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DIREITO PENAL II AULA 14 – REABILITAÇÃO REABILITAÇÃO Histórico Tem origem na clemência soberana extintiva de pena e restauradora de direitos (patrimoniais e morais) do condenado, no Direito Romano. Foi adotada pela França no CP de 1791. Deixou de ser uma forma de graça (pois, antes dependia diretamente da clemência do soberano) para tornar-se um direito legalmente garantido. No Brasil, o instituto surge com o CP de 1890, acolhido como causa extintiva da condenação. Transitada a sentença de revisão criminal, e inocentado o réu, seus direitos seriam automaticamente restabelecidos e faria jus a indenização pelos prejuízos oriundos da condenação. O CP de 1940 manteve a previsão da reabilitação como causa extintiva de punibilidade, mas determinava seu alcance somente às penas de interdição de direito. O CPP viria para conferir autonomia à reabilitação, dando-lhe o efeito de vedar a menção de condenação anterior na folha de antecedentes do reabilitado (art. 748 CPP). A partir da Lei 5.467/68, a reabilitação passou a alcançar quaisquer penas impostas por sentença definitiva, e não somente a pena acessória de interdição de direitos, porém, aumentou o lapso temporal do período de prova da boa conduta do apenado, reincidente (10 anos) ou não (5 anos). Conceito Hoje a reabilitação não integra mais o rol das causas extintivas de punibilidade. Segundo a Exposição de Motivos do CP, a reabilitação não extingue, mas apenas suspende alguns efeitos penais da sentença condenatória, uma vez que se for revogada, se restabelece a situação anterior. Trata-se de medida político-criminal com o fulcro de contribuir para a reinserção social do condenado, garantindo o sigilo de seus antecedentes e suspendendo condicionalmente certos efeitos específicos da condenação. Para tanto, estabelece determinados requisitos e condições a serem observados pelo reabilitado. Se as exigências forem descumpridas, revoga-se a reabilitação e são restabelecidos todos os efeitos suspensos. CONDIÇÕES Duas condições são necessárias à reabilitação: 1 – É preciso que ocorra o trânsito em julgado da sentença condenatória, sob pena de carência de ação. A natureza da sanção imposta é irrelevante, visto que a reabilitação alcança qualquer pena aplicada em sentença definitiva (art. 93 CP) 2 – É necessário o decurso de 2 anos do dia em que foi extinta a pena ou terminada sua execução, para que se possa requerer a reabilitação. Nestes 2 anos pode ser computado o período de prova, se estiver sob suspensão condicional da pena ou livramento condicional. Se o sursis ou o livramento for superior a 2 anos, só ao seu término poderá haver reabilitação. Se a pena aplicada for de multa, o prazo começa a ser contabilizado após o seu pagamento ou na data da prescrição da pretensão executória. REQUISITOS Estão previstos no art. 94 CP. I - Exige-se que o condenado resida no país durante o prazo de 2 anos exigidos para a reabilitação. II – Exige-se, neste período, bom comportamento público e privado do condenado. III – É preciso que o réu tenha ressarcido o dano que foi causado pelo crime. Ou demonstre absoluta impossibilidade de fazê-lo até o dia do pedido, ou exiba documento que comprove a renúncia da vítima. O condenado está isento da responsabilidade de reparação do dano se houver composição entre as partes ou se ocorrer a prescrição no âmbito civil. A reabilitação só pode ser requerida pelo condenado. Este direito não se estende aos seus herdeiros ou sucessores em caso de falecimento. Se a reabilitação for negada, pode ser requerida novamente a qualquer tempo se preenchidos os requisitos necessários (art. 94 CP). EFEITOS A reabilitação assegura ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação (art. 93 CP). O sigilo conferido pela reabilitação, ainda que seja mais amplo do que o art. 202 da LEP, não é definitivo (art. 95 CP). A reabilitação poderá ainda incidir sobre os efeitos extrapenais específicos da condenação (art. 92 CP). Em relação ao art. 92, I CP, a proibição do exercício de cargo função ou mandato eletivo, só poderá ser restabelecida em uma nova investidura. O disposto no art. 92, II, é irreversível. O exercício do poder familiar, tutela ou curatela não poderá ser restabelecido. O efeito do art. 92, III, qual seja, a proibição para dirigir veículo, é o único que pode ser plenamente reabilitado. REVOGAÇÃO A revogação da reabilitação pode ser concedida de ofício ou a requerimento do MP, caso o autor seja condenado, como reincidente, por sentença transitada em julgado a pena que não seja de multa (art. 95 CP). Para que ocorra a revogação é preciso que o reabilitado pratique novo delito no prazo de 5 anos após o cumprimento ou extinção da pena, após o cômputo do período de prova da suspensão ou do livramento (art. 64 I CP). Exige-se ainda que a pena aplicada seja privativa de liberdade. A substituição por pena restritiva de direitos não é cabível para fins de reabilitação. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA STM - RECURSO EM SENTIDO ESTRITO: RSE 00001054820147110111 DF RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. REABILITAÇÃO CRIMINAL. RECURSO DE OFÍCIO. CUMPRIMENTO DOS REQUISITOS ESTABELECIDOS PELO CPM E CPPM. COMPROVAÇÃO. DESPROVIMENTO DO RECURSO. UNANIMIDADE. Faz jus à reabilitação criminal o militar cuja extinção da punibilidade se deu há mais de 5 (cinco) anos, pelo término do período de prova da suspensão condicional da execução da pena sem a sua revogação, comprovado o cumprimento dos requisitos estabelecidos nos artigos 134 do CPM e 651 e seguintes do CPPM. Recurso conhecido e desprovido. Decisão unânime.
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