Buscar

NCPC Norma Processual Fontes Dir.Proc.Civil

Prévia do material em texto

FONTES DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
As normas do Direito Processual Civil encontram suas fontes formais na Constituição da República e nas Leis Federais, bem como na Legislação local sobre organização Judiciária e do Ministério Público, e nos Regimentos Internos dos Tribunais. Supletivamente, ainda funcionam como fontes formais do Direito Processual Civil: a) regras procedimentais costumeiras; b) a jurisprudência uniforme dos tribunais compendiada em súmulas.
Os princípios gerais de direito e a doutrina podem complementar as fontes normativas do Direito Processual Civil, para cobrir-lhes as lacunas e omissões, como fontes formais secundárias, ou supletivas, o mesmo ocorrendo com a jurisprudência dos tribunais, mesmo quando não cristalizada em “súmulas”.
No direito brasileiro, em que a Constituição tem primado absoluto sobre as leis ordinárias, substancial é o reflexo dos textos constitucionais em todas as normas jurídicas, notadamente em relação às de Direito Processual (Civil ou Penal), em que se disciplina a atuação do Poder Judiciário no exercício da jurisdição.
Diversas regras da Constituição da Republica apresentam conteúdo processual, ou incidem como normas gerais de processo, de que os preceitos legais de Direito Processual Civil acabam sendo, muitas vezes, simples corolários ou aplicação.
Há, em primeiro lugar, normas denominadas de “superdireito”, relativas às próprias fontes formais do Direito Processual, e que se encontram nos artigos:22, I, XVII, 24, IV, X, XI, XIII, 33, 92,93,102,103,105,106,108,109,110,111,113,114,118,121,122,124,125,126,127,129,131,132,133 e 134.
O Direito Escrito e as Leis
Depois da Constituição, a primeira fonte normativa do Direito Processual Civil a ser apontada é a Legislação Ordinária. Em abstrato, podem ser fontes formais do Direito Processual Civil:
a) as normas elaboradas, no plano federal, segundo as regras constitucionais do processo legislativo (Constituição da República, artigo 59); b) as normas elaboradas, no plano estadual, para regular a organização judiciária e a instituição do Ministério Público; c) o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal.
Segundo o artigo 96, inciso I,alínea a, segunda parte, da atual Constituição Federal, compete privativamente aos tribunais “ elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos”.
As Leis Ordinárias, codificadas ou não, constituem a fonte por excelência do Direito Processual Civil. As Leis delegadas podem ser fontes de normas processuais civis desde que não visem regular “a organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros” (Constituição da Republica, artigo 68, §1°, I).
Claro está que “emendas à Constituição”, desde que atinjam regras processuais nesta contidas, podem ser fontes de normas processuais. No tocante às Leis Complementares (que na hierarquia das fontes se situam entre a Constituição e as Leis Ordinárias), dúvida ou não pode haver, em face de textos expressos da Constituição, de que também se incluem entre as fontes formais do Direito Processual.
A principal fonte em concreto do Direito Processual Civil, vigente, é a sua legislação codificada.
O Novo Código de Processo Civil compreende uma Parte Geral e uma Parte Especial. Na Parte Geral, o Livro I trata Das Normas Processuais Civis; o Livro II, Da Função Jurisdicional; o Livro III cuida Dos Sujeitos do Processo; o Livro IV, que cuida Dos Atos Processuais; o Livro V ocupa-se da Tutela Provisória; o Livro VI encampa o tratamento Da Formação, da Suspensão e da Extinção do Processo. A Parte Especial encontra-se dividida da seguinte forma: o Livro I trata do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença; o Livro cuida do Processo de Execução; o Livro III refere-se aos Processos nos Tribunais e dos meios de Impugnação das Decisões Judiciais. Finalmente, existe um Livro Complementar, que trata das Disposições Finais e Transitórias.
Normas de Organização Judiciária
	Enquanto a União legisla sobre Direito Processual, ex vi do dispositivo no artigo 22, I, da Constituição, - cabe aos Estados organizar a “sua justiça”, conforme está escrito no texto constitucional do artigo 125, caput. Todavia ali mesmo no artigo 125 estão determinadas as balizes e limites dessa competência legislativa: a Constituição explicita, no citado artigo 125, que, na organização de sua Justiça, os Estados observem os princípios estabelecidos na Constituição Federal.
	A Lei Complementar nº 35, de 14 de março de 1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional-, estabelece no artigo 95, que os Estados organizarão a sua Justiça com observância do disposto na Constituição Federal e do que nela se disciplina. E no artigo 132 estabelece que se aplicam à Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, no que couber, as normas referentes à Justiça dos Estados. As Normas de organização judiciária da magistratura federal e estadual, sujeitas aos princípios consagrados na Constituição Federal, subordinam-se compatibilizar com as regras jurídicas do Código de Processo Civil, nos termos de seu artigo 1.214. Regra o artigo 24, XI, que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre procedimentos em matéria processual.
	Em se tratando da magistratura federal (ordinária ou especial), e daquela do Distrito Federal, quem legisla sobre organização judiciária é apenas a União. Mas as leis federais sobre juízes e tribunais locais, bem como sobre os órgãos das justiças especiais, estão subordinadas à legislação complementar mencionada no artigo 93 da Constituição, tanto como as leis estaduais.
	Os artigos 95 e 132 da Lei Orgânica da Magistratura Nacional consagram esse principio da subordinação das Leis Federais e Estaduais de organização judiciária à Lei Complementar.
Normas Regimentais
	Os Regimentos Internos dos tribunais ainda constituem fonte normativa do Direito Processual Civil, uma vez que a anterior Constituição da Republica assim o determinava, no artigo 115, II, para melhor assegurar o autogoverno da magistratura.
	O Regimento, em muitos passos, é lei em sentido material. 
 
	Na hierarquia das fontes, o Regimento se situa, de regra, abaixo das leis formais do Direito Federal, à semelhança dos decretos e regulamentos do Poder Executivo.
	No Regimento, há também regulamentação das leis e resoluções, para cobrir-lhes as lacunas, complementar os preceitos vagos ou genéricos, sobre tudo quando consta remissão expressa , nesse sentido, da norma hierarquicamente superior, como se dá, por exemplo, no caso do artigo 479 do Código de Processo Civil.
	Tem o Regimento, todavia, conteúdo normativo próprio,ratione materiae, para disciplinar as questões de processo projetadas no campo dos assunto internos o tribunal (interna corporis). E, nessa área, sua posição na hierarquia das fontes é idêntica à da lei e da “resolução”, por promanar, sua força normativa, diretamente da Constituição.
As Súmulas
	A jurisprudência, quando uniforme e reiterada, impõe-se como norma obrigatória, desde que consubstanciada em “súmula”. Trata-se de prática inaugurada pelo Supremo Tribunal Federal e que vem estendendo-se a outros tribunais. Estatui o artigo 926, § 1º, do Novo Código de Processo Civil que “Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a jurisprudência dominante”.
	A “súmula” contem o enunciado de uma regra jurídica, construída com base em decisões que se apresentam como “jurisprudência predominante do Supremo Tribunal Federal”.
	Quando o juiz complementa a lei, para cobrir lacunas nesta existentes, através da inovação dos princípios gerais de direito, a atividade que exerce é de natureza jurisdicional, pois está aplicando o direito objetivoa um caso concreto. Por esse motivo, a decisão que proferir não cria regra nova, mas apenas revela preceito latente na ordem jurídica em vigor. Não fosse assim, inadmissível seria dar efeito ex tunc à norma construída, a qual, portanto, considera-se como integrante do Direito vigente.
	No caso, porém, de consolidação da jurisprudência uniforme e predominante, através de súmulas, para a formulação de regras gerais extraídas de arestos e julgados, os tribunais estão exercendo função normativa semelhante à do legislador, visto que não estão aplicando bic et nunc o direito objetivo, e sim promulgando preceitos que neste se enquadrarão como normas a vigorar em casos futuros.
	Assim dispõe o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal, no artigo 102: “A jurisprudência assentada pelo Tribunal será compendiada na ‘Súmula do Supremo Tribunal Federal’.”
	“§1º - A inclusão de enunciados na ‘Súmula’, bem como a sua alteração ou cancelamento, será deliberada em Plenário, por maioria absoluta.
	“§2º - Os verbetes cancelados ou alterados guardarão a respectiva numeração com a nota correspondente, tomando novos números os que forem modificados.
	“§3º - Os adendos e emendas à ‘Súmulas’, datados e numerados em séries separadas e sucessivas, serão publicados três vezes consecutivas no Diário da Justiça.
	“§4º - A citação da ‘Súmula’, pelo número correspondente, dispensará, perante o Tribunal, a referência a outros julgados no mesmo sentido”.
	E o artigo 103 declara: “Qualquer dos Ministros pode propor a revisão da jurisprudência assentada em matéria constitucional e da compendiada na ‘Súmula’, procedendo-se ao sobrestamento do feito, se necessário”.
	Em que pese a precedente do Supremo Tribunal Federal sobre não se justificar a inaplicação da diretriz firmada pela maioria, consubstanciada em Súmula, e aplicada sem discrepância pela Colenda Corte, a verdade é que não temos em nosso Direito o poder vinculante da jurisprudência sumulada, a fortiori dos precedentes jurisprudenciais. Ponderáveis, embora, os argumentos favoráveis à doutrina do stare decisis, aplicada nas jurisdições anglo-americanas, súmula não é lei. 
E, nos termos do inciso II do artigo 5º da Constituição da República, “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Cabe ressaltar, nesse aspecto, que a Súmula 621 do Superior Tribunal de Justiça, que editou a Súmula 84, de teor contrário àquela.
	Nesse particular, cabe menção ao §2º do artigo 102 da Constituição de 1988, com a redação conferida pela Emenda Constitucional nº 3/93: “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações declaratórias de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e ao Poder Executivo”.
�PAGE �
�PAGE �6�

Continue navegando