Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ecologia, uma rápida definição: material compilado do site http://educar.sc.usp.br Ecologia é um conceito que a maioria das pessoas já possui intuitivamente, ou seja, sabemos que nenhum organismo, sendo ele uma bactéria, um fungo, uma alga, uma árvore, um verme, um inseto, uma ave ou o próprio homem, pode existir autonomamente sem interagir com outros ou mesmo com ambiente físico no qual ele se encontra. Ao estudo dessas inter-relações entre organismos e o seu meio físico chama- se Ecologia. Mas, para termos uma definição histórica: “Pela palavra ecologia, queremos designar o conjunto de conhecimentos relacionados com a economia da natureza - a investigação de todas as relações entre o animal e seu ambiente orgânico e inorgânico, incluindo suas relações, amistosas ou não, com as plantas e animais que tenham com ele contato direto ou indireto, - numa palavra, ecologia é o estudo das complexas inter-relações, chamadas por Darwin de condições da luta pela vida”. Foi assim que Ernest Haeckel, em 1870, definiu ecologia. Assim, como em qualquer outra área, em Ecologia são definidas unidades de estudo, as quais são fundamentais para melhor compreensão desta Ciência. Utilizando-se um modelo de níveis de organização, fica mais fácil de compreendermos as unidades de estudo da Ecologia. Vejamos o modelo abaixo dos níveis de organização: O que é um Ecossistema? Antes de definirmos, exatamente o conceito de ecossistema, o qual é fundamental para a compreensão desta ciência, podemos encontrar outro conceito importante que é o de níveis de organização, o qual pode ser entendido como um conjunto de entidades sejam elas genes, células, ou mesmo espécies, agrupadas em uma ordem crescente de complexidade. A - Espécie- dois ou mais organismos são considerados da mesma espécie, quando podem se reproduzir, originando descendentes férteis. Desta forma, fica claro que, a menos que haja a intervenção humana, como no caso do jumento e da égua, naturalmente não ocorre reprodução entre indivíduos de espécies diferentes. B- Populações - são formadas por organismos da mesma espécie, isto é, um conjunto de organismos que podem se reproduzir produzindo descendentes férteis.porem numa área definida e mantendo interação entre si. C- Comunidades - um conjunto de todas as populações, sejam elas de microorganismos, animais ou vegetais existentes em uma determinada área, que interagem entre si constituem uma comunidade; também se pode utilizar o conceito de comunidade para designar grupos com uma maior afinidade separadamente, como por exemplo, comunidade vegetal, animal, etc. Antes de definirmos o próximo conceito, é fundamental entendermos dois parâmetros importantes em Ecologia; a todos os componentes vivos de um determinado local chamamos bióticos; em contrapartida, o conjunto formado por regime de chuvas, temperatura, luz, umidade, minerais do solo enfim, toda a parte não viva, é chamada de componentes abióticos. D- Ecossistemas - em um determinado local, seja uma vegetação de cerrado, mata ciliar, caatinga, mata atlântica ou floresta amazônica, a todas as relações dos organismos entre si, e com seu meio ambiente, ou dito de outra forma, a todas as relações entre os fatores bióticos e abióticos em uma determinada área, chamamos ecossistema. Ou de outra forma, podemos definir ecossistema, como sendo um conjunto de comunidades interagindo entre si e agindo sobre e/ou sofrendo a ação dos fatores abióticos. Dentro do conceito de ecossistema, ainda cabe definirmos o conceito de hábitat, pelo qual entendemos o ambiente físico o qual ocorre(m) uma(s) determinada(s) espécie(s). Ex.: O hábitat do lobo guará é o cerrado. A- Espécie; B -População; C - Comunidade; D – Ecossistema B- .Biosfera - A terra é composta por vários ecossistemas sejam eles aquáticos, terrestres ou até mesmo aéreos. A soma de todos estes ecossistemas chamamos de biosfera. Portanto, a biosfera seria a parte na qual ocorre vida no planeta e na qual a vida tem o poder de ação sobre o mesmo. Onde começa e termina um ecossistema? Qual o real tamanho de um? É difícil dizer onde começa ou termina um ecossistema, ou seja, qual ou quais os seus limites; entretanto para uma melhor compreensão e mesmo a possibilidade para investigações científicas existem algumas convenções adotadas. Assim, por exemplo, pode-se adotar inicialmente uma separação entre os meios aquáticos e terrestres. Desta forma, teríamos uma primeira distinção entre ecossistemas aquáticos e terrestres. Por ecossistema aquático, entenderíamos todos os lagos naturais, ou artificiais (represas), rios, mares e oceanos. Já em relação aos ecossistemas terrestres, florestas, desertos, tundras, pradarias, pastagens, etc. seriam exemplos. Mas, e com relação às dimensões de um ecossistema? Para efeito de estudo, geralmente são determinadas o dimensões que não existem naturalmente, desta forma, um vaso, um aquário, ou mesmo uma cidade inteira são exemplos de ecossistemas criados pela ação humana, pois é interessante notar que nem sempre são. Assim fica claro, que um ecossistema pode ter desde alguns cm2 até milhares de km2! Cadeias alimentares: o que são? A matéria está constantemente ciclando dentro de um ecossistema, ou dito de outra forma, o que os seres vivos retiram do ambiente, eles devolvem. Tem sido assim desde o início da existência da vida da terra, até os dias de hoje. Trata-se de um ciclo eterno. Além da matéria, a energia também passa por todos os componentes de um ecossistema, só que, no entanto, enquanto a matéria circula, a energia flui, o que significa que a energia não retorna ao ecossistema como a matéria.. Como podemos notar, os ecossistemas possuem uma constante passagem de matéria e energia de um nível para outro até chegar nos decompositores, os quais reciclam parte da matéria total utilizada neste fluxo. A este percurso de matéria e energia que se inicia sempre por um produtor e termina em um decompositor, chamamos de cadeia alimentar. Componentes de uma cadeia alimentar Obrigatoriamente, para existir uma cadeia alimentar devem estar presentes os produtores e os decompositores. Entretanto não é isso o que acontece na realidade, pois outros componentes estão presentes. Desta forma a melhor maneira de se estudar uma cadeia alimentar, é através do conhecimento dos seus componentes, ou seja, toda a parte viva (fatores bióticos) que a compõe. Os componentes de todas as cadeias de uma forma geral podem ser enquadrados dentro das seguintes categorias: Produtores - são todos os seres que fabricam o seu próprio alimento, através da fotossíntese, sendo neste caso as plantas, sejam elas terrestres ou aquáticas; Animais - os animais obtém sua energia e alimentos comendo plantas ou outros animais, pois não realizam fotossíntese, sendo, portanto incapazes de fabricarem seu próprio alimento. Decompositores – são os seres capazes de decompor a matéria orgânica em inorgânica.São bactéria e fungos. A cada grupo de organismos com necessidades alimentares semelhantes quanto à fonte principal de alimento, chamamos de nível trófico. Em cada nível, temos um grupo de organismo com as mesmas características alimentares; isto que dizer que consumidores primários somente alimentam-se de itens de origem vegetal; consumidores secundários, por sua vez, são carnívoros assim como os terciários. Cabe ressaltarmos, no entanto, que tanto os consumidores secundários quanto os terciários podem ocasionalmente, ou complementarmente, alimentar-se de vegetais, não sendo, porém este, o seu principal item alimentar. Em um ecossistema aquático, como uma lagoa, por exemplo, poderíamos estabelecer a seguinte seqüência: FLORA PRODUTORES Composto pelas plantas da margem e do fundo da lagoa e por algas microscópicas, as quais sãoas maiores responsáveis pela oxigenação do ambiente aquático e terrestre; à esta categoria formada pelas algas microscópicas chamamos fitoplâncton. FAUNA CONSUMIDORES PRIMÁRIOS Composto por pequenos animais flutuantes (chamados Zooplâncton), caramujos e peixes herbívoros, todos se alimentado diretamente dos vegetais. CONSUMIDORES SECUNDÁRIOS São aqueles que alimentam-se do nível anterior, ou seja, peixes carnívoros, insetos, cágados, etc., CONSUMIDORES TERCIÁRIOS As aves aquáticas são o principal componente desta categoria, alimentando-se dos consumidores secundários. DECOMPOSITORES Esta categoria não pertence nem a fauna e nem a flora, alimentando-se no entanto dos restos destes, e sendo composta por fungos e bactérias. Já em um ecossistema terrestre, teríamos. Tabela Ecossistema terrestre: FLORA Produtores Formado por todos os componentes fotossintetizantes, os quais produzem seu próprio alimento (autótrofos) tais como gramíneas, ervas rasteiras, liquens, arbustos, trepadeiras e árvores; FAUNA Consumidores primários São todos os herbívoros, que no caso dos ecossistemas terrestres tratam- se de insetos, roedores, aves e ruminantes; Consumidores Secundários Alimentam-se diretamente dos consumidores primários (herbívoros). São formados principalmente por carnívoros de pequeno porte; Consumidores terciários Tratam-se de consumidores de porte maior que alimentam-se dos consumidores secundários; decompositores Aqui também como no caso dos ecossistemas aquáticos, esta categoria não pertence nem a fauna e nem a flora e sendo composta por fungos e bactérias. Para um ambiente aquático, podemos exemplificar com a seguinte cadeia. algas caramujos peixes carnívoros aves aquáticas decompositores Por outro lado, se considerarmos um ecossistema terrestre, poderíamos exemplificar com a seguinte cadeia em um ambiente de floresta: Folhas de uma árvore gafanhoto ave jaguatirica decompositores Fluxo de energia nos ecossistemas A luz solar representa a fonte de energia externa sem a qual os ecossistemas não conseguem manter-se. A transformação (conversão) da energia luminosa para energia química, que é a única modalidade de energia utilizável pelas células de todos os componentes de um ecossistema, sejam eles produtores, consumidores ou decompositores, é feita através de um processo denominado fotossíntese. Portanto, a fotossíntese - seja realizada por vegetais ou por microorganismos - é o único processo de entrada de energia em um ecossistema. Muitas vezes temos a impressão que a Terra recebe uma quantidade diária de luz, maior do que a que realmente precisa. De certa forma isto é verdade, uma vez que por maior que seja a eficiência nos ecossistemas, os mesmos conseguem aproveitar apenas uma pequena parte da energia radiante. Existem estimativas de que cerca de 34% da luz solar seja refletida por nuvens e poeiras; 19% seria absorvida por nuvens, ozônio e vapor de água. Do restante, ou seja 47%, que chega a superfície da terra boa parte ainda é refletida ou absorvida e transformada em calor, que pode ser responsável pela evaporação da água, no aquecimento do solo, condicionando desta forma os processos atmosféricos. A fotossíntese utiliza apenas uma pequena parcela (1 a 2%) da energia total que alcança a superfície total. É importante salientar, que os valores citados acima são valores médios e nãos específicos de alguma localidade. Assim, as proporções podem - embora não muito - variar de acordo com as diferentes regiões do País ou mesmo do Planeta. Um aspecto importante para entendermos a transferência de energia dentro de um ecossistema é a compreensão da primeira lei fundamental da termodinâmica que diz: “A energia não pode ser criada nem destruída e sim transformada”. Como exemplo ilustrativo desta condição, pode-se citar a luz solar, a qual como fonte de energia, pode ser transformada em trabalho, calor ou alimento em função da atividade fotossintética; porém de forma alguma pode ser destruída ou criada. Outro aspecto importante é o fato de que a quantidade de energia disponível diminui à medida que é transferida de um nível trófico para outro. Assim, nos exemplos dados anteriormente de cadeias alimentares, o gafanhoto obtém, ao comer as folhas da árvore, energia química; porém, esta energia é muito menor que a energia solar recebida pela planta. Esta perda nas transferências ocorrem sucessivamente até se chegar aos decompositores. E por que isso ocorre? A explicação para este decréscimo energético de um nível trófico para outro, é o fato de cada organismo; necessitar grande parte da energia absorvida para a manutenção das suas atividades vitais, tais como divisão celular, movimento, reprodução, etc. O esquema a seguir mostra as proporções em biomassa, de um nível trófico para outro. Podemos notar que a medida que se passa de um nível trófico para o seguinte, diminuem o número de organismos e aumenta-se o tamanho de cada um (biomassa) Relação entre número de organismos e tamanho corpóreo em cada nível trófico de uma cadeia alimentar Relação entre os seres vivos Introdução Como já vimos, em um ecossistema os organismos estão constantemente interagindo entre si, ou seja, a existência de uma determinada espécie implica em prejuízo ou benefício de alguma outra; embora essas interações mesmo quando negativas, façam parte do equilíbrio natural. Ex.: As populações de roedores em todos os ambientes em que ocorrem são predadas por várias outras espécies, pois caso isso não ocorresse, teríamos ratos por todas as partes do planeta! De uma forma geral, as relações entre os organismos são classificadas como Interespecífica ou Intraespecífica podendo ser harmônicas e desarmônicas. Relações harmônicas As relações harmônicas são aquelas em que pelo menos um dos organismos é beneficiado, sem é claro prejudicar o outro. Relações desarmônicas As relações desarmônicas, nas quais uma espécie, necessariamente é sempre prejudicada pela ação de outra. Tipos de interação e suas características A tabela a seguir adaptada a partir de ODUM E. P. (1972), mostra um quadro, com uma outra forma de representação dos tipos de interações possíveis entre espécies diferentes: Tabela - Tipos de interações e suas características Tipos de interações Espécies 1 2 Característica da interação Neutralismo 0 0 Não ocorre ação de uma espécie sobre outra; Competição - - Ambas as espécies são atingidas negativamente, porque a sua competição por um determinado recurso leva à exaustão do mesmo; Amensalismo - 0 A espécie 1 é afetada e a 2 não; Parasitismo + - A espécie 1 (o parasita) depende da espécie 2 (o hospedeiro) para sua existência, afetando-o negativamente, porém sem causar a morte imediata do mesmo; Predação + - Neste caso, a espécie 1 (predador) alimenta-se diretamente da espécie 2 (presa) eliminando-o; Comensalismo + 0 Dizemos que a espécie 1 (o comensal) beneficia-se da espécie 2 (o hóspede) sem afetá-lo; Protocooperação + + Esta é o tipo de relação; na qual ambas as espécies são beneficiadas, porém não se trata de uma interação obrigatória; Mutualismo + + A interação é obrigatória e ambas as espécies são favorecidas; Convenções: (0) - Não existe interação, ou se existe não é significativa; (-) - Indica que a interação é negativa, afetando prejudicialmente uma ou ambas as espécies dependendo do caso; (+) - Indica que a interação é positiva, e neste caso também, uma ou ambas podem ser beneficiadas de acordo com o tipo de interação
Compartilhar