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Aula - Efeitos da condenação

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DIREITO PENAL II
AULA 13 – EFEITOS DA CONDENAÇÃO
Histórico
Nas Ordenações Filipinas já estava previsto o confisco de bens como efeito da condenação.
O Código Criminal de 1830 já admitia a conversão em pena de prisão, caso o apenado não pudesse reparar o dano causado.
O Código Penal de 1890 previa a perda, em favor da Nação, dos instrumentos e produtos do crime; previa ainda a obrigação de indenizar o dano causado e a obrigação solidária de satisfazer as despesas judiciais.
O Código Penal de 1940 manteve o previsto no ordenamento anterior, na forma do art. 74.
Com a reforma de 1984, o Código Penal passa a prever os efeitos genéricos da condenação no art. 91 e os efeitos específicos no art. 92 (estes, no entanto, eram considerados como penas acessórias na sistemática do código anterior).
Conceito:
	Efeitos da condenação são todos aqueles que de modo direto ou indireto atingem a vida de condenado por sentença irrecorrível. 
	Estes efeitos não se restringem à esfera penal, incidindo também efeitos extrapenais (cível, trabalhista, administrativo, político). 
	A imposição da pena (reclusão, detenção, prisão simples, pena restritiva de direitos ou pena de multa) ou medida de segurança é o principal efeito da condenação. Porém, são previstos outros efeitos secundários: penais e extrapenais. 
EFEITOS SECUNDÁRIOS PENAIS
Após a sentença condenatória transitada em julgado, são previstos os seguintes efeitos secundários penais:
a) Revogação obrigatória ou facultativa do sursis anteriormente concedido (art. 81 § 1º) ou vedação de eventual concessão deste em caso de reincidência em crime doloso (art. 77 I)
 b) Revogação obrigatória ou facultativa do livramento condicional (arts. 86 e 87)
c) Aumento ou interrupção do prazo de prescrição da pretensão punitiva executória se houver reincidência (arts. 110 e 117 VI).
d) Possibilidade de reconhecimento da reincidência na hipótese de prática de novo crime.
e) Revogação da reabilitação, quando comprovada a reincidência (art. 95)
f) Caracterização da reincidência caso o condenado já tenha sido condenado por sentença condenatória irrecorrível (art.s 63 e 63 CP).
g) Impedimento da concessão de vários privilégios (p.e. art. 155, § 2º - furto privilegiado; art. 171, § 1º - estelionato privilegiado)
Contravenções Penais, se o réu possuir chaves falsas ou instrumentos utilizados usualmente na prática de crime de furto, desde que não comprovada a destinação legítima, na hipótese de condenação irrecorrível por crime de furto ou roubo.
i) Impossibilidade de eventual concessão de suspensão condicional do processo (art. 89 Lei 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais)
j) Inscrição do nome do réu no rol dos culpados (art. 393 II CP)
EFEITOS SECUNDÁRIOS EXTRAPENAIS
Dividem-se em genéricos e específicos, podendo se manifestar em vários âmbitos:
Cível (arts. 91 I, II; 92 II CP): obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; confisco; incapacidade para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela 
Administrativo (art. 92, I 1ª parte, III CP): perda de cargo ou função pública; inabilitação para dirigir veículo;
Político (art. 92 I CP): perda do mandato eletivo;
Trabalhista (art. 483, c e f, CLT): justa causa para rescisão de contrato de trabalho.
Genéricos:
	São produzidos após o trânsito em julgado da sentença condenatória (art. 91 CP), automaticamente, sem depender de qualquer declaração (art. 92 CP). São eles:
	1º) Tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado (art. 91 I CP):
	O Direito brasileiro adota o sistema da separação ou independência entre a responsabilidade penal e a responsabilidade civil. Dessa forma, a obtenção da indenização do dano ocasionado pelo crime fica sujeita a ação civil por parte da vítima. 
A vítima pode aguardar o desfecho da ação penal ou ingressar a actio civilis ex delicto, simultaneamente. No primeiro caso, a sentença condenatória serve como título executivo judicial. No segundo caso, o juiz poderá suspender o processo até que saia a sentença criminal. 
	A sentença penal absolutória não impede a propositura da ação de indenização, desde que não tenha reconhecido a inexistência material do fato.
Genéricos:
	2º) Confisco: 
	É a perda em favor da União, dos instrumentos do crime, desde que sejam fruto de fato ilícito, e também o produto do crime ou qualquer valor auferido pelo agente em sua conduta (art. 91 II, a e b, CP). São ressalvados os direitos de lesado ou terceiro de boa-fé. 
Este efeito é uma modalidade especial de confisco que tem o objetivo de coibir o favorecimento da prática do crime. 
	Exemplos de instrumento do crime: arma branca, instrumentos para falsificação, armas de fogo de porte ilegal, substâncias entorpecentes, etc.
	Exemplos de produtos do crime: coisa roubada, jóia feita com o ouro roubado, dinheiro da venda de objeto roubado, moeda falsa, etc.
Específicos:
	Diferentemente dos genéricos, não possuem aplicação automática, devendo ser motivados na sentença penal (art. 92, § único CP). 
	1º) Perda de cargo, função pública ou mandato eletivo (art. 92 I CP):
	Este efeito incide nos âmbitos administrativo e político.
Para ser aplicado, possui alguns requisitos:
	a) aplicação de pena privativa de liberdade por 1 ano ou mais, nos crimes praticados com abuso de poder e violação de dever para com a Administração Pública (art. 92, I, a CP).
	b) aplicação de pena privativa de liberdade por 4 anos ou mais nos demais casos (art. 92, I, b, CP).
	Este efeito não se confunde com a proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública ou mandato eletivo. Esta constitui interdição temporária de direitos (art. 47, I CP), uma espécie de pena restritiva de direitos (art. 43, V CP), substitutiva da pena privativa de liberdade.
	O efeito da perda é permanente, pois o condenado, ainda que reabilitado, não poderá jamais ocupar o cargo, função ou mandato anterior. 
Específicos:
	2º) Incapacidade para exercício do poder familiar, tutela ou curatela (art. 92 II CP).
	É um efeito de natureza civil, que requer a prática de crime doloso, sujeito a pena de reclusão, cometido contra filho, tutelado, ou curatelado. 
	A contradição é que esta exigência impede a aplicação deste efeito aos crimes contra a assistência familiar, que possuem a previsão de pena de detenção.
No entanto, admite-se a aplicação deste efeito na sentença condenatória para penas não previstas no dispositivo citado, como detenção, multa e restritiva de direitos.
	A aplicação desta incapacidade possui efeito permanente, pois, mesmo reabilitado, o condenado jamais poderá retomar o exercício do poder familiar, tutela ou curatela em relação à vítima do crime. 
Específicos:
	3º) Inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado para a prática de crime doloso (art. 92, III CP). 
	É um efeito de natureza administrativa. Distingue-se claramente da suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículo, modalidade de interdição temporária de direitos (art. 47 III CP), espécie de pena restritiva de direitos. 
	4º) justa causa para rescisão de contrato de trabalho (art. 483, c e f, CLT).
O despedimento do empregado justificadamente é viável pela impossibilidade material de subsistência do vínculo empregatício, uma vez que, cumprindo pena criminal, o empregado não poderá exercer atividade na empresa.
A condenação criminal deve ter transitado em julgado, ou seja, não pode ser recorrível.
JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA
STJ - RECURSO ESPECIAL : REsp 1044866 MG 2008/0068624-6
 RECURSO ESPECIAL. PENAL. HOMICÍDIO SIMPLES. PERDA DO CARGO PÚBLICO. FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE. RECURSO PROVIDO. 1. Para que seja declarada a perda do cargo público, na hipótese descrita no art. 92 , inciso I , alínea b , do Código Penal , são necessários dois requisitos: a) que o quantum da sanção penal privativa de liberdade seja superior a 4 anos; e b) que a decisão proferida apresente-se de forma motivada, com a explicitação das razões que ensejaram o cabimento da medida. 2. Embora o artigo 92 , inciso I , alínea b , do Código Penal , não exija,para a perda do cargo público, que o crime praticado afete bem jurídico que envolva a Administração Pública, a sentença condenatória deve deduzir, de forma fundamentada e concreta, a necessidade de sua destituição, notadamente quando o agente, ao praticar o delito, não se encontra no exercício das atribuições que o cargo lhe conferia. 3. No caso em exame, o recorrente, policial civil, foi condenado a 6 anos de reclusão, em regime semiaberto, porque, em local próximo ao bar onde se comemorava a vitória da seleção brasileira de futebol, após desentendimento verbal e agressões físicas contra um grupo de pessoas, efetuou disparo de arma de fogo, ocasionando o óbito da vítima (art. 121 , caput, c/c artigo 65 , III , letra d , ambos do Código Penal ). 4. O juiz de origem, a despeito de considerar todas as circunstâncias favoráveis ao réu, não ofertou motivação suficiente para justificar a necessidade da perda do cargo público, uma vez que se limitou a dizer que "Por fim, nos termos do art. 92 , I , letra 'b', do CP , determino, como efeito da condenação, a perda da função pública por parte do réu Wallace." 5. Recurso especial provido, para excluir a perda do cargo público, determinada na sentença condenatória.

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