Buscar

A sociedade do espetaculo como estetica de vida

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A sociedade do espetáculo como estética de vida
Resumo:
O espetáculo, nada mais é, do que o conjunto das relações sociais mediadas pelas imagens. A sociedade do espetáculo só pode ser compreendida dentro do universo capitalista, em que todas as coisas podem ser comercializadas e são envolvidas por imagens. O espetáculo é resultado da aceleração que a sociedade vivencia, da falta de tempo, da necessidade de atender a um padrão pré-estabelecido e, também pela adoração das imagens que este tipo de estética de vida proporciona levando às pessoas a alienação para o consumo de bens e objetos sejam palpáveis ou somente através de imagens. Deste modo esta resenha busca fomentar uma análise crítica acerca do livro “A sociedade do Espetáculo” de autoria do pensador e escritor francês Guy Debord lançado em 1967, observando para as questões pertinentes a sociedade do espetáculo e as relações que são levantadas por este tema, bem como a simbiose com textos de outros autores que buscam advogar questões que se relacionam com o pensamento de Debord, e também o papel dos meios de comunicação e a violência simbólica, por exemplo. 
Palavras-chave: Espetáculo. Sociedade. Violência Simbólica
O homem na sociedade do espetáculo é encarado como um ser passivo que troca a vida real pelo reino das imagens, que por sua vez é mais fácil de ser vivenciado. Por consequência de todo desenvolvimento dos meios de produção, o cotidiano das sociedades passaram a se mostrar como acumulação de espetáculos. Debord, (1997) diz que o espetáculo é a própria sociedade, e que por meio das imagens é criada uma determinada realidade, que é construída se tornando a unidade da vida. Deste modo o espetáculo, nada mais é, do que o conjunto das relações sociais mediadas pelas imagens.
Essa sociedade do espetáculo só pode, e, é compreendida dentro do universo capitalista, em que todas as coisas podem ser comercializadas e são envolvidas por imagens. Esse conceito é uma crítica à forma de atuação do sistema capitalista consumista que prega o acúmulo de produtos e de imagens. Tudo que faz parte da vida cotidiana torna-se uma representação as imagens e os indivíduos deixam de viver uma realidade concreta - em muitos casos é uma realidade cruel- para viver em um mundo de fantasias. O espetáculo é a criação de algo feito para “suprir” tudo que falta na vida verídica de qualquer pessoa. Ele passa à ideia de “fetichismo da mercadoria”, deixando claro que felicidade é consumo, de tudo aquilo que o sistema dita ser essencial. O espetáculo é o que confere o sentido do certo e errado em uma sociedade segregada.
	Seguindo este raciocínio o espetáculo é o elo fundamental para os meios de produção capitalista e de comunicação, ele é o resultado da “produção de espetáculos”. “Desse modo, o espetáculo instala uma relação de poder. E o poder, muitas vezes, afirma-se com e através da produção de espetáculos”. (RUBIM; Antônio Albino Canelas, 2005, p. 13) configurando a gênese da espetacularização. O consumo e a imagem passam a tomar o lugar que antes servia para o diálogo pessoal, produzindo a exclusão social, econômica, tecnológica; etc. entre as pessoas. 
O sistema causa o isolamento das pessoas, através do consumo de bens. Como as mídias tomam o lugar do diálogo, as pessoas passam a contemplar os conteúdos midiáticos, bem na alegria de possuir aquilo que está sendo “ofertado”, o que reforça o isolamento e a separação. Debord caracteriza isso como:
A alienação do espectador em favor do objeto contemplado (o que resulta de sua própria atividade inconsciente) se expressa assim: quanto mais contempla, menos vive quanto mais aceita reconhecer-se nas imagens dominantes da necessidade, menos compreende sua própria existência e seu próprio desejo. (DEBORD, 1997:24).
Na sociedade do espetáculo tudo vira mercadoria e invade a vida cotidiana. Rubim (2005) revela que os requisitos para a promoção do espetáculo são dramaticidade, teatralidade e a encenação que o evento espetacular contém. A sociedade passa a ser o reino do espetáculo, da representação fetichizada do mundo dos objetos e das mercadorias, toda glória é dada ao reino da aparência. 
Na atualidade, as imagens por meio da propaganda e publicidade vão ditando gostos, desejos, padrões de beleza, formas de expressar os sentimentos, enfim é o que passa a fundamentar toda vida humana. E todas as sociedades estão submissas ao espetáculo. Ninguém vive, simplesmente param para contemplar e ainda aplaudem o espetáculo. É na sociedade espetacularizada que o homem não vive, vegeta. 
As imagens, o consumismo exagerado, a alienação e o poder de visibilidade com o uso das mídias estão embutidos na sociedade do espetáculo, que é muito mais do que uma autoridade absoluta é uma violência simbólica. Essa violência invisível é quietamente percebida pelo inconsciente humano que passa a desenvolver os objetivos previamente impostos não só por parte da mídia, mas também pelo Estado, religião e a própria cultura, logo embeber o receptor é a lei a ser seguida sem exceção. Se “saber é poder” como afirmou Francis Bacon a manutenção do poder para alienar é a questão fundamental com para a espetacularização da sociedade, pois as imagens passam a se impor como uma estrada de mão única. Fernando Oliveira (2009, p. 5) afirma que: 
A violência simbólica pode vir a ser exercida por distintas instituições sociais, tal como o Estado (o campo dos discursos políticos), o campo das religiões, o campo das mídias, exemplos de instâncias significativas de fixação do habitus e criação de sistemas simbólicos de poder. O Estado age assim ao estabelecer leis que naturalizam pelo mesmo mecanismo de arbitrariedade que fixam os valores intrínsecos ao espaço geopolítico e dos direitos mais básicos do indivíduo – o direito de cidadania – como o direito à informação. A mídia, por seu turno estabelece a violência simbólica pelo mecanismo de validação das imagens que tendem a se impor pela legitimação da chamada indústria cultural como representativa da própria noção de cultura e pela massificação daquilo que é considerado popular e restringindo o acesso ao produto da chamada cultura de elite.
A violência simbólica é promovida por meio da linguagem persuasiva difundida pelos meios de comunicação, não só a televisão como pensam muitos, mas também pela internet, rádio, revistas, jornais, enfim todos e quaisquer meios possíveis para impor uma ideologia de vida. Essa dominação não é entendida como uma dominação de força, já que ocorre de modo silencioso. 
A dominação por meio dos signos configura a autoridade e total autonomia que o sistema tem sobre os seus “brinquedos”, ou seja, o homem. Aceitar essa dominação é esquecer-se do direito do livre arbítrio conferido e de certa forma assegurado ao homem. Fernando Oliveira (2009, p.6) discorre ainda que,
 Essa violência não é fruto da instrumentalização pura e simplesmente de uma classe sobre outra, mas exercida por meio de jogos de poder e de dominação engendrados pelos atores sociais, pois uma sociedade é um organismo fruto da produção e reprodução humana que produz o próprio indivíduo como produção social.
Esses jogos de poder como citado na passagem acima é um dos pilares que sustentam a sociedade do espetáculo e seus meios de produção e manutenção em que o homem é a figura que servirá de cobaia para as experiências de dominação que movem e perpetuam todo ciclo no qual a sociedade continua a se desenvolver. Sendo as mídias as principais propiciadoras dos rituais de gostos, gestos, modos de vida e consumo. Assim sendo,
A ideia de que somos receptáculos passivos [certamente não somos] a estereótipos, palavras e imagens, terminam por negar nossa faculdade primordial ou nossa capacidade crítica de apreensão de signos e símbolos gerados pelas impressões sensórias do corpo-mente frente ao objeto da representação. (FERNANDO OLIVEIRA, 2009:10).
O espetáculo vê o homem como passivo que troca a vida real pelo reino das imagens, por ser mais fácil de vivenciar. As imagens funcionam como fuga da durarealidade para viver de aparências, consequentemente consumo e a imagem irão ocupar o lugar que pertencia ao diálogo. Geralmente estas são mediadas através de celebridades, políticos, atores, personalidades, campanhas publicitárias, ou seja, tudo o que passa a ideias de grandiosidade.
O espetáculo irá se alimentar da anulação do ser humano mediante um mundo, que é oferecido pela sociedade capitalista, tão cheio de coisas, imagens e pessoas. O espetáculo é resultado da aceleração que a sociedade vivencia, da falta de tempo, da necessidade de atender a um padrão pré-estabelecido.
Esse padrão imposto pela imagem e consumido pela população, não deixa de se caracterizar como uma violência simbólica. Afinal, a violência simbólica não é percebida como violência, esta pode ser entendida como uma adequação natural que ocorre para enquadrar o indivíduo nos moldes sociais.
Apesar de estar fortemente atrelada ao sistema capitalista a sociedade do espetáculo não está ligada somente ao fator do capital. Para Guy, um povo não se subordina a outro apenas pelo seu poder econômico, mas através de um processo espetacularizante, misturando-se nas relações sociais, assim se caracterizando como a estética necessária para se viver nesse mundo.
Referências Bibliográficas: 
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2003, p. 240.
OLIVEIRA, Fernando. A mídia, o campo, a ordem e o discurso: molduras do poder simbólico. V Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Salvador, maio de 2009.
RUBIM, Antônio Albino Canelas (Org.). Cultura e Atualidade. Salvador: EDUFBA, 2005.

Outros materiais