Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO SUDESTE Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto DGE-UFS I – CRONOLOGIA DE ESTUDOS PERSPECTIVAS DE REGIONALIZAÇÃO – 1940/50 a 1979 (NIMER); RITMO CLIMÁTICO E VARIABILIDADE DOS ELEMENTOS (MAIS CHUVA) – 1970 A 1990; ANÁLISE EPISÓDICA COM TEMÁTICA URBANA – A PARTIR DE 1970 E ATUAIS; NOVAS DESCOBERTAS DA METEOROLOGIA: PROCESSOS E INTERCONEXÕES DA DINÂMICA ATMOSFÉRICA, TAIS COMO: EL NIÑO/ OSCILAÇÃO SUL (ENOS) ZCAS (ZONA DE CONVERGÊNCIA DO ATLÂNTICO SUL) CCM(COMPLEXOS CONVECTIVOS DE MESOESCALA) DIPOLO DO ATLÂNTICO II - CARACTERIZAÇÃO REGIONAL DIVERSIFICAÇÃO – COMPLEXIDADE: TÉRMICA: REGIÃO SUDESTE PLUVIOMÉTRICA: REGIÃO NORDESTE (O SUDESTE É A SEGUNDA REGIÃO EM COMPLEXIDADE PLUVIAL) UNIFORMIDADE – UNIDADE: TÉRMICA: REGIÃO SUL PLUVIAL: REGIÃO NORTE III – DIVERSIFICAÇÃO DA REGIÃO SUDESTE Localização latitudinal - 14 a 25S - forte radiação solar Distribuição longitudinal - Localização à borda ocidental do oceano Atlântico - influência da maritimidade Altimetria e disposição do relevo – os maiores contrastes morfológicos do Brasil, determinando variedades: temperaturas mais baixas (incluindo a ocorrência de geadas); precipitação (a turbulência do ar pela ascendência - chuvas orográficas, com umidade maior a leste e encostas secas a oeste e a norte). Equilíbrio dinâmico entre o sistema de altas pressões, tropicais e polares. IV - AGRUPAMENTO REGIONAL – 14 SUBTIPOS EM 3 GRUPOS 1º grupo – Climas quentes com variações na distribuição pluvial (Norte de MG); 2º grupo – Climas subquentes com temperaturas ligeiramente inferiores; 2 3º grupo – Mesotérmicos – Chuvas mais regulares e temperaturas brandas (latitudes mais altas e áreas mais elevadas) V – O DECÁLOGO I - LATITUDE II - TOPOGRAFIA ACIDENTADA III - PERTURBAÇÕES (CORRENTES PERTURBADAS) IV - INTERAÇÕES E DINÂMICAS COMPLEXAS V - EFEITO DA CONTINENTALIDADE (E DA RUGOSIDADE DO RELEVO) VI - DIVERSIDADE TÊMPORO-ESPACIAL DA PLUVIOSIDADE VII - DIFERENÇAS TÉRMICAS VIII- SAZONALIDADE ANUAL IX - PADRÕES E TIPOS CLIMÁTICOS (OU PADRÕES NORMAIS) X - DERIVAÇÕES ANTROPOGÊNICAS VI - CARACTERIZAÇÃO 1º - LATITUDE Radiação – ângulo de incidência A extensão norte-sul produz climas regionais variados; Climas típicamente tropicais com variações térmicas (extremo sul) e pluviométricas (chove mais nas latitudes mais altas). 2º - TOPOGRAFIA ACIDENTADA Presença de serras dispostas no sentido norte-sul – Serras: MAR – MANTIQUEIRA – ESPINHAÇO – ÓRGÃOS - CANASTRA – CAPARAÓ (Ilhas úmidas nas vertentes leste e sudeste e ilhas secas nas vertentes oeste e norte); o relevo determina as temperaturas amenas e mínimas mais baixas e não permite máximas diárias elevadas no inverno. Influência do relevo: Temperatura – chuvas – ventos – circulação atmosférica; A altitude abranda o caráter tropical do clima; Vales amplos e rebaixados aumentam a turbulencia do ar. 3º - PERTURBAÇÕES (CORRENTES PERTURBADAS) Frentes frias atuam na região em função da circulação superior e do recuo do equador térmico para o hemisfério norte. Avanço da FPA no outono-inverno ultrapassando os bloqueios. 3 Correntes de leste - A trajetória leste-oeste, originadas dos alísios produz estabilidade, perturbada pelo efeito adiabático ao penetrar no interior da região, no verão. Consequência – A configuração do relevo e o efeito da continentalidade determinam a diminuição da umidade e o aumento da temperatura no sentido zona costeira (a leste) e interior (oeste). Correntes de Sul – Anticiclone Polar Atlântico provoca zonas de perturbação frontal na primavera/verão, com as massas tropicais (leste e norte – umidade oceánica) e com as massas equatoriais (oeste e noroeste – umidade amazónica). 4º - INTERAÇÕES E DINÂMICAS COMPLEXAS Durante todo ano sopram ventos oriundos do anticiclone semifixo do Atlântico Sul, com temperaturas elevadas pela intensa radiação solar e telúrica das latitudes tropicais, e forte umidade fornecida pela intensa evaporação marítima. Os ventos alísios de SE sopram durante todo o ano e o anticiclone migratório polar é responsável pelas chuvas abundantes e pelos aguaceiros concentrados do verão. O choque entre o sistema de circulação do anticiclone móvel polar e o sistema de circulação do anticiclone subtropical semifixo do Atlântico Sul, se dá em equilíbrio dinâmico. ZCAS (corredor de umidade da massa equatorial continental no sentido noroeste/sudeste); LINHAS DE INSTABILIDADE DO AR TROPICAL (decorrem do encontro do ar úmido do oceano com o ar seco do continente); CCM’s - Depressão do Chaco sobre o oeste paulista. 5º - EFEITO DA CONTINENTALIDADE (E DA RUGOSIDADE DO RELEVO) Irregularidade das chuvas de sul para norte e de leste para oeste; A fachada atlântica, margeada por serras elevadas recebem ventos úmidos do oceano e incrementa as chuvas orográficas; Maritimidade acrescida dos ventos alísios do anticiclone tropical atlántico explicam a diminuição progressiva das chuvas no sentido leste/oeste. Amplitude térmica se acentua pela continentalidade; 4 Médias térmicas são menores em elevações. 6º - DIVERSIDADE TÊMPORO-ESPACIAL DA PLUVIOSIDADE O Sudeste é bem regado por chuvas, sendo que com irregularidade no tempo e no espaço. Chuvas frontais - episódios sazonais de frentes estacionárias e dissipadas e a definição de um trimestre úmido e um trimestre seco; Chuvas orográficas 7º - DIFERENÇAS TÉRMICAS A distribuição das temperaturas médias se apresenta basicamente por duas áreas: as mais elevadas no interior (Vale do São Francisco, Triângulo Mineiro e Vale do Paraná), onde a influência da latitude aponta uma sensível queda de norte para sul, e no litoral (onde a influência marítima anula quase completamente a influência da latitude). Extensão latitudinal e altitudes do relevo - médias de 14 a 25°C; Amplitudes térmicas anuais – até 50°C (máximas absolutas 40°C e mínimas absolutas negativas -10° C). O afastamento das influências marítimas e o aumento da latitude exerçem papel importante no comportamento das temperaturas mínimas. 8º - SAZONALIDADE ANUAL As chuvas se concentram no verão, com o máximo em dezembro ou janeiro, sendo pouco freqüentes no inverno. Nas áreas de altitudes elevadas chove em qualquer estação do ano. A variabilidade entre os verões mais ou menos quentes e os invernos mais ou menos rigorosos, importa sobre as atividades humanas mais do que a variabilidade pluviométrica. Áreas a maior altitude – temperaturas mais baixas e chuvas mais intensas. 9º - PADRÕES E TIPOS CLIMÁTICOS (OU PADRÕES NORMAIS) É a região do país de maior diversificação térmica e a segunda complexidade no que se refere à distribuição espacial das chuvas 5 Região de transição entre os climas quentes das latitudes baixas (tropicais) e os climas mesotérmicos de tipo temperado das latitudes médias. Nas latitudes tropicais, o ritmo do clima é definido por duas estações: a chuvosa e a seca, ou aquela em que as precipitações são muito freqüentes e copiosas e aquela em que há um sensível declínio de chuvas. Nas latitudes médias existem quatro estações mais ou menos definidas e variação de temperatura durante o ano. Fatores dinámicos afetam a regularidade e a previsibilidade do tempo e do clima, a curto e a logo prazo. Irregularidades impedem a tendencia. 10º - DERIVAÇÕES ANTROPOGÊNICAS A urbanização (concentração de núcleos higroscópicos) contribui para o acréscimo de chuvas; 3 das maioresáreas metropolitanas do Brasil (SP/RJ/BH); 90% do territorio sem a vegetação natural primitiva; Paisagens antrópicas (pastagens, atividades agropecuárias, mineração etc.. modificam a interação entre a atmosfera e a superficie). VII - REFERÊNCIAS: NIMER, Edmom. Climatologia do Brasil. Rio de janeiro: IBGE, 1979. SANT’ANNA NETO, João Lima. Decálogo da climatologia do sudeste brasileiro. Revista Brasileira de Climatología/ Associação Brasileira de Climatologia, Presidente Prudente: ABClima, v.1, n.1, p.43-60, 2006. 6 CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO SUL Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto DGE-UFS I – GERAIS: CONTINENTALIDADE – MARITIMIDADE – LATITUDINAIS Influência dos sistemas de latitudes médias; Sistemas frontais causam chuvas durante o ano; As circulações que influenciam a área se originam em outras regiões; Importância dos estudos de previsão de chuvas e de frios; Organização de sistemas convectivos: 1. MCC – Primavera e verão; 2. ZCAS – primavera e verão ( setembro a abril); 3. ENOS – Anomalias positivas (chuvas intensas no inverno); 4. LA NIÑA – Anomalias negativas no verão). Latitude – abaixo do Trópico de Capricórnio; Ação: Sistema de circulação perturbada de Sul = chuvas de verão; Ação: Sistema de circulação perturbada de oeste = chuvas de granizo e trovoadas. II – EVENTOS: Anomalias entre a Região Sudeste e a Região Sul; Veranicos no Sul – ZCAS prolongadas no SE; Enchentes de verão – ZCAS presentes mais ao sul. Outras dinámicas importantes – massas polares e sistemas convectivos. III – CONDIÇÕES CARACTERÍSTICAS o É a região mais uniforme do Brasil no predomínio do clima mesotérmico, superúmido, sem estação seca, do tipo temperado o CONDIÇÕES GEOGRÁFICAS: i. Pequeno efeito da continentalidad. Não se afasta muito da orla marítima; ii. Pequena extensão territorial; iii. Localização geográfica, quase toda próxima ao Trópico de Capricórnio, sem se estender muito para o sul ou para o norte; iv. Grande efeito das correntes marinhas. o A zona temperada é menos influenciada pela radiação solar e menr evaporação. 7 o O relevo de superfícies elevadas e de formas simples atua no controle das temperaturas. o O Planalto Meridional ocupa o interior, com superfícies elevadas. o As áreas baixas são constituídas pelas planícies costeiras e pelos vales dos rios e afluentes do Paraná e Uruguai pela Depressão Central do Rio Grande do Sul e pelas planuras da Campanha Gaúcha, onde se destacam as coxilhas. o Os centros de ação do sistema geral de circulação da América do Sul e que atuam mais diretamente são: a) Altas pressões subtropicais do atlântico e do Pacífico, formadoras das principais massas de ar tropicais marítimas, que sopram durante todo ano, com tempo ensolarado. b) O anticiclone migratório polar traz uma série de tempo instável. c) A Depressão do Chaco tem origem no forte aquecimento do interior do continente, no verão. É extremamente móvel e determina bom tempo, pois possui baixa umidade e localiza-se abaixo de uma célula anticlônica que impede os movimentos ascendentes. É mais importante nos anos de verão pouco chuvoso. d) A depressão do Mar de Weddel forma-se na altura da Terra do Fogo e propaga-se para SE, sendo reforçada pelas frentes polares. o O sul do Brasil é privilegiado pela quantidade e pela distribuição das chuvas, sem muito excesso ou carência. o Embora se verifiquem chuvas em qualquer estação do ano, há uma ligeira tendência para máximos chuvosos no verão e mínimos em fins do outono ou no inverno. As médias pluviais oscilam entre 1.250 a 2.000mm. o Podem ocorrer chuvas leves ou pesadas durante muitos dias consecutivos. No litoral do Paraná, no oeste de Santa Catarina e nas áreas a barlavento das escarpas elevadas de Lages e São Joaquim, no Rio Grande do Sul, as precipitações acima de 2.000 mm. No norte do Paraná e no pequeno trecho do litoral sul de Santa Catarina, as chuvas decrescem. o O verão é uma estação quente criando elevadas amplitudes térmicas, decrescentes ao avanço da latitude. No inverno há um considerável aumento da duração das noites em detrimento das horas de radiação 8 diurna, provocada pela maior inclinação dos raios solares e pela maior participação da circulação atmosférica de origem circumpolar. IV FENÔMENOS TÉRMICOS: o A dinâmica atmosférica responde pela ocorrência de fenômenos típicos como as noites frias, geadas, neves e vento minuano. o As noites frias ocorrem com o termômetro ao nível ou abaixo de 0C. Cessando a radiação solar, o ar seco acelera a radiação terrestre noturna. Ocorre pouco antes do sol nascer, no verão, ou poucos minutos depois do nascimento, no inverno, quando a região está sob domínio direto do anticiclone migratório polar, com tempo bom e baixa umidade. São mais freqüentes nas áreas continentais, nas maiores latitudes e sobre o planalto, onde chega a ocorrer mais de 15 vezes ao ano. o As geadas são muito comuns nessa região, durante o inverno. Ocorrem em noites de céu limpo, de fraca umidade e quando as temperaturas são baixas nas primeiras horas da noite. São mais freqüentes também nas áreas continentais, por conta da influência moderadora do mar, mas podem ocorrer no litoral. A geada negra é bem mais nociva às culturas, quando é o próprio ar que está com temperatura negativa e não apenas as superfícies expostas como se verifica na geada branca. o O fenômeno da neve é mais raro e específico das áreas mais elevadas do planalto meridional, como em São Joaquim, Lages e Vacaria. o O vento minuano acompanha as chuvas finas e intermitentes que ocorrem após a passagem das frentes. Possuem velocidade fraca e moderada, até 20 nós, com temperatura inferior a 10C. V - REFERÊNCIAS: NERY, Jonas Teixeira. Dinâmica climática da região sul do Brasil. Revista Brasileira de Climatologia Associação Brasileira de Climatologia, Presidente Prudente: ABClima, v.1, n.1, p.61-75, 2006 NIMER, Edmom. Climatologia do Brasil. Rio de janeiro: IBGE, 1979. 9 CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO CENTRO-OESTE Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto DGE-UFS É uma região de grande extensão latitudinal e eminentemente continental, fatos que, aliados ao relevo, respondem pela diversificação térmica, contrapondo-se à homogeneidade climática assegurada pelo mecanismo geral da circulação atmosférica. Através do setor oriental da região sopram, durante todo ano, ventos de NE a E do Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul, responsáveis por tempo estável, em virtude de sua subsidência superior e conseqüente inversão de temperatura, ou ventos variáveis, também estáveis das pequenas dorsais ou altas móveis, mais comuns no verão. Há um domínio de temperaturas elevadas na primavera-verão, quando ocorre a expansão da depressão do Chaco, que impede a invasão do anticiclone migratório polar, responsável pelas temperaturas amenas no inverno e pelo fenômeno da friagem, menos freqüente nessa região, que responde pela mais baixa mínima térmica registrada em Cuiabá, de 1,2 C. O inverno, embora sujeito a máximas diárias elevadas, é uma estação mais caracterizada por temperaturas amenas e frias, principalmente no centro-sul da região, pelo efeito da latitude, altitude e maior participação da massa polar. A continentalidade permite amplitudes térmicas significativas. O clima quente domina em quase toda a região, com raros declínios de temperatura, insuficientes para determinar médias baixas, e mesmo nas superfícies elevadas nenhum mês possuemtemperatura média inferior a 18 C. A distribuição das chuvas, no espaço e no tempo, é simples, sendo bem regada de chuvas, com máximos pluviais no verão (com trovoadas e chuvas de doldruns) e começo do outono e mínimos no inverno. As áreas mais chuvosas estão mais ao norte, decrescendo nos níveis inferiores até o pantanal mato-grossense. 10 CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO NORTE Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto DGE-UFS É a região constituída pela Amazônia que, juntamente com a região Sul, tem a maior homogeneidade e unidade climática do Brasil. Os fatores estáticos mais significativos para o clima são a vegetação, a rede hidrográfica, o relevo baixo, a continentalidade e a baixa latitude. Em interação com os sistemas regionais de circulação atmosférica criam uma região de climas quentes, do tipo equatorial, sem máximas diárias excessivas. Através do setor oriental sopram, periodicamente, ventos estáveis de E a Ne do anticiclone semifixo do Atlântico Sul e do anticiclone permanente dos Açores. No setor ocidental predomina a massa de ar Equatorial Continental, formada pela convecção dos ventos de NE e da CIT, que, pela forte umidade específica e ausência de subsidência superior está sujeita a instabilidades causadoras de chuvas abundantes. No interior dessa massa de ar, as chuvas são provocadas por depressões dinâmicas denominadas linhas de instabilidades tropicais, que acarretam chuvas e trovoadas com ventos de rajada que atingem 60 a 90 km/hora. Outro sistema de circulação muito importante vem do norte, e é representada pela invasão da CIT, zona de convergência dos ventos do Anticiclone dos Açores e do Anticiclone do Atlântico Sul. A CIT tem sua posição média sobre o hemisfério norte, porém na primavera e no verão austral desce com freqüência para o hemisfério sul. Embora atinjam o extremo sul da região, a grande intensidade de sua freqüência é limitada ao setor norte, especialmente sobre o Amapá e norte do Pará. A topografia e a altitude pouco expressiva favorecem o aumento da amplitude térmica diuturna. Entretanto, o solo coberto pela vegetação pujante da selva, a notável rede hidrográfica e a forte nebulosidade agem no sentido da diminuição da amplitude anual que varia de 8 a 14C. É um pouco inferior às registradas em outras regiões equatoriais do mundo e é tanto menor quanto mais esteja perto do rio Amazonas. 11 Não obstante as friagens, a existência de calor e de enorme massa líquida favorecem a evaporação e fazem da região Norte uma área bastante úmida e de intensa nebulosidade, com mais de 2000 mm de chuvas anuais, havendo trechos com mais de 3000 mm. De fato, a região apresenta o clima mais úmido do Brasil, sendo comum a ocorrência de fortes chuvas. São características as chuvas de convecção ou de hora certa, que, em geral ocorrem no final da tarde e se formam da seguinte maneira. Com o nascer do sol, a temperatura começa a subir e a provocar a evaporação. O vapor d’água contido no ar ascende, formando grandes nuvens. Com a diminuição da temperatura causada pelo passar das horas do dia, esse vapor se precipita, caracterizando as chuvas de hora certa. CLIMATOGIA REGIONAL DO BRASIL – REGIÃO NORDESTE Profa. Dra. Josefa Eliane Santana de Siqueira Pinto DGE-UFS Região semiárida e de elevadas temperaturas anuais. Região de clima mais complexo do mundo – diversidade pluviométrica Há um domínio de temperaturas elevadas, com exceção das áreas litorâneas que sofrem influência moderadora dos alísios, e das áreas com altitudes superiores a 250 metros. Eventual declínio da temperatura está associado: Altitude (Garanhuns, Gravatá, Vitória da Conquista...); Nebulosidade e estação chuvosa; Intensidade dos ventos. O que leva os nordestinos à crença de que o inverno da região é a estação chuvosa e que o verão é a estação seca. I – DETERMINANTES DO TEMPO E DO CLIMA BAIXA LATITUDE - AQUECIMENTO DIFERENCIADO PELA RADIAÇÃO SOLAR; CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA; INFLUÊNCIA OCEÂNICA - DISTRIBUIÇÃO ASSIMÉTRICA DE OCEANOS E CONTINENTES; CARACTERÍSTICAS TOPOGRÁFICAS; II – CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA Ponto final dos principais sistemas de correntes atmosféricas perturbadas! 12 ZCIT - Uma banda de nuvens formada pela confluência dos ventos alísios de NE e de SE, baixas pressões, altas TSM, intensa convecção e precipitação; - O encontro dos alísios faz com que o ar quente e úmido ascenda e forme nuvens; - A ZCIT migra para o norte (14°N) em agosto-outubro e para o sul (2 a 4°S) em fevereiro-abril; - A ZCIT é mais significativa sobre os oceanos e a TSM é o fator determinante de sua posição e intensidade. FRENTES FRIAS – FPA - As frentes frias são bandas de nuvens que se formam pela confluência entre uma massa de ar frio (mais densa) e uma massa de ar quente (menos densa); - O ar frio penetra por baixo e força o ar quente a subir e formar nuvens- chuvas. VCAN (VORTICES CICLÔNICOS DE ALTOS NÍVEIS) - Conjunto de nuvens com a forma aproximada de um círculo girando no sentido horário; - Na periferia há formação de nuvens causadoras de chuva e no centro há movimentos subsidentes que inibem a formação de nuvens; - Formam-se no Atlântico, com trajetória leste para oeste e são mais frequentes de janeiro a fevereiro; - O tempo de vida varia em média de 7 a 10 dias. LINHAS DE INSTABILIDADE - Bandas de nuvens, geralmente do tipo cúmulos, organizadas em forma de linha; - Associadas à convecção pela quantidade de radiação solar incidente; - Podem ser incrementadas pela ZCIT; - Provocam chuvas de fevereiro a março, com maior intensidade à tarde e início da noite. CCM’S ( COMPLEXOS CONVECTIVOS DE MESOESCALA) - Aglomerados de nuvens que se formam devido às condições locais especificas (temperatura, relevo, pressão, etc.); - Provocam chuvas fortes, de curta duração, acompanhadas de rajadas de vento e ocorrem de forma isolada; - Ocorrem na primavera-verão, formam-se à noite e tem um ciclo de vida entre 10 e 20 horas. ONDAS DE LESTE - São ondas que se formam na faixa tropical, na área de influência dos alísios; - Se deslocam de oeste para leste (da costa da África até o litoral leste do Brasil); - Provocam chuvas no litoral da BA ao RN e no centro-norte do Ceará, nos meses de junho, julho e agosto. BRISAS MARÍTIMAS E TERRESTRES - Resultam do aquecimento e resfriamento diferenciais entre a terra e a água; - A brisa marítima chega a penetrar até 100 km para dentro do continente; 13 - A brisa terrestre afeta até 100 km para dentro do mar; - Nem sempre percebidos porque os ventos alísios são persistentes e intensos durante todo o ano. III – MECANISMOS DINÂMICOS CONTROLADORES DE CHUVAS Os climas semi-áridos do Nordeste decorrem de estar esta região sob o domínio de uma alta pressão tropical, vinculada ao anticiclone subtropical do Atlântico Sul, ou sob seu domínio direto, o que torna a região uma área na qual os diversos sistemas de correntes perturbadas se dissipam ao se aproximarem da divergência anticiclônica. EVENTOS DE EL NIÑO – OSCILAÇÃO SUL (ENOS) - Aquecimento acima do normal das águas de Pacífico Equatorial; - Apontado com um dos responsáveis pela seca da região; - Célula de Walker – atua no sentido zonal (ramo ascendente no Pacífico oeste e descendente no Pacífico leste); - Célula de Hadley – atua no sentido meridional (ramo ascendente sobre os trópicos e descendentes nas latitudes subtropicais) VENTOS ALÍSIOS - Alísios de NE intensos (Quando as águas do Atlântico Norte estão mais frias que o normal, alterandoa alta pressão do Atlântico Norte); -Alísios de SE enfraquecidos (Atlântico Sul mais quente que o normal). Propiciam a ocorrência de anos normais, chuvosos ou muito chuvosos para o setor norte do NEB. TSM – TEMPERATURA DA SUPERFÍCIE DO MAR PNM – PRESSÃO AO NÍVEL DO MAR IV – INFLUÊNCIA OCEÂNICA – DIPOLO EL NIÑO – Favorece o deslocamento da convecção equatorial para leste e permite uma célula descendente sobre o Atlântico, próximo ao NEB e a Amazônia Oriental; DIPOLO DO ATLÂNTICO – Diferença entre a anomalia da TSM no Atlântico Norte e Atlântico Sul; DIPOLO POSITIVO – TSM ATLÂNTICO NORTE MAIS FRIAS – Desfavorável às chuvas. Anos secos. DIPOLO NEGATIVO – TSM ATLÂNTICO MAIS QUENTE - favorável as chuvas quando associado ao La Niña; V – CARACTERÍSTICAS TOPOGRÁFICAS Topografia cujos acidentes pouco significativa do ponto de vista morfológico. Relevo não deve ser responsabilizado pelas secas do Nordeste. As saliências locais do relevo abreviam o período seco e as depressões o prolongam. A depressão do Raso da Catarina registra 10 a 11 meses secos. VI – COMPORTAMENTO DAS CHUVAS NO NEB 14 Precipitação pluviométrica irregular nos seus totais e na sua distribuição espacial e anual (regime pluvial). Cerca de 50% do seu território possui climas que vão do semi-árido ao super- umido; Os períodos secos decrescem, em duração, de 5 a 1 mês no ano. Outros 50% estão freqüentemente sob regime de semi-aridez, variando a intensidade em ciclos ainda indefinidos. A seca é um fenômeno cíclico. Ocorrem secas sazonal e contingente; Os totais pluviométricos decrescem da periferia para o interior, pouco sujeito às influências marítimas. Ao longo do litoral, as chuvas são mais freqüentes no outono ou inverno, ocorrendo o mínimo na primavera. Isto advém da atuação dos sistemas de correntes perturbadas de S (Fpa), que no inverno atinge até o litoral pernambucano, provocando chuvas. Há ainda a atuação das ondas de leste, conhecidas como pseudo-frentes, também mais freqüentes no inverno, quando o Anticiclone Semifixo Subtropical do Atlântico Sul recua para o oceano. O ar polar reforça os alísios, misturando as camadas e fazendo desaparecer a inversão térmica superior. No interior da região, o máximo pluviométrico é assegurado pelas pancadas de chuvas ocasionais durante o verão, que ocorrem geralmente no fim da tarde ou início da noite. Chuvas de verão, do tipo convectiva, às vezes se apresentam em forma de aguaceiros, mas têm pouco significado para a agricultura, por conta da acentuada evaporação. Nessas áreas, o mínimo pluvial ocorre comumente no inverno. VII – REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS FATORES QUE INFLUENCIAM A PRODUÇÃO DE PRECIPITAÇÃO PLUVIAL NO NORDESTE BRASILEIRO. 15 I - Zona de Convergência Intertropical: formada pela confluência dos ventos alísios do Hemisfério Norte (nordeste - 15o N) e do Hemisfério Sul (sudeste - 2o S), que resulta em movimentos ascendentes de ar com alto teor de vapor d’água. O período chuvoso vai de janeiro até junho. II - Influências frontais: penetração de vestígios de sistemas frontais (massas de ar frio) provenientes de regiões subantárticas. O litoral leste da região (7o a 18o S) recebe o máximo de precipitação no período de maio a julho, justamente durante o início do inverno no Hemisfério Sul. III - Ondas de leste: agrupamentos de nuvens que se movem no Atlântico, de leste para oeste, provocando precipitação ao longo do litoral (5o a 13o S) durante o período de maio a agosto. IV - Efeitos de brisas: precipitações que ocorrem na faixa litorânea, especialmente à noite, durante o ano inteiro, devido às diferenças de temperaturas entre o oceano e a terra. 50º 45º 40º 35º 50º 45º 40º 35º 5º 10º 15º 5º 10º 15º I II II 16 V - Ciclones na alta troposfera: precipitações produzidas por baixas frias, com vórtices ciclônicos. VIII – REFERÊNCIAS FERREIRA, Antônio Geraldo & MELLO, Namir Giovanni da Silva. Principais sistemas atmosféricos atuantes sobre a região nordeste do Brasil e a influência dos oceanos Pacífico e Atlântico no clima da região. Revista Brasileira de Climatologia / Associação Brasileira de Climatologia, Presidente Prudente: ABClima, v.1, n.1, p.15-28, 2006. NIMER, Edmom. Climatologia do Brasil. Rio de janeiro: IBGE, 1979. PINTO, Josefa Eliane Santana de S.& AGUIAR NETTO, Antenor de Oliveira. Clima, Geografia e Agrometeorologia: Uma abordagem Interdisciplinar. São Cristóvão: Editora-UFS, 2008. GERAIS: É a região que possui o clima mais complexo do mundo por conta de sua diversidade pluviométrica vinculada ao sistema de circulação atmosférica. Sua posição geográfica (baixa latitude e elevada continentalidade) associada à grande extensão territorial coloca-a como ponto final dos principais sistemas de correntes atmosféricas perturbadas. A precipitação pluviométrica é irregular nos seus totais e na sua distribuição espacial e anual (regime pluvial). Cerca de 50% do seu território possui climas que vão do semi-árido ao super-umido, nos quais os períodos secos decrescem, em duração, de 5 a 1 mês no ano. Os outros 50% estão freqüentemente sob o regime de semi-aridez, variando sua intensidade em ciclos ainda sem possibilidade de se definir. A seca é um fenômeno cíclico, embora não seja previsível Em sua distribuição espacial, os totais pluviométricos decrescem da periferia para o interior, pouco sujeito às influências marítimas. Ao longo do litoral, as chuvas são mais freqüentes no outono ou inverno, ocorrendo o mínimo na primavera. Isto advém da atuação dos sistemas de correntes perturbadas de S (Fpa), que no inverno atinge até o litoral pernambucano, provocando chuvas. Há ainda a atuação das ondas de leste, conhecidas como pseudo-frentes, também mais freqüentes no inverno, quando o Anticiclone Semifixo Subtropical do Atlântico Sul recua para o oceano. O ar 17 polar reforça os alísios, misturando as camadas e com isso fazendo desaparecer a inversão térmica superior. Em alguns locais litorâneos podem ocorrer máximos de chuvas no outono e no inverno, intercalados por um curto decréscimo. No interior da região, o máximo pluviométrico é assegurado pelas pancadas de chuvas ocasionais durante o verão, que ocorrem geralmente no fim da tarde ou início da noite. Essas chuvas de verão, do tipo convectiva, às vezes se apresentam em forma de aguaceiros, que apesar da quantidade têm pouco significado para a agricultura, por conta da acentuada evaporação. Nessas áreas, o mínimo pluvial ocorre comumente no inverno. As saliências locais do relevo abreviam o período seco, enquanto as depressões o prolongam, mesmo tratando-se de topografia cujos acidentes não são importantes do ponto de vista morfológico. Por exemplo, a depressão do Raso da Catarina registra 10 a 11 meses secos. No entanto, o relevo não deve ser responsabilizado pelas secas do Nordeste. Na realidade, os climas semi-áridos do Nordeste decorrem de estar esta região sob o domínio de uma alta pressão tropical, vinculada ao anticiclone subtropical do Atlântico Sul, ou sob seu domínio direto, o que torna a região uma área na qual os diversos sistemas de correntes perturbadas se dissipam ao se aproximarem da divergência anticiclônica. Há um domínio de temperaturas elevadas, com exceção das áreas litorâneas que sofrem influência moderadora dos alísios, e das áreas com altitudes superiores a 250 metros. O eventual declínio da temperatura está associado à nebulosidade, à estação chuvosa e/ou à intensidade dos ventos, o que leva os nordestinos à crença de que o inverno da região é a estação chuvosa e que o verãoé a estação seca.
Compartilhar