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raça e racismo texto.pdf

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FÓRUM DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DE DIADEMA - 
“BENEDITA DA SILVA” 
 
Documento elaborado por Márcia Regina Damaceno Silveira, formada pela Faculdade Nossa Srª da Assunção, Socióloga pelo 
Centro Universitário da Fundação Santo André, Especialista em Ciências da Religião PUC/SP. Graduanda em Políticas de 
Promoção da Igualdade Racial na Escola pela UNIFESP e coordenadora do Fórum de Promoção da Igualdade Racial “Benedita 
da Silva”. Direitos autorais são protegidos pela lei n°9610/98, violá-los é crime. Se for copiar, cite os créditos! Página 1 
 
 Márcia Regina Damaceno Silveira 
Esse material foi escrito com muito esforço para vocês. 
As frases e textos aqui utilizados são próprios e registrados. 
Caso queira compartilhá-los, por favor, atribua os devidos créditos. 
Os direitos autorais são protegidos pela lei n°9610/98, violá-los é crime. 
Obrigada! 
 
RAÇA E RACISMO 
“O saber é como um jardim: se não for cultivado, não pode ser colhido” 
(provérbio africano) 
 Faz necessário compreender que o conceito de “raça e racismo” são conceitos amplos, 
complexos que será impossível abranger a totalidade de suas conceituações nesta apostila. 
 Não existe um consenso entre os pesquisadores sobre a definição do significado da palavra 
raça, podendo ser tanto do latim radix, que significa raiz, ou do italiano razza, que significa 
linhagem ou criação. 
 Segundo o Dicionário Aurélio: 
 Raça: sf. 1.divisão tradicional e arbitrária dos grupos humanos, determinada pelo conjunto 
de caracteres físicos hereditários (cor da pele, formato da cabeça, tipo de cabelo etc.) 
[Etnologicamente, a noção de raça é rejeitada por se considerar a proximidade cultural de 
maior relevância do que o fator racial.].2.conjunto de indivíduos pertencentes a cada um 
desses grupos. 
Mas, o importante é que o conceito de “raça” foi sendo empregado dentro da história do 
conhecimento científicos ganhando diversas definições. Vejamos: 
No campo das ciências naturais como da Zoologia e da Botânica, o conceito de raça passou em 
classificar as espécies animais e vegetais. Foi através do naturalista sueco Carl Von Linné (1707-1778) 
utilizou-a para classificar as plantas. 
Depois nos séculos XVI-XVII, o conceito passou em definir as classes sociais na França, entre 
nobres e plebeus. No tempo do Iluminismo com o surgimento da Biologia e da Antropologia, o conceito 
passou a classificar grupos humanos diferenciados devido a questão do fator da melanina. 
 Mais tarde, já no século XIX, os intelectuais, sobretudo do campo da antropologia, sociologia e 
criminologia passaram a hierarquizar, estabelecer escala de valores entre às chamada raças e com isso 
elaboraram teorias raciais para justificar a superioridade da raça branca (europeia) sobre as outras. 
Aproveitaram-se da teoria evolucionista de Darwin para legitimar sua hipótese de que o grupo branco teria 
sido o mais evoluído da espécie humana devido as suas características físicas tais como a cor clara da 
pele, o formato do crânio (dolicocefalia), a forma dos lábios, do nariz, do queixo, etc. Nasce aqui, o 
FÓRUM DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DE DIADEMA - 
“BENEDITA DA SILVA” 
 
Documento elaborado por Márcia Regina Damaceno Silveira, formada pela Faculdade Nossa Srª da Assunção, Socióloga pelo 
Centro Universitário da Fundação Santo André, Especialista em Ciências da Religião PUC/SP. Graduanda em Políticas de 
Promoção da Igualdade Racial na Escola pela UNIFESP e coordenadora do Fórum de Promoção da Igualdade Racial “Benedita 
da Silva”. Direitos autorais são protegidos pela lei n°9610/98, violá-los é crime. Se for copiar, cite os créditos! Página 2 
 
darwinismo social que traz a ideia de que algumas sociedades e civilizações eram dotadas de 
valores que as colocavam em condição superior às demais (prática comum à eugenia). Na prática, 
essa afirmação estabelecida uma representação de que a cultura e a tecnologia dos europeus eram provas 
vivas de que seus integrantes ocupavam o topo da civilização e da evolução humana, dando a um 
pensamento que naturaliza a sua superioridade. Em contrapartida, povos de outros países como África e 
Ásia, não compartilhavam das mesmas capacidades e, por tal razão, estariam em uma situação inferior. 
Paul Broca (1824-1880), fundador da Sociedade Antropológica de Paris, definiu assim as diferenças 
biológicas entre negros e brancos: 
O rosto prognático (projetado para frente), a cor de pele mais ou menos negra, o cabelo 
crespo e a inferioridade intelectual e social estão frequentemente associados, enquanto a 
pele mais ou menos branca, o cabelo liso e o rosto ortognático (reto) constituem os 
atributos normais dos grupos mais elevados na escala humana. Um grupo de pele negra, 
cabelo crespo e rosto prognático jamais foi capaz de ascender à civilização (BROCA apud 
RODRIGUES, 2009, p. 85). 
 
Imagens das medidas dos rostos e crânios que visam aproximar os negros dos macacos e colocar o branco no 
topo da escala evolutiva. 
 Fonte: Racismo científico. Disponível em: http://racismo-cientifico.weebly.com/teoacutericos-seacuteculo- 
 Podemos observar que o conceito de raça neste cenário demonstra uma relação de poder, de 
dominação resultando numa prática social. Por isso, devemos estudar raça no campo da 
sociologia que trata da produção de privilégios de um grupo sobre outro grupo. Neste caso, Allen 
define que (1995), “raça é uma categoria que sustenta e é sustentada por mecanismo de controle 
social. Portanto é um signo vazio, preenchido apenas na experiência do racismo”. É o grupo 
branco que cria o racismo em sua prática social de manter seus privilégios por meio da exploração, 
submissão e desumanização do grupo dominado, os negros. 
O racismo é um conjunto de ideias (ideologia), doutrinas e pensamentos que estabelece, justifica e 
legitima a dominação de um grupo racial sobre outro, pautado numa suposta superioridade do grupo 
dominante (brancas, arianas) em relação aos dominados ( semitas, negras, indígenas). É uma forma de 
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“BENEDITA DA SILVA” 
 
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Centro Universitário da Fundação Santo André, Especialista em Ciências da Religião PUC/SP. Graduanda em Políticas de 
Promoção da Igualdade Racial na Escola pela UNIFESP e coordenadora do Fórum de Promoção da Igualdade Racial “Benedita 
da Silva”. Direitos autorais são protegidos pela lei n°9610/98, violá-los é crime. Se for copiar, cite os créditos! Página 3 
 
expressão do imperialismo, colonialismo e nacionalismo e neste regime onde prevalece a lógica 
racista, recursos diversos são distribuídos desigualmente e são preestabelecidos por fatores raciais. 
Podemos afirmar que existem “racismoS” (grifo meu),daí a importância de falar no plural, que 
variam de formas, de contextos e de atuação. Exemplo: o racismo da África do Sul que vigorou 
mais de quarenta foi o regime do “Apartheid”, que no Estados Unidos foi o sistema de 
“Segregação racial” extremamente declarada e violenta. Aqui no Brasil temos o chamado 
“racismo cordial”, velado, tendo como classificação hierarquizada de pessoas através da raça/cor, 
ou seja, pelas características fenotípicas/aparências. E ela que define o seu lugar social de poder, de 
privilégio ou da desigualdade. 
Foi através do estudo de pesquisa dos anos de 1950, pelo sociólogo Oracy Nogueira (1917-
1996) que demonstrou a diferenciação da discriminação racial que ocorria no Brasil e a dos Estados 
Unidos. Chegou-se aos seguintes termos de que o “preconceito de marca=aparência”é uma da 
característica da realidade brasileira. Aqui as pessoas são discriminadas pelos traços como a 
cor de pele, formato dos lábios, nariz e textura do cabelo que evidencia sua ascendência racial 
negra. O “preconceito de origem” é uma característica da realidade norte-americana, que discrimina 
a pessoa pela sua ancestralidade, ou seja, pelo fato de alguém possuir na família algum parente 
negro independente da pessoa “aparentar” ser negra. Neste caso, o que prevalece nesta classificação 
é a ascendência e não a aparência. 
No Brasil, se o indivíduo é mestiço claro, independente que os pais e avós sejam negros, ele sofrerá 
menos preconceito racial e ainda poderá atravessar a linha ou a fronteira de cor e se classificar na categoria 
branca. Nos Estados Unidos, a pessoa pode não revelar nenhum traços negroides na aparência, mas 
se sabe que em sua origem há pessoas negras, ela será considerada negra e sofrerá os mesmos 
preconceitos. 
Segundo Carlos Moore, 
(...) na América Latina, a sociedade está funcionalmente hierarquizada segundo critérios 
eminentemente raciológicos baseados na cor e no fenótipo (feições). Com efeito, em toda a 
América Latina encontramo-nos diante de uma realidade pigmentocrática sem castas, onde 
a classe social, a linhagem, a estirpe ou a raça – na sua definição sócio-histórica - se 
confundem com as diferenciações e gradações fenotípicas. 
 A América Latina toda funciona segundo uma ordem sócio-racial pigmentocrática; um 
contexto social onde as diferenciações da cor da pele, da textura do cabelo, da forma dos 
lábios, da configuração do nariz, dentre outras características, determinam o status coletivo 
e individual das pessoas. (Moore,2007, p.202). 
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O racismo gera diversos preconceitos tais como: a ideia da inferioridade, da superioridade e 
legitima a hierarquização da humanidade segundo as características fenotípicas. 
O racismo aproximou de determinada narrativas bíblicas com justificativa teológica para 
legitimar a dominação e a escravidão dos povos africanos pela Coroa Portuguesa e pela Igreja 
Católica. Naquele tempo havia o pensando que era necessário ajudar os africanos a sair da 
ignorância, do seu estado animalesco em que viviam. Fazendo em converter para o cristianismo, 
garantindo assim, sua salvação e a sua entrada para o Reino do céu. O texto gerador foi o livro do 
Gênesis capítulo 9,18-27, onde fala sobre a Maldição da raça negra. A história fala de Cam, o filho 
de Noé, que foi amaldiçoado pelo pai, depois o ter visto nu e embriagado pelo fruto da videira. Noé 
diz: “Maldito seja Cam, que ele seja para seus irmãos o último dos escravos”. 
 Essa narrativa alimentou a ideologia racista dos colonos brancos da África do Sul, que são 
os Afrikâners , os calvinistas descendentes de europeus, especialmente de holandeses, alemães e 
franceses e ingleses. Que estabeleceram entre 1948 a 1994 o sistema político o Apartheid ou 
separação, onde foi estabelecido oficialmente um conjunto de leis e atos visando separar os 
territórios específicos dos “brancos” e dos “negros”, sendo estes últimos subordinados e alijados de 
todas as instâncias de poder. 
Esse mesmo texto tem sido alimentado no século XXI pelo pensamento racista do Pastor 
Infeliciano (grifo meu) Vejam: 
 
 
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Documento elaborado por Márcia Regina Damaceno Silveira, formada pela Faculdade Nossa Srª da Assunção, Socióloga pelo 
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 E importante reafirmar que o racismo aqui no Brasil teve várias formas de atuação dentro 
dos contextos históricos. Vejamos: 
a) Colonização: O racismo foi utilizado para sustentar o sistema de escravidão; 
b) No século XIX- (teorias raciais)- nascimento da indústria e da burguesia. O racismo atua 
para justificar a supremacia da elite branca capitalista e a sua exploração em cima das 
populações inferiores. Lembre- se a população negra vem trazendo o acúmulo de 
desvantagens na hierarquização de poder; 
c) Na sociedade pós-moderna, o racismo é “oculto”, setores conservadores da sociedade, que 
não querem que a sociedade mude, contestam de que não há racismo no Brasil. Constrói o 
mito da democracia racial e o mito do embranqueamento; 
a) d) Século XXI- com a crise do capitalismo, o racismo toma-se outra postura com a questão 
da xenofobia. E dentro deste processo de “globalização”, muitas pessoas acabam 
deslocando seus países para outros acabando sofrendo um outro formato do racismo. 
Em relação ao mito da democracia racial, se produz na cabeça do povo brasileiro que somos 
um povo mestiço devido à mistura entre as três raças- branca, indígenas e negra. Prega-se que o 
povo brasileiro resultado desta mestiçagem, sempre tiveram contato harmônico, todos tem-se 
igualdade no país e não há motivos para conflitos e tensões étnico- raciais. O pioneiro que criou- 
se o mito da mestiçagem foi o sociólogo Gilberto Freyre. Com esse mito encobre as violências, as 
injustiças, às desigualdades sociais e raciais cometidas para com o povo negro e para com os povos 
indígenas. Mas o mito não é algo abstrato e falso, fácil de ser combatido e descartado. Muitos 
brasileiros não admitem discursivamente que são racistas, mas praticam o racismo em palavras, 
gestos e atos. 
Violência Simbólica: a ideologia do embranquecimento 
 Além disso, estão sendo construídos, historicamente, socialmente e culturalmente, no país, 
valores simbólicos: nos quais o ideal de branqueamento é quem determina a superioridade de uma 
classe social ou de um grupo racial nas relações de poder, de comandar, neste caso somente a 
classe dominante da elite branca. 
Portanto, o branco torna-se um valor, um ideal ético, estético, econômico e educacional. 
Configura como sinônimo de características positivas como belo, justo, verdadeiro, santidade, 
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Documento elaborado por Márcia Regina Damaceno Silveira, formada pela Faculdade Nossa Srª da Assunção, Socióloga pelo 
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limpo, honesto, riqueza, boa aparência, privilégio, ascensão social e enquanto a cor negra torna-se 
oposição. 
Segundo Clóvis Moura, 
Essa elite de poder que se auto- identifica como branca escolheu, como tipo ideal, 
representativo da superioridade étnica na nossa sociedade, o branco europeu e, em 
contrapartida, como tipo negativo, inferior, étnica e culturalmente, o negro. Em cima dessa 
dicotomiaétnica estabeleceu-se, uma escala de valores, sendo o individuo ou grupo mais 
reconhecido e aceito socialmente na medida em que se aproxima do tipo branco, e 
desvalorizado e socialmente repelido à medida que se aproxima do negro. (Sociologia do 
negro brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988, p.62). 
 No processo de desenvolvimento humano, esses valores serão introjetados no universo 
psíquico, neste caso, do negro, “aliados à uma realidade social adversa” que serão transmitidos 
pela família, pela escola, pela igreja, pelo mercado de trabalho, e pela mídia, tendo como modelo de 
identificação do país o do fetiche da brancura. 
Veja e reflita sobre a pintura do artista Modesto Broccos y Gomes, de 1895 com a obra “Redenção 
de Cam". 
 
Essa ideologia do embraquecimento trouxe sérias conseqüências para o psicológico da 
população negra. Frequentemente, ouvimos certas expressões discriminatórias no cotidiano de que 
“negro não presta”; “a situação está preta”, para significar que a mesma está ruim. 
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Documento elaborado por Márcia Regina Damaceno Silveira, formada pela Faculdade Nossa Srª da Assunção, Socióloga pelo 
Centro Universitário da Fundação Santo André, Especialista em Ciências da Religião PUC/SP. Graduanda em Políticas de 
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Tomemos como exemplo a seguinte frase: “O inferno é concebido como negro e o céu lugar 
de almas brancas”; para a pessoa negra que não tem certa estrutura psicológica em relação a sua 
identidade negra, essa frase perpassa como fase de sofrimento, “inferiorização”, baixa estima e não 
aceitação
1” dos seus caracteres fenotípicos e de sua descendência africana. 
Para classificação racial no país são utilizados três modelos: 
a) O Governo Brasileiro por meio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, 
classifica as pessoas pelo critério da cor da pele/raça. Em 1872, tivemos o primeiro 
recenseamento geral do país com quatro categorias entre branco, preto, pardo e caboclo. 
Entendendo que pardos como a união de brancos e pretos e caboclo como os indígenas e seus 
descendentes. Depois em 1890 houve a substituição do pardo pelo mestiço. Atualmente, os 
critérios utilizados são de cinco categorias: brancos, pretos, pardos, amarelos e indígenas; 
b) Meio popular: Para as pessoas que trazem em sua cabeça o mito da democracia racial e mais a 
ideologia do branqueamento, define-se a sua aparência a partir de uma variedade de tonalidades 
para corresponder às características que se convenceu a relacionar. Daí termos expressões 
como“ amorenada, , café com leite, cor de café, escurinha, morena jambo, marrom bombom, 
mestiças, pardos, queimada de sol e entre outros, dificultando a sua afirmação de identidade 
étnico racial de negro. Essa resposta apareceu na Pesquisa Nacional por Amostra de 
Domicílios (PNAD) feita em 1976 que detectou 135 variações de cores diferentes da população 
brasileira, uma vez que a pergunta as pessoas eram livres em definir a sua cor\raça; 
c) Movimento Negro (Militância): A partir de meados da década de 70, o movimento negro 
brasileiro passou a reivindicar o reconhecimento da categoria da “raça negra” como um 
embate político e ideológico no combate ao racismo e a desigualdades raciais. As categorias de 
pardos e negros são visto como uma única “raça” servindo como base para construção da 
políticas públicas de promoção da igualdade racial. Aqui existe somente duas categorias ou 
você define como negro ou branco. O slogan do movimento negro é “preto é cor, negro e 
raça”. 
Daí todos os esforços dos movimentos negro e do Movimento Negro de Diadema em 
desconstruir e ressignificar a terminologia “negro” por meio do trabalho da auto-estima e da 
consciência negra. Lembremos- nos de alguns slogans que nós do Movimento Negro utilizaram e 
 
1
 CHAGAS, Conceição Corrêa das. Negro uma identidade em construção. Petrópolis: Vozes, 1996. p. 34 
 
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ainda utilizamos em formato de bottons e/ou camisetas para valorização da cultura negra e da 
conscientização negra. São esses: “Negro é lindo!, “Negra Sim!”, “100% Negro!”. 
Em relação à atuação dos Movimentos Negros, teremos na década de 80, uma grande 
mobilização em torno do debate sobre a situação do negro no Brasil. Encontros municipais e 
estaduais serão organizados com as entidades negras para elaboração de um documento com uma 
redação de propostas vindas pelo movimento a ser entregue aos deputados comprometidos com a 
causa negra que iriam participar da nova Constituição. Com isso teremos a Constituição de 1988, 
em sua aprovação do art 5º- inc. XLII, que condena a prática do racismo como crime inafiançável 
e imprescritível. 
Outra ação dos Movimentos Negros Brasileiros, na década de 90, foi à campanha de 
sensibilização da população negra em responder o recenseamento com sua identidade negra. O 
Slogan era: “ Não deixe sua cor passar em branco”, fazendo uma reflexão as pessoas deixassem 
dentro de si a ideologia do branqueamento. Além do recenseamento, o movimento negro trouxe a 
luta da implementação do quesito cor/raça em todos os sistemas e formulários governamentais. 
Através da coleta de dados estatísticos pode obter informação, subsídios que demonstra a diferenças 
socioeconômicas e culturais entre a população negra e branca. A partir disso, é possível verificar a 
permanência das desigualdades de gênero, cor/ raça que foram edificada em nossa sociedade 
brasileira para construção de políticas públicas de ações afirmativas para reversão deste quadros. 
 
Imagem da cartilha “Orientações para a Qualificação do Quesito „Cor ou Raça‟ no Censo da Educação Superior”, 
lançada pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial-SEPPIR, em 2015, pela ex-Ministra Luiza Helena de 
Bairros 
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Sabemos o Estado Brasileiro tem sua responsabilidade histórica pela escravidão e 
marginalização econômico-social dos descendentes de africanos, de negro e negra deste país e deve 
comprometer com a implementar as políticas públicas e a incentivar ações afirmativas reparatórias. 
Infelizmente em todas as instituições públicas e nos meios de comunicações, temos aqui, a 
chamada do Racismo Institucional que é o responsável pelo tratamento diferenciado entre negros 
e brancos empolíticas públicas. É um mecanismo social de exclusão seletiva de determinados 
lugares tradicionalmente ocupados pelas “elites brancas”. Diversas instituições criam mecanismo de 
favorecimento o acesso aos brancos e dificultando ou proibindo a presença dos negros em 
determinados espaços sociais. 
Considerações finais 
 Caro (a) participantes, a conclusão retirada desta apresentação e que as pessoas autodeclaram 
em relação a sua cor ou raça no Brasil. Cada pessoa define a qual grupo queira pertencer. 
Geralmente a identidade da pessoa está mais relacionada com aquilo que a sociedade dita, o “fetiche 
da brancura”, sinônimo de ascensão social. Muitos sentem constrangimento em ser relacionado com 
a palavra “negro” devido a uma carga pejorativa construída no país. É comum filhos de casamentos 
inter-raciais que tenha a pele mais clara, se declare branco ou pardo. 
 Mas por outro lado temos pessoas que sentem orgulhos e conhecem seus direitos de 
cidadãos e cidadãs. Como afirma o pensamento de Souza (1983, p.77) “ Ser negro não é uma 
condição dada a priori. É um vir-se a-ser. Ser negro é tornar negro”. Portanto ser negro e negra 
no Brasil não se limita às características físicas, mas sim, trata de uma escolha política. Trata de 
assumir a identidade negra e cultural, e adquirindo, no grupo, uma consciência negra, ancorada na 
cultura e na história de lutas travadas pelos nossos ancestrais contra a escravidão, o racismo e a 
opressão. E entender que essa consciência negra, exige de nós uma atitude eficaz de desconstrução 
e de construção, hoje, de “Palmares, Canudos, Chiapas” como verdadeiros espaços de resistência e 
de construção da dignidade e afirmação das políticas para conosco, negros e negras. 
Para finalizar, entendo que a luta de combate ao racismo deva ser encampada por todos nós, 
brancos e negros para a promoção da igualdade racial. 
 
 
 
FÓRUM DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DE DIADEMA - 
“BENEDITA DA SILVA” 
 
Documento elaborado por Márcia Regina Damaceno Silveira, formada pela Faculdade Nossa Srª da Assunção, Socióloga pelo 
Centro Universitário da Fundação Santo André, Especialista em Ciências da Religião PUC/SP. Graduanda em Políticas de 
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da Silva”. Direitos autorais são protegidos pela lei n°9610/98, violá-los é crime. Se for copiar, cite os créditos! Página 10 
 
Referência bibliográfica: 
CHAGAS, Conceição Corrêa das. Negro uma identidade em construção. Petrópolis: Vozes, 1996. 
FERREIRA, Aurélio B. de Holanda. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. 2ª.ed., Rio de Janeiro: Nova 
Fronteira, 1986. 
FIGUEIREDO, Janaína: ALBURQUERQUE, José Lindomar C. Educação, Racismo e Antirracismo. 
Apostila do curso de Especialização de Promoção da Igualdade Racial na Escola. São Paulo, UNIFESP, 
2016. 
MOORE, Carlos. O Racismo e a Sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. 2ª ed., 
Belo Horizonte: Nandyala, 2012. 
MOURA, Clóvis. Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Editora Ática, 1988. 
NOGUEIRA, Oracy. Preconceito de marca: as relações raciais em Itapetininga. São Paulo: EDUSP, 1998. 
RODRIGUES, Elisa. Raça e controle social no pensamento de Nina Rodrigues. Revista Múltiplas Leituras, 
n. 2, vol. 2, 2009, p. 81-107. Disponível em: https://goo.gl/D8CGUi, acesso em 10 de março de 2017. 
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro ou as vicissuitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão 
social. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983. 
Para saber mais leiam: MUNANGA Kabengele, Org. Superando o Racismo na Escola. Brasília, 
2005. Disponível http:// portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/racismo_escola.pdf, 
Indicação de Filme que aborda Racismo 
1- Ao mestre com carinho, James Clavell, 1967/ EUA 
2- Olhos azuis, Jane Elliot- 1968/EUA 
3- Mississipi em chamas /1988/EUA 
4- Separados mas iguais, George Stevens Jr – 1991/ EUA 
5- Sarafina – o som da liberdade, Darrell Roodt – 1992/África do Sul 
6- Mentes Perigosas, John N. Smith -1995/EUA 
7- A Negação do Brasil- 2000/BRA 
8- Alguém falou de racismo, Daniel Caetano – 2002/BRA 
9- Vista a minha pele, Joel Zito Araújo & Dandara – BRA/2004 
10- Escritores da Liberdade, Richard LaGravenese – EUA/ 2007 
11- Mãos talentosas, Thomas Carter-2009/EUA 
12- Preciosa, Lee Daniels – 2009/EUA 
13- 12 Anos de Escravidão -2014/EUA 
14- Youtube: Racismo desde criança. Comparando as bonecas. 
15- 
Letra de músicas: 
a) Racismo é burrice- Gabriel Pensador; 
b) Voz ativa- Racionais MC”S; 
Maiores informação: mreginadamacenosilveira@yahoo.com.br ou facebook- Márcia R Damaceno Silveira 
ou ainda facebook: fórum de promoção da igualdade racial Benedita da Silva

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