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Instituto de Serviço de Orientação Profissional (ISOP)

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Origens e organização do ISOP 
EURÍDICE FREITAS 
o Instituto de Seleção e Orientação Profissional, da Fundação Getulio 
Vargas, surgiu das necessidades da comunidade brasileira, no momento 
em que já se entremos trava, na esfera do Governo, o interesse pelo pro-
blema da produtividade, nas condições de eficiência em que esta deve 
ocorrer para cumprir seus mais altos objetivos econômicos e sociais. 
Já se realizavam, então, experiências significativas no campo admi-
nistrativo, com a implantação de processos seletivos e do "sistema do 
mérito" no Serviço Público. Já se fazia notar, também, a eficiência fun-
cional em órgãos como o então Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE) e o Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Industriários 
(IAPI), onde rigoroso procedimento ia popularizando o slogan do "homem 
certo no lugar certo". 
O interesse pela psicologia aplicada já se manifestava em São Paulo 
desde 1928, ano em que foi organizado o primeiro laboratório de psico-
técnica na Estrada de Ferro Sorocabana, sob a inspiração e direção do 
engenheiro suíço Prof. Dr. Roberto Mange; em 1930, era criado ali o 
.\rq. bras. Psic. ap!., Rio de Janeiro, 25 (1):7-16, jan.jmar. 1973 
Instituto de Organização Racional do Trabalho e, em 1934, Lourenço 
Filho introduzia a orientação profissional no Serviço de Educação do 
Estado de São Paulo. 
Em 1938, o então Ministro Interino do Trabalho, Dr. João Carlos 
Vital (hoje presidente do ISOP, desde a sua criação) , elaborou um projeto 
de lei que criava o Instituto Nacional de Seleção e Orientação Profissional 
(INSOP), primeira idealização do atual Instituto. 
Naquele mesmo ano, de 1938, o Instituto Nacional de Estudos Peda· 
gOglCOS (INEP) estabelecia uma Seção de Orientação Profissional, que 
deveria colaborar com o DASP na preparação do material destinado à 
seleção de candidatos ao Serviço Público do País. Nesse mesmo ano, 
instalava·se uma Divisão de Seleção no Departamento Administrativo do 
Serviço Público e, em 1939, organiza·se na Estrada de Ferro Central 
do Brasil um Serviço de Seleção Profissional. 
A Fundação Getulio Vargas (FGV), que se situava na dinâmica de 
um movimento renovador, dando cumprimento a seus objetivos, procedia 
a estudos de organização racional do trabalho, elaborava planos, desen· 
volvia projetos, criava órgãos educativos e sugeria a formação de quadros 
técnicos para os diferentes setores da administração pública. 
Esse esforço para prover de bases científicas as organizações e ativi· 
dades administrativas teria de criar um clima propício à psicologia a 
serviço do trabalho profissional, pois não poderia passar desapercebido 
ao Governo o valor dos métodos e procedimentos dessa ciência na reestru· 
turação das normas organizacionais vigentes. 
Impunha.se, portanto, estimular a formação e a especialização de 
funcionários categorizados, para que, nos diferentes setores de suas ativi· 
dades, estivessem tecnicamente capacitados a proceder à seleção científica 
de candidatos a emprego público, como, também, suficientemente habi· 
litados para as soluções dos problemas humanos implícitos em toda 
situação de trabalho. 
Dentro desse quadro de idéias e de empreendimentos renovadores, 
surge iniciativa das mais oportunas, cujo alcance transcendeu mesmo 
as expectativas mais otimistas, na qual se encontram as origens genuínas 
do Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP). 
O Prof. Dr. Emílio Mira y López, médico psiquiatra e psicólogo de 
renome internacional, vem ao Brasil em 1945, a convite do DASP, para 
proferir conferências. O eminente professor, conhecido pelo vultoso 
número de obras científicas e trabalhos realizados no campo de sua 
especialidade, inaugura, então, os cursos do Departamento Nacional da 
Criança e demonstra, pela primeira vez entre nós, o valor, para o diag. 
nóstico da personalidade, do Psicodiagnóstico Miocinético, teste de sua 
autoria; discorre sobre os novos caminhos da psiquiatria e da psicologia, 
em atendimento a múltiplos convites de nossas instituições culturais. Pela 
sua versatilidade, extensão de conhecimentos e excepcional capacidade 
didática impõe·se à admiração de todos, surgindo a idéia da parte dos 
B A.B.P.A. 1/73 
que ocupavam altos cargos na Administração, de convidá-lo para realizar, 
sob contrato, cursos e trabalhos no campo da psicologia a serviço do 
trabalho profissional. 
Assim, organiza-se e realiza-se sob o patrocínio do DASP um Curso 
sobre seleção, orientação e readaptação profissional, cujo objetivo era 
treinar equipes de técnicos brasileiros no manejo dos métodos e recursos 
próprios desse campo de atuação. Patrocinado, pois, pelo Governo brasi-
leiro, esse curso contou com a participação de 80 profissionais desig-
nados pelas autarquias e repartições públicas seguintes: Departamento 
Administrativo do Serviço Público (DASP), Departamento Nacional da 
Criança (DNCr), Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), 
Faculdade Nacional de Filosofia (FNF), Superintendência do Ensino 
Agrícola e Veterinário (SEAV), Centro Nacional de Pesquisas Agronômi-
cas (CENEPA), Serviço Nacional de Ensino Industrial (SENAI), Serviço 
de Assistência a Menores (SAM) e Centro de Pesquisas Educacionais da 
Prefeitura do então Distrito Federal. 
Encontrando um grupo entusiasta e profissionalmente bem qualificado 
- médicos, professores, agrônomos, técnicos de educação e de adminis-
tração - não foi difícil ao Prof. Mira y López proceder à habilitação 
dos mesmos, que, a partir de então, iriam imprimir a seus trabalhos 
profissionais uma nova diretriz e seriam os pioneiros da conscientização 
que se operou no País, quanto ao valor dos princípios psicológicos apli-
cados às situações de vida do homem brasileiro. 
Inaugura-se a 15 de outubro de 1945 o referido curso, "cuja origi-
nalidade consistia precisamente no fato de pretender integrar setores 
profissionais que até agora estão acostumados a trabalhar isoladamente 
e com raras inter-relações, curso que está insPirado na moderna concepção 
global do homem, considerado como ser multidimensional e em constante 
transformação", dizia o mestre na aula inaugural. Tenho caráter intensivo, 
o programa foi desenvolvido durante um ano sob a forma de aulas exposi-
tivas e seminários, nos quais se discutiam os trabalhos práticos das diferen-
tes equipes em que se desdobraram as atividades dos 80 participantes 
Essas equipes, formadas à base dos conhecimentos e interesses de cada 
um, foram as seguintes: estudo, análise e interpretação da autobiografia 
dirigida e do questionário íntimo; estudo, aplicação e interpretação do 
Psicodiagnóstico de Rorschach e Psicodiagnóstico Miocinético de Mira y 
López; estudo das técnicas biotipológicas de Sheldon e Stevens; elaboração 
de síntese seletiva e orientadora. O programa das aulas e trabalhos prá-
ticos refletem em seu conteúdo a orientação dinâmica e eclética que 
nortearia o desenvolvimento do Curso e das atividades ulteriores e seria 
a marca característica da futura instituição que coube ao eminente mestre 
organizar e dirigir durante 17 anos, em intenso e profícuo labor. 
Um ano depois, precisamente a 15 de outubro de 1946, encerra-se 
o Curso, com a apresentação dos casos estudados sob responsabilidade 
individual, cujos procedimentos e sínteses orientadoras eram criticadas e 
analisadas pelo mestre em assembléia. 
Origens e organização do ISOP 9 
Estavam, pois, criadas as condições básicas para que se instalasse uma 
organização técnica destinada à prática e difusão de comportamentos 
científicos na orientação da juventude brasileira. Era o momento propício 
para dar continuidade ao esforço desenvolvido pelos componentes do 
curso quanto às aplicações práticas nas diversas esferas de ação de sua 
competência. Chegara a hora de coordenar e unificar as contribuições 
de várias personalidades brasileiras, que, haviaduas décadas, se preocupa-
vam com a criação de serviços psicotécnicos no País. O Dr. Luiz Simões 
Lopes e o Dr. João Carlos Vital, respectivamente presidente e vice-presi-
dente da FGV, ambos pioneiros da implantação do "sistema do mérito" 
na administração pública, tornam realidade essa justa aspiração nacional, 
conseguindo novo contrato para que o prof. Mira y López continue no 
Brasil com a missão de organizar e dirigir uma instituição de psicologia 
aplicada ao trabalho. 
Essa instituição foi inicialmente projetada como serviço de seleção e 
orientação profissional anexo ao Departamento Administrativo de Serviço 
Público (DASP), projeto que limitaria o campo de suas atividades ao 
funcionalismo público, razão pela qual foi transferido para a Fundação 
Getulio Vargas, cujo Conselho decidiu a criação do ISOP, sendo designado 
o Dr. João Carlos Vital para supervisionar as atividades e confiada a 
direção técnica ao professor Mira y López, que, no mês de março de 1947, 
deu início aos trabalhos de constituição do referido organismo. Com a 
criação desse Instituto, a Fundação Getulio Vargas dotaria o meio brasi-
leiro de uma organização científica adequadamente aparelhada para 
proporcionar à comunidade a utilização dos mais modernos recursos da 
psicologia aplicada. Os fatos viriam confirmar a plena consecução desse 
objetivo, afirmando-se o ISOP como um dos mais completos e eficientes 
organismos dentre os congêneres existentes nos centros mais adiantados, 
consoante a opinião de visitantes ilustres e de psicólogos, psiquiatras, 
médicos, nacionais e estrangeiros, que nele efetuaram estágios de obser-
vação ou de treinamento. 
Em clima de entusiástica expectativa, a oito de agosto de 1947, é 
inaugurado, na Rua da Candelária, 6 - 2.° andar, o Instituto de Seleção 
e Orientação Profissional, como uma organização técnico-científica a 
serviço da indústria, do comércio, das famílias, das escolas do Brasil e 
das demais entidades públicas e privadas. No pórtico do Instituto a legenda 
de Gõethe "Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes" 
informava os visitantes da intuição genial, que entrevira a necessidade 
de orientação do jovem na encruzilhada do seu destino profissional. 
Acompanhado por uma equipe que ele próprio escolhera, o grande 
:YIestre começa um trabalho incansável, no soerguimento de uma obra 
que, mais tarde, se afirmaria de modo evidente no conceito brasileiro e 
iria contar em seu conjunto de realizações com um grande número de 
valiosas contribuições à coletividade, além de abrir grandes perspectivas 
à aplicação dos procedimentos psicológicos, à organização e orientação 
para o trabalho. 
10 A.B.P.A. 1/73 
Na primeira década, outros VIrIam juntar-se a esse primeiro grupo, 
colocando sua inteligência e dedicação a serviço de uma obra que, ontem 
e hoje, funciona como um grande laboratório para todos os que, na 
América Latina, desejem dedicar-se à psicologia aplicada ao trabalho e 
à educação. Muitos que deram ao Instituto notável contribuição em suas 
respectivas especialidades já não pertencem todavia ao seu quadro, mas 
se dedicam à psicologia clínica, ao ensino ou ao trabalho em empresas 
industriais diversas. 
Alguns dos que impulsionaram o desenvolvimento da instituição 
inicial ou posteriormente, partilhando do mesmo esforço construtivo, ao 
lado de seu organizador e primeiro diretor, já se foram de nosso convívio: 
Helena Azevedo, que tão eficientemente organizou a biblioteca; Maria 
Santa Cruz Lima, que pôs muito de seu talento criador na Seção de 
Provas de Inteligência; Coronel José Bentes Monteiro, Arquimedes Santa-
maria e Maria das Dores Pereira da Silva, na Estatística, na Administração 
e no Serviço Médico. 
Nos anos subseqüentes, psicólogos, médicos, estatísticos e técnicos de 
educação viriam juntar-se gradativamente aos pioneiros da mais ampla 
organização até agora criada no campo da orientação e seleção profis-
sionais, influenciados todos pela filosofia de que a valoração dos recursos 
humanos tem na or:entação suas bases mais sólidas. 
Poucas instituições, portanto, podem orgulhar-se de nascer de modo 
tão privilegiado. Um grupo de profissionais - todos do campo da educação 
- escolhido pelo próprio diretor, a seu lado e sob a sua orientação, 
começa entusIasticamente a organizar uma instituição, ao mesmo tempo 
que continua seu discipulado, participando de cursos e seminários que 
completariam sua formação e melhor o capacitaria para o desempenho 
de seus novos encargos. E, assim, bem nascida, cresce, desenvolve-se, atra-
vessa crises, desafia dificuldades financeiras e funcionais, sofre transfor-
mações, e hoje, em plena maturidade, contando com psicólogos, alguns 
de grande expressão, eminentes professores de nossas universidades, per-
segue os mesmos objetivos iniciais, que se consubstanciam num contínuo 
serviço à comunidade. 
Presidindo a primeira reunião técnica, em agosto de 1947, o professor 
Mira y López definia os objetivos do ISOP, dizendo textualmente: "O 
ISOP está destinado não somente a suprir as necessidades dos trabalha-
dores, mas também a dar a todo o Brasil técnicos em organização do 
trabalho, nos moldes dos institutos de Barcelona e de Paris. Pretende 
atrair pessoas de países sul-americanos que desejem obter diploma em 
nossa especialização. Assim, além das atividades de rotina, o ISOP se 
dedicará à formação e especialização de técnicos e organizará para a 
juventude cursos de informação sobre os diversos tipos de trabalho, com 
filmes demonstrativos das diferentes profissões, a fim de despertar a 
vocação dos adolescentes e jovens, fazendo-os sentir a necessidade de uma 
orientação em bases científicas. Haverá colaboração do cinema educativo 
Origens e vrganização do ISOF 1\ 
e dos técnicos do ISOP e criará uma seção de pesquisas sobre fatigabilidade 
e rendimento nos diversos campos profissionais. Em síntese - conclui 
- as atividades do Instituto serão informativas, didáticas e de pesquisa." 
Esse programa de ação foi cumprido, ultrapassado muitas vezes, e 
se, sob alguns aspectos, não alcançou plena realização por falta de suporte 
logístico, ensaiou por sua vez os primeiros passos e traçou diretrizes que 
hoje se vão concretizando através de convênios com instituições para 
elaboração de filmes e desenvolvimento de pesquisas, hoje atividade 
principal da Instituição. A criação do Serviço de Estatística e Pesquisa, 
que seria ampliado e transformado em Divisão de Ensino e Pesquisa, como 
núcleo piloto de promoção de pesquisas de âmbito nacional; a criação 
de um Centro de Testes e Pesquisas Psicológicas; os atuais convênios com 
instituições culturais para pesquisa e com o Instituto Nacional de Cinema, 
para a feitura de filmes sobre informação ocupacional; o projeto de 
pesquisa para orientação expedita representam real expansão do pro-
grama inicial e atestam que a continuidade das atividades foi a tônica 
do Instituto em sucessivas gestões. Sua estrutura, que começou com a 
conclusão de núcleos de atividades que se foram transmudando e ampli-
ando, de acordo com os recursos humanos e materiais disponíveis, apre-
senta hoje, pela experiência desses 25 anos, uma feição definida, refletindo, 
evidentemente, as atuais diretrizes e objetivos da Instituição. 
Mas o desenvolvimento de seus programas, a eficiência de seus tra-
balhos, o contínuo fluxo de suas atividades, que se hipertrofiavam, 
alcançaram tal nível que a demanda dos serviços do ISOP na Guanabara, 
em outros Estados e em países estrangeiros, era muitas vezes superior à 
sua capacidade de atendimento. 
Não obstante, a filosofia norteadora da Instituição era servir à 
comunidade, para que maior número pudesse beneficiar-se das aplicações 
práticas da psicologia. Em concordância com essa filosofia, o ISOP orga-
niza, inaugura e dá supervisão técnica a institutos similares, como o de 
Belo Horizonte (1950), oServiço de Psicotécnica da Polícia Militar em 
São Paulo (1957), o Instituto de Orientação Vocacional da Bahia (IDOV 
- 1958) e, nesse mesmo ano, expandindo suas fronteiras, estrutura a Escola 
de Psicologia da Universidade de Caracas, organiza o Departamento de 
Orientação da Universidade de Caracas (1961) e, em 1965, o Departamento 
de Psicologia Aplicada do Instituto Politécnico Nacional da Venezuela. 
Ao mesmo tempo, o Instituto, pelo seu Diretor ou pelos seus técnicos, 
profere, no País e em países sul-americanos, conferências e cursos; participa 
ele seminários, congressos e assembléias; organiza planos ele estágio, ele 
treinamento e ele observação; programa cursos com o objetivo não só 
de formar, aperfeiçoar e especializar seu corpo técnico e outros profis-
sionais do País e elo estrangeiro, mas, também, pelo interesse de propiciar 
condições para a adequada aceitação de seus trabalhos e criar um clima 
favorável ao aparecimento de instituições formadoras de profissionais de 
psicologia, de cuja carência o País até há poucos anos se ressentia muito. 
12 A.B.P.A. 1/73 
Vinha de longe a preocupação com esse problema, pois seu primeiro 
diretor já sugerira a criação de uma Escola Brasileira de Psicotécnica em 
nível universitário. Continuando com o mesmo propósito, apresentara 
outras sugestões, lutara bravamente, com todo o interesse e força de seu 
prestígio pessoal, por uma Escola de Formação de Orientadores Profis-
sionais de cunho internacional, no qual foi vencido. Não obstante, apoiara 
e estimulara esforços de seus colaboradores na elaboração de projeto de 
lei criando os cursos de formação em psicologia, e lutou pela regulamen-
tação da profissão, que teve em alguns dos técnicos do ISOP os mais 
eficientes e combativos propulsores. 
A participação em mesas redondas, jornadas, seminários e congressos 
de psicologia e de outras profissões afins, dentro e fora do País; em 
programas de rádio e televisão; na campanha de informação ocupacional, 
em colaboração com o Ministério da Educação; a realização no Rio de 
Janeiro do VI Congresso Interamericano de Psicologia, hospedando 
800 congressistas; a publicação da Revista Brasileira de Psicologia APlicada, 
que mantém intercâmbio com diversos países; a instituição do Prêmio 
Mira y López; a criação de um Centro de Construção de Testes em 
convênio com a Fundação Ford e a USAID; o avultado número de pes-
quisas em desenvolvimento, colimando no projeto EMFA, que estenderá 
os benefícios da psicologia aplicada a toda a população brasileira, tudo 
reflete o considerável dinamismo, vitalidade e operosidade de uma insti-
tuição que avança para o futuro, procurando ajustar os seus passos ao 
ritmo das modificações educativas que se operam no País. 
Ao longo desses 25 anos, ergue-se o ISOP, fruto da visão de um 
grande Mestre, cuja figura está a ele inextrincavelmente presa, obra 
marcada pela dedicação e pertinácia de colaboradores que fizeram na 
instituição parte significativa de sua formação, tendo por preocupação 
máxima a elevação do padrão de suas atividades. Ergue-se como fator 
de desenvolvimento e catalizador do interesse e entusiasmo da psicologia 
aplicada como ciência e como profissão em nosso País, tendo, no centro 
de suas atividades, objetivos e realizações práticas postos a serviço da 
comunidade brasileira. Fortalecendo, porém, essa prática, e fundamen-
tando-a, há o interesse pela integração da teoria e da prática, pelo desen-
volvimento e melhoria de métodos e a construção de instrumentos válidos. 
de que são comprovantes as pesquisas empíricas que constam de seu acervo, 
a criação do Centro de Estudos e Pesquisas Psicológicas, dos cursos de 
pós-graduação e a promoção de pesquisas de âmbito nacional, tudo 
contribuindo para que se processasse a transformação do Instituto, que 
há dois anos se organizou e estruturou como órgão normativo, com a 
preocupação básica de validade das teorias e procedimentos no campo 
da psicologia aplicada ao trabalho e à educação. 
Neste longo período foi decisivo o apoio seguro da Fundação Getulio 
Vargas, à qual o País deve tantas e tão fecundas realizações. Com esse 
apoio e estímulo pode o ISOP exercer, na primeira década, papel eminen-
Origens e organização do ISOP 13 
temente propulsor da orientação e seleção em bases científicas, conquis-
tando o público e afirmando-se perante a comunidade, período caracte-
rizado pela implantação de técnicas aplicadas à psicologia do trabalho 
e pela formação de especialistas. Na segunda década, além de ter como 
centro de suas atividades diversos objetivos de realizações práticas, atende 
à progressiva demanda da comunidade, preocupa-se com o reconheci-
mento oficial e a regulamentação da profissão de psicólogo e sua conse-
qüente formação, através de cursos universitários. As primeiras tentativas 
para a elaboração do anteprojeto que deu origem à Lei n.O 4.119 de 
27-8-1962 foram realizadas pelos técnicos do ISOP, que posteriormente 
participaram e influiram nas diversas alterações desse anteprojeto, até 
sua forma definitiva. Difundindo no País e no estrangeiro as técnicas 
de seleção e orientação profissional, o ISOP se expande em âmbito nacional 
e internacional pela criação de serviços congêneres e ativa participação 
de seus técnicos em congressos e seminários, atuação essa que teve seu 
clímax na organização do VI Congresso Internacional de Psicologia Apli-
cada, cujo sucesso se deve ao trabalho conjunto e dedicado de todos os 
que integravam o quadro técnico e administrativo do ISOP, em 1959. 
Realiza pesquisas para o aprimoramento dos instrumentos utilizados, e, 
em 1966, cria o primeiro núcleo de um órgão que viria a ser denominado 
Centro de Estudos de Testes e Pesquisas Psicológicas (CETPP). 
Com a morte de Mira y López, é aprovada pela Fundação Getulio 
Vargas (FGV) a constituição de um conselho técnico, composto dos 
chefes das divisões, além de um presidente e de um diretor-executivo. 
A presidência está, desde então, com o Df. João Carlos Vital, que, aliás, 
acompanha o ISOP desde a sua organização, emprestando-lhe a força de 
seu prestígio e o ardor do seu entusiasmo. Cabe aqui uma justa referência 
ao nome do Prof. Lourenço Filho que, não podendo aceitar a presidência, 
por motivos de saúde, nunca se eximiu de pôr sua cultura e experiência 
ao inteiro serviço do ISOP, seja como consultor e conselheiro, seja como 
diretor dos Arquivos Brasileiros de Psicologia APlicada, órgão da Insti-
tuição, até sua morte ocorrida em 1970. 
A Diretoria coube, a princípio, em caráter interino, ao Prof. Athayde 
Ribeiro, psicólogo da Instituição. Em fins de 1964, Ruth Scheeffer assu-
miu a direção em caráter efetivo, até agosto de 1966. Psicóloga da Insti-
tuição e professora universitária, deixou em sua gestão, como antes na 
chefia da Divisão de Orientação, a marca de seu dinamismo, e a ênfase 
na qualidade no trabalho psicológico, insistindo pelo estudo sistemático 
dos casos em equipe, como condição garantidora da validade dos critérios 
e da atuação prática. 
É substituída pelo Prof. Wedher Wanderley, do Centro de Formação 
de Especialistas do Exército, cuja gestão se caracterizou pelo interesse 
na racionalização do trabalho e intensificação de estudos e pesquisas, 
visando aqueles ao aprimoramento do pessoal e, estas, ao aperfeiçoamento 
dos instrumentos e técnicas usados. Incentivando as atividades de pesquisa, 
14 A.B.P.A. 1/73 
transformou o Serviço de Estatística e Pesquisa em Divisão e ofereceu 
oportunidade aos técnicos para aperfeiçoamento e treinamento através de 
cursos intensivos. 
Com o afastamento do Prof. vVedher Wanderley, assume a direção 
o Prof. Franco Lo Presti Seminério, psicólogo da Instituição, doutor em 
filosofia e professor universitário, sendo seu primeiro ato a transformação 
do ISOP em órgão normativo, cuja atividade seria centralizada em pes-
quisas psicológicas, com afinalidade de: a) estabelecer normas nacionais 
e regionais no País; b) criar modelos científicos brasileiros e adaptar os 
modelos importados; c) formar especialistas tecnólogos e pesquisadores 
em nível de pós-graduação. 
Assim, o Instituto, que conserva a mesma sigla, é hoje um Instituto 
Superior de Pesquisa Psicológica, que realiza suas atividades através de 
cinco Centros, voltados para a pesquisa no campo da psicologia aplicada 
ao trabalho e à educação, visando, também, a formação de profissionais 
em nível de pós-graduação. Sua estrutura, que começou com a inclusão 
de atividades que se foram transmudando e ampliando de acordo com 
os recursos humanos e materiais disponíveis, apresenta hoje uma feição 
definida, em consonância com as atuais diretrizes e objetivos. Sua biblio-
teca e revistas especializadas são instrumento de expansão das atividades 
da Instituição e vêm prestando serviço digno de nota aos estudantes 
universitários e a estudiosos dos diferentes ramos das ciências humanas. 
A Revista Brasileira de Psicologia APlicada, antes denominada Arqui-
vos Brasileiros de Psicotécnica, desde setembro de 1949 vem circulando sem 
interrupção como órgão oficial do ISOP. Publicada trimestralmente, 
destina-se a divulgar os resultados das pesquisas e atividades realizadas 
no próprio Instituto, em outras instituições do País e do exterior no 
campo específico da psicologia aplicada, servindo como instrumento de 
intercâmbio cultural do Instituto com a quase totalidade dos institutos 
de psicologia existentes em todo o mundo. O número de instituições 
científicas com as quais permuta publicação eleva-se a 105, sendo 25 na-
cionais e 80 estrangeiras, e registra 1.500 assinantes, tendo uma tiragem 
de 3.000 exemplares por número. 
A gestão atual, consciente do papel da Instituição na liderança da 
psicologia aplicada no Brasil, procura renová-la com a abertura de outras 
frentes de ação e luta por situar em uma nova dimensão as suas diretrizes 
e objetivos. As circunstâncias atuais, favorecidas por esse ingente e con-
tínuo esforço pioneiro, motivam idéias renovadoras, possibilitam realiza-
ções mais amplas e maior flexibilidade para o constante reexame de 
objetivos e programas. 
Na análise retrospectiva destes 25 anos, em uma vida institucional 
muito curta, inscreve-se uma longa trajetória de experiência prática, 
pontilhada de atividades e de realizações, cuja síntese aqui apresentada 
não reflete senão alguns aspectos, os mais tangíveis e sensíveis, de um 
grande esforço construtivo e de uma dedicação sem par por parte de 
um grupo de psicólogos, de técnicos e do pessoal administrativo. 
Origens e organização do ISOP 
Neste quarto de século, o Instituto de Seleção e Orientação Profis-
sional (ISOP) conheceu horas de intensa e entusiástica atividade; sofreu 
dificuldades, cujo clímax ocorreu com o forte impacto emocional do 
desaparecimento de seu primeiro diretor, ocorrido em fevereiro de 1964; 
ampliou e restringiu programas, implantou modificações em sua estrutura, 
diferenciou suas atividades e caminhou, passo a passo, para sua transfor-
mação, movido pelo imperativo de se colocar no ritmo de processo desen-
volvimentista do País_ Seu conceito está firmado no meio brasileiro, 
cresce a solicitação de seus serviços, e a preocupação máxima de seus 
psicólogos e técnicos é a elevação do padrão de atividades da Instituição, 
ciosos da preservação de sua unidade e atentos ao desafio da hora presente. 
A.B.P.A. 1173

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