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1 UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária Disciplina: Melhoramento de Plantas (161187) Obtenção de uma cultivar comercial alógama Prof. Everaldo Anastácio Pereira Desde o início da agricultura, no Neolítico, duas condições são essenciais: o aperfeiçoamento das técnicas de cultivo e a escolha da planta a ser cultivada. Desta feita, verifica-se que não existe grau de importância destas condições, visto que são complementares. Aliás, ambas são objetivos e preocupações da ciência agronômica. A escolha/seleção das plantas é especialmente estudada pela disciplina Melhoramento de Plantas, cujo consiste em ajustar planta e ambiente com fins quantitativo de qualitativo da produção. Anteriormente aos trabalhos de Mendel, o melhoramento de plantas e animais era atividade empírica, que em uma acepção filosófica era traduzida na lógica tautológica de que “o bom gera o bom”. Desta feita se procurava reunir as boas características de indivíduos distintos em um só indivíduo, por meio de cruzamentos, ou de seleções dirigidas. Como resultado plantas e animais com desempenho superior eram obtidos mesmo sem o conhecimento da hereditariedade. É sabido que aqueles estudos revolucionários (Mendel, 1866) foram ignorados por mais de três décadas, sendo resgatados apenas após a morte do autor, permitindo o entendimento da hereditariedade traduzida nas três Leis de Mendel (dominância, segregação e independência). Posteriormente outros pesquisadores: Johannsen e Bateson cunharam, respectivamente, as palavras gene e genética. Atualmente verifica-se o avanço sempre crescente que a genética vem imprimindo a ciência. A humanidade está na fronteira do conhecimento da origem e transformação da vida. Vive-se hoje com a enorme certeza de que informação é tudo e graças ao desenvolvimento tecnológico, sobretudo nano tecnológico, já não é possível surpreender-se com as possibilidades que estão por vir. A velocidade de acúmulo do conhecimento científico permitiu a alteração do número e da constituição do gene via indução por agentes artificiais, com a obtenção de mutantes e poliploides. Entretanto, vários resultados 2 experimentais que resultam em alterações artificiais não têm interesse prático/econômico. Assim, a forma mais eficiente de obtenção de plantas modernas ainda consiste no antiquíssimo método de seleção de características desejáveis para reunião em uma ou poucas plantas, via as técnicas de cruzamento possíveis. Portanto, o melhorista deve ser suficientemente capacitado e incansável na tarefa de prospectar características de interesse modernas (tolerância a herbicidas, a pragas, a estresse hídrico) que a natureza oferece ou que é passível de obtenção para incorporação nas cultivares modernas e adaptadas. Em resumo sua tarefa consiste na identificação de cultivares promissoras, aplicação um método que possa reuni-las em uma apenas uma cultivar, incorporando características quantitativas e qualitativas vantajosas. O melhorista é, pois um paciente colecionador de características, com instinto de um cuidadoso observador, capaz de perceber diferenças sutis de importância econômica e de julgar a relativa importância de cada uma delas, com renovado interesse pelo melhor. Esta postura no melhoramento de plantas e animais tem promovido o desenvolvimento agronômico via resultados verdadeiramente extraordinários. Sem dúvida alguma, o primeiro passo na produção de uma cultura é a escolha da semente. O rendimento de uma lavoura de milho é o resultado do potencial genético da semente e das condições edafoclimáticas do local de plantio, além do manejo da lavoura. De modo geral, a cultivar é responsável por 50% do rendimento final. Consequentemente, a escolha correta da semente pode ser a razão do sucesso ou do insucesso da lavoura. O milho (Zea mays) será utilizado como exemplo por que: 1. possui grande interesse econômico, tem uma enorme quantidade de cultivares comerciais, bem como de estudos e informações; 2. é uma espécie alógama e sua reprodução ocorre prioritariamente a partir do fluxo gênico (cruzamento) entre plantas distintas. Apenas um porcentual reduzido de sementes/grãos de uma espiga é oriundo de autofertilização; 3. autofecundações sucessivas conduzem à homozigose, logo se verifica depressão causada pela endogamia. Por isso, durante os ciclos de autofecundação são feitas seleções para caracteres de interesse agronômico; 4. é uma planta especialmente fácil de manipulação por que é monóica e possui flores masculinas e femininas agrupadas em inflorescência e em posições diferentes e 5. do ponto de vista comercial todo híbrido de milho é uma patente-nata visto que somente o detentor da linhagens endogâmicas é capaz de produzí-lo. 3 Nas principais regiões produtoras do país, o crescimento da produtividade de milho, desde a metade do século passado, segue o modelo já descrito nos Estados Unidos de utilização de sementes híbridas com maior potencial de rendimento (melhoramento genético), maior uso de fertilizantes e agrotóxicos, melhoria no arranjo espacial de plantas (espaçamento e densidade), máquinas agrícolas mais eficientes e adoção do sistema de plantio direto na palha. A adoção conjunta de cultivares melhoradas, de insumos e de técnicas de cultivos adequados fez com que o rendimento do milho superasse em muito, outros cereais. A proposta de cruzar o milho, para explorar o vigor do híbrido, foi exposta, independentemente, em 1909, por Shull, East e Collins (Shull,1910), que estabeleceram assim as bases dos modernos métodos de melhoramento deste cereal. As cultivares comerciais de milho disponibilizadas atualmente são identificadas como híbridos de linhagens endogâmicas (HLE) e variedades de polinização livre (VPL) ou aberta (VPA). Os HLE apresentam sementes mais caras e são encontrados nas seguintes versões: híbridos simples (HS), híbridos triplos (HT) e híbridos duplos (HD), conforme o número de linhagens endogâmicas (LE) envolvidas em sua concepção. A utilização das linhagens endogâmicas na criação de cultivares híbridas é muito auspiciosa devido aos diversos e possíveis tipos destas cultivares, verifique os tipos e suas características: 1. Híbrido Simples (HS) é obtido pelo cruzamento entre apenas duas linhagens distintas. Todas as plantas deste tipo de híbrido têm constituição genética muito semelhante, praticamente idêntica, segundo as linhagens utilizadas e as gerações de autofertilização de obtenção destas linhagens, por isso, apresenta adaptação limitada à diferentes ambientes. É a cultivar a ser utilizada quando são adotados sistemas de produção que utilizam alta tecnologia ou se exige produto de grande uniformidade, como por exemplo para industrialização. Suas sementes são muito caras devido ao menor rendimento das linhagens endogâmicas utilizadas nos campos instalados para a sua produção, entretanto este híbrido traduz o vigor híbrido, sendo o mais produtivo; 2. Híbrido Triplo (HT) é obtido pelo cruzamento entre um híbrido simples e uma terceira linhagem distinta daquelas utilizadas no HS. É uma cultivar com maior capacidade de adaptação ao ambiente por que as plantas não tem a mesma constituição. Este híbrido é menos produtivo que o HS, entretanto as suas sementes são mais baratas por que são produzidas no HS, a partir da polinização da linhagem. Cultivares comerciais de HT são indicadas para média a alta tecnologia.; 4 3. Híbrido Duplo (HD) é obtido pelo cruzamento entre dois híbridos simplesde linhagens distintas, portanto são envolvidas quatro linhagens. Neste tipo encontram-se as cultivares com maior estabilidade de adaptação aos diferentes ambientes, devido à ampliação de sua base genética. Entre os híbridos de linhagem este é o menos produtivo e também o de semente mais barata por que não há problema de produtividade das sementes. É indicado quando se adota nível tecnológico médio. Observe o resumo no quadro seguinte. Cultivar (tipo) Formação Estabili- dade* Semente (preço) Produtivi- dade Uniformi- dade HS L1xL2 + ++++ ++++ ++++ HSm (L1xL1’)xL2 + +++ ++++ ++++ HT HS12xL3 ++ +++ +++ +++ HTm HS12x(L3xL3’) ++ ++ +++ +++ HD HS12xHS34 +++ ++ ++ ++ VPL População ++++ + + + TC VPLxL1 ++++ + + + Uma cultivar de milho do tipo variedade de polinização livre (VPL) ou aberta (VPA) é formada por uma população de plantas com características comuns, sendo um material geneticamente estável e que, por esta razão, com os devidos cuidados em sua multiplicação, pode ser reutilizada por várias safras sem nenhuma perda de seu potencial produtivo. Vale salientar que este tipo de cultivar não foi submetido a nenhum processo de autofecundações sucessivas e que sua estabilidade genética ocorre conforme o Equilíbrio de Hardy e Weinberg. Em geral as VPL/VPA apresentam sementes mais baratas e potencial produtivo menor e maior estabilidade de produção em diferentes ambientes. Para melhor compreensão destes dois tipos de cultivares comerciais iniciaremos o estudo pelas cultivares híbridas seguida das variedades de polinização livre/abertas. Podem ser encontrados no mercado outros tipos de cultivares híbridas. Algumas com objetivos específicos como, por exemplo, para contornar o problema da baixa produção das linhagens e o alto custo das sementes dos híbridos simples e triplos surgiram os híbridos modificados. Nestes híbridos uma das linhagens é parcialmente revigorada, via cruzamento prévio dela, com uma linhagem estreitamente aparentada. Quando do programa de autofertilização nas gerações mais avançadas (S5) são conduzidas mais de uma espiga, que resulta ao final, linhagens com ascendência comum e alta similaridade, sendo possível discriminá-las como linhagens primas que 5 esquematicamente podem receber a denominações de linhagens: J(jota) e J’(jota linha). Assim, também, podem ser comercializados: Híbrido simples modificado - HSm onde o receptor de pólen é uma linhagem parcialmente revigorada por outra linhagem estreitamente aparentada e o doador de polén é uma linhagem distinta; Híbrido triplo modificado - HTm - o receptor de polén é um híbrido simples formado por duas linhagens distintas e o doador de polén é uma linhagem parcialmente revigorada por outra linhagem estreitamente aparentada; Híbrido intervarietal (HIV), que é o resultado do cruzamento entre duas VPL; Topcross (TC) oriundo do cruzamento de linhagens com um polinizador comum (testador), por exemplo VPL. Os híbridos têm o máximo vigor e produtividade na primeira geração (F1), sendo necessária a aquisição de sementes híbridas todos os anos. Se os grãos colhidos forem semeados, o que corresponde a uma segunda geração (F2), haverá redução, dependendo do tipo do híbrido, de 15 a 40% na produtividade, perda de vigor e grande variação entre plantas. O milho híbrido é a expressão do vigor (heterótico) obtida com o cruzamento de linhagens previamente selecionadas. Para obtenção de híbridos é necessário o cumprimento das seguintes etapas: 1. obtenção de um número razoável de linhagens endogâmicas; 2. avaliação da capacidade de combinação entre as linhagens endogâmicas obtidas e 3. cruzamento entre as linhagens endogâmicas para avaliação da melhor combinação híbrida. Obtenção de linhagens endogâmicas. Para obtenção de linhagens endogâmicas procede-se a sucessivas autofertilizações de diversas plantas selecionadas a partir de uma população original. O processo, usualmente, consome de 5 a 7 gerações de autofertilizações e semeadura dos descendentes correspondentes às plantas autofecundadas na geração imediatamente anterior, constituindo-se em um processo repetitivo. As sementes de cada espiga auto fertilizada, de uma determinada geração, formam um lote único e são designadas como S1, S2, S3,...,Sn, onde o “n” corresponde ao número/geração da autofecundação. Na população inicial - geração S0 - centenas de plantas são selecionadas para serem autofertilizadas. Nesta seleção consideram-se os critérios objetivos do 6 programa com base no aspecto visual de sanidade das plantas, bom enraizamento; resistência ao acamamento; folhas longas, largas, verde- escuras e bem sadias; pendão bem desenvolvido; bonecas colocadas a uma altura conveniente, tempo de desenvolvimento ou acúmulo de temperatura, realizando-se a eliminação das plantas sem estas características. Este procedimento é conhecido pela terminologia da língua inglesa “rouguing”. É comum a quantificação de desenvolvimento da planta com a terminologia “HU” (denominação do inglês Heat Units, Unidades de Calor) que considera a soma térmica ao longo do tempo. De uma forma geral, as plantas de milho emitem suas folhas com base na sua maturidade relativa e no ambiente de crescimento. Normalmente há emissão entre 16 à 20 folhas. Genótipos precoces apresentam menos que isto (12/16 folhas) em plena maturidade enquanto os mais tardios em ambientes tropicais podem desenvolver 20/30 folhas ou mais. Até o florescimento uma nova folha abre-se completamente com o acúmulo de aproximadamente 60 a 80 UCs. Para a certificação das autofertilizações é necessário que antes que o estilo- estigma (“cabelo-da-espiga”) da inflorescência feminina (“boneca”) de cada planta apareça ela seja protegida com um saco de papel impermeável (“spi”). Tão logo as plantas iniciem a liberação de pólen um outro “spi” deve ser colocado sobre a inflorescência masculina (pendão/flecha) para protegê-la e coletar o pólen. Transcorridas aproximadamente 8h a maioria das anteras de cada pendão deve estar aberta, portanto, procede-se a autofertilização de todas as plantas individualmente da seguinte maneira: 1. envergue e agite leve e cuidadosamente o terço superior da planta para promover a liberação dos grãos de pólen no “spi” colocado previamente; 2. retire cuidadosa e rapidamente o “spi” que protege a espiga e o substitua pelo “spi” que protegia o pendão e que foi utilizado para a coleta do pólen e 3. o “spi” permanecerá protegendo a “boneca” em desenvolvimento até o seu completo desenvolvimento em espiga, ou mesmo até a colheita. Das espigas colhidas das plantas da geração S0 obtém-se as sementes da primeira geração de autofertilização (S1). Realizada a coleta das espigas de todas as plantas da geração S0, estas são numeradas e colocadas em sacos de papel individualmente e levadas para laboratório para realização do procedimento seguinte: 1. avaliação visual das espigas para eliminação daquelas com patógenos ou mal formadas (tortas, empalhamento insuficiente); 2. pesagem da espiga, debulha (trilha) e pesagem das sementes; 3. acondicionamento das sementes trilhadas individualmente em sacos separados e identificados; 7 4. de 25 à 30 sementes são escolhidas de cada lote de sementes S1 e são semeadas, em uma mesma linha, com distância de aproximadamente 20cm entre sementes e no mínimo 1m entre linhas, para facilitar a avaliação e autofertilização da próxima geração; 5. durante o desenvolvimento das plantas consideram-se os mesmos critérios de “rouguing” da geração anterior; 6. quando aplanta iniciar a emissão da “boneca” escolhe-se de 3 a 5 plantas para realização das auto fertilizações e constituição da geração imediatamente seguinte (S2) e 7. Seleciona-se a melhor espiga para prosseguir na próxima geração. E assim o processo se repete pelo número de gerações (Sn) que o melhorista julgar conveniente, normalmente 6 a 8. Com uma tendência de redução do número de linhas de plantio nas gerações de maior ordem, contudo obtendo-se ao final, várias linhagens endogâmicas. A distribuição espacial das plantas no campo experimental foi proposta em 1897, na Estação Experimental de Illinois, por C. G. Hopkins (Krug, 1938). Esta técnica, conhecida como seleção por "ear-to-row" (espiga por linha), consiste na semeadura em linha de duas ou três dezenas de sementes de uma mesma espiga, selecionando-se, a cada geração, os melhores descendentes. É normal observar-se na descendência das plantas autofecundadas o surgimento de algumas com distúrbios/defeitos (plantas albinas, desenvolvimento lento do tubo polínico), bem como vigor reduzido (redução do porte da planta, da quantidade de grãos de pólen, dos estilos-estigmas) em comparação com a genitora. A esta ocorrência chama-se depressão causada pela endogamia. 8 Avaliação da capacidade de combinação das linhagens endogâmicas Não existe relação direta entre o rendimento de um híbrido com o rendimento das linhagens endogâmicas de sua formação. Portanto o cruzamento entre linhagens muito produtivas não necessariamente produz um híbrido muito produtivo e, da mesma forma, o cruzamento entre linhagens endogâmicas medíocres não é garantia de obtenção de híbridos improdutivos. Assim verifica- se a importância da avaliação da capacidade de combinação entre as linhagens com o objetivo de obter híbridos superiores. É fato que ao final de um programa de autofertilização devem ser obtidas muitas linhagens, talvez centenas. Quanto mais linhagens se dispuser melhor, pois mais possibilidades há de seleção e oportunidade de obtenção de híbridos superiores. Por outro lado surge o problema de se descobrir qual ou quais são as combinações melhores. O número possível de cada tipo de cultivar híbrida pode ser calculado segundo o número(n) de linhagens endogâmicas disponíveis, como se segue: Número de Híbridos Simples = n(n-1)/2; Número de Híbridos triplos = n(n-1)(n-2)/2 e Número de Híbridos Duplos = n(n-1)(n-2)(n-3)/8. Número de Linhagens N º HS Nº HT Nº HD 1 0 0 0 2 1 0 0 3 3 3 0 4 6 12 3 5 10 30 15 6 15 60 45 7 21 105 105 8 28 168 210 9 36 252 378 10 45 360 630 50 1225 58800 690900 60 1770 102660 1E+06 61 1830 107970 2E+06 62 1891 113460 2E+06 63 1953 119133 2E+06 64 2016 124992 2E+06 65 2080 131040 2E+06 100 4950 485100 1E+07 200 19900 4E+06 2E+08 1000 499500 5E+08 1E+11 figura1. Número possível de híbridos simples, triplos e duplos segundo o número de linhagens. 9 Dada a complexidade e, sobretudo dificuldade logística de realização de todas as combinações possíveis os estudos evoluíram de forma a prospectar-se entre as linhagens endogâmicas possíveis quais melhor se combinam. O procedimento utilizado foi proposto por Davis (1927) e consiste da semeadura de 20 a 25 sementes, em uma linha, de cada uma das linhagens, lado-a-lado, intercaladas, com um “testador”. Todas as linhagens endogâmicas serão despendoadas e polinizadas exclusivamente pelo testador, constituindo o método “Top-cross”. Com a utilização dos “Top-crosses” é possível medir a capacidade de combinação geral (ccg) ou capacidade de combinação específica (cce), conforme a base genética do testador. Quanto maior é a endogamia do testador maior é capacidade de combinação específica. O bloco de cruzamento é realizado e, ao final, selecionam-se as plantas conforme um índice de seleção (Is) previamente estabelecido. Vide a ilustração em que se considera a existência de cem linhagens. T T T T T T T T 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 T T T T T T T T 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 8 T T T T T T T T 9 9 9 9 9 9 9 9 .......... T T T T T T T T 9 3 9 3 9 3 9 4 9 4 9 4 9 5 9 5 9 5 9 6 9 6 9 6 T T T T T T T T 9 7 9 7 9 7 9 8 9 8 9 8 9 9 9 9 9 9 1 0 0 1 0 0 T T T T T T T T Figura: Esquema de Topcross com 100 linhagens (1,2,3,4,5,6,8,9...100) e um único testador. 10 Utilização das linhagens endogâmicas para obtenção da melhor combinação híbrida. Ressalte-se que a intenção inicial era a produção e exploração dos híbridos simples, todavia o alto custo de obtenção dessas sementes e o número reduzido de linhagens endogâmicas da época não despertou interesse comercial. Assim, no início dos anos 1920 a produção comercial concentrou-se na oferta de híbridos duplos. O elevado custo da semente híbrida F1, ou seja HS, era consequência do baixo vigor das linhagens utilizadas como planta- mãe, receptora de pólen à época. Nos anos 1030 os HD foram aos poucos substituindo as variedades de polinização livre (VPL) e na década seguinte já respondiam por 75% da área de cultivo de milho norte-americana. Nesta mesma ocasião iniciam-se os primeiros trabalhos de introdução de milho híbrido promovidas pela Fundação Rockefeller. 11 Considerando a importância da linhagem endogâmica vamos verificar os aspectos importantes de sua escolha e os critérios desta seleção, a partir do quadro hipotético apresentado a seguir, vejamos: 12 Explicações: 1) cada letra (a, b, c, d, e) representa uma linhagem (L) endogâmica distinta; 2) a produtividade de cada linhagem encontra-se na diagonal da tabela, na cor vermelha, por exemplo a produtividade da linhagem A (La) é de 1,73 t/ha. 3) os números fora da diagonal representam a produtividade dos híbridos simples (HS), por exemplo a produtividade do HS entre as linhagens a e b (HSab) é de 4,86 t/ha. Observações: 1) A linhagem mais produtividade é a linhagem b; 2) A linhagem menos produtividade é a linhagem a; 3) O híbrido simples mais produtivo é formado pelo cruzamento entre as linhagens b e d, logo HSbd; 4) O híbrido simples menos produtivo é formado pelo cruzamento entre as linhagens a e b, logo HSab; Não existe uma relação direta entre a produtividade de um híbrido simples e a produtividade das linhagens formadoras deste híbrido simples. Portanto, o cruzamento entre linhagens mais produtivas não garante a obtenção de um híbrido simples muito produtivo, a recíproca também é verdadeira. Portanto há 13 complementariedade entre as linhagens na formação dos híbridos, um exemplo prático pode ser encontrado em: (https://www.researchgate.net/profile/Renzo_Pinho/publication/238076337_Cap acidade_de_combinacao_entre_linhagens_de_milho_visando_a_producao_de _milho_verde/links/02e7e538e09859707e000000/Capacidade-de-combinacao- entre-linhagens-de-milho-visando-a-producao-de-milho-verde.pdf). Figura; Hibridos triplos possíveis com as linhagens A, B, C, D e E. Figura: Híbridos duplos possíveis com as linhgens A, B, C, D e E. 14 Predição de produtividade de híbrido duplo A partir das informaçõesde produtividades dos híbridos simples é possível estimar a produtividades dos híbridos duplos. JENKINS (1934) concluiu que o rendimento médio dos quatro híbridos simples que não são usados na composição do híbrido duplo permite predizer a produtividade do melhor híbrido. Portanto, calcula-se a média de todos os híbridos simples possíveis com as linhagens formadoras do HD que não entraram em sua formação, por exemplo, a partir da tabela dialélica anterior, a estimativa de produtividade do HD(AB)(CD) é obtida a partir da média dos outros híbridos simples possíveis com estas linhagens e que não integram sua composição: LA LB LC HSAB HSBC LD HSAD HSBD [HS(AC) + HS(AD) + HS(BC) + HS(BD)]/4 Assim fazendo-se é possível obter as estimativas de produtividade de todos os híbridos duplos possíveis com as linhagens com as linhagens hipotéticas (A, B, C, D e E) do quadro anterior: HD(AB)(CD) = 6,89 HD(AC)(BD) = 5,05 HD(AD)(BC) = 5,77 HD(AB)(CE) = 5,44 HD(AC)(BE) = 4,25 HD(AE)(BC) = 5,63 HD(AB)(DE) = 5,62 HD(AD)(BE) = 6,08 HD(AE)(BD) = 6,13 HD(AC)(DE) = 6,19 HD(AD)(CE) = 5,32 HD(AE)(CD) = 6,62 HD(BC)(DE) = 6,63 HD(BD)(CE) = 5,65 HD(BE)(CD) = 6,91 Observção: Com este mesmo raciocínio se pode predizer ou estimar a produtividade dos híbridos triplos e, principalmente, responder o que ocorre quando se utilizam as sementes de “paiol” ou sementes “salvas”. Enfim, quando se semeiam grãos de híbridos ao invés de adquirir as sementes híbridas. 15 16 17 Estudo de caso: cultivar P4285YHR? Indagações preliminares: 1. Quantas folhas uma planta de milho emite? Cada planta desenvolve 20-21 folhas no total, 2. Aproximadamente quando a planta de milho floresce? floresce cerca de 65 dias após a emergência e atinge a maturidade fisiológica cerca de 125 dias após a emergência. A semente comercial de milho híbrido é aquela colhida em campos especiais de cruzamentos, obedecendo a determinadas técnicas, desde o plantio das plantas masculinas e femininas até o beneficiamento da semente, passando pelo processo de emasculação ou despendoamento das plantas-mães do híbrido. Vamos pois, verificar o caso da cultivar P4285YHR A cultivar P4285YHR é do tipo híbrido simples. Ela resulta do cruzamento entre duas linhagens endogâmicas distintas. A diferença genética entre as linhagens faz com que o híbrido apresente muitos loci em heterozigose, potencializando o surgimento da heterose. Uma linhagem endogâmica de milho é formada por plantas oriundas de um processo de autofertilização artificial por vários anos ou ciclos e que conduzem ao aumento da homozigose. 18 19 20 21 MOMENTO CULTURAL – CORA CORALINA. Sou a planta humilde dos quintais pequenos e das lavouras pobres. Meu grão, perdido por acaso, nasce e cresce na terra descuidada. Ponho folhas e haste e se me ajudares Senhor, mesmo planta de acaso, solitária, dou espigas e devolvo em muitos grãos, o grão perdido inicial, salvo por milagre, que a terra fecundou. Sou a planta primária da lavoura. Não me pertence à hierarquia tradicional do trigo. E de mim, não se faz o pão alvo, universal. O 22 Justo não me consagrou Pão da Vida, nem lugar me foi dado nos altares. Sou apenas o alimento forte e substancial dos que trabalham a terra, onde não vinga o trigo nobre. Sou de origem obscura e de ascendência pobre. Alimento de rústicos e animais do jugo. Quando os deuses da Hélade corriam pelos bosques, coroados de rosas e de espigas, e os hebreus iam em longas caravanas buscar na terra do Egito o trigo dos faraós, Quando Rute respigava cantando nas searas de Booz e Jesus abençoava os trigais maduros, eu era apenas o bró nativo das tabas ameríndias. Fui o angu pesado e constante do escravo na exaustão do eito. Sou a broa grosseira e modesta do pequeno sitiante. Sou a farinha econômica do proletário. Sou a polenta do imigrante e a miga dos que começam a vida em terra estranha. Sou apenas a fartura generosa e despreocupada dos paióis. Sou o cocho abastecido donde rumina o gado. Sou o canto festivo dos galos na glória do dia que amanhece. Sou o cacarejo alegre das poedeiras à volta dos seus ninhos. Sou a pobreza vegetal, agradecida a Vós, Senhor, que me fizeste necessária e humilde. Sou o Milho” 23 Bibliografia: Shull, E . H. Hybridization methods in corn breeding. Amer. Breed. Mag. 1: 98-107 . 1910 . Mendel, G., 1866, Versuche über Pflanzen-Hybriden. Verh. Naturforsch. Ver. Brünn 4: 3–47 (in English in 1901, J. R. Hortic. Soc. 26: 1–32).
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