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AULA VII DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
PROF. VICTOR EDUARDO S. LUCENA
E-MAIL: VICTORLUCENA84@GMAIL.COM
2016.2
AULA - VII
 Obrigações civis e obrigações naturais
 Obrigações de meio e obrigações de resultado
OBRIGAÇÕES CIVIS E OBRIGAÇÕES NATURAIS
 Quanto à exigibilidade, as obrigações podem ser classificadas como
obrigações civis ou obrigações naturais.
OBRIGAÇÕES CIVIS E NATURAIS
 A nomenclatura "obrigações naturais" se opõe a de "obrigações civis".
Enquanto nessas o credor pode exigir o cumprimento do devedor,
naquelas o cumprimento não pode ser exigido, não obstante exista a
relação obrigacional, ainda que imperfeita.
 Assim sendo, nas obrigações naturais:
a) o cumprimento não é judicialmente exigível;
b) não há a possibilidade da repetição do valor pago para o
cumprimento da obrigação.
Dessa forma, pode-se dizer que enquanto a obrigação civil (perfeita)
recebe plena tutela do ordenamento jurídico, a obrigação natural
(imperfeita) recebe tutela parcial.
 O Código Civil brasileiro não definiu a obrigação natural. Entretanto,
essa definição pode ser colhida na doutrina, que determina:
Para que haja obrigação natural, é necessário que exista, como
fundamento da prestação, um dever moral ou social especifico entre
pessoas determinadas, cujo cumprimento seja imposto por uma reta
composição de interesses, ou seja, diretamente de justiça. (VARELA,
Antunes)
Além dessa definição, temos a de Sergio Carlos Covello, autor de obra
específica sobre o tema, que explica que:
(...) a obrigação natural constitui, tanto quanto a obrigação civil, relação
pré-constituída de crédito e debito que, por alguma razão de ordem
legislativa, não se elevou ao nível das obrigações civis, ou então, tendo
sido obrigação civil, perdeu, por força de lei, sua exigibilidade
(COVELLO, Sérgio Carlos).
 Exemplo: pagamento de dívida prescrita.
REGIME JURÍDICO
 O regime jurídico das obrigações naturais é similar ao das obrigações
civis, salvo na coatividade da prestação. aplicam-se às obrigações
naturais as regras das obrigações civis, exceto a possibilidade de
exigência do pagamento. Além disso, também não se aplica à
obrigação natural a regra da repetibilidade do débito.
 Exceção à regra: art. 887 do Código Civil. (possibilidade de repetição)
 A incoercibilidade da obrigação natural ilide a possibilidade de
intuição de qualquer garantia, pessoal ou real.
CARACTERÍSTICAS DAS OBRIGAÇÕES NATURAIS:
 a) O cumprimento da obrigação natural, quando causar prejuízos a
terceiros, será considerado fraude contra credores (art. 171, II. CC), o
que o tornará passível de anulação.
 Assim, se A deve a B em função de um cheque, mas opta por pagar a
C um débito prescrito, poderá B mover ação em face de A para ver o
pagamento da dívida prescrita anulado.
 b) Há a possibilidade de repetição do adimplemento quando o devedor
for incapaz(ponderação entre o ditame da justiça, associado ao
interesse social, que legitima o recebimento da obrigação natural).
ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES NATURAIS
 As obrigações naturais não podem ou devem ser enumeradas.
Entretanto, para a melhor visualização, utilizaremos a classificação de
Fernando Noronha, que as divide entre obrigações de trato social (que
atendem aos usos e convenções, mas que não lesam a moral) e
obrigações de conteúdo moral (se referem às regras de conduta que
recomendam o agir para se atingir o bem e evitar o mal. Trata-se da
ética social).
OBRIGAÇÕES DE TRATO SOCIAL
 Dívidas de jogo ou aposta: O jogo tem relação com a sorte, com
resultados incertos e aleatórios. Na aposta, os envolvidos disputam
em função de opinião sobre resultado futuro.
 Nos jogos tolerados, mas não regulamentados (e.g. jogos de cartas)
aplica-se a regra do art. 814 do CC.
 Já nos jogos proibidos, que constituem negócio jurídico nulo por
objeto ilícito (art. 1166, II, e.g. jogo do bicho), aplica-se a regra do art.
833 e parágrafo único.
OBRIGAÇÕES DE CONTEÚDO MORAL
 a) Pretensão de dívida prescrita: a prescrição neutraliza a eficácia da
pretensão do credor e decorre da inércia do credor diante do decurso
do tempo (art. 189 CC). Ela gera uma exceção em favor do devedor.
 b) Prestação espontânea de alimentos em favor daqueles que não têm
direito de exigi-los: embora não haja a determinação legal para a
prestação dos alimentos, trata-se de um dever de conteúdo moral,
reconhecido, que não enseja a repetibilidade (dever de justiça).
 Note: aquele que recebe os alimentos nessa condição não poderá exigi-
los, mesmo após longo prazo de fornecimento.
 c) Cumprimento de disposição de última vontade em favor de terceiro,
quando não incluída em testamento.
OBRIGAÇÕES DE MEIO E OBRIGAÇÕES DE RESULTADO
 Segundo Cristiano Chaves:
(...) nas obrigações de resultado o devedor efetivamente se vincula a
um resultado determinado, respondendo por descumprimento se esse
resultado não for obtido. Nas obrigações de meio, o devedor não estaria
obrigado à obtenção do resultado, mas apenas a atuar com a diligência
necessário a para que esse resultado seja obtido (FARIAS, Cristiano
Chaves de. 2015).
 Exemplo de obrigação de fim: a do transportador de entregar a coisa
transportada no prazo e lugar determinados; ou a do médico cirurgião
plástico.
 Exemplo de obrigação de meio: a do médico, que emprega seus
esforços para curar o doente; ou a do advogado, que emprega
conhecimento técnico para a resolução da lide.
 Note: a prestação engloba tanto a conduta de prestar como o
resultado da prestação. A prestação tem como fim um resultado útil
ao credor.
 A obrigação de meio é caracterizada quando o conteúdo da prestação
exige do devedor apenas uma atividade diligente em benefício do
credor, sem que haja qualquer obrigatoriedade de resultado.
 De diferente modo, na obrigação de resultado, o devedor se obriga a
alcançar determinada finalidade. Ou seja, a atividade do devedor deve,
obrigatoriamente, gerar um resultado útil para o credor.
 Se a obrigação for de resultado, mas se o resultado não for alcançado,
poderá o obrigado ser responsabilizado por perdas e danos, na forma
do Código Civil, ou da lei específica.
 Note: Nas obrigações de meio, mesmo que não alcançado o resultado
desejado, terão os obrigados direito á contraprestação pela atividade
realizada.
 Essa classificação das obrigações implica na distribuição da carga
probatória (processo civil).
 Na obrigação de meio, incumbirá ao credor provar que o devedor não
atuou com a devida diligência.
 Na obrigação de resultado, deverá o devedor afastar a culpa e
demonstrar que não foi responsável pelo resultado diverso.
FUNÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO:
 A classificação das obrigações entre obrigações de meio e de resultado
tem por função principal delimitar a esfera da proteção jurídica dentro
de determinada reação obrigacional.
 Nas obrigações de resultado, pela previsibilidade do fim a que se
destinam, o resultado recebe proteção jurídica.
 Já nas obrigações de meio, é a atividade diligente que recebe a tutela,
não considerado o resultado obtido como objeto de proteção jurídica.
 Atenção: mesmo nas obrigações de resultado, o inadimplemento não
derivará da simples frustração do objetivo do credor. Há que se aferir
a culpa do devedor. A responsabilidade não é objetiva!

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