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CENTRO UNIVERSITÁRIO MAURÍCIO DE NASSAU CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA QUÍMICA HÉLIO JOSÉ DA SILVA MARIANA COSTA COUTO RAFAELA MARIA OLIVEIRA SANTORO GASOLINA AUTOMOTIVA RECIFE-PE 2017 ii HÉLIO JOSÉ DA SILVA MARIANA COSTA COUTO RAFAELA MARIA OLIVEIRA SANTORO GASOLINA AUTOMOTIVA Trabalho da disciplina de Processos Químicos de Refino vinculado ao curso de graduação em Bacharelado em Engenharia Química do Centro Universitário Maurício de Nassau com a supervisão do professor Dr. Julierme Gomes Correia de Oliveira. RECIFE-PE 2017 iii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Cadeia de Produção da gasolina. 11 Figura 2 - Os quatro tempos do Ciclo Otto. 13 Figura 3 - Estruturas do Heptano e do Isoctano 14 iv LISTA DE TABELAS Tabela 01: Tipos de gasolinas comercializadas no Brasil 11 Tabela 02: Principais Aditivos utilizados 16 v RESUMO Desde a exploração ao refino, o petróleo requer muitas etapas em seus processos e os seus derivados ainda são os mais consumidos no mundo. A partir do refino tem-se muitos subprodutos, e dentre eles está a gasolina, que é constituída por hidrocarbonetos e compostos oxigenados seguindo parâmetros de produção pré-determinados e regulamentadas de acordo com os órgãos vigentes em cada país. A gasolina automotiva é utilizada em motores de combustão e as diferentes tecnologias aplicadas nestes motores implicam nos requisitos de qualidade do combustível. Para atender as diferenças desses motores, são oferecidos diferentes tipos de gasolinas. Aqui no Brasil a Petrobras oferece os tipos, comum, Premium e Podium que atendem os requisitos de qualidade por meio das especificações legais, fixadas pela Agencia Nacional do Petróleo (ANP). Palavras-chave: Gasolina, Hidrocarbonetos, Combustível, Petróleo, Refino. vi ABSTRACT From exploration to refining, oil requires many steps in its processes and its derivatives are still the most consumed in the world. Refining has many by-products, and among them is the gasoline, which consists of hydrocarbons and oxygenated compounds following pre- determined production parameters and regulated according to the organs in force in each country. Automotive gasoline is used in combustion engines and the different technologies applied in these engines imply the fuel quality requirements. To meet the differences of these engines, different types of gasoline are offered. Here in Brazil, Petrobras offers the types, common, Premium and Podium that meet the quality requirements through the legal specifications, set by the National Petroleum Agency (ANP). Keywords: Gasoline, Hydrocarbons, Fuel, Oil, Refining. vii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8 2 GASOLINA AUTOMOTIVA .......................................................................................... 10 2.1 Tipos de Gasolina ...................................................................................................... 10 2.2 Aditivos para a Gasolina ............................................................................................ 12 2.3 Requisitos de qualidade da Gasolina ......................................................................... 14 2.3.1. Octanagem (antidetonante - IAD) ...................................................................... 14 2.3.2. Volatilidade ........................................................................................................ 17 2.3.3. Estabilidade ........................................................................................................ 18 2.3.4. Corrosividade ..................................................................................................... 19 2.3.5. Emissões – PVR, teor de enxofre, de Benzeno, de aromáticos e de olefinas. .... 19 3 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 20 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 21 5 ANEXOS ........................................................................................................................... 23 5.1 Especificações da Gasolina ........................................................................................ 23 8 1 INTRODUÇÃO O petróleo é uma substância oleosa quando encontrada no estado líquido, com cheiro característico. Sua cor varia entre o negro e o castanho-claro, sua densidade é menor que a da água e é inflamável. (GUIMARÃES e PINTO, 2007). De acordo com a sua estrutura, os hidrocarbonetos presentes no petróleo são classificados em saturados, insaturados e aromáticos. Os saturados apresentam átomos de carbono que são unidos por ligações simples ao maior número possível de átomos de hidrogênio, podem ser ramificados (iso-parafínicos) ou cíclicos (naftênicos). Os hidrocarbonetos insaturados (olefinas) apresentam pelo menos uma dupla ou tripla ligação carbono-carbono, enquanto que os hidrocarbonetos aromáticos (arenos) apresentam um anel de benzeno em sua estrutura (THOMAS, 2004). Quando o petróleo passa pelo processo de refino, gera muitos produtos conhecidos como derivados de petróleo. Por exemplo, gasolina automotiva, querosene de aviação (QAV), óleo diesel, gás liquefeito de petróleo (GLP) entre outros, cada derivado apresenta diferentes aplicações, especificações e requisitos de qualidade. Para melhorar o desempenho da gasolina são adicionados aditivos classificados em antioxidantes, antidetonantes, detergentes, melhoradores de lubricidade, dentre outros. Os antioxidantes são utilizados para prevenir e reduzir a formação de depósitos de goma, eles funcionam como retardadores do processo oxidativo que leva à formação da mesma, é por esse motivo que estes compostos são destacados na formulação de aditivos. Muitos dos problemas existentes nos motores dos veículos são por causa da formação de grandes quantidades de depósitos no sistema combustível. Estes depósitos afetam a dirigibilidade do veículo, reduz o desempenho do motor, consumo do combustível e aumentam as emissões de gases de exaustão (HO, CO, NO). (NERI,1997; SCHREPFER e STANSKY, 1981). As gasolinas automotivas são classificadas de acordo com o seu número de octanagem em dois tipos: “regular” e “premium”. No Brasil, a ANP (Agência Nacional do Petróleo) especifica três tipos de gasolinas automotivas, tipo A tipo B e tipo C, sendo a gasolina do tipo B de uso exclusivo das forças armadas. A gasolina tipo A é a gasolina produzida pelas refinarias de petróleo e entregue às distribuidoras. Já a gasolina tipo C é a gasolina tipo A recebida pelas distribuidoras, adicionada de álcool etílico anidro combustível (AEAC). Essa gasolina é a que se encontra disponível no mercado, sendo comercializada nos postos revendedores. A gasolina chamada “aditivada” é a gasolina tipo A com álcool etílico e os chamados aditivos detergentes dispersantes. Esses aditivos minimizam a formação de 9 depósitos no carburador e nos bicos injetores e também são anticorrosivos. A gasolina aditivada recebe um corante que lhe confere uma cor distinta daquela apresentada pela gasolina comum, evitando se possíveis fraudes e adulteração do produto (PUC – 2015). No Brasil, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP), protege o interesse dos consumidores quanto a qualidade dos seus produtos. Para isso, aANP tem um programa para monitorar a qualidade da gasolina, álcool e óleos diesel comercializados aqui no Brasil, onde é conhecido por PMQC – Programa de Monitoramento da Qualidade dos combustíveis líquidos (CAVALCANTE, 2014). A qualidade antidetonante da gasolina é a capacidade do produto em resistir a detonação, este índice compara o comportamento de um combustível com o isso-octano e n-heptano, considerando como padrões de boa e má qualidade para motores automotivos. Portanto, a octanagem é a medida da capacidade da gasolina de resistir à detonação que leva a perda de potência e pode causar sérios danos ao motor, onde quanto maior a octanagem da gasolina, maior a sua resistência a elevadas pressões e temperaturas, tendo assim, um melhor rendimento (THOMAZ, 2016). 10 2 GASOLINA AUTOMOTIVA O refino de petróleo inicia-se com o pré-aquecimento e dessalgação, de onde são retirados a água emulsionada e os sais dissolvidos. Após a dessalgação, o petróleo segue para a torre de pré-fracionamento, onde são separados o gás combustível, o GLP e a nafta leve, que constitui a parte leve do petróleo. A gasolina é oriunda a partir da nafta leve, sendo destinada aos veículos de combustão interna que operam segundo o ciclo Otto, cujo mesmo determina o funcionamento de um motor automotivo, onde produz energia mecânica na forma de movimento a partir da energia liberada na combustão da gasolina (FARAH, 2015), mas também, pode ser produzida a partir de produtos inacabados que se enquadrem às faixas similares da gasolina, desta forma, a mistura pode ser feita pela própria refinaria ou agente autorizado da ANP para que seja tratado e destinado aos seus devidos fins (ANP, 2016). Existem dois requisitos básicos de qualidade que são empregados para os motores que utiliza o ciclo Otto, a taxa de compressão e a injeção eletrônica. Na taxa de compressão, uma elevada taxa implica em maior temperatura e pressão no motor, resultando um maior rendimento, porém exige melhor qualidade antidetonante da gasolina. Na injeção eletrônica, ocorre o controle eletrônico na mistura e da combustão, porem há uma pressão de injeção maior e os orifícios de passagens são menores havendo assim maior controle na formação de resíduos e goma (FARAH, 2015). Ainda segundo Farah, quimicamente, a gasolina é constituída por hidrocarbonetos parafínicos e olefínicos normais e ramificados, aromáticos e naftênicos, entre 4 e 12 átomos de carbono com faixa de ebulição entre 30 ºC e 220 ºC, entretanto, é usualmente composta por hidrocarbonetos entre 5 e 10 átomos de carbono (FARAH, 2015). 2.1 Tipos de Gasolina Os motores do ciclo Otto apresentam diferenças básicas conforme a tecnologia utilizada, por isso, as gasolinas são desenvolvidas de acordo com cada especificidade a fim de atender aos requisitos de qualidade de cada motor. Um desses requisitos é a taxa de compressão, que serve para aumentar o rendimento do motor quanto à temperatura e pressão, exigindo melhor qualidade antidetonante da gasolina; e a injeção eletrônica ou mecânica, que realiza o controle eletrônico da quantidade de mistura melhorando o controle da combustão, contudo, pode ocorrer formação de resíduos e goma nas aberturas menores, caso haja aumento na pressão de injeção (FARAH, 2015). 11 As gasolinas são produzidas a fim de atender aos diversos tipos de motor. No Brasil, são produzidas gasolinas dos tipos A e C. A primeira, tipo A (sem adição de etanol anidro), é produzida pelas refinarias de petróleo e vendida para as companhias distribuidoras autorizadas pela ANP. Enquanto que a tipo C (com adição de etanol anidro), é vendida para os revendedores autorizados e, posteriormente, ao consumidor final (FARAH, 2015). As gasolinas tipos C podem ser divididas em comum, aditivada, de alta octanagem (podium e premium) e especiais. Considera-se que toda gasolina comum já é aditivada, uma vez que há a adição de etanol anidro em sua composição (FARAH, 2015). Gasolina Comum: é considerada a mais simples sem nenhum tipo de aditivo dispersante, possui em sua composição 27% de etanol anidro, teor de enxofre de 50 ppm e não há corante, possuindo assim, a coloração natural das gasolinas (amarela). Além de possuir teor de octanagem igual a 87 (IAD) (FARAH, 2015). Gasolina Aditivada: possui a mesma composição de etanol anidro mais a adição de detergentes dispersantes, os quais promovem a limpeza que ajudam a melhorar a lubrificação dos componentes e o desempenho do motor, e corantes (geralmente nas cores verde e vermelha, dependendo da distribuidora), para diferenciá-la do tipo comum, além de possuir o mesmo teor de octanagem da gasolina comum (FARAH, 2015). Gasolina Podium (exclusividade da Petrobras): conhecida como gasolina de alta octanagem por ser a mais avançada em quantidade de octanagem comercializada mundialmente (IAD = 95). É menor poluente, apresentando o menor teor de enxofre - 30 ppm, e sua coloração é levemente alaranjada devido ao corante adicionado ao etanol anidro. Possui em sua composição um teor de 25% de etanol anidro, sendo indicado para veículos (nacionais e importados) com motores potentes, com alta taxa de compressão e desempenho (FARAH, 2015). Gasolina Premium: também conhecida como gasolina de alta octanagem, e pode chegar a possuir as mesmas características da podium, só que sua octanagem é de mínimo 91 IAD e seu teor de enxofre é no mínimo 50 ppm (FARAH, 2015). Gasolina Especial: são utilizadas por laboratórios e montadoras especializadas para atender casos específicos na conclusão do motor, assim como, para realização de testes de emissão de poluentes, de performance e para análise do desenvolvimento do motor. Não é 12 utilizada como efeito comercial, no entanto, as mesmas devem ter os mesmos parâmetros exigidos da ANP (FARAH, 2015). Tabela 1: Tipos de gasolinas comercializadas no Brasil Fonte: Petróleo e Seus derivados; Farah (pag. 169) As especificações para a produção da gasolina tipos C devem ser adequados conforme regulamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), desde sua mistura adequada de naftas para a produção inicial da gasolina, até os aditivos (antioxidante, detergente e dispersante) adicionados para impedir ou retardar a formação de resíduos, mantendo o motor limpo para seu correto ciclo de estocagem, transporte e utilização do combustível, além do etanol e corante adicionados por cada distribuidora (FARAH, 2015). Figura 1: Cadeia de Produção da gasolina. Fonte: Petróleo e Seus derivados; Farah (pag. 176) 2.2 Aditivos para a Gasolina Trata-se de substâncias adicionadas a gasolina tipo C que são utilizadas para melhorar o desempenho do motor, corrigindo as deficiências do produto e otimizando seu desempenho global, desde que mantenha a qualidade do combustível sem alterar as especificidades legais. 13 Seu objetivo principal é retardar a formação de resíduos/gomas por oxidação e/ou aglomeração os quais eles têm contato (FARAH, 2015). Os produtos utilizados variam de acordo com o distribuidor autorizado, no entanto, sua correta utilização depende de aprovação legal e desde que atendam requisitos como: propósito de utilização; compatibilidade com os equipamentos, motor, duques e tanques que entrarão em contato; e, estabilidade, para que não haja degradação no produto inicial. A composição destes produtos não é revelada pelos fabricantes de aditivos, mas sabe-se que constam uma substancia ativa (polímero), um fluidizante (óleo mineral ou produto sintético) e solventes para facilitar a dissolução na gasolina. Além disso, possuem um pacote contemplando outros componentes como antioxidantes, anticorrosivo, demulsificante, redutor de atrito, detergentes e dispersantes, desativadores de metais, entre outros. Segue abaixo um resumo da função dosaditivos mais utilizados (FARAH, 2015).: Antioxidantes: devem ser testados com a gasolina antes de sua utilização para que sejam controlados e medidos os compostos que possam influenciar nos requisitos legais da composição legal da gasolina, tais como H2S, sulfetos, mercaptanos e chumbo (SILVA, 2011). Servem para minimizar a oxidação e formação de goma/resíduos na gasolina, melhorando seu manuseio e armazenamento (FARAH, 2015). Detergentes: dentre os diversos tipos existentes os mais utilizados são as polieteraminas, porque são mais eficazes para os depósitos em câmaras de combustão e no sistema de injeção, tendo uma boa atuação no sistema de admissão (SILVA, 2011). Dispersantes: geralmente é utilizado junto com o detergente para evitar a formação de depósitos e a ocorrência de problemas de obstrução de fluxo, acarretando em problemas de eficiência de motor/consumo e de emissões. Serve, também, para reduzir acúmulos da borra do motor, do coletor e lado inferior das válvulas de admissão (FARAH, 2015). Desativadores de metal: utilizado para evitar que íons metálicos ou traços de cobre atuem como catalisadores na oxidação (FARAH, 2015). Anticorrosivos: utilizados para evitar a corrosão e ferrugem no sistema de combustível e nos equipamentos que façam parte do manuseio e armazenamento do fluido (FARAH, 2015). Corantes: utilizado para diferenciar os diversos tipos de gasolina produzidos. Podem ser sólidos ou líquidos, desde que sejam solúveis em óleo (FARAH, 2015). 14 2.3 Requisitos de qualidade da Gasolina Os requisitos de qualidade da gasolina são: boa qualidade antidetonante, proporcionando queima correta sem causar danos ao motor, vaporização adequada, de acordo com a temperatura e região do motor, desde a partida até a operação a plena carga. Possuir estabilidade química e térmica de forma que minimize a formação de depósitos que impactam no funcionamento do motor. Ser compatível com o material empregado na construção do motor. Ter queima limpa e baixa emissão de poluentes. Proporcionar segurança quanto ao seu manuseio e armazenamento (FARAH, 2015). 2.3.1. Octanagem (antidetonante - IAD) O funcionamento do motor de combustão se desenvolve em quatro tempos (admissão, compressão, potência e descarga) que envolve a mistura de gasolina e ar. A qualidade é determinada pelo maior tempo em que a gasolina resistir a compressão sem sofrer explosão. Porem se a gasolina sofrer explosão prematura, antes do pistão atingir o ponto morto e antes da vela soltar a faísca, ocorrerá a desregularem do motor, havendo então uma força menor sobre o pistão causando uma diminuição na potência do carro. É o que popularmente conhece- se como “bater pino” (FOGAÇA, 2017). Figura 2: Os quatro tempos do Ciclo Otto. Fonte: Petróleo e Seus derivados; Farah (pag. 162) 15 Há vários hidrocarbonetos presentes na gasolina, entre eles encontra-se o Isoctano (2,2,4-trimetilpentano), que possui o melhor índice de octanagem, ou melhor resistência a compressão, assim para ele é atribuído o valor 100 de octanas, dentro da escala criada para medir a qualidade da gasolina, em contrapartida o Heptano, outro hidrocarboneto presente na gasolina é atribuído o valor de zero octanas por ser o menos resistente a compressão (SOUZA, 2017). Assim uma gasolina de octanagem 87, apresenta resistência de detonação equivalente a uma mistura de 87% de Isoctano e 13% de heptano. Figura 3: Estruturas do Heptano e do Isoctano Fonte: Mundo Educação. Os requisitos de qualidade antidetonante de um veículo são influenciados pelos parâmetros de projeto do mesmo, assim como, pelas condições ambientais, destacando-se a taxa de compressão, o avanço de ignição e a razão ar-combustível (FARAH, 2015). A taxa de compressão ou razão de compressão é um valor numérico que indica a quantidade de vezes em que o volume foi comprimido dentro do cilindro. Uma elevada razão de compressão é o ideal para qualquer motor a combustão, pois assim haverá uma elevada temperatura final de combustão. Com uma maior temperatura a velocidade de reação será maior, implicando assim numa maior movimentação, pois a força motriz da expansão dos gases será mais cedo e assim o trabalho do cilindro será maior. Resumindo, quanto maior a razão de compressão, mais eficiente será o motor, maior será sua potência e melhor seu 16 aproveitamento energético. Em relação ao número de octano, quando se mantêm constantes as demais condições, para cada aumento em uma unidade na taxa de compressão, exigem-se um aumento de 3 a 5 unidades de qualidade antidetonante (FARAH, 2015). Cada fabricante sempre tentará procurar o melhor avanço de ignição possível para cada condição com o objetivo de resultar maior eficiência sem causar detonação e quanto maior for o avanço de ignição, maiores serão a temperatura e pressão no interior da câmara. Quando se mantêm constante as demais condições de projeto, demanda-se um aumento de 0,8 unidade na qualidade antidetonante (FARAH, 2015). A melhor relação de mistura ar/combustível para os motores a quatro tempo seria aquela em que o motor fornecesse a maior potência no eixo com o menor consumo de combustível, porém na prática existem obrigações com o controle de emissão de poluentes, de forma que o menor consumo não se aplica em todos os casos. Para a gasolina que possui uma composição média igual ou aproximadamente C�H�� e supondo que o ar possua uma composição de 21% Oxigênio e 79% nitrogênio, possui uma razão estequiométrica de 14,2. (CARVALHO, 2011). Uma variação na razão ar-combustível pode acarretar perdas de potência ou de eficiência, assim é desejável trabalhar nas imediações do valor estequiométrico otimizando o desempenho do veículo (FARAH, 2015). Quanto às condições ambientais, implica-se que: quanto maior a temperatura ambiente, maior o número de octano, e quanto menor a umidade do ar ou maior a altitude, requer menor número de octano (FARAH, 2015). Para melhorar a resistência à compressão e, consequentemente, o índice de octanagem da gasolina, adiciona-se alguns aditivos, chamados de antidetonantes. O antidetonante mais usado pela Petrobras era o metil-t-butil-éter (MTBE), adicionado em até 7% em volume, porem devido a questões socioeconômicas é preferível a adição de etanol anidro. Existem ainda outros aditivos melhoradores de qualidade antidetonante, porém os mesmos podem provocar formação de depósitos de metais no motor, além de grandes riscos ambientais, e comprometer os catalisadores de oxirredução utilizados nos sistemas de descarga de gases de combustão do veículo (FARAH, 2015). 17 Tabela 2: Principais Aditivos utilizados Chumbo Tetraelita ��( ��)� Etanol ��� Cloreto de etileno � �� Metil-tecbutil-éter ��� � Dependendo de como o motor esteja sendo solicitado, o melhor requisito de qualidade antidetonante será representado pelo índice RON ou MON. O ROM (Research Octane Number, ou Número de octanas da Pesquisa) diz respeito ao teste realizado para verificar a resistência do combustível a detonação em um motor-padrão, especifico para essa finalidade e trabalhando em giros baixos. Já o MON (Motor Octane Number ou Número de Octanas Motor) avalia essa mesma resistência, porém em rotação elevada (THOMAZ, 2011). Por conta das condições muito especificas de avaliação, os índices apresentam resultados diferentes. O MON, avaliado em alto giros, oferece um resultado menor porque a temperatura na câmara de combustão, mais elevada, também facilita a combustão (THOMAZ, 2011). Para o dono do carro e de acordo com os especialistas o que vale é a média dos dois valores (ROM e MON), que basta soma-los e dividir o resultado por dois, o que geralmente é informado pelos postos de combustíveis, é chamado então de IAD (índiceAntidetonante), portanto ao se comparar gasolinas de diferentes países é importante especificar a base (MON, ROM ou IAD) (TAKESHITA, 2006). No Brasil, ao falarmos de octanagem nos referimos ao MON. E além da octanagem, outros fatores devem ser considerados para a produção de gasolina, dentre eles a volatilidade. 2.3.2. Volatilidade A volatilidade da gasolina é um dos principais responsáveis pela dirigibilidade do veículo a quente ou a frio, é representada pela sua faixa de destilação e por sua pressão de vapor Reid, que é a pressão absoluta exercida por uma mistura a 100ºF (37,8ºC) e com uma taxa de volume de vapor/ líquido de 4/1. É utilizado para caracterizar a volatilidade de óleos crus e gasolinas (TAKESHITA, 2006). 18 No caso dos combustíveis automotivos, a volatilidade afeta a partida, o aquecimento do motor e seu rendimento em altas temperaturas ou alta pressão, ou ambas. A presença de componentes de alto ponto de ebulição pode causar a deposição de compostos sólidos (TAKESHITA, 2006). A definição de limites para a pressão de vapor assegura um bom desempenho, sendo uma medida da tendência a formar vapores explosivos. Sua limitação também tem por objetivo evitar problemas de tamponamento, que consiste na formação de vapores nas linhas de transporte de combustível, na bomba e no carburador, interrompendo o escoamento (TAKESHITA, 2006). 2.3.3. Estabilidade Da produção a utilização da gasolina, a mesma passa por diversos processos de estocagem, seja no tanque da refinaria, seja no próprio tanque combustível do veículo. Durante esse período a gasolina sofre uma degradação natural, chamada de oxidação e o principal produto é a goma, substancia que esta comumente dissolvida no combustível, mas que quando o mesmo é evaporado, permanece nas superfícies como uma resina aderente e insolúvel (ALVES, 2006). A formação de goma é devida a oxidação de olefinas, e principalmente, de diolefinas, que se inicia pelas reações de oxidação, formando radicais livres precursores das reações de polimerização que levam a formação de sedimentos (FARAH, 2015). As gasolinas naturais não contem diolefinas, logo o problema de formação de goma não ocorre, já a obtida a partir do craqueamento e outros processos em condições severas de temperatura e/ou pressão possui uma grande quantidade de compostos olefínicos, assim, compostos que não permitam a oxidação e a polimerização, devem ser adicionados a mistura final da gasolina. Os aditivos detergentes têm a capacidade de dispersar e remover os depósitos de goma do motor, mas estes só estão presentes na gasolina aditivada (ALVES, 2006). Os antioxidantes adicionados na gasolina são utilizados para prevenir a formação de deposito de goma, pois funcionam como retardadores do processo oxidativo. E muitos são os problemas existentes nos motores provenientes desse acumulo. Afeta a dirigibilidade do veículo, reduz o desempenho do motor e aumentam as emissões de gases (ALVES, 2006). 19 Para que a gasolina seja estável química e termicamente, controla-se sua qualidade quanto a presença de compostos instáveis, como os hidrocarbonetos do tipo diolefínico. A presença de goma na gasolina é avaliada pelo ensaio de goma atual, enquanto a estabilidade é avaliada pelos ensaios de período de indução e de goma potencial (FARAH, 2015). 2.3.4. Corrosividade O principal contaminante e promotor de corrosão na gasolina é o enxofre e por isso o estudo da sua quantidade na gasolina é de suma importância. A compatibilidade da gasolina com os materiais do motor é avaliada pelo ensaio de corrosividade a lâmina de cobre que de acordo com a NBR 14359 padronizou o teste que consiste em imergir uma placa de cobre recém polida em gasolina a 50 °C por 3 horas e comparar com os padrões especiais, sendo o resultado qualitativo e não quantitativo (WÄCHTER, 2015). Outros compostos podem ocasionar o aumento da corrosividade do combustível e da incompatibilidade com alguns materiais usados em tanques e bombas como os mercaptanos, etanol e eventuais presenças de ácidos e água (FARAH, 2015). 2.3.5. Emissões – PVR, teor de enxofre, de Benzeno, de aromáticos e de olefinas. Durante o abastecimento do veículo os vapores que saem ilustram o que é chamado de emissão de vapor do combustível contido no tanque. Quanto maior a volatilidade do combustível, tanto maior será a concentração de vapor no tanque do veículo a uma dada temperatura e, portanto, mais relevante o seu controle. Considerando os combustíveis líquidos normalmente disponíveis nos postos de abastecimento do país, a gasolina tem a maior volatilidade (PVR de 54 a 64 kPA) (SZWARC e BRANCO, 2012) Normalmente denominados “compostos orgânicos voláteis” (COV), as substâncias que formam o vapor emitido dependem basicamente das características do combustível contido no tanque do veículo. Enquanto que no caso do etanol o vapor é o próprio produto, no caso da gasolina é formado principalmente por dezenas de hidrocarbonetos diferentes presentes no combustível (SZWARC e BRANCO, 2012). Em relação a presença de compostos sulfurados, é importante haver controle para avaliar a qualidade da gasolina quanto as emissões de óxidos de enxofre nos gases de combustão (FARAH, 2015). E a vantagem de se ter menos enxofre é simples: menos ácido sulfúrico, menos oxidação e mais vida útil para diversos componentes (CERQUEIRA, 2013). 20 O teor de aromáticos e o teor de olefinas também são importantes, pois essas substancias podem produzir, pela combustão, compostos poluentes como o benzeno e produtos que afetam a camada de ozônio (FARAH, 2015). 3 CONCLUSÕES Os critérios estabelecidos para produção da gasolina são de extrema importância para o bom desempenho do motor, assim como sua importância quanto aos aspectos ambientais para que se reduzam os gases emitidos através da sua queima. Com a constante evolução da tecnologia, pode-se observar que a preocupação com a melhoria contínua dos compostos utilizados é crescente, fazendo com que os tipos de gasolina e aditivos utilizados sejam constantemente analisados, avaliados e testados, a fim de se obter um menor custo na sua produção, com uma maior qualidade e uma redução no impacto ambiental causado pela emissão dos seus gases poluentes. Independentemente de sua forma de produção, no Brasil toda gasolina produzida deve ter os mesmos parâmetros e aspectos de qualidade estipulados pela ANP, embora sua fiscalização esteja deixando a desejar. Em relação aos tipos de gasolinas e suas aditivações, cabe ressaltar que na ausência de um motor de elevada potência, a utilização de uma gasolina premium ou podium iguala-se a uma gasolina comum no que diz respeito aos resultados esperados de potência no veículo. 21 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Juliana Karla Paiva Alves. Estudo do desempenho antioxidativo de um novo composto derivado do cardanol hidrogenado aplicado à gasolina automotiva. Monografia de Graduação. UFRN-CT-NUPEG-Campus universitário. Natal, 2006. BARATA, Juliano. Taxa de compressão: qual a sua importância para os motores?;Flatout. Disponível em <https://www.flatout.com.br/taxa-de-compressao-qual-a- sua-importancia-para-os-motores/>. Acesso em 20 de março de 2017. CARVALHO, M. A. S. Avaliação de um motor de combustão interna ciclo Otto utilizando diferentes tipos de combustíveis. UFBA; Escola politécnica. 2011. CAVALCANTE, R. A. Caracterização Fisico-Quimica do Etanol Hidratado Combustivel Comercializado no Município de Mossoró-RN. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal Rural do Semi-Árido. 2014. DANTAS, Michele Sinara Gregório. Antioxidantes para combustíveis/ensaios Laboratoriais. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia. IFBA; 2009. FARAH, Marco Antônio. 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