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POSITIVISMO JURÍDICO

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RESUMO – CAPÍTULO I, II e III
Norberto Bobbio inicia seu livro com uma breve diferenciação dos direitos natural e positivado que são fundamentais para compreendermos a sua proposta. Compreende que a expressão ‘’positivismo jurídico’’ deriva do direito positivo e para isso é preciso diferenciá-lo do direito natural. No pensamento clássico, o direito positivo refere-se à justiça ou conjunto de leis que regem a vida social, enquanto a justiça natural é aquela que em toda parte tem o mesmo efeito. Aristóteles entende que direito natural (jus gentium) tem em toda parte a mesma eficácia enquanto o direito positivo (jus civile) é válido somente entre os locais em que é sancionado pelo povo e estabelece ordens a serem cumpridas para regular a sociedade, estas podem mudar enquanto na justiça natural nada se transforma. 
Já no pensamento medieval, o direito natural difere-se ao ter sua característica de lei criada por Deus (Lex naturalis) ao mesmo tempo em que direito positivo é colocado pelos homens (Lex humana). Esta se deriva da natural por atitude de um legislador: Por conclusão ou determinação. Por fim trabalha com os pensamentos jus naturalista em que o direito natural se funda em observar os atos ilícitos por si mesmo, ou seja, pela própria natureza do homem e o positivo observa que o poder civil compete ao Estado que busca a utilidade comum. 
Em seu primeiro capitulo o autor faz pressupostos históricos observando que nos tempos antigos, direito natural e positivo se completavam, no entanto houve um distanciamento entre as duas expressões e por conta disso nasce o positivismo jurídico junto à formação do Estado Moderno e Absolutista, concentrando em si todo e qualquer poder. Esta expressão é chamada de estrutura monista que objetiva somente o direito positivo e o torna um conjunto de regras obrigatórias. Dessa forma, a violação dessas regras fará com que se tenha a necessidade de um juiz que fará o papel de arbitro baseando-se somente nas normas ditadas pelo direito positivista imposto pelo Estado. Ao contrário desse pensamento, na Inglaterra sempre se preservou o direito consutuedinário (Common Law) acima do direito estatuário (Statue Law), uma vez que àquela limitava o poder do soberano. No entanto, pensador contrário ao direito comum, Thomas Hobbes tenta combater essa ideia ao considerar que o Estado Absoluto é necessário para manter a segurança dos indivíduos, uma vez que no Estado de Natureza, os seres humanos são maus e estão em conflito constante. Dessa forma há a criação de um pacto social onde há a transferência dos poderes individuais do estado natural para o Estado positivista que se baseia em duas concepções: A formalista (autoridade de impor normas) e a Imperativa (o direito como um comando).
O Poder é manifestado pelo legislador e os ideais liberais partilham esse pensamento ao passo que a ausência de intermédios que evitam as arbitrariedades traz mais segurança ao cidadão. Dessa forma o pensamento liberal se adere a duas saídas que é a separação de poderes e a representatividade, assim o poder legislativo é enaltecido e deve falar por toda a nação. Montesquieu adere que a decisão do juiz tem que ser baseada na lei em todos os momentos sem deixar nenhum outro critério o afastar desse objetivo, assim se garante o pleno direito aos cidadãos. 
Por fim, o autor explica que o direito natural não foi totalmente esquecido e que se encaixa nas lacunas do direito. Dessa forma, como acredita Achenwall,o direito natural se aplica em três casos: na relação normal entre os Estados, nas relações entre príncipe e súditos e nas lacunas do direito.
No segundo Capítulo Histórico, Bobbio faz referência ao nascimento do positivismo jurídico na Alemanha. Num primeiro momento tem-se o historicismo que faz um contraposto ao iluminismo e ao racionalismo, que defendiam o direito natural. O historicismo tem como primeiro principio substituir o caráter geral pelo caráter individual das forças histórico-humanas, fazendo oposição ao racionalismo. Dessa forma o historicismo entende que os homens são diversos entre si, além destes serem movidos pelos sentimentos e haver uma tragicidade, ou seja, não crê no progresso do homem. Ademais, outro caráter desse pensamento é possuir grande admiração pelo passado e pela tradição. Portanto, o direito positivo nasce de questões históricas e acompanha as transformações sociais e por isso após a ocupação napoleônica se fez necessário um código único para toda a Alemanha.
O pensador Thibaut afirmava que um código civil redigido pelos príncipes criaria uma válvula de escape para as arbitrariedades dos Estados independentes e ainda crê que para que haja uma boa legislação é necessário que esta tenha a perfeição moral (enunciar normas de forma clara e precisa) e a substancial (normas que regulam todas as relações sociais). O pensador afirma ainda que essa forma de pensar o direito unificaria a Alemanha. Outro pensador, Savigny, em contrapartida, afirmou que a Alemanha não se encontrava em condições para tais mudanças acontecerem.
Em seu terceiro capítulo, o autor remete-se à França e o positivismo jurídico que nasce na época e possui influência da codificação napoleônica que influenciou na legislação e a codificação justiniana. Na França, as codificações nascem junto às ideias iluministas e à Revolução Francesa, desse modo o objetivo era criar um legislador universal, capaz de realizar um direito simples e unitário, porém os iluministas acreditavam que o verdadeiro direito ainda era fundado no direito natural e que ele era construído a partir dos fatos históricos ocorridos na natureza. A primeira fase da história da codificação francesa foi tomada por Cambacéres, este afirmava uma lei baseada na lei natural, imutável e eterna e seu primeiro projeto de código civil visou alcançar a reaproximação da natureza a unidade e a simplicidade.
Entretanto, o projeto definitivo de código civil foi dado por Portalis, o Código de Napoleão, que abandonou a concepção jus naturalista por vez e significou uma nova era de tradição jurídica. Em seu 4º artigo, o código prevê a relação do juiz e a lei e estabelece que em cada caso, aquele deve resolver com clareza a disposição legislativa, além de completar a lei se houver alguma obscuridade e também em casos de lacunas do direito o juiz deve suprir a lei. Todas essas decisões devem, portanto ser baseadas no interior do próprio sistema recorrendo ao juízo de equidade.

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