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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ – UNIFESSPA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E ENGENHARIA FACULDADE DE ENGENHARIA DE MINAS E MEIO AMBIENTE AMANDA SAYURI DE SOUZA NAKATA ESTER DE OLIVEIRA SILVA RAIANY RODRIGUES ROSA QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NO BRASIL MARABÁ 2017 AMANDA SAYURI DE SOUZA NAKATA ESTER DE OLIVEIRA SILVA RAIANY RODRIGUES ROSA QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NO BRASIL Trabalho apresentado a Faculdade de Engenharia de Minas e Meio Ambiente, Instituto de Geociências e Engenharia, Universidade do Sul e Sudeste do Pará, como requisito para a avaliação parcial na disciplina – Introdução a Ciências do Meio Ambiente. Docente: Prof. MSc. Márgia Carvalho de Souza MARABÁ 2017 LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 - Instrumentos da PNMA ...........................................................................10 FIGURA 02 – Atribuições do Conama ..........................................................................10 LISTA DE TABELAS TABELA 01 - Instrumentos e instituições federais RN..................................................07 TABELA 02 - Instrumentos e instituições federais CPI.................................................08 TABELA 03 - Instrumentos e instituições federais PT...................................................09 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................................06 2. QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL...........................................................................................................07 3. CONCLUSÃO.........................................................................................................14 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................15 6 1. INTRODUÇÃO Atualmente, muito se discute sobre o meio ambiente e os impactos que este sofre. A Legislação Ambiental é dirigida às atividades que afetam a qualidade do meio ambiente. Mas não é de hoje que há essa preocupação com as questões ambientais. Registros datam que desde o Brasil colônia já se pensava em medidas voltadas para o meio ambiente, ainda que de forma restrita. Com a evolução do quadro legislativo brasileiro, uma ferramenta de grande importância entra no contexto. A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA). Esta é apenas um dos instrumentos da legislação que visa conciliar o desenvolvimento econômico com proteção e melhoria da qualidade ambiental. Com o intuito de identificar consequências futuras de uma ação a ser realizada, as primeiras ideias de uma AIA surgiram nos Estados Unidos. A lei foi aprovada em dezembro de 1969 e entrou em vigor em 1º de janeiro de 1970. No Brasil, a AIA foi criada concomitantemente com a Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/81), somando- se à legislação já existente e dando ênfase a prevenção dos danos ambientais. Para um melhor entendimento de como funciona a AIA, faz-se necessário o conhecimento da história da legislação e política ambiental brasileira, bem como as instituições que praticam essa política. A legislação ambiental compreende as politicas públicas e estas por sua vez englobam mecanismos de intervenção do estado, como o Licenciamento Ambiental e o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). Esses instrumentos de intervenção têm como objetivo executar e atingir os objetivos das políticas públicas. Desse modo, este trabalho visa a avaliação dos aspectos inerentes ao quadro legal e institucional da AIA no Brasil, da evolução das políticas públicas voltadas para o meio ambiente e a análise dos mecanismos legais que serviram de respaldo para a legislação ambiental vigente na qual a AIA esta presente, bem como as instituições provenientes desse avanço no cenário da gestão ambiental brasileira. 7 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NO BRASIL Dentro do amplo contexto histórico que envolve a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) no Brasil, é necessário identificar e destacar quatro fases principais que marcaram a política ambiental brasileira. São elas: Regulamentação dos Recursos Naturais (Década de 1930); Controle da Poluição Industrial; Planejamento Territorial; Política Nacional do Meio Ambiente. No que tange a Regulamentação dos Recursos Naturais, a preocupação com a preservação dos recursos oriundos da natureza surge em meados do ano de 1930, a questão chave nessa fase é a racionalização da utilização e exploração dos recursos naturais através de politicas publicas que estabeleçam critérios para o desenvolvimento econômico proveniente dos mesmos. Em 1934, surgiu o Código Nacional de Água, Decreto nº 24.643, de 10 de julho, estabelecendo o direito de propriedade e de exploração de recursos hídricos, sendo o documento legal ambiental brasileiro mais antigo. Posteriormente, houve a criação de outras leis e decretos, englobando além de recursos hídricos, recursos florestais, minerais e de pesca, estes documentos legais bem como as instituições criadas estão listados a Tabela 1. Tabela 1: Instrumentos e instituições federais criados para a regulamentação de Recursos Naturais. 8 Em 1970, fez-se notável o aumento da poluição de águas e do ar no Brasil. Diversos recursos naturais estavam escassos em varias regiões brasileiras devido a esse aumento da poluição. Surge, então, a fase chamada de Controle da Poluição Industrial. Nesse período houve a Conferencia das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano em Estocolmo (1972), nesse evento, começaram a ser delineados conceitos como ecodesenvolvimento, dando lugar atualmente ao termo desenvolvimento suatentável e destarte, em 1973, foi criada a Secretaria Especial de Meio Ambiente (Sema). Através do decreto-lei nº 1.413 de 14 de agosto de 1975, o governo inseriu algumas orientações de política voltadas para o controle da poluição industrial, atribuindo à Sema competência para estabelecer padrões ambientais, caracterização de penalidades em caso de descumprimento da lei, criação de “áreas de poluição” (sendo estas porções territoriais onde são reconhecidas pelo governo a existência de graves problemas de poluição), atribuição de competência exclusiva ao governo federal para aplicar a sansão de suspensão de atividade para empreendimentos considerados de “alto interesse do desenvolvimento e da segurança nacional”. Ainda em 1970, foi possível notar os primeiros planos de utilização do solo no Brasil, que tinham como objetivo ordenar a ocupação do espaço urbano. Nasce, aí, o Planejamento Territorial. Na esfera federal, com o objetivo de se estabelecer um planejamento territorial como instrumento de prevenção da degradação ambiental, incluiu-se a criação da Lei nº 6.766, de 19 de dezembro de 1979, a chamada Lei Lehman, que se atem à divisão do território urbano e a Lei nº 6.803, de 2 de julho de 1980, a qual estabelece diretrizes para o zoneamento industrial em áreas críticas de Tabela 2: Instrumentos e Instituições federais criados para o Controle da Poluição Industrial. 9 poluição, dentro da Lei nº 6.803 está inclusa a primeira noção de avaliação de impacto ambiental. Ao final de 1980, o planejamento territorial com ênfase na proteção ambiental se torna mais amplocom a criação da Lei Federal nº 7.661, de 6 de maio de 1988, que determina um plano de gerenciamento costeiro nacional. A organização nacional com o intuito de proteção ambiental passou a ser conhecida como Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que se estabeleceu a partir do ano de 1990 sendo regulamentado pelo Decreto nº 4.297, de 10 de julho de 2002. Por fim, temos a Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, denominada Estatuto da Cidade, reforçando critérios de ordenamento e controle do solo urbano e é dentro dessa lei que está vinculado o estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e o estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV). Por conseguinte, em 1981 tivemos um marco na legislação ambiental brasileira, era instaurado formalmente um novo modelo de política ambiental, a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) através da edição da Lei nº 6.938/81. Tabela 3: Instrumentos e Instituições federais criados para o Planejamento Territorial. 10 Farias (2006), diz que os objetivos da PNMA estão embasados em três pilares principais. Segundo ele “A PNMA tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, visando assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”. Dessa maneira, institucionalmente, criaram-se órgãos governamentais como o Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama e o Conselho Nacional de Meio Ambiente – Conama, estes englobam representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de entidades instituídas pelo Poder Público. Assim, há o envolvimento de todas as esferas da administração pública. Através dessa lei inovadora na qual está embasada a PNMA, foram obtidos importantes avanços dentre os quais está uma maior relevância nas atribuições do Conselho Nacional do Meio Ambiente. Na Figura 2, é possível verificar as atribuições do Conama. Figura 1: Instrumentos da PNMA. (Sanchez, 2008) Figura 2: Atribuições do Conama (Sanchez, 2008) 11 A partir desse contexto, estava assim robustecida a legislação ambiental brasileira e, por conseguinte, o papel da Avaliação de Impacto Ambiental nesse âmbito, de forma que qualquer outro soerguimento após isso se deu apenas no sentido de manutenção e aprimoramento destes instrumentos. Outrora, os Estados e Municípios possuíam autonomia para estabelecerem suas próprias diretrizes voltadas para as políticas ambientais, mas só a partir da criação da PNMA houve uma integração dessas leis, instituindo, por exemplo, a AIA e o Licenciamento Ambiental que até o momento não existia na legislação de certos Estados. O Licenciamento Ambiental é uma autorização governamental que permite a realização de atividades que utilizem recursos ambientais ou tenham o potencial de causar degradação ambiental, na qual, devem ser feitos estudos ambientais para prevenir os danos ambientais. Em meados da década de 1970, no Brasil, iniciou-se o licenciamento ambiental, a sua legislação moderna começou no Rio de Janeiro e em São Paulo, com as respectivas Leis: Decreto-Lei nº 134/75, tornou obrigatória a prévia autorização para operação ou funcionamento de instalações ou atividades real ou potencialmente poluidoras; Lei nº 997/76, criou o Sistema de Prevenção e Controle da Poluição do Meio Ambiente. Os sistemas de licenciamento foram modificados após a incorporação da AIA à legislação brasileira, mudando assim, o campo de aplicação e o tipo de análise abrangendo os efeitos sobre a biota, os impactos sociais, etc. No âmbito da legislação federal, o licenciamento aparece como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, descrito como “licenciamento e revisão de atividades efetivas ou potencialmente poluidoras” (Art. 96, Inciso IV) O Poder Público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes licenças (Art. 19, Decreto nº 99.274/90): Licença Prévia (LP), na fase preliminar do planejamento da atividade; Licença de Instalação (LI), autorizando o início da implantação; Licença de Operação (LO), autorizando, após as verificações necessárias, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição. A relação entre o licenciamento e os estudos de impacto ambiental estabelecido pelo decreto regulamentador da Política Nacional do Meio Ambiente, também foram reforçados pela Constituição Federal de 1988, ressaltando a importância da publicidade 12 das concessões, por meio do acréscimo de quatro parágrafos no Artigo 17, Decreto nº 99.274/90 e no Artigo 225, Constituição Federal. A resolução nº 237 de 19 de dezembro de 1997, do Conama, define o Licenciamento Ambiental, e a resolução no 237/97 estabelece regras para definir a competência do Poder Público para fins de licenciamento, podendo ser disciplinado pelos três níveis de governo (Art. 23,VI da Constituição Federal). Após algumas alterações da Lei da PNMA e mais a Resolução Conama nº 237/97, as competências do poder público foram delimitadas, cabendo ao Ibama o licenciamento de “Empreendimentos e atividades com significativo impacto ambiental de âmbito nacional ou regional”, ressaltando o parágrafo IV desta Resolução, que se refere aos processos da obtenção ou utilização de material radioativo, causador de impactos ambientais de grande magnitude, que está mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Nota-se que o Ibama mantém relação com os outros órgãos da administração pública para avaliar os pedidos de licenciamento, estando sempre presente a opinião dos órgãos ambientais dos Estados e Municípios, e dependendo da magnitude do impacto ambiental, competirá ao Estado ou Município emitir o licenciamento ambiental. Os estudos ambientais, definido pela Resolução Conama nº 237/97, são necessários para a avaliação e análise técnica dos pedidos de licenciamento, existindo: EIA, RIMA, Plano e Relatório Ambiental Preliminar, Diagnóstico Ambiental, Plano de Manejo, Plano de Recuperação de Área degradada e Análise Preliminar de Risco, como suporte para os estudos ambientais. De acordo com o tipo de empreendimento, o processo de licenciamento pode apresentar algumas diferenças na sua cronologia, tais como: em projetos no setor elétrico e mineiro, na qual, o estudo de impacto ambiental deve ser apresentado para obtenção da LP, enquanto, para a solicitação da LI, um novo estudo ambiental deve ser preparado, denominado Projeto Básico Ambiental, ou especificamente na mineração, denomina-se Plano de Controle Ambiental. Os empreendimentos de mineração receberam uma atenção especial quanto aos estudos de impacto ambiental com a atuação do DNPM, objetivando a emissão dos licenciamentos necessários para a realização das atividades, pelo órgão responsável. 13 Além dos estudos de impactos vistos até o momento, há também o estudo voltado para um determinado campo ou local, que neste caso é o Estudo Prévio de Impactos de Vizinhança (EIV). Impacto de vizinhança é um termo que designa impactos locais no meio urbano. Um exemplo desse tipo de impacto é a saturação da infraestrutura, como rede de esgotos e de drenagem de águas pluviais. Uma vez que, no meio urbano existem conflitos entre o interesse de empreender e a qualidade da vida urbana, os diversos tipos de impactos surgem. Em vista disso, com a necessidade de combater esses conflitos e dar a cidade um direito sustentável, uma nova modalidade de AIA adaptada a empreendimentos e impactos no contexto urbano foi proposta: o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV). O conceito de EIV foi adotado pelo Estatutoda Cidade (lei 10.257/2001) e é muito parecido com o EIA. O que difere ambos é que este ultimo é mais amplo, compreendendo impactos para um meio físico, biótico e socioeconômico, enquanto que o EIV é direcionado para a análise de impactos urbanos. A lei 10.257/2001dedica a Seção XII (artigos 36, 37 e 38) do Capítulo II da para o EIV. O EIV conta com a participação da população para discussão, porém é desconhecido por grande parte dos brasileiros. Muitas cidades ainda não definiram as regras a serem adotadas, o que resulta em avaliações superficiais de impactos urbanos. 14 2. CONCLUSÃO Dado o exposto, faz-se perceptível a importância da AIA como ferramenta legal e instrumental para a melhoria da qualidade ambiental, visto que conflitos entre o meio social e o meio ambiente ainda perduram. Uma vez que projetos e empreendimentos são passíveis de causar impactos ambientais, é indispensável a análise desse projetos para prevenir ou propor soluções para esses danos. Desse modo, o conhecimento das diretrizes da PNMA é primordial para o entendimento do funcionamento da AIA que, nesse sentido, conclui-se ser um mecanismo de aplicabilidade que tem como objetivo atingir as prerrogativas da PNMA. Entretanto, os órgãos públicos, lamentavelmente, apresentam falhas quanto a implementação dessas políticas, como por exemplo, no caso de cidades que ainda não adotaram o EIV devido a dificuldade de se propor e adotar normas ou mesmo a falta de fiscalização contundente. Logo, é essencial que seja reconhecida a importância desses instrumentos tornando-os mais acessíveis, menos burocráticos e mais eficazes, a fim de se ter, de fato, uma gestão ambiental que não fique apenas no papel, mas que se faça efetiva. 15 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SANCHEZ, Luis Henrique. Avaliação de Impacto Ambiental: Conceitos e Métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. FOGLIATTI, Maria Cristina; FILIPPO, Sandro; GOUDARD, Beatriz. Avaliação de Impactos Ambientais: Aplicação aos Sistemas de Transporte. Rio de Janeiro: Interciencia, 2004. SAMPAIO, Luciana. Estudo de Impacto de Vizinhança: sua pertinência e delimitação de sua abrangência em face de outros estudos ambientais. Brasília, 2005. 65 p. Disponível em: http://www.mpf.mp.br/atuacao- tematica/ccr4/dados-da-atuacao/documentos/trabalhos- cientificos/Estudo_de_Impacto.pdf. Acesso em 06 jun. 2017. FARIAS, Talden Queiroz. Aspectos gerais da Política Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: < http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/26875-26877-1-PB.pdf> Acessado em 06 de Março de 2017. POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – Lei No. 6.938/81. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/46_10112008050406.pdf > Acessado em 06 de Março de 2017. VEIGA, Rosangela Mendanha. Avaliação de Impactos Ambientais. Disponível em: < https://rmdaveiga.files.wordpress.com/2015/03/curso-aia-03.ppt> Acessado em 06 de Março de 2017.
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