Buscar

CLIMA REGIONAL DO BRASIL

Prévia do material em texto

1 
 
CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO SUDESTE 
Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto 
DGE-UFS 
I – CRONOLOGIA DE ESTUDOS 
PERSPECTIVAS DE REGIONALIZAÇÃO – 1940/50 a 1979 (NIMER); 
RITMO CLIMÁTICO E VARIABILIDADE DOS ELEMENTOS (MAIS CHUVA) – 1970 A 1990; 
ANÁLISE EPISÓDICA COM TEMÁTICA URBANA – A PARTIR DE 1970 E ATUAIS; 
NOVAS DESCOBERTAS DA METEOROLOGIA: PROCESSOS E INTERCONEXÕES DA DINÂMICA 
ATMOSFÉRICA, TAIS COMO: 
 EL NIÑO/ OSCILAÇÃO SUL (ENOS) 
 ZCAS (ZONA DE CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL) 
 CCM(COMPLEXOS CONVECTIVOS DE MESOESCALA) 
 DIPOLO DO ATLÂNTICO 
II - CARACTERIZAÇÃO REGIONAL 
 DIVERSIFICAÇÃO – COMPLEXIDADE: 
 TÉRMICA: REGIÃO SUDESTE 
 PLUVIOMÉTRICA: REGIÃO NORDESTE (O SUDESTE É A SEGUNDA 
REGIÃO EM COMPLEXIDADE PLUVIAL) 
 UNIFORMIDADE – UNIDADE: 
 TÉRMICA: REGIÃO SUL 
 PLUVIAL: REGIÃO NORTE 
III – DIVERSIFICAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE 
 Localização latitudinal - 14 a 25S - forte radiação solar 
 Distribuição longitudinal - Localização à borda ocidental do oceano Atlântico - 
influência da maritimidade 
 Altimetria e disposição do relevo – os maiores contrastes morfológicos do Brasil, 
determinando variedades: temperaturas mais baixas (incluindo a ocorrência de 
geadas); precipitação (a turbulência do ar pela ascendência - chuvas 
orográficas, com umidade maior a leste e encostas secas a oeste e a norte). 
 Equilíbrio dinâmico entre o sistema de altas pressões, tropicais e polares. 
IV - AGRUPAMENTO REGIONAL – 14 SUBTIPOS EM 3 GRUPOS 
 1º grupo – Climas quentes com variações na distribuição pluvial (Norte de MG); 
 2º grupo – Climas subquentes com temperaturas ligeiramente inferiores; 
2 
 
 3º grupo – Mesotérmicos – Chuvas mais regulares e temperaturas brandas (latitudes 
mais altas e áreas mais elevadas) 
V – O DECÁLOGO 
I - LATITUDE 
II - TOPOGRAFIA ACIDENTADA 
III - PERTURBAÇÕES (CORRENTES PERTURBADAS) 
IV - INTERAÇÕES E DINÂMICAS COMPLEXAS 
V - EFEITO DA CONTINENTALIDADE (E DA RUGOSIDADE DO RELEVO) 
VI - DIVERSIDADE TÊMPORO-ESPACIAL DA PLUVIOSIDADE 
VII - DIFERENÇAS TÉRMICAS 
VIII- SAZONALIDADE ANUAL 
IX - PADRÕES E TIPOS CLIMÁTICOS (OU PADRÕES NORMAIS) 
X - DERIVAÇÕES ANTROPOGÊNICAS 
 
VI - CARACTERIZAÇÃO 
1º - LATITUDE 
 Radiação – ângulo de incidência 
 A extensão norte-sul produz climas regionais variados; 
 Climas típicamente tropicais com variações térmicas (extremo sul) e pluviométricas 
(chove mais nas latitudes mais altas). 
2º - TOPOGRAFIA ACIDENTADA 
 Presença de serras dispostas no sentido norte-sul – Serras: MAR – MANTIQUEIRA – 
ESPINHAÇO – ÓRGÃOS - CANASTRA – CAPARAÓ (Ilhas úmidas nas vertentes leste e 
sudeste e ilhas secas nas vertentes oeste e norte); 
 o relevo determina as temperaturas amenas e mínimas mais baixas e não 
permite máximas diárias elevadas no inverno. 
 Influência do relevo: Temperatura – chuvas – ventos – circulação atmosférica; 
 A altitude abranda o caráter tropical do clima; 
 Vales amplos e rebaixados aumentam a turbulencia do ar. 
3º - PERTURBAÇÕES (CORRENTES PERTURBADAS) 
 Frentes frias atuam na região em função da circulação superior e do recuo do equador 
térmico para o hemisfério norte. Avanço da FPA no outono-inverno ultrapassando os 
bloqueios. 
3 
 
 Correntes de leste - A trajetória leste-oeste, originadas dos alísios produz estabilidade, 
perturbada pelo efeito adiabático ao penetrar no interior da região, no verão. 
 Consequência – A configuração do relevo e o efeito da continentalidade determinam a 
diminuição da umidade e o aumento da temperatura no sentido zona costeira (a leste) 
e interior (oeste). 
 Correntes de Sul – Anticiclone Polar Atlântico provoca zonas de perturbação frontal na 
primavera/verão, com as massas tropicais (leste e norte – umidade oceánica) e com as 
massas equatoriais (oeste e noroeste – umidade amazónica). 
4º - INTERAÇÕES E DINÂMICAS COMPLEXAS 
 Durante todo ano sopram ventos oriundos do anticiclone semifixo do Atlântico 
Sul, com temperaturas elevadas pela intensa radiação solar e telúrica das 
latitudes tropicais, e forte umidade fornecida pela intensa evaporação 
marítima. 
 Os ventos alísios de SE sopram durante todo o ano e o anticiclone migratório 
polar é responsável pelas chuvas abundantes e pelos aguaceiros concentrados 
do verão. 
 O choque entre o sistema de circulação do anticiclone móvel polar e o sistema 
de circulação do anticiclone subtropical semifixo do Atlântico Sul, se dá em 
equilíbrio dinâmico. 
 ZCAS (corredor de umidade da massa equatorial continental no sentido 
noroeste/sudeste); 
 LINHAS DE INSTABILIDADE DO AR TROPICAL (decorrem do encontro do ar úmido do 
oceano com o ar seco do continente); 
 CCM’s - Depressão do Chaco sobre o oeste paulista. 
5º - EFEITO DA CONTINENTALIDADE (E DA RUGOSIDADE DO RELEVO) 
 Irregularidade das chuvas de sul para norte e de leste para oeste; 
 A fachada atlântica, margeada por serras elevadas recebem ventos úmidos do oceano 
e incrementa as chuvas orográficas; 
 Maritimidade acrescida dos ventos alísios do anticiclone tropical atlántico explicam a 
diminuição progressiva das chuvas no sentido leste/oeste. 
 Amplitude térmica se acentua pela continentalidade; 
4 
 
 Médias térmicas são menores em elevações. 
6º - DIVERSIDADE TÊMPORO-ESPACIAL DA PLUVIOSIDADE 
 O Sudeste é bem regado por chuvas, sendo que com irregularidade no tempo e 
no espaço. 
 Chuvas frontais - episódios sazonais de frentes estacionárias e dissipadas e a definição 
de um trimestre úmido e um trimestre seco; 
 Chuvas orográficas 
7º - DIFERENÇAS TÉRMICAS 
 A distribuição das temperaturas médias se apresenta basicamente por duas 
áreas: as mais elevadas no interior (Vale do São Francisco, Triângulo Mineiro e 
Vale do Paraná), onde a influência da latitude aponta uma sensível queda de 
norte para sul, e no litoral (onde a influência marítima anula quase 
completamente a influência da latitude). 
 Extensão latitudinal e altitudes do relevo - médias de 14 a 25°C; 
 Amplitudes térmicas anuais – até 50°C (máximas absolutas 40°C e mínimas absolutas 
negativas -10° C). 
 O afastamento das influências marítimas e o aumento da latitude exerçem 
papel importante no comportamento das temperaturas mínimas. 
8º - SAZONALIDADE ANUAL 
 As chuvas se concentram no verão, com o máximo em dezembro ou janeiro, 
sendo pouco freqüentes no inverno. Nas áreas de altitudes elevadas chove em 
qualquer estação do ano. 
 A variabilidade entre os verões mais ou menos quentes e os invernos mais ou 
menos rigorosos, importa sobre as atividades humanas mais do que a 
variabilidade pluviométrica. 
 Áreas a maior altitude – temperaturas mais baixas e chuvas mais intensas. 
9º - PADRÕES E TIPOS CLIMÁTICOS (OU PADRÕES NORMAIS) 
 É a região do país de maior diversificação térmica e a segunda complexidade no 
que se refere à distribuição espacial das chuvas 
5 
 
 Região de transição entre os climas quentes das latitudes baixas (tropicais) e os 
climas mesotérmicos de tipo temperado das latitudes médias. 
 Nas latitudes tropicais, o ritmo do clima é definido por duas estações: a 
chuvosa e a seca, ou aquela em que as precipitações são muito freqüentes e 
copiosas e aquela em que há um sensível declínio de chuvas. 
 Nas latitudes médias existem quatro estações mais ou menos definidas e 
variação de temperatura durante o ano. 
 Fatores dinámicos afetam a regularidade e a previsibilidade do tempo e do clima, a 
curto e a logo prazo. 
 Irregularidades impedem a tendencia. 
10º - DERIVAÇÕES ANTROPOGÊNICAS 
 A urbanização (concentração de núcleos higroscópicos) contribui para o acréscimo de 
chuvas; 
 3 das maioresáreas metropolitanas do Brasil (SP/RJ/BH); 
 90% do territorio sem a vegetação natural primitiva; 
 Paisagens antrópicas (pastagens, atividades agropecuárias, mineração etc.. modificam 
a interação entre a atmosfera e a superficie). 
VII - REFERÊNCIAS: 
NIMER, Edmom. Climatologia do Brasil. Rio de janeiro: IBGE, 1979. 
SANT’ANNA NETO, João Lima. Decálogo da climatologia do sudeste brasileiro. Revista 
Brasileira de Climatología/ Associação Brasileira de Climatologia, Presidente Prudente: 
ABClima, v.1, n.1, p.43-60, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO SUL 
Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto 
DGE-UFS 
I – GERAIS: 
CONTINENTALIDADE – MARITIMIDADE – LATITUDINAIS 
 Influência dos sistemas de latitudes médias; 
 Sistemas frontais causam chuvas durante o ano; 
 As circulações que influenciam a área se originam em outras regiões; 
 Importância dos estudos de previsão de chuvas e de frios; 
 Organização de sistemas convectivos: 
1. MCC – Primavera e verão; 
2. ZCAS – primavera e verão ( setembro a abril); 
3. ENOS – Anomalias positivas (chuvas intensas no inverno); 
4. LA NIÑA – Anomalias negativas no verão). 
 Latitude – abaixo do Trópico de Capricórnio; 
 Ação: Sistema de circulação perturbada de Sul = chuvas de verão; 
 Ação: Sistema de circulação perturbada de oeste = chuvas de granizo e 
trovoadas. 
II – EVENTOS: 
 Anomalias entre a Região Sudeste e a Região Sul; 
 Veranicos no Sul – ZCAS prolongadas no SE; 
 Enchentes de verão – ZCAS presentes mais ao sul. 
 Outras dinámicas importantes – massas polares e sistemas convectivos. 
III – CONDIÇÕES CARACTERÍSTICAS 
o É a região mais uniforme do Brasil no predomínio do clima mesotérmico, 
superúmido, sem estação seca, do tipo temperado 
o CONDIÇÕES GEOGRÁFICAS: 
i. Pequeno efeito da continentalidad. Não se afasta muito da orla 
marítima; 
ii. Pequena extensão territorial; 
iii. Localização geográfica, quase toda próxima ao Trópico de 
Capricórnio, sem se estender muito para o sul ou para o norte; 
iv. Grande efeito das correntes marinhas. 
o A zona temperada é menos influenciada pela radiação solar e menr 
evaporação. 
7 
 
o O relevo de superfícies elevadas e de formas simples atua no controle das 
temperaturas. 
o O Planalto Meridional ocupa o interior, com superfícies elevadas. 
o As áreas baixas são constituídas pelas planícies costeiras e pelos vales dos rios e 
afluentes do Paraná e Uruguai pela Depressão Central do Rio Grande do Sul e 
pelas planuras da Campanha Gaúcha, onde se destacam as coxilhas. 
o Os centros de ação do sistema geral de circulação da América do Sul e que 
atuam mais diretamente são: 
a) Altas pressões subtropicais do atlântico e do Pacífico, formadoras 
das principais massas de ar tropicais marítimas, que sopram 
durante todo ano, com tempo ensolarado. 
b) O anticiclone migratório polar traz uma série de tempo instável. 
c) A Depressão do Chaco tem origem no forte aquecimento do 
interior do continente, no verão. É extremamente móvel e 
determina bom tempo, pois possui baixa umidade e localiza-se 
abaixo de uma célula anticlônica que impede os movimentos 
ascendentes. É mais importante nos anos de verão pouco 
chuvoso. 
d) A depressão do Mar de Weddel forma-se na altura da Terra do 
Fogo e propaga-se para SE, sendo reforçada pelas frentes polares. 
 
o O sul do Brasil é privilegiado pela quantidade e pela distribuição das 
chuvas, sem muito excesso ou carência. 
o Embora se verifiquem chuvas em qualquer estação do ano, há uma 
ligeira tendência para máximos chuvosos no verão e mínimos em fins do 
outono ou no inverno. As médias pluviais oscilam entre 1.250 a 
2.000mm. 
o Podem ocorrer chuvas leves ou pesadas durante muitos dias 
consecutivos. No litoral do Paraná, no oeste de Santa Catarina e nas 
áreas a barlavento das escarpas elevadas de Lages e São Joaquim, no 
Rio Grande do Sul, as precipitações acima de 2.000 mm. No norte do 
Paraná e no pequeno trecho do litoral sul de Santa Catarina, as chuvas 
decrescem. 
o O verão é uma estação quente criando elevadas amplitudes térmicas, 
decrescentes ao avanço da latitude. No inverno há um considerável 
aumento da duração das noites em detrimento das horas de radiação 
8 
 
diurna, provocada pela maior inclinação dos raios solares e pela maior 
participação da circulação atmosférica de origem circumpolar. 
IV FENÔMENOS TÉRMICOS: 
o A dinâmica atmosférica responde pela ocorrência de fenômenos típicos 
como as noites frias, geadas, neves e vento minuano. 
o As noites frias ocorrem com o termômetro ao nível ou abaixo de 0C. 
Cessando a radiação solar, o ar seco acelera a radiação terrestre 
noturna. Ocorre pouco antes do sol nascer, no verão, ou poucos 
minutos depois do nascimento, no inverno, quando a região está sob 
domínio direto do anticiclone migratório polar, com tempo bom e baixa 
umidade. São mais freqüentes nas áreas continentais, nas maiores 
latitudes e sobre o planalto, onde chega a ocorrer mais de 15 vezes ao 
ano. 
o As geadas são muito comuns nessa região, durante o inverno. Ocorrem 
em noites de céu limpo, de fraca umidade e quando as temperaturas 
são baixas nas primeiras horas da noite. São mais freqüentes também 
nas áreas continentais, por conta da influência moderadora do mar, mas 
podem ocorrer no litoral. A geada negra é bem mais nociva às culturas, 
quando é o próprio ar que está com temperatura negativa e não apenas 
as superfícies expostas como se verifica na geada branca. 
o O fenômeno da neve é mais raro e específico das áreas mais elevadas do 
planalto meridional, como em São Joaquim, Lages e Vacaria. 
o O vento minuano acompanha as chuvas finas e intermitentes que 
ocorrem após a passagem das frentes. Possuem velocidade fraca e 
moderada, até 20 nós, com temperatura inferior a 10C. 
V - REFERÊNCIAS: 
NERY, Jonas Teixeira. Dinâmica climática da região sul do Brasil. Revista Brasileira de 
Climatologia Associação Brasileira de Climatologia, Presidente Prudente: ABClima, v.1, n.1, 
p.61-75, 2006 
NIMER, Edmom. Climatologia do Brasil. Rio de janeiro: IBGE, 1979. 
9 
 
CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO CENTRO-OESTE 
Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto 
DGE-UFS 
 
 É uma região de grande extensão latitudinal e eminentemente continental, 
fatos que, aliados ao relevo, respondem pela diversificação térmica, contrapondo-se à 
homogeneidade climática assegurada pelo mecanismo geral da circulação atmosférica. 
 Através do setor oriental da região sopram, durante todo ano, ventos de NE a E 
do Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul, responsáveis por tempo estável, em virtude 
de sua subsidência superior e conseqüente inversão de temperatura, ou ventos 
variáveis, também estáveis das pequenas dorsais ou altas móveis, mais comuns no 
verão. 
 Há um domínio de temperaturas elevadas na primavera-verão, quando ocorre a 
expansão da depressão do Chaco, que impede a invasão do anticiclone migratório 
polar, responsável pelas temperaturas amenas no inverno e pelo fenômeno da 
friagem, menos freqüente nessa região, que responde pela mais baixa mínima térmica 
registrada em Cuiabá, de 1,2 C. O inverno, embora sujeito a máximas diárias elevadas, 
é uma estação mais caracterizada por temperaturas amenas e frias, principalmente no 
centro-sul da região, pelo efeito da latitude, altitude e maior participação da massa 
polar. A continentalidade permite amplitudes térmicas significativas. 
 O clima quente domina em quase toda a região, com raros declínios de 
temperatura, insuficientes para determinar médias baixas, e mesmo nas superfícies 
elevadas nenhum mês possuemtemperatura média inferior a 18 C. 
 A distribuição das chuvas, no espaço e no tempo, é simples, sendo bem regada 
de chuvas, com máximos pluviais no verão (com trovoadas e chuvas de doldruns) e 
começo do outono e mínimos no inverno. As áreas mais chuvosas estão mais ao norte, 
decrescendo nos níveis inferiores até o pantanal mato-grossense. 
 
 
10 
 
CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO NORTE 
Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto 
DGE-UFS 
 É a região constituída pela Amazônia que, juntamente com a região Sul, tem a 
maior homogeneidade e unidade climática do Brasil. 
 Os fatores estáticos mais significativos para o clima são a vegetação, a rede 
hidrográfica, o relevo baixo, a continentalidade e a baixa latitude. Em interação com os 
sistemas regionais de circulação atmosférica criam uma região de climas quentes, do 
tipo equatorial, sem máximas diárias excessivas. 
 Através do setor oriental sopram, periodicamente, ventos estáveis de E a Ne do 
anticiclone semifixo do Atlântico Sul e do anticiclone permanente dos Açores. No setor 
ocidental predomina a massa de ar Equatorial Continental, formada pela convecção 
dos ventos de NE e da CIT, que, pela forte umidade específica e ausência de 
subsidência superior está sujeita a instabilidades causadoras de chuvas abundantes. 
No interior dessa massa de ar, as chuvas são provocadas por depressões dinâmicas 
denominadas linhas de instabilidades tropicais, que acarretam chuvas e trovoadas com 
ventos de rajada que atingem 60 a 90 km/hora. 
 Outro sistema de circulação muito importante vem do norte, e é representada 
pela invasão da CIT, zona de convergência dos ventos do Anticiclone dos Açores e do 
Anticiclone do Atlântico Sul. A CIT tem sua posição média sobre o hemisfério norte, 
porém na primavera e no verão austral desce com freqüência para o hemisfério sul. 
Embora atinjam o extremo sul da região, a grande intensidade de sua freqüência é 
limitada ao setor norte, especialmente sobre o Amapá e norte do Pará. 
 A topografia e a altitude pouco expressiva favorecem o aumento da amplitude 
térmica diuturna. Entretanto, o solo coberto pela vegetação pujante da selva, a 
notável rede hidrográfica e a forte nebulosidade agem no sentido da diminuição da 
amplitude anual que varia de 8 a 14C. É um pouco inferior às registradas em outras 
regiões equatoriais do mundo e é tanto menor quanto mais esteja perto do rio 
Amazonas. 
11 
 
 Não obstante as friagens, a existência de calor e de enorme massa líquida 
favorecem a evaporação e fazem da região Norte uma área bastante úmida e de 
intensa nebulosidade, com mais de 2000 mm de chuvas anuais, havendo trechos com 
mais de 3000 mm. 
 De fato, a região apresenta o clima mais úmido do Brasil, sendo comum a 
ocorrência de fortes chuvas. São características as chuvas de convecção ou de hora 
certa, que, em geral ocorrem no final da tarde e se formam da seguinte maneira. Com 
o nascer do sol, a temperatura começa a subir e a provocar a evaporação. O vapor 
d’água contido no ar ascende, formando grandes nuvens. Com a diminuição da 
temperatura causada pelo passar das horas do dia, esse vapor se precipita, 
caracterizando as chuvas de hora certa. 
 
CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO NORDESTE 
Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto 
DGE-UFS 
 
 Região semiárida e de elevadas temperaturas anuais. 
 Região de clima mais complexo do mundo – diversidade pluviométrica 
 Há um domínio de temperaturas elevadas, com exceção das áreas litorâneas 
que sofrem influência moderadora dos alísios, e das áreas com altitudes 
superiores a 250 metros. 
 Eventual declínio da temperatura está associado: 
Altitude (Garanhuns, Gravatá, Vitória da Conquista...); 
Nebulosidade e estação chuvosa; 
Intensidade dos ventos. 
O que leva os nordestinos à crença de que o inverno da região é a estação 
chuvosa e que o verão é a estação seca. 
 
I – DETERMINANTES DO TEMPO E DO CLIMA 
 BAIXA LATITUDE - AQUECIMENTO DIFERENCIADO PELA RADIAÇÃO SOLAR; 
 CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA; 
 INFLUÊNCIA OCEÂNICA - DISTRIBUIÇÃO ASSIMÉTRICA DE OCEANOS E CONTINENTES; 
 CARACTERÍSTICAS TOPOGRÁFICAS; 
 
II – CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA 
Ponto final dos principais sistemas de correntes atmosféricas perturbadas! 
12 
 
 ZCIT 
- Uma banda de nuvens formada pela confluência dos ventos alísios de NE e de 
SE, baixas pressões, altas TSM, intensa convecção e precipitação; 
- O encontro dos alísios faz com que o ar quente e úmido ascenda e forme 
nuvens; 
- A ZCIT migra para o norte (14°N) em agosto-outubro e para o sul (2 a 4°S) em 
fevereiro-abril; 
- A ZCIT é mais significativa sobre os oceanos e a TSM é o fator determinante 
de sua posição e intensidade. 
 FRENTES FRIAS – FPA 
- As frentes frias são bandas de nuvens que se formam pela confluência entre 
uma massa de ar frio (mais densa) e uma massa de ar quente (menos densa); 
- O ar frio penetra por baixo e força o ar quente a subir e formar nuvens-
chuvas. 
 VCAN (VORTICES CICLÔNICOS DE ALTOS NÍVEIS) 
- Conjunto de nuvens com a forma aproximada de um círculo girando no 
sentido horário; 
- Na periferia há formação de nuvens causadoras de chuva e no centro há 
movimentos subsidentes que inibem a formação de nuvens; 
- Formam-se no Atlântico, com trajetória leste para oeste e são mais 
frequentes de janeiro a fevereiro; 
- O tempo de vida varia em média de 7 a 10 dias. 
 LINHAS DE INSTABILIDADE 
- Bandas de nuvens, geralmente do tipo cúmulos, organizadas em forma de 
linha; 
- Associadas à convecção pela quantidade de radiação solar incidente; 
- Podem ser incrementadas pela ZCIT; 
- Provocam chuvas de fevereiro a março, com maior intensidade à tarde e 
início da noite. 
 CCM’S ( COMPLEXOS CONVECTIVOS DE MESOESCALA) 
- Aglomerados de nuvens que se formam devido às condições locais especificas 
(temperatura, relevo, pressão, etc.); 
- Provocam chuvas fortes, de curta duração, acompanhadas de rajadas de 
vento e ocorrem de forma isolada; 
- Ocorrem na primavera-verão, formam-se à noite e tem um ciclo de vida entre 
10 e 20 horas. 
 ONDAS DE LESTE 
- São ondas que se formam na faixa tropical, na área de influência dos alísios; 
- Se deslocam de oeste para leste (da costa da África até o litoral leste do 
Brasil); 
- Provocam chuvas no litoral da BA ao RN e no centro-norte do Ceará, nos 
meses de junho, julho e agosto. 
 BRISAS MARÍTIMAS E TERRESTRES 
- Resultam do aquecimento e resfriamento diferenciais entre a terra e a água; 
- A brisa marítima chega a penetrar até 100 km para dentro do continente; 
13 
 
- A brisa terrestre afeta até 100 km para dentro do mar; 
- Nem sempre percebidos porque os ventos alísios são persistentes e intensos 
durante todo o ano. 
III – MECANISMOS DINÂMICOS CONTROLADORES DE CHUVAS 
Os climas semi-áridos do Nordeste decorrem de estar esta região sob o domínio de 
uma alta pressão tropical, vinculada ao anticiclone subtropical do Atlântico Sul, ou sob 
seu domínio direto, o que torna a região uma área na qual os diversos sistemas de 
correntes perturbadas se dissipam ao se aproximarem da divergência anticiclônica. 
 EVENTOS DE EL NIÑO – OSCILAÇÃO SUL (ENOS) 
- Aquecimento acima do normal das águas de Pacífico Equatorial; 
- Apontado com um dos responsáveis pela seca da região; 
- Célula de Walker – atua no sentido zonal (ramo ascendente no Pacífico oeste 
e descendente no Pacífico leste); 
- Célula de Hadley – atua no sentido meridional (ramo ascendente sobre os 
trópicos e descendentes nas latitudes subtropicais) 
 VENTOS ALÍSIOS 
- Alísios de NE intensos (Quando as águas do Atlântico Norte estão mais frias 
que o normal, alterandoa alta pressão do Atlântico Norte); 
-Alísios de SE enfraquecidos (Atlântico Sul mais quente que o normal). 
Propiciam a ocorrência de anos normais, chuvosos ou muito chuvosos para o 
setor norte do NEB. 
 TSM – TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR 
 PNM – PRESSÃO AO NÍVEL DO MAR 
IV – INFLUÊNCIA OCEÂNICA – DIPOLO 
 EL NIÑO – Favorece o deslocamento da convecção equatorial para leste e permite uma 
célula descendente sobre o Atlântico, próximo ao NEB e a Amazônia Oriental; 
 DIPOLO DO ATLÂNTICO – Diferença entre a anomalia da TSM no Atlântico Norte e 
Atlântico Sul; 
 DIPOLO POSITIVO – TSM ATLÂNTICO NORTE MAIS FRIAS – Desfavorável às chuvas. 
Anos secos. 
 DIPOLO NEGATIVO – TSM ATLÂNTICO MAIS QUENTE - favorável as chuvas quando 
associado ao La Niña; 
V – CARACTERÍSTICAS TOPOGRÁFICAS 
 Topografia cujos acidentes pouco significativa do ponto de vista morfológico. 
 Relevo não deve ser responsabilizado pelas secas do Nordeste. 
 As saliências locais do relevo abreviam o período seco e as depressões o 
prolongam. 
 A depressão do Raso da Catarina registra 10 a 11 meses secos. 
VI – COMPORTAMENTO DAS CHUVAS NO NEB 
14 
 
 Precipitação pluviométrica irregular nos seus totais e na sua distribuição 
espacial e anual (regime pluvial). 
 Cerca de 50% do seu território possui climas que vão do semi-árido ao super-
umido; 
 Os períodos secos decrescem, em duração, de 5 a 1 mês no ano. 
 Outros 50% estão freqüentemente sob regime de semi-aridez, variando a 
intensidade em ciclos ainda indefinidos. 
 A seca é um fenômeno cíclico. Ocorrem secas sazonal e contingente; 
 Os totais pluviométricos decrescem da periferia para o interior, pouco sujeito 
às influências marítimas. 
 Ao longo do litoral, as chuvas são mais freqüentes no outono ou inverno, 
ocorrendo o mínimo na primavera. 
 Isto advém da atuação dos sistemas de correntes perturbadas de S (Fpa), que 
no inverno atinge até o litoral pernambucano, provocando chuvas. 
 Há ainda a atuação das ondas de leste, conhecidas como pseudo-frentes, 
também mais freqüentes no inverno, quando o Anticiclone Semifixo Subtropical 
do Atlântico Sul recua para o oceano. O ar polar reforça os alísios, misturando 
as camadas e fazendo desaparecer a inversão térmica superior. 
 No interior da região, o máximo pluviométrico é assegurado pelas pancadas de 
chuvas ocasionais durante o verão, que ocorrem geralmente no fim da tarde ou 
início da noite. 
 Chuvas de verão, do tipo convectiva, às vezes se apresentam em forma de 
aguaceiros, mas têm pouco significado para a agricultura, por conta da 
acentuada evaporação. Nessas áreas, o mínimo pluvial ocorre comumente no 
inverno. 
 
VII – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS FATORES QUE INFLUENCIAM A PRODUÇÃO DE 
PRECIPITAÇÃO PLUVIAL NO NORDESTE BRASILEIRO. 
15 
 
 
I - Zona de Convergência Intertropical: formada pela confluência dos ventos alísios do 
Hemisfério Norte (nordeste - 15o N) e do Hemisfério Sul (sudeste - 2o S), que resulta 
em movimentos ascendentes de ar com alto teor de vapor d’água. O período chuvoso 
vai de janeiro até junho. 
II - Influências frontais: penetração de vestígios de sistemas frontais (massas de ar frio) 
provenientes de regiões subantárticas. O litoral leste da região (7o a 18o S) recebe o 
máximo de precipitação no período de maio a julho, justamente durante o início do 
inverno no Hemisfério Sul. 
III - Ondas de leste: agrupamentos de nuvens que se movem no Atlântico, de leste para 
oeste, provocando precipitação ao longo do litoral (5o a 13o S) durante o período de 
maio a agosto. 
IV - Efeitos de brisas: precipitações que ocorrem na faixa litorânea, especialmente à 
noite, durante o ano inteiro, devido às diferenças de temperaturas entre o oceano e a 
terra. 
50º 45º 40º 35º
50º 45º 40º 35º
5º
10º
15º
5º
10º
15º
I
II
II
16 
 
V - Ciclones na alta troposfera: precipitações produzidas por baixas frias, com vórtices 
ciclônicos. 
 
VIII – REFERÊNCIAS 
FERREIRA, Antônio Geraldo & MELLO, Namir Giovanni da Silva. Principais sistemas 
atmosféricos atuantes sobre a região nordeste do Brasil e a influência dos oceanos Pacífico e 
Atlântico no clima da região. Revista Brasileira de Climatologia / Associação Brasileira de 
Climatologia, Presidente Prudente: ABClima, v.1, n.1, p.15-28, 2006. 
NIMER, Edmom. Climatologia do Brasil. Rio de janeiro: IBGE, 1979. 
PINTO, Josefa Eliane Santana de S.& AGUIAR NETTO, Antenor de Oliveira. Clima, Geografia e 
Agrometeorologia: Uma abordagem Interdisciplinar. São Cristóvão: Editora-UFS, 2008. 
 
GERAIS: 
 É a região que possui o clima mais complexo do mundo por conta de sua 
diversidade pluviométrica vinculada ao sistema de circulação atmosférica. Sua posição 
geográfica (baixa latitude e elevada continentalidade) associada à grande extensão 
territorial coloca-a como ponto final dos principais sistemas de correntes atmosféricas 
perturbadas. 
 A precipitação pluviométrica é irregular nos seus totais e na sua distribuição 
espacial e anual (regime pluvial). Cerca de 50% do seu território possui climas que vão 
do semi-árido ao super-umido, nos quais os períodos secos decrescem, em duração, de 
5 a 1 mês no ano. Os outros 50% estão freqüentemente sob o regime de semi-aridez, 
variando sua intensidade em ciclos ainda sem possibilidade de se definir. A seca é um 
fenômeno cíclico, embora não seja previsível 
 Em sua distribuição espacial, os totais pluviométricos decrescem da periferia 
para o interior, pouco sujeito às influências marítimas. Ao longo do litoral, as chuvas 
são mais freqüentes no outono ou inverno, ocorrendo o mínimo na primavera. Isto 
advém da atuação dos sistemas de correntes perturbadas de S (Fpa), que no inverno 
atinge até o litoral pernambucano, provocando chuvas. Há ainda a atuação das ondas 
de leste, conhecidas como pseudo-frentes, também mais freqüentes no inverno, 
quando o Anticiclone Semifixo Subtropical do Atlântico Sul recua para o oceano. O ar 
17 
 
polar reforça os alísios, misturando as camadas e com isso fazendo desaparecer a 
inversão térmica superior. Em alguns locais litorâneos podem ocorrer máximos de 
chuvas no outono e no inverno, intercalados por um curto decréscimo. 
 No interior da região, o máximo pluviométrico é assegurado pelas pancadas de 
chuvas ocasionais durante o verão, que ocorrem geralmente no fim da tarde ou início 
da noite. Essas chuvas de verão, do tipo convectiva, às vezes se apresentam em forma 
de aguaceiros, que apesar da quantidade têm pouco significado para a agricultura, por 
conta da acentuada evaporação. Nessas áreas, o mínimo pluvial ocorre comumente no 
inverno. 
 As saliências locais do relevo abreviam o período seco, enquanto as depressões 
o prolongam, mesmo tratando-se de topografia cujos acidentes não são importantes 
do ponto de vista morfológico. Por exemplo, a depressão do Raso da Catarina registra 
10 a 11 meses secos. No entanto, o relevo não deve ser responsabilizado pelas secas 
do Nordeste. 
 Na realidade, os climas semi-áridos do Nordeste decorrem de estar esta região 
sob o domínio de uma alta pressão tropical, vinculada ao anticiclone subtropical do 
Atlântico Sul, ou sob seu domínio direto, o que torna a região uma área na qual os 
diversos sistemas de correntes perturbadas se dissipam ao se aproximarem da 
divergência anticiclônica. 
 Há um domínio de temperaturas elevadas, com exceção das áreas litorâneas 
que sofrem influência moderadora dos alísios, e das áreas com altitudes superiores a 
250 metros. O eventual declínio da temperatura está associado à nebulosidade, à 
estação chuvosa e/ou à intensidade dos ventos, o que leva os nordestinos à crença de 
que o inverno da região é a estação chuvosa e que o verãoé a estação seca.

Continue navegando