Buscar

História da Igreja I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 236 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 236 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 236 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

HISTÓRIA DA 
IGREJA I
Professor Me. Flávio Rodrigues de Oliveira 
Professor Me. Saulo Henrique Justiniano Silva
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; OLIVEIRA, Flávio Rodrigues de; SILVA, Saulo 
Henrique Justiniano. 
História da Igreja I. Flávio Rodrigues de Oliveira; Saulo 
Henrique Justiniano Silva.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. Reimpresso em 2022.
236 p.
“Graduação - EaD”.
1. História 2. Igreja . 3. Teologia 4. EaD. I. Título.
ISBN: 978-85-459-0884-5 CDD - 22 ed. CDD 270
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais
Daniel F. Hey
Coordenador de Conteúdo
Roney de Carvalho Luiz
Designer Educacional
Amanda Peçanha Dos Santos
Iconografia
Isabela Soares Silva
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Fernando Henrique Mendes
Qualidade Textual
Meyre Barbosa da Silva
Helen Braga do Prado
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou 
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual de 
Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista 
às aulas ao vivo e participe das discussões. Além dis-
so, lembre-se que existe uma equipe de professores 
e tutores que se encontra disponível para sanar suas 
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e 
segurança sua trajetória acadêmica.
A
U
TO
R(
ES
)
Professor Me. Saulo Henrique Justiniano Silva
Saulo Henrique Justiniano Silva é mestre em História (2012 - 2014) especialista 
em História das Religiões (2010 - 2012), licenciado em História (2006 - 2009) 
e é doutorando em História (2015 - atual). Todas as titulações obtidas 
pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Trabalha como Professor 
concursado na SEED/PR, no Colégio Mater Dei, no Departamento de História 
da Faculdade Alvorada de Maringá e no curso de Teologia EaD da UniCesumar 
Tem realizado pesquisas na área de História dos Judeus Ibéricos, História 
das Mentalidades, Escatologia, Messianismo e Milenarismo em Portugal. É 
membro do Laboratório de Estudos do Império Português (LEIP/UEM).
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas 
e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://
lattes.cnpq.br/1524388304369248>.
Professor Me. Flávio Rodrigues de Oliveira
Flávio Rodrigues de Oliveira é mestre em Filosofia e em Educação, graduado 
em Filosofia e História. Todas as titulações obtidas pela Universidade Estadual 
de Maringá. Trabalha como professor no Departamento de História da 
Faculdade Alvorada de Maringá, no Colégio Magnus Domini e no curso de 
Teologia EaD da UniCesumar. Também é tutor modalidade EaD do curso de 
História da Universidade Estadual de Maringá e professor de pós-graduação 
do Instituto Dimensão - Maringá. Atualmente, suas linhas de pesquisas 
englobam pesquisas na área de História Antiga e Medieval e Filosofia Política 
Contemporânea. 
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas 
e publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir: <http://
lattes.cnpq.br/7747220332204645>. 
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, futuros teólogos e teólogas, sejam bem-vindos à disciplina de História da Igreja I. 
Vocês iniciarão a jornada do conhecimento aprofundado sobre os trajetos e percursos 
que deram origem ao que chamamos de cristianismo moderno. Nosso compromisso é 
oferecer um conteúdo em que a ciência histórica seja apresentada para além do óbvio. 
Aqui, as histórias bíblicas serão contempladas, mas procuraremos compreender as nu-
ances políticas, econômicas e sociais que, muitas vezes, não foram narradas nos relatos 
contidos na Bíblia e na tradição cristã.
Desde já, cabe um importante esclarecimento: somos historiadores cristãos, com uma 
cosmovisãode mundo pautada na ética cristã; então, não é nossa intenção a descons-
trução de conceitos pré-estabelecidos no que tange às questões relacionadas à fé. Não 
conseguimos exaurir todas as questões relacionadas à História da Igreja, para isso seria 
necessária uma coleção de obras sobre a temática, mas, aqui, serão lançadas as semen-
tes que te possibilitarão futuras pesquisas em nível de especialização, mestrado e até 
mesmo doutorado.
Este primeiro volume de História da Igreja que você tem em mãos, conta com um vasto 
período histórico que contempla quase três mil anos, por isso, é inevitável que algumas 
questões não sejam aprofundadas em sua totalidade. Nele, o período histórico contem-
plado é do Chamado de Abraão, há mais de um milênio antes de Cristo, até a Reforma 
Calvinista, que se dá em meados do século XVI.
Na unidade I, tentamos dar ênfase aos acontecimentos que envolvem o Antigo Testa-
mento, ou Tanakh, como os judeus chamam esta compilação de livros. Dessa forma, 
trabalhamos o período patriarcal, dos juízes e dos reis, além do cisma que dividiu Israel 
em dois reinos e as investidas dos primeiros impérios expansionistas do Oriente Médio 
sobre a região.
Também tratamos de apresentar as tentativas de revoltas populares contra os governos 
estabelecidos pela força, como foi o caso da Revolta dos Macabeus, que alcançou mui-
tos dos objetivos iniciais, mas, quando enfim se colocaram no poder, agiram de maneira 
tão ou mais cruel com seus conterrâneos, que os próprios estrangeiros na região.
Apresentaremos as intrigas entre as famílias, disputas de poder entre irmãos e a ascen-
são de um novo Império, agora europeu sobre a região, o Império Romano. Mostrare-
mos a ascensão de Herodes, um Idumeu ou edomita que, convertido ao judaísmo, foi o 
braço direito dos romanos na região. Apesar de braço direito, Herodes, o Grande, como 
ficou conhecido, trouxe de volta o brilho e o esplendor do grandioso Templo de Salo-
mão, lugar sagrado de adoração ao Deus de Israel.
Na Unidade II, fazemos uma radiografia das principais correntes políticas e religiosas 
da região, à pompa dos sacerdotes e grandiosidade do Templo, além do que também 
apresentamos o início do ministério de Jesus Cristo, os primeiros apóstolos e o preço 
que pagaram por propagar as Boas Novas do Reino. Neste capítulo, também nos pre-
ocupamos em tratar da destruição do Templo Sagrado e da dispersão dos judeus pelo 
mundo, conhecida como diáspora. 
APRESENTAÇÃO
HISTÓRIA DA IGREJA I
Ainda com relação à Unidade II, foi possível uma breve apresentação sobre as in-
fluências culturais de outros povos, como os gregos, em um primeiro momento, e, 
na sequência, os romanos que não foram poucas, diga-se de passagem, e influen-
ciaram significativamente o olhar desses cristãos para a sua própria religião. Seja 
para incorporar ou repelir, as culturas clássicas grega e romana tiveram um papel 
imprescindível nesses tempos. 
Para Unidade III, selecionamos a discussão pertinente ao conhecimento da Idade 
Média e, consequentemente, a relação desse saber com a Igreja. Buscamos, para 
um compreendimento mais profundo, fazer uma seleção de temáticas e autores. 
Na medida do possível, podemos dizer que foram as mais importantes. Embora o 
grau de importância seja um conceito bem relativo, afirmamos essa seleção com 
base na literatura presente em programas de graduação e pós-graduação do país. 
Esta escolha nos levou, então, a fazer um panorama geral da Igreja na História, que, 
diga-se de passagem, é o tema central da nossa disciplina. Com os devidos recortes 
para o contexto medieval, pudemos selecionar a Patrística num primeiro momen-
to, e a Escolástica, num segundo. Paralelamente, buscamos trabalhar os expoentes 
destas duas concepções que mais se destacaram, a saber, respectivamente, Santo 
Agostinho e São Tomás de Aquino. 
Adentrando a Unidade IV, a discussão toma uma nova forma. Ainda situados no pla-
no de fundo da História da Igreja, apresentamos o período da Idade Média (período 
de maior participação da Igreja na história) questionando a antiga expressão de que 
essa era uma idade das trevas. A seguir, ainda dentro da unidade, mostramos as rela-
ções que essa instituição criou para se proteger. Destarte, vemos tanto as Cruzadas 
quanto a Inquisição como mecanismos de proteção da Igreja diante das ameaças 
externas e internas à fixação da fé no contexto do medievo. 
Na Unidade V, apresentamos o cenário e os eventos que possibilitaram o advento 
do movimento reformista, bem como os abusos da Igreja Católica e as transforma-
ções vivenciados na Europa do século XVI, deixando claro que o triunfo do movi-
mento protestante estava intimamente ligado a questões que vão além da religiosa, 
pois são de ordem econômica, política e social. 
Esperamos que este livro possa contribuir na sua formação. Boa leitura!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O 
GRANDE
15 Introdução
16 O Cenário 
19 Abraão e Isaac 
29 No Tempo dos Juízes 
32 O Período dos Reis 
36 Roboão e a Divisão do Reino 
39 Dominação Assíria, Dominação Babilônica e Exílio 
42 Retorno a Sião: Sob Domínio Persa 
44 Período Helenístico 
46 Sob Domínio Selêucida 
48 Revolta dos Macabeus e a Dinastia dos Asmoneus 
51 A Dominação Romana e o Reinado de Herodes, o Grande 
54 Considerações Finais 
59 Referências 
60 Gabarito 
SUMÁRIO
10
UNIDADE II
O INÍCIO DO CRISTIANISMO NO MUNDO ANTIGO E AS SUAS ORIGENS 
JUDAICAS E GRECO-ROMANAS 
63 Introdução
64 O Cenário Político 
72 O Nascimento de Cristo e do Cristianismo 
80 A Queda de Jerusalém 
82 As Influências Gregas no Pensamento Cristão dos Primeiros Séculos 
87 O Cristianismo no Mundo Romano: Convergências e Divergências para a 
Fundamentação da Nova Fé
92 Considerações Finais 
98 Referências 
99 Gabarito 
UNIDADE III
A IGREJA E OS SEUS INTELECTUAIS: ANÁLISE HISTÓRICA DOS 
PENSADORES CRISTÃOS
103 Introdução
104 O Intelectual e a Igreja 
110 Notas Sobre a Patrística 
116 Santo Agostinho: a Fé e a Razão 
124 Notas Sobre a Escolástica 
129 Tomás de Aquino: a Fé e a Razão 
SUMÁRIO
11
135 Considerações Finais 
141 Referências 
142 Gabarito 
UNIDADE IV
AS RELAÇÕES CRISTÃS NA IDADE MÉDIA: UM ESTUDO SOBRE AS 
CRUZADAS E A INQUISIÇÃO
145 Introdução
146 Notas Sobre a Idade Média 
151 Idade Média: Idade das Trevas? 
160 A Igreja do Período do Medievo 
168 A Igreja e as Cruzadas 
173 A Igreja e o Tribunal da Santa Inquisição 
180 Considerações Finais 
184 Referências 
188 Gabarito 
SUMÁRIO
12
UNIDADE V
UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO: A CRISE INSTITUCIONAL DO 
CATOLICISMO E A REFORMA PROTESTANTE
191 Introdução
192 Angústia Escatológica 
195 Economia 
198 Absolutismo Monárquico: Habsburgos e Valois 
200 Turcos Otomanos 
202 As Transformações Religiosas na Europa e a Reforma Protestante 
218 Situação Política na Europa Pós-Reforma 
221 A “Reforma” Inglesa 
224 A Reforma Calvinista 
227 Considerações Finais 
233 Referências 
235 Gabarito 
236 CONCLUSÃO
U
N
ID
A
D
E I
Professor Me. Saulo Henrique Justiniano Silva
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: 
DO PATRIARCA ABRAÃO A 
HERODES, O GRANDE
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Visualizar o cenário em que ocorreram os acontecimentos contidos 
no período estudado.
 ■ Compreender o chamado de Abraão e o início da história hebraica.
 ■ Estudar como se estruturou o período dos juízes.
 ■ Compreender os acontecimentos que tornaram Israel uma 
monarquia e os desdobramentos deste período.
 ■ Mapear os motivos que levaram à divisão do reino em dois.
 ■ Entender os motivos das invasões das potências regionais sobre a 
região. 
 ■ Mostrar a volta dos hebreus para Jerusalém, depois de um longo 
período de exílio.
 ■ Apresentar a dominação de Alexandre e seus reflexos sobre a região.
 ■ Compreender como se estruturou a dominação selêucida sobre a 
região.
 ■ Entender a Revolta dos Macabeus e a tentativa de seus ancestrais de 
retornarao centro da vontade de Deus. 
 ■ Estudar a dominação romana sobre a região e a política 
desenvolvimentista de Herodes, o Grande.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ O Cenário
 ■ Abraão e Isaac 
 ■ No Tempo dos Juízes
 ■ O Período dos Reis
 ■ Roboão e a Divisão do Reino
 ■ Dominação Assíria, Dominação Babilônica e Exílio
 ■ Retorno a Sião: sob domínio Persa
 ■ Período Helenístico 
 ■ Sob domínio Selêucida
 ■ Revolta dos Macabeus e a Dinastia dos Asmoneus
 ■ A dominação Romana e o Reinado de Herodes, o Grande
INTRODUÇÃO
Olá, bem-vindo(a) à Unidade I do livro de História da Igreja I. Esta unidade 
é crucial para a compreensão dos desdobramentos que se darão ao longo da 
disciplina. Nela, estudaremos a História de Israel no período bíblico, desde a for-
mação da nação, passando pelas divisões e invasões estrangeiras, até chegar no 
governo de Herodes, o Grande. É importante esclarecer que esta unidade não 
é sobre o Antigo Testamento, mas sobre a História de Israel, de maneira que, 
neste momento, não entrarei em particularidades teológicas, apenas apresenta-
rei um relato geral sobre os passos que levaram ao surgimento do cristianismo.
Aqui, dentre outros assuntos, você aprenderá as diferenças entre hebreus e 
judeus, porque os samaritanos não eram bem recebidos pelos judeus, quem cons-
truiu o Templo em Jerusalém, a mando de quem foi destruído, quem reconstruiu 
e quem o embelezou, quem eram os idumeus, os fariseus, os saduceus, dentre 
tantas outras questões.
A bibliografia utilizada nesta unidade foi bem diversificada, contando com 
historiadores, teólogos, literatos, um filósofo e um rabino. Entre os historiado-
res, estão Simon Schama, Ruth Leftel, Zwi Werblowsky e Martinus Beck, entre os 
teólogos estão Claude Tassin e Antônio Renato Gusso, os literatos Moacyr Scliar 
e Moacir Amâncio, o filósofo Luiz Felipe Pondé e o rabino Raymond Scheindlin. 
Também foram usadas três versões distintas da Bíblia: a de Jerusalém, a King 
James e a Almeida. As versões foram escolhidas para melhor compreensão, de 
modo que tentei expor a melhor versão em momentos específicos.
Outro assunto de extrema importância foi a tentativa de expressar cientifi-
cidade ao longo da unidade, de forma que algumas temáticas tratadas nela não 
estão contidas de forma explícita na Bíblia, mas são frutos de estudos arqueo-
lógicos e etnológicos sobre os povos do crescente fértil e, principalmente, sobre 
os antigos hebreus. Bons estudos!
Introdução
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
15
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E16
O CENÁRIO
Pouco sabemos sobre a história dos hebreus anterior a dos patriarcas, as escritu-
ras não nos dão detalhes pormenorizados deste período. Da criação do mundo, 
passando pela queda do homem, dilúvio, até chegar a Abraão são apenas onze 
capítulos que representam mais de 4.000 anos de história (GUSSO, 2003). O lei-
tor desatento pode até cometer erros graves ao afirmar certa proximidade entre 
o período patriarcal e a fundação do mundo, por isso, é importante esclarecer 
que nos pautamos em referenciais bíblicos, e não em perspectivas arqueoló-
gicas, pois, baseados nelas, do surgimento australopithecus afarensis, um dos 
primeiros hominídeos, até o período patriarcal, seriam calculados, pelo menos, 
3 milhões de anos.
Para situarmos o período em que os patriarcas viveram, vale uma breve 
contextualização da região por onde passaram. A narrativa bíblica do Antigo 
Testamento, ou da Tanakh, como é conhecida pelos judeus, passa-se, eminen-
temente, na região chamada de crescente fértil, uma vasta área que engloba o 
nordeste da África, passando pela Turquia, Palestina, Jordânia, Líbano, Síria e 
Iraque, e é marcada, sobretudo, pela pequena fertilidade em meio a regiões desér-
ticas, proporcionada pelas cheias de rios, como o Nilo, na África, o Jordão, na 
Palestina e Jordânia e o Tigre e Eufrates, no atual Iraque, antiga Mesopotâmia. 
Na região do crescente fértil, estabeleceram-se grandes civilizações, entre 
as quais podemos citar a egípcia e a mesopotâmica. A egípcia, estruturada no 
V milênio a.C., cerca de dois mil anos antes de Abraão, e a mesopotâmica, mais 
antiga, estruturada no VII milênio a.C. Ambas organizaram-se produtivamente 
a partir das cheias e secas de rios. Já do ponto de vista político, essas sociedades 
estruturaram-se de modos diferentes. No Egito, por exemplo, o Faraó foi a figura 
O Cenário
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
17
que centralizou todo o poder e era considerado um deus; já na Mesopotâmia, 
pela multiplicidade de povos e línguas, não houve uma figura centralizadora, 
existiam reis que governavam cidades-estados e eram, por sua vez, representan-
tes dos deuses, não a encarnação de um.
Para compreensão do período patriarcal, vale explanação um pouco mais 
aprofundada sobre a Mesopotâmia. 
A palavra Mesopotâmia vem do grego “entre rios”, uma vez que as civiliza-
ções desta região estabeleceram-se entre os rios Tigre, na parte ocidental, e o 
Eufrates, na oriental. Ali, estabeleceram-se diversas civilizações, dentre as quais 
podemos citar a dos sumérios, dos acádios, dos caldeus, dos amoritas e dos assí-
rios. Cada povo tinha sua língua, sua cultura, suas leis, seus deuses e suas cidades 
que funcionavam, antes do estabelecimento de grandes impérios na região, como 
unidades político-administrativas autônomas.
Cada povo tinha características próprias, como os sumérios, que ficaram 
conhecidos pela invenção da escrita cuneiforme, os amoritas, que organizaram 
o primeiro código de leis escritas: o famoso código de Hamurabi, ou mesmo 
os assírios, que ficaram conhecidos pela crueldade empregada contra seus ini-
migos. As cidades mesopotâmicas também se destacavam pela suntuosidade, 
como Nínive, a principal cidade assíria, ou mesmo Babilônia, que fora centro 
de disputas de diversos impérios, como o dos acádios, dos amoritas, dos assí-
rios, dos caldeus e, posteriormente, dos medo-persas. Aqui também vale uma 
menção especial à cidade de Ur, no sul da região, que fora fundada pelos sumé-
rios, possivelmente no IV milênio a.C., mas que ficou imortalizada como umas 
das principais cidades caldeias, como mostrado na narrativa bíblica de Gênesis.
NO TEMPO DOS PATRIARCAS
É em Ur dos Caldeus que inicia a história bíblica dos patriarcas. Na cidade, vivia 
Terá, um escultor de ídolos, descendente de Sem, filho de Noé e pai de Abrão, 
Naor e Harã. Ainda em Ur, vivenciou o falecimento de seu filho Harã e, depois 
deste episódio, parte com seu filho Abraão, sua nora Sarai e seu neto Ló, filho 
de Harã, para Canaã.
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Terá não chegou à terra de Canaã, tendo falecido no caminho, na cidade de 
Harã, no sul da atual Turquia. Possivelmente, a cidade tenha recebido este nome 
em homenagem ao filho falecido em Ur.
Foi em Harã que Deus fez o pacto com Abrão, o primogênito de Terá.
Ora, o SENHOR disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela e da 
casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti um gran-
de povo, eu te abençoarei e engrandecerei o teu nome; sê uma bênção! 
Abençoarei os que te abençoarem, amaldiçoarei os que te amaldiçoa-
rem. Por ti serão benditos todos os clãs da terra (BÍBLIA DE JERUSA-
LÉM, Gênesis 12, 1-3). 
O capítulo doze do livro de Gênesis, ou Bereshit, como é conhecido na tradição 
judaica, inaugura o período patriarcal, que é descrito do décimo segundo capí-
tulo de Gênesis ao primeiro capítulo do Êxodo, ou Shemot, na Torá, algoque, 
cronologicamente, abrange cerca de 700 anos (SCHEINDLIN, 2003).
O que marca significativamente o período patriarcal é a tentativa de con-
solidação dos hebreus em Canaã e a luta pela unidade religiosa monoteísta de 
seus descendentes. Economicamente, esse período caracteriza-se pela criação 
de pequenos rebanhos e pela agricultura de subsistência.
Abraão E Isaac 
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
19
ABRAÃO E ISAAC 
O primeiro patriarca foi Abrão, 
cujo nome significa “Pai nas 
alturas”. Casado com Sarai, foi 
escolhido por Deus para pos-
suir Canaã. Historicamente, ele 
é conhecido como o primeiro 
Hebreu. A palavra Hebreu assume 
diversos significados, que podem 
ser desde habitante de Hebron, 
cidade Palestina, ou mesmo 
peregrinos, fazendo alusão ao 
caminho que o patriarca percor-
reu até chegar à Terra Santa. 
Abrão recebeu de Deus a ordem, como narrado no versículo anteriormente 
apresentado, mas como ser pai de uma grande nação quando sua esposa é estéril? 
Para validar a ordem divina, o patriarca, a mando de sua esposa Sarai, deita-se 
com a concubina egípcia Agar e desta relação nasce Ismael, que pode ser tradu-
zido como “Deus escutou”. Porém os planos do Criador em fazer de Abrão pai 
de uma grande nação, não contava um filho bastardo.
No capítulo dezessete de Gênesis, Deus muda o nome do patriarca de Abrão, 
que significa “pai nas alturas”, para Abraão, que se traduz como “pai das nações”, 
e ainda, neste mesmo contexto, muda o nome de sua esposa Sarai, que em tra-
dução livre pode ser “minha princesa”, para Sara, “princesa”. Esta mudança de 
nome teve por objetivo marcar uma transformação na vida da matriarca, que 
passou de estéril à fértil.
O capítulo dezessete também marca o chamado Pacto Abraâmico, uma 
aliança eterna entre o Criador e seus descendentes:
[...] a ti, e à tua raça depois de ti, darei a terra em que habitas, toda a ter-
ra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o vosso Deus. Deus disse a 
Abraão: Quanto a ti, observarás a minha Aliança, tu e tua raça depois 
de ti, de geração em geração. E eis a minha Aliança, que será observada 
entre mim e vós, isto é, tua raça depois de ti: Todos os vossos machos 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E20
sejam circuncidados. Fareis circuncidar a carne de vosso prepúcio, e 
esta será o sinal da Aliança entre mim e vós. Quando completarem 
oito dias, todos os vossos machos serão circuncidados, de geração em 
geração. Tanto o nascido em casa quanto o comprado por dinheiro a 
algum estrangeiro que não é de tua raça, deverá ser circuncidado o nas-
cido em casa e o que for comprado por dinheiro. Minha Aliança, estará 
marcada na vossa carne como uma Aliança perpétua. O incircunciso, 
o macho cuja carne do prepúcio não tiver sido cortada, esta vida será 
eliminada de sua parentela: ele violou minha aliança (BÍBLIA DE JE-
RUSALÉM, Gênesis 17, 8 -14).
Ainda em nossos dias, o Pacto é celebrado entre os judeus na cerimônia da Brit 
Milá, que acontece como observância da lei no oitavo dia do nascimento de um 
menino. A criança tem, nesse ritual, o prepúcio cortado como marca da aliança 
entre o Eterno e seus descendentes. Os primeiros a cumprirem o Pacto foi o pró-
prio Abraão, que na ocasião tinha 99 anos, e seu filho primogênito Ismael, que 
tinha 13 anos. A tradição cristã não incorporou tal ritual por entender que esta 
aliança foi feita com os filhos de Abraão, e Jesus Cristo representa a Nova Aliança. 
O próprio apóstolo Paulo, um dos fundadores da Igreja, admoesta da necessi-
dade de circuncidar a alma, e não mais o corpo (Rm 2, 25 - 29; Fl 3,3; Cl 2, 11).
Como prometido, o Senhor visitou Sara, e ela deu à luz Isaac, que fora cir-
cuncidado com oito dias, como ordenado no Pacto. Ele era o filho da promessa, 
e, neste contexto, Agar e Ismael foram postos para fora de Canaã, em um pri-
meiro momento por determinação de Sara e depois por permissão divina. Agar 
e seu filho habitaram no deserto da Arábia, tendo o menino se tornado flecheiro, 
e ela agricultora. Segundo a tradição islâmica, Ismael foi o filho da promessa, não 
Isaac, e o pai da nação árabe, sendo reconhecido como um dos vinte e seis profetas 
do Islã, o derradeiro e mais importante para a religião Muhammad, ou Maomé.
Outro episódio importante foi narrado no capítulo vinte e dois do Gênesis, 
quando Deus pede para que Abraão sacrifique seu filho Isaac como holocausto, 
na terra de Moriá. O patriarca, prontamente, ouviu os desígnios divinos e, logo 
pela manhã, como narra o capítulo: “Abraão se levantou cedo, selou seu jumento 
e tomou consigo dois de seus servos e seu filho Isaac. Ele rachou a lenha do holo-
causto e pôs a caminho para o lugar que Deus lhe havia indicado” (BÍBLIA DE 
JERUSALÉM, Gênesis 22,3). Abraão seguiu exatamente o mandamento de Deus, 
por mais que isso pudesse representar o “ato mais hediondo imaginável por um 
Abraão E Isaac 
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
21
ser humano” (AMÂNCIO, 2010, p. 14). Quando estava a chegar nas vias de fato, 
o patriarca ouve a voz de Deus por meio de um anjo, que lhe diz:
Não estendas a tua mão contra o rapaz!” − ordenou o Anjo “Não lhe 
faças nada! Agora bem sei que temes a Deus, porquanto não me negaste 
teu amado filho, teu único filho!” Em seguida, tendo Abraão erguido os 
olhos, viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; 
tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu 
filho ( BÍBLIA KING JAMES, Gênesis 22,12-13,[2017], on-line)1.
Este episódio tornou-se um dos mais icônicos da Bíblia e da literatura extra 
bíblica, por exemplo, no livro de Hebreus, no capítulo onze, na galeria dos heróis 
da Fé, o autor escreve:
[...]foi pela fé que Abraão, tendo sido provado, ofereceu Isaac; ofereceu 
o filho único, ele que recebera as promessas, ele, a quem fora dito: É por 
Isaac que uma descendência te será assegurada. Mas ele dizia: Deus é 
capaz também de ressuscitar os mortos. Por isso, recuperou seu filho, 
como um símbolo (BÍBLIA DE JERUSALÉM, Hebreus 11, 18 – 19). 
A fé de Abraão nesse episódio também foi tema do livro Temor e Tremor do 
existencialista dinamarquês Søren Kierkegaard, que se dedica “exclusivamente 
a examinar o episódio e designa Abraão, pela sua dedicação incondicional a 
Deus, comprovada no caso do sacrifício, como o cavaleiro da Fé por excelência” 
(AMÂNCIO, 2010, p. 15). 
Abraão habitou a terra de Canaã até o fim de sua vida. O capítulo vinte e 
três do livro de Gênesis mostra-nos a morte de Sara e a compra de um campo 
para sepultá-la. Esse campo, hoje, é chamado de Machpelá, ou apenas Túmulo 
do Patriarcas, localizado na região de Hebrom, na atual Cisjordânia, onde tam-
bém estão sepultados o próprio Abraão e seus descendentes, Isaac e sua esposa 
Rebeca e Jacó e sua primeira esposa Lia. Por ter sido comprado, ainda hoje, 
judeus justificam a expulsão de árabes, que há séculos vivem na região, por esta 
perícope da Bíblia. 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E22
Figura 1- Machpelá
Fonte: O bible.org ([2017], on-line)2.
Isaac herdou tudo quanto pertencia a seu pai, inclusive as promessas de Deus. 
Fora casado com Rebeca, que gerou seus dois fi lhos, os gêmeos bivitelinos Esaú 
e Jacó. Durante seu patriarcado, aumentou sua riqueza pessoal e “chegou a agir 
como uma espécie de chefe de Estado ao fazer aliança com os fi listeus” (GUSSO, 
2003, p. 11). Levando em consideração os feitos de seu pai, Isaac por si só não 
representou uma fi gura de destaque no panorama bíblico do antigo testamento, 
no entanto de Esaú e Jacó, seus fi lhos, nãoposso dizer a mesma coisa.
O nascimento de Esaú e Jacó fi cou marcado na tradição bíblica por uma 
peculiaridade; Esaú, o primogênito, saiu do ventre com seu irmão segurando seu 
calcanhar, daí o nome do seu irmão, Jacó, que se traduz por “aquele que segura 
o calcanhar”, que também pode se referir a “enganador”. Este episódio foi ape-
nas uma prévia do que Jacó faria.
Abraão E Isaac 
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
23
JACÓ
Jacó, o preterido de seu pai e o preferido de sua mãe, envolveu-se em um dos epi-
sódios mais constrangedores da narrativa bíblica. Na cerimônia preparada para 
a investidura da bênção ancestral a seu irmão, que pela tradição receberia toda 
a herança por ser primogênito, Jacó enganou seu pai, que estava velho e debili-
tado, e se passou por seu irmão, isso com a benção de sua mãe, que manipulou a 
situação. Esse episódio pode ser lido no capítulo vinte e sete do livro de Gênesis.
Jacó, o terceiro patriarca, jurado de morte por seu irmão e “devidamente” 
abençoado por seu pai, partiu para Harã, onde se refugiou na casa de Labão, seu 
tio. Foi na cidade onde morrera Terá que o enganador foi enganado. A narrativa 
bíblica mostra-nos que Jacó propôs a Labão o trabalho de sete anos em troca 
da mão de sua filha Raquel, e seu tio prontamente aceitou a proposta. Passados 
sete anos, Labão ofereceu a mão de Lia, sua filha mais velha, quebrando, assim, 
o contrato com o sobrinho. Para consolidar a união com a amada Raquel, foi 
obrigado a trabalhar mais sete anos.
Com Lia, Jacó teve seis filhos: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Isaacar e Zebulom, 
com Zilpa, concubina de Lia, Gade e Aser, com Bila concubina de Raquel, Dan 
e Naftali e com Raquel, José e Benjamim, filho este que não conhecera sua mãe, 
pois morrera em seu parto.
Sem dúvida, um momento marcante para o desenvolvimento desta histó-
ria foi o episódio do vau de Jaboque, quando, após uma luta com “um homem” 
(Gn 32,24), Jacó teve seu nome trocado para Israel, que significa “aquele que 
lutou com Deus e com os homens e prevaleceu”. Do núcleo familiar de Israel, 
teremos o surgimento das doze tribos, sendo seus descendentes também conhe-
cidos como israelitas, traduzidos por filhos de Israel.
É importante termos claro que a promessa da posse da terra, feita ao patriarca 
Abraão, não se cumpriu nele, mas em sua descendência. Gusso (2003) esclarece 
que para os antigos hebreus, diferente dos cristãos, não existiam expectativas para 
o que aconteceria depois da morte, “a não ser a continuidade da vida em seus 
descendentes. Sendo assim, na mentalidade deles, quando o descendente rece-
besse o cumprimento da promessa, também o seu ascendente a receberia” (p. 12).
É bem sabido que a presença hebreia na Palestina inicia-se com a chegada 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E24
do patriarca Abraão, mas vale ressaltar que a região não era um vazio demográ-
fi co e que outros povos já haviam se estabelecido ali. Os chamados cananeus, que 
podem representar genericamente diversos povos, desde os hititas, como citado 
no episódio da compra da Machpelá, passando pelos amoritas e jebuseus, com-
partilharam a região nesse mesmo período, de modo que a hegemonia israelita 
na região deu-se durante um período pequeno da História, que vai aproximada-
mente de 1020 a.C. a 922 a.C., durante a época do reino unifi cado. Os compêndios 
historiográfi cos, ao citarem a região, não falam em Canaã, mas Palestina, que 
signifi ca terra dos Filisteus.
De maneira geral, em Canaã, a geografi a do estabelecimento dos patriar-
cas antes do exílio egípcio era desta maneira: “Abraão viveu em Manre, que é 
Hebrom, ao sul de Jerusalém (Gn 23: 18); Isaac, perto de Bersabéia (Gn 26:23) 
e Jacó, depois que voltou de Harã, perto de Salém e Betel (Gn 23:18; 25, 1)” 
(BEEK, 1967, p. 21). 
Figura 2 - As viagens dos patriarcas
Fonte: wol ([2017], on-line)3.
Abraão E Isaac 
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
25
A HISTÓRIA DE JOSÉ
O fechamento da história dos Patriarcas em Canaã se deu no episódio da vida 
do décimo primeiro filho de Jacó, José. José, um dos filhos de Raquel e muito 
querido por seu pai (aqui vale um adendo, pois parece que a predileção aberta 
era uma característica dos patriarcas, Abraão preferiu Isaac a Ismael, Isaac pre-
feriu Esaú e Rebeca Jacó e Jacó a José) suscitou o ódio de seus irmãos ao tornar 
público seus sonhos, por conta disso fora vendido como escravo para o Egito e 
dado por devorado por uma fera para seu pai, que não sabia do ocorrido.
No Egito, de escravo, José foi transformado em governador, lá reencontra 
sua família, perdoa-os e convida-os para deixar Canaã e viver no Egito. Aqui 
tem início o período do exílio egípcio na História de Israel.
Não há registros históricos sobre a figura de José e sua família no Egito para 
além da narrativa bíblica. As suposições levantas é que “por algum tempo, o Egito 
esteve sob o jugo dos hicsos (que provavelmente vieram da Mesopotâmia) e que 
os egípcios preferiram silenciar sobre este período de dominação estrangeira” 
(BEEK, 1967, p. 23). O frutífero teólogo estadunidense John Bright em sua obra 
“História de Israel” também afirma que: 
[...]os patriarcas entraram no Egito na época em que que este era do-
minado pelos hicsos. Isto explicaria, em parte, a benevolência demons-
trada para com Jacó e seus filhos, pois existe a possibilidade destes con-
quistadores, semelhante aos antepassados do povo de Israel serem de 
origem semítica (apud GUSSO, 2003, p. 13). 
Como não há referência a José e seus familiares, também não há sobre Moisés, 
o libertador e criador da religião. Entenda-se aqui como fundador da religião 
hebreia enquanto um corpo de regras pré-estabelecidas, apesar da revelação do 
Criador ao Patriarca Abraão, o período anterior a Moisés, caracteriza a religião 
como tradições de povos seminômades do Oriente Médio que se diferenciava 
dos demais por conta de suas crenças monoteístas em um mar de paganismo.
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E26
MOISÉS: O LIBERTADOR 
Conta-se na narrativa bíblica que Moisés era um hebreu da tribo de Levi nascido 
no Egito durante o período de opressão. No capítulo primeiro de Êxodo a Bíblia 
apresenta-nos que de hóspedes o povo de Israel havia se tornado escravo, neste 
contexto o bebê Moisés fora colocado no Nilo por sua mãe Joquebede que temia 
sua morte, pois, concomitante a seu nascimento, foi decretado uma lei faraônica 
para que todo filho recém-nascido de hebreu fosse morto.
Moisés foi retirado do rio pela filha do Faraó e amamentado por sua mãe que 
era serva da mulher. Moisés viveu como um príncipe do Egito até o momento 
em que mata um oficial que atentou contra a vida de um hebreu, fato este que o 
fez fugir do Egito para o deserto de Midiã, onde se casou com Zípora, filha do 
sacerdote Reuel.
Cuidando das ovelhas de seu sogro no deserto Moisés tem o decisivo encon-
tro com o Deus de seus ancestrais:
[...]e apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em 
Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto, e chegou ao monte de Deus, 
a Horebe. E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo 
do meio duma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça 
não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá, e verei esta 
grande visão, porque a sarça não se queima. E vendo o Senhor que se 
virava para ver, bradou Deus a ele do meio da sarça, e disse: Moisés, 
Moisés. Respondeu ele: Eis-me aqui. E disse: Não te chegues para cá; 
tire os sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa. 
Dissemais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de 
Isaque, e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu 
olhar para Deus. E disse o Senhor: Tenho visto atentamente a aflição do 
meu povo, que está no Egito, e tenho ouvido o seu clamor por causa 
dos seus exatores, porque conheci as suas dores ( BÍBLIA SAGRADA, 
Êxodo 3,1-7,[2017], on-line)4.
Aqui vemos a renovação da aliança com seus ancestrais, Abraão, Isaac e 
Jacó,“demonstrando assim que ela continuava válida para a sua posteridade, já 
se referiu a eles como povo” (GUSSO, 2003, p. 21). Moisés foi levantado para 
tirar os hebreus do cativeiro egípcio: “Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó 
para que tires o meu povo (os filhos de Israel) do Egito” (BÍBLIA SAGRADA, 
Êxodo 3,10,[2017], on-line)4, apesar da relutância e ajudado por seu irmão Arão, 
Abraão E Isaac 
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
27
pois, segundo a tradição hebraica, Moisés era gago, parte para o Egito a fim de 
cumprir as ordens divinas.
A Bíblia não designa qual Faraó receberá Moisés, mas existe uma indicação 
para Ramsés II. Segundo Beek (1967), a suposição baseia-se no capítulo 1, 11:
[...] que menciona as cidades do tesouro faraônico, Fitom e Ramsés. 
Esta foi fundada pelo Faraó Ramsés II (1290 – 1224 a.C.). Com tais 
referências, muitos estudiosos concluíram que Ramsés II deve ter sido 
o Faraó que oprimiu os israelitas (p. 27).
Moisés encontrou dificuldades diante do Faraó, de certa forma, isso já era previsto, 
pois o próprio Deus, no episódio da sarça ardente, havia falado do endure-
cimento do coração do líder egípcio. Foi necessário algum tempo para que o 
monarca egípcio liberasse a saída dos hebreus, tempo esse marcado por suces-
sivas audiências e por uma série de pragas enviadas por Deus, que foram: (1) 
Transformação de água em sangue; (2) Reprodução de rãs em abundância; (3) 
Infestação de piolhos em homens e gado; (4) Enxame de moscas; (5) Animais 
tomados por pragas; (6) Úlceras e tumores em homens e animais; (7) Chuvas de 
pedras; (8) Infestação de gafanhotos; (9) Trevas sobre todo o Egito e (10) morte 
O Talmud (texto importante do judaísmo, junto com os Midrashim) diz que 
Moisés ficou gago porque, quando jovem, no Egito, teria colocado na boca 
uma brasa, que deixou sua língua pesada. Conta-se que alguns do palácio 
do Faraó julgavam Moisés uma ameaça (lembramos que ele cresceu no pa-
lácio do faraó) e o acusavam diante do soberano. O faraó, então, disse: Faça-
mos uma prova. Vamos dar a ele uma pepita de ouro e uma brasa para que 
ele a coloque na boca. Se ele pegar o ouro significa que é uma ameaça, e 
se pegar a brasa, quer dizer que é inofensivo. Iluminado por Deus, pegou a 
brasa, queimando a língua e enganando o Faraó”. 
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.abiblia.org/ver.
php?id=7320>.
Fonte: o autor.
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E28
de todos os primogênitos entre pessoas e animais. Apenas após a morte de seu 
filho, no último episódio, Faraó libertou o povo.
Não há relatos fidedignos de quantos hebreus saíram do Egito. A narra-
tiva bíblica estima cerca de 600 mil homens (Êxodo 12,37), somando crianças e 
mulheres, este número poderia triplicar e ficar em torno de 1 a 3 milhões almas.
A figura de Moisés é de extrema importância para se compreender a história 
da nação israelita, sua cultura, seus costumes nutricionais e, principalmente, suas 
leis. O levita nascido no Egito foi o autor dos cinco primeiros livros do Antigo 
Testamento (Pentateuco), ou Torá (lei) na tradição hebraica, textos que contêm 
preceitos que norteiam a fé judaica até nossos dias. É natural pensarmos nos 10 
Mandamentos, escritos pelo próprio Deus no Sinai, como a base ética e moral 
dos descendentes de Abraão. De fato, não há leviandade neste pensamento, mas 
para além do decálogo, o Pentateuco/Torá apresenta 613 mitzvot (mandamen-
tos), 603 mandamentos incluem normas de restrição alimentar, ritos fúnebres e 
relacionamentos social e conjugal, mas os famosos Mandamentos do Sinai, que 
se tratam de um “conjunto de obras cosmogônicas, histórias, de sabedoria, pro-
fecia e poesia místicas” (PONDÉ, 2015, p. 14).
Para grande parte dos estudiosos que se ocupam da temática a saída do Egito 
e a formação de um corpo, normas e regras formaram, definitivamente, a ideia 
de uma nação de Israel. Beek (1967, p. 26) afirma que:
[...] a única menção egípcia a respeito de Israel é a inscrição em um 
marco comemorativo da vitória do Faraó Menefta sobre os líbios, cerca 
de 1220 a. C. Esta inscrição liga Israel a Canaã, Gezer e Yenoam, mas 
enquanto estas regiões são descritas por um hieróglifo significando 
“país”, Israel é representado pelo símbolo de “povo”. Daí podemos con-
cluir que, cerca de 1220 a. C., Israel tornou-se uma nação.
Foram 40 anos no deserto até alcançarem definitivamente a Terra Santa, anos 
marcados pelo juízo de Deus, que utilizou das intempéries geológicas e da seca 
como utensílios de conserto de um povo marcado por mais de 400 anos de cati-
veiro egípcio. Simon Schama (2015, p. 26) em sua História dos Judeus, à procura 
das palavras 1000 a.C. – 1492 d. C. afirma que:
[...]Os autores bíblicos apresentaram o êxodo do vale do Nilo, o fim da 
escravidão no estrangeiro, como o processo no qual os judeus se torna-
ram plenamente israelitas. Viram a jornada como uma ascensão, tanto 
No Tempo dos Juízes
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
29
topográfica quanto moral. Foi em cumes altos e pedregosos, paradas no 
caminho para o céu, que YHWH[1] – como grafavam Iahweh – havia 
Se mostrado (ou pelo menos mostrara Suas costas), fazendo o rosto de 
Moisés queimar e resplandecer com a radiação refletida. 
Moisés, o libertador, não liderou o povo na conquista de Canaã, tarefa que ficou 
a cargo de Josué que juntamente com Calebe foram os únicos hebreus nascidos 
no Egito que herdaram a Terra Santa, os outros morreram, ou nasceram durante 
o período do deserto.
NO TEMPO DOS JUÍZES
Israel, no tempo do estabelecimento em Canaã, estava organizado em tribos, 
como já citado e essas representavam os filhos de Jacó. No entanto, vale ressal-
tar que a tribo de José deu origem a duas tribos que representavam seus filhos, 
Efraim e Manassés, e a tribo de Levi não recebeu terras, pois a narrativa bíblica, 
em Josué 13,33, apresenta que “à tribo de Levi, Moisés não deu herança; o Senhor 
Deus de Israel é a sua herança, como já lhe tinha falado”. Dentro das tribos exis-
tia a subdivisão dos clãs,
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E30
[...] formados por famílias estendidas (bet’ab, “casa paterna”). A família 
(bet’ab) era a “família grande” ou família estendida, formada pela des-
cendência de um ancestral comum ao longo de três ou quatro gerações 
(PETERLEVITZ, 2005, p. 11).
Dessa forma, tornam-se mais claras algumas referências bíblicas, como no caso 
de Gideão: “Eu peço, meu Senhor!” respondeu Gideão, “como posso salvar 
Israel? Meu clã é o mais fraco em Manassés, e eu sou o último na casa de meu 
pai” (BÍBLIA DE JERUSALÉM, Juízes 6, 15).
A necessidade de ocupação de um vasto território e a formação de uma nova 
ordem caracterizada pelo sedentarismo, visto que ficaram 40 anos no deserto, fez 
com que os israelitas desenvolvessem um sistema político administrativo pecu-
liar, caracterizado pelo governo dos juízes.
Diferente dos povos vizinhos, os filhos de Israel não adotaram a monarquia 
como forma de governo, e as lideranças locais e tribais eram ocupadas pelos anci-
ãos, no entanto, em momentos de grande instabilidadee perigo externo, dentre 
as tribos erguia-se uma personalidade reconhecida como uma liderança unifi-
cadora, que possuía o direito de julgar e governar, que recebia o nome de juízes. 
Foram doze juízes, seis maiores e seis menores. Segundo a historiadora Ruth 
Leftel (2010, p. 22):
Os seis juízes do relato bíblico que provavelmente “governaram” são de-
nominados “juízes menores”, pois pouco é conhecido sobre sua vida e 
nada sobre atos militares e heroicos de “salvação”. Foram, possivelmen-
te, lideranças que surgiram em tempos de paz. Os outros seis juízes, 
“salvadores”, são denominados “juízes maiores”, pois foram líderes mili-
tares carismáticos, acompanhados, segundo relato bíblico, pelo Espírito 
Divino que os guiava num momento de tragédia nacional e impotência 
das tribos diante dos já organizados povos vizinhos que os atacavam.
Ser juiz não era um cargo permanente, nem hereditário. A personalidade assu-
mia a função por um determinado período de tempo e não transferia o cargo 
para membros de sua família. O único caso em que o filho de um juiz tentou 
assumir as funções de seu pai foi no episódio de Abimelec, filho de Gideão, um 
dos seis maiores. Segundo a narrativa bíblica, Abimelec matou seus irmãos e se 
autoproclamou rei de Israel, contudo seu “poder” de dominação não fora para 
além da tribo de Manassés, o filho de Gideão foi deposto pelos anciãos que não 
aceitavam perder seus poderes.
No Tempo dos Juízes
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
31
A fragmentação das tribos começou a ruir por volta do século XII a.C., 
quando os Filisteus vindos das ilhas do mar Egeu estabeleceram-se na Palestina. 
Dominadores de técnicas de “fundição do ferro e, com ele, a confecção de espadas, 
pontas de lanças, flechas e outros artefatos” (LEFTEL, 2010, p. 23), tornaram-
-se grandes ameaças.
É importante esclarecer que Canaã, ou Palestina, apesar de ser uma região 
pouco fértil era um entreposto comercial entre a Europa, África e Ásia, além 
de ser banhada pelo Mar Mediterrâneo, que possibilitava o escoamento de pro-
dutos para o extremo oeste europeu e para o norte do continente africano. Por 
isso, essa região foi palco de lutas encarniçadas de sucessivos reinos e impérios.
A pressão dos Filisteus intensificou-se nos dias do profeta Samuel. A frag-
mentação das tribos em um vasto território era presa fácil a uma monarquia 
sólida, como era a dos invasores. Diante disso, a solução foi a unificação e con-
solidação de um Estado com regime monárquico forte, capaz de mobilizar as 
tribos contra um inimigo comum.
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E32
O PERÍODO DOS REIS
O período dos reis foi o mais intenso 
da história hebraica. Nele veremos a 
ascensão de Israel como uma potência 
regional e a decadência do reino, seguida 
por invasões estrangeiras. 
SAUL 
O beijamita Saul tornou-se o primeiro 
rei de Israel por volta do ano 1020 a. C., 
com apoio de Samuel que, a princípio, 
rejeitou a ideia de uma monarquia, seu governo foi marcado por uma unidade 
nacional entre as tribos, separadas por regiões não israelitas e também por suces-
sivas vitórias contra os Filisteus.
Saul organizou um exército permanente e estabeleceu um corpo adminis-
trativo rudimentar, ambos formados por membros de sua família, como Kish 
seu pai que tinha cargos administrativos, seu primo Abner, chefe do exército, e 
seu filho Jônatas, que possuía alta patente militar.
Sobre o governo de Saul, o rabino Raymond Scheindlin (2003, p. 34) traz a 
seguinte explanação:
[...] embora no início fosse ele eficaz no combate aos filisteus, revelou-
-se instável, sujeito a ataques de depressão e raiva, assim como a lapsos 
de raciocínio. Samuel mudou seu apoio para Davi, um oficial jovem de 
Saul que se distinguirá num único combate contra Golias, um herói 
filisteu famoso. A popularidade de Davi como guerreiro eclipsou a de 
Saul[...].
Por volta do ano 1000 a.C., os Filisteus impetram uma terrível derrota aos isra-
elitas, no monte de Gilboa, em que os três filhos de Saul morreram e o próprio 
rei se matou, sobrando apenas um herdeiro do trono, o jovem Ishbaal, que assu-
miu o poder em Guilead e reinou durante um curto período de tempo sobre 
Efraim e Benjamim, mas teve uma morte misteriosa, após a traição de Abner.
O Período dos Reis
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
33
Davi assumiu o trono após a morte de Ishbaal, ainda que já tivesse poder 
sobre as demais tribos após a morte de Saul, a totalidade só fora alcançada após 
a morte do filho desse.
 Para um bom estudante da Bíblia, fica claro que Davi assumiu o trono por 
promessa divina, no momento em que Samuel o unge, mas é importante escla-
recer que, segundo as tradições políticas do Oriente Antigo, Davi era herdeiro 
natural do trono, pois havia se casado com Mical, filha de Saul. As tradições 
recaem na ideia de que se o rei não possuía herdeiros, o trono deveria ser pas-
sado para seu genro, portanto, após a morte do último herdeiro de Saul, Davi 
deveria assumir o trono, o que aconteceu.
DAVI E SALOMÃO
O reinado de Davi marca o início da hegemonia de Judá sobre a região. No iní-
cio de seu governo, Davi conquista Jerusalém dos Jebuseus, cidade que “separava 
as montanhas de Efraim da região de Judá” (LEFTEL, 2010, p. 26), no centro da 
Palestina. Jerusalém era o principal interesse dos hebreus desde a conquista de 
Canaã, Davi materializou essa conquista tornando a cidade o centro da monar-
quia e do culto para todos os israelitas.
 O reinado de Davi foi marcado pelo apogeu da monarquia israelita, talvez 
de todo o período hebreu na região, desde os patriarcas até os tempos da destrui-
ção do segundo templo. Segundo a tradição judaica, o Messias salvador, aquele 
que restauraria a sorte de Israel, deveria vir de origem davídica, pois o próprio 
Deus garantiu vitória a seus descendentes.
Nem tudo foram flores no reinado Davi que, para colocar em prática seus 
planos ambiciosos de conquistas, iniciou uma política de recrutamento obri-
gatório entre as tribos e aumentou significativamente a cobrança de impostos. 
Nesse contexto, seu filho Absalão organizou uma rebelião, apoiada pelos exér-
citos e lideranças das tribos, que foi contida pela resistência de setores da tribo 
de Judá que defenderam os interesses do rei (LEFTEL, 2010).
O reinado de Davi durou aproximadamente 39 anos, entre 1000 a.C a 961 
a.C., período em que conseguiu concretizar quase todos os planos, contando com 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E34
a ajuda de seus Valentes, um exército que estava a seu dispor desde os tempos em 
que era perseguido por Saul, e por sua tribo, Judá, a quem sempre favoreceu. É 
importante deixar marcado a ideia de “quase”, pois apesar do desenvolvimento 
econômico e a consolidação da monarquia, o rei não conseguiu construir um 
templo de adoração a Deus, mantendo o centro das práticas da religião israelita 
na figura do tabernáculo, um santuário sagrado que continha a Arca da Aliança, 
símbolo da presença de Deus.
A figura do tabernáculo fazia sentido em um momento em que a consolidação 
do povo não tinha se efetivado e as ameaças externas se espreitavam cotidiana-
mente, mas a monarquia davídica tinha posto, mesmo que temporariamente, 
como veremos na história, um ponto final nestas imprecisões, por isso, era o 
momento de fixar um local definitivo de consagração ao Deus de seus ancestrais.
A construção do templo sagrado foi iniciada e concretizada no reinado de 
Salomão, filho e sucessor de Davi ao trono de Israel. O rei, reconhecido por sua 
sabedoria, governou poraproximadamente 39 anos também, entre 961 a. C. e 
922 a.C. e herdou a estabilidade política e econômica de seu pai.
Salomão dominou as vias de comércio do crescente fértil e fez de Israel um 
dos principais reinos do comércio internacional da época. Em grande medida, o 
monarca não encontrou os problemas externos que assolaram as monarquias ante-
riores, isso porque fizeram alianças, marcadas pelo matrimônio, com os antigos 
inimigos, entretanto o problema encontrado por Salomão foi de ordem interna.
O reinado de Salomão foi marcado pelos altos impostos e a realização de 
trabalhos compulsórios, conhecidos como corveia, em grande medida para ‘dar 
conta’ de construir o Templo Sagrado ao Deus de Israel, que ficou conhecido 
por Templo de Salomão.
O Período dos Reis
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
35
Figura 3 - Reino Unido de Israel nos tempos de Saul, Davi e Salomão
Fonte: lh6 ([2017], on-line)5. 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E36
Assim como no reinado de seu pai, Salomão manteve a tribo de Judá como base 
política de seu mandato, desse modo, a tribo em questão não sofria com a alta 
tributação e a corveia. Estes fatores trouxeram grandes descontentamentos entre 
as tribos que não se beneficiavam, dentre elas, Efraim, que tinha em Jeroboão a 
principal voz contrária à política centralizadora real.
Salomão edificou um exército forte e submisso às suas ordens e erigiu for-
talezas em pontos estratégicos do reino (LEFTEL, 2010), no entanto, no final de 
seu reinado, viu seu poderoso domínio imergir em crises econômicas e insa-
tisfação popular. Apesar dos problemas, Salomão conseguiu manter o reino 
unificado até sua morte.
ROBOÃO E A DIVISÃO DO REINO
Roboão, herdeiro do trono, não tinha o mesmo pulso que seu pai e avô tiveram. 
Diante das fortes hostilidades e do desejo de secessão das tribos do norte, lidera-
das por Efraim, em 922 a.C. imediatamente após a morte de Salomão, aconteceu 
a definitiva divisão do reino, dando origem ao reino do Norte, formado por dez 
tribos e sob o comando de Jeroboão, enquanto restaram as tribos do Sul, formada 
por Judá e Benjamim. Etimologicamente, as tribos do norte ficaram conhecidas 
Quando os judeus retornaram para a Jerusalém, após o exílio babilônico, a 
Samaria, antigo vestígio do reino do norte, já era uma província bem estru-
turada. Jerusalém, por sua vez, não passava de ruínas e destruição, herança 
do ocorrido 70 anos antes. Esdras e Neemias foram os responsáveis pelo 
restabelecimento de Jerusalém. Os judeus viam Samaria como concorrência 
política às pretensões de poderio sobre a região. A ortodoxia judaica via os 
samaritanos como idólatras e miscigenados. De fato, os samaritanos eram 
miscigenados e isso decorria das invasões assírias e alguns idólatras, o que 
não era tão diferente dos judeus, mas enquanto o templo de Jerusalém esta-
va destruído, os samaritanos ergueram no Monte Garizim, seu próprio tem-
plo em louvor ao Deus de seus ancestrais e tinham seu próprio pentateuco. 
Com a dominação de Alexandre sobre a região, Samaria foi rapidamente 
helenizada e, durante o período dos Macabeus, foi considerada inimiga dos 
judeus. Assim, sucedeu até o primeiro século da era comum. 
Fonte: o autor.
Roboão e a Divisão do Reino
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
37
como Israel e, a partir desse momento, seus habitantes receberiam o nome isra-
elitas, já as tribos do sul, apesar de Benjamim, ficaram conhecidas como Judá e 
seus habitantes judeus.
O reino do Norte sofreu sucessivas mudanças de dinastias, enquanto Judá 
manteve até seu fim a dinastia davídica. Quanto às capitais, Israel teve Siquém, 
depois Tersa e, por fim, Samaria, já Judá manteve Jerusalém. Do ponto de vista 
religioso, também houve grandes mudanças. Jeroboão “estabeleceu seu próprio 
culto oficial, construindo templos em Dã e Betel, para que seus súditos não olhas-
sem mais para o Templo de Jerusalém” (SCHEINDLIN, 2003, p. 42), os judeus 
mantiveram relativa devoção ao Deus de seus ancestrais, digo relativa, pois, em 
alguns momentos da história, reis do Sul estabeleceram cultos a ídolos.
De maneira geral, os reinos do Norte e do Sul divididos não representavam gran-
des ameaças aos Impérios que emergiam no crescente fértil. Por vezes, Israel e 
Judá aliaram-se entre si, ou com outros reinos, contra inimigos comuns, casando 
seus herdeiros com filhas de outros reis, como o caso de Acabe, filho de Amri, 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E38
herdeiro do trono de Israel que casou com Jezabel, fi lha do rei de Tiro, e a neta 
de Amri, Atalia, que casou com Jorão, fi lho do rei de Judá.
Jezabel divulgou sua religião e perseguia os não pagãos, mas é importante 
esclarecer que, mesmo no reino do Norte, existiam profetas que se ergueram 
contra a idolatria, como Elias e seu discípulo Eliseu, que se mantiveram fi éis ao 
Deus de Abraão, Isaac e Jacó e não se curvaram diante de deuses estrangeiros. 
No sul, durante o reinado de Jorão, por infl uência de sua esposa Atalia, estabe-
leceu-se o culto a Baal, uma entidade fenícia. Em ambos os casos, as esposas dos 
reis, responsáveis por cultos estrangeiros, foram executadas. 
Figura 4 - Reino dividido de Israel e Judá
Fonte: cancao nova ([2012], on-line)6. 
Dominação Assíria, Dominação Babilônica e Exílio
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
39
DOMINAÇÃO ASSÍRIA, DOMINAÇÃO BABILÔNICA E 
EXÍLIO
Entre 744 a.C e 727 a.C., a Assíria 
ressurge como grande império 
expansionista, sob liderança de 
Tiglath-Pileser III, que, após 
subjugar a Babilônia, voltou suas 
atenções para o ocidente. Em 738 
a.C., o imperador assírio passa 
a cobrar impostos do Reino do 
Norte e dos Estados ao norte de 
Canaã. Nesse momento, Israel 
e Damasco, um dos Estados ao 
norte de Canaã, juntam-se em 
uma coalizão regional contra o 
poderoso Império. Judá, que nessa época tinha Acaz como rei, não se prontifi-
cou a participar da coalizão, o que causou a ira dos membros que “invadiram 
Judá com a intenção de substituí-lo por um governante mais cooperativo. Frente 
a essa invasão e aos ataques de diversas outras partes, Acaz apelou para Tiglath-
Pileser III, pedindo ajuda” (SCHEINDLIN, 2003, p. 45-46). Após o pedido de 
ajuda, os assírios mobilizaram-se em uma campanha para efetivamente acaba-
rem com a coalizão e dominarem a região. Assim, invadiram Israel, deportaram 
parte de sua população e colocaram um rei fantoche no poder, Oséias.
Apesar de ter sido colocado no poder por decreto Assírio, Oséias recusou-
-se a pagar tributos ao poderoso império e pediu ajuda ao, já não tão poderoso, 
Egito, o que de fato não adiantou. Em 721 a.C., Sargão II invadiu Samaria, pondo 
fim definitivo na História do Reino do Norte.
Os assírios tinham como prática, no momento da ocupação, a troca da popu-
lação nativa por de outras regiões, desse modo, deportaram os israelitas para a 
região da alta mesopotâmia, e o território do Reino do Norte foi colonizado por 
sírios e babilônios, formando, assim, um dos estereótipos carregado pela popu-
lação samaritana, o de povo miscigenado e pagão (SCHEINDLIN, 2003).
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E40
O reino de Judá não ficou totalmente ileso aos ataques assírios na região, 
em 703 a.C., após uma rebelião na Babilônia, possessão importante do Império, 
formou-se uma coalizão antiassíria,na Palestina, que contou com Tiro, cidades 
filisteias e Judá, que nesse momento era governado por Ezequias. Scheindlin 
(2003 p. 47) aborda esse momento da História:
[...]preparando-se para a retaliação assíria, Ezequias reforçou as fortifica-
ções de Jerusalém e cavou o famoso túnel de Siloé – que ainda pode ser 
visitado – para garantir o abastecimento de água da cidade. Quando o rei 
assírio Senaquerib entrou marchando pela região em 701 a. C., seguiu-se 
uma terrível carnificina e extensas expatriações, e Ezequias teve de ceder 
alguns de seus territórios e aumentar seu tributo. Mas Senaquerib partiu 
abruptamente da cena sem tomar Jerusalém, o que, de acordo com o nar-
rado na Bíblia, foi resultado da milagrosa morte súbita de suas tropas”. 
Mesmo não efetuando dominação total da região, os judeus foram obrigados 
a pagar tributos aos assírios, fato que se estendeu até o reinado de Josias, que 
governou entre 640 a.C. e 609 a.C., o último rei judeu que governou com certa 
autonomia, seu reinado foi marcado pela purificação do estado judeu, eliminou 
os cultos estrangeiros, restabeleceu a celebração da páscoa, que há muito não se 
observava, restringiu o holocausto à cidade de Jerusalém,
a Bíblia descreve este evento como sendo resultado da descoberta de 
um rolo de pergaminho antigo no Templo – presumivelmente, o Livro 
de Deuteronômio -, estabelecendo que os sacrifícios não poderiam ser 
oferecidos em qualquer outro lugar (SCHEINDLIN, 2003, p. 48).
 De fato, no reinado de Josias, a aliança com Deus de seus ancestrais foi restau-
rada.Triste foi o fim de Josias, que, ao tentar impedir as tropas egípcias de se 
unirem aos assírios em uma ofensiva ao crescente império babilônico, fora bru-
talmente assassinado.
Apesar da ajuda egípcia aos assírios, os babilônios tornaram-se a grande 
potência na região. O grande general Nabucodonosor – que logo se tornou rei 
– derrotou os egípcios na Síria e transformou o rei de Judá, na época, Joaquim, 
em seu vassalo (SCHEINDLIN, 2003).
Joaquim não se submeteu ao domínio babilônico e liderou um levante con-
tra o império mesopotâmico. Nessa rebelião, o rei foi morto e sucedido por 
Jeconias, seu filho de 18 anos, que resistiu durante três meses, quando se rendeu.
Dominação Assíria, Dominação Babilônica e Exílio
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
41
Sedecias tornou-se rei após a deposição de Jeconias, no entanto, apesar de 
ter sido colocado como rei fantoche dos interesses babilônicos, o rei foi líder 
de uma nova rebelião. Em 587 a.C., as tropas de Nabucodonosor destruíram as 
muralhas de Jerusalém e o Templo de Salomão, centro das celebrações religiosas 
do povo judeu, renderam os oficiais e os nobres e parte da população e os leva-
ram cativos para a Babilônia, tinha, assim, o fim do Reino de Judá.
O exílio babilônico fortaleceu as instituições religiosas do povo judeu. As 
reminiscências dos tempos gloriosos de Davi e Salomão tornaram-se ideais no 
inconsciente coletivo dos exilados, neste contexto as esperanças do sonho do 
Messias restaurador, aquele que restauraria a sorte de Sião, foram revividas. 
O redentor ideal seria um rei – o ungido do Senhor – da linhagem de 
Davi ou um Ser celestial referido como “Filho do Homem”. A Redenção 
poderia pois significar um mundo melhor e mais pacífico ou o fim e 
aniquilação total “desta época” e o prenúncio de uma nova era e de “um 
novo céu e uma nova Terra” entre a catástrofe e o julgamento (WER-
BLOWSKY, 1972, p. 23). 
Foram, ao todo, 70 anos até que os judeus (que voltaram, mas muitos ficaram por 
lá) deixassem o exílio babilônico. No início, sob dominação do próprio Império 
Babilônico e depois sob dominação do Império Persa, que sob liderança de Ciro, 
conquista a Babilônia em 539 a.C. Já em 538 a.C., os primeiros exilados retor-
naram a Judá, agora uma província Persa.
Sobre o exílio babilônico, é importante esclarecer algumas questões: ape-
nas cerca de 10% dos judeus tornaram-se cativos em Babilônia; muitos exilados 
enraizaram- se na Mesopotâmia, alcançando estabilidade econômica e não esta-
vam dispostos a se mudarem para uma província pobre; os tempos áureos da 
dominação judaica, na Palestina, era lembrança de alguns idosos (SCHEINDLIN, 
2003; TASSIN, 1988) e mais, “reconstruir o Templo se apresentava como empresa 
perigosa e esgotante” (TASSIN, 1988, p. 17). 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E42
RETORNO A SIÃO: SOB DOMÍNIO PERSA
Em 538 a.C., sob proteção do Império Persa, retorna o primeiro governador da 
província da Judéia, Sasabassar, um membro da Casa Real judaica, trouxe consigo 
os objetos sagrados do Templo, que haviam sido roubados por Nabucodonosor, 
e também restabeleceu o altar do holocausto. 
Em 522 a.C., outro descendente da casa davídica assume o posto de gover-
nador da província da Judéia, Zorobabel. Sob a liderança de Zorobabel tem-se 
a reconstrução do Segundo Templo, que ficou pronto em 515 a.C., longe de ter 
a suntuosidade do Primeiro Templo, como alguns poucos idosos podiam lem-
brar (SCHEINDLIN, 2003).
Apesar da reconstrução do Templo Sagrado, a cidade de Jerusalém continu-
ava em ruínas, as muralhas que protegiam a cidade sagrada estavam destruídas, 
sendo passível de invasões estrangeiras. Além disso, o pouco da religião ances-
tral que havia sobrevivido era marcado pelo sincretismo, pois, em Babilônia, os 
exilados tiveram contato com outras religiões, e muitos dos que haviam ficado 
também sofreram com a perda das referências religiosas, visto que poucos pro-
fetas e sacerdotes resistiram ao exílio. Nesse contexto, surgiu Esdras e Neemias.
Os contemporâneos Esdras e Neemias foram os grandes reformadores das ins-
tituições judaicas pós-exílio e, para alguns, os fundadores do judaísmo enquanto 
religião. Esdras, um descendente de Arão, portanto, um levita, foi um escriba 
da casa real persa que fora enviado pelo próprio imperador, em 458 a.C., com o 
Retorno a Sião: Sob Domínio Persa
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
43
objetivo de colocar a Lei de Moisés como referência de identidade. Lutou con-
tra os matrimônios mistos e estabeleceu o conceito de raça santa, que já existia 
entre os hebreus, mas que fora empregada com maior intensidade a partir do 
século V a.C.
Porque a fidelidade à Lei (escrita) de Deus e o conceito de “raça santa”, 
dois princípios inseparáveis, mostravam que a pertença ao Povo elei-
to não provinha de certidão de nascimento porém de opção de vida, 
cujo termo-chave era separar-se, para participar da santidade do Deus 
Totalmente-Outro, segundo a ideologia presente em Lv 20, 25-26 e Lv 
26, 33 personificava o País que, graças ao sábado forçado do exílio, re-
cuperaria a santidade de que fora despojado pela infidelidade à Aliança 
(TASSIN, 1988, p. 21-23). 
As reformas de Esdras são consideradas, até hoje, como essenciais para a existência 
do judaísmo, tanto que a tradição considera, assim como Moisés, o reforma-
dor como um Legislador, diga-se de passagem, apenas as duas personagens tem 
este título.
Mais do que um reformador da tradição, Neemias também foi um reforma-
dor de fato, pois foi em seu governo que a cidade de Jerusalém e suas fortificações 
foram reconstruídas:
[...]então eu lhes disse: Vede a deplorável e humilhante situação em que 
nos encontramos, como toda a cidade de Jerusalém está em ruínas e 
suas portas devastadas pelo fogo. Vinde! Vamos reconstruir os muros 
de Jerusalém, para que não passemos mais vergonha (BÍBLIA KING 
JAMES, Neemias 2:17,[ 2017],on-line)1.
Neemias era o “enóforo – o encarregado dos vinhos – do rei persa Artaxerxes, 
no palácio de Susa, seu homem de confiança” (SCHAMA, 2015, p. 52) que havia 
se tornado governador da Judéiaem 445 a.C. por nomeação. Apesar de não ser 
da Casa de Davi, foi recebido como um enviado de Deus. Seu livro mostra as 
dificuldades que teve diante das autoridades regionais, “Sambalate, o Horonita, 
Tobias, o oficial Amonita e Gesém, o Árabe” (BÍBLIA KING JAMES, Neemias 
2, 19,[2017], on-line)1, para assegurar a posse da Terra Santa, ao povo eleito.
É incrível a riqueza de detalhes contidas no livro de Neemias, o historiador 
Simon Schama (2015, p. 53-54) elucida que:
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E44
[...]mesmo os acadêmicos mais moderados chamam o Livro de Nee-
mias, breve, mas de excepcional vividez, de memórias. Ao contrário de 
outros livros da Bíblia Hebraica (mas da mesma forma que o Livro de 
Esdras, com o qual sempre faz par, a ponto de serem lidos juntos, como 
uma única narrativa), foi escrito quase com certeza perto da época dos 
fatos que descreve. As longas citações de decretos reais e alvarás persas 
em Esdras correspondem ao estilo cortesão e legal persa de meados do 
século V a. C. São, na verdade, transições diretas. A impressão domi-
nante é de imediatismo documental, um livro que, em sua carga mate-
rial de ferro, pedra e madeira, recorda fisicamente seu momento. 
Aos poucos, Judá foi alcançando certa autonomia e Jerusalém tornou-se o cen-
tro de um pequeno Estado governado por um Sumo Sacerdote, que fazia da Torá 
regras de conduta religiosa e ética. 
PERÍODO HELENÍSTICO
O Império Persa foi, durante dois 
séculos, o grande senhor do oriente 
próximo, no entanto, em 333 a.C., 
esta condição mudou quando 
Alexandre, o Grande, destronou 
Dário III e passou a ter os persas e 
os povos sob sua tutela em súditos 
do Império Macedônio. O grande 
Império liderado por Alexandre 
englobava um vasto território que 
ia da Península Balcânica ao rio 
Indo, no subcontinente indiano.
Historicamente, o período de 
dominação macedônio é conhecido como Helenista. A palavra Helenista, vem 
de Hélade, que pode ser traduzido do grego como Grécia. Neste período, a 
Período Helenístico
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
45
cultura, a religião e os costumes gregos foram difundidos pelos lugares em que 
Alexandre dominou.
O rei macedônio Filipe II, cognominado Caolho, pai de Alexandre, invadiu 
e dominou a Grécia em 346 a.C. e legou aos cuidados da alta intelectualidade 
grega a educação do filho. Alexandre teve como preceptor ninguém menos que o 
filósofo Aristóteles. Apesar de ter assumido o trono da Macedônia após a morte 
de seu pai, Alexandre estava imerso na cultura helênica.
Como outrora citado, o Império Persa caiu sob dominação de Alexandre 
em 333 a.C. e isso fez com que todos os domínios do império invadido passas-
sem para os macedônios, inclusive a Judéia.
Beek (1967, p. 130-131) nos orienta ao fato de que:
[...]não há razão para acreditar que a vitória de Alexandre em Isso (333 
a. C.) tenha afetado a situação de Jerusalém em qualquer aspecto fun-
damental. Tudo se resumiu na mudança do nome dos senhores – os 
impostos e soldados tinham, agora, de ser fornecidos aos gregos e não 
aos persas. Daí o silêncio das fontes judaicas sobre os momentosos 
acontecimentos históricos que, na época, abalaram o Oriente Próximo.
A população judaica passou por uma paulatina helenização, entretanto a cul-
tura grega não era novidade entre os povos do Oriente Médio, tanto que, antes 
mesmo da dominação persa, “mercadores gregos tinham viajado pelo Egito e 
Ásia ocidental, espalhando ideias e produtos gregos onde iam” (BEEK, 1967, p. 
131), a própria língua grega fora usada como língua franca durante O reinado 
do persa Dario I.
Após a morte de Alexandre, em 323 a.C., teve início uma série de conflitos 
pelo domínio de seu vasto território. Como O Grande não havia deixado her-
deiros, seus generais foram os protagonistas de 22 anos de guerras intermitentes. 
Em 301 a.C., após a batalha de Ipsus, o Império Macedônio foi dividido em qua-
tro partes: o reino de Cassandro, composto pela Macedônia, parte da Grécia e 
parte da Trácia; o reino de Lisímaco, composto pela Lídia, Frígia e partes da 
Turquia; o reino de Seleuco com parte da Pérsia, da Mesopotâmia, da Síria e da 
Ásia Central e, por fim, o reino de Ptolomeu, com o Egito e Palestina. 
A HISTÓRIA DOS HEBREUS: DO PATRIARCA ABRAÃO A HERODES, O GRANDE
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E46
SOB DOMÍNIO SELÊUCIDA
A Palestina, uma macro região em que dentre outras províncias estava a Judéia, 
ficou sob domínio do reino de Ptolomeu, sediado no Egito. Durante todo o século 
III a.C., a possessão asiática de Ptolomeu foi zona de litígio, sendo palco de con-
flitos contra o nascente Império Selêucida.
Em 198 a.C., os Selêucidas expulsaram os ptolomaicos da Ásia e tomaram 
a Palestina. Antíoco III, imperador selêucida na época, “permitiu que a judéia 
continuasse como um Estado semi-autônomo” (SCHEINDLIN, 2003, p. 65), seu 
sucessor Antíoco IV – 175 a.C. a 163 a.C. – estabeleceu uma relação diferente com 
a região, o que determinou decisivamente o poder estrangeiro sobre essa região.
O governo de Antíoco IV, autodenominado Epífanes (encarnação de Deus), 
foi marcado pelo conflito de interesses entre ele e a, também, expansionista 
República Romana que, desde a época de seu pai, já infligira derrotas humilhan-
tes ao Império Selêucida. Diante da necessidade de proteção, Antíoco IV adotou 
a pilhagem de templos dos povos súditos.
[...] os templos sempre eram boas fontes de dinheiro, devido aos me-
tais preciosos, usados em seus equipamentos de rituais e decorações, e 
porque, sendo considerados invioláveis, serviam com frequência de de-
positários para fundos públicos e até mesmo particulares. Desta forma, 
o templo judeu chamou a atenção dos selêucidas como uma possível 
fonte de tesouros” (SCHEINDLIN, 2003, p. 66).
Antíoco IV era senhor de uma vasta área que incluía a Mesopotâmia, a Síria e a 
Sob Domínio Selêucida
Re
pr
od
uç
ão
 p
ro
ib
id
a.
 A
rt
. 1
84
 d
o 
Có
di
go
 P
en
al
 e
 L
ei
 9
.6
10
 d
e 
19
 d
e 
fe
ve
re
iro
 d
e 
19
98
.
47
Palestina. Diante da multiplicidade de tradições e culturas dos povos invadidos, 
o imperador deu início à unificação Cultural do Império, impondo o helenismo 
como cultura oficial da região. Este novo modelo consistia na oficialização do 
idioma grego, na moda, na filosofia e no treinamento físico.
De fato, a cultura grega já estava difundida na região, desde o período Persa, 
como já discutido anteriormente, por isso, muitos judeus achavam que as orde-
nações do líder Selêucida poderiam modernizar o judaísmo, que para muitos, 
influenciados pelo helenismo, não passava de um sistema religioso rudimen-
tar e primitivo. Até mesmo os sacerdotes, que haviam se tornado a autoridade 
máxima político-religiosa, aderiram à cultura clássica.
Para os judeus citadinos do século II a.C., não havia reais diferenças entre 
o helenismo e o judaísmo:
[...]na mente de seus escritores e filósofos, o judaísmo era a raiz antiga, 
e o helenismo, a árvore jovem. Zeus era apenas uma versão paganiza-
da do Todo-Poderoso YHWH, e Moisés, o legislador moral de quem 
se originavam todas as legislações éticas. Escrevendo em meados do 
século II a.C., o judeu Aristóbolo de Panias queria que seus leitores 
acreditassem que Platão tinha estudado a Torá de forma meticulosa e 
que Pitágoras devia seu teorema à antiga ciência judaica. Diante des-
se tronco comum de sabedoria, devia parecer bastante possível que os 
dois mundos se compreendessem (SCHAMA, 2015, p. 119). 
O período de dominação selêucida também marcou as sucessivas compras de 
sacerdócio por famílias de classe alta de Jerusalém, como quando, no início do 
século II, Josué, ou Jasão, seu nome helenizado, subornou o Imperador

Outros materiais