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O filme como estrelas na terra

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CEL: CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS
LICENCIATURA DE LETRAS PORTUGUÊS
Antonia Roberlândia de Souza Silva machado
A PRÁTICA DOCENTE COM ALUNOS DISLÉXICOS
Cruzeiro do Sul / Acre
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CEL: CENTRO DE EDUCAÇÃO E LETRAS
LICENCIATURA DE LETRAS PORTUGUÊS
A PRÁTICA DOCENTE COM ALUNOS DISLÉXICOS
 					 
Trabalho apresentado ao Curso (Letras Português) da UFAC - Universidade Federal do Acre, para a disciplina [Aquisição da Linguagem]. Prof.º: Tiago Muniz.
 
 
Cruzeiro do Sul / Acre
2014
O filme como estrelas na terra: toda criança é especial do renomado cineasta Indiano Aamir Khan, nos remete ao tema bastante delicado que é o trabalho com crianças que sofrem de distúrbios disléxicos. Sendo que as mesmas devem obter uma atenção maior de seus pais, professores que até então são responsáveis por sua educação escolar. Assim nos leva a refletir de que forma devo trabalhar em sala de aula, que métodos usar e principalmente como ajudar aquela criança a interagir com o meio.
Tendo como ponto de estudo o garotinho Ishaan, protagonista do filme acima supracitado e, com embasamento em algumas teorias estudadas em sala, partiremos nosso estudo para o seguinte tema: a prática docente com alunos disléxicos. Pois acreditamos que este filme pode transmitir para todos os educadores uma mensagem que mostra que é possível trabalhar com a diversidade dentro da sala de aula, sendo apenas necessário que o educador compreenda as necessidades e o contexto social de cada educando, para que então possa ajudá-lo a desenvolver sua capacidade de aprendizagem.
De acordo com a teoria Behaviorista o conhecimento acontece por meio do estimulo e resposta, ou seja, no behaviorismo encontramos tudo pronto, retratado na sala de aula da escola de Ishaan, pois o que importava eram os títulos, as conquistas de seus educandos, o conhecimento era somente o que os professores passavam. Como por exemplo, a aula de artes no colégio interno, os alunos deveriam reproduzir as figuras tal qual estava no quadro, não importando sua criatividade, seu conhecimento inato.
Esse tipo de aproximação que previa o aprendizado de comportamentos não-linguísticos e linguísticos por meio de estimulo, reforços e privações pode ser resumido na visão de Skinner (1957) para o comportamento. pág. 217 da apostila: As teorias de aquisição.
Desta forma Ishaan não conseguia acompanhar a aprendizagem de seus colegas, seus professores não percebiam sua extrema dificuldade com a leitura, com os cálculos matemáticos e dentre outros problemas com a escrita. Nem mesmo a família era capaz de ajudá-lo. Ninguém percebia que Ishaan já havia passado pelo o processo de lateralização e estava em um período chamado de idade crítica. Ou seja, segundo a apostila linguagem e mente, a aquisição da linguagem acontece ao mesmo tempo em que o processo de lateralização, após o termino deste, a criança passa por diversas dificuldades para poder desenvolver suas habilidades cognitivas.
A lateralização para a linguagem não é o único tipo de especialização de função que se desenvolve nos seres humanos com relação a um hemisfério do cérebro ao invés do outro; e a lateralização em geral é comumente considerada como uma pré-condição evolutiva do desenvolvimento de inteligência superior do homem.(...) Em apoio a este ponto de vista podemos observar que a aquisição da linguagem começa mais ou menos ao mesmo tempo que a lateralização e completa-se normalmente, no que diz respeito ao essencial, quando o processo de lateralização termina. (…) Parece existir o que frequentemente denomina-se idade crítica para a aquisição da linguagem, no sentido de que a linguagem não será adquirida, ou pelo menos não totalmente. Pág. 229. da apostila: Linguagem e o cérebro.
Afinal o protagonista do filme necessitava interagir com o meio, porém todas as vezes que tentava participar, ou até mesmo quando era solicitada sua participação na aula, sentia-se reprimido por seus colegas e por muitas vezes era tarjado de burro e preguiçoso. Assim, Ishaan passou a desenvolver a fala egocêntrica, defendida e estudada por Piaget e Vygotsky. Porém tudo isso cai por terra quando o garoto é mandado para um colégio interno, onde se depara com um mundo até então igual ao seu, entretanto com a chegada do novo professor de artes Ishaan passa a desenvolver-se e interagir aos poucos com a turma.
O seguimento acima citado corrobora com os estudos desenvolvidos pelo grande psicólogo Lev Semenovitch Vygotsky, que acreditava na capacidade do adulto em criar a intenção comunicativa para a criança. Fazendo com que assim o mundo possa interagir com a mesma. Percebemos a aplicação concreta dessas pesquisas de Vygotsky ao examinarmos as cenas em que o professor procura o garoto para conversar, questionar sobre o que acontece para que todo o dia ele fique de castigo, até que chega ao ponto que descobre os distúrbios sofridos por Ishaan e passa a ajuda-lo de forma significativa para sua aprendizagem.
Vygotsky (1962) também defende que o desenvolvimento da fala segue as mesmas leis, o mesmo desenvolvimento que outras operações mentais. O autor chama atenção para a função social da fala, e daí a importância do outro, do interlocutor, no desenvolvimento da linguagem. Os estudos de base interacionista apontam para o papel do adulto como quem cria a intenção comunicativa, como facilitador do processo de aquisição. Assim como Piaget, Vygotsky estava interessado na relação entre língua e pensamento. Pág. 223. da apostila: As teorias de aquisição.
O professor procura a família de Ishaan e explica que o mesmo possui um distúrbio chamado dislexia, que são alterações que impedem ou dificultam a aquisição e continuidade do processo de leitura e escrita. Porém o docente encontra uma barreira enorme em seu caminho, pois a família não aceita que o garoto possa ter esse distúrbio, assim o mesmo passar a trabalhar sozinho na construção do desenvolvimento pedagógico de Ishaan, usando-se de métodos chaves para sua aprendizagem como, por exemplo: a arte que era a paixão de Ishaan, o espelhamento e fazendo com que todos passassem a acreditar no potencial da criança.
Com base na teoria de Vygotsky o professor foi capaz de criar a profunda interação do mundo com a criança. Ao usar a técnica do espelhamento e do interacionismo que é defendida por Vygotsky, o professor de artes preparou o meio escolar e familiar para trabalhar coma as dificuldades de Ishaan. Assim o mesmo deixou de se sentir excluído e reprimido por todos, passando a ser uma criança feliz e dedicado nos estudos, fazendo novas amizades e acima de tudo acreditando em si mesma.
Poderiam ser espelhamentos explicados com argumentos que fossem além de aspectos visuoespaciais: falhas na percepção visual, na lateralidade, no esquema corporal ou em noções espaço-temporais. (…) A criança, na verdade, torna-se capaz de reconhecer a identidade dos objetos, podendo distinguir entre as propriedades variáveis e invariáveis. Pág. 133. da apostila: O espelhamento de letras na escrita infantil: O que isso pode significar.
Conforme o exposto, reafirmamos um pensamento dito por Vygotsky, que consistia no fato de que as crianças com dislexia devem obter uma atenção primordial, devendo estudar por mais tempo, sendo respeitadas suas limitações, recebendo assim menos trabalhos didáticos que as outras crianças, sendo ensinadas de uma forma diferente, com métodos e atitudes adaptadas as suas condições singulares, mas que contemplem o ensino pedagógico de forma igualitária ao ensino dos outros educandos. 
Portanto, diante dos fatos é notório que a escola é o espaço privilegiado para a construção do conhecimento sistematizado. Considerando a rica diversidade encontrada em sala de aula, não se posicionando apenas no campo ideológico, mas colocando em pratica novas técnicas, conceitos e habilidades pra que todos
os docentes possam enfrentar novos desafios e por fim compreendam que é necessário entender as necessidades e o meio social de cada aluno, para que assim ajudem a cada um desenvolver suas capacidades e a construir seu conhecimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
ZORZI, Jaime Luiz. Aprendizagem e distúrbios da linguagem escrita: questões clínicas e educacionais. Porto Alegre: Artmed, 2003. 
GARCIA, Ana Carla de Mendonça (entre outras). Dislexia e Distúrbios da Leitura e da Escrita.
LYONS, I. Linguagem e Linguística. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
VYGOSTSKY, As teorias da Aquisição: Interacionismo.

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