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0 UNIP - Universidade Paulista - Campus Ribeirão Preto Falência Geraldo Domingos Cossalter – RA B35759-2 Ribeirão Preto Maio de 2016 1 Geraldo Domingos Cossalter Falência Trabalho “Falência”, apresentado ao Professor André Luiz Carrenho Geia, da disciplina Falência e recuperação de empresas, do curso de Direito, período matutino. Unip – Universidade Paulista - Campus Ribeirão Preto Ribeirão Preto, 20 de maio de 2016. 2 SUMÁRIO: 01 – Introdução.............................................................................................pg 03 02 – Decretação da sentença...............................................................pg 04 e 05 03 – Habilitação de crédito...................................................................pg 05 a 07 04 – Pedido de restituição....................................................................pg 07 e 08 05 – Ação revogatória...................................................................................pg 08 06 – Extinção das obrigações do falido e reabilitação..........................pg 08 a 10 07– Considerações finais..............................................................................pg 11 08 – Bibliografia............................................................................................pg 12 3 1 – INTRODUÇÃO O presente trabalho tem por objetivo a compreensão desde a sentença que decreta a falência até a extinção das obrigações e a reabilitação do falido. O intuito é demonstrar como se dá o encerramento de todo o processo falimentar e como ocorre a extinção das obrigações do falido perante seus credores. Importante ressaltar que a falência é a execução concursal do devedor empresário, e se inicia com a sentença constitutiva dada pelo juízo competente. Portanto, é de suma importância o tema e, com a promulgação da nova lei de falências que passou a conceder benefícios gerais ao empresário e a sociedade, observa-se a diferença substancial entre a antiga lei e a lei vigente, visto que o intuito é manter empregos, renda e manter a geração e circulação de riquezas e, ao mesmo tempo, promover a possibilidade do falido retornar ao mercado.” A reabilitação do falido é o grande objetivo da nova lei, ao contrário da antiga lei que promovia a falência propriamente dita, inclusive, vislumbrava punir o falido, diferentemente de hoje, já que falência atualmente, não mais significa morrer”. 4 02 - Decretação da sentença A sentença declaratória de falência talvez seja o principal divisor de águas entre a falência e a continuidade de uma empresa. É a sentença declaratória de falência. Antes de qualquer coisa é importante salientar que apesar da nomenclatura adotada pelo legislador, a sentença declaratória também tem caráter constitutivo. Fábio Ulhoa Coelho afirma que este entendimento tem sido predominante na doutrina e complementa: “Com a sua edição pelo juiz, opera-se a dissolução da sociedade empresária falida, ficando seus bens, atos e negócios jurídicos, contratos e credores submetidos a um regime jurídico específico, o falimentar, diverso do regime geral do direito das obrigações”. É a sentença declaratória da falência que introduz o falido e seus credores nesse outro regime. Ela não se limita, portanto, a declarar fatos ou relações preexistentes, mas modifica a disciplina jurídica destes, daí o seu caráter constitutivo. Desta forma, chega-se ao ponto em que, declarada a falência por meio da sentença, esta começará a gerar efeitos, principalmente os relacionados aos sócios. Tratando-se dos efeitos decorrentes da decretação de falência, evidencia-se, logo de início, a extinção da pessoa jurídica da sociedade empresária, ou seja, a decretação de falência implica na dissolução da sociedade empresária. Fábio Ulhoa Coelho novamente ensina: “Trata-se de ato judicial que instaura uma forma específica de liquidação do patrimônio social, para que a realização do ativo e a satisfação do passivo 5 sejam feitas não por um liquidante escolhido pelos sócios ou nomeado pelo juiz da ação de dissolução, mas sim pelo próprio Poder Judiciário, por meio do juízo falimentar, com a colaboração do administrador judicial”. Importante salientar que a decretação de falência desfaz todo e qualquer tipo de vínculo entre sócios e acionistas e inicia o processo judicial de extinção da personalidade jurídica da empresa. Desta maneira, inabilita-se empresarialmente não só o devedor, empresário ou sociedade empresária, mas também os sócios ilimitadamente responsáveis. É o que dispõe o artigo 81 da lei 11.101/05 conforme: A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para apresentar contestação, se assim o desejarem. 03 – Habilitação de crédito A habilitação de crédito é obrigação processual que nasce com o deferimento do processamento da recuperação judicial ou com decretação da falência, estampada no § 1°, inciso m, do Art. 52 e inciso IV do Art. 99 da Lei 11 . 101/05 Estando em termos a documentação exigida no Art. 51 desta Lei, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial. Estão dispensados da habilitação apenas o credor fiscal (porque não participa de concurso) e os titulares de créditos remanescentes da recuperação judicial, se tinham sido definitivamente incluídos no quadro geral de credores dessa quando da convocação em falência. Havendo divergência quanto à classificação ou valor de seus créditos o credor deve suscitá-la por escrito ao administrador judicial, o qual, caso entenda procedente o suscitado, republicará a relação de credores, sem levá-la ao juiz. 6 Art 7" - A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxilio de profissionais ou empresas especializadas. Os credores terão o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar ao administrador judicial suas habilitações ou suas divergências quanto aos créditos relacionados. De outro lado, a necessidade e obrigatoriedade dos credores de apresentarem no prazo legal suas habilitações ao administrador judicial vêm estampadas nas exigências contidas no artigo 9° da lei, que prescreve que a habilitação deve conter o nome, o endereço do credor, o valor do crédito atualizado até a data do pedido de recuperação, sua origem e classificação, os documentos comprobatórios do crédito nos originais, salvo se estiverem juntados em outro processo, quando poderão ser substituídos por cópias autenticadas. O artigo seguinte tira qualquer dúvida sobre a necessidade dos credores de apresentarem no prazo legal suas habilitações sob pena de não votarem nas deliberações da assembléia-geral de credores. Portanto, se há uma condição, há uma obrigação. Os credores que não habilitarem seus créditos no prazo legalpodem fazê-lo posteriormente. Serão processadas como habilitações retardatárias e recebidas como impugnação, desde que processadas antes da homologação do quadro-geral; se após, dependerão de ação judicial própria, pelo procedimento ordinário do Código de Processo Civil, instruindo-se, o feito. Tanto em um caso quanto noutro, obrigatoriamente haverá a participação de advogado. Da decisão judicial sobre a habilitação de crédito retardatário caberá agravo de instrumento no prazo de 10 (dez) dias e, sendo recebido pelo relator, este poderá conceder efeito suspensivo à decisão, para fins de exercício de direito de voto em assembleia geral. Os retardatários na falência não votam na Assembleia dos Credores enquanto não tiver sido homologado o QGC contendo o seu crédito. Atendida essa 7 condição, eles adquirem o direito de voto, art. 21 da Lei, retardatários na recuperação judicial nunca adquirem o direito de voto na Assembleia dos Credores, mesmo depois de julgado admitido seu crédito, administrador. Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de credores, a relação dos credores constante do edital de que trata o art. 7°, § 2°, da Lei, dispensada a publicação de que trata o art. 18 desta Lei. O credor pode exercer o seu direito de voz e voto por procurador. Exige a lei, para tanto, que o administrador judicial seja cientificado com antecedência de 24 horas da data prevista no aviso de convocação. Não cumprido esta exigência, o credor deverá comparecer pessoalmente se quiser exercer os seus direitos. Na primeira forma, o plano será aprovado pelos credores Art. 21 que apresentem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores, ou seja, a metade mais um. 04 – Pedido de restituição Disciplinado nos artigos 85 a 93 da Lei 11.101/05, o pedido de restituição consiste na devolução de bens de terceiros circunstancialmente em poder do devedor nos processos de falência, assim como dos bens vendidos a crédito ao devedor às vésperas do requerimento da falência. Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição. Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda não alienada. Art. 86. Proceder-se-á à restituição em dinheiro: 8 Se a coisa não mais existir ao tempo do pedido de restituição, hipótese em que o requerente receberá o valor da avaliação do bem, ou, no caso de ter ocorrido sua venda, o respectivo preço, em ambos os casos no valor atualizado; II da importância entregue ao devedor, em moeda corrente nacional, decorrente de adiantamento a contrato de câmbio para exportação, na forma do art. 75, 3o e 4o, da Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o prazo total da operação, inclusive eventuais prorrogações, não exceda o previsto nas normas específicas da autoridade competente; III dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-fé na hipótese de revogação ou ineficácia do contrato, conforme disposto no art. 136 desta Lei. 05 – Ação revogatória A Ação Revocatória Falimentar se insere no contexto do processo de falência e depende da sentença decretatória de falência para ter cabimento, por isso, inicia-se o presente estudo com noções de Direito Falimentar e, em seguida, princípios aplicáveis ao processo de falência. A ação objeto deste estudo visa tornar atos ineficazes em relação à massa falida e possui duas modalidades possíveis: Ação Revocatória por Ineficácia de Ato e Ação Revocatória por Revogação de Ato, previstas nos artigos 129 e 130 da Lei 11.101/2005, respectivamente. Além das disposições comuns às duas modalidades de ações, são abordadas as diferenças entre elas, e, por fim, é feita uma comparação entre a Ação Revocatória Falimentar e a Ação Revocatória Civil (Ação Pauliana), bem como a possibilidade ou não de fungibilidade e cumulatividade entre a Ação Revocatória Falimentar e a Ação Revocatória Civil no juízo falimentar. 06 – Extinção das obrigações do falido e reabilitação Do artigo 154 ao 160 vemos como deve seguir o processo de encerramento da falência e a posterior extinção das obrigações do empresário falido: 9 “O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto no § 1ºdo art. 181”. Este artigo expõe claramente que com a decretação da falência, não há possibilidade de que aquele que é considerado falido continue exercendo suas atividades, com o risco de sofrer uma série de sanções legais. Mas prevê ainda o mesmo artigo que tal impossibilidade se restringe até o momento da prolatação da sentença que extingue as obrigações do devedor. Percebe-se então nesse dispositivo que seu objetivo é proteger os credores do falido de possíveis atos de fraude, até que haja uma possível, mas não garantida forma de receberem seus créditos. Nas palavras do Prof. Moacyr Lobato, o encerramento da falência é fase posterior à liquidação do ativo e pagamento do passivo. Lei nº. 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. (Nova Lei de Falências e Recuperação Judicial). Brasília: Senado, 2005. Art. 101. 2 287), e “a falência, enquanto processo, será encerrada pelo juiz, mediante apresentação do relatório final pelo administrador judicial”. Inicialmente, o administrador judicial nomeado pelo juiz apresentará suas contas, que segundo a lei, deverão vir acompanhados de documentos comprobatórios, podendo o administrador ser responsabilizado e ter seu patrimônio seqüestrado ou indisponibilizado caso venha algum credor, no prazo de 10 dias após a publicação do aviso de que foram apresentadas, e impugnadas, havendo intervenção do Ministério Público, com o objetivo de se analisar a veracidade da impugnação. O seqüestro ocorrerá após prolatação de sentença rejeitando as contas. Cabe apelação. Posteriormente, se as contas forem aceitas, o artigo 155 da Lei de Falências prevê que o administrador judicial apresentará o relatório final da falência no prazo de 10 (dez) dias (depois da sentença julgadora das contas), indicando o valor do ativo e o do produto de sua realização, o valor do passivo e o dos pagamentos feitos aos credores, e especificará justificadamente as responsabilidades com que continuará o falido. Exatamente o que dispõe a lei no artigo 156, deixa clara a natureza constitutiva da sentença que prolata a falência. verificação de sua inexistência. O encerramento põe fim ao processo falimentar, mas se difere da extinção das obrigações do falido, que serão explicadas no tópico posterior. Os artigos 157 e 158 enumeram as causas de extinção das obrigações do falido. O 10 prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência Art. 158. Extingue as obrigações do falido: I - o pagamento de todos os créditos; II - o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III - o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV - o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contadodo encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. Com relação ao artigo 157, merece destacar que o prazo prescricional, suspenso em razão da decretação judicial da falência, recomeça a correr a partir do trânsito em julgado da sentença de encerramento da falência, ou seja, não há interrupção do prazo prescricional das obrigações da sociedade. Já com relação às causas de extinção das obrigações do falido, o inciso I do Artigo aponta que um dos meios que a sociedade empresária tem para fazê-lo é através do pagamento das dividas, sendo este meio extintivo da obrigação por excelência. Dispõe o inciso II que, um empresário que entra em falência com um patrimônio de valor superior a cinquenta por cento de seu passivo poderá obter a declaração de extinção das obrigações logo após a realização de seu ativo e rateio do produto apurado, enfatizando que serão os credores quirografários os destinatários do pagamento desses cinquenta por cento. O devedor poderá ter também suas obrigações extintas se, declarado o encerramento da falência por sentença decorrer o prazo de cinco anos sem que houvesse ele sido alvo de qualquer questionamento quanto à existência de outras dívidas e se não tiver sido condenado por crime falimentar, e em dez anos caso ele tenha sido condenado por algum dos crimes falimentares previstos na nova Lei. Vale ressaltar que, caso o pedido de extinção das obrigações tenha sido requerido anteriormente ao encerramento da falência o juiz prolatará sentença condenatório-constitutiva de extinção das obrigações concomitantemente com a de encerramento do processo falimentar. 11 Também poderá o falido que sejam extintas suas obrigações por sentença após o encerramento, ressalvadas em ambos os casos as hipóteses previstas no artigo 158. Decorridos trinta dias da publicação do edital que menciona o requerimento do falido, não havendo objeção, será dada sentença pelo juiz no prazo de cinco dias, para que se constitua o fim da falência. 07 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Fica claro que encerramento falencial não se confunde com a extinção das obrigações do falido. Apesar de estarem previstas na Seção XII da lei ainda há que se ressaltar que ambas as etapas se inserem em fases distintas do processo falimentar, tendo a primeira, como objetivo, encerrar a falência e declarar a irreversibilidade da situação do falido e a segunda viabilizar até mesmo que o empresário falido possa constituir novamente atividade empresária. 12 08 – BIBLIOGRAFIA - Coelho, Flávio Ulhoa, Manual de Direito comercial, Direito de empresa – Fábio Ulhoa Coelho – 26ª edição – São Paulo, Saraiva, 2014,Direito comercial título I. - BRASIL. Lei nº. 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. (Nova Lei de Falências e Recuperação Judicial). Brasília: Senado, 2005 - Gonçalves, Victor Eduardo Rios, Direito falimentar, 7ª edição, São Paulo, Brasil3/Saraiva, 2014 - Falência – leis e legislação.
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