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1 SIMULADO 1 COMENTÁRIOS 2 Direito Constitucional 1. Sobre o Poder Constituinte Originário, assinale a alternativa incorreta: a) As Teorias do Poder Constituinte têm origem no final do século XVIII, a partir de Emmanuel Sieyès, as quais surgem com a concepção de que o Poder Constituinte sempre existiu e sempre existirá como instrumento para estabelecer e restabelecer a Constituição e, portanto, a forma de Estado, a organização e a estrutura da sociedade política. b) Para a escola consagrada pelo Supremo Tribunal Federal, o Poder Constituinte Originário é um poder de direito, pois provém de uma base normativa anterior, firmada no direito natural, que lhe dá fundamentos jurídicos e lhe condiciona a validade. c) O Poder Constituinte não se finaliza com a simples edição de uma nova Constituição, pois é um poder permanente e, de acordo com a visão mais tradicional, é também inicial, incondicionado e juridicamente ilimitado. d) De acordo com o que a doutrina chama de Paradoxo da Onipotência, o Poder Constituinte Originário não pode ditar normas jurídicas inalteráveis ao arbítrio de si próprio, daí a necessidade de se desmistificar a tese segundo a qual o Poder Constituinte Originário não se sujeita a limites jurídicos. e) Ao Poder Constituinte Originário opõem-se limites ideológicos e limites estruturais. Comentários: Alternativa A – Correta. Neste sentido, ensina a doutrina de Juliano Taveira Bernardes e Olavo Augusto Vianna Alves Ferreira. Alternativa B – Incorreta. Para a escola positivista, ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (ADInMC 2.356/DF), o Poder Constituinte Originário é um poder de fato que se impõe, seja pelo consenso popular, 3 seja à base da força, sem fundamento jurídico ou qualquer tipo de direito prévio que pudesse ser invocado. Alternativa C – Correta. Esta afirmativa decorre da diferença entre titular e agentes do poder constituinte. A titularidade se atribui ao povo. Apenas o exercício é delegado a representantes. A nação não fica submetida à Constituição que ela estabeleceu, pelo seu poder constituinte. Ele pode sempre refazer a Constituição, estabelecer uma nova Constituição. Alternativa D – Correta. Apenas para complementar: “se uma divindade é onipotente, pode então criar uma pedra tão pesada que não possa carregar? (...) Por outras palavras, se o poder constituinte é considerado juridicamente ilimitado (onipotente), uma disposição constitucional feita por ele poderia regular qualquer aspecto jurídico, no âmbito do sistema jurídico a que lhe correspondesse, incluindo ela mesma. Mas, se assim fosse, o constituinte originário poderia tornar alguma parte da constituição imodificável até por ele próprio? A resposta é negativa.” (Bernardes, Juliano Taveira. Direito Constitucional – Tomo I). Alternativa E – Correta. Ideológicos consistem em crenças ou valores e estruturam que que conforma o âmbito social, como o sistema de classes, por exemplo. ______________________________________________________________________ 2. Sobre o Poder Constituinte e temas correlatos, assinale a alternativa correta: a) O Poder Constituinte Derivado Reformador encontra limitações apenas nas cláusulas pétreas. b) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda que vise alterar a forma federativa do Estado, o voto direto, secreto, universal, periódico 4 e obrigatório, a separação dos poderes e os direitos e garantias individuais. c) O Poder Constituinte Derivado Decorrente está submetido aos Princípios Constitucionais Sensíveis, aos Princípios Constitucionais Estabelecidos e aos Extensíveis. d) Poder Constituinte Difuso é aquele exercido pelos estados membros quando promovem emendas pontuais em suas Constituições Estaduais. e) O Poder Constituinte Reformador não se submete a regras estabelecidas pelo Poder Constituinte Originário porque eles possuem competências distintas. Comentários: Alternativa A – Incorreta. O poder Constituinte Derivado deve atender às limitações jurídicas, implícitas e explícitas. Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 60, par. 4º, da CF/88 porque este não prevê como cláusula pétrea o voto obrigatório e porque não é quaisquer alterações naquelas matérias que são vedadas, mas apenas as que tendem a aboli-las. Alternativa C – Correta. Sensíveis são aqueles cuja inobservância podem gerar a intervenção federal (art. 34, inc. VII, da CF/88). Estabelecidos são aqueles que limitam a autonomia estadual. Extensíveis são aqueles que regulam a organização da União, mas que devem ser também observados pelos estados membros por força da Simetria. Alternativa D – Incorreta. O poder constituinte difuso manifesta-se quando os órgãos incumbidos de aplicar as normas constitucionais se deparam com imperfeiçoes ou obscuridades e procuram corrigi-los por meio de expedientes não previstos formalmente, como as convenções 5 constitucionais e os costumes constitucionais, bem como as mutações constitucionais. Alternativa E – Incorreta. O Poder Constituinte Derivado é juridicamente limitado e condicionado. ______________________________________________________________________ 3. Sobre a possibilidade de emenda da Constituição da República Federativa do Brasil (CF/88), assinale a alternativa correta: a) A CF/88 pode ser emendada mediante proposta de um terço, no mínimo, do Congresso Nacional. b) A CF/88 pode ser emendada mediante proposta de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando- se em cada uma dela, pela maioria absoluta dos seus membros. c) O Presidente da República não tem competência para apresentar proposta de Emenda à Constituição. d) A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada, ainda assim, pode ser objetivo de nova proposta na mesma sessão legislativa. e) A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. Comentários: Alternativa A – Incorreta. O art. 60, inc. I, da CF/88 prevê a emenda por iniciativa de um terço, no mínimo, da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. Alternativa B – Incorreta. O art. 60, II, da CF/88 exige a maioria relativa em cada uma das Assembleias Legislativas. 6 Alternativa C – Incorreta. O art. 60, II(, da CF/88 prevê a possibilidade de Emenda por iniciativa do Presidente da República. Alternativa D – Incorreta. O art. 60, par. 5º, da CF/88 prevê exatamente o contrário. Alternativa E – Correta. É o teor do art. 60, par. 1º, da CF/88. ______________________________________________________________________ 4. Analise as assertivas abaixo: I – Mutação constitucional é o ato ou efeito modificativo da constituição sem revisões formais do texto das disposições constitucionais. II – Embora possam servir de parâmetro de controle das normas infraconstitucionais, as mutações constitucionais subordinam-se às reformas constitucionais. III – Na mutação constitucional alteram-se o significado, o sentido interpretativo de determinada norma constitucional, podendo haver também alteração do texto. IV – A mutação constitucional não tem lugar em nosso sistema jurídico, em razão de a Carta Política ser escrita e rígida. Está CORRETO o que consta APENAS em a) I e II b) I, II e III c) II, III e IV d) I, II e IV e) I, II, III e IV Comentários: Apenas I e II sãocorretas. Alternativa I – Correta. É a definição dada pela doutrina. 7 Alternativa II – Correta, pois como o limite da interpretação é o texto, novas alterações formais acabam por prevalecer sobre anteriores alterações informais da Constituição. Alternativa III – Incorreta. A mutação constitucional altera apenas o entendimento que se tem a respeito de uma norma constitucional, mas o seu texto permanece inalterado. Alternativa IV – Incorreta. A mutação constitucional não só tem lugar em nosso sistema jurídico como já foi realizada em diversos momentos pelo STF (ADPF 156, HC 82.959, RE 197.917, etc.). ______________________________________________________________________ 5. Assinale a alternativa incorreta: a) No contexto da CF/88 há a previsão de apenas uma revisão, a se realizar contados 05 anos da data de promulgação do texto constitucional, pelo voto da maioria absoluta, em sessão unicameral. b) A CF/88 não trouxe limitações temporais ao poder geral de reforma, mas trouxe previsão expressa de limite temporal para o exercício do poder de revisão constitucional. c) A Teoria da Dupla Reforma, rejeitada pela maioria da doutrina, preceitua a possibilidade de realização de duas operações, sendo a primeira que revoga ou excepciona as limitações cridas pelo poder constituinte originário e a segunda que altera a Constituição, sem desrespeito ao texto já em vigor após a modificação. d) Prevalece no Brasil que as normas constitucionais originárias não podem ser objeto de reconhecimento de inconstitucionalidade, ao contrário das normas elaboradas pelo constituinte derivado, salvo quando a norma criada por emenda constitucional não alterar substancialmente a norma constitucional originária. 8 e) O Poder Constituinte Reformador realiza a modificação da Constituição por meio de Emendas Constitucionais, cujo projeto deverá ser aprovado em cada Casa do Congresso Nacional em dois turnos, pelo voto de três quintos dos respectivos Membros e, posteriormente, sancionado pelo Presidente da República. Comentários: Alternativa A – Correta. Art. 3º, do ADCT. Alternativa B – Correta. Art. 3º, do ADCT. Alternativa C – Correta. Como se vê, tal teoria é uma tentativa de burla às limitações criadas pelo Poder Constituinte Originário e, por isto, é tão rechaçada. Alternativa D – Correta. Qualquer órgão que reputasse inconstitucional uma norma produzida pelo Poder Constituinte Originário estaria na verdade agindo como tal, e sem legitimidade para tanto. O mesmo não ocorre no controle de emendas constitucionais, as quais devem obediência às normas constitucionais originárias. Alternativa E – Incorreta. Após a votação em dois turnos há a promulgação pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. ______________________________________________________________________ 6. Em relação aos direitos fundamentais e a interpretação conferida pelo Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa incorreta: a) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, são constitucionais os artigos da Lei 13.146/2015 que determinam que as escolas privadas ofereçam atendimento educacional adequado e inclusivo às pessoas com 9 deficiência sem que possam cobrar valores adicionais de qualquer natureza em suas mensalidades, anualidades e matrículas para cumprimento dessa obrigação. b) Em sede de medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal, entendeu pela inconstitucionalidade da Lei que autorizou o uso da fosfoetanolamina por pacientes, mesmo sem que existam estudos conclusivos sobre os efeitos colaterais em seres humanos e mesmo sem que haja registro sanitário da substância perante a ANVISA. c) As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do DF e dos Municípios não podem requisitar diretamente das instituições financeiras informações sobre movimentações bancárias dos contribuintes, pois do contrário haveria quebra de sigilo bancário e violação ao direito fundamental à intimidade, bem como à inviolabilidade das comunicações e de dados. d) De acordo com recente decisão proferida no âmbito do Supremo Tribunal Federal, o Poder Judiciário pode obrigar o Município a fornecer vaga em creche para criança de até 05 anos de idade, por se tratar de um dever constitucionalmente previsto para os Municípios. e) De acordo com o Supremo Tribunal Federal, o Tribunal de Contas da União não pode manter em sigilo a autoria de denúncia a ele apresentada contra administrador público, tendo em vista o direito fundamental de resposta, proporcional ao agravo, constitucionalmente garantido. Comentários: Alternativa A – Correta. STF. Plenário, ADI 5357. Info 829. Alternativa B – Correta. STF Plenário. ADI 5501. Info 826. Alternativa C – Incorreta. STF. Plenário. ADI 2390/DF, entre outras. Info 815. Não se trata de quebra, mas de transferência de sigilo e, por isto, é constitucional o art. 5º e 6º, da LC 105/01. 10 Alternativa D – Correta. STF. Decisão monocrática. RE 956475. Info 827. Alternativa E – Correta. STF. MS 24.405/DF. ______________________________________________________________________ 7. Júlia nasceu no Brasil e era brasileira nata. Mudou-se para os Estados Unidos da América (EUA), onde se casou com um norte- americano (2000). Conseguiu o green card (2005), que é um visto concedido para que se possa viver e trabalhar naquele país. Em seguida, Julia também requereu e conseguiu obter a nacionalidade norte americana (2014). Em 2015, Júlia matou o seu marido e fugiu para o Brasil. Os EUA pediram a extradição de Júlia. Diante do caso apontado e, tendo em vista o entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre o tema, assinale a opção correta: a) O Brasil não pode conceder tal extradição por se tratar de brasileira nata, conforme previsão Constitucional. b) O Brasil pode conceder tal extradição em função do crime praticado somado à fuga para o Brasil, em razão de Tratado Internacional. c) O Brasil não pode conceder tal extradição porque Júlia só se naturalizou nos EUA para que pudesse exercer os seus direitos civis. d) O Brasil pode conceder tal extradição porque Júlia, ao adquirir a nacionalidade norte-americana, perdeu a nacionalidade brasileira. e) O Brasil não pode conceder tal extradição porque o Brasil não admite a extradição de brasileiros. Comentários: A alternativa correta é a D, conforme decidiu o STF no MS 33864/DF. Se um brasileiro nato que mora nos EUA e possui o green card decidir adquirir a nacionalidade americana, ele irá perder a nacionalidade brasileira. Isto porque o art. 12, par. 4º, inc. II prevê a perda da nacionalidade do brasileiro que adquirir outra nacionalidade, 11 ressalvando apenas o caso em que isto só se dá como condição para o exercício dos direitos civis no outro país. No caso em tela, Júlia não precisava adquirir a nacionalidade norte-americana como condição para o exercício de direitos civis. Isto porque ela já os exercia com o green card, pois podia morar e trabalhar livremente nos EUA. Deste modo, a aquisição da cidadania americana ocorreu não como condição para exercício de direitos civis e sim por livre e espontânea vontade, o que acarreta a perda da nacionalidade brasileira. Com tal perda, Maria pode ser extraditada para os EUA. Veja: brasileiro nato nunca pode ser extraditado. Mas, Júlia deixou de ser brasileira nata ao perder a nacionalidade brasileira por ter adquirido de livre e espontânea vontade (e não como condição para o exercício dos direitos civis) outranacionalidade. 8. Em relação aos direitos políticos, considere: I. A soberania popular é exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, nos termos da lei, e mediante plebiscito, referendo e iniciativa popular. II. O alistamento eleitoral e o voto são: obrigatórios para os maiores de dezoito anos, mas facultativos para (i) os analfabetos, (ii) os maiores de setenta anos e (iii) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. III. O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes condições: (I) se contar menos de dez anos de serviço, deve se afastar da atividade, e (II) se contar com mais de dez anos de serviço, será agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato de diplomação para a inatividade. IV. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de cancelamento de naturalização por sentença transitada em julgado, por incapacidade civil absoluta, por condenação criminal transitada em julgado enquanto durarem seus efeitos, por recusa de cumprir a obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, por improbidade administrativa. Está correto o que consta APENAS em 12 a) I, II, III e IV. b) I, II e III. c) I e II. d) I. e) I, III e IV. Comentários: Estão corretas todas as assertivas – alternativa A. Assertiva I – Correta. É o teor do art. 14, caput, da CF/88. Assertiva II – Correta. É o teor do art. 14, par. 1º, da CF/88. Assertiva III – Correta. É o teor do art. 14, par. 8º, da CF/88. Assertiva IV – Correta. É o teor do art. 15, da CF/88. ______________________________________________________________________ 9. Sobre o controle de constitucionalidade, assinale a alternativa incorreta: a) A decisão proferida em sede de controle de constitucionalidade difuso produz efeitos entre as partes, não dispõe de efeito vinculante e, em regra, produz efeitos retroativos. b) A Modelo Austríaco de controle de constitucionalidade incorporou a doutrina de Kelsen do controle concentrado de constitucionalidade e o Modelo Norte-Americano é identificado como o berço do controle difuso/concreto. c) O veto presidencial, ainda que motivado em questões constitucionais, não é tido como controle de constitucionalidade. d) O STF tem demonstrado que não abona a tese da eficácia erga omnes das decisões proferidas em controle concreto/difuso de constitucionalidade. 13 e) Se, o ato normativo impugnado por meio de Ação Civil Pública for de caráter concreto e singular, não há qualquer impedimento ao controle concreto de constitucionalidade. Comentários: Alternativa A – Correta. É como leciona a doutrina. Alternativa B – Correta. É como leciona a doutrina. Alternativa C – Incorreta. O veto presidencial fundamentado em questões constitucionais é classificado como controle de constitucionalidade político. Alternativa D – Correta. STF AgRg na Rcl 4.563/SP. Alternativa E – Correta. Isto porque, neste caso, não restam dúvidas de que não há usurpação da competência constitucional do STF. (STF Rcl 664). ______________________________________________________________________ 10. Sobre o controle de constitucionalidade, assinale a opção incorreta: a) A decisão proferida em sede de Ação Direta de Inconstitucionalidade produz efeitos erga omnes, em regra retroativos, vinculantes em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. b) Viola a cláusula de reserva de plenário a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte. c) Conforme preceitua a CF/88, somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão 14 os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público. d) Conforme entendimento exarado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal, se já houve pronunciamento anterior, emanado do Plenário do STF ou do órgão competente do TJ Local, declarando determinada lei ou ato normativo inconstitucional, não será possível que o tribunal julgue que esse ato é inconstitucional de forma monocrática ou por um colegiado que não seja o plenário, sem que isso implique violação à cláusula de reserva de plenário. e) Conforme entende o Supremo Tribunal Federal, é possível a modulação dos efeitos da decisão proferida em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida, desde que haja o voto de 2/3 (dois terços) dos seus Membros. Comentários: Alternativa A – Correta. Art. 28, par. Único, da Lei n. 9868/99. Alternativa B – Correta. É o teor da Súmula Vinculante n. 10. Alternativa C – Correta. É o teor do art. 97, da CF/88. Alternativa D – Incorreta. Contraria o que decidido pelo STF, na Rcl 17185 AgR/MT. Info 761. Alternativa E – Correta. STF RE 586453. 15 Direito Processual Civil 11. Sobre a Advocacia Pública e a Fazenda Pública, assinale a alternativa incorreta: a) Procurador Estadual que defende em juízo os interesses de estado da Federação diverso do qual está vinculado, em função de Convênio firmado entre seu estado e o outro estado da federação, não precisa comprovar a regularidade da representação. b) Incumbe à Advocacia Pública, na forma da lei, defender e promover os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por meio da representação judicial, em todos os âmbitos federativos, das pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta. c) Nas ações cujo réu seja um Município que ainda não criou, por meio de lei, o cargo de procurador com função expressa de representação do ente político, deverá o Prefeito ser citado e apresentada a procuração pelo advogado encarregado da respectiva defesa. d) Os Estados e o DF poderão ajustar compromisso recíproco para prática de ato processual por seus procuradores em favor de outro ente federado mediante convênio firmado pelas respectivas procuradorias. e) Procuradores da Fazenda Pública a representam em juízo sem a necessidade de apresentação de procuração, pois trata-se de representação (presentação) que decorre da lei. Comentários: Alternativa A – Incorreta. Conforme prevê o art. 75, par. 4º, do NCPC, um estado da federação (“A”) pode firmar com outro estado da federação (“B”) um convênio estabelecendo, por exemplo, que caso o estado B precise participar de uma audiência perante um órgão jurisdicional do estado A, é possível que tal ato seja praticado por um procurador do estado A, desde que firmado um convênio entre os respectivos estados. Veja que a 16 atuação do procurador do estado “A”, neste caso, se dá em defesa dos interesses do estado “B” e, por força de um convênio. Como a representação não decorre da lei, mas de convênio, que é um negócio jurídico processual, deverá ser comprovada a sua regularidade, mediante cópia do convênio e do extrato de suas publicações do Diário Oficial. Alternativa B – Correta. Cópia do art. 182, da CF/88. Alternativa C – Correta. O art. 75, inc. III, NCPC, prevê que o Município será representado ativa e passivamente por seu prefeito ou procurador. Deste modo, enquanto não criado o cargo de procurador municipal, deve o Prefeito ser citado e o advogado encarregado da defesa necessitará de procuraçãodada pelo Prefeito. Por outro lado, sendo criado o cargo de Procurador Municipal, com função expressa de representação do ente político, este deverá ser citado e promoverá a defesa dos interesses do Município. Alternativa D – Correta. Cópia do art. 75, par. 4º, do NCPC. Alternativa E – Correta. Não há previsão legal que exija apresentação de procuração por parte do Procurador da Fazenda Pública. Aliás, nem poderia haver. Isto porque se trata de uma representação (ou de modo mais tecnicamente adequado, de presentação) que decorre da lei. A procuração é materialização de negócio jurídico, circunstância incompatível com a natureza da relação que se estabelece entre o órgão público e seus procuradores. ______________________________________________________________________ 17 12. Sobre as prerrogativas processuais da Fazenda Pública, assinale a alternativa incorreta: a) Uma das prerrogativas atribuídas à Fazenda Pública em juízo evidencia-se no fato de que, em regra, o ônus da prova é do particular que com ela litiga. b) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para as suas manifestações processuais, mesmo no caso de previsão de prazo próprio para o ente público, cuja contagem terá início com a sua intimação. c) O NCPC, ao prever que os membros da advocacia pública serão civil e regressivamente responsáveis quando agirem com dolo ou fraude no exercício de suas funções, indica ter adotado a Teoria da Dupla Garantia, a qual já foi aplicada pelo STF em alguns julgados. d) A Fazenda Pública goza da prerrogativa de prazo diferenciado quando atua como parte, como assistente de uma das partes e quando figura como interveniente. e) Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista não são abarcadas pela prerrogativa da contagem dos prazos processuais em dobro. Comentários: Alternativa A – Correta. Tal afirmativa decorre da presunção de legitimidade dos atos administrativos. Alternativa B – Incorreta. Contraria o art. 183, par. 2º, NCPC, de acordo com o qual não há contagem do prazo em dobro quando a lei estabelece prazo próprio para o ente público. Alternativa C – Correta. No RE 327904 e no RE 720275, o STF decidiu conforme o entendimento que garante (a) ao particular a propositura em face da Fazenda Pública, beneficiando-se das decorrências de responsabilidade objetiva (desnecessidade de produção de prova quanto 18 à culpa) (b) ao servidor de responder apenas frente ao Poder Público em caso de culpa ou dolo e regressivamente. Obs.: atente-se para o fato de que o STJ já entendeu de modo diverso, atribuindo ao demandante (vítima) a opção contra quem demandar, se contra o estado ou se contra o servidor (1.325.862). Alternativa D – Correta. Conforme prevê o art. 183, NCPC, a Fazenda Pública goza de prazo em dobro em TODAS as suas manifestações processuais. Portanto, seja a qual título for: como parte ou como interveniente. Alternativa E – Correta. A contagem do prazo em dobro é prerrogativa prevista para a Fazenda Pública, na qual se incluem apenas as pessoas jurídicas de direito público, ou seja, a União, os Estados, o DF, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações. ______________________________________________________________________ 13. Com relação aos prazos e intimação da Fazenda Pública, assinale a alternativa correta: a) Conforme previsão do NCPC, a Advocacia Pública não exercerá suas atribuições durante o período compreendido entre 20 de dezembro e 20 de janeiro, já que neste período fica suspenso o curso dos prazos processuais. b) Em se tratando de Juizado da Fazenda Pública, há prazo diferenciado, contado em dobro, para a Fazenda Pública. c) O prazo para a Fazenda Pública impugnar o Cumprimento de Sentença e para apresentar Embargos à Execução é contado em dobro. d) A retirada dos autos do cartório ou da secretaria em carga pela Advocacia Pública implicará intimação de qualquer decisão contida no processo retirado, ainda que pendente de publicação. 19 e) Conforme previsão do NCPC, o advogado da parte contrária pode promover a intimação do advogado público por meio do correio, juntando aos autos, em seguida, cópia do ofício de intimação e do aviso de recebimento. Comentários: Alternativa A – incorreta. De fato, entre o período de 20 de dezembro a 20 de janeiro fica suspenso o curso dos prazos processuais, conforme prevê o art. 220, caput, do NCPC. Porém, neste período, a Advocacia Pública (assim como o Ministério Público, a Defensoria Pública, os Juízes e auxiliares da justiça) exercem normalmente suas atribuições, nos termos do art. 220, par. 1º, NCPC. Deste modo, a suspensão prevista no art. 220, caput, não alcança os prazos da Fazenda Pública. Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 7º, da Lei 12.153/09. Alternativa C – Incorreta. O art. 535, do NCPC, prevê um prazo de 30 dias para a Fazenda Pública apresentar Impugnação ao Cumprimento de Sentença. Trata-se de prazo previsto especificamente para a Fazenda Pública, já que nos demais casos, o prazo para impugnação é de 15 dias (art. 525, NCPC). Sendo um prazo específico, não se aplica a contagem em dobro, como prevê o art. 183, par. 2º, do NCPC. O mesmo motivo incide no caso dos Embargos apresentados pela Fazenda Pública em Execução de Título Executivo Extrajudicial, para os quais há previsão de prazo específico de 30 dias para a Fazenda Pública (art. 910, NCPC) em detrimento do prazo geral, para os demais casos, que é de 15 dias (art. 915, NCPC). Alternativa D – Correta. Cópia do art. 272, par. 6º, do NCPC. Alternativa E – Incorreta. A previsão do art. 269, par. 1º, do NCPC, não se aplica à intimação do advogado público, pois a Fazenda Pública há se 20 de ser intimada pessoalmente, o que se faz por carga, remessa ou por meio eletrônico (art. 183, caput e par. 1º, NCPC). ______________________________________________________________________ 14. Sobre a prescrição e as pretensões formuladas em face da Fazenda Pública, assinale a alternativa incorreta: a) Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a Fazenda Pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o próprio direito, a prescrição atinge apenas as prestações antes do quinquênio anterior à propositura da ação. b) A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do direito a interrompa durante a primeira metade do prazo. c) Conforme a orientação mais recente do Superior Tribunal de Justiça prescreve em 03 anos a Ação de Indenização proposta em face da Fazenda Pública, com exceção daquela que seja manejada em razão da alegação de tortura, a qual é imprescritível. d) Conforme previsão legal, todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originaram. e) Por expressa disposição do NCPC, o juiz pode conhecer de ofício a prescrição, mas antes de decretá-la cumpre-lhe determinar a intimação das partes para pronunciarem-se a respeito, salvo no caso de improcedência liminar. 21 Comentários: Alternativa A – Correta. É o teor da Súmula 85, do STJ. Alternativa B – Correta. É o teor da Súmula 383, do STJ, editada em análise ao art.9º c/c art. 1º, do Dec. 20.910/32. Alternativa C – Incorreta. De fato, o STJ proferiu decisão (Resp 1.417.171) pela imprescritibilidade das ações propostas em face da Fazenda Pública em razão da alegação de tortura, em razão da gravidade da violação à dignidade (evidenciada pela perseguição, tortura e prisão, por motivos políticos, praticados durante o período militar). Porém, com relação às Ações de Indenização, em geral, propostas em face da Fazenda Pública, conforme orientação mais recente do STJ (Resp 1.251.993), é de se observar a regra do art. 1º, do Dec. 20910/32 que é especial em detrimento do prazo geral previsto no art. 206, par. 3º, CC/02). Alternativa D – Correta. É o teor do art. 1º, do Decreto 20910/32. Alternativa E – Correta. É o teor do art. 487, par único, do NCPC, que também se aplica no caso de ser a Fazenda Pública um dos litigantes. ______________________________________________________________________ 15. Em relação a atuação da Fazenda Pública como ré, assinale a alternativa correta: a) A citação da União, dos Estados, do Distrito Federal, do Municípios e de suas respectivas autarquias e fundações de direito público será realizada perante o órgão de Advocacia Pública responsável por sua gestão. 22 b) A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e as entidades da Administração Pública Indireta não estão obrigados a manter cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos, para efeito de citação. c) A Teoria da Aparência não se aplica às citações feitas às pessoas jurídicas de direito público, pois esta não se faz pelo correio e sim por meio de oficial de justiça. d) A Fazenda Pública, quando figura como ré, está sujeita ao ônus da impugnação específica dos fatos alegados pelo autor e, não apresentando resposta está sujeita ao efeito material da revelia. e) Nos termos da lei, a Fazenda Pública, quando figura como ré, está autorizada a concordar com a desistência da ação requerida pelo autor independentemente de este renunciar expressamente ao direito sobre o que se funda a ação. Comentários: Alternativa A – Incorreta. A mencionada citação é realizada perante o órgão responsável por sua representação judicial (art. 242, par. 3º, CPC). Alternativa B – Incorreta. Contraria o disposto no art. 246, par. 1º e 2º, do NCPC. Alternativa C – Correta. A citação das pessoas jurídicas de direito público deve ser realizada de modo pessoal, por meio de oficial de justiça, salvo quando os autos são eletrônicos. Neste caso, a citação deve atender aos requisitos da legislação de regência (Lei n. 11.419/06), observado o cadastro prévio. Alternativa D – Incorreta. A Fazenda Pública não se submete ao ônus da impugnação específica e, no caso de não apresentar resposta também não se sujeita ao efeito material da revelia (presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor). Isto se justifica seja porque o direto da Fazenda é indisponível, não sendo admissível confissão no tocante aos fatos que lhe dizem respeito, seja em razão da presunção de legitimidade dos atos administrativos. 23 Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 3º, da Lei 9.469/97. Este dispositivo é criticado por parte da doutrina que o entende desarrazoado. Porém, o STJ já se manifestou pela sua aplicação (REsp 460.748, REsp 651.721, REsp1.174.137). ______________________________________________________________________ 16. Em relação às despesas, custas e honorários advocatícios, assinale a alternativa incorreta: a) As despesas dos atos processuais praticados a requerimento da Fazenda Pública serão pagas ao final pelo vencido. b) Os estados, o Distrito Federal e os municípios, quando figurem em causa processada perante a Justiça Federal ficam isentos do pagamento das correlatas custas. c) As perícias requeridas pela Fazenda Pública poderão ser realizadas por entidade pública ou ter o valores adiantados pela própria Fazenda, salvo quando não há previsão orçamentária, caso em que os honorários periciais poderão ser pagos no exercício seguinte ou ao final, pelo vencido, nos termos da lei. d) Os honorários de sucumbência devidos aos advogados públicos federais integram o seu subsídio. e) A concessão da gratuidade da justiça não afasta a responsabilidade do beneficiário pelas despesas processuais e pelos honorários advocatícios decorrentes de sua sucumbência. Comentários: Alternativa A – Correta. É o teor do art. 91, NCPC. Alternativa B – Correta. É o teor do art. 4º, I, da Lei 9289/96 Alternativa C – Correta. É o teor do art. 91, par. 1º, NCPC. 24 Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 29, par. Único, da Lei n. 13.327/16, a qual foi editada por força do art. 85, do NCPC. Alternativa E – Correta. É o teor do art. 98, par. 2º, do NCPC, o qual é complementado pelo par. 3º. ______________________________________________________________________ 17. Assinale a alternativa correta: a) A majoração dos honorários em sede recursal, chamada de sucumbência recursal, tem cabimento no caso de remessa necessária. b) Não serão devidos honorários de sucumbência no cumprimento de sentença contra a Fazenda Pública que enseje expedição de precatório desde que não tenha sido impugnada. c) Estão dispensados de preparo, mas não do porte de remessa e retorno, os recursos interpostos pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios e respectivas autarquias. d) Conforme previsão inovadora do NCPC a Fazenda Pública está obrigada ao depósito da importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa como condição para o ajuizamento da Ação Rescisória. e) Na hipótese de reiteração de Embargos de Declaração meramente protelatórios, a Fazenda Pública fica impedida de apresentar novo recurso enquanto não efetuar o correspondente depósito da multa. Comentários: Alternativa A – Incorreta. A sucumbência recursal está prevista no art. 85, par. 11º, do NCPC, por meio da majoração dos honorários fixados anteriormente, levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal. No caso da remessa necessária está ausente a causalidade. É que, a remessa necessária se dá por força de lei e não porque o vencido 25 a provocou (ou seja, não foi o vencido que deu causa à eventual sucumbência em âmbito recursal). Alternativa B – Correta. É o teor do art. 85, par. 7º, o qual se justifica pelo fato de que o cumprimento de sentença não decorre da resistência da Fazenda Pública em realizar o pagamento, mas da necessidade de obediência da ordem cronológica de inscrição dos precatórios. Por outro lado, havendo a impugnação, fica evidenciada a mencionada resistência. Alternativa C – Incorreta. Contraria o disposto no art. 1.007, par. 1º, NCPC. Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 968, par. 1º, NCPC. Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 1026, par. 3º, NCPC. ______________________________________________________________________ 18. Sobre a intervenção anômala, assinale a alternativa correta: a) A União só poderá intervir nas causas em que figurarem, como autoras ou rés, autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas federais se demonstrar que possui interesse jurídico e direto no objeto da ação. b) Na intervenção anômala, a Fazenda Pública tem sua atuação limitada apenas ao esclarecimento de questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria. c) Deacordo com o entendimento do STJ, não se admite o pedido de suspensão de segurança pela Fazenda Pública, nas mesmas hipóteses em que se admite o recurso fundamentado em intervenção anômala. d) Nos termos da legislação de regência, quando a União comparece em juízo apenas para interpor recurso baseado na intervenção anômala, não há que se falar em deslocamento da competência para a Justiça Federal. 26 e) As pessoas jurídicas de direito público poderão nas causas cuja decisão possa ter reflexos, ainda que indiretos, de natureza econômica, intervir para esclarecer questões de fato e de direito, podendo juntar documentos e memoriais reputados úteis ao exame da matéria e, se for o caso, recorrer, hipótese em que, para fins de competência, serão consideradas partes. Comentários: Alternativa A – Incorreta. Contraria o disposto no art. 5º, par. único, da Lei n. 9.469/10. Alternativa B – Incorreta. De fato, a atuação da Fazenda Pública no caso de intervenção anômala é limitada, mas, além de tais esclarecimentos, bem como de tais documentos e memoriais, a Fazenda tem ainda a possibilidade de interpor recurso. Alternativa C – Incorreta. O STJ já firmou entendimento de que é possível não somente a interposição de recurso pela Fazenda Pública, mas igualmente do pedido de suspensão, pelo par. único do art. 5º, da Lei 9.469/10 (Corte Especial AGP 1.621). Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 5º, par. único, da Lei n. 9.469/10. Ao interpor o recurso, conforme a previsão legal, a União torna-se parte e isto provoca o deslocamento da competência para a Justiça Federal. Alternativa E – Correta. É o teor do art. 5º, par. único, da Lei 9.469/10, que prevê a intervenção anômala. ______________________________________________________________________ 27 19. Sobre a remessa necessária assinale a alternativa correta: a) De acordo com o entendimento do STJ, no reexame necessário, é defeso ao tribunal agravar a condenação imposta à Fazenda Pública. b) De acordo com o entendimento do STJ, a remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, salvo a dos honorários de advogado. c) Está sujeita à remessa necessária, na Ação Popular, a sentença favorável ao autor. d) A sentença que concede ou que nega a segurança está sujeita à remessa necessária. e) De acordo com o entendimento do STF, transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso ex officio. Comentários: Alternativa A – Correta. É o teor da Súmula 45, do STJ. Alternativa B – Incorreta. Contraria a Súmula 325, do STJ, de acordo com a qual a remessa oficial devolve ao Tribunal o reexame de todas as parcelas da condenação suportadas pela Fazenda Pública, inclusive dos honorários de advogado. Alternativa C – Incorreta. Contraria o disposto no art. 19, da Lei 4.717/65. Por expressa previsão legal, na Ação Popular, há remessa necessária no caso de sentença que extingue o processo sem resolução de mérito ou da que julga improcedente o pedido. Alternativa D – Incorreta. Contraria o disposto no art. 14, par. 1º, da Lei n. 12.016/09. Por expressa previsão legal, no Mandado de Segurança, é a sentença que concede a segurança que está sujeita à remessa necessária. Alternativa E – Incorreta. Contraria a Súmula 423, do STF. A simples omissão do juiz em determinar a remessa necessária fará com que não 28 transite em julgado a sentença, podendo a qualquer momento ser determinada a remessa necessária ou avocados os autos pelo Presidente do Tribunal. A omissão é situação diversa da dispensa motivada da remessa necessária. Esta última se não for objeto de recurso provoca o trânsito em julgado da sentença. ______________________________________________________________________ 20. Sobre a execução contra a Fazenda Pública, assinale a assertiva correta: a) No caso de condenação da Fazenda Pública em quantia certa, o cumprimento de sentença far-se-á a requerimento do exequente, sendo a executada intimada para pagar o débito ou apresentar impugnação, no prazo de trinta dias, sob pena de multa de dez por cento. b) Nos Embargos à Execução, a Fazenda Pública poderá alegar qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa no processo de conhecimento. c) Conforme decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, os débitos de natureza alimentar cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo daquele definido como valor máximo para pagamento por meio de Requisição de Pequeno Valor. d) Por se tratar de matéria de ordem pública, a prescrição está entre as matérias que podem ser alegadas pela Fazenda Pública quando da Impugnação ao Cumprimento de Sentença, ainda que tal fenômeno tenha ocorrido antes de proferida a sentença. e) Em se tratando de cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa pela Fazenda Pública, não se admite a execução da parte não questionada pela executada na Impugnação. 29 Comentários: Alternativa A – Incorreta. Contraria o disposto no art. 534, par. 2º e o art. 535, caput, do NCPC. No cumprimento de sentença, a Fazenda Pública é intimada apenas para, querendo, impugnar em 30 (trinta) dias a execução e, não para pagar. O pagamento deve se realizar pelo procedimento do precatório ou requisição de pequeno valor. Alternativa B – Correta. É o teor do art. 910, par. 2º, NCPC, que consagra os Embargos à Execução como ação sem qualquer limitação cognitiva, a qual visa combater uma execução fundada em título executivo extrajudicial. Alternativa C – Incorreta. A assertiva coincide com o que prevê o par. 2º, do art. 100, da CF/88, com a redação que lhe foi dada pela EC 62/09. Porém, conforme o entendimento do STF é inconstitucional a expressão “na data de expedição do precatório”, ao fundamento de que excluir da preferência o sexagenário que complete a idade ao longo do processo ofende a isonomia (ADI 4.357 e ADI 4.425). Alternativa D – Incorreta. Contraria o art. 535, VI, do NCPC, o qual permite seja a prescrição alegada como matéria de defesa em Impugnação ao Cumprimento de Sentença, pela Fazenda Pública, desde que tal prescrição tenha se dado em momento posterior ao do trânsito em julgado da sentença. Alternativa E – Incorreta. Contraria o disposto no art. 535, par. 4º, NCPC, de acordo com o qual, se a impugnação for parcial, a parte não questionada será, desde logo, objeto de cumprimento. A doutrina anota que neste caso não incide a vedação do par. 8º, do art. 100, da CF/88, pois não se trata de intenção do exequente de repartir o valor para receber uma parte por Requisição de Pequeno Valor (RPV) e outra, por precatório. 30 Direito Civil 21. Sobre a vigência das leis, de acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, pode-se afirmar que: a) Em todos os casos, a lei começa a vigorar, no país, 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada. b) Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia 3 (três) meses depois de promulgada. c) As correções a texto de lei já em vigor não são consideradas lei nova, sendo necessária substancial modificação no texto legal para tanto. d) Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinadaa correção, o prazo de 45 (quarenta e cinco) dias começará a correr da nova publicação. e) A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existente revoga ou modifica a lei anterior. Comentários: A questão poderia ser resolvida a partir da literalidade de artigos constantes da LINDB. a) INCORRETO. Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. b) INCORRETO. Art. 1º, §1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. c) INCORRETO. Art. 1º, § 4o As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. d) CORRETO. Art. 1º, § 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. 31 e) INCORRETO. Art. 2º, § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. ______________________________________________________________________ 22. No que se refere à aplicação e à revogação das normas, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro determina que: a) Não dispondo em sentido contrário, a revogação de uma lei restaura a vigência da lei anterior, operando efeito repristinatório automático. b) Na aplicação da lei, cabe ao juiz, a fim de criar uma norma individual, interpretá-la buscando atender aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. c) É possível que lei de vigência permanente deixe de ser aplicada em razão do desuso, situação em que o ordenamento jurídico pátrio admite aplicação dos costumes de forma contrária àquela prevista na lei revogada pelo desuso. d) Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e a equidade. e) No direito brasileiro não se admite a revogação tácita de leis. Comentários: a) INCORRETO. Repristinação consiste no retorno da lei revogada por ter a lei revogadora perdido vigência. O art. 2º, §3º da LINDB expressamente exclui do Direito Brasileiro a repristinação automática. Art. 2º, § 3o: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. b) CORRETO. Art. 5o: Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. 32 c) INCORRETO. Art. 2o: Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Não há, portanto, que se falar em perda da eficácia da lei pelo desuso, vigendo a lei até que outra a modifique ou revogue. d) INCORRETO. Art. 4o: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. A equidade, portanto, não foi listada como técnica de colmatação de lacunas na LINDB. e) INCORRETO. Art. 2º, § 1o: A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. Portanto, além da revogação expressa, existem duas hipóteses de revogação tácita no ordenamento jurídico: quando a norma for incompatível com a anterior ou quando regule inteiramente matéria de que tratava a lei anterior. ______________________________________________________________________ 23. De acordo com a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, assinale a alternativa correta. a) Consideram-se adquiridos os direitos cujo começo do exercício dependa de condição preestabelecida inalterável ao arbítrio de outrem. b) A revogação pode ocorrer de duas maneiras: pela derrogação, que é a supressão integral da lei, ou pela ab-rogação, quando a supressão é apenas parcial. c) Para ser aplicada, a norma deverá estar vigente e, por isso, uma vez que ela seja revogada, não será permitida a sua ultratividade. d) Com relação à vigência espacial das normas, vige no Direito Brasileiro a regra da territorialidade, não sendo admitido, em face da 33 soberania, que o magistrado aplique norma estrangeira em caso julgado no território nacional. e) Após ter adquirido um terreno, caso sobrevenha norma que proíba construções nessa área, o recém proprietário não será atingido por ela, tendo em vista a proteção ao direito adquirido. Comentários: a) CORRETO. Art. 6º, §2º: Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. b) INCORRETO. A assertiva inverteu os conceitos de derrogação e de ab- rogação. Vejamos. Derrogação: supressão parcial da lei. Ab-rogação: supressão integral da lei (Dica mnemônica: Ab = absoluta) c) INCORRETO. Via de regra, a norma deverá ser aplicada apenas durante sua vigência. No entanto, não é possível descartar, no Direito Brasileiro, a possibilidade de as normas possuírem ultratividade. Exemplo evidente de ultratividade é aquele trazido pelo art. 144 do CTN, o qual prevê que o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador, regendo-se pela lei então vigente. Nesse caso, portanto, ainda que a lei tenha sido revogada, ela produzirá efeitos por força do mencionado dispositivo legal. Outro exemplo de ultratividade é o conteúdo do art. 2.028 do CC/02, o qual consubstancia regra de transição para os prazos prescricionais que hajam sido reduzidos pelo novo diploma civilista. 34 d) INCORRETO. De fato, vige, no Direito Brasileiro, a regra da territorialidade. No entanto, a LINDB entabula diversas hipóteses em que se admite a aplicação da legislação estrangeira no bojo de processo julgado no território nacional. Inclusive, dispõe o art. 14 da LINDB que “não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência”. e) INCORRETO. A simples aquisição do terreno não gera direito adquirido a que o proprietário realize qualquer construção. No caso apresentado, a aquisição do terreno estará perfectibilizada, não podendo ser impedida por lei superveniente. A construção, por outro lado, deve observar a legislação ao tempo da respectiva licença. ______________________________________________________________________ 24. No que se refere à pessoa natural, analise as assertivas seguintes. I. Quanto ao momento do surgimento da personalidade jurídica das pessoas naturais, a literalidade do Código Civil adotou a teoria natalista, no entanto, doutrina e jurisprudência têm defendido a adoção da teoria concepcionista. II. A lei prevê direitos ao nascituro, desde a concepção, mas a capacidade civil da pessoa começa no momento do nascimento com vida. III. Dentre os direitos do nascituro, estão os direitos de personalidade. IV. A capacidade de direito é noção que se confunde com o próprio conceito de personalidade, sendo inerente a qualquer pessoa. Estão corretas apenas: a) I e II b) I, III e IV c) II e IV 35 d) I, II e III e) todas as assertivas Comentários: I. CORRETO. A teoria natalista defende a ideia de que a personalidade civil somente se inicia com o nascimento com vida. Nesse caso o nascituro teria mera expectativa de direito. Já a teoria concepcionista, entende que os direitos do nascituro passam a existir a partir do momento daconcepção. De acordo com Luciano Medeiros, a legislação vigente abre espaço para as duas teorias. ‘Pelas decisões dos tribunais, a gente verifica uma tendência à adoção da teoria concepcionista. Se a gente fizer interpretação isolada de alguns dispositivos do Código Civil, a tendência é acreditar que, de fato, o legislador adotou a teoria natalista. Mas, se fizermos uma interpretação sistemática com outros dispositivos do Código Civil, há a certeza de que o legislador garante direitos ao nascituro, e a gente pode concluir que o nascituro é pessoa, então já tem direitos amparados pela própria lei’. Em um caso julgado em junho de 2008, o Superior Tribunal de Justiça também decidiu em favor de um nascituro, que recebeu indenização por danos morais em razão da morte do pai vítima de acidente de trabalho. O bebê ainda não nascido recebeu R$ 26 mil, valor igual ao determinado para cada um dos irmãos dele. II. INCORRETO. Segundo o art. 2º do CC/02, a personalidade, e não a capacidade civil começa do nascimento com vida. Não olvide que, até os 16 anos, a pessoa é absolutamente incapaz para a prática dos atos civis, não se podendo imaginar que a capacidade civil se inicie com o nascimento. 36 III. CORRETO. O art. 2º do CC/02 dispõe que “a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. A jurisprudência brasileira já se consolidou no sentido de que o nascituro possui direitos de personalidade, já se tendo notícia de condenação em danos morais destinados ao nascituro, de direito ao nome ao natimorto, dentre outros. IV. CORRETO. Capacidade é um conceito fundamental da teoria do D. Civil, desdobrando-se na capacidade de direito e na capacidade de fato ou de exercício. A capacidade de direito ou de gozo é uma capacidade geral, genérica, que qualquer pessoa tem. Segundo Orlando Gomes, a capacidade de direito é noção que se confunde com o próprio conceito de personalidade. A capacidade de fato ou de exercício nem toda pessoa tem, porque ela traduz uma aptidão para, PESSOALMENTE, praticar atos na vida civil. A ausência da capacidade de fato gera a incapacidade civil. Reunindo-se as duas capacidades, temos a capacidade civil plena. ______________________________________________________________________ 25. Com base no Código Civil, acerca dos direitos de personalidade, assinale a alternativa correta. a) São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos. b) É defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física ou contrariar os bons costumes. 37 c) Por envolver direito de personalidade, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte, é ato intransmissível e irrevogável. d) É inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária a autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes ou de familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes. e) Cessará para os menores a emancipação pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, desde que haja homologação judicial. Comentários: a) INCORRETO. Com a vigência da lei 13.146/2015, apenas os menores de 16 anos passaram a ser considerados absolutamente incapazes. b) INCORRETO. Art. 13 – Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. c) INCORRETO. Art. 14, parágrafo único – O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. d) CORRETO. Trata-se de importante entendimento consagrado pelo STF na ADI 4815, divulgado no informativo 789 do STF. Nas palavras de Márcio André (Dizer o Direito): “Para que seja publicada uma biografia NÃO é necessária autorização prévia do indivíduo biografado, das demais pessoas retratadas, nem de seus familiares. Essa autorização prévia seria uma forma de censura, não sendo compatível com a liberdade de expressão consagrada pela CF/88. Caso o biografado ou qualquer outra pessoa retratada na biografia entenda que seus direitos foram violados pela publicação, ele terá direito 38 à reparação, que poderá ser feita não apenas por meio de indenização pecuniária, como também por outras formas, tais como a publicação de ressalva, de nova edição com correção, de direito de resposta etc.” e) INCORRETO. Art. 5º, parágrafo único, I – Cessará, para os menores, a incapacidade pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezessete anos completos. ______________________________________________________________________ 26. Quanto ao regime da Pessoa Jurídica, marque a alternativa correta. a) O Código Civil de 2002 adotou a teoria da ficção para explicar a natureza da pessoa jurídica. Para essa corrente, a pessoa jurídica possui uma existência meramente ideal ou abstrata, sendo uma criação da técnica do direito. b) A existência legal da pessoa jurídica de direito privado se dá apenas com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, antes do que ela não existe formalmente. c) De acordo com o Código Civil, o encerramento irregular de determinada sociedade empresária é, por si só, causa suficiente para a desconsideração da personalidade jurídica. d) As pessoas jurídicas possuem autonomia patrimonial, mas essa autonomia é relativizada no caso de abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, permitindo o Código Civil que a desconsideração seja decretada de ofício pelo magistrado. e) As pessoas jurídicas, conforme estabelece o Código Civil, são detentoras de direitos de personalidade, merecendo ampla proteção nesse cenário. 39 Comentários: a) INCORRETO. Em verdade, o Código Civil, de acordo com a doutrina, adotou a teoria da realidade técnica para explicar a pessoa jurídica. Existem, no direito, duas correntes básicas quanto à natureza da pessoa jurídica: afirmativista e negativista. Corrente negativista: negava a existência da pessoa jurídica (Planiol, Brinz, Bekker, Ihering, Duguit). Defendiam alguns que a “pessoa jurídica” nada mais seria um grupo de pessoas físicas reunidas (teoria da mera aparência); outros, que seria um patrimônio coletivo; ou então, um patrimônio afetado a uma finalidade. Essa corrente não prevaleceu. Corrente afirmativista: admitia a existência da pessoa jurídica. Dentro dela, contudo, várias teorias foram elaboradas, sendo que as mais importantes são: teoria da ficção (Windscheid; Savigny); teoria da realidade objetiva (Clóvis Beviláqua); teoria da realidade técnica (Saleilles; Ferrara). 1) Teoria da ficção: a pessoa jurídica teria uma existência meramente ideal ou abstrata, sendo uma criação da pura técnica do direito. Crítica: teoria muito abstrata; encarcerava-se a pessoa jurídica apenas no plano ideal do direito, não visualizando a sua existência social. 2) Teoria da realidade objetiva: também conhecida como teoria sociológica ou organicista, contrapõe-se à teoria da ficção, defendendo que a pessoa jurídica seria, simplesmente, um organismo social vivo, a ser explicado pela sociologia, e não pela técnica dodireito. Essa teoria tinha a qualidade de reconhecer a dimensão social da pessoa jurídica, mas, por outro lado, negava-lhe a técnica do direito, encarcerando-a no plano sociológico. 40 3) Teoria da realidade técnica: trata-se de uma teoria mais equilibrada, pois reconhece não só que a pessoa jurídica é personificada pela técnica abstrata do direito, mas também que possui dimensão social, integrando relações de variada ordem (reconhece, portanto, as qualidades das duas teorias anteriores). Para a maioria da doutrina, é a teoria adotada pelo CC/02. b) CORRETO. Art. 45 do CC/02 – Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. c) INCORRETO. Segundo decidiu o STJ, nas relações regidas pelo CC/2002, o encerramento das atividades ou a dissolução, ainda que irregulares da sociedade não é causa, por si só, para a desconsideração da personalidade jurídica (EREsp 1306553/SC). Essa é a posição também da doutrina majoritária, conforme restou consignado no Enunciado da IV Jornada de Direito Civil do CJF: 282 – Art. 50: O encerramento irregular das atividades da pessoa jurídica, por si só, não basta para caracterizar abuso da personalidade jurídica. Vale ressaltar que a súmula 435 do STJ (“presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio gerente”) possui aplicação especificamente no âmbito do processo de execução fiscal. 41 No que se refere à desconsideração regida pelo Código Civil, adotou- se a teoria maior, exigindo-se, além da insolvência, a demonstração de abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial. d) INCORRETO. Dispõe o art. 50 do CC/02: “Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.” Nota-se, portanto, que o Código Civil exige para que o juiz decida pela desconsideração que haja requerimento da parte o do MP, não admitindo a desconsideração de ofício. Vale ressaltar que, no âmbito do Código de Defesa do Consumidor, não existe a mesma exigência, sendo possível que o magistrado, ex officio, determine a desconsideração episódica da pessoa jurídica. e) INCORRETO. O fundamento dos direitos da personalidade é a sua cláusula geral, qual seja, a dignidade da pessoa humana. Partindo-se dessa premissa, pode-se dizer que pessoa jurídica não possui direitos da personalidade, pois ela não tem dignidade humana. Nesse sentido, o Enunciado nº. 286 da JDC: “Os direitos da personalidade são direitos inerentes e essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas jurídicas titulares de tais direitos. – embora não sejam titulares de direitos da personalidade, as pessoas jurídicas também merecem proteção”. Nessa linha, prevê o art. 52 do CC/02: “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade”. Conclui-se, destarte, que as pessoas jurídicas não possuem direitos da 42 personalidade, mas merecem a mesma proteção. O fundamento é o atributo de elasticidade dos direitos da personalidade. A proteção da pessoa jurídica, no que se refere aos direitos da personalidade, encontra-se limitada por lei. Deve-se entender “no que couber” como “naquilo que a falta de estrutura biopsicológica permite exercer”; ex.: direito à imagem, ao nome etc. (STJ - REsp 433.954/MG - proteção da pessoa jurídica por protesto indevido de duplicata). Pessoa jurídica pode sofrer dano moral? Sim, pois ela merece proteção. É o que diz a Súmula 227 do STJ: “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”. Essa súmula, em verdade, deve ser lida da seguinte forma: “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral, no que couber”. Fundamentalmente, o dano moral é vocacionado à pessoa humana, mas pode se referir à pessoa jurídica, no que couber, como para a preservação da sua honra objetiva, cuja violação ocasiona, inclusive, prejuízos financeiros decorrentes do abalo da imagem da pessoa jurídica perante a sociedade. ______________________________________________________________________ 27. Sobre o bem de família legal, de acordo com o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, assinale a alternativa correta. a) É impenhorável o bem de família indireto, entendido como o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, independentemente da destinação da renda obtida com a locação. b) Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do crime, salvo no caso em que a punibilidade do acusado tenha sido extinta em razão do cumprimento das condições estipuladas para a suspensão condicional do processo. c) A impenhorabilidade do bem de família, por se referir ao instituto do patrimônio mínimo é irrenunciável por parte do seu beneficiário, não podendo ser afastada, em hipótese alguma, pelo magistrado, ainda que verificada situação de má-fé. 43 d) A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade implica o afastamento da impenhorabilidade dos bens dos sócios, uma vez que o objetivo é buscar o adimplemento das obrigações. e) A penhora sobre imóvel de empresa pode ser afastada em favor do sócio que nele resida quando envolva empresas com conotação familiar em que o local de funcionamento confunde-se com a própria moradia da família. Comentários: a) INCORRETO. Súmula 486 do STJ: É impenhorável o bem de família indireto, entendido como o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família. b) INCORRETO. Na execução civil movida pela vítima, não é oponível a impenhorabilidade do bem de família adquirido com o produto do crime (art. 3º, VI da lei 8.009), ainda que a punibilidade do acusado tenha sido extinta em razão do cumprimento das condições estipuladas para a suspensão condicional do processo, pois essa exceção não consta na lei (REsp 1.091.236/RJ). c) INCORRETO. O bem de família é um instituto que visa a assegurar o direito fundamento à moradia (art. 6º, caput, da CF/88), sendo um corolário da dignidade da pessoa humana, razão pela qual é preciso que seja dada uma interpretação ampliativa à proteção legal. O benefício conferido pela Lei nº 8.009/90 trata-se de norma cogente, que contém princípio de ordem pública, e sua incidência somente é afastada se caracterizada alguma hipótese descrita no art. 3º do mesmo diploma. Nada obstante, em julgamento emblemático, o STJ reconheceu a possibilidade de afastar a proteção legal ao bem de família no caso de flagrante má-fé do beneficiário (REsp 1461301/MT, Informativo 558) 44 d) INCORRETO. A desconsideração da personalidade jurídica de sociedade não implica, por si só, o afastamento da impenhorabilidade dos bens de família dos sócios, salvo se os atos que ensejaram a desconsideração também se ajustarem às exceções legais previstasno art. 3º da Lei n. 8.009/90. Tais exceções devem ser interpretadas restritivamente, não se podendo, por analogia ou esforço hermenêutico, apanhar situações não previstas em lei, de modo a superar a proteção conferida à entidade familiar. STJ. 4ª Turma. REsp 1.433.636-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 2/10/2014 (Info 549) e) CORRETO. Para o STJ, a penhora sobre imóvel de empresa pode ser afastada em favor do sócio que nele resida, mas apenas quando envolva “empresas com conotação familiar em que, muitas vezes, o local de funcionamento confunde-se com a própria moradia” (vide, p.ex., REsp n° 470.893/RS e 621.399/RS). ______________________________________________________________________ 28. A respeito do bem de família convencional, assinale a alternativa que está de acordo com o Código Civil de 2002. a) A dissolução da sociedade conjugal extingue o bem de família b) Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse metade do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. c) O efeito jurídico da impenhorabilidade concedido ao bem de família poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. d) O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, não abrangendo as pertenças e os acessórios. 45 e) O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, inclusive as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. Comentários: a) INCORRETO. Art. 1.721 – A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família b) INCORRETO. Art. 1711 – Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial. c) CORRETO. Art. 1.712 – O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. Registre-se que, por força do art. 1.713, os valores mobiliários não poderão exceder o valor do prédio instituído em bem de família, à época de sua instituição. d) INCORRETO. Art. 1.712 – O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. 46 e) INCORRETO. Art. 1715 – O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio. ______________________________________________________________________ 29. Sobre as diversas classes de bens previstas no Código Civil brasileiro, é correto afirmar a) As edificações que, separadas do solo, forem removidas para outro local perdem seu caráter de bens imóveis, ainda que conservem a sua unidade. b) Os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado são considerados bens dominicais, sendo permitida sua alienação livremente, visto que inexistente a finalidade pública. c) Os bens de uso comum do povo, tais como rios mares, estradas, ruas e praças, podem ser utilizados de forma gratuita ou mediante retribuição, conforme estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. d) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. e) As benfeitorias, considerando-se como tais os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem, ainda que sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor, podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. Comentários: a) INCORRETO. Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 47 b) INCORRETO. Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei. c) CORRETO. Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem. d) INCORRETO. Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. e) INCORRETO. Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. ______________________________________________________________________ 30. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece sua residência com ânimo definitivo. Sobre esse instituto assinale a alternativa INCORRETA. a) Se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. b) É domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Se a pessoa exercitar profissão em diversos lugares, constituirá domicílio o principal estabelecimento da pessoa. c) O domicílio do servidor público é o lugar em que exerce permanentemente suas funções, ainda que seja outra a sua residência. d) Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso. e) Quanto às pessoas jurídicas de direito privado, o domicílio é onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. 48 Comentários: a) Correta, de acordo com o art. 71 do CC. b) INCORRETA. O art. 72, parágrafo único do CC/02 aduz “se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem”. c) Correta, de acordo com o art. 76, parágrafo único do CC/02. d) Correta, de acordo com o art. 76 do CC/02 e) Correta, de acordo com o art. 75, IV do CC/02. 49 Direito Administrativo 31. Com relação aos bens públicos, assinale a opção correta. a) Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha são oponíveis à União. b) A ausência de transcrição no registro imobiliário induz a presunção de que o imóvel sob litígio constitui terra devoluta. c) Em regra, as terras devolutas pertencem à União e são consideradas bens dominicais ou dominiais. d) De acordo com a jurisprudência do STF, não são bens da União as terras onde se localizavam os aldeamentos indígenas extintos antes da Constituição de 1891, de domínio dos estados-membros. e) As praias fluviais constituem bens dos Estados. Comentários: Item a: ERRADO. Súmula 496: "Os registros de propriedade particular de imóveis situados em terrenos de marinha não são oponíveis à União." Item b: ERRADO. O STJ, ao julgar
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