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Glasman, Jane - A dinastia dos Hasmoneus

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1 
 
B”H 
A Dinastia dos Hasmoneus 
Publicado em Visão Judaica nº 53, dezembro de 2006 
© Jane Bichmacher de Glasman* 
 
Quando o mundo antigo foi conquistado por Alexandre (332 AEC), Israel continuava a ser terra 
judaica e Jerusalém seu centro. Quando os judeus foram proibidos de praticar o judaísmo e o Templo 
foi profanado, como parte das tentativas gregas de impor a cultura e os costumes helenísticos para toda 
a população, desencadeou-se uma revolta (166 AEC) liderada por Matatias, da dinastia sacerdotal dos 
Hasmoneus, e depois de sua morte, por seu filho, Judá, o Macabeu. Os judeus entraram em Jerusalém 
e purificaram o Templo (164 AEC), eventos comemorados até hoje na festa de Hanuká. Após a 
inauguração do Templo a luta continuou. Judá e seus irmãos Jônatas e Simão revogaram os éditos de 
Antíoco, proclamando a Judéia um estado independente. Simão se tornou o primeiro Príncipe, 
instituindo a dinastia de Hasmoneus. Após suas novas vitórias (142 AEC), os selêucidas restauraram a 
autonomia da Judéia (como era então chamada Israel) e, com o colapso do reino selêucida (129 AEC), 
a independência judaica foi reconquistada. 
 
2 
 
Sob a dinastia dos Hasmoneus, que durou cerca de 80 anos, as fronteiras do reino eram muito 
semelhantes às do tempo do Rei Salomão; o regime atingiu consolidação política e a vida judaica 
floresceu. João Hircano I iniciou uma série de conquistas, destinadas a aumentar o poder do país. 
Estas foram acompanhadas da conversão forçada dos povos dominados ao judaísmo, para criar um 
espírito nacionalista forte e motivar o povo à defesa de sua independência. No tempo do Rei 
Alexandre Yanai o reino estendia-se além do Rio Jordão no leste, até o Mar Mediterrâneo no oeste, 
ao Líbano no norte e Rafia no sul. 
 
Os Hasmoneus promoveram o desenvolvimento do comércio e da manufatura, aproveitando as 
estradas e portos que faziam de Israel um entreposto obrigatório entre o Ocidente e o Oriente. Ruínas 
arqueológicas mostram a existência de postos alfandegários e sinagogas desde Aco até o Golfo 
Pérsico, estabelecendo uma rota comercial para a Índia e a China. 
A importância dada ao comércio prejudicou a agricultura. O trigo da Palestina não podia competir com 
o trigo mais barato, importado do Egito (produzido por escravos que não recebiam salários, numa terra 
mais fértil por processos avançados de irrigação). A classe de pequenos proprietários, que constituíra 
sempre a espinha dorsal do país e que estivera à frente na luta dos Macabeus, foi reduzida à penúria. 
Alguns comerciantes ricos compraram grande parte das terras, gerando o surgimento de uma classe de 
3 
 
grandes latifundiários e uma de mendigos e desempregados, que iam para Jerusalém e, na maior parte 
das vezes, não conseguiam trabalho. Este panorama é muito semelhante ao que se nota em Roma no 
mesmo período. 
 
Já no reinado de João Hircano, a opinião popular se dividiu a respeito da conveniência da política dos 
Hasmoneus. Formaram-se três grupos distintos, cada qual com suas características sociais, religiosas 
e políticas: os saduceus, os fariseus e os essênios. 
 
A verdadeira luta travou-se entre fariseus e saduceus, já que os essênios não eram ativos na política. 
Atingiu o auge com o governo de Alexandre Yanai, entre 100 e 75 AEC. Ele era também Sumo 
Sacerdote, mas seu comportamento despertou desprezo dos fariseus, que o ridicularizaram jogando 
etroguim sobre ele. Coube à sua esposa, a rainha Salomé Alexandra, que o sucedeu no trono, chamar 
os fariseus ao governo, nomeando seu líder para o cargo de primeiro-ministro. Como uma mulher 
não podia ser Sumo Sacerdote, ela designou seu filho Hircano para a função. Cumpria-se, assim, uma 
exigência dos fariseus: a separação entre o poder religioso e o político. 
 
Durante o governo de Salomé, foi promulgada uma Lei Escolar que obrigava todo judeu a aprender a 
ler e escrever; em cada aldeia e cidade, deveria haver uma escola elementar. Esta lei foi fator 
4 
 
distintivo do desenvolvimento do povo judeu, elevando seu nível cultural, mesmo quando os demais 
povos regrediam culturalmente, como na Europa, na Idade Média. 
A morte de Salomé Alexandra desencadeou uma crise sucessória; os saduceus apoiavam seu filho 
Aristóbulo II e os fariseus o Sumo Sacerdote Hircano II. Os saduceus venceram, pois Hircano II, pela 
própria lei dos fariseus, não podia ser ao mesmo tempo rei e sacerdote. Hircano, porém, 
aconselhado por um edomita chamado Antipater, não quis desistir de suas pretensões. 
 
Quando os romanos sucederam os selêucidas como a grande potência na região, concederam 
autoridade limitada ao rei Hircano II, sob o poder do governador romano de Damasco. Os judeus não 
aceitaram de boa vontade o novo regime e os anos seguintes viram freqüentes insurreições. A última 
revolta para restaurar a glória da dinastia dos Hasmoneus foi tentada pelo rei Matatias Antígono (40 
AEC). Sua derrota e morte três anos depois nas mãos dos romanos significaram o fim do governo 
hasmoneu e o começo do domínio romano. 
 
Não posso concluir sem uma observação sobre helenismo e judaísmo, termos que surgiram no 
período. Em meados do século XIX, o historiador alemão Droysen definiu a época helenística e o 
próprio termo Hellenismus, que passou a significar a fusão de culturas que se seguiu às conquistas de 
Alexandre. Noção que os antigos não reconheceriam em seu tempo embora o verbo hellenízein fosse 
usado por Aristóteles para se referir ao domínio da língua grega e o próprio termo hellenismós com o 
mesmo sentido seja atribuído a Teofrastes, discípulo do filósofo. O uso mais genérico do termo para 
se referir à cultura e costumes gregos ocorre pela primeira vez no segundo livro dos Macabeus, onde 
5 
 
é afirmado que a construção do ginásio em Jerusalém pelo sumo sacerdote Jasão levou a ‘um 
extremo de helenismo’, como algo estranho ao Judaísmo. 
 
Não por acaso, o primeiro registro da palavra ioudaismós também se encontra no mesmo livro. O 
termo se refere a uma cultura e a um modo de vida e, dentro do texto representa o contraponto da 
grega. Antes disso, ioudaioi significava habitante da Judéia, relativo à etnia. Os judeus na Diáspora 
recebiam também a designação ioudaios, identificados como um grupo étnico que se mantinha 
unido e reproduzia seus costumes ancestrais. Embora o termo Judaísmo tenha sido cunhado no 
período da dinastia dos hasmoneus, como modo de vida já estava estabelecido muito antes. O 
Judaísmo, como cultura ou como religião, foi ameaçado e teve sua face alterada definitivamente 
neste período da história. Basta ver os nomes gregos dos reis da dinastia. 
 
Costumamos lembrar em Hanuká a vitória dos Macabeus, mas pouco nos detemos neste período 
histórico da dinastia dos Hasmoneus, tão curto e tão rico de herança até nossos dias! 
*Doutora em Língua Hebraica, Literaturas e Cultura Judaica, Professor Adjunto, Fundadora e ex-
Diretora do Programa de Estudos Judaicos - UERJ, escritora.

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