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1 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS I A FUNÇÃO DA LOGÍSTICA É um fato econômico conhecido que os recursos e os consumidores estão espalhados numa ampla área geográfica. Além disso, os consumidores não residem perto dos bens ou produtos que necessitam e as unidades de transformação, em geral, estão afastadas das fontes de matérias-primas que utilizam no processo produtivo. A concepção de agrupar atividades relacionadas ao fluxo de produtos e serviços para administrá-las de forma coletiva foi uma evolução do pensamento administrativo e elevou ao conceito de administração logística. Podemos entender a logística com a gestão dos inventários, estejam eles imobilizados em lugar ou movimentando-se entre pontos, ao longo de fluxo de materiais que vai desde o fornecedor da matéria-prima até o ponto final de consumo. Na década de 80, as empresas estavam mais abertas a pensar nos componentes logísticos, tais como fornecedores, compras, administração de materiais e distribuição física em forma isolada, do que no processo do qual aqueles componentes eram parte. Houve em evolução notável nas duas últimas décadas, especialmente pelo desenvolvimento das tecnologias de informação. Definição de Administração Logística Processo de planejar, implementar e controlar o fluxo e armazenamento eficiente e eficaz em termos de custos, dos bens, serviços e informações relacionadas desde a origem até o consumidor, com o objetivo de obedecer às exigências dos consumidores. Assim, pode-se considerar que para as empresas que fabricam e/ou distribuem produtos, a logística é o processo-chave dos negócios para entregar serviço aos consumidores. Componentes do Processo Logístico A partir das definições anteriores, pode-se tentar identificar as atividades que formam parte desta função, com o objetivo de agrupar todos os elementos que podem ser administrados em conjunto. O gráfico seguinte é orientado nesse sentido. Ele identifica um sistema de transformação que possui, como todo sistema, entradas e saídas. O fluxo de entrada é chamado de fluxo inbound ou fluxo de suprimento físico e o de saída fluxo outbound ou fluxo de distribuição física. 2 Fontes de Matérias-Primas Unidades de Transformação Mercado Fluxo Inbound Fluxo Outbound FORNECIMENTO FÍSICO DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS Obtenção Transporte Transporte Armazenagem Armazenamento Movimentação Movimentação Inventários Inventário Processamento de Pedidos Processamento de Pedidos Planejamento da Distribuição Planejamento da Produção Embalagem Compras, Embalagem Informação Informação Conforme Ballou, a logística empresarial trata de todas as atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos (bens e serviços) desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos (bens e serviços) em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes e um custo razoável. Essa definição identifica atividades primárias, ou seja, transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos, formando o ciclo crítico de distribuição que pode ser representado pelo gráfico seguinte. As atividades de apoio que suportam as atividades primárias são: a armazenagem, a movimentação de materiais, a obtenção, as embalagens, a tecnologia de informação e a programação de produtos. Outros autores acrescentam às anteriores inúmeras outras atividades, que podem levar a listagem das atividades logísticas a ter 20 ou mais componentes. Vejamos: • Armazenagem. • Compras/Suprimentos Transportes Nível de Serviços M an ut en çã o de E sto qu es Processam ent o de D ados 3 •Disposição de Refugos. • Distribuição Física. • Embalagens/Paletização/Fracionamento. • Emissão e Processamento de Pedidos. •Faturamento. • Gestão de Inventários. • Localização Industrial. • Logística Reversa. • Movimentação de Materiais. •Previsão de Demanda. • Serviço ao Cliente. • Suporte de Peças e Serviços. • Transporte. Desenvolvimento da Logística no Período 1950/2000 O desenvolvimento histórico da logística pode ser dividido em três períodos de características diferentes: antes de 1950, 1950/1980, e posterior a 1980. Período anterior a 1950: desde o ponto de vista empresarial não houve grandes avanços em razão das empresas fragmentarem a administração dos componentes-chave do que hoje se chama função logística e porque faltava uma filosofia dominante para guiar qualquer esforço nessa direção. Porém, no campo militar, especialmente durante a 2ª Guerra Mundial, o mundo tomou conhecimento das maiores operações logísticas da História nas campanhas norte-americanas no Pacífico, na invasão da Normandia pela Forças Aliadas, em 1944, e nas operações de bombardeio sobre a Alemanha Nazista realizadas por militares de aeronaves, exigindo uma altíssima coordenação. O desenrolar da guerra permitiu o desenvolvimento do transporte conteinerizado a partir da concepção do próprio container, assim como a otimização do transporte ferroviário, marítimo e aéreo. As empresas não aproveitaram a experiência acumulada e as técnicas desenvolvidas na guerra até alguns anos depois. Período 1950-1980: com o desenvolvimento do marketing, as décadas de 50 e 60 representam o período de decolagem da logística. Ainda na década de 50 foi realizado um estudo para determinar o papel do transporte aéreo na distribuição física, quebrando um antigo paradigma relacionado com o custo elevado desse modal de transporte. Ficou claro que a rapidez do transporte aéreo permitia reduzir estoques, e, com isso, o custo total da cadeia. Esse conceito passou a ser conhecido como o conceito do custo total, tornando-se um importante argumento para o agrupamento lógico de atividades nas empresas. Alguns fatores que ajudam nesse período foram a alteração dos padrões e atitudes de demanda dos consumidores, a pressão de custos sobre as indústrias, os avanços na tecnologia de informação e a influência da logística militar. É um período de crescimento para a logística. Os fatos de maior impacto na economia mundial desse período foram as duas crises do petróleo, os últimos anos da Guerra do Vietnã, o dramático avanço da tecnologia de informação, o desenvolvimento do sistema de transporte multimodal, a formação de blocos econômicos regionais, o crescimento do comercio mundial e o fantástico crescimento dos fluxos financeiros internacionais nas décadas de 80 e 90. As crises do petróleo forçaram as empresas a se preocuparem com os custos e com a produtividade, motivo pelos quais os assuntos relacionados com a logística passaram a ser relevantes para a alta direção, esse elevado grau de interesse acabou levando à logística integrada, 4 coisa que não tinha acontecido nas décadas anteriores, quando o tema dominante era a distribuição física. Como foi desenvolvido um interesse similar do lado de compras, essa função começou a ser entendida dentro do contexto maior da administração de materiais. A integração da distribuição física e da administração de materiais para constituir única função aconteceu em finais dos anos 80 e princípios dos 90. Período posterior a 1980: a incorporação dos avanços da tecnologia de informação e das telecomunicações levou, naturalmente, a expandir o conceito tradicional de logística, com a inclusão dos fornecedores dos fornecedores e dos clientes dos clientes, para chegar ao conceito de SCM, ou Supply Chain Management ou Gestão das Cadeias de Suprimentos. A incorporação dos serviçosda Internet, por sua vez, promoveu o desenvolvimento de novas soluções e conceitos na procura de colaboração e visibilidade nas operações dos membros das cadeias, objetivando atingir elevados níveis de atendimento e de redução de custos operacionais, por intermédio do melhor uso dos recursos e da agregação de valor para o consumidor. Relação entre Logística e Marketing O composto de comercialização ou marketing mix está formado por quatro variáveis que são controláveis pela empresa: produto, preço, promoção e canais de distribuição, lugar ou praça. Por esse motivo, essas variáveis são conhecidas como os 4P, que, quando combinados de certa maneira para atacar determinado segmento de mercado, definem uma estratégia de marketing. A logística, por sua vez, tem alguns componentes básicos conhecidos, tais como: o transporte, a armazenagem, o processamento dos pedidos, o custo de inventários e o nível de serviço a ser prestado ao cliente. Quando o departamento de marketing define sua estratégia, está definindo os canais que utilizara e o nível de serviço que prestará. Se o pessoal de marketing não discute com o pessoal de logística se o compromisso a ser tomado é possível de ser executado, o cliente poderá sofrer atrasos nas entregas, poderá haver faltas de produtos e/ou outras falhas próprias da falta de integração entre as duas funções. Objetivos do Marketing: alocar recursos ao composto de comercialização ou marketing mix para maximizar a rentabilidade da empresa no longo prazo. Objetivo da Logística: minimizar o custo total, para determinado nível de serviço ao cliente, ou seja, minimizar a seguinte equação: Custo Total = Custo Transporte + Custo Armazenagem + Custos Processamento de Pedidos + Custos por Tamanho dos Lotes + Custo de Inventário Logística: Uma Função Estratégica O quadro seguinte indica claramente que, sendo o objetivo final de qualquer organização a satisfação do cliente, a decisão do nível de serviço ou nível de atendimento ao cliente é uma decisão de longo prazo e vital para os interesses dessa organização. Basicamente a decisão estratégica relacionada com o nível de serviço deve responder à pergunta: “quais são os requerimentos de serviços para cada segmento de clientes?”. 5 Objetivos Empresarias Estratégia de Marketing Exigência de Serviço Fazer/Comprar Número/Local/Tamanho instalações Modo de Transporte Grau de automação Layout/Desenho instalações Organização Ligações Fornecedores/Cliente Seleção de lugar Disposição dos Inventários Seleção Fornecedor/Transportador Capacidade dos sistemas Papéis e responsabilidades Políticas operacionais Normas de controle operacional Procedimentos operacionais OBJETIVOS ESTRATEGICOS DAS ORGANIZAÇÕES Diversos fatores têm transformado o final da década de 90 e o inicio do século XXI em um período de desafios e oportunidades para o executivo de logística. O elevado custo associado às atividades de logística, a concorrência em mercados maduros e a preocupação com a satisfação do cliente têm aumentado a compreensão da alta gerencia da importância da logística para atingir os objetivos corporativos. Ao mesmo tempo, a globalização das fontes de suprimentos, produção, demanda e concorrência tem aumentado o interesse da alta direção pela função logística, que com a incorporação das modernas tecnologias de informação e telecomunicações tem se expandido na direção da gestão das cadeias de suprimentos. O planejamento estratégico é o processo de identificar os objetivos de longo prazo da organização e definir os caminhos ou estratégias para atingi-los, atendendo às expectativas dos acionistas. A missão e o plano estratégico fornecem direção para as atividades táticas e operacionais. A decisão empresarial deve ser a de gerar vantagens competitivas sustentáveis e mantê-las a longo prazo, focalizando as exigências dos clientes e capitalizando as oportunidades que o mercado oferece. O plano estratégico deve antecipar as expectativas de serviço dos clientes atuais e futuros. ESTRATÉGICO ESTRUTURAL FUNCIONAL OPERACIONAL 6 Alternativas Para Atingir os Objetivos Organizacionais As estratégias para atingir os objetivos propostos devem levar em consideração o conceito de agregação de valor e o nível de serviço aos clientes. A partir dele poderá ser desenvolvido todo o processo de planejamento. A formulação de objetivos inicia-se com a seleção dos mercados-alvo, sendo o passo seguinte o da formulação de objetivos e estratégias de canais. Um canal de distribuição pode ser definido como um conjunto de unidades organizacionais, internas e externas à empresa, que realizam funções que incluem compra, venda, transporte, sortimento, financiamento, gestão de risco e fornecimento de informação de mercado. É necessário que o executivo de logística seja envolvido na definição desses objetivos e estratégias, visto que o custo logístico tem um impacto importante no custo final de produto e o serviço ao cliente definido deve ser viável, coisa que só o pessoal envolvido com as operações logísticas pode avaliar. 7 ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMONIAIS Os Recursos Antes de começarmos o estudo da administração de materiais, veja estes dados: - 16% do programa de produção não pode ser executado em virtude de falta de ferramentas destinadas a produção; - 30% a 60% do estoque de ferramentas está espalhado pelo chão da fábrica, perdido, deteriorando-se ou não disponível ( dentro de caixas de ferramentas pessoais); - 20% do tempo dos operadores é desperdiçado procurando por ferramentas. - 40% a 80% do tempo do encarregado é perdido procurando e expedindo materiais e ferramentas; - o orçamento anual para ferramentas, gabaritos, acessórios gastos com fornecedores e ferramentas de reservas numa empresa metalúrgica é 7 a 12 vezes maior que o orçamento do equipamento total. Do acima exposto se depreende a importância de bem gerir os materiais, ferramentas manuais e ferramental no processo produtivo, que são recursos usualmente escassos em todas as empresas. A gestão de tais recursos com o objetivo de minimizar desperdícios é parte essencial da Administração de Recursos. Administração De Recursos A administração de recursos materiais engloba a seqüência de operações que tem inicio na identificação do fornecedor, na compra do bem, em seu recebimento, transporte interno e acondicionamento, em seu transporte durante o processo produtivo, em sua armazenagem como produto acabado e, finalmente, em sua distribuição ao consumidor final. Ciclo da administração de materiais A administração de recursos patrimoniais trata da seqüência de operações que, assim como a administração dos recursos materiais, tem início na identificação do fornecedor, passando pela compra e recebimento do bem, para depois lidar com sua conservação e manutenção. Transporte Clientes Expedição Armazenagem do produto acabado Movimentação interna Sinal de demanda Identificar Fornecedor Comprar Materiais Transportar Recebimento e 8 Fatores de Produção É importantíssimo que desde já definamos o que vem a ser recursos. MARTINS, 2003, define por recurso tudo aquilo que gera ou tem a capacidade de gerar riqueza, no sentido econômico do termo. Dessa forma, os clássicos fatores de produção – capital, terra (ou natureza) e trabalho – são recursos e, como tal, devem ser administrados. Assim um item de estoque é um recurso, pois, agregado a um produto em processo, irá constituir-se em umproduto acabado, que deverá ser vendido por um preço superior ao somatório de todos os custos incorridos em sua fabricação. O capital, sob a forma de numerário, é o recurso mais facilmente reconhecido, por sua característica de liquidez, que faz com que ele possa ser utilizado inclusive na aquisição de outros recursos. A tecnologia é um recurso que ganha importância a cada dia. Assim, tecnologias mais avançadas produzem um diferencial que possa ser transformado em algum tipo de vantagem econômica, como maior lucro. BENS: Por transmitirem a idéia de que são capazes de gerar produtos e serviços e, portanto, produzir riquezas, os bens são muitas vezes considerados como sinônimos de recursos. Assim, um automóvel, considerado como um bem móvel pode ser utilizado na prestação de um serviço com valor econômico, e como tal é um recurso. PATRIMONIO: Pode ser conceituado como um conjunto de bens, valores, direitos e obrigações de uma pessoa física ou jurídica que possa ser avaliado pecuniariamente e que seja utilizado na consecução de seus objetivos sociais. Administrar o patrimônio significa gerir os direitos e obrigações, ou, de outro modo, os ativos e passivos da empresa. Muitas vezes o passivo é maior que o ativo, gerando o que se denomina patrimônio liquido negativo. Recursos Tecnologicos Praticamente todos os teóricos da área de administração de materiais são unânimes em considerar a tecnologia como um fator de produção, ao lado dos recursos clássicos natureza, trabalho e capital. Dessa forma, nada mais oportuno que uma análise um pouco mais detalhada dos recursos tecnológicos. Ao ouvir a palavra tecnologia, em geral a associamos com algo intangível incorporado a entidades concretas, a bens físicos, como máquinas, ferramentas e produtos químicos. Na realidade, a tecnologia abrange bem mais que isso – ela é o corpo de conhecimentos com o qual a empresa conta para produzir produtos ou serviços. Profissionais de administração falam cada vez mais na organização que aprende (learning organization), isto é, que dedica uma parcela considerável de seus esforços no sentido de utilizar as experiências do cotidiano como fonte de feedback de seu conhecimento acumulado, possibilitando acertos de rumos em função de novos conhecimentos adquiridos. O ciclo PDCA ( plan, do, control and act) de Edward Deming, um dos principais gurus da qualidade, é uma forma de agir que resume de maneira simples o ciclo de renovação e acumulação. Ele serve tanto para a implementação de novas idéias como para resolução de problemas. Patrimônio Liquido = Ativo - Passivo 9 Os recursos tecnológicos da empresa devem ser planejados (P), desenvolvidos ou adquiridos (D), controlados © e ter ações (A) sobre eles tomadas de acordo com informações geradas interna ou externamente à empresa. Só se sai do ciclo depois de atingidos os objetivos O Ciclo PDCA: Os principais recursos tecnológicos, que afetam o dia-a-dia das organizações são: tecnologia do produto, tecnologia do processo, tecnologia da informação e tecnologia da gestão. Eles interferem diretamente no produto, no serviço, nos processos, na própria gestão da informação. 1.3.1 TECNOLOGIA DO PRODUTO: O desenvolvimento de uma nova tecnologia, ou o aprimoramento de uma já existente, só se dá quando necessário. Alguns problemas enfrentados no manejo dos materiais – por exemplo, excesso de produtos e falta de espaço para armazena-los – levaram a criação das atuais tecnologias de administração de materiais. Além disso, é preciso que a tecnologia seja viável e que haja algum conhecimento para lhe dar continuidade (know-how). Tempo, dinheiro e mão de obra são também fatores imprescindíveis para que haja inovação tecnológica. 1.3.1.1 Metodologia PRP (Product Realization Process): O fluxo de uma empresa pode ser apresentado como um conjunto de entradas, que são então processadas gerando um conjunto de saídas, ligado por uma realimentação, ou feedback: 1.3.2 TECNOLOGIA DO PROCESSO: Processo são seqüências estruturadas de atividades que, por meio de ações físicas, comportamentais e/ou de informações, permitem a agregação de valor a uma ou mais entradas, transformando-as em uma ou mais saídas que representam um estado diferenciado do original, Ou, segundo Hammer, processo é simplesmente a reunião de tarefas ou atividades isoladas para alcançar certos resultados. Como os processos são sistemas ou subsistemas de um sistema mais amplo, estudaremos suas características. 1.3.2.1 Classificações e Características dos Sistemas a) Sistemas Abertos: Se relacionam com outros sistemas, eles dependem dos outros sistemas quanto à energia de que necessitam ( comida, energia elétrica, gasolina, entrada de dados) e sua saída afeta outros sistemas (TV, poluição, buraco na camada de ozônio). P D A Planeje Controle Adquira Aja C PROCESSO INSUMOS PRODUTOS SERVIÇOS FEEDBACK O Fluxo de uma Empresa: 10 b) Sistemas Fechados: são sistemas independentes, não consomem entradas nem geram saídas. No sentido estrito, os sistemas fechados não existem, mas às vezes, para fins de análise teórica, algumas máquinas, grupos sociais ou organismos são entendidos como tal. Os sistemas também podem ser classificados por seus resultados: Sistemas de resultados diretos: é o sistema em que o produto/serviço gerado por si só já garante o resultado, como o automóvel que deixa uma linha de produção, ou download que se fez da Internet. Sistemas de resultados indiretos: é aquele em que o produto deve ser projetado para ser o mais adequado a fim de atingir um resultado, mas esse resultado só será conhecido depois de algum tempo. Um caso clássico desse tipo de sistema acontece com os alunos que deixam uma universidade: o resultado do estudo universitário não pode ser mensurado no mês seguinte à formatura – muitos passarão um tempo no exterior, outros demorarão a escolher uma área, e outros ainda não encontraram empregos. Sistema de resultado desconhecido: ocorre quando eventualmente se pode aquilatar (aferir valor) o resultado, mas a comprovação prática desse resultado é extremamente improvável. Um sistema de evacuação de uma cidade no caso de um ataque nuclear é um exemplo: por mais que se treinam as pessoas, a prática do sistema é imprevisível e pode ser completamente diferente do planejado. Todos os sistemas têm características em comum. Os componentes interagem harmoniosamente entre si, formando uma rede de elementos interdependentes constituindo um todo. Todos os elementos estão integrados; se houver um elemento presente que não interaja, ele não faz parte do sistema. Quando um ser humano morre ou um automóvel é destruído eles deixam de ser sistemas, porquês suas partes não mais interagem de forma a assegurar as funções originais do sistema. O sistema deixa de aceitar entradas e, portanto, não há mais saídas. Nos grandes sistemas nem todos os componentes são igualmente importantes; alguns são essenciais, mas outros podem perder-se sem perturbações significativas. Nessa característica baseiam-se algumas das intervenções da administração, como a análise de valor, em que, por meio da análise funcional, elementos de um sistema são redimensionados, combinados ou até eliminados se prejuízo da função principal,; e a reengenharia de processos, que com o auxílio da análise de custos ABC, pode fazer simplificações dos processos atuais, sem perder as perspectivas de demandas diferentes do ambiente a médio prazo. Com base na afirmação de que todo sistema tem uma função ou propósito em relação a seu ambiente, pode-se formular uma definição do que vem a ser um sistema: Sistema é um quadro de elementos inter-relacionados para desempenhar funções ou atingir objetivos.1.3.3 TECNOLOGIA DE GESTÃO: Gestão ou administração é o processo de conseguir que as atividades sejam feitas de forma eficiente e eficaz com e por meio de outras pessoas. As funções clássicas da administração são planejamento, organização, direção (ou ativação) e controle. É cada vez maior o número de empresas que estão implantando os chamados softwares de gestão integrada ( a exemplo do SAP, BAAN, MAGNUS, etc), que vem exigindo a identificação e a análise crítica de seus processos, para que a implantação possa ocorrer com sucesso. Isso tem exigido verdadeiras mudanças na cultura organizacional, passando do funcional para o foco nos processos de negócios. 1.3.4 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: O que mais se comenta é que vivemos na era da informação. A evolução dos computadores, decorrente do desenvolvimento de microprocessadores cada vez mais potentes, colocou-nos numa fase em que a gestão do fluxo de informações – de bens intangíveis – passa a ser mais importante que a gestão dos bens tangíveis, como estoques e instalações. Os recursos de informação incluem mais do que a informação em si, é ao mesmo tempo entrada (input) e saída (output) do sistema. Para uma gestão do processo, devemos considerar também: 11 a) Hardware: é todo equipamento utilizado na coleta, processamento e distribuição de informação. Assim, são hardwares, por exemplo, as unidades centrais de processamento (CPU), os teclados, discos rígidos, monitores e modems. b) Software: são os programas, em linguagens específicas, sem os quais os computadores nada fazem; c) Dados: os computadores usam base de dados ( ou banco de dados) cada vez maiores. A tendência é as empresas disporem de uma única base de dados, trabalhando com softwares de gestão integrada, isto é, todas as áreas da empresa, acessam a mesma base. d) Especialistas de Informações: o aparecimento de uma nova tecnologia traz sempre consigo o surgimento de especialistas que ou são seus criadores, ou foram treinados e desenvolvidos para fazê-los funcionar. e) Usuários da Informação: o verdadeiro impacto da revolução da informação é medido pela extensão que esta ocupa na vida do cidadão comum, que passa cada vez mais a ser, ele próprio, um usuário da informática. Nas empresas surge o colaborador do conhecimento, com domínio sobre as novas formas de obtenção dos objetivos organizacionais, principalmente a partir da tecnologia de informação e de todos os recursos que ela disponibiliza como softwares atuais. AFINAL... O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS? O conceito de se ter um departamento responsável pelo fluxo de materiais a partir do fornecedor, passando pela produção até o consumidor é relativamente novo. Embora muitas empresas tenham adotado esse tipo de organização, há ainda diversas que não o fizeram. Se as empresas desejam minimizar seus custos totais nessa área e prover melhor nível de serviços ao cliente, devem agir desse modo. O nome geralmente dado a essa função é administração de matérias. Outros nomes incluem planejamento e controle da distribuição e administração de logística, mas trabalharemos com administração de materiais VIANA, 2001, define Administração de materiais como planejamento, coordenação, direção e controle de todas as atividades ligadas à aquisição de materiais para a formação de estoques, desde o momento de sua concepção até seu consumo final. Administração de materiais é uma função coordenada responsável pelo planejamento e controle do fluxo de materiais.. Seus objetivos são: - Maximizar a utilização de recursos da empresa - Fornecer o nível requerido de serviços ao consumidor. Administração de materiais pode fazer muito para melhorar os lucros de uma empresa. A conta de Resultado (Lucros e Perdas) de uma empresa hipotética poderia ser como segue: R$ (mil) % Receitas (Vendas) 1.000.000 100 CMV Materiais Diretos 500.000 50 Mão de obra direta 200.000 20 Custos indiretos de fabricação 200.000 20 Total CMV 900.000 90 Lucro Bruto 100.000 10 Mão-de-obra direta e materiais diretos são custos que crescem ou decrescem segundo a quantidade vendida. Os custos indiretos (e todos os outros custos) não variam diretamente segundo 12 as vendas. Para simplificar, assume-se nesta seção que os custos indiretos são constantes, embora sejam expressos inicialmente como uma porcentagem das vendas. Se, em um departamento de administração de materiais, o custo de materiais diretos puder ser reduzido em 10% e a mão-de-obra direta em 5%, o aumento nos lucros será de: R$ (mil) % Receitas (Vendas) 1.000.000 100 CMV Materiais Diretos 450.000 45 Mão de obra direta 190.000 19 Custos indiretos de fabricação 200.000 20 Total CMV 840.000 84 Lucro Bruto 160.000 16 Reduzir custos contribui diretamente para o lucro. Aumentos em vendas fazem crescer os custos diretos de mão-de-obra e de material, de modo que o lucro não pode crescer diretamente. Objetivos da administração de materiais A importância da boa administração de materiais pode ser mais bem apreciada quando os bens necessários não estão disponíveis no instante correto para atender às necessidades de produção ou operação. Como jovem engenheiro num grande fabricante de eletrodomésticos, achava particularmente dramático observar uma linha de montagem de geladeiras com 200 pessoas paradas devido a falta de um componente barato ou de uma peça para manutenção de parte da linha de produção. Os 200 operários eram pagos pelo mínimo de meio dia da tabela de salários do sindicato, fossem ou não fossem produzidas geladeiras. È desnecessário dizer que requisitos de nível de serviço são particularmente altos para suprimento de matéria-prima. Mesmo quando os requisitos de operação são atendidos, pode-se notar a existência de administração inadequada de materiais. Por exemplo, podem existir altos custos de transporte de materiais que devem ser expedidos para atender à programação operacional, níveis excessivos de estoques de matérias-primas e peças de reposição para garantir disponibilidade ou altos custos de comunicação para transmissão e acompanhamento dos pedidos. Boa administração de materiais significa coordenar a movimentação de suprimento com as exigências de operação. Isto significa aplicar o conceito de custo total às atividades de suprimento de modo a tirar vantagem da oposição das curvas de custo. Ou seja, o objetivo da administração de suprimento é semelhante à administração da distribuição física. Afinal de contas, a distribuição de uma firma é o suprimento de outra! Eles diferem na forma com que a demanda pelo fluxo de produtos é gerada e a importância relativa de cada atividade. 13 AQUISIÇÃO DE RECURSOS MATERIAIS A aquisição de recursos ou bens materiais, quer sejam produtivos (aqueles que se incorporam ao produto final), não-produtivos (não se incorporam ao produto final) ou itens de revenda, é tratada pelas empresas de uma forma mais simples, por meio de seus departamentos (que também são chamados de diretorias, divisões ou setores) de compras ou de suprimentos, embora essa ultima designação seja menos comum. Por tratar-se da situação mais comum, encontrada em praticamente toda empresa, independente de seu porte, esse tema constitui o cerne desta parte do livro. Recursos Materiais Recursos materiais são os itens ou componentes que uma empresa utiliza nas suas operações do dia-a-dia, na elaboração do seu produto final ou na consecução do seu objetivo social. Como tal são adquiridos regularmente, constituindo os estoques da empresa. Eles podem ser classificados em materiais auxiliares, matéria-prima, produtos em processo e produtos acabados. Os materiais auxiliares são os materiais que não se incorporam ao produto final. Óleosde corte, materiais de escritório e manutenção são classificados como materiais auxiliares. São também chamados de materiais indiretos ou não-produtivos. Os materiais que se incorporam ao produto final, incluindo os de embalagem, são classificados como matéria-prima. São também chamados de materiais diretos ou produtivos. Os produtos em processo são os materiais que estão em processo de fabricação. Muitas pessoas dizem corriqueiramente que eles são os produtos que estão “no meio” da fábrica. Os produtos acabados são os materiais, agora já sob a forma de produto final, prontos para serem comercializados ou entregues, caso tenham sido feitos sob encomenda. Os produtos acabados são bem conhecidos por nós em nosso dia-a-dia e itens como os de revenda enquadram-se nessa categoria. Organização A importância e, conseqüentemente, a organização da área de compras na empresa estão diretamente ligadas à participação no custo do produto ou serviço vendido, dos itens comprados. É usual tal participação chegar a 80% do custo final, como no caso das montadoras, onde normalmente o chefe da área de compras tem status de diretor. No inicio do processo de industrialização, a participação dos itens comprados era muito baixa, da ordem de 10 a 20% do custo final. Com a diminuição da participação dos artesões no processo industrial, a compra de componentes passou a crescer de forma contínua até os dias de hoje e, conseqüentemente, aumentando a importância das compras no processo como um todo. A função de comprador era, até recentemente, atribuição do dono da empresa, que negociava desde as condições de pagamento até prazos de entrega. Conhecedor que era da importância das compras na formação dos custos e na obtenção do lucro, só recentemente abriu mão de tais funções, delegando-as a compradores profissionais. Foram então surgindo nas empresas as áreas de compra, organizadas das mais variadas formas. Hoje em dia é tendência manifesta nas empresas a organização voltada por processos, em detrimento da organização voltada para as tarefas. Toda atenção deve ser dada às atividades que agregam valor ao produto já que aquelas que não agregam valor somente são justificadas se existirem para atender exigências fiscais e/ou legais. Na identificação dos macro ou megaprocessos de uma empresa, é praticamente certa a existência do processo de compras ou procurement, independentemente do seu porte e objetivo. 14 O Sinal da Demanda O sinal da demanda é a forma sob a qual a informação chega à área de compras para desencadear o processo de aquisição de bem material ou patrimonial. No caso de bens patrimoniais, o sinal pode vir, por exemplo, de um estudo de viabilidade ou de uma necessidade de expansão. Já no caso de obras publicas, ele pode ser resultado, entre outros, de um estudo de mercado ou de necessidades sociais. No caso de recursos materiais, as formas mais comuns são solicitação de compras, MRP, just-in-time, reposição periódica, ponto de pedido, caixeiro-viajante e contratos de fornecimento. Solicitação de Compras Por meio da solicitação de compras ou requisição de compras qualquer unidade organizacional ou mesmo em colaborador qualquer, manifesta a sua necessidade de comprar um item para uso em beneficio da empresa. A solicitação de compras é enviada è área de compras que providenciará, seguindo procedimentos estabelecidos, a compra do material. A figura abaixo mostra um modelo típico de solicitação de compras. Nº Nome/Logo Da empresa SOLICITAÇÃO DE COMPRA Data ___/___/___ Unidade solicitante: Material Uso • interno • na ºS. Nº __________ Item Descrição Código Quantidade Obs: Solicitante: Aprovado: Compras: MRP O MRP (materials requirement planning) ou planejamento das necessidades de materiais é uma técnica que permite determinar as necessidades de compras dos materiais que serão utilizados na fabricação de certo produto. A partir da lista de materiais (Bill of material), que é obtida a partir da estrutura analítica do produto, também conhecida por árvore do produto ou exploração do produto, e em função de uma demanda dada, o computador calcula as necessidades de materiais que serão utilizados e verifica se há estoque na quantidade necessária, ele emite uma solicitação de compra – para os itens que são comprados – ou uma ordem de fabricação – para os itens que são comprados – ou uma ordem de fabricação – para itens que são fabricados internamente. A figura abaixo mostra um esquema de funcionamento do MPR. 15 Sistema Just-in-Time O sistema just-in-time é um método de produção com o objetivo de disponibilizar os materiais requeridos pela manufatura apenas quando forem necessários para que o custo de estoque seja menor. O JIT, que é baseado na qualidade e flexibilidade do processo de compras, também pode disparar o processo. Dependendo de como o sistema é idealizado, um cartão ou um conjunto de cartões kanban pode dar inicio ao processo de compras. O Sistema de Reposição Periódica Para determinados itens de estoque, recomenda-se a utilização do sistema denominada reposição periódica ou intervalo padrão. No sistema de reposição periódica, depois de decorrido um intervalo de tempo preestabelecido, por exemplo, três meses, um novo pedido de compra para certo item de estoque é emitido. Para determinar o quanto deve ser comprado no dia de emissão do pedido, verifica-se a quantidade ainda disponível em estoque, comprando-se o que falta para atingir um estoque máximo, também previamente determinado. Exemplo 5.2: O intervalo de reposição do item de estoque de código MY1823 é de dois meses (por exemplo, todos os dias 15 dos meses ímpares). O estoque físico existente n dia 15 de maio (data do pedido) era de 280 unidades e o estoque do MY1823 não pode ultrapassar 600 unidades. Calcule a quantidade a ser pedida. Projeção de Demanda Plano de Produção Software MRP Lista de necessidades de materiais Consulta de estoque Há disponibilidade Item fabricado ou comprado Libera compra Fornecedor Lista de Materiais Libera fabricação Libera fabricação do item Fabrica 16 Solução: Sistema do Ponto de Pedido O sistema do ponto de pedido ou lote padrão é o mais popular método utilizado nas fabricas e consiste em disparar o processo de compra quando o estoque de certo item atinge um nível previamente determinado. O ponto de pedido é calculado em função do consumo médio e do prazo de atendimento. Exemplo 5.3: O componente de estoque Z1589Z, que é reposto pelo sistema do lote padrão, tem um consumo médio de 120 unidades por dia e um tempo de atendimento de 10 dias úteis. Determinar o ponto de pedido para o Z4589. Solução: Caixeiro – Viajante O sistema de caixeiro – viajante consiste em um vendedor visitar os clientes e verificar in loco se está faltando mercadoria ao estoque para que ele, em comum acordo com o cliente, tire o podido. O sinal da demanda, no caso, a falta de mercado, é identificado pelo caixeiro – viajante. Com a revolução das comunidades este sistema está desaparecendo. Contratos de Fornecimento Como já visto também nos contratos de fornecimento, o processo de compra é iniciado em função de uma necessidade de produção. Assim, quando o material se faz necessário, o próprio sistema de computador emite e envia uma ordem de compra via EDI. Esse sistema está ganhando muita importância entre nós, como visto no Capítulo 4. SOFTWARE DE PLANEJAMENTO E CONTROLE Quase todas as empresas, a partir de certo porte, já dispõem de software para iacompanhamento do processo de compras. Em muitos deles o pedido de compra é emitido pelo próprio computador, quer esteja usando, para um dado item de estoque, o método do lote padrão ou o do intervalo padrão. 17 O acompanhamento é feito por um gráfico de Gandt ou cronograma, para pedidos maiores e mais complexos. O status do pedido pode ser acompanhado por meio da verificação das fases quais o processo passa. O quadro 5.1 traz algumas destas fases. Frases Pelas Quais um Projeto Pode Passar Preparação das especificações Identificação dos proponentes fornecedores Preparação das cartas-convites Entregas da solicitação de fornecimento acompanhada de todas as informações necessárias e suficientes para os proponentes elaborarem suas propostas Recebimento das propostas Análise e julgamento Negociações Emissão do pedido de compra ou contrato de fornecimento Acompanhamento do fornecimento (follow-up) Recebimento Aprovação ou contestação Solicitação do pagamento ao fornecedor Estas fases devem ser simplificadas em função, por exemplo, da natureza do produto a ser comprado, do número de fornecedores disponíveis no mercado, da urgência da compra. 18 PARCERIAS A verdadeira revolução da qualidade, introduzida em âmbito global nos últimos anos, trouxe consigo novas formas de abordagem no relacionamento cliente-fornecedor, no tocante às compras ou suprimentos de mercadorias e/ou serviços. Na abordagem, as empresas consideravam o fornecimento como quase um adversário. Todo cuidado deveria ser tomado, pois era generalizada a idéia de que o fornecedor estaria sempre mal-intencionado, procurando auferir o máximo lucro à custa de eventuais descuidos do cliente. A fim de se garantir, a empresa-cliente normalmente fazia várias cotações, envolvendo fornecedores concorrentes e tomava o máximo cuidado na hora de receber a mercadoria, fazendo detalhadas e dispendiosas inspeções. Como sempre, isto era válido tanto para um produto tangível como para os serviços. As relações eram de curto prazo, havendo o mínimo de contato possível entre as partes. Hoje em dia podemos dizer que estas situações estão tornando-se casa vez mais raras. Entre clientes e fornecedor, procura-se desenvolver um clima de confiança mútua, onde ambos saem ganhando. É o que se convencionou chamar de parcerias. Netas situações o fornecedor ajuda no desenvolvimento do projeto do produto, na análise e melhorias do processo produtivo de seu cliente, garante a qualidade, abre a sua planilha de formação de custos e preços e, em contrapartida recebe um contato de fornecimento por um período normalmente igual ao da vida do produto para o qual foi escolhido o fornecedor. Um depende do outro. Há pouquíssimos fornecedores, em alguns casos apenas um, que chegam a se instalar nas proximidades e/ou trabalhar dentro da fabrica do cliente para melhor servi-lo. A função do fornecedor não é mais apenas a de vender o produto. A relação, caracterizada pelo ganha-ganha, é de longo prazo, com contatos constantes, baseada na confiança (não é mais necessária a averiguação da qualidade pelo comprador: ele confia no seu fornecedor). Quando esta relação de parceria atinge um elevado grau de evolução, traduzida em conceitos como os de confiança mútua, participação e fornecimento com qualidade assegurada, dá- se a ela o nome de comakership. Com a tendência à horizontalização, onde as empresas passam a comprar cada vez mais, fabricando internamente casa vez menos, a relação cliente-fornecedor adquire casa vez mais importância, passando a ser um fator de vantagem competitiva, tanto para o cliente quanto para o fornecedor. Em muitas empresas, dependendo do setor industrial a que pertençam o valor gasto nas compras de terceiros representa até 90% do custo do produto vendido, sendo normais os casos de 40 a 60%. O quadro 5.3 apresenta, para alguns setores industriais, a relação percentual das compras sobre as vendas. Percentual Gastos em Compras Setor Industrial Compras sobre Vendas (%) Alimentos 63 Cigarro e Produtos do Fumo 27 Confecção 49 Madeira 60 Gráfica 35 Petróleo 83 “São cada vez mais numerosas as empresas a acordar para o fato de que as alianças vão ter importância primordial no futuro. As alianças estão a evoluir tão depressa, que ninguém mais pode fazer tudo sozinho.” James Houghton 19 Equipamentos de Transporte 60 Média do Setor Industrial 54 Fonte: Haizer, J. e Render, B. Production & Operations Management. Nova Iorque, Prentice Hall, 4º edição, 1996 Baseado no Quadro 5.3, podemos ver como é importante o bom relacionamento entre a empresa e seus fornecedores, pois uma pequena vantagem na compra pode gerar um grande impacto no lucro. Vejamos agora como quantificar essa vantagem. Evolução do Relacionamento Cliente – Fornecedor Esse relacionamento parra por quatro fases distintas: abordagem convencional, melhoria na qualidade, integração operacional e integração estratégica. A abordagem convencional prioriza o preço. O relacionamento é como se as partes fossem adversárias, quem pode mais impõem suas condições. A empresa desconfia da qualidade do fornecedor e inspeciona todos os recebimentos. Na melhoria da qualidade dá-se prioridade à qualidade do produto. É o início de um relacionamento mais duradouro, com o nascimento de certa confiança recíproca. Reduz-se o número de fornecedores, eliminando-se previamente aqueles que não têm qualidade. É um primeiro estágio do relacionamento tipo comaker. A integração operacional prioriza o controle dos processos levando-se em conta a capacidade deles. Já surge uma participação do fornecedor no projeto do produto (co-sesing) e do processo. O cliente e o fornecedor fazem investimentos comuns em pesquisa desenvolvimento, com o cliente muitas vezes financiando programas de garantia e melhoria da qualidade dos fornecedores. É um passo além no relacionamento comaker. A integração estratégica é uma parceria nos negócios. Gerenciamento comum dos procedimentos dos negócios, incluindo o desenvolvimento de produtos e processos, engenharia simultânea, desdobramento da função qualidade (QFD), fornecimentos sincronizados e qualidade assegurada. Atinge-se o comakership. Atingindo o Comarkership O relacionamento cliente – fornecedor se desenvolve a partir de uma atuação do cliente (comprador) sobre os seus fornecedores, procurando atingir um grau de entendimento e confiança mútua até então inexistente. As relações do tipo comarkership não nascem do dia para a noite. Requerem certo tempo de amadurecimento, de conhecimento prévio da capacidade do fornecedor e confiabilidade do cliente. Nesse processo, o cliente irá procurar atuar nos aspectos que possam trazer-lhes vantagens competitivas. Assim, fará uma avaliação dos fornecedores e, se for o caso, o seu desenvolvimento para, finalmente, chegar à fase de negociação de uma parceria. Avaliação Várias são as formas utilizadas pelas empresas para avaliarem os seus fornecedores. De um modo geral, devem enfatizar os seguintes aspectos: Custo. Verificar se os custos estão compatíveis com o mercado, partindo do principio que eles devem ser reduzidos. O cliente deverá dispor de meios para analisar os processos produtivos e a partir daí compor custos e compara-los com os propostos pelos fornecedor. É a situação em que se trabalha com os denominados preços objetivos. Esse esquema em princípio dificulta o relacionamento cliente – fornecedor, mas, à medida que o cliente demonstra a viabilidade do preço 20 objetivo, cabe ao fornecedor procurar consegui-lo, mesmo que, para tal, deva contar com a assessoria e ajuda financeira do cliente comprador.Qualidade. O relacionamento somente frutificará se o fornecedor dispuser de qualidade. Mesmo que não seja um padrão de qualidade desejável, é fundamental que reconheça suas deficiências e esteja disposto a implantar programas de melhoria contínua, visando de um sistema de qualidade nos moldes da ISSO 9000 ou QS 9000. o cliente-comprador deverá dispor de meios para avaliar a qualidade e as melhorias que estão sendo obtidas. Pontualidade. O fornecedor deverá possuir uma cultura de pontualidade nas suas entregas. Caso contrário, o relacionamento jamais poderá ser do tipo comakerhip. A não- pontualidade quebrará a cadeia cliente-fornecedor, com efeitos devastadores nas imagens de ambos, já que o cliente-comprador não irá, por sua vez, cumprir os prazos. Inovação. O fornecedor cria uma alavancagem muito importante no cliente-comprador, embora o mais comum seja a necessidade de atender a solicitações de inovações. Flexibilidade. É a capacidade que tanta o cliente quanto o fornecedor devem ter para rapidamente adaptarem-se às alterações e solicitações do mercado. No relacionamento cliente- fornecedor, este deve ter agilidade para as adaptações tão rápidas quanto às do seu cliente. Em caso contrário estaria prejudicando-º Produtividade. É a relação output sobre input ou valor dos produtos/serviços sobre o custo dos insumos. Tanto o cliente quanto o fornecedor devem estar preparados para, de forma contínua, implantar programas de melhoria da produtividade, visando, por exemplo, reduções de custos, melhoria na qualidade dos processos e produtos e redução dos prazos de entrega. Instalações. O cliente deve avaliar as instalações produtivas do fornecedor quanto às condições mínimas de fabricar produtos de qualidade. Outros aspectos a serem avaliados são layout, movimentação interna de materiais, condições de armazenagem de matérias-primas e produtos acabados, limpeza (housekeeping) e gestão visual. Capacitação gerencial e financeira. Verificar se o fornecedor dispõe de estrutura organizacional definida, com a cadeia decisória estruturada, possibilitando a identificação dos responsáveis pelas decisões. Checar também se a capacidade financeira da empresa é saudável, se dispõe de capital de giro para atender aos pedidos que eventualmente lhes seriam colocados. Desenvolvimento Após a avaliação inicial, o cliente comprador poderá decidir investir no desenvolvimento do fornecedor. É o primeiro passo no relacionamento do tipo comarkership. A avaliação feita previamente é que dará as diretrizes para o programa de melhoria. A partir das não conformidades identificadas, estabelece-se um programa de ações corretivas com o acompanhamento do cliente. Treinamento, que por parte do cliente comprador ou por terceiros, é proporcionado ao fornecedor. Nessa fase torna-se mais íntimo os contatos entre ambos, surgindo as oportunidades de interações constantes buscando melhorias nos processos. No caso de fornecedores altamente capacitados, exemplo como um na indústria de autopeças, essa fase pode ser praticamente suprimida. Negociação. Paralelamente ao desenvolvimento, inicia-se a fase da negociação de um contrato de parceria, com escopo bem mais amplo do que um simples fornecimento. O contrato deve materializar todos os avanços e novos conceitos atingidos até então, entre eles o de exclusividade no fornecimento durante o ciclo de vida do produto, o compromisso de abertura das planilhas de composição de custos e margens de lucro para composição do preço de venda, compromisso de repassar ao cliente todos os ganhos decorrentes de melhorias no processo ou da própria aprendizagem com fabricação do produto, penalidades decorrentes do não cumprimento dos prazos e formas de comunicação a serem utilizadas, etc. 21 AQUISIÇÃO DE RECURSOS PATRIMONIAIS Recursos Patrimoniais são instalações utilizadas nas operações do dia-a-dia da empresa, mas que são adquiridas esporadicamente, como prédios, equipamentos e veículos. A aquisição de bens patrimoniais ou empreendimentos, como eles também são conhecidos – como uma barragem, um novo prédio a ser construído ou uma nova fabrica – é um campo bastante específico na administração. Denominamos esse campo de administração de empreendimentos ou administração de projetos 7.1 Procedimentos A aquisição de um bem cujo processo de consecução possa ser classificado como um empreendimento deve seguir os procedimentos definidos pela empresa em seus manuais de projeto ou empreendimento, na parte referente a suprimentos. Suprimentos (procurement) tem um significado bem amplo, inclui todas as atividades necessárias para identificar, selecionar, negociar, comprar, acompanhar, transportar, inspecionar, dispor internamente, resgatar (de sinistros) os insumos necessários à fabricação de um bem ou à prestação de um serviço. A identificação de insumos e fornecedores é feita por meio de prospecção de mercado, consulta a banco de dados, catálogos específicos, páginas amarelas, guias de compras, entidades de classe, centros de pesquisas avançadas, internet, home pages, visitas a feiras e exposições. A seleção de insumos e fornecedores é feita depois da identificados os fornecedores de insumos que tenham a qualidade e faixa de preços aceitáveis. No processo para uma seleção prévia devem ser observados vários aspectos como: a) Documentação: conferir se o proponente fornecedor está com documentação fiscal e trabalhista em dia, por meio da apresentação das certidões competentes. b) Capacidade financeira: verificar se o fornecedor tem capacidade financeira para levar adiante o pedido. Ver, por exemplo, se dispõe de capital de giro para efetuar as compras iniciais necessárias, se tem liquidez suficiente, se a empresa é rentável, etc. c) Visita às instalações: Visitar as instalações dos proponentes, com atenção ao nível de atualização dos equipamentos, ver se o controle dos materiais é eficiente, se as condições de trabalho são boas ( quanto a segurança), se as dependências são bem cuidadas e limpas, se há proteção contra incêndios, se tem capacidade técnica de atender o pedido, etc. d) Reputação: levantar junto aos clientes do propenso fornecedor, qual sua reputação nos negócios ou se tem sido pontual nos compromissos assumidos. 7.2 Sinal de Demanda A demanda para bens patrimoniais decorre do planejamento a médio e longo prazo efetuado pelas empresas. Trata-se geralmente a construção de uma nova fábrica, a mudança das instalações fabris para outro endereço ou mesmo a abertura de novos escritórios em outra localidade. Nas esferas governamentais, a ocorrência é bem mais freqüente, pois as obras de infra- estrutura, normalmente a cargo dos órgãos públicos, estão freqüentemente sendo adquiridas por meio de licitações publicas. 7.3 Aquisição de Equipamentos Bens patrimoniais, como equipamentos, merecem atenção especial dos gerentes, em face da sua complexidade que, muitas vezes exige estudos detalhados. Não é fácil chegar a uma conclusão firme sobre as vantagens e desvantagens de um equipamento em relação a um outro concorrente, havendo somente uma oportunidade para se acertar. O erro pode levar a empresa à falência. 22 Podemos identificar dois casos típicos de aquisição de equipamentos, que iremos analisar separadamente: os equipamentos de catálogo e de projeto especial. Os equipamentos de catalogo ou padronizados são equipamentos cujas características, como desempenho, funções, volume, peso, opcionais e cores, são previamente especificadas pelo fabricante, cabendo ao comprador pouca ou nenhuma margem de mudança. A opção do comprador é escolher entre dois ou mais modelos de um mesmo fornecedor ou dois ou mais fornecedores de um produto equivalente no atendimento dos seus objetivos. Os equipamentos de projeto especial são projetados e construídos para atenderespecificamente as necessidades de um comprador. Deve ser adaptado às circunstancias do ambiente do cliente. O processo aquisitivo, nesse caso, é muito semelhante ao de uma obra, como um edifício, uma ponte ou uma barragem, mantidas as devidas proporções. A empresa compradora deve criair uma equipe interna para tal fim ou mesmo contratar uma empresa externa para conduzir o processo. No caso da equipe interna, a sua organização em muito se assemelha a de um empreendimento. 23 CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS A classificação é o processo de aglutinação de materiais por características semelhantes. Grande parte do sucesso no gerenciamento de estoques depende fundamentalmente de bem classificar os materiais da empresa. Assim, o sistema classificatório pode servir também, dependendo da situação, de processo de seleção para identificar e decidir prioridades. Existem infinitas formas de classificação. Abordaremos apenas o alicerce, que permitirá adaptações às necessidades de cada empresa. Uma boa classificação deve considerar alguns atributos: a) Abrangência: deve tratar de uma gama de características em vez de reunir apenas materiais para serem classificados; b) Flexibilidade: deve permitir interfaces entre os diversos tipos de classificação, de modo que se obtenha ampla visão do gerenciamento de estoques; c) Praticidade: a classificação deve ser direta e simples. TIPOS DE CLASSIFICAÇÃO Para atender às necessidades de cada empresa, é necessária uma divisão que norteie as várias formas de classificação. Como existem vários tipos, a classificação deve ser analisada no todo, em conjunto, visando propiciar decisões e resultados que contribuam para atenuar o risco e a falta. A classificação pode ser: Por Tipo de Demanda Materiais de Estoque: São materiais que devem existir em estoque e para os quais são determinados critérios e parâmetros de ressuprimento automático, com base na demanda prevista e na importância para a empresa. Os critérios de ressuprimento fixados para estes materiais possibilitam a renovação do estoque sem a participação do usuário. Os materiais de estoque são classificados; a) quanto à aplicação: a 1) materiais produtivos: compreendem todo e qualquer material ligado direta ou indiretamente ao processo de fabricação. Ex: matérias primas, produtos em fabricação, produtos acabados; a 2) matérias primas: materiais básicos e insumos que constituem os itens iniciais e fazem parte do processo produtivo da empresa; a 3 ) produtos em fabricação: também conhecidos como materiais em processamento, são os que estão sendo processados aos longo do processo produtivo da empresa. Não se encontram no almoxarifado porque já não são matérias primas iniciais, nem podem estar na expedição porque ainda não são produtos acabados; a 4) produtos acabados: são os produtos constituintes do estágio final do processo produtivo; portanto, já prontos; a 5) materiais de manutenção: materiais de consumo, com utilização repetitiva, aplicados em manutenção; a 6) materiais improdutivos: compreende todo e qualquer material não incorporado às características do produto fabricado. Ex. materiais para limpeza, de escritório, etc. a 7) materiais de consumo geral: materiais de consumo, com utilização repetitiva, aplicados em diversos setores da empresa, para fins que não sejam de manutenção. 24 b) quanto ao valor de consumo anual: é fundamental para o sucesso do processo de gerenciamento de estoques que se separe e essencial do acessório, voltando a atenção para o que realmente é importante quanto a valor de consumo c) quanto a importância operacional: a maioria dos órgãos de gestão baseia suas análises de ressuprimento e define as quantidades de reposição por meio de resultados referente aos consumos históricos e tempo necessários para recompor os níveis de estoque. Esse tratamento matemático não diferencia os diversos materiais de estoque e não considera sua individualidade, com exceção para matérias primas, por terem suas demandas suportadas por programas de produção e vendas. Todavia, existem materiais que, independente de fraco consumo, poderão, caso venham a faltar, prejudicar seriamente a continuidade de produção de uma empresa ou ainda, por exemplo, trazer sérios riscos de poluição ambiental e segurança industrial, tornando o custo da falta mais oneroso do que o custo do investimento em estoque. Dessa forma, adota-se a classificação da importância operacional, visando identificar materiais imprescindíveis ao funcionamento da empresa c 1 ) materiais X: materiais de aplicação não importante, com possibilidade de uso de similiar existente na empresa; c 2) materiais Y: materiais de importância média, com ou sem similar na empresa c 3) materiais Z: materiais de importância vital sem similar na empresa, cuja falta acarreta a paralisação de uma ou mais fases operativas. Facilmente podem ser classificados pelo critério de importância operacional matérias primas, materiais “Z” (vistais) ou materiais de limpeza e apoio administrativo. Para os demais, é necessário análise complexa e criteriosa. Em se tratando de empresa industrial, a seleção XYZ pode ser facilitada, por meio das seguintes indagações: 1) Material é imprescindível ao equipamento? 2) Equipamento pertence à linha de produção? 3) Material possui similar? Assim, as respostas a tais indagações conduzirão às seguintes situações: Indagações Classificação Material é imprescindível ao equipamento? Equipamento é da linha de produção? Material possui similar? X Y Z Sim Sim Sim Y Sim Sim Não Z Sim Não Sim X Sim Não Não X Não Não Não X Não Não Sim X Não Sim Não X Não Sim Sim X Materiais não de estoque: são materiais de demanda imprevisível para os quais não são definidos parâmetros para o ressuprimento automático. 25 A inexistência de regularidade de consumo faz com que a aquisição desses materiais somente seja efetuada por solicitação direta do usuário, na oportunidade em que se constate a necessidade deles. Os materiais não de estoque devem ser comprados para utilização imediata e são debitados no centro de custo de aplicação. Poderão ser comprados para utilização posterior, em período determinado pelo usuário, ficando, nesses casos, estocado temporariamente no almoxarifado. Materiais Críticos: Classificação pertinente a empresas industriais. São materiais de reposição especifica de um equipamento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja demanda não é previsível e cuja decisão de estocar é tomada com base na análise de risco que a empresa corre, caso esses materiais não estejam disponíveis quando necessário. Utilizando linguagem comum, material crítico é como seguro de vida: todos tem, mas, não querem utiliza-lo. Por serem sobressalentes vitais de equipamentos produtivos, devem permanecer estocados até sua utilização, não estando, portanto, sujeitos ao controle de obsolescência. O próprio conceito induz que deve haver pouquíssimos materiais críticos cadastrados. Podem ser identificados matériais críticos: a) Por problemas de obtenção: material importado, existência de um único fornecedor, escassez no mercado, material estratégico, de difícil fabricação e obtenção. b) Por razões econômicas: material de elevado valor, material com elevado custo de armazenagem, material com elevado custo de transporte; c) Por problemas de armazenagem e transporte: material perecível, material de alta periculosidade, material de elevado peso, material de grandes dimensões; d) Por problemas de previsão: material com utilização de difícil previsão; e) Por razões de segurança: material de reposição de alto custo; material para equipamento vital da produção. Perecibilidade O critério declassificação pela probabilidade ou não de perecimento não exprime o sentido único e exclusivo etimológico, qual seja, extinguir o desaparecimento das propriedades físico-químicas do material. Muitas vezes, o fator tempo influencia na classificação; assim, quando a empresa adquire determinado material para ser utilizado em data oportuna, e, se porventura não houver consumo, sua utilização poderá não ser mais necessária, o que inviabiliza a estocagem por longos períodos. Para aprimorar o gerenciamento, pode-se classificar os materiais perecíveis como segue: a) Pela ação higroscópica: materiais que possuem grande afinidade com o vapor de água e podem ser retirados da atmosfera. Ex. sal marinho, cal virgem, etc. b) Pela limitação do tempo: materiais com prazo de validade claramente definido: Ex remédios, alimentos. c) Instáveis: produtos químicos que se decompõem ou se polimerizam espontaneamente ou tem outro tipo de reação na presença de algum material catalítico ou puro. Ex. éter, óxido de etileno d) Voláteis: produtos que se reduzem a gás ou vapor, evaporando naturalmente e perdendo-se na atmosfera. Ex. amoníaco. e) Por contaminação pela água: materiais que se degradam pela adição direta da água. Ex. óleo para transformadores 26 f) Por contaminação por partículas sólidas: materiais que, em contato com partículas sólidas, como areias e poeiras, poderão perder parte de suas características físicas e químicas. Ex. graxas g) Pela ação da gravidade: matérias que, estocados de forma incorreta, podem sofrer deformações. Ex. eixos de grande comprimento h) Por queda, colisão ou vibração: engloba os materiais de grande fragilidade ou sensibilidade. Ex. cristais, vidros, instrumentos de medição i) Pela mudança de temperatura: materiais que perdem suas características para aplicação, se mantidos em temperatura diferente da requerida. Ex. selantes para vedação, anéis de vedação de borracha j) Pela ação da luz: materiais que se degradam por incidência direta da luz. Ex. filmes fotográficos k) Por ação de atmosfera agressiva: materiais que sofrem corrosão quando em contato com a atmosfera com grande concentração de gases ou vapores. A corrosão atmosférica pode ocorrer principalmente por vapores de água e ácidos, como sulfúrico, fosfórico, nítrico, sais, cloro, flúor, etc. l) Pela ação de animais: materiais sujeitos ao ataque de insetos e outros animais, durante a estocagem. Ex. grãos, madeiras, peles de animais, etc. Periculosidade A adoção dessa classificação visa a identificação de materiais, como, por exemplo, produtos químicos e gases, que, por suas carcaterísticas físicos-químicas, possuam incompatibilidade com outros, oferecendo riscos à segurança. Possibilidade de Fazer ou Comprar Essa classificação visa determinar quais os materiais que poderão ser recondicionados, fabricados internamente ou comprados. O material é considerado recondicionável quando, após a utilização, pode ser beneficiado e novamente utilizado sem diminuição de suas qualidades. Deve-se entender que a recuperação de um material deve ter custo inferior aos da compra de um novo item. a) Fazer internamente: são materiais que são fabricados na empresa; b) Comprar: são materiais que devem ser adquiridos no mercado, para os quais não há possibilidade de fabricação na empresa; c) Decidir por fazer ou comprar: são materiais que estão sujeitos à análise de fazer internamente ou comprar, por ocasião de ressuprimento; d) Recondicionar: são materiais passíveis de recuperação que devem ser recondicionados após desgaste ou uso, não devendo ser comprados ou fabricados internamente. Tipos de Estocagem a) Estocagem permanente: materiais para os quais foram aprovados níveis de estoque com parâmetros de ressuprimento estabelecidos para renovação automática do estoque, devendo sempre existir saldo no almoxarifado; b) Estocagem temporária: materiais que não sejam de estoque, que necessitam ficar estocados no almoxarifado durante determinado tempo até sua utilização. 27 Dificuldade de Aquisição Para efeito desta classificação deve-se considerar apenas as características intrínsecas da obtenção difícil, deixando-se de lado as extrínsecas, como excesso de burocracia, pobreza de especificações, recursos humanos não qualificados ou falta de poder de decisão do órgão de compras, os quais refletem problemas internos de organização da empresa. Assim, as dificuldades intrínsecas na obtenção de materiais podem provir de: a) Fabricação especial: envolve encomendas especiais com cronogramas de fabricação longos, acompanhamento e inspeções nas diversas fases da fabricação, fabricações pioneiras, materiais em pesquisa, etc b) Escassez no mercado: os materiais, em razão da pouca oferta, podem colocar em risco o processo industrial; c) Sazonalidade: a oferta sofre alterações em diversas épocas do ano; d) Monopólio ou tecnologia exclusiva: existe a dependência de um único fornecedor; e) Logística sofisticada: os materiais necessitam de transporte especial ou os locais de retirada ou entrega são de difícil acesso; f) Importações: algumas vezes, independentemente dos entraves burocráticos, os materiais a serem importados dependem de liberação de verbas ou financiamentos externos. Mercado Fornecedor Esta classificação está muito ligada à anterior e a complementa. Assim temos: a) Mercado nacional: materiais fabricados no próprio país; b) Mercado estrangeiro: materiais fabricados fora do país, mesmo que o fornecedor esteja aqui sediado; c) Materiais em processo de nacionalização: materiais para os quais se estão desenvolvendo fornecedores nacionais. CLASSIFICAÇÃO DE RECURSOS PATRIMONIAIS Classificação de Bens De acordo com sua complexidade, prazos de fabricação ou construção, os bens patrimoniais são classificados em equipamentos ou então em prédios, terrenos e jazidas. Equipamentos são, por exemplo, máquinas operatrizes, caldeiras, reatores, pontes rolantes , ferramentas, veículos, computadores e móveis. Já dentro da classificação de prédios, terrenos e jazidas, como o próprio nome diz, entram edifícios, instalações prediais em geral, terrenos e jazidas. Quando são constituídos de matéria, os bens podem ser denominados corpóreos, quando possuem uma forma identificável, um corpo. Materiais quando possuem substancia matéria, são palpáveis (como uma mesa ou um veículo); e tangíveis quando possuem substancia ou massa (como uma caneta ou folha de papel). Em contrapartida, bens incorpóreos são os não constituídos de matéria, que não possuem corpo ou forma identificável ( como direitos de uso de marcas e fórmulas químicas), imateriais, os que não possuem matéria ( como registros de jazidas e projetos de produtos); Bens intangíveis são os que não possuem substância ou massa (como patentes e direitos autorais). Quanto a sua mobilidade, os bens geralmente são divididos em móveis, quando podem ser deslocados sem alteração em sua forma ( móveis e utensílios, máquinas, veículos); e imóveis, 28 quando não podem ser deslocados sem perder sua forma física original ( prédios, pontes), ou simplesmente não podem ser locomovidos ( terrenos e jazidas). Quanto a sua divisibilidade, os bens classificam-se em divisíveis, quando podem ser divididos sem que as partes percam sua característica inicial (terrenos, fazendas e lotes de certas mercadorias); e indivisíveis, quando não tem possibilidade de divisão, constituindo uma unidade (como um automóvel). São também encontradas as seguintes denominações para bens: numerários, os bens sob forma de dinheiro ou títulos de liquidez imediata; semoventes, constituídos por animais domésticos, como bovinos, eqüinos e suínos; e dominicais, bens do poder público (praças, ruas, rios) e dedomínio público. 29 ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS Especificação significa a descrição detalhada de um item, como suas medidas, formato, tamanho, etc. Quanto maior a especificação mais informações sobre o item e menos duvidas se terá a respeito de sua composição e características. Especificação é a descrição das características de um material, com a finalidade de identificá-lo e distingui-lo de seus similares. O sucesso do processo depende necessariamente das seguintes condições básicas: a) Existência de catalogação de nomes, que deve ser padronizada; b) Estabelecimento de padrões de descrição; c) Existência de programa de normalização de materiais A especificação propicia, entre outras, facilidades às tarefas de coleta de preços, negociação empreendida pelo comprador com o fornecedor, cuidados no transporte, identificação, inspeção, armazenagem e preservação dos materiais, apresentando um conjunto de condições destinadas a fixar os requisitos e características exigíveis na fabricação e no fornecimento de materiais. Critérios sobre a Descrição A descrição deve sei concisa, completa e permitir a individualização; deve-se abolir a utilização de vocábulos referentes a marcas comerciais, gírias e regionalismos, que inadequadamente consagram a nomenclatura dos materiais. A descrição padronizada de um material obedece a determinados critérios racionais, entre os quais merecem destaque: a) A denominação deverá em princípio ser sempre no singular; b) A denominação deverá prender-se ao material especificamente e não a sua forma ou embalagem, apresentação ou uso; c) Utilizar sempre que possível, denominações únicas para materiais da mesma natureza; d) Utilizar abreviaturas devidamente padronizadas. Estrutura e Formação da Especificação Monta-se a especificação por meio da seguinte estrutura: a) Nome básico: trata-se do primeiro termo da especificação. Ex Lâmpada b) Nome modificador: trata-se do termo complementar. Ex. Lâmpada incandescente c) Características físicas: trata-se de informações detalhadas referentes às propriedade físicas e químicas dos materiais, tais como densidade, peso específico, viciosidade, dureza e outros, devendo-se ainda apontar tolerâncias das propriedades indicadas, métodos de análise dessas propriedade, padrões ou normas a serem observadas (Ex. ABNT) que podem ser obtidas nos manuais e desenhos construtivos dos equipamentos e em catálogos técnicos de fabricantes. Tipos padronizados de Especificação É necessário estabelecer uma lógica para dispor as informações técnicas, a fim de garantir a homogeneidade da descrição e, principalmente, que os materiais de um mesmo grupo contenham as mesmas informações na mesma seqüência. Daí surgem os tipos, que irão nortear a padronização da especificação. Temos, então: 30 Conforme amostra: utilizada quando há dificuldades em detalhar convenientemente as características do material. Deve ser evitada ao extremo. Exemplo: formulários, como notas fiscais, faturas, duplicatas, etc; Por padrão e características físicas: utilizada quando se trata de materiais que possuam normas técnicas ou quando há condições de fornecer todos os dados conhecidos de um material. Ex. parafuso métrico, cabeça sextavada, em aço classe de resistência, diâmetro 6,00 mm, passo 1,00mm, comprimento 16mm por composição química: utilizada quando há exigências de teor pré- derteminado para os componentes químicos do material. Ex. sulfato, amônia, para análise, solução 10% H2S; Por marca de fabrica: utilizada quando se deseja garantir a qualidade do material, aceitando-se a marca como padrão. Ex. rolamento SKF 3210, ou equivalente; Conforme desenho: utilizada quando a forma e as características do material são complexas, não havendo possibilidade de especificação por nenhum dos tipos descritos. No desenho, estão contidas todas as dimensões e características, inclusive o tipo de matéria prima para fabricação. Ex. engrenagem conforme desenho nº ( mencionar nº e empresa projetista da peça ou equipamento). Padronização A especificação sempre no conduz ao termo padronização, que pode ser definido como a análise de materiais a fim de permitir seu intercambio, possibilitando, assim, redução de variedade e conseqüente economia, ou em conformidade coma ABNT, na NB-0 “é a classe de norma técnica que constitui um conjunto metódico e preciso de condições a serem satisfeitas, com o objetivo de uniformizar formatos, dimensões, pesos ou outras de elementos de construção, materiais, aparelhos, objetos, produtos industriais acabados, ou, ainda, de desenhos e projetos”. Logo, na área de materiais, pode-se entender padronização como sinônimo de simplificação. São os seguintes os objetivos da padronização: a) Diminuir o número de itens no estoque: a padronização objetiva evitar a variedade de materiais da mesma classe, utilizados para o mesmo fim, diminuindo o número de itens em estoque, com reflexos técnicos e econômicos para a empresa; b) Simplificação dos materiais: consiste na escolha, entre as variedades existentes, de um material qualquer, de um ou vários tipos julgados satisfatórios, de modo que esse número reduzido de variedades satisfaça às necessidades da empresa. Assim é conseguida a eliminação dos tipos ineficientes, o que torna a padronização um fator decisivo contra o desperdício; c) Permitir a compra em grandes lotes: a padronização influi na eficiência das compras, contribuindo para a redução do número de itens e permitindo a aquisição de quantidades maiores do item padronizado e possibilitando a obtenção de melhores preços; d) Diminuir o trabalho de compras: a padronização conduz à redução do número de concorrências, propiciando aos envolvidos nos procedimentos a concentração sobre menor quantidade de itens e, conseqüentemente, especialização e melhor nível de serviço; e) Diminuir os custos de estocagem: o programa de padronização que reduz o número de variedades permite (a) simplificar a armazenagem, diminuindo seus encargos e controle de materiais; (b) facilitar o arranjo físico do almoxarifado, reduzindo o espaço necessário para o armazenamento; (c) facilitar a centralização dos estoques; (d) reduzir o capital empatado na formação dos estoques; e (e) diminuir os trabalhos de inventário; f) Reduzir a quantidade de itens estocados: reduzindo-se a variedade de itens em compra, a padronização permite a diminuição da quantidade de itens a serem armazenados; 31 g) Adquirir materiais com maior rapidez: com a diminuição do número de itens a serem adquiridos, reduz-se a quantidade de processos de compra, possibilitando maior rapidez às aquisições; h) Evitar diversificação de materiais de mesma aplicação: a padronização evita a diversificação dos materiais e possibilita sua aplicação padronizada em locais onde anteriormente se utilizavam materiais diversos; i) Obter maior qualidade e uniformidade: a padronização permite adotar o material de boa qualidade que substitui outros de qualidade diferente e que atendem a todas as necessidades da empresa, uniformizando manuseio e armazenagem. 32 CODIFICAÇÃO De modo geral, as empresas sempre se preocupam em identificar com facilidade a grande quantidade e diversidade de seus materiais. A solução encontrada foi a representação por meio de um conjunto de símbolos alfanuméricos ou simplesmente numéricos que traduzem as características dos materiais, de maneira racional, metódica e clara, para se transformar em linguagem universal de materiais na empresa. Assim nasceu a Codificação, que nada mais é do que uma variação da classificação de materiais. Consiste em ordenar os materiais da empresa segundo um plano metódico e sistemático, dando a cada um deles determinado conjunto de caracteres. O código
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