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1/4 As dimensões estruturais e culturais da evolução da máquina administrativa É interessante neste momento conhecermos quais os fatores do contexto político, econômico e cultural da história do país que influenciaram esta evolução da estrutura administrativa nos últimos 70 anos. Por isso optamos por um resumido passeio histórico, apenas provocando vocês a buscarem o aprofundamento de fatos tão marcantes. 1ª fase da Ditadura Vargas, após o golpe da Revolução de 1930 (período entre 1930 e 1934): A Administração Pública começa a crescer. Começam os empreendimentos industriais. Surge o caudilhismo gaúcho com todas as suas características: regime de força e de poder centralizador, enaltecimento das tradições dos pampas em relação às demais regiões do país, colocação de sulistas em cargos chaves da República, nepotismo e proselitismo a favor de parentes e amigos do ditador. Populismo. Criaram-se sindicatos e tribunais de trabalho. Polícia a serviço pessoal do Presidente. O país absorve as idéias do fascismo. Entretanto independente da política dominante, o país cresce e se desenvolve. Melhora-se o padrão de vida das classes proletárias e o nível intelectual do país, que luta para dominar o analfabetismo. Acontece a Revolução Constitucionalista de São Paulo (1932) que, embora derrotada, força Getúlio a convocar uma Assembléia Nacional Constituinte em 1934. 2ª fase da Ditadura Vargas (1937-1945): Em 1937Getúlio, dá novo Golpe de Estado, derrubando a Constituição de 34: Nasce o "Estado Novo". São fechados o Congresso Nacional, as Assembléias Legislativas Estaduais e as Câmaras de vereadores Municipais, reforçando ainda mais a posição centralizadora do Governo. Máquina administrativa estatal está cada vez mais inchada Novos órgãos públicos são criados. Período do nascimento de slogans nacionalistas como "O Petróleo é nosso" e "Brasil, país de futuro". Governadores são substituídos por interventores com poderes legislativo e executivo, a exemplo do poder do ditador. A Constituição de 1937, montada por Getúlio e seus colaboradores, consolidou o centralismo do poder do Governo Federal, que passa a enfeixar os três poderes num só, nos moldes de governos de força que proliferavam pelo mundo. Foi a Constituição que contestou a tradição nacional do federalismo republicano. Nunca o país enfrentara uma ditadura tão forte, sem democracia e sem liberdade nenhuma. No contraponto, o país enfrenta uma política de nacionalismo, crescimento do intervencionismo estatal e protecionismo. Cria-se em 1938 o Conselho Nacional do Petróleo - CNP, período de industrialização, através do nascimento das grandes empresas estatais, públicas e mistas (1940), funda-se em 1941 a Usina de aço de Volta Redonda a atual privatizada Companhia Siderúrgica Nacional - CSN, em 1942 a Companhia Vale do 2/4 Rio Doce - CRVD. Em 1943 é elaborada a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, promove-se a diversificação agrária e são instituídos os Institutos do Açúcar e do Álcool, o instituto do Mate e o Instituto do Pinho. Getúlio é deposto em 1945. Convocadas eleições diretas. Gestão Dutra (1945-1950): Voltam as garantias constitucionais, com a promulgação da Constituição de 1946, que, entre outras importantes medidas, confirmou a República Federativa Presidencialista, fixou em cinco anos o mandato do presidente eleito, repôs a independência e a harmonia entre os três poderes, criou o voto obrigatório para os maiores de 18 anos de idade, instituiu o ensino primário obrigatório para todos. Voltam, o respeito ao cidadão, a liberdade e a democracia. Firmado o plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia). O Brasil experimenta uma fase de paz e progresso, embora a máquina estatal continue a inchar. Nova Gestão Vargas (1951-1954): Desta vez, Vargas é eleito em eleições diretas. Em 1951, é fundado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico - BNDE, cria-se o plano LAFER (Plano Nacional de Reaparelhamento Econômico), aumenta-se o número das empresas públicas, nasce em 1953 a Petrobrás confirmando o monopólio estatal do petróleo. Vargas comete o suicídio em 1954, após crises e tensões políticas muito graves no país. Gestão JK (1955-1960): Fase do grande desenvolvimento econômico brasileiro. Programa de metas. Criação de Brasília, inaugurada em 1960. Criação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE. Gestão João Goulart (1961-1964): Assumiu o governo, como vice-presidente, para terminar a gestão de Jânio Quadros, que renunciou no primeiro ano do mandato. Período de grande agitação política. Criou a Superintendência Nacional do Abastecimento - SUNAB. Foi deposto pelos militares durante a Revolução de 1964. Gestão Castelo Branco (1964-1967): primeiro presidente militar do novo período em que cessam as liberdades democráticas. São criados os Atos institucionais n.º 1 (9/4/64) e n.º 2 (27/10/65). Outorga-se a Constituição de 1967. Novo surto de crescimento de instituições públicas e atinge um tamanho e uma estrutura gigantesca em todos os setores da economia. Funda-se o Banco Central da República, novos órgãos são criados (IBRA, a EMBRATUR, o INPS, unificando os antigos IAPS). Em 1964 a estrutura administrativa já não era causa e sim efeito dos anos em que foi aumentada 3/4 anteriormente. Só houve continuidade desta cultura que se tornou idéia dominante entre os governantes, independente de ideologias e de planos. Centralização da autoridade executiva. Apesar disso, o Presidente procura instituir leis que não sejam excessivamente minuciosas ou verdadeiros regulamentos. Procura evitar a estratificação de procedimentos administrativos inteiramente superados pelo decurso do tempo. Procura, ainda, descentralizar, planejar, coordenar, desburocratizar e dinamizar a atividade governamental. Retomada do desenvolvimento. Gestão Emílio Garrastasu Médice (1969-1973): Governo onde aconteceu o auge da luta interna armada contra o regime. Em conseqüência, a repressão foi também a mais violenta que já houve na história do país. País em convulsão, mas em contínuo crescimento. Obras gigantescas como a Transamazônica, Itaipu Binacional, Ferrovia do Aço, Ponte Rio-Niterói e outras começam a sair dos projetos e entrar em execução. Continua a expansão da intervenção estatal na economia. Cria-se a emenda constitucional de 1969 e o I PND (Plano Nacional de Desenvolvimento). Cultura do emprego público em larga escala, como o BNH (Banco Nacional de Habitação), Banco do Brasil, Petrobrás, Embratel, Eletrobrás e outras empresas públicas e do desenvolvimento com segurança. Gestão Ernesto Geisel (1974/1979): Início da preparação para a volta do regime democrático. Primeiras medidas para a redemocratização são criadas. Duas crises do petróleo. Início de recessão e inflação grandes. Congresso mais livre e participativo, inclusive de oposição ao regime. Mas o Estado continua a aumentar sua estrutura e a sua participação na economia. Criação da Interbrás. Início da cultura do "crime do colarinho branco" e da insegurança nos grandes centros. Gestão João Figueiredo (1980-1985): Entra em execução o efetivo retreinamento democrático do país. Início da abertura política. Governo enfrenta oposição cerrada, justamente o que mais agiu em prol desta abertura. Campanha política com o slogan "diretas já". Estado ainda em crescimento. A inflação dá uma trégua. Continuidade das ações dos "colarinhos brancos" e das atividades criminosas nas grandes cidades em larga escala. Ascensão do tráfico de drogas. Estrutura estatal atinge o auge do seu gigantesco tamanho. Período da Gestão José Sarney (1985-1990):Volta ao poder dos civis. Constituição de 1988. É a chamada "Nova República". Planos para combater a inflação, destaque para o Plano Cruzado que entretanto fracassa. Corrupção na Administração Pública 4/4 denunciada pela imprensa. Clara derrocada da administração da máquina administrativa. Caos na Saúde e Educação. Gestão Fernando Collor de Melo/ Itamar Franco (1990-1994): Liberalização da Economia. Começam as privatizações. Confisco da poupança. Continua a tentativa de combater a inflação com novos planos, mas todos fracassam. Auge dos escândalos de corrupção no Governo. Com a pressão popular comandada pela maciça oposição, o Congresso promove o "impeachement", com voto em aberto. Assume o poder o vice- presidente Itamar Franco, fazendo um governo mais calmo e austero. Plano de combate à inflação finalmente tem sucesso ("Plano Real"). Gestão Fernando Henrique Cardoso (1994-2002) - Estabilização da Economia com inflação controlada, austeridade das contas públicas, controle do déficit público, acordos com o FMI impõe arrocho nas despesas orçamentárias. Reforma Administrativa EC 19/08 (Fim do regime Jurídico Único - possibilidade de contratar empregados pelo regime CLT, sem estabilidade - Maior autonomia administrativa para entidades da administração indireta - Contrato de gestão, Agências Executivas, Agencias Reguladoras, privatização de empresas estatais). Gestão Atual – Fortalecimento da estabilização da Economia. Continuidade da política de controle do déficit público. Reformas de Segunda Geração. Transparências no atos dos governantes. Continuidade dos escândalos de Corrupção. Programa de Aceleração do Crescimento - PAC. Caracteriza-se pelo investimentos em Programas Sociais, da baixa inflação, pela taxa de crescimento do PIB, pela redução do desemprego e constantes recordes da balança comercial. Estimulou o micro-crédito e ampliou os investimentos na agricultura familiar. Maior crescimento real do salário mínimo, resultando na recuperação do poder de compra do brasileiro. Essa história ainda está em curso, e sem certeza de final feliz. Há muito a se caminhar.
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