especifica de corte que é igual à energia para remover um determinado volume do material na peça e também pode definir que é a potência de corte para remover uma unidade de volume de material da peça por unidade de tempo. Na Equação 4 demonstra como que se deve calcular esta força de corte. Na Figura 12 mostra os componentes destas forças. (SOUZA, 2011-a, p. 57) Fc = Ks ∗ A (4) Onde o Ks é a pressão específica de corte (N/mm²) e o A é a área da seção transversal de corte (mm²). A área pode ser descrita na Equação 5, como: A = b ∗ h = ap ∗ f (5) Onde o B é a largura do cavaco (mm), o h é a espessura do cavaco (mm), o Ap é a profundidade de corte (mm) e o f é o avanço (mm). 31 Figura 12 - Força de corte no processo de fresamento tangencial e suas componentes na operação de fresamento. Fonte: ABNT NBR 12545 (1991, p. 5) É muito importante na determinação dos componentes das forças de usinagem, porque quando é usado um determinado tipo de parâmetros de cortes, de meio lubrirrefrigerante e de ferramenta de corte, produzem força, energia e potência na usinagem. Quaisquer mudanças nestas variáveis podem alterar nos valores das forças. Qualquer mudança nestes valores alterará a força de corte. Outra razão para determinar as forças é pela influência da deflexão na ferramenta e na peça e também a vibração que pode afetar no acabamento da peça. Portanto, o projetista tem que ter o conhecimento em equilibrar esta força para que assegure a integridade da máquina, ferramenta e da peça. (SOUZA, 2011-a, p. 57) Polishetty et al. (2014, p. 360) fez alguns experimentos em que foi usado um fresa toroidal para fazer a unisagem de oito corpos de prova de titânio (Ti-6Al-4V). Neste estudo teve como objetivo de mudar os parâmetros de corte para ver qual é a maior parâmetro de corte que obteve a maior força. Os parâmetros de corte que Polishetty mudou é a velocidade de corte, avanço por dente e penetração de trabalho. Na Tabela 1 mostra os parâmetros usados no experimento. 32 Tabela 1 – Parâmetros de corte no experimento de Polishetty. Corpo de prova Velocidade de corte (m/min) Avanço por dente (mm/dente) Penetração de trabalho (mm) Profundidade de corte (mm) 1 90 0,25 0,2 20 2 90 0,25 0,3 20 3 90 0,35 0,2 20 4 90 0,35 0,3 20 5 120 0,25 0,2 20 6 120 0,25 0,3 20 7 120 0,35 0,2 20 8 120 0,35 0,3 20 Fonte: Adaptado por Polishetty et al (2004, p. 361) Polishetty et al (2014, p. 362) concluiu que: as forças nos eixos X, Y e Z aumentam quando maior é a velocidade de corte, avanço por dente e penetração de trabalho. Este fenômeno vai ter um alto desgaste da ferramenta de corte. A maior força de corte e a rugosidade superficial foi maior para o corpo de prova 6 e a melhor precisão foi quando os parâmetros de corte eram menores. 2.5.5 Ângulo de ferramenta de corte O ângulo da ferramenta de corte tem como objetivo de descobrir a posição e a forma da cunha de corte (SOUZA, 2011-a, p. 39). Rodrigues (2005, p. 17) explica que o ângulo da ferramenta de corte tem uma grande importância no processo de fabricação por usinagem, ou seja, alterando este parâmetro pode mudar drasticamente alguns fenômenos, como por exemplo: na força e potência para o corte, acabamento superficial, calor gerado e entre outros. Existem vários tipos de estudo sobre a melhoria dos ângulos da ferramenta de corte, principalmente na área da usinagem de torneamento,fresamento e furação. O principal objetivo é maximizar a vida da ferramenta, porque pequenas modificações destes ângulos podem ter uma grande alteração na resistência mecânica. (RODRIGUES, 2005, p. 18). A seguir serão mostrados alguns dos principais ângulos no processo de fresamento: a) Ângulo de inclinação (λ): é formado pela aresta principal de corte e sua projeção sobre o plano de referência. Tem como objetivo de guiar a direção 33 da saída do cavaco, proteger a quina da ferramenta contra impactos e diminuir a vibração. (STEMMER, 2007, p. 63). Na Figura 13 mostra a representação do ângulo de inclinação, em que a Figura 13a é a inclinação chamada de negativo e a Figura 13b é a inclinação denominada de positivo. Figura 13 - Representação do ângulo de inclinação. Fonte: Souza (2011-b, p. 42) b) Ângulo de folga (α): é formado entre a superfície de folga e o plano de corte. Quando o ângulo for pequeno, a ferramenta não tem uma boa penetração no material. Devido a este fenômeno, a ferramenta perde o corte, aumenta a geração de calor e prejudica o acabamento da peça. Por outro lado, se for grande a cunha cortante fica frágil, fazendo a ferramenta falhar. Seu objetivo é evitar o atrito entre a superfície da peça e a superfície de folga da ferramenta (RODRIGUES, 2005. p. 17). O ângulo de folga depende da resistência do material da ferramenta de corte, resistência e dureza do material da peça. (STEMMER, 2007, p. 54). Na Figura 14 mostra a representação do ângulo de folga, ângulo de cunha e ângulo de saída. Figura 14 - Representação do ângulo de folga, ângulo de cunha e ângulo de saída. Fonte: Adaptado por Souza (2011-b, p. 178) 34 c) Ângulo de cunha (β): é formado pela superfície de folga e de saída. O objetivo deste ângulo é aumentar a resistência mecânica da ferramenta. Ângulos mais agudos fazem que a pressão fique mais próxima na aresta de corte. Por outro lado, se o ângulo for maior, aumentará na resistência da ferramenta de corte e na área de dissipação de calor. (SOUZA, 2011-a, p. 40) d) Ângulo de saída (γ): é formado pela superfície de saída da ferramenta e pelo plano de referência (DINIZ et al., 2006, p. 39). Este ângulo interfere na força e na potência para o corte, no acabamento superficial e no calor gerado. A grandeza do ângulo de saída depende: da resistência do material da ferramenta de corte, da resistência e da dureza do material da peça, da quantidade de calor gerado e da velocidade de avanço. (STEMMER, 2007, p. 62) 2.5.6 Deflexão da ferramenta de corte Todos os erros possíveis que podem causar variações na força de usinagem, o mais importante que afeta no acabamento e na tolerância dimensional é a deflexão da ferramenta. A operação de fresamento que sofre mais com este fenômeno é o fresamento de topo, em que pode variar durante todo o seu processo de fabricação, desde na usinagem de segmentos de retas quando a de cantos (RIBEIRO et al. ,2006, p. 3). A força de corte no processo de fresamento depende da penetração de trabalho, da profundidade de corte, da geometria da fresa e do material usado. Portanto valores muito grandes causa a deflexão na ferramenta de corta, em que a sua direção é oposta à direção do avanço, causando assim um erro geométrico na peça. A utilização de uma velocidade de avanço máxima em função do comprimento da ferramenta é um dos principais responsáveis no erro da precisão da peça, ou seja, quando o projeto necessita de uma alta precisão dimensional é preciso diminuir estas forças no seu processo de fabricação. (KÖNIG e KLOCKE, 2002, p. 62 – 125) Se aumentar o diâmetro e diminuir o comprimento da ferramenta aumentam na rigidez e reduz a deflexão na fresa. Em que a deflexão é inversamente proporcional à quarta potência do diâmetro e proporcional ao cubo do comprimento 35 da ferramenta. Este fenômeno também é alterado pelo número de gumes que atuam em conjunto na peça. Reduzir o canal da fresa é outra forma de diminuir a deflexão, mas este método diminui o armazenamento do cavaco. (CAMPOS e SCHROETER, 2004, p. 4) A profundidade de corte e a quantidade de gumes envolvidos durante a remoção do material estão relacionadas com a precisão da geometria. Na Figura 15 mostra este fenômeno. Durante o contato da ferramenta da superfície da peça a ferramenta sofre deflexão. Logo, a trajetória ideal é modificada por causa desta ação. (TRENT e WRIGHT, 2000, p. 16) Figura 15 – Deflexão na ferramenta de corte. Fonte: Adaptado por Trent e Wright (2000, p. 16) Um estudo por SOUZA, Adriano Fagali (2004, p. 82) demostra que o sobremetal deixa na operação de desbaste também tem influencia na deflexão da ferramenta de corte. A Figura 16 mostra o corpo de prova do seu experimento, em que na região (A, B e C) possuem uma inclinação de 75°, 45° e 7°, respectivamente, em relação ao eixo Y. Figura 16 – Experimento da relação do sobremetal na deflexão da ferramenta de corte. Fonte: SOUZA (2004, p. 82) 36 Neste experimento foi usado quatro ferramentas de corte sendo que a primeira possui um diâmetro de 6 mm com um comprimento em balanço de 45 mm, a segunda possui um diâmetro de 6 mm com um comprimento em balanço de 75 mm, a terceira possui um diâmetro de 12 mm com um comprimento em balanço de 45 mm e a ultima possui um diâmetro de 12 com um comprimento em balanço de 75 mm. Para determinar a deflexão da ferramenta de corte foi usado as equações 6 e 7. Após o experimento, concluiu que o sobremetal deixado na operação de desbaste é influenciado na qualidade da superfície da peça e na deflexão da ferramenta de corte. (SOUZA, 2004, p. 83) Existem algumas maneiras para descobrir a deflexão da ferramenta de corte. Uma delas é a instalação de um dinamômetro do fabricante Kistler modelo 9257B. Este equipamento mede as três componentes ortogonal da força da ferramenta de corte durante a sua operação. Na Figura 17 mostra o equipamento do fabricante Kistler. Figura 17 – Dinamômetro Kistler modelo 9257B. Fonte: Kistler (2015) Após esta medição, para calcular a deflexão da ferramenta de corte, é usado a Equação 6. ε = F∗L3 3∗E∗I (6) Onde o ε é a deflexão da ferramenta (mm), F é a força na extremidade de cilindro (N), L é o comprimento em balanço (mm), E é o coeficiente de elasticidade do material (N/mm²) e I é o momento de inércia da seção transversal (mm⁴). O momento de inércia da seção transversal do cilindro é dada pela Equação 7. I = π∗ D4 64 (7) Onde o D = diâmetro da seção transversal (mm). 37 2.5.7 Definição de paredes finas no processo de fabricação por usinagem A definição de paredes finas no processo de usinagem, segundo Smith e Dvorak (1998, apud VIEIRA e NETO, s. d, p. 1), são superfícies com pequenas espessuras e flexíveis, onde são usinadas pelos gumes da periferia do processo de fresamento de topo. Se a espessura da parede for menor, menor será a sua rigidez e terá problemas de vibração na parede da peça. Os outros problemas decorrentes a vibrações no seu processo são a qualidade da superfície e a precisão dimensional da peça. Umas das soluções para minimizar os danos à superfície da parede é a possibilidade de alterar a trajetória da ferramenta que utilize a parte ainda não usinada como apoio. A deflexão na ferramenta de corte pode ser causada pelo alto comprimentoda ferramenta de corte quando precisa usinar peças com paredes finas, em que pode influenciar nos erros geométricos. (FERREIRA, 2013, p. 41) Em geral a parede fina é considerada quando a altura da parede fina e a espessura dela tenha uma relação de 15:1 e a espessura da parede é de aproximadamente entre 3 a 5 mm. Para ser mais específica, a elasticidade da deformação da parede tem que ser igual ou maior a do que os requisitos de tolerância (POLISHETTY et al, 2014, p. 359) Segundo o Manual técnico de usinagem (SANDVIK, s. d) para fazer o processo de fabricação de paredes finas o fresamento tem que ser concordante e a estratégia ideal seria usinar um lado da parede em passes sem sobreposição, depois repetir para o outro lado e deixar um sobremetal em ambos os lados para o acabamento. Na Figura 18 mostra a representação deste tipo de estratégia. Figura 18 – Representação da estratégia indicada pela Sandvik. Fonte: Adaptado por Sandvik (s. d., p. 53) 38 2.6 DESVIOS DE TOLERÂNCIAS GEOMÉTRICAS Existem diferenças com a comparação de uma peça real com a peça que esta no projeto. O projetista deve especificar quais são os limites de tolerâncias, de tal forma que a peça real esteja aceitável para o projeto, ou seja, o projeto deve prever as tolerâncias de ajuste e de fabricação, também chamado de tolerância geométrica ou conhecido como desvio geométrico. O desvio geométrico é classificado em desvio macrogeométrico e microgeométrico (NOVASKI, 1994, p. 48). O macrogeométrico é definido como erros de retilineidade, circularidade, cilindricidade, planicidade e entre outros. O microgeométrico é feito pela análise de rugosidade superficial. Na Tabela 2 mostra os símbolos usados para fazer a tolerância num desenho técnico (NOVASKI, 1994, p. 48). Tabela 2 - Símbolos usados na tolerância nos desenhos técnicos. Fonte: Adaptado por ABNT NBR 6409 (1997, p. 3) Estes erros podem ser por causa da falta de rigidez da máquina-ferramenta, do dispositivo de usinagem, desgaste da ferramenta de corte e entre outros. (NOVASKI, 1994, p. 48). 39 2.7 RUGOSIDADE Todos os tipos de processos de fabricação colocam a sua marca na superfície em uma peça pelo fato do contato da ferramenta e da superfície da peça. Durante esses processos, a peça pode ter na superfície uma forma geométrica de um contorno microscópio ou macroscópico. (CORRÊA et al, 2008, p. 69) Segundo Corrêa et al (2008, p. 70), a rugosidade possui uma grande importância para o comportamento dos componentes mecânicos. Que são: a) Qualidade para deslizar; b) Resistência ao desgaste; c) Resistência na superfície ao escoamento de fluidos e lubrificantes; d) Possibilidade de ajuste do acoplamento forçado; e) Qualidade de aderência para as camadas protetoras; f) Resistência à corrosão e à fadiga; g) Vedação e aparência. Ela é medida através de vários fatores que influenciam no valor durante o processo de usinagem, como: vibração, tipo de máquina-ferramenta, a estratégia e o tipo de usinagem, o avanço, desgaste da ferramenta, do material da peça e entre outros. (ANDRADE, 2012, p. 72) Para fazer a medição da rugosidade pode ser feita através de dois sistemas básicos, como: o sistema da linha média M e o sistema da envolvente. O sistema de linha média M, os parâmetros de rugosidade são feitos em relação a uma linha imaginária no comprimento de amostragem paralela a direção do perfil. A linha média M é feita da forma que a soma das áreas acima desta linha seja a mesma que abaixo desta linha. Este sistema deve ser agrupado em três classes, que são: baseados na medida da profundidade da rugosidade; baseados em medidas horizontas e baseados em medidas proporcionais (OLIVEIRA, 2006, p. 31). A Figura 19 mostra o sistema de linha média M (CORRÊA et al., 2008, p. 79). No Brasil para fazer o teste de rugosidade de uma determinada peça é seguida a norma ABNT NBR 4287 e a 4288. 40 Figura 19 - Sistema de linha média M. Fonte: Corrêa et al. (2008, p. 79) Oliveira (2006, p. 32) explica que existem quatro parâmetros na rugosidade, sendo eles: a) Rugosidade média (Ra): é a média aritmética das ordenadas de afastamento (yi), dos pontos do perfil de rugosidade em relação à linha média, dentro do percurso de medição (lm). Este parâmetro descreve a altura de um retângulo, na qual a área é igual a soma das áreas delimitadas pelo o perfil de rugosidade e pela linha média, e o comprimento é o percurso de medição (lm). Na Figura 20 mostra um desenho esquemático de um perfil de rugosidade. Figura 20 - Perfil de rugosidade. Fonte: Corrêa et al. (2008, p. 79) Na Equação 8 é a fórmula para calcular o Ra. 𝑅𝑎 = 𝑌1+𝑌2+⋯𝑌𝑛 𝑛 (8) Onde o Yn é a distância entre a linha X e o pico mais alto ou mais baixo da ondulação da superfície (µm) e o n é a quantidade de picos mais altos e mais baixos da superfície. O parâmetro de Ra é usado no controle contínuo da rugosidade para linhas de produções, em que o acabamento possui sulcos da usinagem bem orientados e onde as superfícies precisam de acabamento com a afinidade de estética. O Ra é a 41 mais utilizada em todos os processos de fabricação, a maioria dos equipamentos possuem seus parâmetros, os riscos superficiais inerente do processo não altera no seu valor e o valor da sua rugosidade esta de acordo com a curva de Gauss. (CORRÊA, 2008, p. 80) b) Rq é o maior valor das rugosidades parciais (Zi) que está no percurso de medição (lm). A Figura 21 explica que o maior valor parcial é Z3. Figura 21 - Rugosidade Rq definida pela rugosidade parcial. Fonte: Oliveira (2006, p. 33) c) Rz define como a média aritmética das quantidades de divisões de rugosidade parcial. Rugosidade parcial (Zn) é a somatória dos ordenadas dos pontos mais afastados, que está nos picos acima e abaixo da linha média que existe na superfície. Na Figura 22 mostra uma representação deste perfil. Figura 22 - Método de descobrir o Rz. Fonte: Oliveira (2006, p. 33) A Equação 9 define qual é o cálculo para descobrir o Rz. 𝑅𝑧 = 𝑍1+𝑍2+𝑍3+⋯𝑍𝑛 𝑛 (9) Onde o Zn é a rugosidade parcial (µm) e o n é a quantidade de divisões da rugosidade parcial. 42 d) Ry é a distância vertical entre o pico mais alto e o mais baixo no comprimento de avaliação (lm) e ele não dependem dos valores da rugosidade parcial (Zn). Todas estas distâncias configuram a profundidade total da rugosidade Rq. Na Figura 23 mostra os picos mais altos e os mais baixos nos retângulos (le). (TABENKIN, 1999, s. p.) Figura 23 - Método para encontrar o Ry. Fonte: Oliveira (2006, p. 34) Segundo a fabricante de equipamentos de medição a Instrutemp. O rugosímetro é um aparelho eletrônico que é usado para analisar a rugosidade de peças e ferramenta. Os aparelhos podem ser analógicos ou digitais. A Figura 24 mostra um exemplo deste aparelho. Figura 24 - Rugosímetro digital da Time Group (TR - 210). Fonte: Skill-Tec (2015) A Instrutemp explica que existem dois grandes grupos, que são: os equipamentos que usam leitura dos parâmetros de rugosidade e o outro que possui além da leitura, tem o registro em papel do perfil de rugosidade da superfície. O primeiro tipo é mais usado na indústria e o segundo mais usado em laboratórios. 43 3 METODOLOGIA Neste capítulo será mostrada
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