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CartilhaTratamento de Inverno da Videira 2009

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Centro de Fruticultura / IAC 
 
O Centro de Fruticultura do Instituto Agronômico de Campinas está situado no município de 
Jundiaí, SP, próximo à capital e de grandes centros de consumo agrícola. Ocupa área de 
142,8 ha, onde se encontram os bancos de germoplasma (coleções) e campos experimentais 
das principais frutíferas exploradas no estado de São Paulo. A missão institucional tem como 
alvo a otimização dos sistemas de produção, a obtenção de novas variedades e o 
desenvolvimento econômico e social da fruticultura, com vistas à segurança alimentar e à 
qualidade ambiental. 
 
Endereço: Av. Luiz Pereira dos Santos, 1500 – Corrupira Jundiaí – SP - CEP 13.214-820 - 
Fone/Fax: (11) 4582-7284 - E-mail: frutas@iac.sp.gov.br 
 
STRJ/Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jundiaí e Região 
 
O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jundiaí e Região, cuja sede encontra-se em Jundiaí, 
SP, atua em parceria com o IAC e com a APTA no desenvolvimento científico, no 
aprimoramento varietal e tecnológico de espécies frutíferas e na formação de mão-de-obra. 
Este trabalho tem como objetivo a futura transferência aos seus associados, de novas 
técnicas de cultivo, produção e comercialização, no intuito de revitalizar e contribuir para a 
sustentabilidade da agricultura em nossa região 
 
Endereço: Rua Marechal Deodoro da Fonseca nº 147 – Centro - Jundiaí - SP. 
Fone: (11) 4521-2517 – E-mail strurais@terra.com.br 
 
INSTITUTO AGRONÔMICO 
Centro de Comunicação e Transferência do Conhecimento 
Caixa Postal 28 - 13020-902 – Campinas (SP) BRASIL 
Fone:(19) 3231-5422 (PABX) / Fax: (19) 3231-4943 
 
www.iac.sp.gov.br 
 
2009 
 
 
 
 
 
 
Tratamento de Inverno 
José Luiz Hernandes 
Ivan José Antunes Ribeiro 
 
Prática cultural essencial no programa de controle fitossanitário 
das pragas e doenças da videira e fruteiras de clima temperado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Que é Tratamento de Inverno? 
É uma prática cultural essencial no controle das pragas e doenças da videira e fruteiras 
de clima temperado. O tratamento de inverno, pelos resultados vantajosos que proporciona, é 
prática que deve estar sempre incluída no programa de tratamento fitossanitário de um 
vinhedo. 
Consiste em pulverizar as videiras até o ponto de escorrimento, de modo a atingir todos 
os troncos e ramos que permanecerão após a poda, com a finalidade de: eliminar micélios e 
esporos de fungos causadores de doenças, como a antracnose, o míldio, mancha das folhas, 
ferrugem, etc., e eliminar, também, cochonilhas e ovos de insetos, retardando o início do 
ataque destes organismos durante o ciclo vegetativo das fruteiras. 
 Quando deve ser feito Tratamento de Inverno? 
Como o próprio nome diz, o tratamento de inverno deve ser realizado no início do 
inverno, compreendendo o período de final de junho a início de julho, nas regiões produtoras 
de Jundiaí, São Miguel Arcanjo, Indaiatuba e Porto Feliz. Este período coincide com o 
estádio de completa dormência das videiras, fator fundamental para que o tratamento seja 
eficiente sem prejudicar as plantas. 
Como deve ser feito o Tratamento de Inverno? 
Deve-se realizar o tratamento de inverno utilizando a tradicional calda sulfocálcica, que 
pode ser preparada a baixo custo pelo próprio viticultor ou adquirida em lojas agropecuárias. 
 
O Que é Calda Sulfocálcica? 
É uma solução preparada à base de enxofre e cal virgem, resultando em um polissulfeto 
de cálcio (princípio ativo), substância cáustica de eficiente efeito fitossanitário, retardando e 
diminuindo significativamente a incidência de pragas e doenças. 
Por que Usar a Calda Sulfocálcica? 
Além da reconhecida eficiência no controle de pragas e doenças, quando comparada a 
outros defensivos, a calda sulfocálcica é mais barata, menos tóxica ao homem e menos 
poluente ao ambiente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuidados com o Uso da Calda Sulfocálcica: 
Apesar de ser menos tóxica que os demais defensivos químicos, a calda sulfocálcica é 
alcalina e corrosiva podendo danificar as roupas e causar irritação na pele. Por isso, tanto 
no preparo, como na aplicação da calda, devem-se seguir as normas recomendadas para 
manuseio de defensivos agrícolas em geral: 
 Uso de equipamentos de proteção individual (EPIs). 
 Cuidados com o ambiente – não lavar os equipamentos nem jogar restos de 
caldas ou caldas velhas dentro ou próximo à cursos de água (rios, córregos, lagos, açudes). 
Como é Preparada a Calda Sulfocálcica? 
Caso o agricultor não queira comprar a calda sulfocálcica pronta no mercado, poderá 
prepará-la a baixo custo em sua propriedade. Para que a calda tenha entre 28 e 32° Bé 
deverá ser preparada da seguinte maneira. 
Os ingredientes necessários são: 
12,5 Kg de cal virgem 
25 Kg de enxofre em pó 
100 litros de água. 
 Em um tambor metálico de 200 l, dissolver o enxofre em água quente até formar uma 
pasta. Para facilitar a dissolução, adicionar 20 ml de espalhante adesivo na solução. 
 Completar o volume a 100 litros e acender o fogo sob o tambor. 
 Ao iniciar a fervura adicionar a cal virgem vagarosamente. 
 Deixar ferver por cerca de 60 minutos, mexendo constantemente, com pá de madeira. 
 Durante este período, ir adicionando água, já aquecida, de modo a manter o nível inicial 
da solução, uma vez que há perda por evaporação. 
 Quando a calda passar da cor vermelha, para pardo-avermelhada, estará pronta. 
 Deixar esfriar e coar em pano ou peneira fina de 0,8mm de malha, dobrada. 
 Acondicionar em recipientes de plástico ou vidro vedados e armazenar em local escuro. 
 Ao final do processo de fabricação a calda fria deverá apresentar densidade de 28 a 32° 
Bé, para que seja eficiente. 
 A densidade da calda pode ser determinada com o uso de densímetro ou aerômetro de 
Beaumé. A densidade é dada diretamente pela escala do aparelho. 
 
 Como Deve Ser Utilizada a Calda Sulfocálcica? 
Para que seja eficiente a calda deve ser utilizada em concentração de 32° Bé a 10%, ou 
seja, para preparar 10 litros de solução deve-se adicionar 1 litro de calda em 9 litros de água 
reduzindo a concentração da calda para 4° Bé. 
É recomendável a adição de espalhante adesivo, na proporção de 20 ml para cada 100 
litros de solução já diluída. 
A calda deve ser pulverizada sobre as plantas, até o ponto de escorrimento, de maneira 
todos os troncos e ramos que permanecerão após a poda recebam uma camada uniforme do 
produto. Dependendo do tamanho da propriedade a pulverização pode ser feita com 
pulverizadores costais, manuais ou motorizados, tanques ou turbinas, utilizando-se bicos 
cônicos e aplicando-se a calda a um volume de 1000 litros por hectare. 
 No caso do óleo mineral deve-se observar um intervalo de duas semanas, pelo menos. 
 A calda sulfocálcica não deve ser aplicada quando houver previsão de geada e quando a 
temperatura for superior a 32° C. 
 Deve-se observar um intervalo de 15 dias entre a aplicação da calda e a aplicação de 
Calciocianamida ou Cianamida Líquida (Dormex ®) 
Recomendações de Uso da Calda Sulfocálcica: 
 Uma vez preparada, a calda concentrada deve ser usada no prazo de 1 mês, pois perde a 
eficiência com o tempo. 
 Considerando o cultivo da Niágara em espaldeira, 500 litros da calda diluída são 
suficientes para o tratamento de 2500 plantas. A calda diluída deve ser totalmente 
consumida no mesmo dia. 
 A calda sulfocálcica não deve ser misturada com óleo mineral (tipo Triona B), ou Folidol. 
 Caso tenha sido utilizada a calda bordalesa, deve-se esperar 30 dias para aplicar a 
sulfocálcicae depois da sulfocálcica deve-se esperar um intervalo de quinze dias para aplicar 
a bordalesa para evitar fitotoxicidade. 
Problemas com o Uso da Calda Sulfocálcica: 
 
 Problemas com a concentração da calda – pode acontecer que a calda comprada ou 
fabricada pelo próprio agricultor não atinja a densidade ideal de 32° Bé, tornando seu uso 
ineficiente. Neste caso deve-se variar a dissolução da calda de acordo com a tabela a seguir: 
Volume de água a ser adicionada em um litro da solução concentrada da calda 
sulfocálcica para se obter 4o Beaumé.
Água ( l ) 9,0 8,6 8,2 7,8 7,4 7,1 6,4 5,3
Bé inicial 32o 31o 30o 29o 28o 27o 25o 22o
 
 Corrosão dos arames – por ser um produto alcalino e cáustico, a calda sulfocálcica 
poderá causar a corrosão dos arames do sistema de condução. Deve-se optar pelo uso de 
arames com dupla galvanização ou protegidos por cobertura plástica. 
 Corrosão dos equipamentos – pelos mesmos motivos citados anteriormente a calda 
sulfocálcica poderá causar a corrosão das partes metálicas dos equipamentos de 
pulverização. Para evitar este problema, após a aplicação todo o equipamento utilizado deve 
ser bem lavado, usando-se uma solução que contenha uma parte de vinagre ou suco de limão 
e 10 partes de água. Estes produtos por serem ácidos neutralizam o efeito corrosivo da calda. 
Tratores utilizados também devem ser lavados e lubrificados. 
Outras técnicas que auxiliam no manejo fitossanitário dos pomares em geral: 
 Após a poda, queimar todos os restos de cultura para eliminar fontes de inoculo e 
dificultar o início das infecções; 
 Realizar adubações equilibradas, fundamentadas em análises de solo e folha, evitando o 
excesso de nitrogênio e de vigor vegetativo e favorece o desenvolvimento dos parasitas; 
 Usar quebra-ventos; 
 Eliminar o excesso de folhas, melhorando o arejamento da copa das plantas e evitar a 
sobreposição de podas, uma vez que os fungos só sobrevivem em partes verdes da planta; 
 Escolher o local para instalação do pomar, evitando baixadas, solos pesados e úmidos.

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