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milho híbrido

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1 
 
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária 
Disciplina: Melhoramento de Plantas (161187) 
 
 
Obtenção de uma cultivar comercial alógama 
 
Prof. Everaldo Anastácio Pereira 
Desde o início da agricultura, no Neolítico, duas condições são essenciais: o 
aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e a escolha da planta a ser cultivada. 
Desta feita, verifica-se que não existe grau de importância destas condições, 
visto que são complementares. Aliás, ambas são objetivos e preocupações da 
ciência agronômica. A escolha/seleção das plantas é especialmente estudada 
pela disciplina Melhoramento de Plantas, cujo consiste em ajustar planta e 
ambiente com fins quantitativo de qualitativo da produção. 
Anteriormente aos trabalhos de Mendel, o melhoramento de plantas e animais 
era atividade empírica, que em uma acepção filosófica era traduzida na lógica 
tautológica de que “o bom gera o bom”. Desta feita se procurava reunir as boas 
características de indivíduos distintos em um só indivíduo, por meio de 
cruzamentos, ou de seleções dirigidas. Como resultado plantas e animais com 
desempenho superior eram obtidos mesmo sem o conhecimento da 
hereditariedade. 
É sabido que aqueles estudos revolucionários (Mendel, 1866) foram ignorados 
por mais de três décadas, sendo resgatados apenas após a morte do autor, 
permitindo o entendimento da hereditariedade traduzida nas três Leis de 
Mendel (dominância, segregação e independência). Posteriormente outros 
pesquisadores: Johannsen e Bateson cunharam, respectivamente, as palavras 
gene e genética. 
Atualmente verifica-se o avanço sempre crescente que a genética vem 
imprimindo a ciência. A humanidade está na fronteira do conhecimento da 
origem e transformação da vida. Vive-se hoje com a enorme certeza de que 
informação é tudo e graças ao desenvolvimento tecnológico, sobretudo nano 
tecnológico, já não é possível surpreender-se com as possibilidades que estão 
por vir. 
A velocidade de acúmulo do conhecimento científico permitiu a alteração do 
número e da constituição do gene via indução por agentes artificiais, com a 
obtenção de mutantes e poliploides. Entretanto, vários resultados 
 
2 
experimentais que resultam em alterações artificiais não têm interesse 
prático/econômico. Assim, a forma mais eficiente de obtenção de plantas 
modernas ainda consiste no antiquíssimo método de seleção de características 
desejáveis para reunião em uma ou poucas plantas, via as técnicas de 
cruzamento possíveis. Portanto, o melhorista deve ser suficientemente 
capacitado e incansável na tarefa de prospectar características de interesse 
modernas (tolerância a herbicidas, a pragas, a estresse hídrico) que a natureza 
oferece ou que é passível de obtenção para incorporação nas cultivares 
modernas e adaptadas. Em resumo sua tarefa consiste na identificação de 
cultivares promissoras, aplicação um método que possa reuni-las em uma 
apenas uma cultivar, incorporando características quantitativas e qualitativas 
vantajosas. O melhorista é, pois um paciente colecionador de características, 
com instinto de um cuidadoso observador, capaz de perceber diferenças sutis 
de importância econômica e de julgar a relativa importância de cada uma delas, 
com renovado interesse pelo melhor. Esta postura no melhoramento de plantas 
e animais tem promovido o desenvolvimento agronômico via resultados 
verdadeiramente extraordinários. 
Sem dúvida alguma, o primeiro passo na produção de uma cultura é a escolha 
da semente. O rendimento de uma lavoura de milho é o resultado do potencial 
genético da semente e das condições edafoclimáticas do local de plantio, além 
do manejo da lavoura. De modo geral, a cultivar é responsável por 50% do 
rendimento final. Consequentemente, a escolha correta da semente pode ser a 
razão do sucesso ou do insucesso da lavoura. 
O milho (Zea mays) será utilizado como exemplo por que: 
1. possui grande interesse econômico, tem uma enorme quantidade de 
cultivares comerciais, bem como de estudos e informações; 
2. é uma espécie alógama e sua reprodução ocorre prioritariamente a 
partir do fluxo gênico (cruzamento) entre plantas distintas. Apenas um 
porcentual reduzido de sementes/grãos de uma espiga é oriundo de 
autofertilização; 
3. autofecundações sucessivas conduzem à homozigose, logo se verifica 
depressão causada pela endogamia. Por isso, durante os ciclos de 
autofecundação são feitas seleções para caracteres de interesse 
agronômico; 
4. é uma planta especialmente fácil de manipulação por que é monóica e 
possui flores masculinas e femininas agrupadas em inflorescência e em 
posições diferentes e 
5. do ponto de vista comercial todo híbrido de milho é uma patente-nata 
visto que somente o detentor da linhagens endogâmicas é capaz de 
produzí-lo. 
 
3 
Nas principais regiões produtoras do país, o crescimento da produtividade de 
milho, desde a metade do século passado, segue o modelo já descrito nos 
Estados Unidos de utilização de sementes híbridas com maior potencial de 
rendimento (melhoramento genético), maior uso de fertilizantes e agrotóxicos, 
melhoria no arranjo espacial de plantas (espaçamento e densidade), máquinas 
agrícolas mais eficientes e adoção do sistema de plantio direto na palha. A 
adoção conjunta de cultivares melhoradas, de insumos e de técnicas de 
cultivos adequados fez com que o rendimento do milho superasse em muito, 
outros cereais. 
A proposta de cruzar o milho, para explorar o vigor do híbrido, foi exposta, 
independentemente, em 1909, por Shull, East e Collins (Shull,1910), que 
estabeleceram assim as bases dos modernos métodos de melhoramento deste 
cereal. 
As cultivares comerciais de milho disponibilizadas atualmente são identificadas 
como híbridos de linhagens endogâmicas (HLE) e variedades de polinização 
livre (VPL) ou aberta (VPA). Os HLE apresentam sementes mais caras e são 
encontrados nas seguintes versões: híbridos simples (HS), híbridos triplos (HT) 
e híbridos duplos (HD), conforme o número de linhagens endogâmicas (LE) 
envolvidas em sua concepção. 
A utilização das linhagens endogâmicas na criação de cultivares híbridas é 
muito auspiciosa devido aos diversos e possíveis tipos destas cultivares, 
verifique os tipos e suas características: 
1. Híbrido Simples (HS) é obtido pelo cruzamento entre apenas duas 
linhagens distintas. Todas as plantas deste tipo de híbrido têm 
constituição genética muito semelhante, praticamente idêntica, segundo 
as linhagens utilizadas e as gerações de autofertilização de obtenção 
destas linhagens, por isso, apresenta adaptação limitada à diferentes 
ambientes. É a cultivar a ser utilizada quando são adotados sistemas de 
produção que utilizam alta tecnologia ou se exige produto de grande 
uniformidade, como por exemplo para industrialização. Suas sementes 
são muito caras devido ao menor rendimento das linhagens 
endogâmicas utilizadas nos campos instalados para a sua produção, 
entretanto este híbrido traduz o vigor híbrido, sendo o mais produtivo; 
2. Híbrido Triplo (HT) é obtido pelo cruzamento entre um híbrido simples 
e uma terceira linhagem distinta daquelas utilizadas no HS. É uma 
cultivar com maior capacidade de adaptação ao ambiente por que as 
plantas não tem a mesma constituição. Este híbrido é menos produtivo 
que o HS, entretanto as suas sementes são mais baratas por que são 
produzidas no HS, a partir da polinização da linhagem. Cultivares 
comerciais de HT são indicadas para média a alta tecnologia.; 
 
4 
3. Híbrido Duplo (HD) é obtido pelo cruzamento entre dois híbridos 
simplesde linhagens distintas, portanto são envolvidas quatro linhagens. 
Neste tipo encontram-se as cultivares com maior estabilidade de 
adaptação aos diferentes ambientes, devido à ampliação de sua base 
genética. Entre os híbridos de linhagem este é o menos produtivo e 
também o de semente mais barata por que não há problema de 
produtividade das sementes. É indicado quando se adota nível 
tecnológico médio. Observe o resumo no quadro seguinte. 
 
 
Cultivar 
(tipo) 
Formação 
Estabili- 
dade* 
Semente 
(preço) 
Produtivi- 
dade 
Uniformi- 
dade 
HS L1xL2 + ++++ ++++ ++++ 
HSm (L1xL1’)xL2 + +++ ++++ ++++ 
HT HS12xL3 ++ +++ +++ +++ 
HTm HS12x(L3xL3’) ++ ++ +++ +++ 
HD HS12xHS34 +++ ++ ++ ++ 
VPL População ++++ + + + 
TC VPLxL1 ++++ + + + 
 
Uma cultivar de milho do tipo variedade de polinização livre (VPL) ou aberta 
(VPA) é formada por uma população de plantas com características comuns, 
sendo um material geneticamente estável e que, por esta razão, com os 
devidos cuidados em sua multiplicação, pode ser reutilizada por várias safras 
sem nenhuma perda de seu potencial produtivo. Vale salientar que este tipo de 
cultivar não foi submetido a nenhum processo de autofecundações sucessivas 
e que sua estabilidade genética ocorre conforme o Equilíbrio de Hardy e 
Weinberg. Em geral as VPL/VPA apresentam sementes mais baratas e 
potencial produtivo menor e maior estabilidade de produção em diferentes 
ambientes. Para melhor compreensão destes dois tipos de cultivares 
comerciais iniciaremos o estudo pelas cultivares híbridas seguida das 
variedades de polinização livre/abertas. 
Podem ser encontrados no mercado outros tipos de cultivares híbridas. 
Algumas com objetivos específicos como, por exemplo, para contornar o 
problema da baixa produção das linhagens e o alto custo das sementes dos 
híbridos simples e triplos surgiram os híbridos modificados. Nestes híbridos 
uma das linhagens é parcialmente revigorada, via cruzamento prévio dela, com 
uma linhagem estreitamente aparentada. Quando do programa de 
autofertilização nas gerações mais avançadas (S5) são conduzidas mais de 
uma espiga, que resulta ao final, linhagens com ascendência comum e alta 
similaridade, sendo possível discriminá-las como linhagens primas que 
 
5 
esquematicamente podem receber a denominações de linhagens: J(jota) e 
J’(jota linha). Assim, também, podem ser comercializados: 
 Híbrido simples modificado - HSm onde o receptor de pólen é uma 
linhagem parcialmente revigorada por outra linhagem estreitamente 
aparentada e o doador de polén é uma linhagem distinta; 
 Híbrido triplo modificado - HTm - o receptor de polén é um híbrido 
simples formado por duas linhagens distintas e o doador de polén é uma 
linhagem parcialmente revigorada por outra linhagem estreitamente 
aparentada; 
 Híbrido intervarietal (HIV), que é o resultado do cruzamento entre duas 
VPL; 
 Topcross (TC) oriundo do cruzamento de linhagens com um polinizador 
comum (testador), por exemplo VPL. 
Os híbridos têm o máximo vigor e produtividade na primeira geração (F1), 
sendo necessária a aquisição de sementes híbridas todos os anos. Se os grãos 
colhidos forem semeados, o que corresponde a uma segunda geração (F2), 
haverá redução, dependendo do tipo do híbrido, de 15 a 40% na produtividade, 
perda de vigor e grande variação entre plantas. 
O milho híbrido é a expressão do vigor (heterótico) obtida com o cruzamento de 
linhagens previamente selecionadas. Para obtenção de híbridos é necessário o 
cumprimento das seguintes etapas: 
1. obtenção de um número razoável de linhagens endogâmicas; 
2. avaliação da capacidade de combinação entre as linhagens 
endogâmicas obtidas e 
3. cruzamento entre as linhagens endogâmicas para avaliação da melhor 
combinação híbrida. 
 
Obtenção de linhagens endogâmicas. 
Para obtenção de linhagens endogâmicas procede-se a sucessivas 
autofertilizações de diversas plantas selecionadas a partir de uma população 
original. O processo, usualmente, consome de 5 a 7 gerações de 
autofertilizações e semeadura dos descendentes correspondentes às plantas 
autofecundadas na geração imediatamente anterior, constituindo-se em um 
processo repetitivo. 
As sementes de cada espiga auto fertilizada, de uma determinada geração, 
formam um lote único e são designadas como S1, S2, S3,...,Sn, onde o “n” 
corresponde ao número/geração da autofecundação. 
Na população inicial - geração S0 - centenas de plantas são selecionadas para 
serem autofertilizadas. Nesta seleção consideram-se os critérios objetivos do 
 
6 
programa com base no aspecto visual de sanidade das plantas, bom 
enraizamento; resistência ao acamamento; folhas longas, largas, verde-
escuras e bem sadias; pendão bem desenvolvido; bonecas colocadas a uma 
altura conveniente, tempo de desenvolvimento ou acúmulo de temperatura, 
realizando-se a eliminação das plantas sem estas características. Este 
procedimento é conhecido pela terminologia da língua inglesa “rouguing”. 
É comum a quantificação de desenvolvimento da planta com a terminologia 
“HU” (denominação do inglês Heat Units, Unidades de Calor) que considera a 
soma térmica ao longo do tempo. De uma forma geral, as plantas de milho 
emitem suas folhas com base na sua maturidade relativa e no ambiente de 
crescimento. Normalmente há emissão entre 16 à 20 folhas. Genótipos 
precoces apresentam menos que isto (12/16 folhas) em plena maturidade 
enquanto os mais tardios em ambientes tropicais podem desenvolver 20/30 
folhas ou mais. Até o florescimento uma nova folha abre-se completamente 
com o acúmulo de aproximadamente 60 a 80 UCs. 
 
Para a certificação das autofertilizações é necessário que antes que o estilo-
estigma (“cabelo-da-espiga”) da inflorescência feminina (“boneca”) de cada 
planta apareça ela seja protegida com um saco de papel impermeável (“spi”). 
Tão logo as plantas iniciem a liberação de pólen um outro “spi” deve ser 
colocado sobre a inflorescência masculina (pendão/flecha) para protegê-la e 
coletar o pólen. Transcorridas aproximadamente 8h a maioria das anteras de 
cada pendão deve estar aberta, portanto, procede-se a autofertilização de 
todas as plantas individualmente da seguinte maneira: 
1. envergue e agite leve e cuidadosamente o terço superior da planta para 
promover a liberação dos grãos de pólen no “spi” colocado previamente; 
2. retire cuidadosa e rapidamente o “spi” que protege a espiga e o 
substitua pelo “spi” que protegia o pendão e que foi utilizado para a 
coleta do pólen e 
3. o “spi” permanecerá protegendo a “boneca” em desenvolvimento até o 
seu completo desenvolvimento em espiga, ou mesmo até a colheita. 
Das espigas colhidas das plantas da geração S0 obtém-se as sementes da 
primeira geração de autofertilização (S1). Realizada a coleta das espigas de 
todas as plantas da geração S0, estas são numeradas e colocadas em sacos 
de papel individualmente e levadas para laboratório para realização do 
procedimento seguinte: 
1. avaliação visual das espigas para eliminação daquelas com patógenos 
ou mal formadas (tortas, empalhamento insuficiente); 
2. pesagem da espiga, debulha (trilha) e pesagem das sementes; 
3. acondicionamento das sementes trilhadas individualmente em sacos 
separados e identificados; 
 
7 
4. de 25 à 30 sementes são escolhidas de cada lote de sementes S1 e são 
semeadas, em uma mesma linha, com distância de aproximadamente 
20cm entre sementes e no mínimo 1m entre linhas, para facilitar a 
avaliação e autofertilização da próxima geração; 
5. durante o desenvolvimento das plantas consideram-se os mesmos 
critérios de “rouguing” da geração anterior; 
6. quando aplanta iniciar a emissão da “boneca” escolhe-se de 3 a 5 
plantas para realização das auto fertilizações e constituição da geração 
imediatamente seguinte (S2) e 
7. Seleciona-se a melhor espiga para prosseguir na próxima geração. 
E assim o processo se repete pelo número de gerações (Sn) que o melhorista 
julgar conveniente, normalmente 6 a 8. Com uma tendência de redução do 
número de linhas de plantio nas gerações de maior ordem, contudo obtendo-se 
ao final, várias linhagens endogâmicas. 
A distribuição espacial das plantas no campo experimental foi proposta em 
1897, na Estação Experimental de Illinois, por C. G. Hopkins (Krug, 1938). Esta 
técnica, conhecida como seleção por "ear-to-row" (espiga por linha), consiste 
na semeadura em linha de duas ou três dezenas de sementes de uma mesma 
espiga, selecionando-se, a cada geração, os melhores descendentes. 
É normal observar-se na descendência das plantas autofecundadas o 
surgimento de algumas com distúrbios/defeitos (plantas albinas, 
desenvolvimento lento do tubo polínico), bem como vigor reduzido (redução do 
porte da planta, da quantidade de grãos de pólen, dos estilos-estigmas) em 
comparação com a genitora. A esta ocorrência chama-se depressão causada 
pela endogamia. 
 
 
8 
Avaliação da capacidade de combinação das linhagens endogâmicas 
Não existe relação direta entre o rendimento de um híbrido com o rendimento 
das linhagens endogâmicas de sua formação. Portanto o cruzamento entre 
linhagens muito produtivas não necessariamente produz um híbrido muito 
produtivo e, da mesma forma, o cruzamento entre linhagens endogâmicas 
medíocres não é garantia de obtenção de híbridos improdutivos. Assim verifica-
se a importância da avaliação da capacidade de combinação entre as 
linhagens com o objetivo de obter híbridos superiores. 
É fato que ao final de um programa de autofertilização devem ser obtidas 
muitas linhagens, talvez centenas. Quanto mais linhagens se dispuser melhor, 
pois mais possibilidades há de seleção e oportunidade de obtenção de híbridos 
superiores. Por outro lado surge o problema de se descobrir qual ou quais são 
as combinações melhores. 
O número possível de cada tipo de cultivar híbrida pode ser calculado segundo 
o número(n) de linhagens endogâmicas disponíveis, como se segue: 
 
 Número de Híbridos Simples = n(n-1)/2; 
 
 Número de Híbridos triplos = n(n-1)(n-2)/2 e 
 
 Número de Híbridos Duplos = n(n-1)(n-2)(n-3)/8. 
 
Número de 
Linhagens N º HS Nº HT Nº HD
1 0 0 0
2 1 0 0
3 3 3 0
4 6 12 3
5 10 30 15
6 15 60 45
7 21 105 105
8 28 168 210
9 36 252 378
10 45 360 630
50 1225 58800 690900
60 1770 102660 1E+06
61 1830 107970 2E+06
62 1891 113460 2E+06
63 1953 119133 2E+06
64 2016 124992 2E+06
65 2080 131040 2E+06
100 4950 485100 1E+07
200 19900 4E+06 2E+08
1000 499500 5E+08 1E+11
 
figura1. Número possível de híbridos simples, triplos e duplos segundo o 
número de linhagens. 
 
 
9 
Dada a complexidade e, sobretudo dificuldade logística de realização de todas 
as combinações possíveis os estudos evoluíram de forma a prospectar-se 
entre as linhagens endogâmicas possíveis quais melhor se combinam. 
 
O procedimento utilizado foi proposto por Davis (1927) e consiste da 
semeadura de 20 a 25 sementes, em uma linha, de cada uma das linhagens, 
lado-a-lado, intercaladas, com um “testador”. Todas as linhagens endogâmicas 
serão despendoadas e polinizadas exclusivamente pelo testador, constituindo o 
método “Top-cross”. Com a utilização dos “Top-crosses” é possível medir a 
capacidade de combinação geral (ccg) ou capacidade de combinação 
específica (cce), conforme a base genética do testador. Quanto maior é a 
endogamia do testador maior é capacidade de combinação específica. O bloco 
de cruzamento é realizado e, ao final, selecionam-se as plantas conforme um 
índice de seleção (Is) previamente estabelecido. Vide a ilustração em que se 
considera a existência de cem linhagens. 
 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
1 
2 
2 
2 
2 
2 
2 
2 
2 
3 
3 
3 
3 
3 
3 
3 
3 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
4 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
5 
5 
5 
5 
5 
5 
5 
5 
6 
6 
6 
6 
6 
6 
6 
6 
7 
7 
7 
7 
7 
7 
7 
7 
8 
8 
8 
8 
8 
8 
8 
8 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
9 
9 
9 
9 
9 
9 
9 
9 
 
 
 
 
.......... 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
9 
3 
 
9 
3 
 
9 
3 
9 
4 
 
9 
4 
 
9 
4 
9 
5 
 
9 
5 
 
9 
5 
9
6 
 
9
6 
 
9 
6 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
9 
7 
 
9 
7 
 
9 
7 
9 
8 
 
9 
8 
 
9 
8 
9 
9 
 
9 
9 
 
9 
9 
 
1 
0 
0 
 
1 
0 
0 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
T 
Figura: Esquema de Topcross com 100 linhagens (1,2,3,4,5,6,8,9...100) e um 
único testador. 
 
 
 
10 
Utilização das linhagens endogâmicas para obtenção da melhor combinação 
híbrida. 
 
 
Ressalte-se que a intenção inicial era a produção e exploração dos híbridos 
simples, todavia o alto custo de obtenção dessas sementes e o número 
reduzido de linhagens endogâmicas da época não despertou interesse 
comercial. Assim, no início dos anos 1920 a produção comercial concentrou-se 
na oferta de híbridos duplos. O elevado custo da semente híbrida F1, ou seja 
HS, era consequência do baixo vigor das linhagens utilizadas como planta-
mãe, receptora de pólen à época. Nos anos 1030 os HD foram aos poucos 
substituindo as variedades de polinização livre (VPL) e na década seguinte já 
respondiam por 75% da área de cultivo de milho norte-americana. Nesta 
mesma ocasião iniciam-se os primeiros trabalhos de introdução de milho 
híbrido promovidas pela Fundação Rockefeller. 
 
11 
 
 
 
 
Considerando a importância da linhagem endogâmica vamos verificar os 
aspectos importantes de sua escolha e os critérios desta seleção, a partir do 
quadro hipotético apresentado a seguir, vejamos: 
 
12 
 
Explicações: 
1) cada letra (a, b, c, d, e) representa uma linhagem (L) endogâmica 
distinta; 
2) a produtividade de cada linhagem encontra-se na diagonal da tabela, na 
cor vermelha, por exemplo a produtividade da linhagem A (La) é de 1,73 
t/ha. 
3) os números fora da diagonal representam a produtividade dos híbridos 
simples (HS), por exemplo a produtividade do HS entre as linhagens a e 
b (HSab) é de 4,86 t/ha. 
 
Observações: 
1) A linhagem mais produtividade é a linhagem b; 
2) A linhagem menos produtividade é a linhagem a; 
3) O híbrido simples mais produtivo é formado pelo cruzamento entre as 
linhagens b e d, logo HSbd; 
4) O híbrido simples menos produtivo é formado pelo cruzamento entre as 
linhagens a e b, logo HSab; 
 
Não existe uma relação direta entre a produtividade de um híbrido simples e a 
produtividade das linhagens formadoras deste híbrido simples. Portanto, o 
cruzamento entre linhagens mais produtivas não garante a obtenção de um 
híbrido simples muito produtivo, a recíproca também é verdadeira. Portanto há 
 
13 
complementariedade entre as linhagens na formação dos híbridos, um exemplo 
prático pode ser encontrado em: 
(https://www.researchgate.net/profile/Renzo_Pinho/publication/238076337_Cap
acidade_de_combinacao_entre_linhagens_de_milho_visando_a_producao_de
_milho_verde/links/02e7e538e09859707e000000/Capacidade-de-combinacao-
entre-linhagens-de-milho-visando-a-producao-de-milho-verde.pdf). 
 
 
Figura; Hibridos triplos possíveis com as linhagens A, B, C, D e E. 
 
 
 
Figura: Híbridos duplos possíveis com as linhgens A, B, C, D e E. 
 
 
 
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Predição de produtividade de híbrido duplo 
 
A partir das informaçõesde produtividades dos híbridos simples é possível 
estimar a produtividades dos híbridos duplos. JENKINS (1934) concluiu que o 
rendimento médio dos quatro híbridos simples que não são usados na 
composição do híbrido duplo permite predizer a produtividade do melhor 
híbrido. Portanto, calcula-se a média de todos os híbridos simples possíveis 
com as linhagens formadoras do HD que não entraram em sua formação, por 
exemplo, a partir da tabela dialélica anterior, a estimativa de produtividade do 
HD(AB)(CD) é obtida a partir da média dos outros híbridos simples possíveis 
com estas linhagens e que não integram sua composição: 
 
 
 
 LA LB 
LC HSAB HSBC 
LD HSAD HSBD 
 
 
[HS(AC) + HS(AD) + HS(BC) + HS(BD)]/4 
 
Assim fazendo-se é possível obter as estimativas de produtividade de todos os 
híbridos duplos possíveis com as linhagens com as linhagens hipotéticas (A, B, 
C, D e E) do quadro anterior: 
 
HD(AB)(CD) = 6,89 HD(AC)(BD) = 5,05 HD(AD)(BC) = 5,77 
HD(AB)(CE) = 5,44 HD(AC)(BE) = 4,25 HD(AE)(BC) = 5,63 
HD(AB)(DE) = 5,62 HD(AD)(BE) = 6,08 HD(AE)(BD) = 6,13 
HD(AC)(DE) = 6,19 HD(AD)(CE) = 5,32 HD(AE)(CD) = 6,62 
HD(BC)(DE) = 6,63 HD(BD)(CE) = 5,65 HD(BE)(CD) = 6,91 
 
Observção: 
Com este mesmo raciocínio se pode predizer ou estimar a produtividade dos 
híbridos triplos e, principalmente, responder o que ocorre quando se utilizam as 
sementes de “paiol” ou sementes “salvas”. Enfim, quando se semeiam grãos de 
híbridos ao invés de adquirir as sementes híbridas. 
 
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Estudo de caso: cultivar P4285YHR? 
 
Indagações preliminares: 
1. Quantas folhas uma planta de milho emite? 
Cada planta desenvolve 20-21 folhas no total, 
2. Aproximadamente quando a planta de milho floresce? 
floresce cerca de 65 dias após a emergência e atinge a maturidade fisiológica 
cerca de 125 dias após a emergência. 
 
A semente comercial de milho híbrido é aquela colhida em campos especiais 
de cruzamentos, obedecendo a determinadas técnicas, desde o plantio das 
plantas masculinas e femininas até o beneficiamento da semente, passando 
pelo processo de emasculação ou despendoamento das plantas-mães do 
híbrido. Vamos pois, verificar o caso da cultivar P4285YHR 
A cultivar P4285YHR é do tipo híbrido simples. Ela resulta do cruzamento entre 
duas linhagens endogâmicas distintas. A diferença genética entre as linhagens 
faz com que o híbrido apresente muitos loci em heterozigose, potencializando o 
surgimento da heterose. 
Uma linhagem endogâmica de milho é formada por plantas oriundas de um 
processo de autofertilização artificial por vários anos ou ciclos e que conduzem 
ao aumento da homozigose. 
 
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MOMENTO CULTURAL – CORA CORALINA. 
Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras 
pobres. 
Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. 
Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de 
acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão 
perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou. 
Sou a planta primária da lavoura. Não me pertence à hierarquia 
tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal. O 
 
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Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos 
altares. 
Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a 
terra, onde não vinga o trigo nobre. 
Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de 
rústicos e animais do jugo. 
Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques, coroados de 
rosas e de espigas, e os hebreus iam em longas caravanas buscar 
na terra do Egito o trigo dos faraós, 
Quando Rute respigava cantando nas searas de Booz e Jesus 
abençoava os trigais maduros, eu era apenas o bró nativo das 
tabas ameríndias. 
Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito. 
Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a 
farinha econômica do proletário. 
Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em 
terra estranha. 
Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis. 
Sou o cocho abastecido donde rumina o gado. 
Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece. 
Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos. 
Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste 
necessária e humilde. 
Sou o Milho” 
 
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Bibliografia: 
Shull, E . H. Hybridization methods in corn breeding. Amer. Breed. Mag. 1: 98-107 . 
1910 . 
Mendel, G., 1866, Versuche über Pflanzen-Hybriden. Verh. Naturforsch. Ver. Brünn 4: 
3–47 (in English in 1901, J. R. Hortic. Soc. 26: 1–32).

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