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Aproveitamento de Resíduos da Construção Civil na fabricação de concreto

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA SERRA GAÚCHA 
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marcelo Peruchin 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO 
CIVIL NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO 
NÃO ESTRUTURAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caxias do Sul 
Dezembro de 2016 
Avaliador: 
 
 
Defesa: dia 02/12/2016 às 21:30 horas 
 
Local: FSG / Rua Os Dezoito do Forte, 2366 
- Caxias do Sul - RS 
Anotações com sugestões para qualificar o 
trabalho são bem-vindas. O aluno fará as 
correções e lhe passará a versão final do 
trabalho, se for de seu interesse. 
 
MARCELO PERUCHIN 
APROVEITAMENTO DOS RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO 
CIVIL NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO 
NÃO ESTRUTURAL 
Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Engenharia 
Civil do Centro Universitário da Serra Gaúcha, como parte 
dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Me. Ivan Ideraldo Bonet 
Coorientador: Me. Josué Argenta Chies 
Coorientadora: Me. Raquel Finkler 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caxias do Sul 
Dezembro de 2016 
MARCELO PERUCHIN 
APROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO 
CIVIL NA FABRICAÇÃO DE CONCRETO 
NÃO ESTRUTURAL 
 Este Trabalho de Conclusão foi julgado adequado como pré-requisito para a obtenção 
do título de ENGENHEIRO CIVIL e aprovado em sua forma final pelo Professor Orientador e 
pela Coordenadora da disciplina Trabalho de Conclusão do Centro Universitário da Serra 
Gaúcha. 
Caxias do Sul, dezembro de 2016. 
 
Prof. Ivan Ideraldo Bonet 
Mestre pelo PPGEP/UFSC 
Orientador 
Prof. Josué Argenta Chies 
Mestre pelo PPGEC/UFRGS 
Coorientador 
 
 Profa. Raquel Finkler 
Mestre pelo PPGEA/UFSC 
Coorientadora 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
Prof. Josué Argenta Chies (FSG) 
Mestre pela UFRGS 
Profa. Raquel Finkler (FSG) 
Mestre pela UFSC 
Profa. Margarete Ermínia Tomazini Bender (FSG) 
Especialista pela UCS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha esposa Denise Dalla Santa, 
que de forma especial me incentivou, encorajou e apoiou 
durante o período do meu Curso de Graduação estando ao 
meu lado em todos os momentos, quero agradecer também, 
meu filho, Vicente Antônio Peruchin, por me presentear 
com seu nascimento. 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A Deus pela vida e oportunidades. 
Ao meu sogro, Engenheiro Pedro Dalla Santa, pela inspiração, incentivo e compreensão. 
Ao meu coorientador, Prof. Me. Josué Argenta Chies, pelo auxílio, orientação e disponibilidade. 
A minha coorientadora, Profa. Me. Raquel Finkler, pela disponibilidade, agilidade e acurácia. 
Ao Sr. Enio Scariot, pela atenção, apoio e fornecimento da areia para a realização deste trabalho. 
Por fim, agradeço a minha querida esposa Denise, por toda a compreensão, auxílio e incentivo 
durante minha formação acadêmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sonhos determinam o que você quer. 
Ação determina o que você conquista. 
Aldo Novak 
 
RESUMO 
 
 
Toda obra de construção ou demolição gera resíduos que, normalmente, são depositados em 
aterros. Com o intuito de utilizar esses resíduos como matéria-prima na própria construção civil, 
reduzindo a exploração de recursos naturais e a disposição desses materiais na natureza, foi 
organizada uma pesquisa que buscou verificar a usabilidade da areia reciclada na produção de 
concreto não estrutural. Para isso, foram produzidos corpos de prova de acordo com as normas 
da ABNT, seguindo três diferentes traços: um normal (1:5), um pobre (1:6,5) e um rico (1:3,5). 
Esse estudo apresentou resultados positivos, tanto na questão da qualidade do concreto quanto 
na questão econômica. No ensaio de resistência à compressão, o concreto com traço normal 
alcançou 28 MPa, o com traço pobre, 20 MPa e o com traço rico, 31 MPa. Na questão 
econômica, a areia reciclada apresentou redução de 61% do valor da areia natural e entre 10% 
e 15% do custo do concreto. A pesquisa comprovou que o concreto produzido com resíduos da 
construção civil pode ser amplamente utilizado, porém o material fornecido como areia 
reciclada necessita de adequações do fabricante. 
 
 
Palavras-chave: Resíduos da construção civil, areia reciclada, concreto não estrutural, 
sustentabilidade. 
 
ABSTRACT 
 
Construction or demolition generates waste that are usually landfilled. In order to use this waste 
as a raw material in the own building, reducing the exploitation of natural resources and the 
disposal of these materials in nature, a survey was organized to try to verify the usability of 
recycled sand in the non-structural concrete production. Then specimens were produced 
according to the Brazilian technical standards (ABNT), following three different traits: a normal 
(1:5), a poor (1:6.5) and a rich (1:3.5). This study showed positive results in both: the quality 
of the concrete and the economic issue. In the compressive strength test, the concrete with 
normal trait reached 28 MPa, with poor trait, 20 MPa and with rich trait, 31 MPa. About 
economic issues, the recycled sand represented 61% of reduction if compared with natural sand 
cost and a reduction between 10% and 15% of the concrete cost. The research proved that the 
concrete produced with construction waste can be widely used, but the material provided as 
recycled sand requires manufacturer adjustments. 
 
Keywords: Construction waste, recycled sand, non-structural concrete, sustainability. 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1: Diagrama etapas da pesquisa ......................................................................... 19 
Figura 2: Descarte irregular em Pelotas -RS ................................................................. 20 
Figura 3: Descarte irregular em Caxias do Sul - RS ...................................................... 20 
Figura 4: Origem dos RCC em relação ao percentual de massa total gerada ................ 21 
Figura 5: Usina de reciclagem de entulho ..................................................................... 24 
Figura 6: Processo de reutilização de resíduos .............................................................. 25 
Figura 7: Concreto com falta de argamassa ................................................................... 32 
Figura 8: Concreto com teor ideal de argamassa ........................................................... 32 
Figura 9: Concreto com coesão entre argamassa e agregado graúdo ............................ 33 
Figura 10: Verificação da coesão e vazios do concreto ................................................. 33 
Figura 11: Procedimento para ensaio de abatimento ..................................................... 34 
Figura 12: Verificação do abatimento ........................................................................... 34 
Figura 13: Ensaio de abatimento do tronco de cone ...................................................... 35 
Figura 14:Área de separação do entulho recebido ......................................................... 39 
Figura 15: Sistema de britagem de entulhos .................................................................. 40 
Figura 16: Sistema de esteiras ....................................................................................... 40 
Figura17: Distribuição granulométrica do agregado miúdo após beneficiamento ....... 41 
Figura 18: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo ........................ 42 
Figura 19: Procedimento de secagem da amostra ......................................................... 42 
Figura 20: Agregado com superfície saturada ............................................................... 43 
Figura 21: Agregado na condição de saturado com superfície seca .............................. 43 
Figura 22:Secagem da amostra para verificação da massa ............................................ 44 
Figura 23: Teor de argamassa insuficiente .................................................................... 45 
Figura 24: Teor de argamassa suficiente ....................................................................... 45 
Figura 25: Slump Test ................................................................................................... 46 
 
 
 
Figura 26: Rasamento da moldagem dos corpos de prova ............................................ 47 
Figura 27: Cura dos corpos de prova ... ......................................................................... 48 
 Figura 28: Retificação das bases dos corpos de prova ................................................. 48 
Figura 29: Base retificada de um corpo de prova .......................................................... 48 
Figura 30: Máquina de ensaio à compressão ................................................................ 50 
Figura 31: Rompimento do corpo de prova ................................................................... 50 
Figura 32: Ábaco de relação água/cimento, traço e consumo de cimento .................... 52 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
 
Quadro 1: Classificação dos RCC conforme a resolução CONAMA nº 307 (BRASIL,2002) . 22 
Quadro 2: Normas Técnicas relativas aos resíduos da construção civil .................................... 23 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
Tabela 1: Requisitos para agregado reciclado destinado à concreto sem função estrutural ...... 26 
Tabela 2: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo ..................................... 30 
Tabela 3: Teor de argamassa percentual .................................................................................... 32 
Tabela 4: Limites mínimo e máximo de abatimento ................................................................. 35 
Tabela 5: Número de camadas para moldagem dos corpos de prova cilíndricos ...................... 36 
Tabela 6: Tolerância para idade de ensaio ................................................................................. 37 
Tabela 7: Fator de correção altura / diâmetro ............................................................................ 38 
Tabela 8: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo .................................... 41 
Tabela 9: Distribuição granulométrica do agregado miúdo ...................................................... 44 
Tabela 10: Consumo de materiais em massa para o mesmo teor de argamassa ........................ 47 
Tabela 11: Custo por unidade .................................................................................................... 49 
Tabela 12: Resultado do ensaio de resistência à compressão .................................................... 51 
Tabela 13: Custo por quilo de agregado .................................................................................... 53 
Tabela 14: Custo para fabricação de 1m³ de concreto ............................................................... 53 
 
LISTA DE SIGLAS 
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ARM – Agregado de Resíduo de Concreto 
ARC – Agregado de Resíduo Misto 
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente 
CP-II-Z32R – Cimento Portland composto com pozolana 
EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo 
IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas 
LI – Limite Inferior 
LS – Limite Superior 
MPa – Megapascal 
NBR – Norma Brasileira aprovada pela ABNT 
NM – Normalização no Mercosul 
NR – Norma Regulamentadora 
RCD – Resíduo de Construção e Demolição 
RCC – Resíduo da Construção Civil. 
RS – Rio Grande do Sul 
SSS – Saturado de Superfície Seca 
USP – Universidade de São Paulo 
 
LISTA DE SÍMBOLOS 
 
1 : a : b – relação cimento/areia/brita 
α – teor percentual de argamassa; 
A – percentual de absorção de agua 
a – massa de areia 
b – massa de brita 
cm – centímetro 
D - diâmetro do corpo-de-prova 
F – força máxima 
݂ܿ – resistência à compressão 
h – altura 
kg – kilograma 
m – porcentagem de material mais fino que 75 μm 
m – massa da amostra seca em estufa 
mf – massa da amostra seca após a lavagem 
mi – massa original da amostra seca 
mm – milímetro 
ms – massa da amostra na condição saturado de superfície seca, 
M1 – massa seca total da amostra retida na peneira 300µm 
M2 – massa seca de materiais não-minerais 
m³ – metro cúbico 
Pnm – percentual de materiais não-minerais 
tf - tonelada-força 
μm – micrometro 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 15 
2 DIRETRIZES DA PESQUISA ............................................................................................. 17 
2.1 QUESTÃO DA PESQUISA ........................................................................................... 17 
2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ......................................................................................... 17 
2.2.1 Objetivo principal ......................................................................................................... 17 
2.2.2 Objetivos secundários .................................................................................................. 17 
2.3 HIPÓTESE ...................................................................................................................... 18 
2.4 PRESSUPOSTO ............................................................................................................. 18 
2.5 DELIMITAÇÕES ........................................................................................................... 18 
2.6 LIMITAÇÕES ................................................................................................................. 18 
2.7 DELINEAMENTO ......................................................................................................... 18 
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 20 
3.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL ....................................................................... 20 
3.2 TRANSFORMAÇÃO DE RESÍDUOS EM MATÉRIA-PRIMA .................................. 23 
3.3 REQUISITOS PARA EMPREGO DE RCC EM CONCRETO NÃO ESTRUTURAL 25 
3.3.1 Absorção de água ......................................................................................................... 27 
3.3.2 Contaminantes .............................................................................................................. 28 
3.3.3 Teor de material passante na malha 75 μm .................................................................. 28 
3.3.4 Especificações granulométricas ................................................................................... 29 
3.4 DETERMINAÇÃO DO TRAÇO.................................................................................... 30 
3.4.1 Teor de argamassa ........................................................................................................ 31 
3.4.2 Cálculo do teor de argamassa .......................................................................................31 
3.5 DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DO CONCRETO ....................................... 33 
3.6 PROCEDIMENTO PARA MOLDAGEM E CURA DE CORPOS DE PROVA .......... 36 
3.7 ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS .................. 37 
4 METODOLOGIA .................................................................................................................. 39 
4.1 PROCESSO DE BRITAGEM NA EMPRESA .............................................................. 39 
4.2 Adequação granulométrica do material........................................................................... 40 
4.3 ENSAIOS DE LABORATÓRIO .................................................................................... 40 
4.3.1 Ensaio granulométrico.................................................................................................. 40 
4.3.2 Ensaio de absorção de água .......................................................................................... 42 
4.3.3 Teor de material passante peneira de malha75µm ....................................................... 44 
4.3.4 Ensaio do teor de argamassa ........................................................................................ 45 
4.3.5 Ensaio de abatimento para determinação da consistência (Slump test) ....................... 46 
4.3.6 Moldagem dos corpos de prova ................................................................................... 46 
4.3.7 Preparação dos corpos de prova ................................................................................... 47 
4.4 ANÁLISE DE CUSTO ................................................................................................... 48 
5 RESULTADOS OBTIDOS ................................................................................................... 50 
5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ................................................................................ 50 
5.2 CUSTO ............................................................................................................................ 52 
6 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 54 
7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
___________________________________________________________________________ 
Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
15
1 INTRODUÇÃO 
 
A construção civil, importante segmento da indústria brasileira, é tida como referência do 
crescimento econômico e social de uma região. Assim como toda indústria, é uma fonte 
geradora de impactos ambientais. Entre esses, merece destaque, a geração resíduos sólidos pela 
construção civil que são frequentemente vistos como causadores de problemas. Além da grande 
quantidade gerada, “existe um agravante que é a disposição irregular que ocorre em locais como 
vias, rios, córregos, terrenos baldios e áreas de mananciais, contribuindo para a degradação 
urbana” (MOTTA, 2005, p.8). 
O mundo como um todo tem despertado para as questões ambientais. Atualmente, programas 
que reduzem a utilização de recursos naturais nos processos de fabricação ganham destaque na 
indústria em geral. Os produtos fabricados com meios sustentáveis acabam garantindo ao 
consumidor certa tranquilidade, pois ele percebe que, ao consumi-los, está contribuindo para a 
preservação do meio ambiente, o bem-estar da sociedade atual e das gerações futuras. 
De acordo com BRASIL (2010, p.2), os esforços dos municípios brasileiros em um primeiro 
momento são focados no manejo apropriado e sustentável dos resíduos domiciliares e 
hospitalares. Segundo Brasil (2005a), porém, os resíduos da construção civil (RCC, também 
conhecidos como RCD – resíduos de construção e demolição) representam um problema que 
sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, visto que, podem representar de 50 a 
70% da massa dos resíduos sólidos urbanos. Alguns estudos apontam ainda que os RCC podem 
alcançar até duas toneladas de entulho para cada tonelada de lixo domiciliar. 
Na construção civil essa preocupação também surge como necessidade e recebe olhares cada 
vez mais cautelosos. O elevado desperdício de matéria-prima não renovável e o grande volume 
de resíduos gerados pela construção civil fomentam a necessidade em se buscar alternativas 
para o desenvolvimento sustentável também nessa área. Souza et al. (2004) apud Karpinski 
(2009, p. 11) destacam que desperdiçar materiais em forma de resíduos ou de qualquer outra 
maneira é o mesmo que desperdiçar recursos naturais. 
Na atualidade, utilizar o RCC, pode ser uma alternativa para a construção civil, e sua utilização 
na forma de concreto torna-se muito interessante do ponto de vista ambiental, já que é o material 
industrial mais consumido pelo homem. Ao substituir os agregados naturais do concreto por 
agregados reciclados, pode-se evitar que 95 milhões de toneladas de RCD sejam dispostas em 
aterros e, ao mesmo tempo, reduzir o consumo dos recursos naturais não renováveis (ANGULO 
e FIGUEIREDO, 2011, p. 1732 e 1733). 
 
___________________________________________________________________________ 
Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
16
Com o objetivo de reduzir o impacto ambiental gerado pelo descarte de resíduos, diversos 
estudos estão sendo realizados, buscando desenvolver novas tecnologias para o 
reaproveitamento das sobras de processos de edificação/demolição. Através de sistema de 
britagem, torna-se possível reaproveitar restos de cerâmica, alvenaria, argamassa e concreto 
oriundos desses processos, transformando-os em agregados graúdos e miúdos. 
Nesse contexto, esta pesquisa visa verificar a viabilidade do uso de RCC na forma de agregado 
miúdo, na fabricação de concreto não estrutural, bem como avaliar suas características e 
especificidades. Para isso, foram realizados estudos teórico e em laboratório, que almejam 
comprovar a usabilidade desse material para o fim proposto e as possibilidades de sua aplicação. 
O material a ser utilizado é denominado areia reciclada, fornecido pela empresa de recolhimento 
de entulhos Scariot da cidade de Caxias do Sul/RS. 
 
 
___________________________________________________________________________ 
Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
17
2 DIRETRIZES DA PESQUISA 
 
As diretrizes deste trabalho estão descritas nos itens a seguir. 
 
2.1 QUESTÃO DA PESQUISA 
 
O resíduo da construção civil, britado como areia reciclada, pode ser utilizado como substituto 
do agregado miúdo na fabricação de concreto não estrutural, mantendo níveis satisfatórios de 
resistência? 
 
2.2 OBJETIVOS DA PESQUISA 
 
Os objetivos desta pesquisa estão divididos em principal e secundários. 
 
2.2.1 Objetivo principal 
 
Verificar a viabilidade do uso de resíduos de construção civil em forma de agregado miúdo, 
substituindo a areia natural na fabricação de concreto não estrutural. 
 
2.2.2 Objetivos secundários 
 
Os objetivos secundários são: 
a) realizar um estudo teórico que direcione a pesquisa; 
b) analisar a areia reciclada britada e adequá-la para ensaio em laboratório (granulometria 
e umidade); 
c) produzir corpos de prova com três diferentes traços de material, utilizando a areia 
reciclada de acordo com as normas vigentes; 
d) verificar a usabilidade ou não da areia reciclada em concreto não estrutural, observando 
as características apresentadas nos corpos de prova; 
e) avaliar custo beneficío; 
f) sugerir aplicações do concreto não estrutural produzido com areia reciclada. 
 
 
 
___________________________________________________________________________ 
Marcelo Peruchin.Caxias do Sul: FSG, 2016. 
18
2.3 HIPÓTESE 
 
O concreto fabricado com areia reciclada apresenta características adequadas para uso na 
construção civil, podendo ser utilizado se for produzido de acordo com as normas. 
 
2.4 PRESSUPOSTO 
 
A areia reciclada necessita ser analisada e adequada antes de sua utilização para a fabricação 
do concreto. Além disso, cada material britado confere características específicas ao material 
denominado areia reciclada. O uso de areia reciclada reduz significativamente o descarte de 
RCC em aterros licenciados ou irregulares, bem como a extração de recursos naturais. 
 
2.5 DELIMITAÇÕES 
 
Delimita-se ao estudo de areia reciclada oriunda de um único fornecedor, localizado em Caxias 
do Sul, para a utilização como agregado miúdo na fabricação de concreto não estrutural, 
verificando suas características e usabilidade. 
 
2.6 LIMITAÇÕES 
 
Limita-se à confecção de corpos de prova de concreto com três diferentes traços, produzidos e 
ensaiados em laboratório de acordo com as normas vigentes no que se refere a uso de materiais 
britados para a fabricação de concreto não estrutural. 
2.7 DELINEAMENTO 
 
A pesquisa será realizada seguindo as seguintes etapas: 
a) pesquisa bibliográfica; 
b) ensaios e adequação do material para utilização de acordo com a ABNT; 
c) produção de corpos de prova com três traços distintos de material; 
d) realização de teste de resistência à compressão em todos os corpos de prova; 
e) análise dos resultados; 
 
___________________________________________________________________________ 
Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
19
f) verificação de possibilidade de uso da areia reciclada em forma de agregado miúdo na 
composição de concreto não estrutural. 
O diagrama que consta na Figura 1 apresenta as etapas do delineamento de forma esquemática, 
sendo que nos próximos parágrafos essas são detalhadas. 
 
Figura 1: Diagrama etapas da pesquisa 
(Fonte: autor, 2016) 
 
 
___________________________________________________________________________ 
Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
20
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
 
 
Esta pesquisa foi realizada tendo como base a definição e classificação de Resíduo da 
Construção Civil e os preceitos para uso desse material normatizados pela ABNT que seguem. 
 
3.1 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 
 
 
Devido ao crescimento da urbanização, a partir de 2002, o Brasil iniciou o estabelecimento de 
políticas públicas, normas, especificações técnicas e instrumentos econômicos, voltados ao 
equacionamento dos problemas resultantes do manejo inadequado de RCC (BRASIL, 2005). 
BRASIL (2005) diz ainda que esse processo fez com que os agentes envolvidos na cadeia dos 
resíduos desenvolvessem iniciativas rumo à sustentabilidade, “de forma a tornar viáveis 
destinos mais nobres para os resíduos gerados nesta atividade” (ABNT, 2004). 
Na atualidade, o descarte de RCC em áreas irregulares ainda é comum, e os casos se 
multiplicam por todo o Brasil. A região sul não é diferente, como se pode ver na Figura 2, que, 
ilustra o descarte irregular de RCC próximo a afluentes do Canal São Gonçalo em Pelotas (RS) 
e na Figura 3, a qual apresenta o descarte irregular de entulhos em um terreno localizado em 
São Luiz da 6º Légua, Caxias do Sul (RS). 
Figura 2: Descarte irregular em Pelotas -RS 
 
Figura 3: Descarte irregular em Caxias do Sul - RS 
 
(Fonte: TESSARO, 2012) (Fonte: PIONEIRO, 2014) 
 
A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 307 (BRASIL,2002) 
publicada no Diário Oficial da União, define resíduos da construção civil como aqueles 
provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de 
construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, 
tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, 
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, 
telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., 
comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. 
 
___________________________________________________________________________ 
Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
21
Segundo Camargo (1995) apud Budke et al. (2011, p. 940), no Brasil, em média, os RCC são 
compostos principalmente por argamassa (cerca de 64%), componentes de vedação – tijolos e 
blocos – (cerca de 30%) e outros materiais (cerca de 6%). Esses resíduos são provenientes de 
diversas situações e podem variar de acordo com as técnicas construtivas utilizadas. De acordo 
com Brasil (2010), a principal origem desses resíduos é proveniente de reformas, ampliações e 
demolições, conforme a Figura 4. 
 
Figura 4: Origem dos RCC em relação ao percentual de massa total gerada 
 
(Fonte: adaptado de BRASIL: 2010, p.4.) 
 
Além disso, Formoso et al. (1996) citam as principais formas de geração de resíduos nas 
construções: “perdas por superprodução” – quando, por exemplo se produz mais argamassa do 
que a quantidade necessária – e as “perdas no processo em si” – quando, por exemplo, se torna 
necessário quebrar paredes para a realização de instalações hidráulicas e elétricas. 
O CONAMA, como forma de reduzir os impactos ambientais provenientes do descontrole das 
atividades relacionadas à geração, ao transporte e à destinação do RCC, em 05/07/2002, 
aprovou a Resolução n°307 (BRASIL, 2002), anteriormente citada, que classifica o entulho da 
construção civil em categorias e considera no seu gerenciamento a sua redução, reutilização, 
reciclagem e disposição final, como pode ser observado no Quadro 1. 
 
 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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Quadro 1: Classificação dos RCC conforme a resolução CONAMA nº 307 (BRASIL,2002) 
 
(Fonte: LIMA e LIMA, 2010) 
* Resolução CONAMA nº 469 (BRASIL,2015), incluindo embalagens vazias de tintas imobiliárias e gesso na 
Classe B. 
** A Resolução CONAMA nº 348 (BRASIL, 2004), altera a Resolução supracitada, incluindo o amianto na Classe 
D. 
 
Essa classificação tem valor na medida em que, ao se identificar os RCC presentes em uma 
obra e suas quantidades, torna-se possível fazer um planejamento do que poderá ser reutilizado 
e do que deverá ser descartado. Assim, o processamento desses recursos pode ser agilizado 
evitando o desperdício de materiais e possíveis danos ao meio ambiente. 
Após a resolução do CONAMA 307 (BRASIL, 2002), o manejo adequado ganhou força extra 
com as implantações de planos de gerenciamento de RCC em canteiros de obra. Além disso, 
normas que orientam a destinação e o reúso desses resíduos foram elaboradas por Comitês 
Técnicos e publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em 2004, como 
podem ser observadas no Quadro 2. 
 
 
* 
** 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
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Quadro 2: Normas Técnicas relativas aos resíduos da construção civil 
Norma ABNT Descrição 
NBR 15112:2004 Resíduos da construção civil e resíduos volumosos – Áreas de transbordo 
e triagem- Diretrizes para projeto, implantação e operação. 
NBR 15113:2004 Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes – Aterros – 
Diretrizes para projeto, implantação e operação. 
NBR 15114:2004 Resíduos sólidos da construção civil – Áreas de reciclagem – Diretrizes 
para projeto, implantação e operação. 
NBR 15115:2004 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução 
de camadas de pavimentação – Procedimentos. 
NBR 15116:2004 
Agregados reciclados de resíduos sólidos da construçãocivil – 
Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural 
– Requisitos. 
(Fonte: autor, 2016) 
 
3.2 TRANSFORMAÇÃO DE RESÍDUOS EM MATÉRIA-PRIMA 
 
A ideia de transformar resíduos da construção civil em matéria-prima para novas obras aparece 
não só com a intenção de minimizar os custos na construção civil, mas principalmente de 
reduzir o impacto sobre o meio ambiente. Segundo Sposto (2006), o “potencial do 
reaproveitamento e reciclagem de resíduos da construção é enorme, e a exigência da 
incorporação destes resíduos em determinados produtos pode vir a ser extremamente benéfica, 
já que proporciona economia de matéria-prima e energia”. 
Os resíduos sólidos gerados pela construção civil, frequentemente vistos como causadores de 
problemas, podem, então, servir como matéria-prima para a própria obra ou para outras 
aplicações, como, por exemplo, a pavimentação de estradas. Segundo Motta (2005), o uso de 
agregados reciclados nas obras de pavimentação em São Paulo proporciona uma redução de 
18% nos custos. De acordo com Linhares e Lima (2011), recentemente a preocupação com os 
entulhos de construção esteve presente na obra de reforma, ampliação e modernização do 
Estádio Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão, no Ceará. Eles descrevem que “todo o material 
cimentício resultante de demolições [...] [foi] fragmentado [...] para reutilização dentro da 
própria obra”. No total, foram produzidas mais de 35 mil toneladas de material britado, que foi 
utilizado “como base e sub-base granular de todos os pavimentos apoiados sobre o solo, como 
por exemplo, os estacionamentos cobertos Norte e Sul” (LINHARES e LIMA, 2011). 
Segundo Budke (2011), cerca de 90% dos resíduos que compõem a Classe A da classificação 
da Resolução CONAMA nº307 (BRASIL, 2002) podem ser reaproveitados na própria obra. 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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Uma das alternativas que auxiliam a pôr em prática essa ideia de reaproveitamento são as usinas 
de reciclagem. Como pode se ver na Figura 5, eles são centros de recepção de RCC que possuem 
máquinas de trituração de grande capacidade, transformando resíduos Classe A em agregados 
para a utilização na construção civil. 
As usinas reaproveitam materiais que antes eram desprezados, transformando-os em matéria-
prima para novas obras, edificações e reformas. Além de reduzir custos, essa opção também 
auxilia na redução do uso de materiais novos, diminuindo significativamente a exploração de 
recursos naturais. 
 
Figura 5: Usina de reciclagem de entulho 
 (Fonte: CAVALCANTI, 2012) 
 
Outra possibilidade é o uso de máquinas de trituração de pequeno porte. No caso de uma 
demolição prévia à nova construção, elas são alocadas no próprio canteiro de obras e 
transformam pedras, restos de argamassa, cerâmicos, tijolos e blocos em partes menores. Essas 
partes menores podem substituir a brita, o pó de brita e a areia em, por exemplo, “argamassa 
para assentamento, nivelamento de laje, chumbamento, contrapiso, chapisco, base, sub-base, 
drenagem, pavimentação, terraplenagem, fabricação de artefatos de concreto, dentre outros” 
(CONSTRUEFICIÊNCIA, 2012).Um exemplo simples desse processo pode ser observado na 
Figura 6, em que aparecem em sequência: a) depósito de resíduos resultantes da quebra de 
paredes para inserir a instalação elétrica; b) um triturador de pequeno porte transformando os 
resíduos em partes menores; c) um detalhe no produto final desse triturador; d) enchimento 
abaixo do contrapiso realizado com parte do resíduo que passou pelo processo de britagem, 
substituindo areia grossa. 
 
 
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Figura 6: Processo de reutilização de resíduos 
 
 
(Fonte: ECOSINERT, 2011-2012) 
 
Apesar de todos os benefícios apontados, o entulho reciclado não pode ser utilizado 
indiscriminadamente. Ele possui características específicas que não substituem, na totalidade, 
as características dos agregados originais. Segundo Carneiro et al. (2001 p. 153), “a presença 
[...] de algumas substâncias consideradas impurezas ou contaminantes pode prejudicar o 
desempenho dos materiais produzidos com o agregado reciclado”. Os autores ilustram essa 
afirmação fazendo referência à presença de solos em geral, polímeros, impermeabilizantes, 
fíllers expansivos, gesso, cerâmica refratária, vidros, metais e matéria orgânica, entre outros, 
que, em certas quantidades, podem afetar o desempenho de um concreto estrutural. Também é 
importante afirmar que “uma determinada substância pode ser considerada como impureza ou 
contaminante para uma dada aplicação do agregado reciclado e como material inerte para outra 
aplicação” (CARNEIRO et al., 2001, p. 154-155). Torna-se necessário, então, observar a 
composição do agregado reciclado para utilizá-lo em situações que não coloquem em risco a 
sua aplicação, atentando para as normas que regem seu uso. 
3.3 REQUISITOS PARA EMPREGO DE RCC EM CONCRETO NÃO 
ESTRUTURAL 
 
De acordo com a NBR 15116 (ABNT, 2004), o concreto sem função estrutural pode ser 
utilizado como: “enchimentos, contrapiso, calçadas e fabricação de artefatos não estruturais, 
a) b) 
c) d) 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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como blocos de vedação, meio-fio (guias), sarjeta, canaletas, mourões e placas de muro”. Ainda 
segundo ela, o emprego de agregado reciclado Classe A pode substituir parcial ou totalmente 
os agregados convencionais na composição desse tipo de concreto (ABNT, 2004). 
Os agregados reciclados classe A, de acordo com a NBR 15116 (ABNT, 2004), são 
subdivididos em dois grupos: 
 agregado de resíduo de concreto (ARC): “composto na sua fração graúda, de no mínimo 
90% em massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas” (ABNT, 2004, p.3); 
 agregado de resíduo misto (ARM): “composto na sua fração graúda com menos de 90% 
em massa de fragmentos à base de cimento Portland e rochas” (ABNT, 2004, p.3). 
A Tabela 1 estabelece parâmetros para agregado reciclado, tanto ARC quanto ARM, utilizado 
para o preparo de concreto sem função estrutural. Vale ressaltar que o teor desta pesquisa vai 
enfatizar os requisitos para agregado miúdo. 
 
Tabela 1: Requisitos para agregado reciclado destinado à concreto sem função estrutural 
(Fonte: ABNT, 2004, p.5) 
 
 
Para a caracterização do agregado miúdo, após classificá-lo como ARC ou ARM, faz-se 
necessário realizar teste de absorção de água, verificar a presença de contaminantes e o teor de 
material passante na malha 75 µm. 
 
 
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3.3.1 Absorção de água 
 
Os agregados reciclados, de um modo geral, apresentam elevada absorção de água, em função 
da sua porosidade. Essa absorção resulta em alterações no teor de água das misturas e, se não 
considerada, influenciará diretamente na resistência do concreto. 
Para o preparo do concreto com materiais provenientes de RCC, segundo a NBR 15116 (ABNT, 
2004), deve-se, inicialmente, realizar a pré-molhagem do agregado. “A prática tem mostrado 
que valores em torno de 80% do teor de absorção de água do agregado reciclado em uso são 
adequados” (ABNT, 2004, p.6). 
O teste de absorção de água do agregado miúdo é realizado de acordo com NBR NM 30 (ABNT, 
2001). Essa norma solicita que uma amostra de aproximadamente um quilo de agregado miúdo 
seja submersa em água por 24h. Após esse período, deve-se retirá-lada água, espalhá-la e 
submetê-la à ação de uma suave corrente de ar quente, revolvendo-a até que os grãos não fiquem 
aderidos entre si de forma marcante. 
Após esse processo, deve-se colocar o agregado miúdo em um molde específico, aplicar 
suavemente em sua superfície 25 golpes com a haste de compactação e levantar o molde. Se 
houver umidade superficial, o agregado se conservará com a formado molde. Realizar 
novamente a secagem e repetir o ensaio até que o cone de agregado miúdo desmorone ao ser 
retirado o molde. Nesse momento o agregado terá chegado à condição de saturado superfície 
seca e, segundo a NBR NM 30 (ABNT, 2001 p.3), deve-se, então, determinar sua taxa de 
absorção de água através da Equação 1. 
 
࡭ = ௠௦ି௠
௠
 ݔ100 (Equação 1) 
 
Onde: 
A = absorção de água, em porcentagem; 
ms = massa da amostra na condição saturado de superfície seca, em gramas; 
m = massa da amostra seca em estufa em gramas. 
 
Conforme a NBR 15116 (ABNT, 2004), para agregado miúdo, a absorção do material reciclado 
deve ser menor ou igual a 12% para ARC e menor ou igual a 17% para ARM. 
 
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3.3.2 Contaminantes 
 
Quanto à presença de contaminantes do tipo não minerais, o Anexo B da NBR 15116 (ABNT, 
2004) descreve como proceder para determinar o percentual desse material através de líquidos 
densos. De acordo com ela, deve-se secar uma amostra de aproximadamente 200g em estufa e 
peneirá-la, utilizando peneira de malha 300 µm. Após esse procedimento, determina-se a massa 
seca do material retido (M1) e, em seguida, coloca-se a amostra em um béquer com a solução 
aquosa de cloreto de zinco, agita-se o líquido com auxílio da haste e o deixa repousar. Depois, 
passa-se o líquido de um béquer para outro, utilizando uma escumadeira de malha 0,300 µm, 
retirando as partículas flutuantes e lava-se com água o material retirado com a escumadeira para 
remover o líquido denso. Em seguida, seca-se o material da escumadeira em estufa para então 
determinar a sua massa (M2). Realizado esse procedimento deve-se calcular o percentual de 
materiais não-minerais a partir da Equação 2. 
 
ܲ݊݉ = ୑మ
ெభ
 x100 (Equação 2) 
 
Onde: 
Pnm = percentual de materiais não-minerais; 
M1 = massa seca total da amostra retida na peneira 300µm, em gramas; 
M2 = massa seca de materiais não-minerais, em gramas. 
 
Para a utilização como agregado miúdo reciclado, de acordo com a NBR 15116 (ABNT, 2004) 
o Pnm obtido não pode ser maior do que 2%. 
 
3.3.3 Teor de material passante na malha 75 μm 
 
O último requisito para definir se o material reciclado pode ser utilizado como agregado miúdo 
em concreto sem função estrutural refere-se à verificação do percentual de material que passa 
através da peneira 75 μm. De acordo com a NBR NM 46 (ABNT, 2003), o “material mais fino 
que a abertura da malha de 75 μm pode ser separado das partículas maiores de forma mais 
eficiente e completa por peneiramento úmido do que através do uso de peneiramento seco” 
(p.2). Para isso, na maioria dos casos, “o emprego apenas de água é adequado para separar o 
material mais fino que 75 μm a partir de agregados de maiores dimensões” (ABNT, 2003, p.2). 
 
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Para esse procedimento, inicialmente deve-se secar em estufa a amostra e determinar a massa. 
Após deve-se colocar a amostra em um recipiente e adicionar água até cobri-la, agitando a 
amostra vigorosamente para obter a completa separação de todas as partículas mais finas que 
75µm das maiores e para que o material fino fique em suspensão. Imediatamente após, deve-se 
verter a água de lavagem, que contém os sólidos suspensos e dissolvidos, sobre o jogo de 
peneiras, sendo que a inferior tem abertura de malha de 75 μm e a superior, 1,18 mm. Depois, 
adiciona-se uma segunda quantidade de água à amostra no recipiente, agita-se e passa-se 
novamente pelas peneiras. Retira-se, então, todo o material retido nas peneiras através de um 
fluxo contínuo de água sobre a amostra lavada e seca-se o agregado lavado em estufa para 
determinar a massa. Calcular a quantidade de material que passa pela peneira 75 μm de acordo 
com a Equação 3. 
 
࢓ = ௠௜ି௠
௠௜
 ݔ100 (Equação 3) 
 
Onde: 
m = porcentagem de material mais fino que a peneira de 75 μm; 
mi = massa original da amostra seca, em gramas; 
mf = massa da amostra seca após a lavagem, em gramas. 
 
O resultado é a média aritmética de duas determinações, necessitando ser menor ou igual a 15% 
para ARC ou menor ou igual a 20% para ARM, para que o material reciclado possa ser utilizado 
para o fim proposto (ABNT, 2003). 
3.3.4 Especificações granulométricas 
 
As especificações granulométricas dos agregados miúdos são definidas a partir de três análises: 
ensaio granulométrico, no qual verifica-se a porcentagem de material retido em cada peneira 
específica, constatação da dimensão máxima característica e caracterização do módulo de 
finura. A NBR 7211 (ABNT, 2009, p.3), define o agregado miúdo como sendo formado pelos 
grãos que passam pela peneira com abertura de malha de 4,75 mm, porém, observando-se a 
porcentagem retida acumulada nas peneiras, de acordo com a Tabela 2. 
 
 
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Tabela 2: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo 
(Fonte: ABNT NBR 7211:2009, p. 5) 
 
A dimensão máxima característica do agregado é definida como sendo a “grandeza associada à 
distribuição granulométrica [...] na qual o agregado apresenta uma porcentagem retida 
acumulada igual ou imediatamente inferior a 5% em massa” (ABNT, 2003, p.3.). O módulo de 
finura é descrito por essa mesma norma como sendo a “soma das porcentagens retidas 
acumuladas em massa de um agregado, nas peneiras da série normal, dividida por 100” (ABNT 
2003, p. 4.). 
A NBR NM 248 (ABNT, 2003a) define que, para a realização do ensaio granulométrico, seca-
se a amostra em estufa e esfria-se à temperatura ambiente. Nesse momento, determina-se sua 
massa específica seca. Depois, procede-se à realização do peneiramento, calculando a 
porcentagem de massa retida e acumulada em cada peneira. A partir daí, determinam-se, então, 
a dimensão máxima característica do agregado e o módulo de finura. 
 
3.4 DETERMINAÇÃO DO TRAÇO 
 
Existem diversos métodos de dosagem de materiais para a fabricação de concreto. Um deles é 
o Método EPUSP/IPT, que se constitui de uma atualização e generalização feita na Escola 
Politécnica da USP, a partir do método desenvolvido inicialmente no IPT - Instituto de 
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. 
Esse método define as proporções de areia e pedra britada para cada unidade de cimento, além 
da obtenção do fator água/cimento. Helene e Terzian (1992, p.242) sugerem a fixação de um 
 
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traço inicial, em massa, de 1:5 (uma parte de cimento para cada cinco de agregado seco), um 
mais rico em cimento (1: 3,5) e outro mais pobre (1: 6,5). O traço inicial (1:5) serve de partida 
para se obter as informações necessárias (teor de argamassa adequado e demanda de água) para 
a confecção dos dois traços complementares. De acordo com Helene e Terzian (1992), a melhor 
proporção é aquela que consomea menor quantidade de água para obter o abatimento 
estabelecido, explorando diferentes teores de argamassa. 
 
3.4.1 Teor de argamassa 
 
Helene e Terzian (1992) sugerem que a determinação do teor de argamassa (pasta formada por 
areia, cimento e água) é uma fase de grande importância no estudo de dosagem. Esses autores 
dizem ainda que a falta de argamassa na mistura acarreta em porosidade no concreto ou falhas 
de concretagem, e seu excesso aumenta, além do custo, o risco de fissuração por origem térmica 
e por retração de secagem. Por esse motivo, objetiva-se determinar o teor ideal de argamassa 
necessário. 
 
3.4.2 Cálculo do teor de argamassa 
 
Para calcular o teor de argamassa no traço 1 : a : b (1 kg cimento, a kg de agregado miúdo e b 
kg de agregado graúdo), utiliza-se a Equação 4. 
 
ࢻ =
ሺ1 + ܽሻ
1 + ܽ + ܾ
∗ 100 
(Equação 4) 
Onde: 
 
α = teor percentual de argamassa; 
a = massa de areia, em kg; 
b = massa de brita, em kg. 
 
O procedimento para a obtenção do teor ideal de argamassa, segundo Helene e Terzian (1992), 
consiste em imprimar a betoneira, depois lançar os materiais obedecendo a seguinte ordem: 
água (80%), brita (100%), areia (100%), cimento (100%), e por fim o restante da água. Mistura-
se durante 5 minutos, realizando uma parada intermediária para a limpeza das pás da betoneira. 
Após esse procedimento, são realizados os acréscimos sucessivos de argamassa na mistura até 
 
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que ela atinja o teor ideal. A quantidade a ser adicionada se dá de acordo com a Tabela 3, 
atentando para a quantidade de agregado graúdo, que não é alterada. 
 
Tabela 3: Teor de argamassa percentual 
(Fonte: Adaptado de Helene e Terzian, 1992, p. 251) 
De acordo com Helene e Terzian (1992), o teor ideal de argamassa pode ser verificado com o 
passar da colher de pedreiro sobre a superfície do concreto fresco. Se a superfície exposta 
apresenta vazios, significa que há falta de argamassa, como pode ser visto na Figura 7. O ideal 
é que a superfície seja compacta, sem vazios, representando uma argamassa ideal, como pode 
ser observada na Figura 8. 
 Figura 7: Concreto com falta de argamassa Figura 8: Concreto com teor ideal de argamassa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 251) (Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 256) 
 
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Helene e Terzian (1992) sugerem, também, que, para a verificação da consistência da argamassa 
no concreto, pode-se retirar uma porção do concreto com auxílio de uma colher e observar se 
ele se apresenta coeso, sem desprendimento de agregado graúdo, como ilustrado na Figura 9. 
Figura 9: Concreto com coesão entre argamassa e agregado graúdo 
(Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 258) 
 
 
Outra maneira de fazer essa verificação é inserindo a colher de pedreiro no concreto e puxando-
a, conforme a Figura 10. Ali, o aspecto da superfície do concreto após a inserção e retirada da 
colher de pedreiro apresenta uma superfície compacta, sem vazios, indicando que o teor de 
argamassa do concreto é adequado. 
 
Figura 10: Verificação da coesão e vazios do concreto 
(Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 257) 
 
3.5 DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA DO CONCRETO 
 
A NBR NM 67 (ABNT, 1998) especifica o método para determinar a consistência do concreto 
fresco através da medida do abatimento do tronco de cone, tanto em laboratório como na própria 
obra. Esse método é chamado de Abatimento do Tronco de Cone, também conhecido como 
Teste de Slump. 
 
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Para a sua realização, de acordo com a NBR NM 67 (ABNT, 1998), inicialmente deve-se 
umedecer o molde e a placa de base. Em seguida coloca-se o molde sobre a placa de base, com 
o maior diâmetro do cone voltado para baixo, pressionando suas aletas com os pés de forma a 
mantê-lo estável durante o preenchimento com concreto. O cone deve ser preenchido em três 
camadas, cada uma com aproximadamente um terço da altura do molde compactado. A cada 
camada de concreto deve-se aplicar 25 golpes com a haste padrão, sem penetrar a camada 
inferior anterior, devendo-se distribuir uniformemente os golpes sobre cada camada. Após a 
compactação da última camada, retira-se o excesso de concreto, alisa-se a superfície com uma 
régua metálica e, em seguida, retira-se o cone com movimento constante para cima sem 
submeter o concreto a movimentos de torção lateral. Por fim, coloca-se a haste sobre o cone 
invertido e mede-se o abatimento (a distância entre o topo do molde e o ponto médio da altura 
do tronco de concreto moldado), como ilustrado nas Figuras 11 e 12. 
 
 
Figura 11: Procedimento para ensaio de abatimento Figura 12: Verificação do abatimento 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (Fonte: Guerra, 2013, s/p.) (Fonte: ABNT, 1998, p. 8) 
 
As medidas máxima e mínima do abatimento são definidas pelo calculista, em função das 
propriedades desejadas de trabalhabilidade. Para sua adequação, modifica-se o teor de 
argamassa ou acrescenta-se água. A Figura 13 demonstra o resultado de um ensaio de tronco 
de cone em que não houve abatimento. Nota-se também na Figura 13 que a superfície do 
concreto está porosa, demonstrando a falta de argamassa na mistura. 
 
 
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Figura 13: Ensaio de abatimento do tronco de cone 
(Fonte: Helene e Terzian, 1992, p. 252) 
 
 
Ripper (1995) apresenta alguns tipos de obra e o respectivo aspecto de consistência do concreto, 
definindo valores mínimos e máximos de abatimento, conforme consta na Tabela 4. 
 
 
Tabela 4: Limites mínimo e máximo de abatimento 
(Fonte: Ripper, 1995, p.15) 
 
 
 
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3.6 PROCEDIMENTO PARA MOLDAGEM E CURA DE CORPOS DE 
PROVA 
 
 
A NBR 5738 (ABNT, 2015) prescreve o procedimento para moldagem e cura de corpos de 
prova cilíndricos e prismáticos de concreto. Os corpos de prova cilíndricos devem ser metálicos 
ou outro material não absorvente e que não reaja com o cimento Portland. Seu diâmetro pode 
ser de 10, 15, 20, 25, 30 ou 45 cm e sua altura deve ser igual ao dobro do diâmetro, conforme 
indicado na norma supracitada. 
De acordo com a NBR 5738 (ABNT, 2015), o concreto deve ser inserido no molde em camadas 
com volume aproximadamente igual e adensado a cada camada, penetrando com a haste padrão 
no concreto o número de vezes definido na Tabela 5. 
 
Tabela 5: Número de camadas para moldagem dos corpos de prova cilíndricos 
Diâmetro 
(cm) 
Número de camadas em 
função do tipo de adensamento 
Número de golpes 
para adensamento 
Manual Mecânico Manual 
10 1 2 12 
15 2 3 25 
20 2 4 50 
25 3 5 75 
30 3 6 100 
45 5 - - 
 (Fonte: adaptado da ABNT, 2015, p.5) 
 
Essa norma descreve também que a primeira camada, quando adensada manualmente, deve ser 
atravessada em toda a sua espessura, evitando-se golpear a base do molde. Os golpes devem ser 
distribuídos uniformemente em toda a seção transversal do molde. As camadas seguintes devem 
ser adensadas de forma que a haste penetre aproximadamente 20 mm na camada anterior. Em 
relação à última camada a ser adensada, a NBR 5738 (ABNT,2015, p.5) diz que 
deve ser moldada com quantidade em excesso de concreto, de forma que, ao ser 
adensada, complete todo o volume do molde e seja possível proceder ao seu 
rasamento, eliminando o material em excesso. Em nenhum caso, é aceito completar o 
volume do molde com concreto após o adensamento da última camada. 
Após o adensamento, os moldes devem ser identificados e armazenados sobre uma superfície 
horizontal rígida, livre de vibrações ou de qualquer outra ação que possa perturbar o concreto e 
protegido de intempéries. Os moldes também devem ser devidamente cobertos com material 
não reativo e não absorvente, com a finalidade de evitar perda de água do concreto. 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
37
O processo de armazenamento de corpos de prova cilíndricos ocorre por um período mínimo 
de 24 horas. Após esse período, eles devem ser armazenados em solução saturada de hidróxido 
de cálcio ou em câmara úmida, com temperatura controlada, evitando-se o seu empilhamento. 
Antes do ensaio de resistência dos corpos de prova, é imprescindível preparar suas bases, a fim 
de garantir superfícies planas e perpendiculares aos seus eixos longitudinais. A preparação das 
bases pode ser feita por retificação ou capeamento. A NBR 5738 (ABNT, 2015) orienta que o 
processo de retificação seja realizado através da remoção, por ferramenta abrasiva, de uma fina 
camada de material das bases ou de capeamento com o revestimento dos topos dos corpos de 
prova com uma fina camada de material apropriado. A NBR 5739 (ABNT, 2007), sugere que, 
quando o corpo de prova for retificado, deve-se indicar a orientação de moldagem de forma 
inequívoca para realização do ensaio de compressão. 
 
3.7 ENSAIO DE COMPRESSÃO DE CORPOS DE PROVA CILÍNDRICOS 
 
A NBR 5739 (ABNT, 2007) descreve o método de ensaio pelo qual devem ser submetidos à 
compressão os corpos de prova cilíndricos de concreto, moldados conforme a NBR 5738 
(ABNT, 2015). 
Inicialmente deve-se verificar, com auxílio de paquímetro, a média de dois diâmetros, com 
precisão de 0,1 mm, medidos ortogonalmente na metade da altura do corpo-de-prova. A medida 
obtida, é utilizada para o cálculo da área da seção transversal. Em seguida, deve-se determinar 
a altura do corpo-de-prova, com precisão de 0,1 mm, incluindo o capeamento, se existir. 
Segundo a NBR 5739 (ABNT, 2007), os corpos de prova devem ser rompidos à compressão 
em idade especificada, com tolerâncias de tempo conforme descritas na Tabela 6. A idade deve 
ser contada a partir da hora de moldagem. Essa mesma norma recomenda que o ensaio seja 
realizado, tanto quanto possível, imediatamente após a remoção do corpo-de-prova do seu local 
de cura. 
Tabela 6: Tolerância para idade de ensaio 
Idade de ensaio Tolerância permitida 
24 horas 0,5 horas 
03 dias 02 horas 
07 dias 06 horas 
28 dias 24 horas 
63 dias 36 horas 
91 dias 48 horas 
(Fonte: adaptado da ABNT, 2007, p.4) 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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Com as faces do corpo-de-prova limpas e secas, deve-se cuidadosamente centralizá-lo no 
equipamento, observando o sentido de moldagem e fixando-o. O carregamento de ensaio deve 
ser aplicado de forma continua durante todo o ensaio, sem choques, com velocidade de 
carregamento de 0,45 (± 0,15) MPa, até que se observe a queda de força, o que indica a ruptura 
do corpo-de-prova. A resistência à compressão deve ser calculada através da Equação 5. 
 
݂ܿ = ସ ி
஠ ஽మ
 (Equação 5) 
 
Onde: 
݂ܿ = resistência à compressão, em MPa; 
F = força máxima alcançada, em Newtons; 
D = diâmetro do corpo-de-prova, em milímetros. 
 
A NBR 5739 (ABNT, 2007) solicita que, para os corpos de prova com relação entre a altura e 
o diâmetro menor do que 1,94, deve-se multiplicar a força F pelo fator de correção 
correspondente, conforme especificado na Tabela 7. 
Tabela 7: Fator de correção altura / diâmetro 
Relação h/D 2,00 1,75 1,50 1,25 1,00 
Fator de Correção 1,00 0,98 0,96 0,93 0,87 
Nota: Os índices correspondentes à relação h/d não indicada podem ser obtidos por interpolação 
linear, com aproximação de centésimos. 
(Fonte: ABNT, 2007, p.5) 
 
 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
39
4 METODOLOGIA 
 
Partindo-se do aporte teórico descrito anteriormente, organizou-se um programa experimental, 
realizado em laboratório. Inicialmente, verificou-se a forma de produção do material reciclado, 
identificando-se os tipos de materiais britados. Depois realizaram-se procedimentos de 
adequação do material, ensaios de granulometria e de absorção de água e fabricação de corpos 
de prova de concreto. Por fim, procedeu-se ao teste de resistência do concreto produzido com 
areia reciclada e a análise dos resultados obtidos. 
 
4.1 PROCESSO DE BRITAGEM NA EMPRESA 
 
Pioneira na cidade de Caxias do Sul/RS e região, a central de triagem da empresa de 
recolhimento de entulhos Scariot, separa materiais descartados pelos seus clientes. A empresa 
tem foco na preservação dos recursos naturais e na redução da utilização de aterros, 
transformando restos de demolição, como blocos, tijolos, pedras, etc., em brita e areia recicladas 
com baixo custo. 
Inicialmente, o material recebido pela empresa é separado manualmente e acondicionado em 
locais específicos de acordo com sua classificação, como pode ser visto na Figura 14. 
Figura 14:Área de separação do entulho recebido 
(Fonte: autor, 2016) 
 
Em seguida, o material correspondente aos blocos cerâmicos, concreto e argamassa são 
encaminhados para o britador conforme Figura 15. Após a britagem, o material segue por uma 
esteira e cai numa peneira que permite a separação do agregado graúdo do miúdo. O agregado 
graúdo segue por outra esteira que o conduz até a próxima área de depósito. Este sistema pode 
ser observado na Figura16. 
 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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 Figura 15: Sistema de britagem de entulhos Figura 16: Sistema de esteiras 
 (Fonte: autor, 2016) (Fonte: autor, 2016) 
 
O resultado obtido desse processo é um agregado de resíduo misto (ARM), descrito pela NBR 
15116 (ABNT, 2004) como “agregado reciclado obtido do beneficiamento de resíduo de classe 
A, composto na sua fração graúda com menos de 90% em massa de fragmentos à base de 
cimento Portland e rochas”. Fato observado no momento da britagem, pois havia mais de 10% 
entre restos de resíduos cerâmicos, como tijolos e revestimento. 
4.2 ADEQUAÇÃO GRANULOMÉTRICA DO MATERIAL 
 
Como o agregado reciclado fornecido em forma de areia não possui controle granulométrico 
adequado, fez-se necessário sua adequação para atender a NBR 7211 (ABNT, 2009). Esse 
beneficiamento resultou em rejeito de um terço do material fornecido, o qual encontrava-se 
retido na peneira 300µm. 
4.3 ENSAIOS DE LABORATÓRIO 
 
Foram realizados ensaios a fim de verificar se o material utilizado como areia reciclada atende 
às solicitações exigidas pelas normas ABNT. Depois foram produzidos e moldados corpos de 
prova. Após o período de cura do concreto, procedeu-se ao rompimento dos corpos de prova, 
buscando verificar sua resistência à compressão. 
4.3.1 Ensaio granulométrico 
 
Para avaliar se a areia britada de RCC, pode ser utilizada em concreto não estrutural, atendendocaracterísticas mínimas de resistência à compressão, foram realizados ensaios granulométricos 
conforme procedimento descrito no item 3.3.4 deste documento. 
 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
41
A Figura 17 mostra a retenção do material já beneficiado nas peneiras 2,36 mm; 1,18 mm; 600 
µm; 300 µm; 150 µm; 75 µm e fundo, respectivamente. Pode-se observar ainda que o maior 
volume retido se encontra na peneira 300 µm. 
 
Figura 17: Distribuição granulométrica do agregado miúdo após beneficiamento 
(Fonte: autor, 2016) 
 
 
Como pode ser observado na Tabela 8 e na Figura 18, após ajuste granulométrico inicial, o 
material atende os limites estabelecidos pela NBR 7211 (ABNT, 2009), podendo ser utilizado 
como agregado miúdo. 
 
Tabela 8: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo 
(Fonte: autor, 2016) 
 
Observa-se na Figura 18 que o material beneficiado, encontra-se entre a Zona utilizável, em seu 
limite superior, e Zona ótima, em seu limite inferior. 
 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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Figura 18: Limites da distribuição granulométrica do agregado miúdo 
 
 
 
 
 
(Fonte: autor, 2016) 
 
Ainda no ensaio granulométrico, verificou-se que a dimensão máxima característica do material 
analisado é 4,75 mm e seu módulo de finura, 3,01, estando dentro do limite utilizável, de acordo 
com a NBR 7211 (ABNT, 2009). 
4.3.2 Ensaio de absorção de água 
 
O teste de absorção de água do agregado miúdo foi realizado de acordo com a NBR NM 30 
(ABNT, 2001). Inicialmente todo o material foi submerso em água deixando-o descansar 
durante 24 horas. Após esse período, retirou-se o excesso de água do material e realizou-se uma 
homogeneização em betoneira, retirando uma amostra de 1000 gramas. 
Esta amostra foi espalhada e submetida à corrente de ar quente, como mostra na Figura 19, 
revolvendo-a até que os grãos não ficassem aderidos entre si de forma marcante. 
 
Figura 19: Procedimento de secagem da amostra 
(Fonte: autor, 2016) 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
43
Após esse processo, o agregado miúdo foi colocado em um molde específico, aplicou-se 
suavemente em sua superfície 25 golpes com a haste de compactação e levantou-se o molde. 
Pode-se observar na Figura 20, que o material permaneceu no mesmo formato do molde, 
indicando que a amostra não atingiu a condição de saturado superfície seca (SSS). 
 
Figura 20: Agregado com superfície saturada 
(Fonte: autor, 2016) 
 
O procedimento de secagem e moldagem no cone se repetiu por diversas vezes até que o cone 
de agregado miúdo desmoronou ao ser retirado o molde, marcando o momento em que o 
agregado se encontra na condição de saturado superfície seca (SSS), como pode ser observado 
na Figura 21. 
 
Figura 21: Agregado na condição de saturado com superfície seca 
(Fonte: autor, 2016) 
 
Nesse momento foi verificada a massa do material remanescente, cujo resultado foi 934g (6,6% 
de excesso de água). Em seguida, a amostra foi submetida a secagem pelo método da frigideira, 
que pode ser visto na Figura 22, obtendo uma massa seca de 842g (84,2% da massa da amostra). 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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Figura 22:Secagem da amostra para verificação da massa 
(Fonte: autor, 2016) 
 
Por fim, procedeu-se à determinação da porcentagem de absorção de água de acordo com a 
Equação 1, citada anteriormente. 
࡭ = ଽଷସି଼
଼ସଶ
 ݔ100 = 10,93% 
 
Pode-se observar que a porcentagem de absorção de água do material em análise satisfaz o 
requisito de absorção para agregado reciclado destinado ao preparo de concreto sem função 
estrutural de acordo com a Tabela 1, apresentada anteriormente, estando menor do que 17%. 
 
4.3.3 Teor de material passante peneira de malha 75µm 
 
O procedimento adotado para verificar o teor de material passante pela peneira de malha 75µm 
foi através do uso de peneiramento seco. Após separada uma amostra de 1.000g de material 
seco, realizou-se o peneiramento utilizando as peneiras 4,75 mm; 2,36 mm; 1,18 mm; 600 µm; 
300 µm; 150 µm; 75 µm e fundo. A Tabela 9 apresenta os valores obtidos através desse ensaio. 
 
Tabela 9: Distribuição granulométrica do agregado miúdo 
Peneira 
Peso Porcentagem 
Retido 
(g) Retida Acumulada 
4,75 mm 0 0,0 0,0 
2,36 mm 130 13,0 13,0 
1,18 mm 242 24,2 37,2 
600 µm 234 23,4 60,6 
300 µm 312 31,2 91,8 
150 µm 68 6,8 98,6 
75 µm 8 0,8 99,4 
Fundo 6 0,6 100,0 
TOTAL: 1000g 100% 
 (Fonte: autor, 2016) 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
45
 
Como pode ser observado na Tabela 9, apenas 0,6% em massa do material passou pela peneira 
75 µm, sendo menor do que 20%, como consta na Tabela 1, apresentada anteriormente, 
atendendo também a esse requisito. 
4.3.4 Ensaio do teor de argamassa 
 
Para a realização do concreto dos corpos de prova, foi utilizada areia reciclada, brita n°1 cúbica, 
cimento Portland CP-II-Z32R. Inicialmente foi estimado um teor de argamassa em 41% 
utilizado para fabricar o traço normal, de 1:5, isso é, uma parte de cimento para cinco de 
agregados. O concreto realizado dessa forma apresentou falta de argamassa em sua mistura, 
não envolvendo o agregado graúdo, proporcionando um concreto sem coesão, como pode ser 
observado na Figura 23. 
Figura 23: Teor de argamassa insuficiente 
(Fonte: autor, 2016) 
 
O ajuste do teor de argamassa se deu, como sugerem Helene e Terzian (1992), acrescentando 
areia e cimento em proporções, afim de manter o traço estipulado. A porcentagem ideal de 
argamassa, foi obtida quando esse teor atingiu 50%, permitindo um concreto homogêneo e 
coeso, que pode ser visto na Figura 24. 
Figura 24: Teor de argamassa suficiente 
(Fonte: autor, 2016) 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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Com o teor de argamassa fixado em 50%, deu-se início ao ensaio de abatimento para 
determinação da consistência do concreto. 
4.3.5 Ensaio de abatimento para determinação da consistência (Slump Test) 
 
Após o umedecimento do molde e da placa de base, colocou-se o molde sobre a placa de base, 
com o maior diâmetro do cone voltado para baixo, pressionando suas aletas com os pés de 
forma a mantê-lo estável durante o preenchimento com concreto. O cone foi preenchido em três 
camadas, cada uma com aproximadamente um terço da altura do molde compactado. A cada 
camada de concreto, aplicaram-se uniformemente 25 golpes com a haste padrão, sem penetrar 
a camada inferior anterior. Após a compactação da última camada, retirou-se o excesso de 
concreto, alisando a superfície com a haste. Em seguida, retirou-se o cone e mediu-se o 
abatimento, como mostrado na Figura 25. 
Figura 25: Slump Test 
(Fonte: autor, 2016) 
O resultado obtido com o Slump Test foi de 60 mm, tornando esse abatimento como padrão 
para os demais ensaios (traços Rico e Pobre). 
 
4.3.6 Moldagem dos corpos de prova 
 
Os moldes utilizados para a moldagem dos corpos de prova tinham 10 cm de diâmetro e altura 
de 20 cm. Como solicita NBR 5738 (ABNT, 2015), o concreto foi inserido no molde, em duas 
camadas com volumes aproximadamente iguais. Cada camada foi adensada utilizando a haste 
padrão, aplicando-se 12 golpes. Na última camada, inseriu-se umaquantidade em excesso de 
concreto para realizar o rasamento com a haste, como pode ser observado na Figura 26. Foram 
moldados 10 corpos de prova, previamente identificados. 
 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
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Figura 26: Rasamento da moldagem dos corpos de prova 
(Fonte: autor, 2016) 
Para a fabricação dos demais corpos de prova, referentes aos traços 1:6,5 e 1:3,5, utilizou-se 
como padrão o teor de argamassa e o Slump obtidos no ensaio do Traço 1:5, alterando apenas 
a relação água / cimento. Na Tabela 10, pode-se observar o consumo de material para cada 
traço, a relação água / cimento e o consumo de cimento por metro cúbico de concreto. 
 
Tabela 10: Consumo de materiais em massa para o mesmo teor de argamassa 
 Traço 
 Normal Pobre Rico 
Traço (cimento : agregados) (kg) 1:5 1:6,5 1:3,5 
Traço (cimento : areia : brita) (kg) 1:2:3 1:2,75:3,75 1:1,25:2,25 
Teor de argamassa (%) 50 50 50 
Slump (mm) 60 60 60 
Cimento (kg) 8,00 6,40 10,67 
Areia reciclada (SSS) (kg) 16,00 17,60 13,33 
Brita (seca) (kg) 24,00 24,00 24,00 
Água (L) 4,90 4,55 4,94 
Relação Água / Cimento 0,61 0,71 0,46 
Consumo de Cimento (kg/m³) 329,45 264,90 445,64 
(Fonte: autor, 2016) 
 
4.3.7 Preparação dos corpos de prova 
 
Vinte e quatro horas após a fabricação dos corpos de prova, eles foram desmoldados e imersos 
em tanque com água para realização da cura inicial do concreto, como pode ser observado na 
Figura 27. Após três dias de cura, os corpos de prova foram retirados do tanque e retificados, 
para a preparação das bases (Figura 28). 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
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Figura 27: Cura dos corpos de prova Figura 28: Retificação das bases dos corpos de prova 
 (Fonte: autor, 2016) (Fonte: autor, 2016) 
 
 
Esse procedimento proporcionou superfícies planas e perpendiculares ao eixo longitudinal de 
cada corpo de prova. A Figura 29 mostra a base retificada de um corpo de prova, onde se pode 
notar a presença de material cerâmico, componente da areia reciclada utilizada. 
 
Figura 29: Base retificada de um corpo de prova 
 (Fonte: autor, 2016) 
 
 
Após o faceamento de todos os corpos de prova, eles retornaram ao tanque com água para a 
conclusão do processo de cura, que leva, no total, 28 dias após a moldagem. 
 
4.4 ANÁLISE DE CUSTO 
 
A análise econômica do uso de areia reciclada na produção de concreto deu-se da seguinte 
maneira: inicialmente foram obtidos os custos para a compra dos produtos necessários em 
Caxias do Sul, na unidade em que são vendidos, conforme descritos na Tabela 11. Pode-se 
verificar nessa tabela, que o custo da areia reciclada é 61% inferior ao custo da areia natural. 
Posteriormente, seus valores foram transformados em reais (R$) por quilo, o que possibilitou 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
49
calcular o valor do metro cúbico do concreto em cada traço, tanto com areia natural e quanto 
com areia reciclada. 
 
Tabela 11: Custo por unidade 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: autor, 2016) 
 
 
 
 
 
Produto Custo Unidade 
Cimento R$ 30,00 Saco de 50kg 
Areia Natural R$ 90,00 m³ 
Areia Reciclada R$ 35,00 m³ 
Brita R$ 65,00 m³ 
 
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5 RESULTADOS OBTIDOS 
 
A verificação da viabilidade de uso da areia reciclada na produção de concreto passa pela 
análise de dois fatores: o de resistência à compressão e o econômico. 
 
5.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 
 
O processo de rompimento dos corpos de prova foi realizado em prensa hidráulica manual 
(Figuras 30 e 31), 28 dias após a moldagem. Para isso, suas faces foram limpas e secas e os 
corpos de prova foram posicionados e fixados no centro da máquina. Depois, deu-se início à 
aplicação da carga, que foi sendo incrementada de forma constante e contínua, até que se 
observou queda de força, indicando ruptura do corpo de prova. Nesse momento, tomou-se nota 
da tensão final aplicada, fornecida pela máquina em tonelada-força (tf), que posteriormente foi 
transformada em MPa com uso da Equação 5, citada anteriormente. 
 
Figura 30: Máquina de ensaio à compressão Figura 31: Rompimento do corpo de prova 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (Fonte: autor, 2016) (Fonte: autor, 2016) 
 
 
A Tabela 12 apresenta os valores de tensão de ruptura obtidos em cada um dos corpos de prova, 
expressos em tf e convertidos em MPa. Os resultados encontram-se separados de acordo com 
cada um dos três diferentes traços de concreto e, no final, consta a resistência média em MPa 
referente a cada um e o respectivo desvio padrão. 
 
 
 
 
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Utilização de areia reciclada na fabricação de concreto 
51
Tabela 12: Resultado do ensaio de resistência à compressão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Fonte: autor, 2016) 
Pode-se perceber, que o traço 1:3,5 (Rico) foi o que obteve maior resistência, com 
aproximadamente 31 MPa, seguido pelo traço 1:5 (Normal), com aproximadamente 28 MPa e 
o traço 1:6,5 (Pobre), com aproximadamente 20 MPa. Como não existem normas que regem a 
resistência de concreto não estrutural, serão considerados os valores mínimos de referência para 
uso em concreto armado. 
De acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014, p. 18), para uma classe de agressividade ambiental 
I, por exemplo em local rural ou submerso, a resistência mínima para um concreto armado é 20 
MPa; para a zona urbana (classe de agressividade II) 25MPa e em zonas marinhas e industriais 
(Classe de agressividade III) 30MPa. O ensaio realizado com areia reciclada demonstrou que o 
concreto fabricado com esse material alcança resistências suficientemente positivas para ser 
amplamente utilizado em concreto armado nas zonas rural, urbana e marinha, com as devidas 
caracterizações de traço. Esta pesquisa, entretanto, preparou o concreto com areia reciclada de 
acordo com as normas para fabricação de concreto não estrutural, o que significa que, apesar 
de a resistência apresentada ser suficiente, talvez o material não seja adequado para o uso em 
concreto estrutural, necessitando de pesquisa específica nessa área. 
Assis (2015) também realizou um estudo substituindo o agregado miúdo por areia reciclada em 
um traço 1:5. Como resultado, seu concreto apresentou uma resistência de aproximadamente 
14 MPa, metade da resistência do concreto deste estudo. Isso pode ter ocorrido pelo fato da 
granulometria do agregado que ele utilizou não atender a NBR 7211, assim como não ter levado 
em conta a absorção de água desse material e, por isso, não ter procedido de acordo com a NBR 
15116 e NBR NM 30. 
 
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Marcelo Peruchin. Caxias do Sul: FSG, 2016. 
52
 
Para uma estimativa de traço, de relação de água/cimento e de consumo de cimento, elaborou-
se um ábaco com os dados e resultados obtidos (Figura 32). Com esse ábaco, por exemplo, 
pode-se estimar a resistência à compressão esperada de 25 MPa e verificar sua relação 
água/cimento, seu respectivo traço e consumo de cimento por metro cúbico de concreto. 
Figura 32: Ábaco de relação

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