Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito das Coisas Prof. Marcio Pereira Direito Civil Da Posse Posse é o exercício de fato de qualquer um dos poderes inerentes à propriedade (art. 1196 do CC). A posse é uma situação de fato protegida pela lei, ou seja, caracteriza-se pelo próprio exercício. O Código Civil adotou a teoria objetiva de Ihering. Da Posse Atenção A posse não se confunde com detenção, em que a pessoa apenas detém fisicamente a coisa, em nome de outrem, mas não exerce poder sobre ela em nome próprio. O detentor também pode ser chamado de fâmulo da posse. Composse é a posse comum de duas ou mais pessoas sobre o mesmo bem. Classificação da posse Posse direta e posse indireta: a posse direta decorre da efetiva relação material entre a pessoa e a coisa. Segundo o art. 1197 do Código Civil, será considerado possuidor direto aquele que tem a posse temporariamente em seu poder. A posse indireta, por sua vez, no dizer do mesmo artigo, é aquela que originou a posse direta. Classificação da posse Posse justa e posse injusta: posse justa é aquela que está em conformidade com o ordenamento jurídico. A posse injusta é aquela contrária ao ordenamento jurídico, podendo ser: a) violenta: obtida mediante força física injustificada; b) clandestina: obtida às escondidas; c) precária: obtida por meio de uma relação de confiança entre as partes, o possuidor se obriga a restituir a coisa, mas não a restitui. Classificação da posse Posse de boa-fé e posse de má-fé: posse de boa-fé aquela cujo titular desconhece qualquer vício que macule a posse, nos termos do artigo 1201 do Código Civil. A posse de má-fé, por sua vez, se dá quando o titular sabe do vício. Classificação da posse Atenção O possuidor de boa-fé terá direito aos frutos percebidos e colhidos, direito aos frutos pendentes, e direito à indenização pela produção e custeio (todos os aparatos da coisa). O possuidor de má-fé tem obrigação de devolução dos frutos percebidos e colhidos, perderá os frutos pendentes e tem o direito de ser indenizado pela pelas benfeitorias necessárias. Classificação da posse O possuidor de boa fé será, em princípio, irresponsável pela deterioração natural. Tem responsabilidade subjetiva. Por sua vez, o possuidor de má-fé tem responsabilidade objetiva. Será responsável por qualquer perecimento, só podendo se eximir se demonstrar que a deterioração ocorreria em qualquer hipótese. Há a inversão do ônus da prova. Classificação da posse O possuidor de boa-fé tem direito a indenização plena pelas benfeitorias necessárias, úteis e voluptuárias, direito de retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis (poderá reter a coisa até que seja indenizado) e direito a levantar as benfeitorias voluptuárias se não houver indenização por elas. O possuidor de má-fé perderá as benfeitorias úteis e voluptuárias, terá direito à indenização pelas benfeitorias necessárias e não poderá reter a coisa, nem levantar, se não houver indenização por elas. Classificação da posse Posse ad interdicta e posse ad usucapionem: a posse ad interdicta é aquela que autoriza a utilização dos interditos possessórios (ações de reintegração de posse, manutenção de posse e interdito proibitório) para a sua proteção. A posse ad usucapionem é aquela permite a aquisição pela usucapião. Posse nova e posse velha: posse nova é aquela cujo prazo não excede um ano e um dia. A posse velha é aquela superior a um ano e um dia. Propriedade É a garantia fundamental do homem, que dá a esse o poder de usar, gozar e fruir da coisa, bem como de reavê-la de quem a detenha indevidamente, tendo poder sobre ela, mas também limitações econômicas e sociais (CF/88, art. 5º; CC art. 1228). Elementos do Direito de Propriedade Direito de usar (jus utendi): é o direito de utilizar a coisa, dentro das restrições legais, tirando dela todos os serviços que ela possa prestar, sem que haja modificação em sua substância. Direito de gozar (jus fruendi): é a retirada dosfrutos e a utilização dos produtos da coisa; é o direito de gozar da coisa ou de explorá-la economicamente. Elementos do Direito de Propriedade Direito de dispor (jus abutendi ou disponendi): equivale ao direito de dispor da coisa, ou poder de aliená-la a título oneroso (venda) ou gratuito (doação), incluindo o direito de consumi-la e o poder de gravá-la de ônus (penhor, hipoteca, etc.) ou de submetê-la ao serviço de outrem. Direito de reaver (rei vindicatio): é o poder que tem o proprietário de mover ação para obter o bem de quem injustamente o detenha, em virtude do seu direito de sequela, que é uma das características do direito real. Características do Direito de Propriedade a) Absoluta ou plena: visto que é um direito pleno, possuindo uma relação de poder, de usar, fruir e dispor. b) Exclusiva: visto que somente um indivíduo pode ter as prerrogativas daquela propriedade (princípio da exclusividade). c) Perpétua: não se extingue o direito de propriedade pelo não uso. QUESTÃO Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho, Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu a concessão de medida liminar em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por Mélvio já se encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A respeito do pleito de Mélvio, assinale a afirmativa correta: A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de má-fé e as benfeitorias, ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de reintegração de posse transitou em julgado. B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias, mas deve ser indenizado por Cassandra com base no valor delas. D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser indenizado pelo valor atual delas.
Compartilhar