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Título do livro – Como construir, modificar & aumentar a potência de cabeças de cilindro. Autores – Peter Burgess & David Gollan Tradução Livre: Ademilson Moraes. Contato: moraes.ademilson@gmail.com Introdução, reconhecimentos e sobre os autores INTRODUÇÃO Esse livro foi escrito para ilustrar as teorias e técnicas as quais vão permitir um amador entusiasta a modificar com sucesso cabeças (ou cabeçotes – o termo é facultativo) de cilindros. Aplicar os métodos e técnicas descritos vai resultar em melhoras muito notáveis no torque e potência do motor. Um pouco da teoria pode inicialmente parecer difícil de entender, mas uma leitura paciente e consideração vão pagar dividendos – com prática você vai ser capaz de deixar os “profissionais” de queixo caído. Mesmo que você não deseje tentar modificar suas próprias cabeças, nós esperamos que esse livro vai lhe dar um melhor entendimento da quantidade de trabalho e habilidade que está envolvido no trabalho de modificar cabeças de cilindro com sucesso. No mínimo, porque você vai estar ligado sobre o que procurar, você vai estar mais bem equipado para sair e comprar uma cabeça de boa qualidade, profissionalmente modificada que realmente vai lhe dar bons resultados. RECONHECIMENTOS & SOBRE OS AUTORES Peter Burgess construiu sua primeira bancada de fluxo em 1985. Um engenheiro que aprendeu sozinho, seu passado em psicologia lhe mostrou o caminho para uma abordagem usando método científico e lhe deu a habilidade de explorar sua intuição para fazer motores funcionarem. Ele trabalha holisticamente para modificar cabeças de cilindro. Algumas cabeças de motor de competição construídas por Peter incluem – Rover (BMC/BL) Série A, Série B, R, S e O, Rover V8, TR4, TR6, MG tipo T, Pré-guerra MG, Ford Pinto, Ford Kent Crossflow e pré-Crossflow, Toyota Starlet e Nissan Turbo, para mencionar apenas algumas. Seu motor favorito é o ex-Bruick Rover V8. Peter é dono de um pequeno negócio de tunagem o qual possui reconhecimento e distribuição mundial. David Gollan é um engenheiro mecânico qualificado. Ele e Peter se conheceram em 1990 enquanto ele estava pesquisando para sua tese sobre efeitos de fluxo de gás sobre bhp, economia de combustível e emissões: eles são amigos sólidos desde então. David se mantem em dia com as pesquisas recentes sobre motores automotivos por meio de leitura assídua de todos os artigos técnicos disponibilizados pela SAE. Ele tem um conhecimento vasto sobre princípios de engenharia o que, combinado com seu dom natural para entender fluxo de ar, combina muito bem com as habilidades de Peter e, como resultado, os dois juntos tem uma performance fantástica. Seu motor favorito é o Ford OHC “Pinto”. Ele e Peter se desafiam nas pistas de corrida nos dias de teste. David trabalha como hidrometista para a Agência do Meio-Ambiente e age como consultor para o Peter. Nosso obrigado à Liz Burgess for fazer a primeira leitura desse livro e ajudar com sua elegância em estilo, à Keith Hippey por alguns dos desenhos e à Robert Day por desenvolver e tirar algumas das fotos. Obrigado também à Phil Hollan, Shaun Powell, Wayne Matin, Andy Fossey e os pilotos de corrida que nos deram permissão para tirar algumas fotos. Peter Burgess David Gollan Usando este livro & informações essenciais USANDO ESTE LIVRO Ao decorrer deste livro o texto entende que você, ou o seu cliente, vão possuir um manual técnico específico para seu motor para detalhes completos sobre desmontagem, remontagem, procedimentos de ajuste, espaçamentos, valores de torque, etc. O padrão deste livro é o padrão dado pelas especificações de fabricação para o seu modelo então, se um procedimento não está descrito, uma mensuração não dada, um valor de torque ignorado, você pode assumir que o procedimento ou especificação padrão de fábrica para seu motor deve ser o usado. Você vai achar de grande ajuda ler o livro todo antes que você comece a trabalhar ou dar instruções para o seu cliente. Isso porque uma modificação ou mudança em especificação em uma área muitas vezes vão causar necessidade de mudanças em outras áreas. Entenda tudo como um todo para que você possa finalizar requerimentos de especificações e componentes o máximo possível antes de começar qualquer trabalho. Perceba que o termo “thou” significa milésimo de polegada e que "fettle” é fazer ajustes manuais pequenos (geralmente) até que um componente esteja perfeitamente moldado. INFORMAÇÕES ESSENCIAIS Esse livro contém informação sobre procedimentos práticos, contudo, essa informação tem a intenção de ser usada apenas para aqueles com qualificação, experiência, ferramentas e estruturas para fazer o trabalho de forma segura e com nível alto apropriado de habilidade. Quando for que seja que você esteja trabalhando em um componente de carro, se lembre que sua segurança pessoa sempre deve ser sua primeira preocupação. A Editora, autor, editores e revendedores desse livro não podem aceitar nenhuma responsabilidade por ferimentos pessoais ou dano mecânico o qual resulte do uso deste livro, mesmo se causados por erros ou omissões na informação dada. Se essa renúncia não for aceitável para você, por favor devolva este livro para seu revendedor o qual irá devolver o seu dinheiro. No texto desse livro o termo “Cuidado!” indica que um procedimento poderia causar ferimentos pessoais ou que há perigo de dano mecânico se não for tomado cuidado apropriado. Contudo, tenha a presença de mente de saber que nós não podemos prever cada possibilidade de perigo em todas as circunstâncias. Você também deve perceber que sempre existe um perigo de perfurar um canal durante modificações de cabeça e que tal erro geralmente vai fazer com que você tenha que descartar a cabeça. Por favor note que mudar a especificação de um componente por modificação provavelmente quebrará garantias e também vai absolver os fabricantes de qualquer responsabilidade no evento de o componente pifar, bem como as consequências de isso acontecer. Aumentar a potência do motor vai colocar mais tensão nos componentes do motor e em toda a linha de direção do carro: isso pode reduzir sua longevidade e aumentar a frequência de falhas mecânicas. Um aumento em potência do motor, e portanto da performance do veículo, vai significar que os sistemas de frenagem e suspensão do seu veículo vão precisar ser mantidos em condições perfeitas e ser atualizados conforme for apropriado. Também é geralmente necessário informar as seguradoras dos veículos de quaisquer mudanças nas especificações do veículo. Não podemos enfatizar o suficiente a importância de limpar completamente um componente antes de começar a trabalhar com ele. Sempre mantenha sua área de trabalho e ferramentas o mais limpas possível. Qualquer que seja o líquido especial para limpeza ou outros produtos químicos que você use, siga – completamente – as instruções do fabricante e se você está usando petróleo (gasolina) ou parafina(querosene) para limpar partes, tome todas as precauções necessárias para proteger seu corpo e para evitar qualquer risco de incêndio. CAPÍTULO 1 O que é potência? Para aqueles já familiares com motores de combustão interna e com o ciclo de quatro tempos, paciência, por favor. Retornar à princípios básicos é a forma mais fácil de conectar vários conceitos e termos de uma forma lógica. Primeiramente, uma descrição breve da teoria e aplicação do ciclo de quatro tempos; ou ciclo de Otto, assim denominado por causa do criador do motor de quatro tempos. A maioria dos motores alternativos usam esse ciclo de quatro tempos, cada cilindro tomando quatro cursos do pistão – duas voltas completas do eixo de manivela – a fim de gerar potência. Os quatro ciclos são: 1. Indução (ou consumo). A válvula de entrada é aberta e o movimento do pistão desde o Ponto Morto Superior (PMS) até o Ponto Morto Inferior (PMI) cria um vácuo que atrai o ar e combustível disponibilizados para o cilindro. Para aumentar a quantidade de mistura atraída, a válvula de entrada é normalmente aberta imediatamente antes de um tempo começar e fechada imediatamente depois que ele acaba. 2. Compressão. Ambas válvulas são fechadas e o pistão se movendo para cima no cilindro reduz o volume entre ele e a cabeça (ou cabeçote) do cilindro que a nova mistura inalada no tempo anterior tem que ocupar. Isso tem o efeito combinado de compressão da mistura além de misturar ainda mais o ar e o combustível, o que permite que mais energia provinda do combustível seja utilizada. 3. Potência (ignição ou expansão). A mistura comprimida de combustível e ar é geralmente inflamada antes de o pistão atingir PMS (com ambas as válvulas ainda fechadas) por uma faísca de descarga de alta voltagem da vela de ignição. A resultante expansão de alta temperatura e gases de alta pressão produzidos pela mistura de ar inflamado e combustível então agem sobre o topo do pistão, o qual já terá passado pelo PSM. O pistão é empurrado novamente cilindro abaixo, forçando o eixo de manivela a girar. Aqui é onde a energia química no combustível é convertida em energia mecânica. A válvula de escape geralmente se abre antes do pistão atingir PMI para começar o processo de exaustão e reduzir a pressão no cilindro. 4. Exaustão. O cilindro é livrado da mistura inflamada restante depois do primeiro curso, inicialmente apagado pela alta pressão residual dentro do cilindro, com a maior parte do restante sendo limpo pelo movimento do pistão indo para cima no cilindro se aproximando do PMS. A válvula de entrada começa a se abrir novamente à medida que o pistão se aproxima do PMS, a válvula de escape se fecha imediatamente depois do PMS e então o processo começa novamente. A descrição técnica mais usada pela comunidade de engenharia automotiva pelas complexidades do ciclo de quatro tempos é: suga, aperta, bate e assopra. O combustível usado por motores de quatro tempos pode ser petróleo (gasolina), metanol ou etanol (álcool), nitrometano, diesel, óleo combustível, gás de petróleo líquido (GPL) ou metano (gás natural). O propósito de motores de combustão interna é a conversão para potência mecânica da energia contida no combustível. No caso de motores de ignição por vela, isso acontece dentro do motor na forma de uma queima controlada de uma mistura de ar e combustível que é depois convertida em potência mecânica pelos componentes internos do motor. A habilidade do motor de realizar essa conversão é conhecida como sua performance, e performance pode ser definida pelos termos torque e potência. Torque é a medida do esforço de rotação produzido no eixo de manivela pela pressão dos gases inflamados agindo no pistão durante o curso de potência. Para permitir que essa medida seja conseguida, o motor é associado à um dinamômetro, que é um aparelho capaz de exercer uma força que se opõe esse movimento de rotação (ele em efeito age como um poderoso freio). A quantidade de força oposta é dada por um valor em libras pés (lb.ft), ou pelo termo mais moderno de Metros Newton (Nm). Se o motor e o dinamômetro estão rodando na mesma velocidade rotacional (rotações por minuto ou rpm), então o torque do motor deve ser igual ao torque oposto do dinamômetro. As leituras são tomadas sobre uma variedade de diferentes velocidades do motor e uma curva resultante de torque para aquele motor específico pode ser planejada. O termo potência de freio (bhp – definições mais modernas são OS ou KW) é a potência de saída do motor no volante (ou veio de saída, também conhecido como eixo de transmissão), e é matematicamente derivado do torque e leituras de rpm tomadas do dinamômetro. O trabalho resultante medido por um dinamômetro também permite o cálculo da pressão efetiva média ao freio (bmep). Para motores de aspiração normal, bmep demonstra o produto da habilidade de atrair uma mistura de ar/combustível, quão efetivamente o ar é usado na combustão, e o quão completamente e eficientemente o combustível é convertido em energia. Basicamente ele denota a pressão média agindo sobre o topo do pistão durante os completos quatro ciclos de um cilindro. É um parâmetro que também inclui as perdas mecânicas que ocorrem dentro do motor devido ao atrito. Como os resultados, diferentemente dos valores de torque e potência, independem do tamanho e configuração do motor, eles são úteis para comparação direta com valores de diferentes tipos e designs de motores já estabelecidos. Torque e bmep são diretamente relacionados, então valores planejados O ciclo de quatro tempos. Indução, compressão, potência e exaustão. para os dois em gráficos dão curvas que são exatamente do mesmo formato. A habilidade do motor de utilizar o calor liberado pelo combustível é denominado Eficiência Termal. Infelizmente, motores de combustão interna não são muito termalmente eficientes. Apenas 25% a 30% do calor gerado pela queima da mistura é utilizado na forma de trabalho útil. O restante é perdido na atmosfera, a maior parte pela válvula de escape na forma de um gás quente, o restante via refrigerador e óleo ou por radiação de calor do bloco do motor. Uma parte da potência produzida pelo motor por ciclo é usada para puxar mais cargas de ar/combustível no curso de admissão, comprimir a mistura, e expelir os restantes queimados pelo curso de exaustão. Potência também é utilizada para superar o atrito de deslize e rotação dos componentes mecânicos internos, como pistões, anéis e rolamentos, assim como para direcionar os acessórios do motor como o eixo de comando, distribuidor e a bomba de óleo. Essas perdas são todas agrupadas sob o título de potência de atrito. Essa potência de atrito dissipa trabalho útil como calor no óleo e na bomba de refrigeração. Superar o deslocamento do óleo (derivado do reservatório de óleo) agindo na manivela e biela cria ainda outra perda. Essa, também, é agrupada sob o título de atrito, mas também é mais comumente chamada de perda de ventilação. Eficiência volumétrica é o parâmetro mais fundamental e importante utilizado para definir características de performance, visto que ela dita quanta potência um motor é capazde produzir. É uma medida da efetividade do processo de indução do motor, sua habilidade de sugar a mistura de ar e combustível para dentro do cilindro. O ar que entra tem que fazer seu caminho para o cilindro pelo filtro de ar, carburador, válvulas borboleta do acelerador, distribuidor de entrada – ou corpo do acelerador, câmera de admissão e corredores no caso de injeção de combustível – porta de entrada e finalmente pela válvula de entrada, fazendo seu caminho por curvas e obstáculos que podem constituir uma rota consideravelmente torturante. Tudo isso pode se configurar em uma restrição significativa para a quantidade de ar que o motor pode assimilar. Valores típicos para motores modernos variam de 80 para acima de 90 por cento de eficiência volumétrica, modelos mais antigos geralmente giram em torno de 60 a 70 por cento de eficiência. Isso significa que ainda há muito o que melhorar! Uma compilação cuidadosa e atenção nos detalhes pode minimizar as perdas por atrito previamente mencionadas, além de criar uma melhor no bmep, a qual, por sua vez, vai gerar mais torque e, portanto, mais potência. Como há uma relação direta entre a taxa de escoamento de massa de ar para dentro de um motor e a potência que pode ser desenvolvida, é vital conseguir o máximo de ar possível – juntamente com a proporção correta de combustível – para dentro dos cilindros do motor. Ou, para colocar em outras palavras, melhorar a eficiência volumétrica do motor é a chave para melhoras de utilização de potência, já que a massa de ar no cilindro comanda quanto combustível pode ser queimado. Qualquer coisa que faz o ar entrar nos cilindros mais facilmente resulta em eficiência volumétrica melhorada, gerando bmep mais alto, assim como mais torque e potência – sempre considerando que outras perdas de potência não tenham subido por algum outro motivo. No caso da maioria de motores de modelos antigos, uma cabeça de cilindro bem modificada oferece uma melhora geral maior – para ambas eficiências volumétrica e termal – onde as portas e válvulas tenham sido melhoradas ou reformadas tanto quanto necessário para facilitar a passagem de ar pelo cilindro. Mudar outros componentes, como eixo de comando (que pode ser pensada como o “cérebro” do motor, já que ele controla os processos de entrada e exaustão) para um que abra as válvulas mais e por mais tempo, pode também alcançar razoáveis ganhos de potência. Mas esses ganhos geralmente ocorrem quando há rpm mais altas do que em motores normais, o que, na maior parte dos casos, significa sacrificar potência em rpm menores. Todo o sistema do motor precisa realmente ser considerado como um todo, do contrário os ganhos de performance advindos das trocas de componentes podem não ser totalmente atingidos, já que se eles forem restringidos por outra área pode ocorrer o começo de restrições de fluxo ou gargalos. A abordagem “Holística” que os autores adoram ficará mais facilmente aparente nos próximos capítulos. Com sorte, você agora tem uma visão geral dos vários fatores que são usados para avaliar a performance de um motor, e a efetividade de quaisquer mudanças ou modificações feitas. Há, claro, muitas outras formas de matematicamente modelar e avaliar um processo interno e externo de um motor, a maioria envolvendo fórmulas complexas que são um tanto quanto além do escopo deste livro. Você pode ter notado que nós relegamos nossa sessão matemática para o fim deste livro – não há nada de errado com toda aquela teoria em pequenas doses, mas o que nós realmente estamos interessados são os métodos mais práticos de geração de potência! Eficiência volumétrica do motor. Eficiência volumétrica x Rpm CAPÍTULO 2 Tipos de cabeça de cilindro Uma cabeça de cilindro pode ser feita de ferro fundido ou liga de alumínio e sela o topo dos cilindros. Cabeças precisam ser rígidas o suficiente para aguentar a pressão de gás exercitas sobre elas durante o ciclo do motor, construídas para conter passagens para o fluxo de refrigeração (a menos que haja arrefecimento a ar) e acomodar vários outros componentes – velas de ignição, válvulas, etc., que são partes do sistema de ignição e comandos de válvulas. A maioria dos motores modernos são dos modelos com válvulas à cabeça, o que permite câmaras de combustão compactas e eficientes e eficiência volumétrica melhorada por meio de melhor respiração. Cabeças podem ser do modelo de came à cabeça, únicas (SOHC) ou duplas (DOHC) e esses cames podem operar as válvulas diretamente, por meio de ação em tuchos agrupados, ou indiretamente via balancins. A alternativa é ter o trem de válvulas via varetas próximas ao eixo de comando montadas dentro do bloco do cilindro. Uma vasta variedade de câmaras de combustão tem sido modelada desenvolvida ao decorrer dos anos. Elas foram concebidas pela busca por melhor respiração, melhor combustão e comandos de válvulas mais leves e eficientes – visto que a inércia reduzida permite mais velocidade de operação do motor. Os vários tipos de cabeça de cilindros são: Alinhada OHV – Válvulas são geralmente arranjadas verticalmente, com câmaras de combustão no formato de banheira, coração ou rim. Cabeça de garça – Motor OHV com válvulas alinhadas (verticais) e a câmara de combustão no pistão. Cunha – As válvulas são alinhadas, mas angulares pela vertical, criando uma câmara de combustão em formato de cunha. Telhado – As cabeças das válvulas são opostas (formando um V) em uma câmera de combustão com lados inclinados. Cada vez mais usado para modelos modernos de quatro válvulas por cilindro. Hemi – As cabeças das válvulas são opostas, como abaixo, mas a câmara é hemisférica. Tipo L ou cabeça chata – um modelo mais antigo uso para motores com as válvulas contidas dentro de um bloco de cilindros (válvula lateral). ESGUICHO “Esguicho” é o nome descritivo dado ao movimento randômico, no cilindro, da mistura de ar e combustível ainda não queimada, causado pelo pistão se aproximando da cabeça do cilindro mais para o fim do curso de compressão. Na maioria dos casos, uma parte da coroa do pistão e a cabeça do cilindro se aproximam consideravelmente no Ponto Morto Superior (PMS), se aproximando com uma velocidade relativamente alta. A mistura presa entre essas superfícies que se fecham rapidamente é “esguichada” ou jorrada para fora. A rota de escape mais fácil é para dentro do corpo principal da mistura que já está dentro da câmara de combustão, resultando em uma útil melhora no movimento dessa nova carga. A maior parte da mistura fica então confinada na câmara de combustão esperando pela ignição. Esse movimento turbulento e randômico gerado na câmara ajuda o ar e o combustível a se misturarem ainda mais, resultando em uma combustão mais completa. RODOPIO (& TROPEÇO) “Rodopio” é o nome do movimento organizado da mistura de ar e combustível no cilindro. Está se tornando uma propriedade cada vez mais comum nas cabeças de cilindro em motores modernos ao passo que as manufaturas se empenham em manter ou melhorar o ganho de potência, enquanto reduzindo o consumo e emissão de combustível. Assim como o esguicho, o rodopio é usado como uma técnica adicional para melhor misturar o are combustível, e ajudar a promover uma combustão completa. O rodopio pode ser criado usando o modelo da porta para direcionar a entrada de mistura. A porta pode ser levemente curvada para dirigir o fluxo pela válvula, ou ter uma corcova ou defletor para forçar o fluxo para fora no último minuto, por assim dizer. A entrada da nova carga é então enviesada, obrigada a fluir predominantemente por um lado da válvula de entrada, adentrando o Câmara banheira. Câmara no pistão. Cabeça em cunha Cabeça Hemi Válvula lateral Câmara telhado com cilindro de quatro válvulas. cilindro por uma tangente. Ela então é desviada pelos lados da câmara de combustão ou pela parede do cilindro, e então vai para baixo em espiral ao redor do cilindro, criando um movimento de rodopio. A intensão é que se mantenha essa rotação organizada conforme ela vai indo cilindro abaixo. Tropeço é outra forma de rodopio, novamente gerado por influenciar o fluxo para dentro do cilindro usando a forma e direção da porta. Ele é diferente do rodopio ao passo que o movimento rotativo da mistura é paralelo ao topo do pistão, melhor descrito como o ar e o combustível tendo que fazer um rolamento horizontal no cilindro. Um outro, mais complexo método de gerar rodopio é usar a porta para criar movimento dentro dela mesma, fazendo a mistura rodar em torno da válvula antes de ela entrar no cilindro. Essas são chamadas portas helicoidais, e criam um rodopio parecido com água indo ralo abaixo. Enquanto elas têm mais eficiência volumétrica do que os outros tipos, já que o fluxo vai em torno da válvula toda, elas são (felizmente) atualmente incomuns – então elas podem ser bem difíceis de modificar! Claro, o que resta do movimento organizado é interrompido a medida que o pistão se move para cima no cilindro durante a compressão, deixando a mistura de ar/combustível à mercê de turbulências randômicas e qualquer esguicho que possa ser gerado em torno do Ponto Morto Superior (PMS). Enquanto a ideia de induzir mais movimento para a nova carga de ar e combustível, com sua resultante melhora em combustão e mistura, é boa, o leve lado ruim é que isso pode causar redução no fluxo. Como o fluxo geralmente é dirigido ou forçado a entrar o cilindro em uma certa direção, apenas uma parte da área de fluxo disponível da válvula é completamente utilizada; o resultado é geralmente uma eficiência volumétrica reduzida. Você vai ter que considerar cuidadosamente quaisquer modificações às cabeças que geram rodopio ou tropeço se você deseja manter suas características. É válido manter em mente que alterar desajeitadamente uma cabeça pode resultar em uma queda de eficiência de combustão se a mistura resultante de ar/combustível não for dada de uma forma que a câmara de combustão pode aguentar. Esquema de como o movimento do pistão gera esguicho em uma típica câmara “banheira” Rodopio Tropeço CAPÍTULO 3 Teoria e pensamentos REQUERIMENTOS DE FLUXO DE AR Um modificador de cabeças de cilindro bem-sucedido deve combinar as mãos e olhos de um escultor com a mente, curiosidade e lógica de um engenheiro e a tenacidade de um terrier com a paciência de Job. É um conjunto bem eclético, mas uma vez que você tenha tentando modificar cabeças você provavelmente vai entender melhor tudo o que precisa para ganhar a vida modificando cabeças! Você também precisa ser capaz de pensar do ponto de vista do fluxo de ar, e não necessariamente de um patamar puramente mecânico. Só porque alguma coisa parece realmente boa e precisou de muito trabalho para modificar, não significa que o fluxo de ar estará de acordo com a aparência! Além disso, para descobrir o que funciona ou não funciona, do ponto de vista do fluxo de ar, todas as partes envolvidas em transferir o ar para dentro ou para fora do motor devem ser testadas em uma bancada de fluxo. Bancada de fluxo é um equipamento que permite a quantidade de fluxo de ar que atravessa um componente ser medida precisamente, então cada mudança feita pode ser avaliada individualmente para ver se ela funciona ou não. Os modelos de bancada de fluxo são descritos em detalhes em outra parte nesse livro. O refinamento das passagens de fluxos e formatos de componentes envolve o estabelecimento de um parâmetro que se consegue testando um item comum em sua forma inalterada. No caso da cabeça do cilindro o fluxo da porta é mensurado por incrementos regulares no levantamento da válvula. Nós normalmente usamos cada 1,27mm de zero até 12,7mm (ou mais, se o levantamento de válvula de um motor em particular é maior). Isso é seguido de uma série de modificações graduais na cabeça, cada uma avaliada pelos seus efeitos no fluxo, e, portanto, usada como guia para modificações futuras. Isso tudo pode ser um processo longo e exaustivo, envolvendo muito trabalho árduo, a fim de atingir resultados que valham à pena. A reprodução consistente dos resultados finais de todos esses testes em todas as portas em uma cabeça, e por muitas cabeças, demanda muita habilidade e experiência (sem falar do apoio de equipamento profissional a ser usado). Aqui é onde o modificador de cabeças de cilindro profissional é diferenciado de amadores, e isso também explica o porquê de cabeças modificadas terem o preço que têm! SUGUE E OBSERVE! Cabeças podem ser modificadas com considerável sucesso sem a utilização de uma bancada de fluxo, mas, na busca pelo fluxo “perfeito” em uma cabeça, como saber se você já foi longe demais nas modificações ou não? Na maioria dos casos, é necessário ir um pouco além no desenvolvimento de um modelo de porta, especialmente no caso de cabeças de corrida; quando fluxo é perdido, você descobre que o procedimento anterior na verdade era o melhor. Muitas vezes uma nova modificação resulta em escoamentos de fluídos ou algum outro defeito que faz com que a cabeça tenha que ser descartada, ou mantida como modelo para o lembrar de parar antes de causar o mesmo resultado da próxima vez. Obviamente, você deve ser mais precavido quando realizando esses procedimentos para um cliente! Nós geralmente percebemos, durante testes de bancadas de fluxo e avaliações das cargas e modificações que, após um certo ponto, você começa a perder fluxo em baixos levantamentos de válvulas ao passo que ele ainda sobre em levantamentos mais altos. Essa troca de fluxo de levantamento baixo para alto deve ser considerada, juntamente com todas as situações e empenho que a cabeça final deve ser capaz de suportar. Não adianta nada ter ganhos massivos de fluxo, com, por exemplo, 12,7mm de levantamento se o came e comando de válvula só sobem até 8,89mm. Da mesma forma, uma porta grande pode fluir bem, mas se a velocidade de gás resultante é muito baixa para o preenchimento apropriado do cilindro, o desempenho do motor não será otimizado. Muitas vezes é necessário alcançar um meio-termo. Idealmente, o que nós queremos atingir é a maior área abaixo da curva (fluxo vs. levantamento de válvula) compatível com o modelo de came/comando de válvula e com o uso esperado do motor. Felizmente, você pode pular a parte de pesquisa e ainda assim ter sucesso na melhora do fluxo de ar, com um pouco de esforço e paciência,se você seguir nossos parâmetros para modificações de cabeças de cilindro sucintas e efetivas. FUNDAMENTOS DO FLUÍXO DE AR Para clarificar um pouco o pensamento por trás do nosso trabalho, nós primeiramente precisamos cobrir uns poucos fundamentos de fluído de ar – os quais, de fato, se aplicam através de todo o sistema de entrada e escoamento. Esses podem parecer um pouco estranhos, a princípio, mas vão ajudar no entendimento de nossa abordagem sobre modificação de cabeças. Fluído de ar é mais sensitivo à forma do que tamanho, então portas grandes não são necessariamente melhores do que portas menores quando se trata de fluxo de ar. Fluxo de ar também não combina com mudanças súbitas de direção, volume e/ou forma. Esses conceitos são embasados no fato de que as áreas da porta que são fáceis de se atingir normalmente têm efeito pequeno o moderado no fluído de ar; são geralmente as partes mais difíceis de se atingir que geralmente têm mais influência na capacidade da porta de fluir ar. Ser capaz de modificar essas partes difícil de maneira efetiva é a verdadeira “arte” da modificação de cabeças de cilindro. Como já dissemos, melhorar a eficiência volumétrica do motor é a chave para ganhos de potência bons e úteis. Ênfase nessas últimas palavras. Eficiência volumétrica é comumente definida como a taxa entre o volume de ar assimilado para dentro do motor e o volume de escoamento. Preencher um espaço vazio tão grande (o cilindro) por uma passagem pequena (a porta) muito rápido significa que o ar que está entrando é forçado a viajar consideravelmente rápido. A velocidade média com que o ar passa pela porta (ou velocidade média do ar) depende do volume do cilindro, da velocidade (rpm) do motor e do tamanho da porta. Uma porta pequena alimentando um cilindro grande terá uma velocidade de gás alta com rpm baixa, impossibilitando o abastecimento suficiente de ar com rpm mais alto. Por outro lado, uma porta muito grande alimentando o mesmo cilindro somente atingirá velocidades de gás altas com rpm alto e terá velocidade de gás bem baixa com rpm baixo. Quando você adiciona à equação o abastecimento de combustível, as coisas mudam de novo. Os pingos de combustível fornecidos por um carburador (ou injetor) precisam de uma velocidade razoável para mantê- los suspensos na corrente de ar. Se a velocidade for muito baixa, a gravidade começa a afetar o processo e os pingos começam a cair para o chão da porta formando poças, as quais são difíceis de serem repostas em suspensão e difíceis de inflamar se elas pingarem até à câmara (hidrocarbonetos e fuligem). Com uma velocidade muito alta e os pingos podem começar a se separar da corrente de ar quando essa passa por alguma curva ou obstáculo, então a mistura homogênea se perde e começam a surgir problemas de combustão. As dimensões comuns de portas são resultado dos designers tentando alcançar o melhor meio-termo para o preenchimento de cilindro considerando uma vasta variedade de velocidades operantes de motor. Com uma certa rpm, e, portanto, velocidade média de gás, o preenchimento do cilindro alcança um ponto otimizado, e um torque limite é gerado. Mais melhoras na rpm produz velocidade de gás mais alta na porta, até que chega um ponto em que o fluxo se torna engasgado – quando não é possível passar mais ar. Por volta desse ponto é onde o motor produz seu pico de potência. Conforme a rpm continua a subir as demandas do cilindro por ar não conseguem mais ser atingidas, então a eficiência volumétrica cai rapidamente e, igualmente, a potência decai dramaticamente. Então, você deve considerar muito o propósito de uso do motor antes de sair alargando as portas. Portas largas são boas para motores de corrida nos quais rpm alta é necessária e tráfego em baixa velocidade e emissão de gases são desconsideradas. Torque e um pouco de capacidade de velocidade baixa são essenciais em motores cujos propósitos são serem usados em situações cotidianas normais. Já foi confirmado que existe uma correlação entre a velocidade média de entrada de ar e a eficiência volumétrica do motor. Nossa regrinha básica quando considerando cálculos de mensuração de porta é de usar velocidades de porta em torno de 80m/s para potência máxima e 50m/s para pico de torque. Esses são números aproximados, apesar de ter que ser dito que, no caso de potência máxima, motores modernos multiválvulas estão provavelmente atingindo velocidades médias de porta de aproximadamente 100m/s. A velocidade média de entrada de ar (V) pode ser calculada por – V (m/s) = (L x N)/30000 x (D/d)^2 Onde – L = curso do pistão (mm) N = velocidade do motor (rpm) D = diâmetro do cilindro (mm) d = porta ou diâmetro da garganta da válvula (mm) Esse exemplo é para o motor Ford 2000cc SPHC “Pinto” – L = 76,95mm N = 5500rpm D = 90,8mm d = 38mm V = (76,95 x 5500)/30000 x (90,8/38)^2 V = 14,1 x 5,71 V = 80,5m/s Como um guia, use essa equação para calcular a velocidade de gás no pico de potência para o seu motor usando as especificações de fábrica (ou use a especificação de fábrica de uma versão de alta performance do mesmo motor, se existir). Rearranjando a equação, você pode calcular a dimensão da porta para atingir a mesma velocidade de gás (portanto preenchimento eficiente do cilindro) em rpm alta ou com um aumento no diâmetro do furo, ou ambos, se a sua intenção é usar o motor para corridas ou vias de velocidade rápida. CAPÍTULO 4 A bancada de fluxo O que você não consegue ver é bem difícil de mensurar. Por exemplo, se você quer saber o tamanho de uma vara você pode a medir usando uma régua; se você quer saber o volume de um cilindro você pode o encher com água usando um cilindro de mensuração. Se você quisesse saber quanta água pode fluir por um sistema você poderia instalar um tanque de água acima dele e cronometrar o fluxo de água caindo em um balde logo abaixo. Aí você poderia dizer “com um tanto de água de Z metros acima do sistema a taxa de fluxo é de X litro por minuto” (ou quaisquer unidades de mensuração estiveres usando). Infelizmente, não podemos por um balde embaixo de uma cabeça de cilindro e coletar ar! Nós temos que aceitar o fato de que não existem vácuos naturais e que diferenças em pressão sempre tentarão se equalizar. Construir uma bancada de fluxo é fácil: calcular o fluxo de ar e entender o que está acontecendo é mais difícil. O diagrama acima mostra todo o sistema em forma de esquema e pode ser separado nas partes que o compõe, coo segue – Receptor de ar Ele é feito de 1 metro de tubo de cano plástico de 150mm de diâmetro (com paredes de 6mm de grossura). A parte de baixo é lacrada grudando uma placa de plástico ou acrílico de 6mm. A placa de orifício/Tambor de orifício Use um tambor cilindro de pelo menos 300mm de diâmetro e pelo menos 300mm de comprimento (ex.: um tambor de óleo). O tambor deve ser cortado pela metade diametralmente para poder acomodar a placa de orifício. A placa de orifício é cortada de uma folha de aço macio de 2,5mm de grossura; o aço deve ser macio o suficientepara sobrepor levemente o diâmetro do tambor. O centro da placa é marcado e então perfurado/lixado/chapeado para produzir um furo de 30-32mm de diâmetro. O furo deve o mais redondo possível (pode valer a pena contratar um terceiro para fazer isso para você) e medido muito precisamente (com margem de erro de 0,1mm). Essa mensuração é vital para os cálculos de fluxo, então mantenha anotada a dimensão exata. Também é essencial que as bordas do orifício sejam afiadas e quadradas e que não sejam arredondadas. A placa de orifício é então soldada à uma metade do tambor de orifício, com o orifício o mais central possível e alinhado corretamente à linha de centro do cilindro. Tome cuidado para garantir que a soldagem esteja hermética e então solde a segunda metade do tambor à placa. Orifícios de drenagem de pressão da bancada de fluxo Use um pedaço curto de metal fino ou tubo de plástico (com diâmetro máximo de 6mm) para fazer os orifícios. Sele-as até que os lados internos estejam alinhados com as paredes da bancada de fluxo. Os orifícios para o manômetro X são conhecidos como orifícios de canto – eles devem ser colocados com cada um dos seus lados o mais próximo possível da placa de orifício. O orifício para o manômetro Y deve ser colocado relativamente mais abaixo no receptor de ar. A outra ponta do manômetro Y é deixada aberta para a atmosfera. Bomba de sucção/tambor de decantação de fluxo Use um tambor com tamanho similar do usado para a caixa de orifício. Manômetros Para fazer os manômetros, use tubos de plástico duro e incolor (ex.: acrílico) de aproximadamente 6mm de diâmetro interno. Para o manômetro X você vai precisar de dois tubos de 1 metro, para o manômetro Y dois de 2 metros. Os tubos devem ser montados em pranchas de madeira ou tábuas largas que irão servir como suporte. Para os acoplar às pranchas, marque as linhas que os tubos vão ocupar (as quais devem ser paralelas e com mais ou menos 130mm de distância uma da outra), fure alguns pequenos furos ao longo da prancha e use bitolas de travamento finas ou fios de cobre enrolados em torno dos tubos, passados pelos furos e torcidos atrás da prancha. O tubo conector em forma de U na parte de baixo pode ser feito de cano de plástico flexível com diâmetro pequeno, ex.: tubo de lavador de para- brisa, preso com selador de silicone. Você vai precisar de quatro réguas de 1 metro acopladas às pranchas junto aos tubos do manômetro para possibilitar a medição de quedas de pressão. Uma dica é cortar pequenas aberturas nelas e as acoplar às pranchas com parafusos pequenos, os quais podem ser afrouxados – as aberturas servem para possibilitar ajustes no posicionamento das réguas. Isso significa que os níveis do manômetro podem ser facilmente zerados antes dos testes de fluxo começarem. Tubos do manômetro e amortecedores Tubos de plástico flexível é necessário para interconectar o tambor de orifício e receptor de ar aos manômetros. Novamente, algo como tubos de lavadores de para-brisa são ideias já que eles geralmente são disponibilizados em comprimento suficiente. As conexões devem ser Esquema de modelo de banco de fluxo A – Manômetro Y; B – Medidor de disco; C – Cabeça do cilindro; D – Fluxo de plasticina e argola alisadora; E – Cilindro modelo; F – Receptor de ar; G – Manômetro X; H – Caixa de orifício; J – Placa de orifício; K – Bomba de sucção. Linhas de pressão do manômetro. Fluído do manômetro. herméticas já que quaisquer vazamentos irão afetar as leituras e medições. A melhor opção como selador é um selador de silicone. Em algum ponto mais ou menos a 600mm de cada conexão de manômetro você vai precisar instalar amortecedores de pressão. Esses são feitos de tubos capilares (ou similar) de 0,75mm e precisam ter 100 vezes o diâmetro de furo em comprimento (75mm) para que o amortecimento seja constante. Isso amortece as flutuações de pressão sofridas pelos manômetros, reduzindo o movimento do fluído, facilitando as mensurações. Fluídos do manômetro Use água contendo algumas gotas de líquido de lavar louça, para evitar que a água se prenda às paredes dos componentes do manômetro. Se você quiser também pode adicionar algumas gotas de tinta solúvel para facilitar as leituras do manômetro (entretanto, percebe-se que isso mancha as partes internas dos tubos, dificultando sua vida), apesar de que um fundo branco para os tubos do manômetro também funciona bem. Bomba de sucção Use três aspiradores de pó daqueles normais usados em residências (de preferência em formato de tambor) e os conecte ao tambor de decantação de fluxo. Como alternativa, use um aspirador de pó industrial grande, então o tambor de decantação não será necessário. O total de energia necessária é de mais ou menos 2200 watts, ou 3hp. Conectando a bancada de fluxo Use canalização de plástico rígido de 75mm com a opção de usar as curvas e ângulos acompanhantes ou usar tubos flexíveis para quaisquer curvas. Todas as juntas devem ser seladas e herméticas – use adesivo, silicone ou mástique. Tendo descrito como montar e agrupar todas as partes componentes do sistema nós podemos ir adiante para o próximo passo; a matemática. CÁLCULO DE FLUXO O que é fluxo de ar? De forma simples, fluxo de ar é a movimentação de ar entre dois pontos. O movimento é comandado por dois fatores principais; a raiz quadrada da queda de pressão entre os dois pontos e a eficiência do componente sendo testado. Bastantes pessoas escrevem artigos sobre testes de fluxo em cabeças de cilindro e todos eles geralmente usam quedas de pressão diferentes para testar as cabeças. Isso gera controvérsia sobre qual é certa ou errada e confusão entre os que estão lendo os artigos já que eles não possuem meios diretos de comparação de resultados. Bem, não importada nada que queda de pressão é usada já que um valor pode ser convertido para outro de forma bem simples. Nós usamos uma queda de pressão teste de 635mm de água (H2O) como diferença ao longo do sistema sendo testado, já que isso resulta em uma boa exibição gráfica do fluxo de ar. O sistema de bancada de fluxo descrito neste livro não funciona em qualquer queda de pressão particular; os cálculos convertem as mensurações tomadas à taxa de fluxo de 635mm H2O. Contanto que as leituras do manômetro estejam acima de 50mm, então as taxas de fluxo estarão relativamente corretas. Como fluxo é diretamente proporcional à raiz quadrada da queda de pressão, a conversão de uma taxa de fluxo em pés cúbicos por minuto (cfm) para outra pode ser trabalhada como segue. Para converter um valor de fluxo em cfm da queda de pressão A para a queda de pressão B – CFM B = CFM A x √(B/A) ex.: 100cfm em 254mm de H2O para 635mm de H2O cfm25 = 100 x √25/10 cfm25= 158,1 Então 100cfm em 254mm de H2O é exatamente o mesmo que 158,1cfm em 635mm de H2O. Cálculo simples Usando as leituras do manômetro e o fato de que o orifício tem uma eficiência de 62%, ou tem um coeficiente de descarga (Cd) de 0,62, nós podemos calcular o fluxo em pés cúbicos por minuto usando a seguinte fórmula – Volume de fluxo = A x Cd x 213685,34 ...................1 em635mm H2O de pressão teste, 15ºC (graus centígrados) e 1013,25 milibares de pressão atmosférica. Onde – A = área da válvula ou porta em metros quadrados, Cd = coeficiente de descarga do orifício ou porta. O coeficiente de descarga é um número não dimensional que é usado para expressar eficiência de fluxo, 100% sendo o valor perfeito. Para encontrar o coeficiente de descarga Cd – CD = Ao x 0,62 x 2√(X/Y) A ............2 Onde – Ao = área do orifício em m2. A = área da válvula ou porta em m2. X = leitura do manômetro X em mm. Y = leitura do manômetro Y em mm. Por exemplo – Usando uma válvula de 42mm, manômetro X com leitura de 500mm, 250mm sendo a leitura do Y e uma área do orifício de 0,0007 m2. Área da válvula = (π D2)/4 Onde – D é o diâmetro da válvula em metros. Área da válvula de 42mm = 0,001385 m2. Usando a equação 2 – Cd = 0,0007 x 0,62 x 2√(500/250) 0,001385 Cd = 0,443. Ou a válvula é 44,3% eficiente. Usando a equação 1 acima – Fluxo = 0,001385 x 0,44 x 213685,34 Fluxo = 131,11cfm com 635mm H2O Se a válvula foi acoplada à uma porta de 30mm de diâmetro e o manômetro proveu as seguintes mensurações: X = 500 e Y = 250 com uma área do orifício de 0,0007 m2, qual seria o coeficiente de descarga para a porta e qual seria a taxa de fluxo? Área da porta = 0,000707 m2 Usando a equação 2 – Cd = 0,0007 x 0,62 x 2√(500/250) 0,000707 Cd = 0,868 Ou a porta é 86,8% eficiente. Agora substituindo Cd na equação 1 – Fluxo = 0,000707 x 0,868 x 213685,34 Fluxo = 131,15cfm em 635mm H2O A questão realmente foi uma complicada já que as leituras/mensurações do manômetro foram as mesmas, então a taxa calculada de fluxo pela porta e pela válvula tiveram que ser as mesmas. Apenas a eficiência teve que mudar. MAIS DETALHES Não faz sentido tentar explicar de forma longa e complexa as próximas formulas; basta dizer que elas levam em consideração diferenças atmosféricas em dias diferentes, e o fato de que ar é compressível. Medindo quanta água passa pela caixa de orifício nós podemos determinar o coeficiente real de descarga do orifício. Nós podemos calcular a descarga teórica usando a seguinte fórmula – Descarga teórica = A x 2√(2 x g x h) Onde – g = aceleração devido à gravidade 9,81m/s2 h = altura da água acima do orifício em metros. A = área do orifício em metros quadrados. Então com água fornecida por um tanque 2 metros acima do orifício, e com um orifício de 30mm de diâmetro – Descarga teórica = 0,0007 x 2√(2 x 9,81x 2) = 0,0044m3/s Se medirmos quanta água flui em um minuto podemos descobrir a descarga real por segundo; para isso exemplo 0,163 m3 seriam coletados em um minuto. Isso dá 0,163 m3 por segundo 60 = 0,00272 m3/s Coeficiente de descarga = Descarga real / Descarga Teórica Co = 0,00272 0,00440 Co = 0,62 Eficiência = 62% Os passos para calcular as taxas de fluxo são como segue – a) M = A x Co x Σ x 2√(2 x ¶ x ∆p) Onde – M = taxa de fluxo em massa em kg/seg A = área do orifício em m2 Co = coeficiente de descarga do orifício Σ = fator de compressibilidade (olhar e) ¶ = Densidade em kg/m3 (olhar f) ∆p = mudança em pressão (N/m2) = 9,81 x X (leitura do manômetro) Isso nos dá o fluxo em massa durante o teste. Para converter isso para fluxo de volume em temperatura e pressão normais – b) Vº = M 1,225 Onde – V = volume de fluxo em m3/s com 15ºC e 1013,25 milibares de pressão (densidade 1,225kg/m3) c) Para converter de metros cúbicos por segundo para pés cúbicos por minuto – cfm = V x 35,31467 x 60 Isso nos dará o volume do fluxo para a queda de pressão mostrada no manômetro Y. d) Para converter a pressão teste para 635mm H2O cfm635 = cfm teste x 2√(635/Y) Onde – Y = leitura do manômetro em mm. e) Fator de compressibilidade. Σ = 1 – [(0,41 + (0,35 x β^4)] x (∆p/(Pa x K))] Onde – β = taxa de diâmetro do orifício tambor D para orifício d: ou d/D. ∆p = mudança de pressão em Newtons por metro quadrado N/m2, conseguida pelas leituras do manômetro X multiplicada pela gravidade: X x 9,81. Pa = pressão atmosférica em Newtons por metro quadrado N/m2, dada por – milibares (do barômetro) x 100 – (Y x 9,81) – (X x 9,81) K = 1,404 que é a taxa de calor específico com pressão constante para a capacidade específica de calor com volume constante. f) Ar muda de densidade com diferentes temperaturas e pressões. Isso pode ser calculado como segue – ¶ = 0,003482 x P – (0,378 x VP x RH) (273 x T) Onde – P = pressão atmosférica em milibares x 100 – (Y x 9,81). VP = pressão do vapor de água na temperatura teste T ºC. RH = humidade relativa %. T = temperatura teste em ºC. A pressão de vapor é encontrada em tabelas, ela representa 100% de humidade. A humidade real é encontrada usando termômetro higrómetro molhado e seco. A pressão atmosférica é usada usando um barômetro que lê pressão real e não pressão no nível do mar. Como os valores usados nos cálculos são repetidos nas várias equações, e já que as leituras de X e Y mudam com cada levantamento de válvula, um computador pode ser usado para realizar os cálculos, por meio do uso de um programa simples ou pela utilização alguma planilha eletrônica. USANDO A BANCADA DE FLUXO Livre de vazamentos? Antes que você possa considerar seriamente qualquer valor a bancada de fluxo deve estar funcionando corretamente; se houver quaisquer vazamentos então os valores serão altos demais, principalmente com levantamentos pequenos de válvula. Você pode checar zerando os manômetros e depois ligando o aspirador com a parte de cima do receptor de ar lacrada. Use um pedaço de madeira ou plástico, não a sua mão: a sucção da bancada descrita pode lhe machucar. Uma leitura qualquer no manômetro Y (o tambor de orifício) significará que há vazamento. Cilindro modelo Outro ponto igualmente importante é combinar o tubo que fica entre a bancada de fluxo e a cabeça de cilindro com o tamanho exato do furo do cilindro no qual a cabeça vai ser usada. Como o furo pode cobrir a válvula, e, portanto, reduzir o fluxo de ar, obviamente um tubo maior, ou um que esteja deslocado (e por isso descobrindo a válvula), vai dar valores de fluxos maiores do que a realidade. Não podemos enfatizar o suficiente a importância de simular corretamente situações reais que serão encontradas pela cabeça durante seu uso, pois só assim suas descobertas possibilitadas pelos testes de fluxo terão aplicabilidade. Você pode usar revestimentos de cilindro, canos plásticos, etc., alterados para o tamanho correto. Um selador de cabeça vai ajudar a mostrar o posicionamento da cabeça em relação ao furo. Uma linha pode ser traçada na parte da frente da cabeça em torno do furo para ajudar no alinhamento da cabeça no cilindro modelo que está na bancadade fluxo. Nós geralmente selamos o cilindro modelo à bancada e à cabeça com plasticina. Testando a porta de entrada A parte da cabeça a ser testada precisa ser juntada. Por exemplo, quando testando a entrada de uma cabeça qualquer ela seria juntada com as válvulas de entrada e de escoamento ou escapamento/exaustão originais. A parte de selar a exaustão à bancada pode ser feita com uma camada fina de óleo ou gordura, enquanto as molas de válvulas comuns são usadas para manter a exaustão fechada. A válvula de entrada demanda molas mais leves do que as normais para possibilitar aberturas mais fáceis durante o teste, mas não tão leves a ponto de que o vácuo da bancada comece a abrir a válvula mais do que o desejado – pois é, esse aparelho é mesmo complicado! A mola interior de um conjunto de pares geralmente é o suficiente. Não se esqueça de instalar a vela de ignição – sério, muitas pessoas esquecem – novamente um fino esfregaço de óleo nos fios vai evitar que você tenha que os enrolar de forma muito apertada, apenas ajuste-os de leve. Testando o escapamento ou exaustão Dessa vez a porta de entrada é acoplada com o esfregaço de óleo que ajuda com a selarem, enquanto o escapamento demanda a mola de válvula mais leve. Para testar o escapamento a cabeça é montada com o lado múltiplo no receptor de ar e o orifício do cilindro modelo é acoplado à parte da frente da cabeça. Essa instalação pode ser um tanto quanto desafiadora já que agora a cabeça está posicionada verticalmente e não horizontalmente como antes. A bancada então puxa o ar pelo orifício do cilindro modelo, válvula e porta na direção correta do fluxo. Você também precisará arranjar um jeito de abrir a válvula. Na maioria dos casos um balancim comum pode ser usado, eles podem ser modificados com um parafuso rosqueado longo no lugar do ajustador comum, já que o parafuso é uma forma mais precisa de se conseguir o levantamento de válvula desejado para os testes. Não conseguindo dessa forma, você terá que recorrer à alguma outra forma de levantar a válvula para suprir a aplicação em questão. Por fim, um medidor com mostrador e suporte será necessário para medir o levantamento. Ele precisa ser acoplado o mais rigidamente possível já que qualquer movimento ou flexão alterará a precisão dos testes. Um pequeno adaptador no fim do medidor pode ser necessário para alcançar a tampa da válvula. Nós geralmente posicionamos o fim do medidor na tampa da válvula, próximo às pinças (torneira da válvula), a fim de reduzir quaisquer erros provindos de movimentos da válvula. Uma vez que tudo esteja acoplado à bancada e preparado, zere o medidor e abra e feche a válvula algumas vezes, usando quaisquer meios que você tenha optado por usar, levantando o máximo e de volta para baixo. Isso serve apenas para checar que nada está raspando, travando ou se movendo de forma indesejada e para permitir que a mola da válvula, tampa e pinças se ajustem. Você pode perceber que o medidor não retorna à zero uma ou duas vezes depois que a válvula volta à posição inicial, isso acontece provavelmente devido aos componentes ainda se ajustando. Quando você estiver satisfeito com a instalação e o medidor estiver zerado com a válvula fechada, zere os manômetros. Nós também acoplamos uma argola facilitadora de fluxo ao lado múltiplo da porta de entrada para ajudar o fluxo de ar. Ele provê uma constante para os testes de fluxo e nega qualquer problema que o ar possa encontrar com cantos ou curvas de noventa graus na porta de entrada. O anel é nada mais do que um pouco de plasticina rolada no formato adequado à boca da porta, sendo bem fácil de remover ou acoplar novamente para testes futuros. Ligar a bancada de fluxo com a válvula fechada vai tornar fácil a visualização de quaisquer vazamentos já que leituras irão aparecer no manômetro Y. Vale lembrar que os vazamentos precisar ser concertados antes que se iniciem os testes. Área da cortina da válvula Antes de prosseguir é necessário revisar um pouco de teoria, para que seja possível definir parâmetros de teste. A região em torno da válvula pela qual o ar tem que passar é chamada área da cortina. Isso é nada mais do que a circunferência da válvula vezes o levantamento da válvula. Então, obviamente, a área da cortina aumenta com o levantamento da válvula. Quando o levantamento da válvula é igual a um quarto do diâmetro da válvula (0,25 x D) a área da cortina se iguala à área da válvula e a válvula não representa mais o fator limitante (ou seja, ela não mais deve apresentar obstruções) do fluxo. Teoricamente, uma válvula com fluxo perfeito alcançaria 100% de eficiência nesse ponto. Já que não seria possível conseguir mais fluxo, qualquer levantamento a mais da válvula seria desnecessário. Entretanto, 100% de eficiência de fluxo é um objetivo praticamente inatingível, então mais levantamento de válvula é usado para conseguir mais capacidade de fluxo. É útil calcular o valor de 0,25 x D já que ele provê um levantamento mínimo arbitrário para o abrir a válvula durante o teste de fluxo. Entretanto, também é útil continuar testando mesmo depois desse ponto a fim de conseguir um entendimento mais completo sobre o comportamento da combinação de porta e válvula sendo testadas. Na maioria dos casos nós percebemos que é melhor pegar valores de fluxo a cada 1,27mm de levantamento até, mais ou menos, 12,7mm de levantamento, já que na maioria das cabeças isso já ultrapassa o ponto de 0,25D. Não costuma ser necessário levantar uma válvula mais do que isso já que melhoras de fluxo Cabeça sob avaliação na bancada de fluxo depois desse ponto geralmente são bem pequenas. Porém, para alguns dos amanhos bem mais largos de válvulas usadas em cabeças de corridas (ou alguns modelos US V8s) você vai precisar levantar a válvula um pouco mais. Vale manter em mente que a maioria dos cames/balancins não levantam a válvula além de 12,7mm. Para as combinações de motores que o fazem, use o valor de 0,25D ou o levantamento físico da válvula, qualquer um dos dois que for o maior, como levantamento de válvula mínimo para o teste de fluxo – depois vá 5mm além disso, se possível. Até que os valores da bancada comecem a fazer sentido é melhor repetir os testes de fluxo algumas vezes e fazer uma média de fluxo para cada incremento no levantamento de válvula. Confira e questione tudo, mesmo que chegue ao ponto de remover a cabeça da bancada e começar os testes tudo de novo, no caso de você estar em dúvida da validade dos valores. Você vai aprender muito mais se perguntando sempre “como e por quê? ”. A EXPERIÊNCIA DA BANCADA DE FLUXO A parte boa Um erro simples pode causar distorções nos valores – o que parece uma boa modificação pode estar lhe fazendo perder fluxo. Por exemplo, desenvolvimento de fluxo em uma cabeça de cilindro Triumph TR4 progrediu constantemente com os resultados esperados, isso é, depois de ganhos iniciais expressivos, as próximas modificações seguiram a regra de diminuição de resultados até que a modificação relativamente simples de encurtamento do guia de válvula em 3mm melhorou o fluxo em impressionantes 15%. Valores de fluxo foramverificados novamente e ainda mostraram o mesmo resultado. Depois de verificar tudo cuidadosamente, percebeu-se que a cabeça tinha sido colocada no cilindro modelo de forma incorreta – algo equivalente a 3mm de sua posição normal perto do orifício. Isso posicionou as válvulas mais perto do centro do cilindro, causando redução no efeito de cobertura do orifício. Esse “erro” foi deliberadamente duplicado em um motor de corrida e a potência subiu de 127bhp para 150bhp nas rodas! A moral da história é que você pode e deve aprender com seus erros. Normalmente você vai aprender o que não fazer, entretanto, ocasionalmente, como anteriormente, você vai aprender o que você pode fazer. A parte ruim Enquanto ainda falando de erros, não se pode assumir que um ganho em fluxo resultará em mais potência. Se tudo se mantiver equilibrado a potência deve sempre subir proporcionalmente ao fluxo de ar, contanto que o levantamento da válvula e sua duração, bem como os componentes de exaustão e indução, estejam preparados para aguentar tal aumento. É válido manter em mente que, quando você começa a alterar dramaticamente as dimensões de porta e válvula, você está se distanciando cada vez mais dos parâmetros originais do modelo. Você não pode instalar uma válvula grande e monopolizar a porta e esperar mais potência sem fluxo, desenvolvendo o produto e depois testando tudo depressa. Como exemplo, estávamos trabalhando em uma cabeça de quatro cilindros do modelo BMC MGB 1800 B, a qual tem portas de entrada individuais alimentando um par de válvulas – chamadas “portas siamesas”. Ao tentar melhorar as chances de transporte de fluxo de ar de um cilindro para o outro entre os pares siameses nós decidimos que alterar a parede dividindo as duas válvulas poderia reduzir o tempo tomado pelo ar para mudar de direção de um cilindro para o próximo. A divisão da porta foi amolada para ficar similar à usada no modelo de cabeça de motor 1275 BMC A, o qual também tem portas de entrada siamesas. O fluxo decaiu. Se tornou aparente que o fluxo estava se separando das paredes da porta no ponto em que ela se expande para alimentar as válvulas. Enchendo a porta com resina de preenchimento epóxi, a expansão abrupta foi reduzida. Resultado – as taxas de fluxos foram as melhores já atingidas por uma porta de entrada siamesa. Entretanto, durante o teste na esteira de rolamento se chegou a uma potência de 140bhp nas rodas a 5000rpm (se esperava um pico de 5800rpm com a combinação de componentes), reduzido para 10bhp com 5100rpm! Pelo que parece, cada movimento de abrir e fechar das válvulas causa uma “onda” que viaja pela porta e afeta o par de válvulas oposto, formando algo parecido com uma barreira impenetrável pelo fluxo de ar que está tentado entrar no cilindro. Essa “onda” não ocorre quando o divisor de porta está no seu lugar – como originalmente planejado por Weslake. As dimensões do divisor de portas entre as válvulas são críticas – uma cabeça de modelo A não precisa de divisor, uma MGB precisa. Weslake provavelmente descobriu isso quando ele projetou o motor modelo B! Não assuma que a pessoa que criou a cabeça era estúpida e sabia menos que você. A parte feia Não exatamente feia, mas a pobre velha cabeça do Ford Crossflow que sofreu um “frenesi” intenso de modificações feitas em bancadas de fluxo não deu resultados muito bons depois que a poeira baixou. Na Crossflow as portas são enviesadas, então o fluxo entra o cilindro se direcionando para a parede do cilindro (gerando rodopio?). Isso foi considerado um problema já que isso devia ser ruim para o fluxo, uma opinião defendida por vários artigos em revistas de modificações ou tuning. Inúmeras permutações foram testadas, alterar a porta a fim de enviesar o fluxo para longe da parede da câmara, endireitar o formato da porta – até mesmo chegando ao extremo de remover completamente a porta e a substituir por um tubo reto, algo não muito viável para um motor (caro, mas não impossível!). Durante todos esses testes eventualmente decidiu-se eliminar os efeitos do revestimento da parede do cilindro simplesmente posicionando a cabeça no cilindro modelo, com a válvula de entrada posicionada bem no meio do furo – sim, meio óbvio, mas o óbvio muitas vezes é ignorado. Fluxo se perdeu, retornando quando a válvula foi reposicionada na sua posição correta. Acabou que nem foi necessário se dar ao trabalho de reconfigurar o formato da porta, o que é um processo um tanto quanto complicado e demorado (lê-se: caro) de se fazer direito; métodos de modificações convencionais funcionaram relativamente bem quando aplicados nessa cabeça. Tudo isso só para provar para você que você deve consumir tudo que você lê com um pouquinho de desconfiança, de preferência descobrindo as respostas por você mesmo. Não ignore as coisas óbvias! Ser versátil na sua abordagem na hora de fazer os testes significa que você pode verificar muitos mais cenários do que você pode imaginar. A seguir, um exemplo rápido de desenvolvimento de fluxo relativo à largura do assento de válvula. Algumas vezes é melhor usar um assento de válvula bem largo (para uma cabeça de corrida). Por exemplo, desenvolvemos uma válvula de entrada de 47mm, em um motor de corrida de 3,5 litros Rover V8, com assento de 1mm modelo 45, com 60 cortes de gargalo. O desenvolvimento chegou à um estágio em que com 20,3mm de levantamento o fluxo era suficiente para dar 385bhp com bom fluxo até aquele ponto. Entretanto, o came a ser usado somente dava 13,97mm de levantamento de válvula, o que funcionava até um valor teórico de 305bhp com o fluxo disponível. Um outro problema era que, ao tentar melhorar o lado curto da porta, percebeu-se que um canal estava muito mais próximo do que o desejado (depois de cutucar bastante com uma chave de fenda se achou ar!), fazendo qualquer desenvolvimento nas cabeças ficar bem difícil. Mantendo em mente os dois problemas, nós retrabalhamos outra porta com a mesma especificação, mas dessa vez com assento 45 de 1,5mm e um corte de gargalo de 2mm de largura, deixando ais massa no lado curto. Fluxo acima de 15,24mm foi ruim comparado com o original, mas o volume de fluxo (dado pela área abaixo da curva de um gráfico fluxo vs. levantamento) foi suficiente para um valor teórico de 340bhp. O motor na verdade conseguiu alcançar 320bhp (6700rpm) quando testado com o dinamômetro, com um came um pouco mais ameno do que o qual nós assumimos que seria usado, e produziu uma banda de torque bem larga (acima de 250lb.ft de 3500 para 6500, com pico em 283 com 5000rpm). CAPÍTULO 5 Indicadores de desenvolvimento Para uma cabeça que você não pode estragar, é sempre uma boa ideia gastar um pouco de tempo explorando e fazendo uma investigação geral sobre o modelo e formato antes de remover alguma parte de metal. Olhando de perto os canais e explorando, onde for acessível, com seus dedos ou uma chave de fenda pequena, você pode sentir os contornos e a grossura do material das portas. Isso irá ajudar na hora de remover metal já que você deve ter alguma ideia de onde podem estar problemas em potencial. É importante que a cabeça esteja bem limpa, já que sujeira e corrosão dificultam exames. Cuidado! – modelos que se parecem comoutros da mesma série de motores, podem ter sido submetidos à modificações ou revisões de formato durante o período em que tal série estava ainda em produção. Cabeças de lotes diferentes podem ter diferenças internas que criam conjuntos diferentes de restrições de trabalho daquelas que você estabeleceu com uma cabeça semelhante. Se você assumir que elas são idênticas e trabalhar, portanto, segundo essa premissa, você pode acabar achando orifícios ou buracos onde supostamente deveria existir metal. Se você pode sacrificar uma cabeça (pelo bem da ciência, claro) que você acha que é idêntica à qual você vai modificar, então fazer buracos dentro e em torno da porta vai revelar a grossura do material das paredes e da região em torno da garganta. Quaisquer erros feitos durante os testes e desenvolvimento contribuem para o processo de aprendizagem, então uma cabeça sacrificial vai permitir que você descubra o quão longe você pode ir com as modificações e você terá várias portas com as quais testar novas ideias. BLOQUEIOS DE GUIAS DE PORTAS & VÁLVULAS A porta deve ser lisa sem caroços ou rebaixamentos (excrescências ou inclusões) ou mudanças súbitas de tamanho. Um bloqueio de guia de válvula colide com o fluxo de ar então um bom designer vai considerar isso e formar um guia, na forma de uma rampa afunilada, por quase toda a extensão da porta, a fim de guiar o ar gentilmente em torno do obstáculo. Geralmente a área da porta em torno do guia (onde ele projeta-se para dentro da porta) será maior para compensar a obstrução. Se o bloqueio for um caroço isolado, o fluxo de ar provavelmente irá melhorar com sua remoção. GARGANTA E ASSENTO DE VÁLVULA A garganta deve se incorporar ao assento de válvula e porta sem nenhuma curvatura súbita. O assento precisa ser triangular com o corte superior se incorporando facilmente à câmara de combustão e com o corte inferior se arredondando para dentro da garganta. Algumas configurações de porta se beneficiam de ter um corte inferior bem pequeno ou mesmo não ter corte na curva de lado curto, outras podem preferir um corte largo que dá toda a volta. As permutações e diferentes opções são fascinantes. LARGURA DO ASSENTO DE VÁLVULA Não há regra fixa e rápida se tratando de largura do assento e tamanho da válvula. Obviamente, uma válvula pequena acabaria com uma área de garganta bem estreita se o assento fosse muito maior que, digamos, 1mm. Geralmente, o consenso é que um assento largo provê um bom fluxo para levantamento baixo ou médio, enquanto um assento estreito dá melhores resultados em levantamentos médios ou altos. Entretanto, na verdade, o determinante para que isso seja verdade é o modelo original da cabeça, especialmente a configuração da porta/garganta. Experimentar é o único jeito de realmente descobrir. Você também precisa considerar o papel do assento de uma perspectiva mecânica. Quando a válvula é fechada calor é transferido pelo assento desde a válvula até a cabeça. Se a válvula se aquecer demais ela pode ser danificada, ou criar outro problema de pré- ignição/detonação. Um assento mais largo dá uma área de contato maior para dissipação calor, mas um assento largo demais pode reduzir a performance do fluxo. É preciso achar um meio-termo. Um assento também pode ser danificado ou desgastado durante sua vida-útil. Um assento muito estreito terá longevidade reduzida comparada com a de um assento largo. Brita ou pequenas partículas de carbono podem se prender entre a válvula e a cabeça, causando buracos ou outros tipos de dano os quais, quando se tratando de um assento estreito, colocam em risco a sua performance de selagem. Isso não é problema em caso de cabeças de corrida onde a(s) cabeça(s) precisam durar apenas uma temporada (ou menos) antes e serem revisadas ou substituídas. Para uso comum, entretanto, o trabalho de ter que tirar a(s) cabeça(s) para reparar os assentos a cada poucos quilômetros acabaria por reduzir a relevância de quaisquer ganhos de performance quando se tratando de assentos muito estreitos. Mais uma vez, é necessário encontrar um meio-termo. Transferência de calor de válvula para cabeça é uma consideração especialmente importante a se fazer quando modificando cabeças para aplicações turbinadas já que nessas a válvula de escapamento tem que lidar com mais carga térmica. Nesse caso, é melhor tender paro o lado da longevidade mecânica. Nós tendemos a preferir uma largura de assento de 1,3mm para a maioria das aplicações, alcançando um bom meio-termo entre bom fluxo e boa dissipação de calor. Ocasionalmente, se uma garganta já é larga, é impossível cortar um assento 45 muito largo e conseguir um corte inferior 60 que valha à pena, então é feito um corte de 1mm (mesmo para uso comum/em estrada) já que potência Com uma garganta vertical, uma parte de trás da válvula mais achatada e uma tampa da câmara achatada permitem que um bom fluxo de ar passe pela cabeça da válvula. Com uma garganta mais angular, o fluxo de ar se beneficia de uma válvula em formato de tulipa e de uma tampa de câmara curvada e torque são muito maiores com um corte inferior 60. FORMATOS DE VÁLVULA O formato da válvula vai variar dependendo do ângulo de abordagem da porta. Uma porta de “corrente de ar lateral” com curva de 90 graus geralmente flui melhor com uma válvula de formato achatado (7 a 10 graus). Já uma porta de corrente de ar inferior, onde o fluxo se dá diretamente na parte de trás da válvula, um formato de tulipa vai ajudar a conduzir o ar em torno da válvula e para fora da garganta. Plasticina (ou massa de modelar) é uma boa ferramenta de desenvolvimento para experimentar formas variadas para as partes traseiras das válvulas. Um enchedor de carroceria é uma outra opção, um meio mais resistente que pode ser facilmente remodelado e que pode ser fundido com o material que o cerca, resultando em uma transição lisa sem rugas ou nervuras. REVESTIMENTO DE CÂMARA Quando possível, a válvula de entrada deveria estar um quarto de seu diâmetro (0,25D) longe da parede da câmara de combustão. O escapamento deveria estar mais ou menos dois décimos de seu diâmetro (0,2 D) longe da parede da câmara de combustão. Se a garganta da válvula estiver relativamente vertical, o fluxo se beneficia se o teto da câmara de combustão for achatado até chegar na parede da câmara. Isso permite que o ar se expanda livremente em torno do perímetro da válvula. Se a garganta for mais angular, percebe-se que o fluxo não melhora se o teto for achatado – uma curvatura é recomendada. Como bônus, paredes de câmara verticais criam mais turbulência, portanto melhoram a combustão, dando mais potência enquanto demandando menos avanço de ignição. Cuidado! – Um pequeno aviso quanto à combustíveis modernos: tirar muito revestimento pode causar explosão porque a flâmula de combustão tem que viajar mais para consumir o combustível (ex.: Ford Pinto normal, motor de oito válvulas Vauxhall Cavalier 1.8, e motores Peugeot 1.6/1.9 de oito válvulas. POTENCIAL DE FLUXO DE VÁLVULA O problema com a estimação de potencial de fluxo para uma válvula é que o fluxo passa somente pela área de cortina, como
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