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1 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Difração de Raios-X Textura dos Materiais Difração de Raios-X Textura dos Materiais Marco A. Cunha Juan A. Giosa Isabel N. Gonçalves Claudimar P. Santos 2 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Sumário • Introdução à cristalografia – Rede cristalina – Simetria – Índices de Miller 3 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Sumário (cont.) • Princípios de raios-X – Introdução – Radiação eletromagnética – Produção de raios X – Interação feixe de elétrons e alvo metálico – Espectro contínuo – Espectro característico – Absorção – Detecção de raios X – Precauções 4 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Sumário (cont.) • Difração de raios-X – Introdução – Interação raio-X com amostra – Difração de raio-X – Lei de Bragg – Espectroscopia e Difratometria de raio-x – Métodos de Difração de raio-X 5 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Sumário (cont.) • Intensidade do feixe difratado – Fator de estrutura – Cálculo do fator de estrutura – Intensidade difratada – Cálculo de intensidade • Difratômetro de raios-X – Características gerais – Ótica de raios-X – Detectores – Monocromadores 6 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Sumário (cont.) • Aplicações do difratômetro – Análise de fases – Tensão residual • Projeção estereográfica • Representação de textura – Parametrização de orientação – Representação de textura – Textura por difração de raio-X – Textura por EBSD 7 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Introdução à Cristalografia 8 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia 9 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Redes Planas Forma das células Eixos das células eângulos entre eles Nome do sistema reticular que origina 1 Paralelogramo geral ba ≠ º90≠ Oblíqua 2 Com um nó em cada vértice 3 Retângulo Com um nó suplementar no centro ba ≠ º90≠ Retangular 4 Quadrado ba = º90= Quadrática 5 Romboédrico com lados a 60º ba = º120= Hexagonal 10 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Redes Tridimensionais Triclínico Monoclínico (P, C) Ortorrômbico (P, C, I, F) Hexagonal Romboédrico Tetragonal (P, F) Cúbico (P, I, F) 11 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Redes Tridimensionais Nome do sistema reticular que origina Número de redes possíveis nesse sistema Tipos de células Relação entre os lados a, b, c e os ângulos Triclínica 1 P cba ≠≠ γβα ≠≠ Monoclínica 2 P e B ou P e C cba ≠≠ γβα ≠== 090 cba ≠≠ γβα ≠== 090 Ortorrômbica 4 P, C, I, F cba ≠≠ 090=== γβα Tetragonal 2 P, I cba ≠= 090=== γβα Romboédrica 1 P cba == 00 90120 ≠<== γβα Hexagonal 1 P cba ≠= 00 120,90 === γβα Cúbica 3 P, I, F cba == 090=== γβα 12 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Índices de Miller 13 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Estrutura atômica dos sólidos: • Rede de pontos • Motivo 14 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Simetria dos cristais 15 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Simetria dos cristais 16 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Elementos de simetria em redes bidimensionais (Grupos pontuais) Nomenclatura Plano de simetria m Eixos de simetria rotacional 1, 2, 3, 4, 6 17 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Grupos pontuais de três dimensões Eixo de rotação: � Eixo de rotação com eixo (ou eixos) binário normal: �2 Eixo de rotação com plano (ou planos) de simetria paralelo: �� Eixo de rotação-inversão: X Eixo de rotação com plano de simetria normal: �/� ou m X Eixo de rotação-inversão com eixo (ou eixos) binário normal: 2X Eixo de rotação-inversão com plano (ou planos) de simetria paralelo: �X Eixo de rotação com plano de simetria normal e planos de simetria paralelos: �/�� ou �. m X 18 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Elementos de simetria de um cubo 19 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Operações de simetria em três dimensões OPERAÇÕES DE SIMETRIA TRIDIMENSIONAIS Operação Elemento respectivo do que serealiza a operação Símbolo de Herman-Mauguin Inversão respectiva de um ponto Centro de simetria 1 Rotação respectiva de uma linha (eixo) de ordem 2, 3, 4, 6 Eixo de simetria de ordem 2, 3, 4, 6 2, 3, 4 ou 6 Reflexão respectiva de um plano Plano de simetria m Rotoinversão de ordem 2, 3, 4, 6 Eixo de rotoinversão de ordem 2, 3, 4, 6 2 , 3 , 4 , 6 20 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cristalografia Operações de simetria em três dimensões 1. Inversão (0 é o centro de simetria) 3. Reflexão 21 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Princípios de Raio-X 22 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Introdução Obtenção de radiografia do corpo humano Utilização dos raios-X na vida cotidiana. O exemplo mostra a obtenção de radiografia do corpo humano. 23 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Introdução Controle de bagagens em aeroportos Utilização dos raios-X na vida cotidiana. O exemplo mostra o controle de bagagens em aeroportos, através da utilização de raios-X. 24 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Introdução • Raios-X: descobertos em 1895 por um físico alemão Roentgen • Natureza desconhecida (daí o nome de raios-X) • Características: – invisível – propaga em linha reta – tem ação sobre filmes fotográficos – tem poder de penetração > luz (atravessa corpo humano, madeira, metais e outros objetos opacos) Os raios-X foram descobertos por um físico alemão, Roentgen, na Universidade de Wurzburg, na Alemanha. Embora sua natureza não fosse ainda bem conhecida (daí o nome de raios-X), eles foram, devido à alta penetração, quase que imediatamente utilizados para estudar a estrutura interna dos objetos opacos (radiografia). Vários estudos permitiram concluir que: • os raios-X são invisíveis; propagam-se em linha reta (como a luz); tem ação sobre filmes fotográficos (como a luz); possuem alto poder de penetração (maior que o da luz); atravessam corpo humano, madeira, alguns metais e outros objetos metálicos. 25 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Introdução • Com estas características, os raios-X foram imediatamente utilizados principalmente no campo da medicina, através das radiografias • 1912 Von Loue – previu teoricamente que os raios-X poderiam ser difratados por cristais • Bragg (pai e filho): determinaram o retículo cristalino do NaCl, KCl, KBr e KI através da difração de raios-X • Determinação da estrutura cristalina dos materiais Com as características mencionadas anteriormente, os raios-X foram imediatamente utilizados para estudar a estrutura interna dos objetos opacos (radiografias). No Brasil, as primeiras radiografias foram obtidas em meados de março de 1896 na Escola Politécnica do Rio de Janeiro, pelo professor Henrique Morize. Em 1912 von Loue, utilizando a teoria eletromagnética da luz, previu teoricamente que os raios-X poderiam ser difratados pelos cristais. Em seguida, os Bragg (pai e filho) determinaram experimentalmente o reticulado cristalino do NaCl, KCl, KBr e KI por difração de raios-X. É importante ressaltar então que a história da cristalografia se divide em duas partes: antes e após de 1912: antes de 1912, só se estudava a morfologia e após 1912 a estrutura cristalina dos materiais pode ser determinada. A difração de raios-X possibilitou o estudo de detalhes do retículo cristalino, o qual tem dimensõesda ordem de ângstroms, colocando à disposição de pesquisadores e engenheiros, uma ferramenta muito poderosa. 26 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Radiação Eletromagnética Componentes de uma radiação eletromagnética: • campo elétrico (E) e campo magnético (M) • O campo elétrico (E) varia com o tempo e com o espaço H z x y E 1/ν ⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛ −Α=Ε txsin νλπ2 Onde: A: amplitude da onda λ: comprimento de onda ν: freqüência c: velocidade da luz 3.00 x 108 m/s Para um bom entendimento sobre raios-X, são necessários alguns conceitos iniciais sobre radiação eletromagnética. Considere então, uma radiação eletromagnética monocromática, isto é, de um único comprimento de onda, viajando em uma direção x. Há um campo elétrico (E) na direção y e um campo magnético (H) na direção z. Considere agora somente o campo elétrico (E). Se este campo for confinado ao plano xy, então a onda está polarizada. Este campo varia com o tempo e com a distância ao longo do eixo x, através da equação acima. 27 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Radiação Eletromagnética Variação de um campo elétrico E, de uma radiação eletromagnética em função do tempo e da distância 1/ν A t +E -E 1/ν A x +E -E λ Onde: A: amplitude da onda λ: comprimento de onda ν: freqüência c: velocidade da luz 3.00 x 108 m/s νλ c= Graficamente a variação é senoidal, como pode ser vista na Figura, e as principais componentes são: amplitude (A), comprimento de onda (λ) e freqüência (ν). 28 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Raios X: definição • Raios-X: ondas eletromagnéticas da mesma natureza da luz, porém com comprimento de onda da ordem de: • Para investigar estruturas cristalinas (difração) utiliza-se: λ = 0.01 a 100 Å λ = 0,5 a 3,0 Å λ Luz visível ~ 6000 Å 1 Å = 10-8 cm = 10-10 m 1 nm = 10 Å = 10-9 m Como já mencionado, os raios-X são um tipo de radiação eletromagnética da mesma natureza da luz, porém com menor comprimento de onda (λ). A unidade de medida na região dos raios-X é ângstrom, Å, igual a 10-8 cm. Os raios-X variam de 0,01 a 100 Å, porém para investigar estruturas cristalinas utiliza-se 0,5 a 3,0 Å. Cabe ressaltar que a luz visível possui comprimento de onda da ordem de 6000 Å. 29 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Espectro Eletromagnético 1022 1021 1019 1020 1018 1017 1016 1015 1014 1013 1012 1011 1010 109 108 107 106 105 104 103 Raios-X Ultravioleta Raios Gama Infra-Vermelho Ondas Curtas Ondas Longas Freqüência (Hz) Comprimento de Onda, λ 10-3 10-2 1 10-1 10 102 103 104 105 106 107 108 109 1010 1011 1012 1013 1014 1015 1 Ângstron, Å 1 nanômetro, ηm 1 mícron, µm 1 centímetro, cm 1 metro, m 1 quilômetro, km Os raios-X ocupam a região entre os Raios Gama e os Raios Ultravioleta na espectro eletromagnético. Os contornos entre as regiões são arbitrários. 30 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Produção de Raios-X • Como os raios-X são produzidos? Os raios-X são produzidos quando qualquer partícula carregada eletricamente (geralmente elétrons) e com determinada energia cinética, sofre desaceleração. Ou Os raios-X são produzidos quando elétrons com alta velocidade colidem com um alvo metálico. • São produzidos em um ‘Tubo de Raios-X’, que contém uma fonte de elétrons e dois eletrodos. Aplica-se um diferença de potencial entre estes eletrodos e assim, os elétrons são enviados em direção ao alvo metálico. No impacto são gerados os raios-X. Os raios-X são produzidos quando qualquer partícula carregada eletricamente (geralmente elétrons) e com determinada energia cinética, sofre desaceleração, ou de uma maneira mais simplificada, a radiação de raios-X acontece quando elétrons com alta velocidade colidem com um alvo metálico. A emissão de raios-X ocorre em um ‘Tubo de raios-X’, que contém uma fonte de elétrons e dois eletrodos, um anodo (alvo metálico) e um catodo (geralmente um filamento de tungstênio). Aplica-se uma forte diferença de potencial entre os eletrodos permitindo que os elétrons emitidos do catodo, colidam com o alvo metálico. No momento da colisão, os elétrons interagem com o alvo permitindo a emissão de raios-X em todas as direções, porém escapam do tubo através de duas ou mais janelas de berílio. Estas janelas são feitas de berílio pois este material é transparente aos raios-X. 31 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Tubo de Raios-X - Filamento elétrons Parâmetros importantes: Alvo Metálico: Cu, Mo, Fe, Cr, Co Voltagem do Tubo: 20 a 50 kV Corrente do Tubo: 10 a 40 mA Os Tubos de Raios-X podem ser divididos em dois tipos, de acordo com a origem dos elétrons: Tubo de Filamento e Tubo de Gás. Nos Tubos de Gás, os quais foram utilizados pelo Roentgen, os elétrons são produzidos pela ionização de uma pequena quantidade de gás de baixa pressão. Estes tubos não são caros e produzem espectros puros, pois o alvo não é contaminado com materiais evaporados de um filamento aquecido. Porém, a grande desvantagem destes tubos é a difícil operação e hoje são praticamente obsoletos. Os Tubos de Filamento foram inventados por Coolige (1913) e são os mais usados atualmente. Consistem de uma câmara de vidro mantida sob vácuo, contendo um anodo, que é um bloco de cobre com um alvo metálico e um catodo, consistindo de um filamento de tungstênio. A Figura ilustra a estrutura interna deste tipo de Tubo. O filamento é aquecido através da passagem de uma corrente elétrica (~3A) emitindo elétrons que são acelerados através de uma alta voltagem (~ 20 a 50kV). Os elétrons são focados em uma determinada região do alvo, chamada ‘Focal Spot’. Raios-X são emitidos para todas as direções e escapam através de duas ou mais janelas de berílio, que são altamente transparente aos raios-X. A maioria da energia cinética dos elétrons é convertida em calor, menos que 1 % é transformada em raios-X. Por esta razão, o alvo metálico precisa ter um sistema de refrigeração, par evitar sua fusão. A corrente do fluxo de elétrons (corrente do Tubo) é aproximadamente 10 a 40 mA). A vantagem dos Tubos de Filamentos é que se pode melhor controlar a intensidade dos raios-X, porém deve-se fazer uma limpeza periódica do alvo, para eliminar linhas L do tungstênio (contaminação de materiais evaporados do filamento aquecido). 32 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Tubo de Raios-X - Filamento Difratômetro de raios-X - SIEMENS Tubo de raios-X Tubo de raios-X da PHILIPS O slide mostra exemplos de tubos de raios-X em um difratômetro de raios-X da SIEMENS e em detalhe um tubo da PHILIPS. 33 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Interação Feixe Elétrons x Alvo Metálico Raios-X são produzidos no momento do impacto feixe de elétrons x alvo metálico Energia cinética do elétron: 2 2 1 mveVE == Onde: E: energia do elétrone: carga do elétron (1,60 x 10-19 Coulomb) V: voltagem do tubo m: massa do elétron (9,11 x 10-31 kg) v: velocidade do elétron antes do impacto (m/s) Conforme já mencionado, a emissão de raios-X acontece no momento de impacto do feixe de elétrons com o alvo metálico. Se e é a carga do elétron e V é a voltagem entre os eletrodos, então a energia cinética dos elétrons no impacto é dada pela equação apresentada acima. Verifica-se então, através da equação, que é possível correlacionar a energia cinética do elétron e a voltagem do tubo e assim calcular qual a velocidade do elétron no momento antes do impacto. Em um Tubo de 30kV, a velocidade do elétron é aproximadamente 1/3 da velocidade da luz. Como já mencionado, a maioria da energia do elétron é transformada em calor e apenas 1% é convertida em raios-X. 34Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Interação Feixe Elétrons x Alvo Metálico • Quando os elétrons atingem o alvo metálico, eles irão interagir com os átomos deste através dos dois fenômenos: – espalhamento e – fluorescência Quando os elétrons atingem o alvo metálico, eles irão interagir com os átomos deste através dos dois fenômenos: • Fenômeno de Espalhamento • Fenômeno de Fluorescência Ambos os fenômenos irão emitir raios-x com características específicas, mencionadas a seguir. 35 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Espalhamento de elétrons Raios-X Alvo metálico núcleo kLM Elétron do feixe Fenômeno de espalhamento: desaceleração dos elétrons quando atingem um alvo metálico, ou núcleo atômico Considere um átomo consistindo de um núcleo e camadas contendo elétrons (camadas K, L, M...). O fenômeno de espalhamento de elétrons se resume no encurvamento da trajetória de um elétron incidente sobre o núcleo atômico, provocando a emissão de onda eletromagnética. O fóton emitido tem comprimento de onda (λ) da ordem de 2 Å, cuja faixa do espectro das ondas eletromagnéticas chama-se raios-X. 36 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Fluorescência Elétron defletido Elétron arrancado da camada K Transição do elétron da camada L para K, emitindo raios-X Alvo metálico núcleo Alvo metálico núcleo Emissão de raios-X Fenômeno de Fluorescência: salto de elétrons para outros níveis de energia Considere novamente um átomo com um núcleo e camadas contendo elétrons (camadas K, L, M...). Quando um elétron do feixe incidente tiver energia cinética suficiente, ele poderá arrancar um elétron da camada K tornando o átomo excitado, de alta energia. Um dos outros elétrons das camadas adjacentes (L, M...) imediatamente vai preencher a lacuna deixada na camada K. Nesse processo há emissão de energia e o átomo volta ao estado normal. A energia emitida é uma radiação de um comprimento de onda característico e neste caso é uma radiação K característica. Este é o fenômeno de fluorescência. A vacância da camada K pode ser preenchida por um elétron de outra camada, produzindo as linhas: • Kα (elétron vindo da camada L para a camada K) • Kβ (elétron vindo da camada M para a camada K) É mais provável que uma vacância da camada K seja preenchida por um elétron vindo da camada L em relação à camada M, resultando em linhas Kα mais fortes que as linhas Kβ. É também impossível excitar a camada K sem excitar outras camadas. As linhas características L originam em um modo similar; um elétron da camada L é arrancado e um elétron de outra camada preenche a vacância, emitindo radiação eletromagnética (raios-X). Kα K β Lα núcleo 37 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Radiação Emitida • Os raios-X emitidos de um tubo contêm: – espectro contínuo: contendo uma mistura de comprimentos de onda, gerados pela desaceleração dos elétrons. – Espectro característico, contendo comprimento de onda característico do metal do alvo, gerados pelo processo de fluorescência. Conforme já mencionado, a emissão de raios-X acontece no momento de impacto do feixe de elétrons com o alvo metálico. Quando os elétrons atingem o alvo, eles irão interagir com os átomos deste através dos dois fenômenos mencionados anteriormente: espalhamento (desaceleração dos elétrons) e fluorescência (salto para outros níveis de energia). Quando os raios-X emitidos de um tubo de raios-X são analisados, verifica-se que são constituídos de uma mistura de comprimentos de onda e a variação da intensidade com estes comprimentos de onda dependem da voltagem do Tubo. A radiação emitida contém: • espectro contínuo: contendo uma mistura de comprimentos de onda, gerados pela desaceleração dos elétrons. • espectro característico, contendo comprimento de onda característico do metal do alvo, gerados pelo processo de fluorescência. 38 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Espectro Contínuo Espectro de raios-X do Mo como função da voltagem aplicada 1.0 2.0 3.00 In te ns id ad e do s ra io s- X 0 1 2 3 4 5 Comprimento de onda (Å) 10 15 20 radiação contínua 5 λmin ou λ0 Considere um tubo de raios-X com alvo de molibdênio. Vamos aplicar várias voltagens neste tubo e verificar as curvas obtidas: • Aplicando uma voltagem de 5 kV, verifica-se uma intensidade zero à um comprimento de onda mínimo (λmin ou λo) e um aumento rápido a um máximo de intensidade. Após o máximo, verifica-se um decréscimo suave. • Aumentando a voltagem aplicada até 20 kV, a intensidade aumenta e o comprimento de onda mínimo (λmin ou λo) e a posição do máximo se deslocam para comprimentos ainda menores. Estas curvas suaves então são obtidas aplicando uma voltagem de 20 kV ou menos para um tubo com alvo de Mo. A radiação representada por cada curva é chamada de radiação (espectro) contínua ou branca, formada por vários comprimentos de onda. É originada pelo fenômeno de desaceleração de elétrons (espalhamento), como já mencionado. Nem todos os elétrons são desacelerados da mesma maneira, alguns sendo totalmente interrompidos, fornecendo toda a energia no momento da impacto, enquanto outros são desviados do caminho pelo núcleo atômico, perdendo apenas algumas frações de sua energia cinética. O resultado é um mix de comprimentos de ondas. 39 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cálculo do λmin ou λ0 Cálculo do λmin ou λ0 mín cheV λ= νλ e hc mín = V 3 min 1040,12 ×=λ máxheV ν=Energia cinética doelétron Energia máxima doraios-X Considere agora o elétron totalmente interrompido no momento do impacto com o núcleo atômico. Toda a energia cinética do elétron irá se transformar em um fóton de raios-X de maior energia e consequentemente de menor comprimento de onda (λmin ou λo). Com a equação do elétron, é possível calcular o valor do λmin. Esta equação fornece o menor comprimento de onda (em ângstrom) como função da voltagem aplicada. Logo, através desta equação, é possível prever qual a voltagem adequada para produzirmos raios-X de determinada energia ou comprimento de onda. Se um elétron não for completamente interrompido, ele apenas sofrerá uma desaceleração de sua velocidade, então somente uma fração de sua energia eV é transformada em raios-X. Esta radiação será menor que hνmax e consequentemente o comprimento de onda será maior que λmin. A totalidade destes comprimentos constituem o espectro contínuo. A distribuição do espectro contínuo depende apenas da voltagem do tubo (verificar a equação) porém a intensidade depende da corrente do tubo e do número atômico. A intensidade é dada por: onde: A: constante m:constate ~2 i: corrente do tubo Z: número atômico do alvo m ntínuoespectroco ViI ΖΑ= 40 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Espectro Característico 1.0 2.0 3.00 In te ns id ad e do s ra io s- X 0 1 2 3 4 5 6 Comprimento de onda (Å) 10 15 20 25 kV kα kβ radiação característica radiação contínua 5 Espectro de raios-X do Mo como função da voltagem aplicada Quando a voltagem de um tubo de raios-X é aumentada acima de um valor crítico, característico de cada metal, um pico com intensidade máxima aparece a um certo comprimento de onda, superpondo o espectro contínuo. Uma vez que estes picos são muito estreitos e o comprimento de onda é característico do alvo, eles são chamados de linhas características ou espectros característicos. Estas linhas, ou energia, são referentes ao fenômeno de fluorescência, ou salto dos elétrons para outros níveis de energia. Na Figura do slide, a linha característica refere-se às linhas Kα (elétron vindo da camada L para a camada K) e Kβ (elétron vindo da camada M para a camada K) doMolibdênio. 41 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Linhas K • As linhas K são as radiações mais utilizadas na difração • Tipos de Linha K mais importantes: Kα1 Kα2 e Kβ2 Espectros característicos do Mo para 35 kV. O lado direito da escala foi expandida e mostra o dubleto Kα1 Kα2 0.72 kα kβ kα1 kα2 Comprimento de onda (Å) In te ns id ad e 0.2 0.4 1.00.6 0.8 0.70 0.71 20 0 10 30 50 40 70 60 Geralmente, somente as linhas k são úteis para difração de raios-x, sendo que as linhas de maior comprimento de onda podem ser absorvidas por outros materiais. Há diversos tipos de linha K, porém as mais importantes são: Kα1, Kα2 e Kβ1. Os componentes α1 e α2 possuem comprimento de onda muito próximos que nem sempre são apresentados como linhas diferentes; se forem linhas diferentes são chamados Kα dubleto e se iguais, são chamadas simplesmente Kα. Kα1 é geralmente duas vezes maior que Kα2 e a razão Kα1/ Kβ1 depende do número atômico, mas é da ordem de 5/1. A Figura mostra o espectro do Mo à 35kV em uma escala vertical, ilustrando as linhas características Kα1, Kα2 e Kβ1. 42 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade das Linhas K • Aumentando a voltagem do Tubo de Raios-X, há um aumento da intensidade das linhas K, porém não há variação do comprimento de onda. • Intensidade depende da corrente do tubo e da voltagem n klineK VVBiI )( −= Onde: I: intensidade da linha K B: constante i: corrente do tubo n: constante ~ 1.5 V: voltagem do tubo Vk: voltagem mínima para excita a linha K Aumentando a voltagem do Tubo de raios-X acima de uma voltagem crítica (para o Mo a voltagem crítica é 20,01kV), há um aumento na intensidade das linhas características, porém nunca ocorre variação no comprimento de onda. A intensidade depende da corrente do Tubo e da voltagem aplicada. A equação mostra esta relação. Para um alvo de Cu, por exemplo, a linha Kα tem uma intensidade 90 vezes maior que o comprimento de onda adjacente no espectro contínuo. A existência de linhas estreitas e fortes, permite o grande uso da difração de raios-X, pois muitos experimentos de raios-X requerem o uso de radiação monocromática. 43 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Exemplos de Linhas K Elemento kα ∗ kα1 kα2 kβ Cr 2.29100 2.29361 2.28970 2.08487 Fe 1.93736 1.93998 1.93604 1.75661 Co 1.79060 1.79285 1.78897 1.62075 Cu 1.54184 1.54439 1.54056 1.39222 Mo 0.71073 0.71359 0.70930 0.63229 * média ponderada entre Kα1 e Kα2 Comprimento de Onda (Å) das Linhas K A Tabela mostra as linhas k mais usadas em difração. Como pode-se notar, os comprimentos de onda mais utilizados estão na faixa 0,5 a 3,0 Å, ou seja, da ordem dos espaçamentos interplanares. 44 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Absorção de Raios-X I0 I µ l x xeII µ−= 0 Onde: I0:intensidade incidenteI: intensidade transmitidaµ: coeficiente de absorção linear x: espessura efetiva do material Considere um feixe de raios-X incidindo sobre um material: O que será discutido agora, é a interação de raios-X com outros materiais. Quando um feixe de raios-X intercepta um determinado material, ele parcialmente pode ser absorvido ou parcialmente transmitido. Considere a Figura acima. Se um feixe de raios-X incidir sobre um material com intensidade I0, o feixe que emergirá na mesma direção terá intensidade I dada pela equação acima. A absorção de fótons de raios-X por um material pode ser através dos fenômenos de espalhamento e fluorescência, semelhante à interação dos elétrons com os materiais. O coeficiente de absorção µ, é dependente da densidade do material e do comprimento de onda dos raios-X incidentes. 45 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Absorção de Raios-X 0.5 1.00 1.5 2.0 2.5 200 100 300 400 0 λ (Å) C oe fic ie nt e de ab so rç ão -µ (c m ) Aresta de absorção A maneira pelo qual o coeficiente de absorção varia com o comprimento de onda do feixe de raios-X incidente, pode ser mostrado através de um gráfico. A Figura, apresenta este comportamento para o Níquel, pois é um material muito utilizado. Analisando o gráfico, verifica-se que a curva consiste de duas partes separadas por uma descontinuidade chamada de Aresta de Absorção. Para pequenos comprimentos de ondas, há absorção dos raios-X; para λ variando de 1,0 a ~1,5, há alta absorção e de 1,5 a 2,0 há baixa absorção. A descontinuidade é a energia necessária para arrancar um elétron da camada K. Assim, utilizando estas propriedades dos materiais, podemos modificar, ou melhor, monocromatizar um feixe de raios-X produzidos por um determinado alvo. É o que será discutido a seguir. 46 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Absorção de Raios-X Níquel Tubo de Cobre Raios-X monocromatizado Raios -X 1.2 1.81.4 1.6 λ (Å) In te ns id ad e de R ai os -X Kα Kβ 1.2 1.81.4 1.6 λ (Å) Kα Kβ Espectro contínuo do Cobre Coeficiente de absorção do Níquel λ (Å) 1.2 1.81.4 1.6 Kα Muitos experimentos de difração requerem radiação os quais devem ser monocromáticas. No entanto, a radiação de um tubo de raios-X operando acima de uma voltagem crítica, contem não somente as linhas Kα, mas também mas também as linhas Kβ e o espectro contínuo, indesejáveis nas análises. A intensidade dessas linhas indesejáveis pode ser diminuída passando o feixe de raios-X através de um filtro feito de um determinado material que absorva estas linhas e deixe passar apenas a linha Kα. O efeito da filtração é mostrado no slide, onde tem-se um tubo de Cu e um filtro de Ni. O espectro original é parcialmente filtrado e a radiação final é monocromática. Os filtros são geralmente utilizados na forma de placas finas.Como já mencionado, isto é muito importante para as análises de difração dos materiais, onde deseja-se uma radiação monocromática. 47 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Absorção de Raios-X - Filtros Cr Fe Co Cu Mo 2.294 1.94 1.793 1.544 0.714 2.29 1.936 1.789 1.541 0.709 2.085 1.757 1.621 1.392 0.632 � �� �� �� �� 2.269 1.896 1.743 1.488 0.688 g/cm2 1.009 0.012 0.014 0.019 0.069 mm 0.016 0.016 0.018 0.021 0.108 0.5 0.46 0.44 0.4 0.31 Material do Filtro Espessura do filtro Espessura Comprimento de onda Alvo Kα2 (Å) Kα1 (Å) Kβ (Å) λk (Å) Fração de Kα1 transmitido 600 1= α β k k I I Filtros: são feitos de materiais cujas linhas de absorção caem entre os comprimentos de onda Kα e Kβ do metal alvo Estes materiais têm, normalmente, número atômico 1 ou 2 menos que o alvo metálico Os filtros são geralmente utilizados na forma de placas finas. A Tabela apresenta os filtros mais utilizados em conjunto com vários alvos metálicos, a espessura requerida e o fator de transmissão para a linha Kα. 48 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detecção de Raios-X Os raios-x podem ser detectados através de: • Telas fluorescentes • Filmes fotográficos • Detectores Os principais meios utilizados para detectar os raios-X são telas fluorescentes, filmes fotográficos e detectores. As telas fluorescentes são feitas de um fina camada de sulfeto de zinco, contendo traços de níquel. Sob ação dos raios-X, tais compostos fluorescem na região do visível, isto é, emite luz amarela. Filmes fotográficos são afetados por raios-X da mesma maneira que a luz visível. No entanto, os filmes para detectar raios-X possuem camadas de emulsão mais espessas para permitir uma maior absorção de raios-X. Detectores são aparelhos que convertem raios-X em um pulso de corrente elétrica e o número desses pulsos por unidade de tempo é proporcional à intensidade dos raios-X. 49 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais PrecauçõesO operador de um equipamento de raios-X deve tomar as seguintes precauções: • choque elétrico • exposição à radiação O técnico de um equipamento de raios-X é exposto a dois grandes perigos: choque elétrico e radiação, mas ambos são bem controlados nos equipamentos modernos. Choque elétrico é sempre um risco nos equipamentos que utilizam alta voltagem. OS equipamentos de raios-X são construídos para que o operador utilize o mesmo com grande segurança. O problema de radiação é devido ao fato de que raios-X matam o tecido humano; na verdade esta é a propriedade utilizada na terapia com raios-X para eliminar células do câncer. Os efeitos biológicos podem ser queimaduras, mutações genéticas etc. Pequenas exposições não são cumulativas, mas acima de um certo nível, chamada de ‘dose de tolerância’, eles tem efeito cumulativo no organismo. O grande problema é que os raios-X são invisíveis e não causam sensação de queimadura. Existem detectores portáteis utilizados para controlar o nível de raios-X do ambiente e assim pode-se trabalhar com mais segurança. Novamente é importante ressaltar que os equipamentos modernos apresentam um grande nível de segurança, sem causar riscos ao operador. 50 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Difração de Raios-X 51 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Introdução Difração de Raios-X Identificação dos compostos cristalinos Orientação Cristalográfica A difração de raios-X é muito importante na análise microestrutural dos materiais. Esta técnica permite a identificação de compostos cristalinos assim como fornece detalhes a respeito do tamanho, perfeição e orientação dos cristais. A identificação dos compostos cristalinos e a orientação cristalográfica, provavelmente serão as principais demandas do Centro de Pesquisa. 52 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Interação Raios-X x Amostra Feixe de raios-X monocromático, I0 Absorção Feixe transmitido, I calor elétrons Raios-X fluorescente Raios-X espalhados • Coerentes • Incoerentes Para entender o fenômeno de difração, é necessário entender o que ocorre quando um feixe de raios-X incide sobre uma amostra. Quando um feixe de raios-X monocromático atinge um átomo, ou uma amostra, vários processos ocorrem, como pode ser visto na Figura acima. Absorção: A amostra pode absorver raios-X incidente, que depende do comprimento de onda do raios-X e a intensidade do feixe transmitido ma mesma direção depende da espessura efetiva da amostra. Elétrons da amostra: da mesma forma que um feixe incidente de elétrons pode arrancar um elétron de uma amostra (fenômeno que ocorre no tubo de raios-X, por exemplo), um feixe de raios-X também pode arrancar um elétron de uma amostra (por exemplo um elétron da camada k) e provocar assim a fluorescência da amostra. Logo, o raio-X emitido da amostra devido ao efeito da fluorescência não é o mesmo raios-X do feixe, mas é característico da amostra. Este fenômeno de fluorescência causado por raios-X é explorado nos espectrômetros de fluorescência. Raios-X espalhados: Ao mesmo tempo que ocorre absorção, emissão de elétrons e fluorescência, em outras direções estará havendo emissão de raios-X do feixe incidente que poderá ser do mesmo comprimento de onda do feixe incidente ou não. Este fenômeno será discutido em seguida. Calor: quando um feixe de raios-X atravessa uma amostra, também poderá ocorrer alteração da temperatura. 53 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Interação Raios-X x Amostra Feixe de raios-X incidente Emissão esférica Átomo do material Raios-X Coerentes átomos Como todos sabem, os materiais são construídos por átomos que por sua vez compõem- se de núcleo carregado positivamente e elétrons negativamente. Por outro lado, uma onda eletromagnética compõe-se de um campo elétrico e um campo magnético. Portanto, qualquer carga pode perceber uma onda eletromagnética através da interação com esse campo elétrico. Como o raios-X tem comprimento de onda relativamente pequeno e, portanto, alta freqüência, somente os elétrons percebem tal excitação. O núcleo é pesado demais para responder a tão alta freqüência. Assim, cada elétron do material receberá sobre si o feixe de raios-X, vibrará correspondentemente e reemitirá raios-X na mesma freqüência recebida, só que agora cada átomo será uma fonte de emissão esférica (lembre-se que carga acelerada emite onda eletromagnética). A Figura representa o fenômeno de espalhamento dos raios-X. O feixe de raios-X espalhados tem o mesmo comprimento de onda do feixe incidente e é chamado de raios- X Coerentes. O feixe espalha-se por todas as direções. 54 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Interação Raios-X x Amostra Raios-X Incoerentes hν2 < hν1 Raios-X: hν1 elétron Raios-X: hν2 elétron Antes do impacto Depois do impacto Há um outro tipo de espalhamento de raios-X que ocorre quando um feixe desta onda atinge uma amostra. Este tipo ocorre quando elétrons fracamente ligados ao núcleo são atingidos por um feixe de raios-X com determinada energia incidente. Na colisão os raios-X perdem energia e o elétron é arrancado do átomo (elétron emitido). O raio-X apresenta um comprimento de onda diferente do feixe incidente. Estes raios-X não são utilizados para a difração e são denominados de radiação incoerente. 55 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Interação Raios-X x Amostra P ponto de interesse r1 r2 Raio-X incidente Suponha agora que o nosso interesse seja calcular qual a intensidade de raios-X espalhados que chega em um ponto do espaço, proveniente desse material irradiado. Bem, podemos resolver este problema usando a teoria de superposição de ondas. Somamos as amplitudes das ondas que chegam no ponto de interesse, levando em consideração as diferenças de fase devido as posições, relativas entre cada fonte e também devido ao atraso de recebimento de feixe incidente por cada fonte. Como é de se esperar, podemos ter em P interferência construtiva ou destrutiva. 56 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Superposição de Ondas Total = 7λ Total = 7λ + 1/4 λ O fenômeno de difração é devido essencialmente à existência de certas relações de fase entre duas ou mais ondas. Considere um feixe de raios-X (feixe 1) viajando da esquerda para a direita. Por conveniência assume-se que este feixe está polarizado. Imaginemos agora que este feixe é composto por duas partes (feixes 2 e 3), cada um com metade da amplitude do feixe 1. No ponto A, os dois feixes estão completamente em fase, isto é, seus vetores de campo elétrico, têm a mesma amplitude e direção no mesmo instante. Considere agora um experimento imaginário, no qual os feixes 2 e 3 percorrem caminhos diferentes. No ponto B o feixe 2 tem um máximo da amplitude, porém o feixe 3 tem amplitude zero. Os dois feixes estão, então, fora de fase e a amplitude do feixe 1 em B é calculada através da equação de onda e é diferente da amplitude em A. Duas conclusões podem ser tiradas: • Diferenças do caminho percorrido pode levar a diferenças de fases • A diferença de fases produz variação na amplitude. Medindo a diferença de fase em comprimentos de onda, λ, duas ondas estarão completamente em fase se a diferença de caminho percorrido for um número interior de comprimento de ondas. 57 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Difração de Raios-X Raios-X incidentes Raios-X transmitido s 2θ Raios-X difratados Material cristalino (átomos distribuídos periodicamente) Baseando nos princípios básicos dos fenômenos ondulatórios se observa um fenômeno muito interessante. O que acontecerá no caso de incidirmos um feixe de raios-X sobre um material policristalino, ou seja, que apresenta uma distribuição ordenada, periódica de seus átomos no espaço, eque tenha uma distância interatômica da ordem do comprimento de onda desse raios-X? Ocorrerá o fenômeno de difração. Do mesmo modo que antes cada átomo reemitirá e agora pelo fato de que estes átomos estão distribuídos periodicamente no espaço, somente haverá interferência construtiva em certas direções bem definidas e interferência destrutiva para as direções restantes. 58 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Difração de Raios-X plano normal Raios-X incidentes d θ θ θ θ P O Q 1 1´ K 2 2´ Raios-X difratados Sólido cristalino Vamos considerar o fenômeno de difração de raios-X de uma maneira mais geométrica. Considere um feixe monocromático de raios-X, com comprimento de onda λ, incidindo com um ângulo θ em um conjunto de planos cristalinos com espaçamento d. Só ocorrerá reflexão, isto é, interferência construtiva, se a distância extra percorrida por cada feixe for um múltiplo inteiro de λ. Por exemplo, o feixe difratado pelo segundo plano de átomos percorre uma distância PO + OQ a mais que o feixe difratado pelo primeiro plano de átomos. A condição para que ocorra interferência construtiva é: PO + OQ = nλ = 2d sen θ onde n= 1, 2, 3, 4... Esta equação é conhecida como Lei de Bragg e os ângulos θ para os quais ocorre difração são chamados ângulos de Bragg. Fica claro, pela equação, que as direções para as quais ocorre difração (interferência construtiva) são determinadas pela geometria do reticulado. 59 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Lei de Bragg 1 2 plano normal d θ θ θ θ P O Q 1´ K 2´ PO + OP = nλ d senθ + d sen θ = nλ 2d sen θ = n λ n λ = 2d sen θ Lei de Bragg Diferença de caminho para os raios: 11´e 22´é: A Lei de Bragg é uma condição geométrica que o arranjo cristalino deve satisfazer em primeiro lugar, para que possamos ter difração do feixe incidente. 60 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Lei de Bragg 2d sen θ = n λ Como sen θ < 1, então: 1sen 2 <= θλ d n nλ < 2d Como o menor n é 1, então: λ < 2d Podemos utilizar radiação com Podemos utilizar radiação com λλ < 6 < 6ÅÅ, pois a, pois a maioria dos smaioria dos sóólidos cristalinos apresentam d ~3lidos cristalinos apresentam d ~3ÅÅ A difração geralmente ocorre quando o comprimento de onda é da ordem da distância interplanar, d. Este requisito sai da Lei de Bragg, conforme mostra o slide. Para a maioria dos cristais, d é da ordem de 3Å ou menos, o que significa que λ não pode exceder 6Å. Um cristal não poderia ser difratado por uma radiação ultravioleta, de comprimento de onda da ordem de 500 Å. Por outro lado, se λ é muito pequeno, o ângulo de difração é muito pequeno para ser medido. 61 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Comparação Espelho x Cristal θ1 θ1θ2 θ2 espelho Luz visível (λ) θ1θ2 θ2 cristal Raios-X (λ) Em um primeiro instante, podemos ser levados a fazer um paralelismo com a reflexão da luz visível por um espelho, porém olhe a diferença fundamental. A reflexão, por um espelho, da luz visível não obedece a uma lei de Bragg e portanto para qualquer θ, independente de λ sempre teremos reflexão no mesmo ângulo θ. Para a difração de raios-X por um cristal, a reflexão é discreta. Veja o slide. 62 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Espectroscopia e Difratometria de Raios-X Experimentalmente, a Lei de Bragg pode ser utilizada através de dois caminhos: • utilizando raios-X de comprimento de onda conhecido e medindo θ, podemos determinar o espaçamento d de vários planos em um cristal; esta é a ananáálise microestruturallise microestrutural. • Alternativamente, podemos usar um cristal com planos d conhecidos, medir θ e então determinar o comprimento de onda de uma radiação: isto é espectroscopia de raios-X.espectroscopia de raios-X. Esta técnica é utilizada para determinar os espectros de emissão dos materiais e também a densidade dos materiais. Experimentalmente, a Lei de Bragg pode ser utilizada em experimentos, através de dois caminhos: • utilizando raios-X de comprimento de onda conhecido e medindo θ, podemos determinar o espaçamento d de vários planos em um cristal; esta é a análise microestrutural. • Alternativamente, podemos usar um cristal com planos d conhecidos, medir θ e então determinar o comprimento de onda de uma radiação: isto é espectroscopia de raios-X. Esta técnica é utilizada para determinar os espectros de emissão de raios-X dos materiais e também para determinar a densidade dos materiais. 63 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Espectroscopia e Difratometria de Raios-X DifratômetroDifratômetro:: T: tubo de raios-X C: amostra Espectrômetro:Espectrômetro: T: amostra C: cristal de estrutura conhecida O slide mostra o esquema de um difratômetro e de um espectrômetro. 64 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Difratograma de Raios-X Exemplos de difratogramas obtidos para material cristalino e amorfo 2θ 2θ O slide mostra exemplos de difratogramas obtidos para um material cristalino e um material amorfo. 65 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Métodos de Difração de Raios-X Existem três métodos principais de Difração de Raios-X: Método de Laue variável fixo Método do Cristal Girante fixo variável (parcialmente) Método do Pó (Debye-Scherrer) fixo variável λ θ Existem três métodos principais de difração de raios-X: • Método de Laue • Método do Cristal Girante • Método do Pó ( Debye Scherrer) Os dois primeiros métodos são utilizados para estudar monocristais, o que não é aplicado na ACESITA. O método do pó se aproxima mais dos interesses do Centro de Pesquisa. 66 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade do Feixe Difratado 67 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade do feixe difratado • Fatores que afetam a intensidade relativa do feixe difratado – Fator de multiplicidade – Fator de Lorentz – Fator de polarização – Fator de absorção – Fator de temperatura – Fator de estrutura 68 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade do feixe difratado (cont.) • Fator de multiplicidade – Refere-se à proporção relativa de planos contribuindo para a mesma reflexão e que entram na equação de intensidade; – Pode ser definido como sendo o número de diferentes planos que têm o mesmo espaçamento. – Exemplo: Sistema cúbico - planos {100} Fator de multiplicidade Æ 6 Sistema Planos Cristalino hkl hhl 0kl 0kk hhh 00l Cúbico 48 24 24 12 8 6 )100(),010(),001(),001(),010(),100( Fatores de multiplicidade para vários sistemas cristalinos Informações mais detalhadas podem ser encontradas no livro do Cullity, “Elements of X-Ray Diffraction”. Sistema Planos Cristalino hkl hhl 0kl 0kk hhh 00l Cúbico 48 24 24 12 8 6 Hexagonal e hk.l hh.l 0k.l hk.0 hh.0 0k.0 00.l Romboédrico 24 12 12 12 6 6 2 hkl hhl 0kl hk0 hh0 0k0 00l Tetragonal 16 8 8 8 4 4 2 hkl 0kl h0l hk0 h00 0k0 00l Ortorrômbico 8 4 4 4 2 2 2 hkl h0l 0k0 Monoclínico 4 2 2 hkl Triclínico 2 69 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade do feixe difratado (cont.) • Fator de Lorentz – É um fator de correção geométrico que influencia a intensidade do feixe refletido. – É dado por: • Fator de polarização – É um fator de correção geométrico utilizado devido ao feixe incidente não ser polarizado. – É dado por: )2cos1( 2 1 2 θ+ θθ cossin4 1 2 Os fatores de Lorentz e polarização não são usados em separado, ou seja, normalmente eles são combinados formando o fator de Lorentz-polarização, que é dado por: Onde: θ - ângulo de Bragg. Na equação acima está omitida a constante 1/8. O efeito global destes fatores geométricos é diminuir a intensidade das reflexões em ângulos de Bragg intermediários.θθ θ cossin 2cos1 2 2+ 70 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade do feixe difratado (cont.) • Fator de absorção – Afeta as intensidades dos raios difratados; – Absorção depende do material (amostra); – Amostras planas: • O volume irradiado da amostra é constante e independente do ângulo θ; • Quanto maior o coeficiente de absorção da amostra menor a intensidade do feixe difratado; • Absorção diminui as intensidades de todos os feixes difratados por um mesmo fator e, portanto, não entra no cálculo das intensidades relativas. No caso de amostras cilíndricas, o cálculo do fator de absorção é muito difícil sendo negligenciado no cálculo da intensidade quando o método de Debye- Scherrer é usado. 71 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade do feixe difratado (cont.) • Fator de temperatura – Átomos não são pontos fixos Æ Vibração térmica; – Vibração térmica • aumenta com o aumento da temperatura; • causa expansão das células unitárias (altera d); • diminui a intensidade do feixe difratado; • aumenta o background (devido ao espalhamento coerente); – É um fator muito difícil de ser calculado; – Pode ser ignorado em alguns casos. A vibração térmica causa espalhamento coerente em todas as direções contribuindo somente para o background, ou seja, a vibração térmica aumenta o background. O espalhamento coerente em todas as direções é chamado de temperature-diffuse scattering. A intensidade do background aumenta gradualmente com 2θ. O efeito da vibração é mais pronunciado para materiais com baixo ponto de fusão. Para amostras cilíndricas o efeito da temperatura e o efeito da absorção dependem do ângulo de maneira oposta, ou seja, como aproximação o efeito de um cancela o efeito do outro. A amplitude média da vibração atômica não é função apenas da temperatura. Ela depende também da constante elástica do cristal. 72 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade do feixe difratado (cont.) • Fator de estrutura – Depende de: • número de átomos na célula unitária • posição dos átomos • tipo de átomos • fator de espalhamento dos átomos – Determina qual plano vai dar difração (interferência construtiva) 73 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Fator de Estrutura – O fator de estrutura é dado por: Onde: fej - fator de espalhamento do átomo j xj - posição do átomo em relação ao eixo X yj - posição do átomo em relação ao eixo Y zj - posição do átomo em relação ao eixo Z ∑ = ++= N 1j )lzkyhi(x2 jhkl jjjefeF π 74 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cálculo do fator de estrutura • Cálculo do fator de estrutura para o Ferro C.C.C. – Número de átomos na célula: N = 1 + 8 * 1/8 = 2 – Posições: (0 0 0) e (½ ½ ½) – Fator de estrutura: )l 2 1k 2 1h 2 1i(2 Fe )0l0ki(0h2 Fehkl efeefeF ++++ += ππ )e1(feF )lki(hFehkl +++= π ∑ = ++= N 1j )lzkyhi(x2 jhkl jjjefeF π 75 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cálculo do fator de estrutura (cont.) Tem-se que: eiπ(h+k+l) = cos[π(h+k+l)] + i sen[π(h+k+l)]; h k l inteiros Então: sen[(h+k+l)π] = 0 Æ eiπ (h+k+l) = cos[(h+k+l)π] Conclusão: Só vai haver raia quando (h+k+l) for um número par Conclusão: Só vai haver raia quando (h+k+l) for um número par h2+k2+l2 h k l h+k+l 1 1 0 0 1 1 + cos 1 π = 1 + -1 = 0 0 2 1 1 0 2 1 + cos 2 π = 1 + 1 = 2 2 fe 3 1 1 1 3 1 + cos 3 π = 1 + -1 = 0 0 4 2 0 0 2 1 + cos 2 π = 1 + 1 = 2 2 fe 5 2 1 0 3 1 + cos 3 π = 1 + -1 = 0 0 6 2 1 1 4 1 + cos 4 π = 1 + 1 = 2 2 fe 8 2 2 0 4 1 + cos 4 π = 1 + 1 = 2 2 fe 9 2 2 1 5 1 + cos 5 π = 1 + -1 = 0 0 9 3 0 0 3 1 + cos 3 π = 1 + -1 = 0 0 10 3 1 0 4 1 + cos 4 π = 1 + 1 = 2 2 fe 11 3 1 1 5 1 + cos 5 π = 1 + -1 = 0 0 Fhkl1 + cos(h+k+l)π Relações úteis: enπi= -1 se “n” é ímpar enπi= +1 se “n” é par 76 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Intensidade difratada • A intensidade do feixe difratado é dada por: Onde: Sendo: I0 - intensidade do feixe incidente m - fator de multiplicidade F - fator de estrutura F* - conjugado do fator de estrutura LP - fator de Lorentz - Polarização FT - fator de temperatura FTLPFFmII *hklhklhkl0hkl ×××××= θθ θ cossen 2cos1LP 2 2+= 2 hkl * hklhkl FFF =× 77 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cálculo de intensidade • Cálculo da intensidade difratada para o NaCl – λ (Cu Kα) = 1,54Å – aNaCl = 5,6402Å – Sistema cúbico – Número de átomos na célula Na: 6 * 1/2 + 8 * 1/8 = 3 + 1 = 4 Cl: 12 * 1/4 + 1 = 3 + 1 = 4 N = 8 – Posições Na: (000)(½½0)(½0½)(0½½) Cl: (½00)(0½0)(00½)(½½½) 78 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cálculo de intensidade (cont.) hkl; aNaCl Æ dhkl dhkl; λ Æ θBragg θ, λ Æ fe Æ Fhkl Æ Ihkl FTLPFmII 2hklhkl0hkl ××××= h2+k2+l2 h k l 1 1 0 0 0 2 1 1 0 0 3 1 1 1 4 fe Na - 4 fe Cl 4 2 0 0 4 fe Na + 4 fe Cl 5 2 1 0 0 6 2 1 1 0 8 2 2 0 4 fe Na + 4 fe Cl 9 2 2 1 0 9 3 0 0 0 10 3 1 0 0 11 3 1 1 4 fe Na - 4 fe Cl 12 2 2 2 4 fe Na + 4 fe Cl 13 3 2 0 0 14 3 2 1 0 16 4 0 0 4 fe Na + 4 fe Cl 17 3 2 2 0 17 4 1 0 0 18 3 3 0 0 18 4 1 1 0 19 3 3 1 4 fe Na - 4 fe Cl 20 4 2 0 4 fe Na + 4 fe Cl Fhkl 79 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais h2+k2+l2 h k l d θ (senθ)/λ Fhkl m LP Ihkl (/I0 FT) Ihkl/Imax*100 Bragg =1/(2d) Na Cl (calculado) 3 1 1 1 3,2564 13,68 0,1535 8,85 13,35 -18 8 32,9 85347 8,63 4 2 0 0 2,8201 15,85 0,1773 8,46 12,24 82,8 6 24,0 988843 100,00 8 2 2 0 1,9941 22,71 0,2507 7,45 10,4 71,4 12 10,9 663859 67,13 11 3 1 1 1,7006 26,92 0,2940 6,85 9,52 -10,68 24 7,4 20188 2,04 12 2 2 2 1,6282 28,22 0,3071 6,56 9,18 62,96 8 6,6 210080 21,25 16 4 0 0 1,4101 33,10 0,3546 5,98 8,68 58,64 6 4,7 96041 9,71 19 3 3 1 1,2940 36,52 0,3864 5,4 8,18 -11,12 24 3,8 11316 1,14 20 4 2 0 1,2612 37,63 0,3965 5,25 8,05 53,2 24 3,6 244989 24,78 24 4 2 2 1,1513 41,98 0,4343 4,89 7,81 50,8 24 3,0 188317 19,04 27 3 3 3 1,0855 45,18 0,4606 4,53 7,57 -12,16 8 2,8 3335 0,34 f.e. (tabelado) Cálculo de intensidade (cont.) 80 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cálculo de intensidade (cont.) Difratograma ilustrativo para o NaCl (Cu Kα ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2θ In te ns id ad e 111 200 220 311 222 400 331 420 422 333 Difratograma ilustrativo para o NaCl (Cu Kα ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2θ In te ns id ad e 111 200 220 311 222 400 331 420 422 333 81 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Cálculo de intensidade (cont.) Comparação entre difratograma ilustrativo e real. Difratograma ilustrativo para o NaCl (Cu Kα ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2θ In te ns id ad e 111 200 220 311 222 400 331 420 422 333 Difratograma ilustrativo para o NaCl (Cu Kα ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 20 30 40 50 60 70 80 90 100 2θ In te ns id ad e 111 200 220 311 222 400 331 420 422 333 Espectro de difração do NaCl na forma de pó. Radiação de Cu. Filtro de Ni. A intensidade do background é devido às seguintes causas: _ Radiação fluorescente emitida pela amostra; _ Difração do espectro contínuo; _ Espalhamento difuso da amostra; _ Difração e espalhamento de outros materiais (colimador, ar, suporte da amostra) além da amostra. Cartão JCPDS para o NaCl 82 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Difratômetro de Raios-X 83 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Difratômetro de raios-X • É um instrumento usado paraestudo de materiais cristalinos através de medidas da maneira como eles difratam raios-X de comprimentos de onda conhecidos. • Exemplo comercial: – Difratômetro Shimadzu 84 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Características gerais Onde: A, B - Fendas especiais C - Amostra E - Suporte para contador e fendas de recepção F - Fenda de recepção G - Contador (detector) H - Suporte da amostra K - Escala graduada O - Eixo do difratômetro S - Fonte de raios-X (tubo) T - Alvo do tubo de raios-X Os suportes E e H são acoplados mecanicamente de forma que a rotação de x graus da amostra é acompanhada da rotação de 2x graus do detector. Este acoplamento assegura que o ângulo de incidência e o de reflexão serão iguais à metade do ângulo de difração. Num difratômetro, as linhas de difração são medidas uma após a outra. Portanto, é necessário manter a intensidade do feixe de raios-X incidente constante para que as intensidades relativas das linhas de difração possam ser medidas corretamente. 85 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Características gerais (cont.) • Essencialmente, é usado radiação monocromática. • Considerações importantes na escolha da radiação a ser utilizada – o comprimento de onda característico usado não deve ser menor que a linha de absorção K da amostra para evitar radiação fluorescente – a diminuição do comprimento de onda desloca as linhas de difração para menores ângulos de Bragg e aumenta o número total de linhas de difração • Radiações características usadas na difração de raios-X • Mo Kα, Cu Kα, Co Kα, Fe Kα, Cr Kα Dentre todas as radiações, a Cu Kα é geralmente a mais útil. Entretanto, ela não pode ser utilizada para materiais ferrosos porque ela causa radiação fluorescente do ferro na amostra. 86 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Ótica de raios-X • Teorema geométrico: – Todos os ângulos inscritos em um círculo e localizados sobre o mesmo arco são iguais um ao outro e iguais à metade do ângulo formado no centro do círculo pelo mesmo arco. 87 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Ótica de raios-X (Cont.) • Geometria focalizadora para amostras planas Forward refletion Back reflection Para qualquer posição do contador, a fenda de recepção F e a fonte de raios-X S estão sempre localizados no círculo do difratômetro. Isto significa que a superfície da amostra é sempre tangente ao círculo focalizador centrado na normal à amostra e que passa por F e S. A principal razão para o uso de amostras planas é tirar vantagem da focalização e aumentar a intensidade de feixes difratados fracos para um ponto onde eles podem ser medidos corretamente. O raio do círculo focalizador não é constante, ou seja, ele aumenta à medida que o ângulo 2θ diminui. Para se obter um foco perfeito em F é necessário que a amostra seja curvada para se ajustar ao círculo mas esta medida não é prática por causa da mudança do raio de curvatura do círculo, o que causa um alargamento do feixe difratado em F. 88 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Ótica de raios-X (Cont.) • Desenho ilustrativo do arranjo relativo de fendas em um difratômetro. 89 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Ótica de raios-X (Cont.) • Monocromador no difratômetro – É usado em problemas que requerem um feixe incidente estritamente monocromático para que os efeitos a serem medidos não sejam “mascarados” pelo espectro contínuo. Os raios-X que saem da fonte S são difratados pelo cristal curvo e cortado M para um foco em S’(fonte virtual de raios-X), localizado no círculo do difratômetro, e depois divergem para a amostra C. Após difração na amostra os raios-X são focalizados na fenda de recepção F do contador. 90 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Ótica de raios-X (Cont.) • Posicionamento do monocromador no difratômetro Feixe difratado Feixe incidente 91 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores • Os principais meios usados para detectar feixes de raios-X são: – Telas fluorescentes – Filmes fotográficos – Dispositivos de ionização – Outros tipos 92 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Telas fluorescentes – Feitas de uma fina camada de sulfeto de zinco, contendo traços de níquel, montadas sobre uma base – A maioria dos feixes difratados são muito fracos para serem detectados por este método – Largamente usadas para localizar a posição do feixe primário no ajuste do equipamento – Um cristal fluorescente usado em conjunto com um fototubo forma um contador de cintilação (Scintillation counter) 93 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Filmes fotográficos – São afetados pelos raios-X da mesma forma que pela luz visível – Na prática é quase impossível medir fotograficamente as intensidades relativas de dois feixes com diferentes comprimentos de onda 94 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Dispositivos de ionização – Medem a intensidade dos feixes de raios-X pela quantidade de ionização que eles produzem num gás – Exemplos: • Câmara de ionização • Contador Proporcional • Contador Geiger 95 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Outros tipos – PSD (Position Sensitive Detector) – Área 96 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Características do contador de cintilação – A eficiência deste contador se aproxima de 100% para toda a faixa de comprimentos de onda usados em difração – A sensibilidade é uniforme na superfície da janela do contador – A voltagem do pulso de saída é proporcional à energia do quantum que entra, ou seja, varia com o comprimento de onda dos raios-X – Alto background – Longos tempos de coleta de dados Desenho esquemático de um contador de cintilação. No contador de cintilação (Scintillation counter) os quanta de raios-X incidentes produzem luz visível fluorescente em um cristal e a quantidade de luz emitida , que pode ser medida por meio de um fototubo, é proporcional à intensidade dos raios-X. Os quanta de raios-X absorvidos pelo cristal são transformados dentro do contador em pulsos. A quantidade de pulsos por unidade de tempo é diretamente proporcional à intensidade do feixe de raios-X que chega ao contador. A eficiência deste contador se aproxima de 100% para toda a faixa de comprimentos de onda porque todos os quanta de raios-X incidentes são absorvidos pelo cristal. 97 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Características da câmara de ionização – Possui baixa sensibilidade na medição das intensidades dos raios-X e, por isso, está obsoleta. Os raios-X que entram na câmara ionizam um gás resultando na liberação de elétrons pelo mesmo. Uma ddp (diferença de potencial) aplicada entre o anodo e o catodo faz os elétrons movimentarem-se na direção do anodo e os íons positivos na direção do catodo. Então, os elétrons e íons são coletados nos eletrodos e, se a intensidade do raio-X for constante, haverá uma pequena corrente passando pela resistência R1. Esta corrente é uma medida da intensidade do raio-X. Este dispositivo, quando operado desta maneira, chama-se câmara de ionização, mas está obsoleto por causa da sua baixa sensibilidade na medição das intensidades dos raios-X. 98 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Características do contador proporcional – Os pulsos são proporcionais em amplitude à energia do quantum absorvido – O “dead time” é muito pequeno, ou seja, o contador pode atingir taxas de contagem muito altas – Para um feixe monocromático, a distribuição na amplitude dos pulsos resultantes é mais estreitaque em contadores de cintilação e o ruído é menor – A sensibilidade é similar à do contador Geiger, varia com o comprimento de onda e depende do gás do contador – Longos tempos de coleta de dados O contador proporcional difere-se da câmara de ionização pelo fato da ddp aplicada ser muito maior provocando o aparecimento de um fenômeno chamado ionização múltipla, que faz com que o número de átomos ionizados pela absorção de um quanta de raios-X seja de 103 a 105 vezes maior. O resultado desta amplificação é a enorme quantidade de elétrons que atingem o fio fazendo com que o pulso de corrente no circuito externo seja facilmente detectado. A figura abaixo mostra curvas de distribuição de amplitude dos pulsos de um contador proporcional e de um contador de cintilação para as radiações CuKα e MoKα. 99 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Características do contador Geiger – A principal desvantagem é a perda nas contagens que ocorre por causa do “dead time”, que é o tempo durante o qual o contador é insensível após o pulso. – A eficiência geralmente varia de ponto para ponto na janela do contador. – A eficiência do contador varia com o comprimento de onda dos raios-X. – Longos tempos de coleta de dados O contador Geiger também possui o mesmo princípio de funcionamento de um contador proporcional mas difere-se do mesmo por trabalhar com uma ddp ainda maior (1000 a 1500V). Com isto, obtém-se um fator de amplificação de 108 a 109, aproximadamente. 100 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Características do contador PSD – É mais rápido que um detector convencional (cintilação) usado na mesma resolução angular Æ tempos médios de coleta de dados – Vários feixes difratados são medidos ao mesmo tempo – O efeito da desfocalização é tão pequeno que pode ser negligenciado (no caso de textura) Desenho esquemático de um goniômetro de textura (Eulerian Cradle) equipado com um detector PSD. 101 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Detectores (cont.) • Características do contador de área – Mede diferentes ângulos de Bragg ao mesmo tempo – É muito mais rápido que um detector convencional (cintilação) usado na mesma resolução angular Æ tempos muito curtos de coleta de dados – É útil para determinação de textura em materiais com texturas muito fortes – É útil para medidas de textura em multi-cristais (muitos cristalitos individuais podem ser distinguidos) Desenho esquemático de um goniômetro de textura (Eulerian Cradle) equipado com um detector de área. Desenho esquemático da área de visão e resolução angular do feixe difratado para os goniômetros de textura: a) Convencional (Cintilação); b) PSD linear; c) Área. 102 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Monocromadores • Vantagens – Feixe com radiação monocromática – Diminuição da intensidade do background – Espectro resultante é “mais limpo” • Desvantagem – Diminui a intensidade das linhas de difração • Existem dois tipos que dependem do cristal refletor – Cristal plano (não curvo) – Cristal curvo e cortado 103 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Monocromadores (cont.) • O cristal plano – Não é um refletor muito eficiente resultando num feixe refletido de intensidade muito baixa • O feixe incidente nunca é composto somente de raios paralelos, ou seja, ele contém uma grande proporção de radiação convergente e divergente mesmo com a utilização de fenda ou colimador – É usado, por exemplo, para filmes finos. 104 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Monocromadores (cont.) • O cristal curvo e cortado – É possível obter um grande ganho na intensidade do feixe refletido 105 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Análise de Fases 106 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Análise de Fases • Análise química pela identificação da substância ou fase e não dos elementos químicos constituintes; • Comparação com padrões pré-determinados – ICDD (Internation Centre for Diffraction Data) • PDF-2 (Powder Diffraction FileTM) - 131.000 fases (ano 2000) • Análise qualitativa e quantitativa, com ou sem padrão; Uma dada substância sempre produz um padrão de difração característico, esteja ou não numa mistura de substâncias. Esta é a base para a análise química baseada em difração, ou análise de fases. A análise qualitativa é realizada identificando o padrão de cada substância presente. A análise quantitativa é possível porque as intensidades dos picos produzidos por um constituinte da mistura são proporcionais à fração volumétrica do constituinte na mistura. Obs.: Existe um banco de dados mantido pelo FIZ (Fachsinformationzentrum), chamado ICSD (Inorganic Crystal Structure Database), cujos dados estão incorporados no PDF-2. 107 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Método de Hanawalt Ficha pdf - Claudimar Três linhas mais intensas e maior valor de d; intensidades relativas correspondentes, em porcentagem da mais intensa. Referências sobre o método de obtenção. Dados cristalográficos, óticos e químicos Valores de d e I/I1 para as linhas medidas O padrão de difração do pó de uma substância é característico da substância e forma uma espécie de impressão digital, a partir da qual a substância pode ser identificada. Em 1936 Hanawalt criou um sistema de classificação de padrões de difração, baseado no espaçamento d dos planos da rede cristalina. Cada padrão de difração é descrito pela lista dos valores de d e dos valores relativos de intensidade dos picos correspondentes, I. No Método de Hanawalt cada substância é caracterizada pelos valores de d das três linhas mais intensas, chamados de d1, d2 e d3 , sendo d1 para a mais intensa, d2 para a segunda mais intensa e d3 para a terceira mais intensa. Os valores de d1, d2 e d3, juntamente com as intensidades relativas, normalmente são suficientes para localizar o padrão de uma substância desconhecida no banco de dados. Os índices, para facilitar a busca, são baseados nas três raias de maior intensidade. A radiação usada afeta as intensidades relativas. Fatores de conversão são usados nas comparações quando diferem as radiações utilizadas na amostra e no padrão (normalmente Cu). Hoje existem softwares de busca fornecidos com o banco de dados e também pelos fabricantes de difratômetros. 108 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Dificuldades Práticas • Erro no espectro de difração da amostra desconhecida que afetam a posição e intensidade das linhas; • Componentes com baixa porcentagem não produzem bom espectro; A análise de uma substância simples é relativamente fácil. Na mistura de fases as três linhas de maior intensidade podem não pertencer a uma mesma fase, tornando a solução mais difícil. Podem haver linhas de diferentes fases superpostas. Os programas de busca e identificação hoje disponíveis facilitam o trabalho. Erros de posição: alinhamento, deformação Erros de intensidade: preparação de amostra (textura; micro-absorção e extinção: tamanhos de graõs diferentes entre as fases de coeficientes de absorção diferentes - tamanho de grão muito pequeno minimiza os efeitos); 109 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Análise Quantitativa • A intensidade do espectro de difração de uma fase, numa mistura de fases, depende da concentração da fase na mistura. – Esta relação não é necessariamente linear, pois depende da absorção, que pode variar com a concentração. • Método da comparação direta • Método do padrão interno 110 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Método da comparação direta ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= − µθθ θ νπ λ 2cossen 2cos1||1 32 2 2 2 22 3 42 4 0 MepF r A cm eII ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛= r A cm eIK π λ 32 3 42 4 0 2 ( )MepFR 22 222 cossen 2cos1||1 −⎥⎦ ⎤⎢⎣ ⎡ ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ +⎟⎠ ⎞⎜⎝ ⎛= θθ θ ν µ2 2RKI = Intensidade do feixe difratado K2 independe das substâncias difratantes R depende das substâncias difratantes (hkl e θ) Designando as substâncias por α e γ, pode-se escrever para uma linha particular de dada fase: γ γγ γ α αα α µµ 2;2 22 cRKIcRKI == Onde cα e cγ são as frações volumétricas de α e γ,respectivamente. αα γγ α γ cR cR I I = Valores de R calculados eI medidos Este método é adequado para amostras metálicas policristalinas (austenita retida, ferrita delta). I - intensidade integrada I0 - intensidade do feixe incidente e, m - carga e massa do elétron c - velocidade da luz λ - comprimento de onda r - raio do círculo do difratômetro A - área da seção do feixe incidente ν - volume da célula unitária F - fator de estrutura p - multiplicidade θ - ângulo de Bragg e-2M - fator de temperatura µ - coeficiente de absorção linear ex.: com uso de monocromador pode-se detectar 0,1% de austenita retida (em volume); sem monocromador, 5 a 10% é o mínimo. 111 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Método do padrão interno Quantificar A numa mistura A, B, C... (cA) S - fase padrão m A A cKI µ ' 3= µm - coeficiente de absorção da mistura K3 - os demais termos da expressão de I são constantes para uma linha do espectro de A m s S cKI µ 4= S A S A cK cK I I 4 ' 3= Variação nas quantidadesrelativas de B, C, D... não afetam a relação entre as intensidade de A e S. AS SA S A w w c c ρ ρ'' = w - fração em peso ρ - densidade wS é mantido constante e wA’ = wA(1-wS) A S A Kw I I = Este método é limitado a amostras sob a forma de pó. Consiste em comparar uma linha da fase que se quer quantificar com a de uma substância conhecida (padrão) adicionada. É conveniente para determinar a quantidade de A numa mistura de fases A, B, C,... onde a quantidade relativa das outras fases pode variar. Mistura-se na substância original um quantidade conhecida da fase padrão S. A fração volumétrica de A passa de cA para cA’. A comparação de intensidades de A e S no espectro de difração permite a obtenção de cA a partir de uma curva de calibração assim obtida: amostras sintéticas contendo concentrações conhecidas de A e uma concentração constante cS de S. 112 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Análise de Tensão Residual 113 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Análise de Tensão Residual ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ −−= − −= = = 0 0 0 0 d ddE d dd E y z yz yy νσ ε νεε εσ y x z E - módulo de Young; ν - razão de Poisson (0,25 a 0,45 para a maioria dos metais e ligas); 114 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Análise de Tensão Residual )(cotg dcotgd sen2 00 0 0 θθθε θθ θλ −−=−= −= = d dd d d dn z Para uma dada deformação ε o deslocamento (θ−θ0) cresce com θ0. Assim, as medidas são usualmente feitas para 70°<θ0<85° 115 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Método sen2ψ Tensão biaxial ( ) ( )21 0 0 213 σσν σσνεε +−=− +−== Ed dd E n z Deformação na direção normal à superfície Deformação da direção AO, a um ângulo ψ com a normal: ψνσεε ε ψ ψ 2 3 0 0 sen)1( +=− −= Φ d ddi Combinando as expressões acima: ⎟⎟⎠ ⎞ ⎜⎜⎝ ⎛ − += n ni d ddE ψνσφ 2sen)1( Fig pag 437 Cullity Qualquer que seja o sistema de tensão de um corpo, existem 3 direções mutuamente perpendiculares (1, 2, 3) em que não agem tensões de cizalhamento. São as direções onde agem as tensões principais σ1, σ2, σ3 (neste caso, σ3 = 0). O que normalmente se deseja é medir a tensão numa direção específica, OB, que faz um ângulo f com a direção principal 1 e um ângulo b com o eixo x. AO está contido no plano definido por OB e a normal à superfície. A substituição de d0 por dn no denominador da expressão final de σφ introduz erro desprezível. 116 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Método sen2ψ Fig pag 445 Cullity σφ pode ser expresso em função de 2θ: ψν θθθσφ 2sen)1(2 )22(cotg + −= inE Normalmente ψ é tomado igual a 45°. θn - medição normal (ψ=0) θi - medição normal (ψ=ψ) Usa-se a mesma reflexão (hkl) para as duas leituras. A mudança de foco de F para F’, com a inclinação da amostra, resulta em diminuição da intensidade. 117 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Parametrização de Orientação 118 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais A orientação de um cristal é descrita pela rotação g que transforma o sistema de coordenadas fixo da amostra Ka no sistema de coordenadas fixo do cristal Kb. Orientação de Cristais Individuais Para descrever a orientação dos cristais individuais define-se um sistema de coordenadas Ka na amostra e um sistema de coordenadas Kb em cada cristal individual. Ka é arbitrário, mas, de uma maneira geral, a forma externa da amostra sugere um sistema de coordenadas. Por exemplo, numa tira laminada toma-se os eixos coincidentes com as direções de laminação, transversal e normal. Kb é fixo com relação aos eixos cristalográficos. A escolha é arbitrária, mas deve ser a mesma para todos os cristais. Como regra geral escolhe-se direções apropriadas à simetria do cristal. No sistema cúbico toma-se as arestas do cubo. 119 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Kb P p βα Ka yb xb xa ya Usando as fórmulas de adição: xb = p cosα cosβ − p senα senβ yb = p senα cosβ + p cosα senβ Substituindo: xb = xa cosβ − ya senβ yb = ya cosβ + xa senβ xa = p cosα ya = p senα xb = p cos(α+β) yb = p sen(α+β) Na forma de matriz: xb = cosβ − senβ xa yb = senβ + cosβ ya Para o caso tridimensional, assumindo a mesma rotação em torno do eixo z, tem-se: xb = cosβ − senβ 0 xa yb = senβ + cosβ 0 ya zb = 0 0 1 za Introdução à Matriz Orientação Existem várias maneiras de descrever a rotação de um sistema de coordenadas em relação a outro. As várias maneiras são equivalente e podem ser convertidas umas na outras. Aquelas que adquiriram importância na representação de textura são: matriz transformação ou matriz orientação, ângulos de Euler, par ângulo e eixo de rotação, vetor de Rodrigues, índices de Miller de duas direções cristalográficas paralelas a duas direções escolhidas da amostra. 120 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais Introdução a Matriz Orientação Kb P p βα Ka yb xb xa ya Caso tridimensional xb = cosβ − senβ 0 xa yb = senβ + cosβ 0 ya zb = 0 0 1 za Um vetor no sistema de coordenadas Ka pode ser transposto para o sistema de coordenadas Kb por: Kb = g Ka onde g é uma matriz de cossenos diretores. O ângulo de rotação β, em torno de um eixo arbitrário, é uma medida invariante determinada pelo traço da matriz orientação: tr(g) = 1 + 2 cos β A matriz dos cossenos diretores g, ou matriz orientação, é a matriz que transforma elementos do sistema Ka, para o sistema Kb. 121 Difração de Raios-X e Textura dos Materiais xb = a11 xa + a12 ya + a13 za yb = a21 xa + a22 ya + a23 za zb = a31 xa + a32 ya + a33 za Kb P a11 a21 Ka yb xb xa ya a31 DL DT DN za zb a11 a12 a13 a21 a22 a23 a31 a32 a33 DL DT DNKa Kb [100] [010] [001] g = Substituindo (xa, ya, za) por xj e (xb, yb, zb) por xi: j j iji xax ∑ = =
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