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Aula de 20/07/2016 • Kalecki divide a economia em três Departamentos • D1 → Produz todos os bens finais não-consumo (inclusive insumos e MP) 𝐼. • D2 → Produz bens de consumo para capitalistas (bens de luxo), 𝐶#. • D3 → Produz bens de consumo para trabalhadores (bens essenciais), 𝐶$. • Supondo: i) que os trabalhadores não poupam; ii) economia fechada; iii) sem governo; iv) não ocorrência de estoques não vendáveis. • Chega-se à equação de troca entre os Departamentos D1 e D2 com o Departamento D3: • Os lucros no D3 (= 𝑃& ) é igual às vendas de bens de consumo para os trabalhadores de D1 (= 𝑊() e D2(= 𝑊)).𝑃& = 𝑊( +𝑊) Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Centro de Ciências Humanas e Sociais Curso de Ciências Econômicas Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea I D1 D2 D3 total𝑃( 𝑃) 𝑃& 𝑃𝑊( 𝑊) 𝑊& 𝑊𝐼 𝐶# 𝐶$ 𝑌 • Temos que: 𝑃& = 𝑊( +𝑊)𝑃( + 𝑃) + 𝑃& = 𝑃( + 𝑃) + (𝑊( +𝑊))𝑃 = (𝑃( + 𝑊() + (𝑃) +𝑊))𝐼 𝐶0 • Posto que: 𝑃( +𝑊( = 𝐼𝑃) +𝑊) = 𝐶#𝑃( + 𝑃) + 𝑃& = 𝑃 • Então: 𝑃 = 𝐼 + 𝐶# • Se os trabalhadores gastam o que ganham, os capitalistas ganham o que gastam. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Centro de Ciências Humanas e Sociais Curso de Ciências Econômicas Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea I • Dada a distribuição da renda entre lucros e salários, os investimentos e o consumo capitalista determinam os lucro e a renda nacional. • Considerando a participação da renda salário em cada Departamento como:𝑤( = 234 → 𝑊( = 𝑤(𝐼𝑤) = 2506 → 𝑊) = 𝑤)𝐶#𝑤& = 2708 → 𝑊& = 𝑤&𝐶$ • Substituindo na equação de determinação do lucro: 1 − 𝑤& 𝐶$ = 𝑤(𝐼 + 𝑤)𝐶# • O consumo do trabalhadores é igual: 𝐶$ = 𝑤(𝐼 + 𝑤)𝐶#1 − 𝑤& • Conclui-se que o consumo dos trabalhadores (𝐶$) é função do investimento (𝐼) e do consumo dos capitalistas (𝐶#) e da participação dos lucros no valor da produção do D3 (1 − 𝑤&). Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Centro de Ciências Humanas e Sociais Curso de Ciências Econômicas Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea I • A renda nacional é determinada: 𝑌 = 𝐼 + 𝐶# + 𝐶$ = 𝐼 + 𝐶# + 𝑤(𝐼 + 𝑤)𝐶#1 − 𝑤& • A renda (ou o produto) nacional (𝑌) também é determinada pelo nível de investimento (𝐼) pelo consumo dos capitalistas (𝐶#) e pela participação dos lucros no valor da produção do D3 (1 − 𝑤&). • Por que o lucro e a renda nacional são determinados pelo investimento e pelo consumo dos capitalistas, não o inverso? • O investimento e os gastos em consumo pelo capitalistas resultam de decisões passadas e deve ser tomados como dados. • Lucro e renda são variáveis a serem determinadas. • Os agentes não decidem o quanto recebem de renda ou de lucro recebem. • Os investimentos dependem de tempo para maturação (período de construção do equipamento de capital). • Também a respeito das vendas e os lucros, os capitalistas não podem decidir de quanto serão. • Investimento e consumo capitalista são as variáveis independentes. • O aumento do investimento e do consumo do capitalistas → tem como consequência uma expansão da produção de D3 (𝐶$). • Isso é necessário para atender às demandas resultantes da massa de salário no D1 e D2 (e do próprio D3). • Se a produção de D3 não aumentar → a maior demanda por bens salários causará elevação dos preços, não da produção. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Centro de Ciências Humanas e Sociais Curso de Ciências Econômicas Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea I • Se os preços dos bens produzidos pelo D3 aumentar → transferência de renda para os capitalistas. • Isso é o núcleo da teoria da demanda efetiva. • A teoria da demanda efetiva é inteiramente derivada da relação de troca entre D1 e D2 com D3. • Passa a analisar o significado das equações de determinação do lucro e da renda nacional, num contexto de acumulação de capital uniforme, estabelecendo um paralelo com Marx (seção IV). • Kalecki acredita que Marx estava plenamente consciente do impacto da demanda efetiva sobre a dinâmica capitalista, quando afirma que as condições de extração e de realização dos lucros não são idênticas. Diferem no tempo e no espaço, uma sendo limitada pela capacidade produtiva, outra pelo poder de consumo da sociedade. • Só que Marx não aprofundou a análise da demanda efetiva →Coube a Rosa Luxemburgo. • Rosa Luxemburgo creditava que não haveria possibilidade de reprodução ampliada se não houvesse “mercados externos”. • “Mercados externos” → aqueles que estão fora do sistema capitalista → sustentam demanda efetiva → garantem aumento do lucros e da renda. • Segundo Kalecki, Luxemburgo peca quando considera que as decisões de investir são tomadas em conjunto pela classe capitalista, mas acerta ao afirmar que não é possível supor que o capitalismo cresça e forma autosustentada. • Kalecki afirma que se as economias capitalistas expandem sem a “ajuda” de “mercados externos”, isso ocorre em razão do progresso técnico • Mas o progresso técnico não assegura uma satisfatória utilização do equipamento a longo prazo.. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Centro de Ciências Humanas e Sociais Curso de Ciências Econômicas Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea I • Considera as despesas governamentais (armamentos) uma forma de “mercados externos”. • As despesas do governo, financiada por empréstimos ou tributos, constitui solução para a demanda efetiva (Keynes). • Ajudam a manter os níveis de investimento e de consumo → com efeito sobe a renda. • A despesa do governo, como um “mercado externo”, é de fundamental importância para a reprodução ampliada (Marx). • Os “mercados externos” criados pelo governo (déficits orçamentários) impactam a economia: • Geram atmosfera favorável ao investimento e ao crescimento, sem perturbações pelo lado da demanda efetiva. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Centro de Ciências Humanas e Sociais Curso de Ciências Econômicas Disciplina: Economia Brasileira Contemporânea I
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