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MED RESUMOS - NEUROANATOMIA

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MED RESUMOS 2012
ARLINDO UGULINO NETTO
MEDICINA – P3 – 2008.2
med_resumos@hotmail.com
NEUROANATOMIA
REFER€NCIAS
1. Material baseado nas aulas do Professor Stenio A. Sarmento e Christian Diniz na Faculdade de 
Medicina Nova Esperana durante o per‚odo letivo de 2008.2.
2. MACHADO, A. Neuroanatomia funcional. 2004. Ed. Atheneu. Sƒo Paulo.
3. SNELL, Richard. Neuroanatomia Cl‚nica para Estudantes de Medicina; Editora Guanabara Koogan; 
5„ ediƒo; 2001.
4. MENESES, Murilo S. Neuroanatomia aplicada. 2 ed. Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2006.
5. NITRINI, Ricardo; BACHESCHI, Luiz Alberto. A Neurologia que Todo Medico Deve Saber. 2 ed. Sƒo 
Paulo : Editora Atheneu, 2008.
6. SCH…NKE, Michael et al. Prometheus, atlas de anatomia: cabea e neuroanatomia. Rio de Janeiro : 
Guanabara Koogan, 2007.
7. NETTER, Frank. Atlas of Human Anatomy. Elsevier; 4„ ediƒo; 2006.
8. SOBOTTA, J; BECKER. Sobotta – Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 
22a. Ed., 2006.
9. Arlindo Ugulino Netto; Julianna Adijuto de Oliveira; Roberto Guimarƒes Maia†; Stˆnio Abrantes 
Sarmento. Novo modelo esquem‰tico de nŠcleos da base para compreensƒo dos distŠrbios do 
movimento no estudo da neuroanatomia e da neurologia. O Anatomista - Ano 2, Volume 3, 2011.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
1
MED RESUMOS 2012
NETTO, Arlindo Ugulino.
N EUROAN ATOMI A
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA
O sistema nervoso (SN) é um aparelho único do ponto de vista funcional: o sistema nervoso e o sistema 
endócrino controlam as funções do corpo praticamente sozinhos. Além das funções comportamentais e motoras, o 
sistema nervoso recebe milhões de estímulos a partir dos diferentes órgãos sensoriais e, então, integra, todos eles, para 
determinar respostas a serem dadas pelo corpo, permitindo ao indivíduo a percepção e interação com o mundo externo 
e com o próprio organismo. 
De fato, o sistema nervoso é basicamente composto por células especializadas, cuja função é receber os 
estímulos sensoriais e transmiti-los para os órgãos efetores, tanto musculares como glandulares. Os estímulos 
sensoriais que se originam no exterior ou no interior do corpo são correlacionados dentro do sistema nervoso, e os 
impulsos eferentes são coordenados, de modo que os órgãos efetores atuam harmoniosamente, em conjunto, para o 
bem estar do indivíduo. Ainda mais, o sistema nervoso das espécies superiores tem a capacidade de armazenar as 
informações sensoriais recebidas durante as experiências anteriores. 
Em resumo, dentre as principais funções do sistema nervoso, podemos destacar:
 Receber informações do meio interno e externo (função sensorial)
 Associar e interpretar informações diversas (função cognitiva)
 Ordenar ações e respostas (função motora)
 Controle do meio interno (devido a sua relação com o sistema endócrino)
 Memória e aprendizado (função cognitiva avançada)
DIVISES DO SISTEMA NERVOSO
Do ponto de vista anatômico, podemos dividir o sistema nervoso em duas grandes partes: o sistema nervoso 
central (S.N.C.) e o sistema nervoso periférico (S.N.P.). O primeiro reúne as estruturas situadas dentro do crânio 
(encéfalo) e da coluna vertebral (medula espinal), enquanto o segundo reúne as estruturas distribuídas pelo organismo 
(nervos, plexos e gânglios periféricos). 
Já do ponto de vista funcional, o sistema nervoso deve ser dividido em sistema nervoso somático (S.N.S.) e 
sistema nervoso autonômico (S.N.A.), de modo que o primeiro está relacionado com funções submetidas a comandos 
conscientes (sejam motores ou sensitivos, estando relacionado com receptores sensitivos e com músculos estriados 
esqueléticos) e o segundo, por sua vez, está relacionado com a inervação inconsciente de glândulas, músculo cardíaco 
e músculo liso.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
2
DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO
1. Sistema nervoso central (SNC).
Anatomicamente, denomina-se sistema nervoso central ou neuroeixo o conjunto representado pelo encéfalo e 
pela medula espinhal dos vertebrados. Forma, junto ao sistema nervoso periférico, o sistema nervoso como um todo, e 
tem papel fundamental no controle dos sistemas do corpo. Denomina-se encéfalo a parte do SNC contida no interior da 
caixa craniana, e medula espinhal a parte que continua a partir do encéfalo no interior do canal vertebral.
1.1. Encéfalo: corresponde ao conjunto de cérebro, tronco encefálico e cerebelo (ou seja, todas as estruturas do SN 
localizadas dentro da caixa craniana).
1.1.1. Cérebro (telencéfalo + diencéfalo) 
1.1.1.1. Telencéfalo: o telencéfalo é dividido em dois hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos e 
constituídos por giros e sulcos que abrigam os centros motores, sensitivos e cognitivos. Estruturalmente, o 
telencéfalo é formado pelo córtex cerebral, sistema límbico e núcleos de base.
 Núcleos da base: conjuntos de corpos de neurônios localizados na base do telencéfalo responsáveis por mediar 
sinais estimuladores oriundos do córtex e que pra ele se dirige de volta, principalmente do ponto de vista motor.
 Sistema Límbico: conjunto de estruturas telencefálicas relacionadas com emoções, memória e controle do sistema 
nervoso autonômico.
 Córtex cerebral: consiste no manto de corpos de neurônios que reveste todo o telencéfalo perifericamente, 
distribuindo-se ao longo dos dois hemisférios: direito (não verbal) e esquerdo (verbal). Tais neurônios corticais 
estão dispostos em camadas e, a depender de sua localização no telencéfalo, são responsáveis pela motricidade, 
sensibilidade, linguagem (parte motora e compreensão), memória, etc. Cada hemisfério é constituído de cinco 
lobos: Frontal, Parietal, Temporal, Occipital e Lobo da ínsula (esta divisão não se faz do ponto de vista funcional; 
é meramente anatômica, sendo atribuída de acordo com a relação da respectiva região do telencéfalo com os 
ossos do crânio).
OBS1: O corpo caloso é formado por um conjunto de fibras (comissura) que estabelece a comunicação entre os 
hemisférios, conectando estruturas comparáveis de cada lado. Permite que estímulos recebidos em um lado sejam 
processados em ambos os hemisférios ou exclusivamente no hemisfério oposto. Além disso, auxilia na coordenação e 
harmonia entre os comandos motores oriundos dos dois hemisférios. 
OBS²: A informação sensorial é enviada para hemisférios opostos. O princípio básico é a organização contralateral, de 
modo que a maioria dos estímulos sensoriais chega ao córtex contralateral cruzando ao longo das vias ascendentes que 
os conduziu. Como na visão, ocorre o crossover visual: o campo de visão esquerdo é projetado no lobo occipital direito; 
o campo visual direito é projetado para o lobo esquerdo. Outros sentidos funcionam semelhantemente. Bem como ocorre 
no que diz respeito às áreas motoras: o hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo e o hemisfério esquerdo 
controla o direito, uma vez que as fibras motoras oriundas do córtex motor de um lado cruzam para o lado oposto ao 
nível do bulbo na chamada decussação das pirâmides.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
3
1.1.1.2. Diencéfalo: área localizada na transição entre o tronco encefálico e o telencéfalo, sendo 
subdividido em hipotálamo, tálamo, epitálamo e subtálamo. Todas as mensagens sensoriais, com exceção 
das provenientes dos receptores do olfato, passam pelo tálamo (e metatálamo) antes de atingir o córtex 
cerebral. 
 Tálamo: é uma massa ovóide predominantemente composta por substância cinzenta localizada no diencéfalo e 
que corresponde à maior parte das paredes laterais do terceiro ventrículo encefálico. O tálamo atua como estação 
retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. 
 Hipotálamo: também constituído por substância cinzenta, é o principal centro integrador das atividades dos órgãos 
viscerais(sistema nervoso autônomo), sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal. Ele faz 
ligação entre o sistema nervoso/límbico e o sistema endócrino/visceral, atuando na ativação de diversas glândulas 
endócrinas. 
 Epitálamo: constitui a parede posterior do terceiro ventrículo e nele, está localizada a glândula pineal.
1.1.2. Cerebelo: situado posteriormente ao tronco encefálico e inferiormente ao lobo occipital, o cerebelo é, 
primariamente, um centro responsável pelo controle e aprimoramento (coordenação) dos movimentos 
planejados e iniciados pelo córtex motor (o cerebelo estabelece inúmeras conexões com o córtex motor e 
com a medula espinhal). Assim, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos, equilíbrio, 
postura, tônus muscular e, sobretudo, coordenação motora. O cerebelo, fundamentalmente, apresenta as 
seguintes estruturas fundamentais: núcleos cerebelares profundos e córtex cerebelar.
1.1.3. Tronco encefálico: o tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se 
ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais: (1) recebe informações sensitivas de estruturas 
cranianas e controla a maioria das funções motoras e viscerais referentes a estruturas da cabeça; (2) 
contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas 
e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os 
movimentos do lado direito do corpo e vice-versa); (3) regula a atenção, função esta que é mediada pela 
formação reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes, 
separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). Além destas 
três funções gerais, as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas 
específicas. O tronco encefálico é subdividido em bulbo, ponte e mesencéfalo.
1.2. Medula Espinal: corresponde à porção alongada do sistema nervoso central, estabelecendo as maiores 
ligações entre o SNC e o SNP. Está alojada no interior da coluna vertebral, ao longo do canal vertebral, 
dispondo-se no eixo crânio-caudal. Ela se inicia ao nível do forame magno e termina na altura entre a 
primeira e segunda vértebra lombar no adulto, atingindo entre 44 e 46 cm de comprimento, possuindo 
duas intumescências, uma cervical e outra lombar (que marcam a localização dos grandes plexos 
nervosos: braquial e lombossacral).
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
4
2. Sistema nervoso periférico (SNP)
O sistema nervoso periférico é 
constituído por estruturas localizadas fora do 
neuroeixo, sendo representado pelos nervos (e 
plexos formados por eles) e gânglios nervosos 
(consiste no conjunto de corpos de neurônios 
fora do SNC). 
No SNP, os nervos cranianos e 
espinhais, que consistem em feixes de fibras 
nervosas ou axônios, conduzem informações 
para e do sistema nervoso central. Embora 
estejam revestidos por capas fibrosas à medida 
que cursam para diferentes partes do corpo, eles 
são relativamente desprotegidos e são 
comumente lesados por traumatismos, trazendo 
déficits motores/sensitivos para grupos 
musculares/porções de pele específicos. 
OBS3: Um nervo corresponde a um cordão formado 
por conglomerados de axônios que, ao longo de seu 
trajeto, pode projetar diversos axônios que chegarão 
às estruturas a serem inverdadas (placa motora ou 
terminal sensitivo).
2.1. Gânglios nervosos.
Dá-se o nome de gânglio nervoso para qualquer aglomerado de corpos celulares de neurônios encontrado fora 
do sistema nervoso central (quando um aglomerado está dentro do sistema nervoso central, é conhecido como núcleo).
Os gânglios podem ser divididos em sensoriais dos nervos espinhais e dos nervos cranianos (V, VII, VIII, IX e X) e em 
gânglios autonômicos (situados ao longo do curso das fibras nervosas eferentes do SN autônomo).
2.2. Nervos espinhais.
Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior, existem as conexões de pequenos filamentos radiculares, que se 
unem para formar, respectivamente, as raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais. As duas, por sua vez, se unem 
para formar os nervos espinhais propriamente ditos. É a partir dessa conexão com os nervos espinhais que a medula 
pode ser dividida em segmentos. Estes nervos são importantes por conectar o SNC à periferia do corpo.
Os nervos espinhais são assim chamados por se relacionarem com a medula espinhal, estabelecendo uma 
ponte de conexão SNC-SNP.
Existem 31 pares de nervos espinhais aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuídos: 8 
cervicais (existe oito nervos cervicais mas apenas sete vértebras pois o primeiro par cervical se origina entre a 1ª 
vértebra cervical e o osso occipital), 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
5
OBS4: Na realidade, são 33 pares de Nn. Espinhais se forem considerados os dois pares de nervos coccígeos 
vestigiais, justapostos ao filamento terminal da medula.
2.3. Nervos cranianos
Os 12 nervos cranianos, também constituintes importantes do sistema nervoso periférico, apresentam funções 
neurológicas diversificadas. Em resumo, temos:
I. Nervo Olfatório: se origina no teto da cavidade nasal e traz estímulos olfatórios para o bulbo olfatório e trato olfatório.
II. Nervo Óptico: seus axônios se originam de prolongamentos das células ganglionares da camada mais interna da retina e 
partem para a parte posterior do globo ocular, levando impulsos relacionados com a visão até o corpo geniculado lateral e, 
daí, até o lobo occipital.
III. Nervo Oculomotor: inerva a maioria dos músculos extrínsecos do olho (Mm. oblíquo inferior, reto medial, reto superior, reto 
inferior e levantador da pálpebra) e intrínsecos do olho (M. ciliar e esfíncter da pupila). Indivíduos com paralisia no III par não 
movem a pálpebra, que cai sobre o olho, além de apresentar outros sintomas relacionados com a motricidade do olho, como 
estrabismo divergente (olho voltado lateralmente).
IV. Nervo Troclear: inerva o músculo oblíquo superior, que põe os olhos pra baixo e para dentro (ao mesmo tempo), como no 
olhar feito ao se descer uma escada. Suas fibras, ao se originarem no seu núcleo (ao nível do colículo inferior do 
mesencéfalo), cruzam o plano mediano (ainda no mesencéfalo) e partem para inervar os Mm. oblíquos superiores do olho, 
sendo do lado oposto em relação à sua origem. Além disso, é o único par de nervos cranianos que se origina na parte dorsal 
do tronco encefálico (logo abaixo dos colículos inferiores).
V. Nervo Trigêmeo: apresenta uma grande função sensitiva (por meio de seus componentes oftálmico, maxilar e mandibular) e 
função motora (inervação dos músculos da mastigação por ação do nervo mandibular). É responsável ainda pela inervação 
exteroceptiva da língua (térmica e dolorosa) e proprioceptiva.
VI. Nervo Abducente: Inerva o músculo reto lateral do olho, capaz de abduzir o olho (olhar para o lado), como o próprio nome 
do nervo sugere. Lesões do nervo abducente podem gerar estrabismo convergente (olho voltado medialmente).
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
6
VII. Nervo Facial: toda inerva€o dos m‚sculos da mƒmica da face. Paralisia de um nervo facial trar„ paralisia dos m‚sculos da 
face do mesmo lado (inclusive, incapacidade de fechar o olho), predominando a a€o dos m‚sculos com inerva€o normal, 
puxando-os anormalmente. O nervo interm…dio, componente do pr†prio nervo facial, … respons„vel por inervar as gl‡ndulas 
submandibular, sublingual e lacrimal, al…m de inervar a sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da lƒngua.
VIII. Nervo Vestíbulo-coclear: sua por€o coclear traz impulsos gerados na c†clea (relacionados com a audi€o) e sua por€o 
vestibular traz impulsos gerados nos canais semicircularesdo †rgo vestibular (relacionados com o equilƒbrio).
IX. Nervo Glossofaríngeo: respons„vel por inervar a gl‡ndula par†tida, al…m de fornecer sensibilidade gustativa para o 1/3 
posterior da lƒngua. Realiza, tamb…m, a motricidade dos m‚sculos da degluti€o.
X. Nervo Vago: maior nervo do corpo, que se origina no sulco lateral posterior do bulbo e se estende at… o abdome. Est„ 
relacionado com a inerva€o de quase todos os †rgos tor„cicos e abdominais. Traz fibras aferentes do pavilho e do canal 
auditivo externo.
XI. Nervo Acessório: inerva os Mm. esternocleidomast†ideo e trap…zio, sendo importante tamb…m devido as suas conexˆes 
com n‚cleos dos nervos oculomotor e vestƒbulo-coclear, por meio do fascƒculo longitudinal medial, o que garante um 
equilƒbrio do movimento dos olhos com rela€o ‰ cabe€a. Na verdade, a parte do nervo acess†rio que inerva esses m‚sculos 
… apenas o seu componente espinhal (5 primeiros segmentos medulares). O componente bulbar do acess†rio pega apenas 
uma “carona” para se unir com o vago, formando em seguida o nervo laríngeo recorrente.
XII. Nervo Hipoglosso: inerva os m‚sculos da lƒngua.
DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO
Do ponto de vista funcional, podemos dividir o sistema nervoso em somático e autonômico. Basicamente, o SN 
Somático depende da vontade do indivƒduo (volunt„rio) e o SN Autônomo independe da vontade do indivƒduo 
(involunt„rio). Para isso, o SNP conecta o SNC ‰s diversas partes do corpo, sendo mediado por neurŒnios motores 
(eferentes) e neurŒnios sensitivos (aferentes), al…m de nervos mistos.
1. Sistema nervoso somático (SNS).
O SN Som„tico (“soma” = parede corporal) … constituido por estruturas controlam a€ˆes volunt„rias, como a 
contra€o de um m‚sculo estriado esquel…tico, ou modalidades sensitivas elementares e facilmente interpretadas 
(conduzidas por fibras aferentes som„ticas, levando estƒmulos relacionados com tato, presso, dor, temperatura, etc.). 
Dentre estruturas relacionadas com esta parte da diviso funcional do sistema nervoso, podemos destacar 
estruturas centrais (c†rtex motor prim„rio, c†rtex motor secund„rio, n‚cleos da base, cerebelo, c†rtex somatossensorial 
prim„rio e secund„rio, t„lamo, etc.) e estruturas perif…ricas (parte motora e sensitiva dos principais nervos do corpo, 
principalmente daqueles que se destacam dos plexos braquial e lombossacral, al…m dos nervos cranianos que 
conduzem fibras eferentes som„ticas).
2. Sistema nervoso autonômico (SNA).
O sistema nervoso autonŒmico … a parte do sistema nervoso relacionada ‰ inerva€o das estruturas 
involunt„rias, tais como o cora€o, o m‚sculo liso e as gl‡ndulas localizadas ao longo do corpo. Est„, portanto, 
relacionado com o controle da vida vegetativa, controlando fun€ˆes como a respira€o, circula€o do sangue, controle 
de temperatura e digesto, etc.  distribuƒdo por toda parte nos sistemas nervosos central (hipot„lamo, sistema lƒmbico, 
forma€o reticular, n‚cleos viscerais dos nervos cranianos) e perif…rico (nervos cranianos com fibras eferentes e 
aferentes viscerais e nervos distribuƒdos ao longo do corpo e vƒsceras, principalmente aqueles oriundos de plexos 
viscerais).
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
7
O SNA pode ser subdividido em duas partes: o SNA simpático e o SNA parassimpático, e em ambas existem 
fibras nervosas aferentes e eferentes. As atividades da parte simp„ticfa do SNA preparam o corpo para as emergŽncias 
(luta e fuga). As atividades da parte parassimp„tica do SNA so voltadas para a conserva€o e a restaura€o das 
energias (repouso e digesto).
2.1 Sistema Nervoso Autonômico Simpático: prepara o corpo para respostas de “lutar ou fugir” por meio da 
libera€o de neurotransmissores como a adrenalina e noradrenalina.  respons„vel, por exemplo, pelo aumento 
da presso arterial, do trabalho e da potencia do m‚sculo cardƒaco. Desta forma, o fluxo sanguƒneo aumenta para 
os m‚sculos esquel…ticos e ocorre inibi€o das fun€ˆes digestivas. Anatomicamente, sua fibra pr…-ganglionar … 
curta, enquanto que a p†s-ganglionar … longa.
2.2 Sistema Nervoso Autonômico Parassimpático: prepara o corpo, de uma maneira geral, para o repouso e 
digesto, acomodando o corpo para manter e conservar energia metab†lica: diminui o trabalho cardƒaco, a 
respira€o e a presso sanguƒnea. Sua fibra pr…-ganglionar … longa, enquanto que o p†s-ganglionar … curta, de 
modo que o g‡nglio parassimp„tico localiza-se pr†ximo ou dentro da vƒscera que ele inerva (como no trato 
digestivo, existe os plexos de Meissner e Auerbach).
EMBRIOG‚NESE DO S ISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso origina-
se do ectoderma embrion„rio e se 
localiza na regio dorsal. Durante o 
desenvolvimento embrion„rio, o 
ectoderma sofre uma invagina€o, 
dando origem ‰ goteira neural,
que se fecha posteriormente, 
formando o tubo neural. Este 
possui uma cavidade interna cheia 
de lƒquido, o canal neural.
Em sua regio anterior (ou 
superior), o tubo neural sofre 
dilata€o, dando origem ao 
encéfalo primitivo. Em sua regio 
posterior (ou inferior), o tubo neural 
d„ origem ‰ medula espinhal. O 
canal neural persiste nos adultos, 
correspondendo aos ventrículos 
cerebrais, no interior do enc…falo, 
e ao canal central da medula, no 
interior da medula.
Durante o desenvolvimento embrion„rio, verifica-se que, a partir da vesƒcula ‚nica que constitui o enc…falo 
primitivo, so formadas trŽs outras vesƒculas: (1) prosencéfalo (enc…falo anterior); (2) mesencéfalo (enc…falo m…dio); 
(3) rombencéfalo (enc…falo posterior).
O prosenc…falo e o rombenc…falo sofrem estrangulamento, dando origem, cada um deles, a duas outras 
vesƒculas. O mesenc…falo no se divide. Desse modo, o enc…falo do embrio … constituƒdo por cinco vesƒculas em linha 
reta. O prosenc…falo divide-se em telenc…falo (hemisf…rios cerebrais) e dienc…falo (t„lamo e hipot„lamo); o 
mesenc…falo no sofre diviso e o rombenc…falo divide-se em metenc…falo (ponte e cerebelo) e mielenc…falo (bulbo). 
Todas as divisˆes do SNC se definem j„ na 6 semana de vida fetal.
CƒLULAS DO S ISTEMA NERVOSO
O neurônio … a unidade sinalizadora do sistema nervoso, correspondendo ‰ principal c…lula deste sistema.  
uma c…lula especializada e dotada de v„rios prolongamentos para a recep€o de sinais e um ‚nico para a emisso de 
sinais. So basicamente divididos em trŽs regiˆes: o corpo celular (ou soma), os dendritos (canal de entrada para os 
estƒmulos) e o axŒnio (canal de saƒda).
Existem outros tipos de c…lulas que esto ligadas diretamente ao suporte e prote€o dos neurŒnios, que em 
grupo, so designadas como neuroglia ou células da Glia.
OBS5: Todo o SN … organizado em subst‡ncia cinzenta e branca. A substância cinzenta consiste em corpos de 
c…lulas nervosas infiltradas na neuroglia; tem cor cinzenta. A substância branca consiste em fibras nervosas (axŒnios) 
tamb…m infiltradas na neur†glia; tem cor branca, devido ‰ presen€a do material lipƒdico que compˆe a bainha de 
mielina de muitas das fibras nervosas. Al…m disso, quando falarmos de núcleo do SN, estaremos nos referindo a um 
grande conjunto isolado de corpos de neurŒnio isolados e circundados por subst‡ncia branca.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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NEURÔNIOS
Os neurônios são as células responsáveis pela 
recepção e retransmissão dos estímulos do meio (interno e 
externo), possibilitando ao organismo a execução de respostas 
adequadas para a manutenção da homeostase. Seu 
funcionamento depende, exclusivamente, da glicólise 
(metabolismo aeróbio; ver OBS9). 
Para exercerem tais funções, contam com duas 
propriedades fundamentais: a irritabilidade (também 
denominada excitabilidade ou responsividade) e a 
condutibilidade. Irritabilidade é a capacidade que permite a 
uma célula responder a estímulos, sejam eles internos ou 
externos. Portanto, irritabilidade não é uma resposta, mas a 
propriedadeque torna a célula apta a responder. Essa 
propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. 
No entanto, as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das outras. A resposta 
emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez 
excitados pelos estímulos, os neurônios transmitem essa onda de excitação - chamada de impulso nervoso - por toda 
a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. Este fenômeno deve-se à propriedade de 
condutibilidade.
Partindo de uma classificação funcional, têm-se três tipos de neurônios:
 Sensorial ou aferente: propaga o potencial de ação para o SNC
 Motor ou eferente: prapaga o potencial de ação a partir do SNC
 Interneurônios ou neurônios de associação: funcionam dentro do SNC, conectanto um neurônio a outro.
CÉLULAS DA GLIA
Astrócitos.
Os astrócitos são as celulas da neuróglia que possuem as maiores dimensões. Existem dois tipos de 
astrócitos: os protoplasmasticos (predominantes na substância cinzenta) e os fibrosos (predominantes na substância 
branca). Estas células, desempenham funções muito importantes, como a sustentação e a nutrição dos neurônios.
Outras funções que desempenham são:
 Preenchimento dos espaços entre os neurônios. 
 Regulação da concentração de diversas substâncias com potencial para interferir nas funções neuronais normais 
(ex.: concentrações extracelulares de potássio). 
 Regulação dos neurotransmissores (restringem a difusão de neurotransmissores liberados e possuem proteínas 
especiais em suas membranas que removem os neurotransmissores da fenda sináptica)
 Regulam a composição extracelular do fluído cerebral
 Promovem tight junctions para formar a barreira hemato-encefálica (BHE): sua membrana emite pseudópodes 
que revestem o capilar sanguíneo, associando as membranas das células endoteliais e dos astrócitos, 
determinando a BHE, criando uma resistência para penetração de substâncias tóxicas através do parênquima 
cerebral. Quanto mais hidrofóbica (mais lipídica e menos polar) for a substância que alcançar a circulação 
cerebral, mais fácil será sua difusão através da BHE.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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Células epidermóides (Ependimárias).
Recebem esse nome por lembrarem o formato de células epiteliais. Margeiam os ventrículos cerebrais e o canal 
central da medula espinhal e ajudam formar o plexo coróide, estrutura responsável por secreta e produzir o líquor (LCR).
Micróglia.
Os microgliócitos ou micróglia são as menores células da neuróglia, mas sendo muito ramificadas. Possuem 
poder fagocitário e desenvolvem, no tecido nervoso, um papel semelhante ao dos macrófagos.
Oligodendrócitos.
Os oligodendrócitos (ou oligodendróglia) são as células da neuróglia responsáveis pela formação e 
manutenção das bainhas de mielina dos axônios dentro do SNC, função executada pelas células de Schwann no SNP 
(só que apenas um oligodendrócito contribui para formação de mielina em varios neurônios, ao contrario da célula de 
Schwann, que mieliniza apenas parte de um axônio). 
Células de Schwann.
Células semelhantes aos oligodendrócitos, mas que se enrolam em torno de uma porção de um axônio de 
neurônios do SNP, formando a bainha de mielina nesta divisão do SN (ver OBS7).
Células satélites.
Encontradas eventualmente no SNP envolvendo o corpo celular de neurônios nos gânglios, para fornecer 
suporte estrutural e nutricional.
OBS7: Os axônios atuam como condutores dos impulsos nervosos. Em 
toda sua extensão de alguns neurônios, o axônio é envolvido por um tipo 
celular denominado célula de Schwann. Em muitos axônios, as células de 
Schwann determinam a formação da bainha de mielina - invólucro lipídico 
que atua como isolante elétrico e facilita a transmissão do impulso nervoso. 
Entre uma célula de Schwann e outra, existe uma região de descontinuidade 
da bainha de mielina, que acarreta a existência de uma constrição 
(estrangulamento) denominada n„dulo de Ranvier . A parte celular da 
bainha de mielina, onde estão o citoplasma e o núcleo da célula de 
Schwann, constitui o neurilema. Portanto, os axônios podem ser 
mielinizados (a mielina protege e isola os axônios) e amielinizados. 
OBS8: Por vezes, o axônio sofre degeneração, mas pode realizar regeneração. O crescimento do neurônio se dá de 
forma caudal: na extremidade axônica, existe uma secreção de fatores de crescimento (hormônios como o NCAM) que 
estimulam a diferenciação dessa região, partindo então do soma (corpo) em direção à extremidade do axônio. Os 
axônios periféricos têm capacidade regenerativa relativamente maior que os corticais. A neuroexcitotoxicidade é um 
caso de excitação exacerbada no crescimento do axônio, havendo então uma destruição dessa extremidade axônica. 
Isso acontece porque, nestes casos, há uma diminuição do pH na extremidade do axônio. 
OBS9: Como o SNC depende exclusivamente do metabolismo aeróbico, quando o neurônio realiza glicólise por 
metabolismo anaeróbico, produz grandes concentrações de ácido láctico. Por esta razão, ocorre degeneração ácida das
células nervosas, diminuindo a capacidade de regeneração do axônio. Isso exemplifica os quadros de sequelas por falta 
de oxigenação cerebral.
OBS10: Caso a degeneração seja em nível de gânglios, a regeneração passa a ser mais precária, uma vez que se trata 
de uma região com alta concentração de corpos neuronais, região de maior complexidade da célula.
OBS11: A oximetria é um parâmetro fundamental para o SNC, uma vez que suas células principais realizam quase que 
exclusivamente o metabolismo aeróbico da glicose, ou seja, via Ciclo de Krebs. Essa é a explicação do fato de os 
neurônios possuírem grandes quantidades de mitocôndrias. Para que o Ciclo de Krebs (CK) funcione adequadamente e 
o SNC produza ATP em quantidade ideal, é necessária uma grande quantidade de O2, uma vez que o CK produz uma 
grande quantidade de coenzimas reduzidas que necessitam do oxigênio para aceptar seus elétrons e, só assim, 
oxidarem novamente para participarem de um novo CK. Isso explica o fato de um êmbolo na corrente sanguínea 
cerebral (causando um acidente vascular cerebral) poder prejudicar diretamente a funcionalidade de uma determinada 
região: o CK tende a parar devido a carência de O2 para restaurar as coenzimas. A única maneira que a célula teria de 
renovar as coenzimas nessa situação seria transformar piruvato em ácido láctico, realizando, assim, glicólise anaeróbica, 
o que é uma situação de risco para o SNC.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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MED RESUMOS 2012
NETTO, Arlindo Ugulino.
N EUROAN ATOMI A
ANATOMIA MACROSCÓPICA DA MEDULA ESPINHAL E SEUS ENVOLTÓRIOS
(Professor Stênio Abrantes Sarmento)
Etimologicamente, o termo medula significa “miolo”, indicando “o 
que est„ dentro”. Da mesma forma, temos a medula †ssea dentro dos 
ossos; medula suprarrenal, dentro da gl‡ndula do mesmo nome; e medula 
espinhal dentro do canal vertebral, canal formado entre o corpo e a l‡mina 
das v…rtebras quando uma est„ posta sobre a outra. A medula espinhal, 
juntamente ao enc…falo (conjunto do telenc…falo, dienc…falo, tronco 
encef„lico e cerebelo), forma o sistema nervoso central ou neuroeixo.
A medula espinhal … uma massa cilƒndrica de tecido nervoso e que 
est„ situada dentro do canal vertebral sem, entretanto, ocup„-lo 
completamente. No homem adulto, ela mede aproximadamente 45 
centƒmetros, sendo um pouco menor na mulher. 
Cranialmente, a medula limita-se com o bulbo, aproximadamente 
em nƒvel do forame magno do osso occipital. O limite caudal da medula tem 
uma grande import‡ncia clƒnica e, no adulto, situa-se ao geralmente ao 
nƒvel da 2 v…rtebra lombar (L2). Nesse nƒvel, a medula termina afunilando-
se para formar um cone, o cone medular, que continua com um delgado 
filamento menƒngeo,o filamento terminal. Depois desse cone medular, h„ 
apenas nervos espinhais de grande comprimento formando a cauda 
equina.
OBS1: O limite superior da medula pode ser encontrado a partir do primeiro filamento radicular do primeiro nervo cervical (C1): acima 
desse filamento, tem-se o bulbo e abaixo, medula espinhal.
Embriologicamente, a medula … formada a partir da por€o mais caudal do tubo neural, por€o esta que no sofre as 
dilata€ˆes que formam as vesƒculas prosencef„licas, prim†rdios do enc…falo. O tubo neural pode no se fechar completamente no 
desenvolvimento fetal (geralmente, por carŽncia de „cido f†lico durante a gesta€o) e, uma vez que a ultima por€o a se fechar … a de 
baixo, gera o quadro conhecido comomielomeningocele, que discutiremos mais adiante.
FORMA E ESTRUTURA GERAL DA MEDULA
A medula apresenta forma aproximadamente cilƒndrica, sendo ligeiramente achatada no 
sentido ‡ntero-posterior. Seu calibre no … uniforme, pois apresenta duas dilata€ˆes 
denominadas intumescência cervical e intumescência lombar, situadas em nƒvel cervical e 
lombar, respectivamente. Essas intumescŽncias correspondem ‰s „reas em que as raƒzes 
nervosas que formam os plexos braquial e lombossacral, destinadas a inerva€o dos membros 
superiores e inferiores, fazem conexo com a medula. A forma€o dessas intumescŽncias se 
deve ‰ maior quantidade de neurŒnios e, portanto, de fibras nervosas que entram ou saem destas 
„reas e que so necess„rias para a inerva€o dos membros superiores e inferiores.
OBS2: Esta interpreta€o encontra apoio da anatomia comparada: o estudo dos canais vertebrais 
de dinossauros mostrou que estes animais, dotados de membros anteriores diminutos e membros 
posteriores gigantescos, praticamente no possuƒam intumescŽncia cervical, enquanto a 
intumescŽncia lombar competia com o tamanho do pr†prio enc…falo. J„ um animal gigantesco 
como a baleia, mas com massas musculares igualmente distribuƒdas ao longo do corpo, possui 
medula larga, mas sem dilata€ˆes locais.
A superfƒcie da medula apresenta os seguintes sulcos longitudinais: sulco mediano 
posterior, fissura mediana anterior, sulco lateral anterior e sulco lateral posterior. Na medula 
cervical existe ainda o sulco intermédio posterior, localizado entre o sulco mediano posterior e o 
lateral posterior e que continua em um septo interm…dio posterior no interior do funƒculo posterior 
(por€o posterior da medula). Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior fazem conexo, 
respectivamente, as raƒzes ventrais e dorsais dos nervos espinhais.
MORFOLOGIA MEDULAR EM SECÇÃO TRANSVERSAL
Na medula, a subst‡ncia cinzenta localiza-se por dentro da branca e apresenta a forma de uma borboleta (mais semelhante 
com as da famƒlia Papilionidae) ou de um H. Nela, distinguimos de cada lado trŽs colunas que aparecem nos cortes como cornos e 
que so as colunas anterior, posterior e lateral (esta existente apenas na medula tor„cica e parte da alta da medula lombar, por 
estar relacionada com inerva€o visceral simp„tica).
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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A substância branca é formada por fibras, a maioria mielinizada, que sobem e descem na medula e que podem ser 
agrupadas de cada lado em três funículos ou cordões medulares:
 Funículo anterior: situado entre a fissura mediana anterior e o sulco lateral anterior.
 Funículo lateral: situado entre os sulcos lateral anterior e lateral posterior.
 Funículo posterior: situado entre o sulco lateral posterior e o sulco mediano posterior, este ultimo ligado à substância cinzenta 
pelo septo mediano posterior. Apenas na parte cervical da medula, o funículo posterior é dividido pelo sulco intermédio 
posterior em dois fascículos: o fascículo grácil e fascículo cuneiforme, regiões por onde passarão tratos de mesmo nome 
que carregam estímulos nervosos (relacionados à propriocepção consciente, tato discriminativo ou epicrítico, sensibilidade 
vibratória e estereognosia) a núcleos no bulbo (núcleos grácil e cuneiforme) e destes, ao tálamo, onde serão interpretados.
CONEXES COM OS NERVOS ESPINHAIS (SEGMENTOS MEDULARES)
Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior, 
existem as conexões de pequenos filamentos 
radiculares, que se unem para formar, 
respectivamente, as raízes ventral e dorsal dos 
nervos espinhais. As duas, por sua vez, se unem para 
formar os nervos espinhais propriamente ditos. É a 
partir dessa conexão com os nervos espinhais que a 
medula é dividida em segmentos. Estes nervos são 
importantes, pois, por conectar o SNC à periferia do 
corpo.
Os nervos espinhais são assim chamados por 
se relacionarem com a medula espinhal, estabelecendo 
uma ponte de conexão SNC-SNP.
Existem 31 pares de nervos espinhais aos 
quais correspondem 31 segmentos medulares assim 
distribuídos: 8 cervicais (existem oito nervos cervicais, 
mas apenas sete vértebras, pois o primeiro par cervical 
se origina entre a 1ª vértebra cervical e o osso occipital), 
12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo.
OBS3: Na realidade, são 33 pares de Nn. Espinhais se 
forem considerados os dois pares de nervos coccígeos 
vestigiais, justapostos ao filamento terminal da medula.
A medula de um adulto tem aproximadamente 45 cm de comprimento. Sabe-se que pela topografia vertebromedular, a 
medula não ocupa toda a extensão do canal vertebral, sendo explicada pelo desenvolvimento embrionário das vértebras em relação á 
medula. Até o 4º mês de vida embrionária, o crescimento medular se faz concomitantemente com o crescimento vertebral. Porém, ao 
avançar dos meses, pode-se perceber que o crescimento das vértebras é mais avançado do que a medula, explicando o porquê que a 
medula não ocupa toda a extensão do canal vertebral. Anatomicamente, sabe-se que os nervos espinhais são formados entre os 
forames intervertebrais das vértebras. Como consequência deste crescimento desproporcional entre medula e vértebra, ocorre a 
formação da cauda equina, em que filamentos nervosos formados em segmentos mais caudais da medula descem para alcançar os 
seus respectivos forames intervertebrais e, assim, formar os nervos espinhais baixos. 
A formação da cauda equina se dá no momento em que as últimas grossas raízes dos nervos espinhais lombossacrais são 
arrastadas pelo rápido desenvolvimento longitudinal das vértebras e da coluna como um todo. Devido aos diferentes comprimentos do 
canal vertebral e da medula, os únicos segmentos medulares que são adjacentes aos respectivos corpos vertebrais são os da região 
cervical. Abaixo desse nível, as vértebras deixam da manter uma relação exata com seus respectivos segmentos medulares e suas 
raízes nervosas espinhais, que seguem cursos descendentes, progressivamente obliquo, até atingir seus respectivos forames 
intervertebrais. Este fato é mais acentuado na porção caudal da medula (onde há a formação da cauda equina). Exemplificando tal 
desproporção, uma fratura na vértebra T12 poderia levar a um comprometimento da medula lombar, e não de segmentos torácicos, 
como era de se imaginar. 
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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Devido a esta discrep‡ncia entre v…rtebra e segmento medular, devemos tomar nota da seguinte regra: entre os nƒveis das 
v…rtebras C2 e T10, adiciona-se 2 ao n‚mero do processo espinhoso da v…rtebra e tem-se o segmento medular subjacente (assim, o 
processo espinhoso da v…rtebra C2 est„ sobre o segmento medular C4 e o da v…rtebra T10 est„ sobre T12). Os processos 
espinhosos de T11 e T12 correspondem aos cinco segmentos lombares, e o processo espinhoso de L1 corresponde aos cinco 
segmentos sacrais. Desta forma, em resumo, temos:
 Processo espinhoso de C2 a T10 – Segmentos C4 a T12
 Processos espinhosos de T11 e T12 – Segmentos L1 a L5
 Processo espinhoso de L1 – Segmentos S1 a S5
 V…rtebras L2 a L5 – Cauda equina.
Cortes transversais de determinadas regiˆes damedula 
apresentaro caracterƒsticas diferentes. Ao nƒvel cervical, a 
subst‡ncia branca circundante da cinzenta … mais escura, al…m do 
fato de que o corno anterior e posterior da subst‡ncia cinzenta … bem 
mais proeminente que em outras regiˆes (exceto a lombar), devido 
ao fato da presen€a do plexo braquial. O mesmo vale para a regio 
lombar, em que os cornos anterior e posterior so mais robustos, 
mas a subst‡ncia branca aparece em menor quantidade do que em 
nƒveis mais altos. Na coluna tor„cica, al…m do afinamento do corno 
posterior e corno anterior, h„ o aparecimento marcante do corno 
lateral (relacionado com o sistema nervoso autŒnomo simp„tico: 
inerva€o de vƒsceras tor„cicas e abdominais).
Al…m disso, nota-se um aumento gradativo da subst‡ncia 
branca medular com rela€o ‰ cinzenta na medida em que 
observamos cortes cada vez mais altos da medula. Isso acontece 
devido ‰ maior presen€a de fibras brancas na por€o mais alta da 
medula. 
Considerando que, no primeiro segmento cervical, por exemplo, todas as fibras nervosas que vo para o enc…falo ou que 
descem para seus †rgos-alvo, justifica o fato de haver mais subst‡ncia branca do que cinzenta em tal corte. De modo contr„rio, em 
cortes lombares mais baixos, observamos mais subst‡ncia cinzenta do que branca, uma vez que quase todas as fibras descendentes 
j„ tomaram seu rumo e as fibras ascendentes ainda nem entraram na medula.
ENVOLT…RIOS DA MEDULA
Assim como todo o SNC, a medula … envolvida por membranas fibrosas conhecidas como meninges. Sendo trŽs, os 
envolt†rios da medula, de fora para dentro, so: dura-máter (que corresponde ‰ paquimeninge, sendo ela a mais espessa e a mais 
externa), aracnoide e pia-máter (essas duas ‚ltimas denominadas, em conjunto, de leptomeninge). 
A dura-m„ter tem uma rigidez caracterƒstica devido ‰ espessura que lhe … 
conferida pela abundancia de fibras col„genas encontradas quando realizada cortes 
histol†gicos. Uma particularidade da paquimeninge … que esta termina em nƒvel de 
S2, de modo que envolve a medula espinhal como se fosse um dedo na luva, o que 
leva ‰ forma€o do chamado saco dural.
OBS4: Os prolongamentos laterais da pr†pria dura-m„ter formam o epineuro dos 
nervos espinhais.
A aracnoide-m„ter se dispˆe entre a dura-m„ter e a pia-m„ter. Compreende 
um folheto justaposto ‰ dura-m„ter e um emaranhado de trab…culas, as trabéculas 
aracnóideas, que une este folheto ‰ pia-m„ter. J„ a pia-m„ter … a meninge mais 
delicada e mais interna. Ela adere intimamente ao tecido nervoso da superfƒcie da 
membrana e penetra na fissura mediana anterior. Quando a medula termina no cone 
medular, a pia-m„ter continua caudalmente, formando um filamento esbranqui€ado 
denominado filamento terminal, que perfura o fundo do saco dural e continua at… o 
hiato sacral. Ao atravessar o saco dural, o filamento terminal recebe v„rios 
prolongamentos da dura-m„ter e o conjunto passa a ser denominado filamento 
terminal da dura-máter espinhal. Este, ao inserir-se no peri†steo da superfƒcie 
dorsal do c†ccix, constitui o ligamento coccígeo.
Da pia-m„ter surgem processos triangulares que, em conjunto, formam duas pregas longitudinais denominadas ligamentos 
denticulados, que se dispˆem bilateralmente em um plano frontal ao longo de toda a medula. Desta forma, o ligamento coccƒgeo e os 
ligamentos denticulados constituem os meios de fixa€o da medula, que tŽm a finalidade de limitar o deslocamento dessa estrutura no 
seu repouso subaracn†ideo.
Com rela€o ‰s meninges que envolvem a medula, existem trŽs cavidades ou espa€os: epidural (ou extradural, entre a dura-
m„ter e o peri†steo do canal vertebral), subdural (espa€o praticamente virtual entre a dura-m„ter e a aracnoide, onde corre uma 
pequena quantidade de lƒquor) e subaracnóideo (espa€o maior entre a aracnoide e a pia-m„ter, onde escorre uma quantidade 
razoavelmente grande de líquido cérebro-espinhal ou líquor). Este ‚ltimo espa€o est„ comunicado com o 4‘ ventrƒculo (no tronco 
encef„lico) por meio da abertura mediana e de duas aberturas laterais do 4‘ ventrƒculo.
OBS5: A explora€o clƒnica do espa€o subaracn†ideo em nƒvel da medula … facilitada por certas particularidades anatŒmicas da dura-
m„ter e da aracn†ide na regio lombar da coluna vertebral. Sabe-se que o saco dural e a aracn†ide que o acompanha termina em S2, 
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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enquanto a medula termina mais acima, em L2. Entre estes dois níveis, o espaço subaracnóideo é maior, contém maior quantidade de 
líquor e nele se encontram apenas o filamento terminal e as raízes que formam a cauda equina. Não havendo perigo de lesão da 
medula, esta área é ideal para a introdução de uma agulha no espaço subaracnóideo, o que é feito nas seguintes finalidades:
 Retirada de líquor para fins terapêuticos ou diagnósticos de punções lombares (ou raquidianas)
 Medida da pressão do líquor
 Introdução de substâncias que aumentam o contraste das radiografias, como ar, hélio e sais de iodo
 Introdução de anestésicos nas chamadas anestesias raquidianas
OBS6: A introdução de anestésicos no espaço meníngeo da medula de modo a bloquear as raízes nervosas que os atravessam 
constitui um procedimento de rotina na pratica medica, especialmente em cirurgias das extremidades inferiores, da cavidade pélvica e 
em algumas cirurgias abdominais.
 Anestesias raquidianas: o anestésico é introduzido no espaço subaracnóideo por meio de uma agulha que penetra no 
espaço entre as vértebras L2-L3, L3-L4 ou L4-L5. No seu trajeto, a agulha perfura sucessivamente a pele e a tela celular 
subcutânea, o ligamento interespinhal, o ligamento amarelo (primeira resistência), a dura-máter e a aracnoide (segunda 
resistência). Certifica-se de que a agulha realmente atingiu o espaço subaracnóideo pela presença de líquor que goteja de 
sua extremidade. É comum o paciente relatar dores de cabeça (cefaleia) no pós-operatório com raquianestesia. Esta é 
explicada pelo fato de que, ao perfurar a dura-máter, cria-se um canal de saída que leva a formação de um gradiente de 
pressão, que por sua vez leva à saída do líquor (mesmo que seja em mínima quantidade). Isto desencadeia a dor de cabeça 
no momento em que o líquor puxa junto de si estruturas superiores a favor da gravidade, no momento em que tende a sair 
pelo canal de acesso da anestesia. O paciente relata o desaparecimento da dor quando se deita, diminuindo o efeito da 
gravidade sobre as estruturas cranianas.
 Anestesias epidurais (ou peridurais): são feitas geralmente na região lombar, introduzindo-se o anestésico no espaço 
epidural, onde ele se difunde e atinge os forames intervertebrais, pelos quais passam as raízes dos nervos espinhais. 
Certifica-se de que a ponta da agulha atingiu o espaço epidural quando se observa uma súbita baixa de resistência, 
indicando que ela acabou de perfurar o ligamento amarelo.
CORRELA†ES CL‡NICAS
Mielomeningocele: é uma das lesões congênitas mais comuns da 
medula espinhal. É causada pelo fechamento incompleto do canal 
vertebral. Quando isso acontece, o tecido nervoso é induzido a sair por 
este orifício, formando uma protuberância mole, na qual a medula 
espinhal fica sem proteção (espinha bífida). Embora possa ocorrer em 
qualquer nível da coluna vertebral, é mais comum na região 
lombossacral. A exposição da medula espinhal causada pela espinha 
bífida resulta em deficiências neurológicas, com distúrbios sensitivos e 
ortopédicos (malformações ósseas), geralmente nos membros inferiores. 
A falta de controle das funções intestinal e urinária e a hidrocefalia estão 
presentes em 80% dos casos de mielomeningocele.
A criança com mielomeningocele pode apresentar graus variáveis de paralisia e ausência de sensibilidade abaixo do nível da 
lesão medular, com preservação da parte superior do abdome, tórax e membros superiores. Torna-se importante a 
assistência precoce em reabilitaçãopara prevenção das deformidades ortopédicas: pé torto, deslocamento do quadril, 
diminuição das amplitudes articulares, deformidades no tronco (cifoscoliose), etc.
O tratamento da hidrocefalia é uma emergência neurocirúrgica e inclui a monitorização das cavidades cerebrais (ventrículos) 
através de ultrassom, tomografia ou ressonância magnética e a derivação ventricular. Uma das condutas iniciais para um 
recém-nascido com mielomeningocele é o fechamento cirúrgico da lesão com pele. A avaliação da hidrocefalia é uma 
emergência na assistência ao recém-nascido.
Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2
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MED RESUMOS 2012
NETTO, Arlindo Ugulino.
N EUROAN ATOMI A
ESTRUTURA DA MEDULA ESPINHAL - MICROSCOPIA
(Professor Stênio A. Sarmento)
O estudo da estrutura microsc†pica do sistema nervoso central … uma das 
partes mais importantes da neuroanatomia, uma vez que, no sistema nervoso, 
estrutura e fun€o esto intimamente ligadas. Por outro lado, o conhecimento da 
microscopia do SNC … fundamental para a compreenso dos diversos quadros clƒnicos 
que resultam das lesˆes e processos patol†gicos que podem acometŽ-lo. 
Antes de iniciarmos o estudo mais detalhado da medula espinhal, devero ser 
conceituados alguns termos que sero largamente utilizados nos capƒtulos que se 
relacionam com as estruturas microsc†picas do SN.
 Substância cinzenta: refere-se ao tecido nervoso que cont…m fibras do tipo 
amielƒnicas, corpos de neurŒnios, etc. Tem, na medula espinhal, o formato da 
letra H (o chamado “H medular”). Sua localiza€o … mais interna em rela€o a 
subst‡ncia branca. Na pr„tica, seria definida como o ac‚mulo de corpos de 
neurŒnios.
 Substância branca: tecido nervoso formado por neuroglia e fibras predominantemente mielƒnicas.
 Núcleo: massa de subst‡ncia cinzenta imersa em subst‡ncia branca, ou grupo delimitado de neurŒnios com 
aproximadamente a mesma estrutura e mesma fun€o. Geralmente, formam ou recebem fibras de nervos cranianos.
 Córtex: Pode ser do tipo cerebelar e cerebral.  uma fina pelƒcula de subst‡ncia cinzenta que recobre tais estruturas.
 Tracto: Seria um agrupamento de fibras nervosas, que tem a mesma origem, mesmo destino e mesma fun€o. Na 
denomina€o de um tracto, usam-se dois termos ligados por hƒfen: o primeiro indicando a origem e o segundo a termina€o 
das fibras.
 Fascículo: seria uma forma€o an„loga aos tractos, mas com formato mais compacto ou robusto.
 Lemnisco: so tractos de natureza geralmente sensitiva, mas que apresentam forma de fita. Os principais lemniscos esto 
localizados no tronco encef„lico, e so eles: lemnisco lateral (relacionado com a via auditiva), lemnisco trigeminal, lemnisco 
espinhal (formado pelos tractos espino-tal‡mico lateral e anterior: dor, temperatura, tato e presso) e lemnisco medial
(continua€o das fibras arqueadas internas, que so oriundas dos n‚cleos gr„cil e cuneiforme: propriocep€o consciente, 
tato epicrƒtico, sensibilidade vibrat†ria).
 Funículo: … a regio da subst‡ncia branca da medula onde se encontram os tractos, fascƒculos, etc.
 Decussação: forma€o anatŒmica constituƒda por fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano mediano e que tŽm 
aproximadamente a mesma dire€o.
 Comissura: regio anatŒmica onde fibras cruzam de um lado para o outro paralelamente.
 Fibras de associação: so fibras que associam pontos mais ou menos distintos de uma determinada „rea ou †rgo, sem, 
entretanto, abandon„-lo.
 Fibras de projeção: so fibras que saem dos limites da „rea ou do †rgo de onde surgem.
ASPECTOS DA ORGANIZA†ˆO MACROSC…PICA E MICROSC…PICA DA MEDULA
Como j„ foi visto anteriormente, na superfƒcie da medula existem os sulcos lateral 
anterior, lateral posterior, interm…dio posterior (na regio cervical), sulco mediano posterior e 
a fissura mediana anterior. A subst‡ncia cinzenta … circundada pela branca, constituindo, de 
cada lado, os funƒculos anterior, lateral e posterior, este ultimo compreende os fascƒculos 
gr„cil e cuneiforme. Entre a fissura mediana anterior e a subst‡ncia cinzenta, localiza-se a 
comissura branca (local de cruzamento de fibras principalmente sensitivas). Na subst‡ncia 
cinzenta, notam-se colunas (cornos) anterior, lateral e posterior.
Vale lembrar tamb…m que a quantidade de subst‡ncia branca em rela€o ‰ cinzenta 
… tanto maior quanto mais alto o nƒvel considerado. Ao nƒvel dos intumescimentos lombares e 
cervicais, a coluna anterior … mais dilatada; a coluna lateral s† existe de T1 a L2 (por estar 
relacionada a inerva€o visceral).
SUBST‰NCIA CINZENTA DA MEDULA
A subst‡ncia cinzenta, como foi dito, tem forma de borboleta ou de um H. Essa 
regio cinzenta da medula pode ser dividida, considerando duas linhas que tangenciam os 
contornos anterior e posterior do ramo horizontal do “H”, o que divide a subst‡ncia cinzenta 
em coluna (corno) anterior, coluna posterior e substância cinzenta intermédia. Por sua 
vez, a subst‡ncia cinzenta interm…dia pode ser dividida em: substância cinzenta intermédia 
central e substância cinzenta intermédia lateral por duas linhas ‡ntero-posteriores. 
De acordo com esse crit…rio, a coluna lateral faz parte da subst‡ncia cinzenta 
interm…dia lateral. Na coluna posterior observa-se de diante para tr„s uma base, um pesco€o 
e um „pice (este ‚ltimo compreende uma „rea de tecido nervoso transl‚cido, rico em c…lulas 
neurogliais e pequenos neurŒnios, a substância gelatinosa ou portão da dor).
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CLASSIFICAÇÃO DOS NEURÔNIOS MEDULARES
Os elementos mais importantes da substância cinzenta da medula são seus neurônios. Esses neurônios podem ser 
classificados da seguinte maneira:
1. Neurônios de axônio longo (tipo I de Golgi)
 Neurônios Radiculares: apresentam axônio muito longo e saem da medula para constituir a raiz ventral.
o Neurônios radiculares viscerais: são neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo, cujos corpos 
localizam-se na substância cinzenta intermédia lateral (na coluna lateral, ao nível de T1 a L2). Destinam-se a 
inervação de músculos lisos, cardíaco ou glândulas.
o Neurônios radiculares somáticos (neurônios motores primários/neurônios motores inferiores): destinam-
se a inervação de músculos estriados esqueléticos e tem seu corpo localizado na coluna anterior. Costuma-se 
distinguir na medula dos mamíferos dois tipos de neurônios radiculares somáticos: alfa e gama. Os neurônios 
alfa (fibras extrafusais, ou seja, localizam-se fora dos fusos neuromusculares) são muito grandes e seu axônio, 
bastante grosso, destina-se a inervação de fibras musculares que contribuem efetivamente para a contração 
muscular. Cada neurônio alfa, juntamente com as fibras musculares que ele inerva, constitui uma unidade 
motora. Já os neurônios gama são menores e possuem axônios mais finos (fibras eferentes gama), 
responsáveis pela inervação motora das fibras intrafusais. Tem papel fundamental na regulação da 
sensibilidade dos fusos neuromusculares. Para a execução de um movimento voluntário, eles são ativados 
simultaneamente com os motoneurônios alfa (coativação alfa-gama). Isso permite que os fusos 
neuromusculares continuem a enviar informações proprioceptivas ao sistema nervoso central, mesmo durante a 
contração muscular desencadeada pela atividade dos neurônios alfa.
 Neurônios Cordonais: são aqueles cujos axônios ganham a substância branca da medula, onde tomam direção 
ascendente ou descendente, passando a constituir as fibras que formam os funículos da medula.
o Neurônios cordonais de projeção: possuem um axônio ascendente longo que termina fora da medula 
(tálamo, cérebro, etc.), integrando as vias ascendentes da medula.
o Neurônios cordonais de associação: possuem axônio que, ao chegar à substância branca, se bifurca em um 
ramo ascendente e outro descendente, ambos terminando na substância cinzenta da própriamedula. Assim, 
constituem um mecanismo de integração de segmentos medulares, situados em níveis diferentes, 
permitindo a realização de reflexos intersegmentares na medula. As fibras nervosas formadas por estes 
neurônios dispõem-se em torno da substância cinzenta, onde formam os chamados fascículos próprios, 
existentes nos três funículos da medula.
2. Neurônios de Axônio Curto (ou Internunciais): em razão de seu pequeno tamanho, o axônio destes neurônios permanece 
sempre na substância cinzenta. Seus prolongamentos ramificam-se próximo ao corpo celular e estabelecem conexão entre 
as fibras aferentes, que penetram pelas raízes dorsais e os neurônios motores, interpondo-se, assim, em vários arcos-
reflexos medulares. Além disso, muitas fibras que chegam à medula trazendo impulsos do encéfalo terminam em neurônios 
internunciais. Um tipo especial de neurônio de axônio curto encontrado na medula, por exemplo, á a célula de Renshaw, 
localizada na porção medial da coluna anterior. Os impulsos nervosos provenientes da célula de Renshaw inibem neurônios 
motores. Adimite-se, pois, que neurônios motores, antes de deixarem a medula, emitam um ramo colateral recorrente que 
volta e termina estabelecendo sinapse com uma célula de Renshaw. Esta, por sua vez, faz sinapse com o próprio neurônio 
motor que emitiu o sinal. Assim, os impulsos nervosos que saem pelos neurônios motores são capazes de inibir o próprio 
neurônio através do ramo recorrente e da célula de Renshaw.
OBS1: As informações que chegam à medula por meio de neurônios aferentes podem ser processadas de duas maneiras: podem 
tomar uma trajetória ascendente e serem processadas no encéfalo ou podem ser, de modo instantâneo, avaliadas na própria medula. 
Esta ultima opção é chamada de reflexo. Os reflexos representam uma vantagem evolutiva muito importante para a manutenção da 
integridade do corpo. Ao se discutir a atividade reflexa do músculo esquelético, é importante se compreender a lei da inervação 
recíproca (de Sherrington), a qual afirma que a musculatura flexora e extensora de um mesmo membro envolvido em um reflexo não 
pode contrair ao mesmo tempo. Para que esta lei funcione, é necessário que as fibras nervosas aferentes responsáveis pela ação 
muscular flexora reflexa, tenham ramos que façam sinapses com neurônios motores extensores do mesmo membro, fazendo com que 
sejam inibidos (e, obviamente, vice-versa). Outra propriedade interessante dos reflexos medulares é o fato de que a evocação de um 
reflexo, em um dos lados do corpo, causa efeito oposto sobre o membro no outro lado do corpo. Esse efeito é dito reflexo de 
extensão cruzada. A partir dessas duas propriedades, temos os seguintes mecanismos reflexos:
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 Arco reflexo cruzado (Reflexo flexor e extensor cruzado): Quando receptores de dor so estimulados (como quando se pisa 
subitamente em um prego ou outra superfƒcie cortante), esse estƒmulo … transformado em um impulso nervoso que chega ‰ 
medula pela raiz aferente (dorsal), at… a regio do corno posterior. Isso faz com que esse estƒmulo tamb…m se propague para 
o corno anterior por meio de interneurŒnios (internunciais) que fazem conexˆes entre o neurŒnio sensitivo que chega ‰ 
coluna posterior e o neurŒnio motor alfa, ou seja, aquele que se origina na coluna anterior e segue destinado ‰ inerva€o das 
fibras musculares. Esse estƒmulo faz com que m‚sculos da coxa, no caso do exemplo, se contraiam para que a perna seja 
retirada do local. Por…m, s† essa contra€o no … o suficiente e nunca acontece sozinha: por um ato reflexo, ao retirar o p… 
da superfƒcie cortante, automaticamente, a perna de apoio contrai seus m‚sculos para no cairmos. Pra isso, h„ um 
prolongamento do interneurŒnio para o lado contralateral de onde o estƒmulo chegou. Esse prolongamento, da mesma forma, 
faz sinapse com um neurŒnio motor alfa para “avisar” ‰ musculatura a necessidade de sua contra€o.
 Arco reflexo simples (Reflexo Patelar): quando se percute o tendo da patela, o estiramento de suas fibras gera um 
estƒmulo de fibras intra-fusais que converte esta estimula€o em um impulso nervoso, que viaja at… a medula por meio da 
fibra aferente do nervo espinhal, chegando, pois, ‰ coluna posterior da medula. Chegando nesse nƒvel, essa fibra aferente faz
sinapse com dois tipos de neurŒnios: (1) os pr†prios neurŒnios motores alfa, que fazem contrair a musculatura extensora da 
perna e (2) neurŒnios inibit†rios (internunciais) de segmentos diferentes da medula (se for o caso), respons„veis por inibir a 
contra€o da musculatura antagonista (promovendo o relaxamento dos flexores), para que a extenso seja possƒvel. Essas 
interliga€ˆes se do por meio dos fascƒculos pr†prios da medula (neurŒnios cordonais de associa€o). Este tipo de reflexo … 
importante para diagnosticar compressˆes na medula (como em casos de h…rnias de disco) verificando se a simetria do 
reflexo de um lado e de outro … realmente verdadeira. 
NŠCLEOS E L‰MINAS DA SUBST‰NCIA CINZENTA
Os neurŒnios medulares no se distribuem de maneira uniforme na subst‡ncia cinzenta, mas agrupam-se em n‚cleos ora 
mais, ora menos definidos. Isso mostra que a medula no … inteiramente homogŽnea quanto ‰s suas fun€ˆes.
 Coluna Anterior: A coluna anterior da subst‡ncia cinzenta divide-se em dois grupos de neurŒnios: grupo medial e grupo 
lateral. A principal diferen€a entre tais grupos vai al…m de suas fun€ˆes, mas tamb…m a sua localiza€o em nƒvel medular: o
grupo medial de neurŒnios se localiza em toda extenso da medula, diferentemente do grupo lateral que s† faz-se presente 
na regio das intumescŽncias.
o Grupo medial de neurônios: Esto em todos os nƒveis medulares, e inervam a musculatura axial atrav…s das fibras 
que emergem a partir das divisˆes dorsais dos nervos espinhais.
o Grupo lateral de neurônios: So as fibras que inervam a musculatura apendicular superior e inferior. Localizam-se 
somente nas regiˆes das intumescŽncias lombar e cervical. Ainda no grupo lateral, ocorre uma subdiviso, de tal 
modo que os neurŒnios mais mediais inervam a musculatura proximal, enquanto que os mais laterais tŽm fun€o 
inervat†ria para a musculatura distal.
 Coluna Posterior: so mais evidentes dois n‚cleos: o n‚cleo tor„cico (=n‚cleo dorsal) e a subst‡ncia gelatinosa
o Substância gelatinosa:  a chamada “porto da dor” (pois recebe fibras sensitivas e regula a entrada no sistema nervoso 
de impulsos dolorosos). Nesse local, h„ libera€o da subst‡ncia P, sendo tamb…m o local onde atua a maioria dos 
analg…sicos. Para o funcionamento do porto da dor so importantes fibras serotonin…rgicas que chegam ‰ subst‡ncia 
gelatinosa vindas do tronco encef„lico.
o Núcleo torácico: Est„ anterior a subst‡ncia gelatinosa, e se relaciona com a propriocep€o inconsciente, contendo 
neurŒnios que se projetam at… o cerebelo (na forma do tracto espino-cerebelar posterior).
SUBST‰NCIA BRANCA DA MEDULA
As fibras da subst‡ncia branca da medula agrupam-se em tractos e fascƒculos que formam verdadeiros caminhos, ou vias, 
por onde passam os impulsos nervosos que sobem e descem. Conv…m notar, entretanto que, na subst‡ncia branca, no existem 
septos delimitando os diversos tractos e fascƒculo, e as fibras da periferia de um tracto se dispˆem lado a lado com as do tracto 
vizinho. 
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Temos, assim, tractos e fascículos descendentes e ascendentes, que constituem as vias descendentes e vias ascendentes 
da medula. Estas vias são formadas pelos prolongamentos dos neurônios cordonais de projeção. A seguir, serão estudadas as 
principais vias ascendentes e descendentes da medula.
TRACTOS E FASC‡CULOS DA MEDULA
VIAS DESCENDENTES DA MEDULA
São formadas por fibras que saem do córtex cerebral ou de algumas regiões do tronco encefálico, e terminam fazendo 
sinapses com neurônios medulares.Podem ser do tipo viscerais/somáticos. Quando terminam em neurônios pré-ganglionares são 
classificadas como viscerais. Quando terminam nos neurônios somáticos, classificam-se como somáticos. Quando terminam nesta 
segunda ordem, podem ser divididos em vias piramidais (recebem este nome pois, antes de penetrar na medula, passam pelas 
pirâmides bulbares) ou extrapiramidais. As vias somáticas serão descritas abaixo:
1. Vias descendentes Piramidais
As vias piramidais na medula compreendem dois 
tractos: córtico-espinhal anterior e córtico-espinhal lateral. 
Tais tractos são classificados como piramidais pela intima 
relação com as pirâmides bulbares. De inicio, sabe-se que 
tracto seria um conjunto de fibras nervosas que possuem a 
mesma origem e a mesma função, consequentemente o mesmo 
destino. Logo, os tractos córtico-espinais, como o próprio nome 
sugere, saem do córtex cerebral e vão em direção à medula 
espinhal. Tais fibras possuem caráter motor, conferindo a 
motricidade voluntaria da musculatura axial e apendicular 
superior e inferior.
As fibras do tracto córtico-espinhal seguem o seguinte 
trajeto até a medula: área 4 de Brodmann (córtex motor do 
telencéfalo), coroa radiada, perna posterior da cápsula interna, 
base do pedúnculo cerebral, base da ponte e pirâmide bulbar. 
No trajeto do córtex ao bulbo as fibras dos tractos córtico-
espinhal lateral e córtico-espinhal anterior constituem um só 
feixe. Ao nível da decussação das pirâmides, uma parte das 
fibras continua ventralmente, constituindo o tracto córtico-
espinhal anterior (10-25% das fibras). Outra parte cruza na 
decussação das pirâmides para constituir o tracto córtico-
espinhal lateral (75-90% das fibras). As fibras do tracto cortico-
espinhal anterior ocupam o funículo anterior da medula, 
enquanto que o córtico-espinhal lateral ocupa o funículo lateral 
da medula. Tradicionalmente, se afirma que o tracto córtico-
espinhal anterior termina ao nível da medula torácica média.
O tracto córtico-espinhal lateral é denominado também de piramidal cruzado e o córtico-espinhal anterior, piramidal direto. 
Entretanto, as fibras do tracto córtico-espinhal anterior, pouco antes de terminar, cruzam o plano mediano e terminam em neurônios 
situados no lado oposto àquele no qual entraram na medula. Portanto, em ultima análise, como os dois tractos cruzam o plano 
mediano, o córtex de um hemisfério cerebral comanda os neurônios motores situados na medula do lado oposto, visando à realização 
de movimentos voluntários.
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É fácil entender, assim, que uma lesão do tracto córtico-espinhal acima da decussação das pirâmides causa paralisia da 
metade oposta (contralateral) do corpo. O tracto córtico-espinhal anterior é muito menor que o lateral, sendo menos importante do 
ponto de vista clínico (pois termina ao nível da medula torácica). Já o tracto córtico-espinhal lateral atinge até a medula sacral e, como 
suas fibras vão pouco a pouco terminando na substância cinzenta, quanto mais baixo, menor o número delas.
2. Vias descendentes Extrapiramidais
São os seguintes os tractos extrapiramidais da medula: tecto-espinhal, vestíbulo-espinhal, rubro-espinhal e retículo-
espinhal. Os nomes referem-se aos locais de onde se originam, e todos seguem até a medula em neurônios internunciais, através 
dos quais eles se ligam aos neurônios motores da coluna anterior e assim exercem sua função motora.
O tracto tecto-espinhal, retículo-espinhal e vestíbulo-espinhal originam-se, respectivamente, no tecto do mesencéfalo 
(colículo superior), na formação reticular (estrutura que ocupa uma grande extensão no tronco encefálico) e na área vestibular do IV 
ventrículo. Eles ligam-se aos neurônios motores situados na parte medial da coluna anterior e, deste modo, controlam a musculatura 
axial, ou seja, do tronco, assim como a musculatura proximal dos membros. Os tractos vestíbulo-espinhal e retículo-espinhal são 
importantes para a manutenção do equilíbrio e da postura básica, sendo que este último controla também a motricidade voluntária da 
musculatura axial e proximal. Já o tecto-espinhal parece ter funções mais limitadas, relacionadas em certos reflexos em que a 
movimentação decorre de estímulos visuais. O tracto rubro-espinhal: origina-se no núcleo rubro do mesencéfalo e termina na 
medula, onde se liga com neurônios motores situados na região lateral da coluna anterior, os quais controlam os músculos 
responsáveis pela motricidade da parte distal dos membros (movimentos finos).
 Tracto tecto-espinhal: origina-se no tecto do mesencéfalo (colículo superior) e termina na medula espinhal em neurônios 
internunciais, através dos quais se ligam aos neurônios motores situados medialmente na coluna anterior, controlando a 
musculatura axial, ou seja, do tronco, assim como a musculatura proximal dos membros.
 Tracto rubro-espinhal: originam-se no núcleo rubro (situado no mesencéfalo) e se dirigem à medula espinhal alcançando 
neurônios internunciais, através dos quais se ligam aos neurônios motores localizados lateralmente na coluna anterior. Estes 
controlam os músculos responsáveis pela motricidade da parte distal dos membros (músculos intrínsecos e extrínsecos da 
mão e do pé).
 Tractos vestíbulo-espinhal medial e lateral: originam-se nos núcleos vestibulares, situados na área vestibular do quarto 
ventrículo, e irão ligar-se aos neurônios motores situados na parte medial da coluna anterior da medula espinhal, controlando 
a musculatura axial, ou seja, o tronco, assim como a musculatura proximal dos membros.
 Tracto retículo-espinhal anterior e lateral: aquele, de origem pontina e situa-se no funículo anterior da medula espinhal; e 
este, de origem bulbar, no funículo lateral. Suas fibras originam-se na formação reticular e terminam nos neurônios motores 
situados na parte medial da coluna anterior da medula espinhal, com funções semelhantes ao tracto vestíbulo-espinhal.
VIAS ASCENDENTES DA MEDULA
As fibras que formam as vias ascendentes da medula relacionam-se direta ou indiretamente com as fibras que penetram pela 
raiz dorsal, trazendo impulsos aferentes de várias partes do corpo. Cada filamento radicular da raiz dorsal, ao ganhar o sulco lateral 
posterior, divide-se em dois grupos de fibras: um grupo lateral e outro medial. 
Antes de penetrar na coluna posterior, cada uma dessas fibras se bifurca, dando um ramo ascendente e outro descendente 
sempre mais curto. Todos esses ramos terminam na coluna posterior da medula, exceto um grande contingente de fibras do grupo 
medial, cujos ramos ascendentes muito longos terminam no bulbo. Estes ramos constituem as fibras dos fascículos grácil e 
cuneiforme, que ocupam os funículos posteriores da medula e terminam fazendo sinapse nos núcleos grácil e cuneiforme, nos 
tubérculos grácil e cuneiforme do bulbo.
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A seguir, estão relacionadas as diversas 
possibilidades de sinapse que podem fazer as fibras e 
os colaterais da raiz dorsal ao penetrar na substância 
cinzenta da medula:
 Sinapse com neurônios motores, na coluna 
anterior: para realizar arcos reflexos 
monossinápticos (como os reflexos de 
estiramento ou miotáticos, que o reflexo 
patelar é exemplo);
 Sinapse com neurônios ineternunciais: para 
realização de arcos-reflexos polissinápticos, 
que envolvem pelo menos um neurônio 
internuncial, cujo axônio se liga ao neurônio 
motor (como o que ocorre no reflexo de flexão 
ou retirada);
 Sinapse com neurônios cordonais de 
associação: para realização de arcos-reflexos 
intersegmentares;
 Sinapse com os neurônios pré-ganglionares
 Sinapse com neurônios cordonais de 
projeção, cujos axônios vão constituir as vias 
ascendentes da medula.
1. Vias Ascendentes do Funículo Posterior
No funículo posterior existem dois fascículos: o fascículográcil (mais medial, relacionado com a sensibilidade do membro 
inferior) e o fascículo cuneiforme (mais lateral, relacionado com a sensibilidade do membro superior), separados pelo septo 
intermédio posterior. Estes fascículos são formados pelos ramos ascendentes longos das fibras do grupo medial da raiz dorsal, que 
sobem no funículo para terminar no bulbo. Na realidade, estas fibras nada mais são que os prolongamentos centrais de parte dos 
neurônios sensitivos situados nos gânglios das raízes dorsais dos nervos espinhais.
O fascículo grácil inicia-se no limite caudal da medula e é formado por fibras que penetram na medula pelas raízes coccígea, 
sacrais, lombares e torácicas baixas, terminando no núcleo grácil, situado no tubérculo do núcleo grácil do bulbo. Conduz, portanto, 
impulsos provenientes dos membros inferiores, da metade inferior do tronco e pode se identificado em toda a extensão da medula.
O fascículo cuneiforme, evidente apenas a partir da medula torácica alta, é formado por fibras que penetram pelas raízes 
cervicais e torácicas superiores, terminando no núcleo cuneiforme, situado no tubérculo do núcleo cuneiforme do bulbo. Conduz, 
portanto, impulsos originados nos membros superiores e na metade superior do tronco.
Quando as fibras das raízes dorsais penetram na medula para constituir esses fascículos, elas ocupam inicialmente a parte 
lateral do funículo posterior; mas, no seu trajeto ascendente, elas são pouco a pouco deslocadas medialmente por fibras que 
penetram por raízes situadas cada vez mais acima. Entende-se, assim, porque as fibras do fascículo cuneiforme, que penetram nos 
segmentos mais altos, ocupam ainda a metade lateral do funículo posterior, enquanto as do fascículo grácil, que penetram na metade 
inferior da medula, ocupam a metade medial desse funículo. As fibras desses fascículos continuam até seus respectivos núcleos
homônimos no bulbo e, a partir deles, por meio das chamadas fibras arqueadas internas, formam o lemnisco medial, que se 
continua até o tálamo.
O funículo posterior da medula, do ponto de vista funcional, é homogêneo, conduzindo impulsos nervosos relacionados com:
 Propriocepção consciente ou sentido de posição de movimento (cinestesia): permite, sem o auxilio da visão, situar uma parte 
do corpo ou perceber o seu movimento.
 Tato discriminativo (epicrítico): permite localizar e descrever as características táteis de um objeto.
 Sensibilidade vibratória: percepção de estímulos mecânicos repetitivos.
 Estereognosia: capacidade de perceber com as mãos a forma e tamanho de um objeto.
Portanto, lesão ou compressão no funículo posterior trará prejuízos à percepção de todos esses estímulos, quadro conhecido 
como hipoestesia.
2. Vias Ascendentes do Funículo Anterior
No funículo anterior localiza-se o tracto espino-talâmico anterior, formado por axônios de neurônios cordonais de projeção 
situados na coluna posterior. Esses axônios cruzam o plano mediano e fletem-se cranialmente para formar o tracto espino-talâmico 
anterior cujas fibras nervosas terminam no tálamo e levam impulsos de pressão e tato leve (tato protopático). A sensibilidade tátil 
tem, pois, duas vias na medula, uma direta (que segue no funículo posterior) e outra cruzada (no funículo anterior). Por isso, 
dificilmente se perde toda a sensibilidade tátil nas lesões medulares, exceto, é obvio, naquelas em que há transecção total do órgão.
3. Vias Ascendentes do Funículo Lateral
a) Tracto espino-talâmico lateral: neurônios cordonais de projeção situados na coluna posterior emitem axônios que cruzam o 
plano mediano na comissura branca, ganham o funículo lateral da medula donde fletem cranialmente para constituir o tracto 
espino-talâmico lateral, cujas fibras terminam no tálamo e daí, para o córtex. O tracto espino-talâmico lateral (que cresce à 
medida que sobe na medula pela constante adição de novas fibras) conduz impulsos de temperatura e dor (representando 
dores agudas e bem localizadas na superfície corporal). Por isso, em certos casos de dor decorrente principalmente de 
câncer, aconselha-se o tratamento cirúrgico por secção do tracto espino-talâmico lateral, técnica denominada de cordotomia. 
Como a comissura branca é uma região situada entre a substância cinzenta central intermédia e a fissura mediana anterior, 
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em casos de dilata€o do canal central da medula, esse tracto pode ser comprimido, e o paciente sentir„ anestesia dos dois 
lados da regio abaixo do segmento acometido pela compresso. 
b) Tracto espino-reticular: O tracto espino-tal‡mico lateral constitui a principal via atrav…s da qual os impulsos de temperatura 
e dor chegam ao c…rebro. Junto dele, seguem tamb…m as fibras espino-reticulares, que tamb…m conduzem impulsos 
dolorosos. Essas fibras fazem sinapse na chamada forma€o reticular do tronco encef„lico, onde se originam as fibras 
retƒculos-tal‡micas, constituindo-se assim na via espino-retƒculo-tal‡micas. Essa via conduz impulsos relacionados com dor 
do tipo crônica e difusa (“dor em queima€o”).
c) Tracto espino-cerebelar posterior: neurŒnios cordonais de proje€o situados no n‚cleo tor„cico da coluna posterior emitem 
axŒnios que ganham o funƒculo lateral do mesmo lado, fletindo-se cranialmente para formar o tracto espino-cerebelar 
posterior. As fibras deste tracto penetram no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior, levando impulsos de 
propriocepção inconsciente originados em fusos neuromusculares e †rgos neurotendinosos.
d) Tracto espino-cerebelar anterior: neurŒnios cordonais de proje€o situados na base da coluna posterior e na subst‡ncia 
cinzenta interm…dia emitem axŒnios que ganham o funƒculo lateral do mesmo lado ou do lado oposto, fletindo-se 
cranialmente para formar o tracto espino-cerebelar anterior. As fibras deste tracto penetram no cerebelo, principalmente pelo 
pedúnculo cerebelar superior. Admite-se que as fibras cruzadas na medula tornam a se cruzar ao entrar no cerebelo, de tal 
modo que o impulso nervoso termina no hemisf…rio cerebelar situado do mesmo lado em que se originou, ou seja, o fato de 
tracto espino-cerebelar anterior cruzar na medula e descruzar no cerebelo, faz com que uma leso no hemisf…rio de um lado 
cerebelar, trar„ incoordena€o para o mesmo lado da leso.  importante tomar conhecimento que as fibras do tracto espino-
cerebelar anterior informam tamb…m eventos que ocorrem dentro da pr†pria medula relacionados com a atividade el…trica do 
tracto c†rtico-espinhal. Assim, atrav…s do tracto espino-cerebelar anterior, o cerebelo … informado de quando os impulsos 
motores chegam ‰ medula e qual sua intensidade; logo, o tracto espino-cereblar anterior … capaz de realizar a detec€o dos 
nƒveis de atividade do tracto c†rtico-espinhal. Essa informa€o … utilizada pelo cerebelo para controle e modula€o da 
motricidade som„tica. 
CORRELA†ES CL‡NICAS
Para o estudo das principais correla€ˆes clƒnicas que abordam os principais componentes do sistema nervoso, deveremos 
antes conceituar alguns termos at… ento desconhecidos por muitos. Estes conceitos serviro para um melhor entendimento no s† 
deste assunto, mas de v„rios outros capƒtulos que sucedem a este.
ALTERAÇÕES DA MOTRICIDADE
 A diminui€o da for€a muscular recebe o nome de paresia, e pode ser causada, por exemplo, por uma simples compresso 
nervosa ou leso de apenas um nervo cuja a€o … mimetizada por outros. A ausŽncia total de movimento … denominada de 
paralisia (plegia). Quando estes sintomas atingem toda a metade do corpo, diz-se hemiparesia e hemiplegia. Quando 
apenas os membros inferiores so acometidos de paralisia (por uma sec€o completa da medula lombar, por exemplo), tem-
se paraplegia. Quando a leso … mais alta, em nƒvel cervical, por exemplo, tem-se tetraplegia, ou seja, paralisia de todos os 
membros.
 Tônus significa um estado constante e de relativa

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