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II TEORIA DA AÇÃO É certo que o termo ação, dada a sua natureza plurívoca (tal como ocorre com o termo jurisdição), tem provocado a inquietação dos estudiosos do Direito, em especial do Direito Processual Civil, pelo menos nos últimos 150 anos, tendo proliferado, no mundo ocidental, um sem número de teorias tentando lançar “pá de cal” sobre o assunto. Para os fins do presente estudo, é importante ter em mira que a matéria pode ser examinada tanto do ponto de vista das categorias lógicas quanto do ponto de vista das categorias jurídicas de determinado direito positivo. Esses dois enfoques não se excluem. Ao revés, se integram e permitem ampla compreensão do tema. É que, se nos limitássemos ao exame do direito positivo, como posto, esse exame tornar-se-ia incompleto e, até, de difícil aceitação, para qualquer doutrinador que não receba as lições de Enrico Tulio Liebman como um dogma de fé. Para bem compreender a teoria da ação, é necessário ter presente que, em regra, o jurisdicionado, ao procurar o Poder Judiciário, supõe ter o direito que precisa ser protegido, ou porque está na iminência de ser lesado ou porque já foi lesado e está a exigir reparação. Em outras palavras, em boa parte dos casos que chegam ao exame do Judiciário em decorrência da propositura de uma ação, o seu conteúdo está representado por uma relação jurídica de direito material, cujo conceito mais singelo e adequado é o de vínculo intersubjetivo qualificado pelo Direito 1 . O Código Civil brasileiro, por exemplo, estabelece as formas por meio das quais um indivíduo pode tornar-se proprietário de um imóvel, cabendo, a partir daí, a qualquer outro membro da sociedade respeitar o bem que constitui propriedade alheia, escusando-se de esbulhá-la, turbá-la ou ameaçá-la. Da mesma forma, no momento em que alguém firma um contrato de mútuo feneratício e transfere a coisa mutuada, ele se torna credor daquele que tomou o mútuo. Nos dois exemplos, estão claramente fixadas duas relações jurídicas de direito material, que se resolvem com o respeito ao direito de propriedade e com o pagamento, pelo obrigado, dos juros e do principal, na data de vencimento do mútuo. 1 Ou, de forma mais analítica, relação jurídica é o vínculo que liga o titular do direito subjetivo ao obrigado relativamente ao bem da vida que lhe é assegurado pelo ordenamento jurídico. No segundo exemplo, caso o sujeito passivo não disponha do numerário para honrar o débito, o credor pode quedar-se inerte, perdoar a dívida, nová-la, ou ingressar perante o Poder Judiciário visando a que este, por meio do devido processo legal, após apurar a certeza da situação legitimante de direito material, narrada na petição inicial, tome todas as medidas necessárias à satisfação do direito do autor. O Estado não pode realizar justiça simplesmente mandando retirar o dinheiro do bolso do sujeito passivo sem o devido processo legal. Chama-se o sujeito passivo para que apresente suas razões de fato e de direito, e após, se provada a existência do débito e a situação de inadimplemento, o Estado pode constrangê-lo a pagar. E as coisas assim se passam porque, como o autor não tem o direito de exercer a justiça pelas próprias mãos, é imperioso que tenha acesso ao Estado-Juiz para que esse exerça a atividade jurisdicional, que tomou para si, de forma monopolística. O direito de ação nada mais é do que o direito subjetivo de exigir do Estado a prestação da atividade jurisdicional, consistente na resposta à pretensão perante ele exercida, qualquer que seja o conteúdo dessa resposta. Fique bem claro, entretanto, que uma coisa é a relação de direito material que vincula as partes e que, na visão do autor, lhe confere uma posição de credor e ao réu, uma posição de devedor. Outra coisa é o fato de exigir resposta estatal (direito de ação). Na primeira, relação de direito material, o polo passivo é ocupado pelo suposto devedor. Na segunda, decorrente do exercício do direito de ação, o polo passivo é funcionalmente ocupado pelo Estado-Juiz. Essa afirmação, que nos parece de hialina clareza, é fruto de lenta e inacabada evolução dos estudos sobre o tema 2 . Deveras, até metade do século XIX, prevalecia o entendimento de que este direito de provocação do Poder Judiciário nada 2 Há quem afirme, e nos escusamos de indicar um extenso rol de doutrinadores nesse sentido, que não cabe mais estudar o conceito de ação, dado que o exame do tema já estaria exausto, já teria cumprido sua função, não teria interesse prático, etc. Afirmações desse jaez, que talvez revelem um natural desapontamento com as dificuldades de pacificação da doutrina quanto ao assunto, contêm em si o perigo de conduzir o jurista ao retorno do velho praxismo, de fazer as coisas porque “é assim que se faz”, sem saber-lhes o motivo. Isso, com toda a vênia, é como dizer a um físico que não interessa continuar estudando a divisão do átomo. Ora, então, não cabe mais fazer ciência? mais era que uma projeção necessária da relação do direito material. O direito de ação era uma espécie de imanência em relação ao direito material. Era o culto à teoria civilística, clássica ou imanentista da ação. O maior exemplo disso era o trabalho desenvolvido por Savigny, para quem o direito de ir ao Estado-Juiz nada mais é que uma manifestação do direito material. Não há direito sem ação e não há ação sem direito, e a ação segue a natureza do direito. O Código Civil revogado dizia que a todo direito corresponde uma ação que o assegura. Teria ação a pessoa que fosse titular de um direito material que tivesse sido lesado. Se o indivíduo não tivesse um direito material que houvesse sido lesado, não teria direito de ação. Essa teoria de SAVIGNY – que não distinguia direito material e direito processual, e que, portanto, se insere no âmbito das chamadas teorias monistas da ação – mostrou-se insuficiente, pois supunha que todos que ingressassem em juízo seriam vencedores. Em outras palavras, seria necessário admitir que somente ingressaria em juízo aquele que realmente tivesse direito e, mais, que o magistrado sempre teria a mesma interpretação jurídica que tivesse sido adotada pelo autor da ação. Bem é de ver que, quando Savigny escreve a esse respeito, se está no momento maior das Codificações (1804/1806): Código Civil (Portalis) e Código de Processo Civil franceses. Após, entretanto, a famosa polêmica Muther x Windscheid (1856/1857) a respeito do entendimento sobre a actio no direito romano, 3 foram fixadas algumas boas conclusões e a doutrina subsequente tornou-se atenta a que uma coisa era a pretensão e outra coisa era a atividade exercida em face do Estado-Juiz. Ficou igualmente assentada a discriminação entre direito material e direito de ação. Vale o registro, entretanto, que Hasse, desde 1834, já assegurava que o direito de ação era exercido principalmente contra o Estado. A passagem que se segue é pouco examinada pelos estudiosos do Direito Processual Civil: [...] a ação é o direito de pedir que a vontade do Estado, mediante o juiz, se afirme e atue relativamente aos direitos dos particulares. Trata- 3 Para uma rápida e boa informação sobre os termos desta polêmica, consultar DINAMARCO, Cândido Rangel. Fundamentos do Processo Civil Moderno. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1986. p. 14-17 e 222-226. se de um direito de natureza especial, sobretudo por não poder existir sem o direito positivo, ao passo que os outros direitos existemindependentemente desse, por ostentarem um substrato diverso. A actio não pode ser entendida sem o Estado, por consistir, simplesmente, na iniciativa de pedir a ação do Estado. 4 Daí em diante e, sobretudo, após a polêmica entre Windscheid e Mutter, antes referida, passou-se a ter presente a distinção entre direito material e direito processual, prevalecendo, pois, as chamadas teorias dualistas. Tem-se bem presente a possibilidade de retomar um conceito de Búlgaro da Idade Média iudicium est actus trium personarum (autor, juiz e réu). Búlgaro dizia isso com simplicidade que se manteve até os dias atuais. O iudicium corresponde ao que hoje denominamos processo. Búlgaro despregava, de forma consciente ou não, o iudicium da relação de direito material existente entre A e B. Degenkolb e Plósz afirmavam que a ação era um direito público subjetivo, que decorria apenas do fato de alguém ser cidadão, como sendo um atributo da personalidade. O magistrado sempre teria de dar uma resposta àquele que provocasse a jurisdição. A essa doutrina, que se opunha francamente à teoria civilística ou imanentista, deu-se o apelido de teoria abstrata da ação, justamente porque seus cultores entendiam que a ação não sofria nenhuma espécie de condicionamento. Em posição intermediária estão postados Adolf Wach e Giuseppe Chiovenda. Ambos se afastam dos imanentistas, ao buscar indicar os erros da teoria clássica de Savigny, mas não se afinam com o pensamento de Degenlkolb e Plósz. Chiovenda (teoria do direito potestativo) concorda com Wach (teoria do direito concreto), apenas parcialmente, no sentido de que ambos, ao fim e ao cabo, entendem, por diferentes fundamentos, que a ação é o direito a uma sentença favorável. Wach procurava deixar marcado o caráter público da ação, ao admiti-la aviada contra o Estado, que se obrigou a prestá-la em decorrência da assunção do monopólio da atividade jurisdicional. Adicionalmente – dizia Wach – havia de considerar a ação também no seu caráter concreto porque, dirigida contra o adversário, terminava com uma sentença favorável, em decorrência da qual havia a sanção estatal contra o réu. 4 Apud TUCCI, Rogério Lauria. Da ação e do processo civil na teoria e na prática. Rio de Janeiro: Forense. 1985. p. 11. Chiovenda também entendeu que existia direito de ação de forma autônoma, daí que direito de ação é diferente de direito material (essa é uma famosa asserção que data do começo do século XX, mais precisamente 1903), entretanto, o direito de ação é o direito à obtenção de uma sentença favorável proferida pelo Estado- Juiz. Este direito de ação é uma espécie de direito potestativo dirigido exclusivamente contra o réu. Chiovenda praticamente eliminou a participação do Estado-Juiz na ação, ao direcioná-la exclusivamente contra o réu. Ele afirmava, ainda, que o direito de ação era o direito de ter uma sentença favorável e, com isso, se submetia à mesma crítica dirigida aos defensores da teoria imanentista, que não conseguiam explicar a natureza da atividade jurisdicional exercida todas as vezes que era proferida uma sentença de improcedência. Sem embargo das críticas que lhe são feitas, é inegável a contribuição de Chiovenda ao Direito Processual Civil. Ele buscou amadurecer e incorporar à sua a teoria do Oscar Von Bülow sobre a relação jurídica processual. A atividade do magistrado preocupar-se-ia com um binômio: seriam examinados primeiramente os pressupostos processuais e, depois, passariam a ser analisadas as condições da ação (legitimidade para a causa, interesse de agir e existência do direito). É necessário esclarecer que, para Chiovenda, as condições da ação coincidiam com o mérito da causa. Entretanto, como já afirmado anteriormente, ele sofreu críticas fundadas no fato de que a teoria que adotou não explicava a existência de sentenças de improcedência. Enrico Tulio Liebman tentou reformar a teoria, de sorte a torná-la infensa às críticas que lhe eram feitas. Para isso, passou a afirmar que o direito de ação é o direito à obtenção de uma sentença de mérito (não é o direito a uma sentença favorável). Abandonou a teoria do binômio: pressupostos processuais + mérito da causa e passou a pregar que as condições da ação se colocavam antes e fora do mérito da causa. Daí dizer-se que adotou um trinômio: pressupostos processuais + condições da ação + mérito da causa. Em outras palavras, as condições da ação, diferentemente do que preconizara Chiovenda, não coincidiam com o mérito. Para validar esse raciocínio de que as condições da ação eram prévias ao mérito, teve a necessidade de alterar a última fórmula utilizada por Chiovenda. Em vez de: legitimidade para a causa, interesse de agir e existência do direito, passou a afirmar: legitimidade para a causa + interesse de agir + possibilidade jurídica do pedido. Quanto a essa última condição, diz-se que, para que ela esteja presente, é necessário que o pedido formulado pelo autor esteja previsto ou não vedado pelo ordenamento jurídico. O nosso Código de Processo Civil adotou explicitamente a teoria de Liebman, daí por que, se, na condução de determinado processo, o magistrado percebe que não estão presentes as três condições antes enunciadas, há de extinguir o processo sem exame de mérito e declarar que o autor é carecedor de ação. Será, entretanto, que essa teoria resiste a um esforço de interpretação, de raciocínio lógico? O direito de ação – que é o de exigir a prestação da atividade jurisdicional pelo Estado –, exercido por meio do processo, funciona como um veículo do direito material, a fim de que o juiz possa sobre este deliberar e atribuí-lo a quem dele seja titular. Há, portanto, entre o direito de ação exercido por meio do processo e o direito material, uma relação de continente e o conteúdo, em certo sentido, a mesma relação que existe entre o vinho e a taça em que ele é servido. Liebman apanhou as condições da ação e as deslocou para antes do mérito, mas onde as situou? Na relação processual, juntamente com os pressupostos processuais, não foi, porque ele não confundia processo com o direito material deduzido em juízo. Na relação jurídica de direito material não foi, porque ele declarou que o exame dessas condições era anterior ao exame da res in judicum deducta. Será que havia uma terceira relação jurídica (além da relação jurídica processual e da relação jurídica de direito material) que pudesse amparar a existência dessas condições? Liebman não afirma algo nesse sentido, mas diz que, quando o juiz examina as condições de ação, não está exercendo jurisdição, e sim uma atividade administrativa de filtragem. Segundo penso, esse raciocínio é absolutamente incorreto. A atividade que o magistrado exerce quando examina as condições da ação é tão jurisdicional quando a que condena o réu a pagar o que deve, ou a que julga improcedente o pedido do autor que não conseguiu demonstrar a existência do débito alegadamente inadimplido. Vale alguma reflexão sobre isso: logicamente, o cidadão postula sobre aquilo que julga ou afirma que é dele. Daí que é necessário, ao aforar uma petição inicial, narrar a existência de uma relação jurídica de direito material na qual ele se situe como legitimado pelo direito a agir de certa maneira, a exigir do legitimado passivo determinado comportamento. E assim realmente ocorre. Por isso, não há como despregar o exame de legitimidade da relação jurídica de direito material. Uma implica a outra. Quando se afirma que alguém não é parte legítima (condição da ação), se está dizendo queesse alguém não está autorizado pelo Direito a figurar nessa relação de direito material, que é o cerne da controvérsia entre as partes. Também no que concerne ao exame da possibilidade jurídica do pedido, melhor sorte não aproveita à tentativa de demonstrar que se trata de uma coisa separada do exame de mérito e a ele anterior. Os cultores dessa teoria costumam apontar como exemplo de pedido juridicamente impossível, no Direito brasileiro, a cobrança de dívida de jogo. Assim, se alguém for a juízo para cobrar dívida de jogo, será carecedor de ação, razão por que o juiz, diz o Código, extinguirá o processo sem julgamento de mérito. O juiz somente chega a essa conclusão examinando o pedido, determinando instrução probatória, justamente objetivando verificar se se trata de dívida de jogo, com vistas a dar ou não pela procedência do pedido. Logo, o magistrado está examinando o mérito da causa, está apreciando o pedido do autor. É bem verdade que os adeptos da teoria eclética pretendem emprestar-lhe sobrevida lógica por meio da adoção da teoria da asserção, baseada nesta referência, en passant, feita pro Liebman: “(...) todo problema, quer de interesse processual, quer de legitimação ad causam deve ser proposto e resolvido admitindo-se, provisoriamente e em via hipotética, que as afirmações do autor sejam verdadeiras; só nesta base é que se pode discutir e resolver a questão pura da legitimação ou do interesse. Quer isto dizer que, se da contestação do réu surge a dúvida sobre a veracidade das afirmações feitas pelo autor, e é necessário fazer-se uma instrução, já não há mais um problema de legitimação ou de interesse, já é um problema de mérito.”5 5 LIEBMAN, em conferência proferida no Rio de Janeiro em 29 de setembro de 1948, apud MACHADO, Guimarães. Estudos de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Ed. Jurídica e Ora, se bem percebo, de acordo com as conveniências da doutrina eclética, num determinado momento processual o exame das condições da ação (legitimidade e interesse) é um filtro anterior ao exame do mérito. Se ultrapassado esse momento e porque o réu colocou em debate justamente a higidez da legitimidade ou do interesse, a deliberação do juiz a esse respeito passa a ser de mérito, numa espécie de superação da dúvida Hamletiana, em que as condições da ação podem ser e não ser ao mesmo tempo. Com o habitual respeito aos que defendem a teoria da asserção, argumentos desse jaez não fazem mercê à pretendida cientificidade do direito. Noutra vertente do exame das condições da ação, BEDAQUE6 admite que: [...] as condições da ação representam legítima limitação ao exercício da atividade jurisdicional no caso concreto, porque o processo iniciado sem a presença de uma delas é manifestamente inútil. Circunstâncias do próprio direito material revelam existir algum óbice a que a tutela jurisdicional seja concedida ao autor. O grifo que acrescentamos à citação identifica o ponto de contato entre o que sustentamos e o defendido por BEDAQUE. Entretanto, a conclusão a que chega esse doutrinador, adotando o mesmo ponto de partida de que nos valemos, é diametralmente diferente da nossa. Diz ele: “Embora o reconhecimento desse impedimento dependa de exame da relação jurídica substancial, não se verifica o julgamento do mérito, pois não há solução da crise de direito material. O objeto do processo permanece intocado, inexistindo solução para a lide.” Ora, da premissa que o Autor fixou não decorre a conclusão a que chegou. Justamente, porque o reconhecimento do impedimento depende do exame da relação jurídica substancial é que se verifica o julgamento de mérito. Essa é uma hipótese de improcedência prima facie do pedido, como assinala CALMON DE PASSOS. E assim se dá porque nenhum fato narrado, ainda que provado, poderá dar ao autor o bem da vida vindicado. O Estado dá solução à lide, resolvendo-a em desfavor daquele que provocou a jurisdição. Universitária, 1969; MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de direito processual. São Paulo: Saraiva, 1988. 6 BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do Processo e Técnica Processual. São Paulo: Malheiros, 2006. p. 235. Por tudo isso, do ponto de vista lógico, não é possível acolher a doutrina de Liebman, cabendo registrar que é cada vez maior o número de doutrinadores que se alinham entre os que resistem a essa teoria: além dos de primeira hora, Pontes de Miranda, Calmon de Passos e Ovídio Araújo Baptista da Silva, a eles se juntaram, mais recentemente, Araken de Assis, Adroaldo Furtado Fabrício (com relação à legitimidade), Fábio Gomes e Fredie Didier Junior, entre outros. Atualmente, a moderna doutrina processual, diz BEDAQUE7, procura identificar ação como direito ao processo, cujo conteúdo mínimo encontra-se nas garantias constitucionais, talvez como uma forma de superar as divergências teóricas que o tema tem suscitado. Porém, parece-nos que não. O processo veicula a ação, mas direito de ação não é direito ao processo, é, insista-se, direito à obtenção de uma resposta estatal, direito à prestação da atividade jurisdicional. É importante, pois, ter presente a possibilidade de identificar uma ação processual, consistente na provocação que se faz ao Estado para que preste a jurisdição, e uma ação material, que tem como partes autor e réu e que coincide, no mais das vezes, com o conteúdo do processo. 7 Idem, p. 231.
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