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WWW.CONCURSEIROSOLITARIO.COM.BR 23JUNHO 2011 - REVISTA Nº 3 oram incontáveis as vezes que escutei essa pergunta. E para não deixá-lo curioso, vou logo respondê-la: é claro que sim. Contudo, não é só por que eu já respondi à pergunta que não precisarei escrever mais sobre o assunto, então vou aprofundar um pouco mais. Obviamente, este artigo é mais direcionado para os concurseiros que A R T I G O Por ALEXANDRE MEIRELLES, Fiscal De Rendas Da Secretaria Da Fazenda do Estado De São Paulo É POSSÍVEL TRABALHAR E ESTUDAR SÉRIO PARA CONCURSOS PÚBLICOS? F 24 WWW.CONCURSEIROSOLITARIO.COM.BRJUNHO 2011 - REVISTA Nº 3 cada disciplina, fazer mais cursos e “enrolar” um pouco mais. Já quem trabalha e sabe se organizar devora o melhor livro de cada disciplina e seleciona melhor os cursos que fará. Sei que há outras explicações, mas considero essas duas como as principais. E como gosto de estatísticas, lá vai mais uma: quase todos os primeiros colocados que conheci trabalhavam enquanto estudavam. O concurseiro que trabalha tem de aprender a conseguir pedaços de tempo durante seu dia para estudar. Hora de almoço não é para enrolar, é para almoçar o mais perto possível do trabalho e conseguir pelo menos uns 30 minutos de estudo. O horário dedicado ao lazer deve ser reduzido, mas nunca extinto por completo, porque assim ninguém su- porta o estresse por meses. Outra dica interessante é tentar perder menos tempo de estudo por causa do trânsito. Exemplificando, se você trabalha até 17h ou 18h e depois perde uma hora ou mais voltando para casa, devido ao rush, seria legal arrumar um lugar para estudar perto do seu trabalho, para evitar pegar um baita trânsito, ônibus ou metrô lotado. Tente arrumar uma sala vazia, uma biblioteca ou algo parecido e estude até o trânsito diminuir consideravelmente. Assim você estudará com cabeça menos cansada e poderá estudar por mais tempo. É só fazer a seguinte análise: se você sai do trabalho às 18h e só chega em casa umas 19h30, cansado do trânsito, só vai conseguir estudar no mínimo lá pelas 21h e ainda por cima com o cérebro e o corpo cansa- dos, não é? Até que horas vai conseguir estudar para acordar cedo no dia seguinte? Esse estudo será de boa qualidade? Será que não é mais fácil sair do trabalho às 18h, fazer um lanche e/ou tomar um café, lavar o rosto e começar a estudar por volta das 19h, com a cabeça mais leve, e depois, por volta de umas 21h30 ou 22h30 voltar para casa sem pegar trânsito? Eu fiz isso e achei importantíssimo para o meu resultado. O ganho é duplo, uma vez que você perderá menos horas de estudo por dia no trânsito, evitando os horários de rush, e estudará com a cabeça menos cansada. Ganhar uma hora de estudo por dia representará 30 horas em um mês, 360 horas em um ano. Caramba, em 360 horas dá para estudar algu- mas disciplinas por completo. E estas 360 horas farão MUITA falta no futuro, eu garanto. Um inglês chamado Charles Buxton disse: “Você nunca encontrará tem- po para nada. Se quiser mais tempo, terá de criá-lo”. Se ele já dizia isso há uns 150 anos, imagine nos dias de hoje. Agora vou entrar em outro tópico, e desculpe-me desde já por pegar mais pesado e escrever palavras mais duras, mas eu não seria sincero se não escrevesse isso, ok? Se você trabalha, e desculpe-me pela sinceridade, considero muito difícil ser aprovado em um concurso concorrido estudando menos que duas ou trabalham, mas possui alguns toques interessantes para quem não tra- balha também. Quando resolvi voltar a estudar, no já longínquo ano de 2005, eu tam- bém me fazia esse questionamento. Afinal, já tinha sido aprovado em concursos na primeira metade da década de 1990, mas quando não trabalhava, era somente, por assim dizer, um “filhinho do papai”, com tudo bancado e todo o tempo do mundo disponível. Bem, resumindo o meu ano de 2005, não só foi possível ser aprovado, como consegui obter um desempenho muito superior ao de antigamen- te. A essa altura você deve estar se perguntando: “Que se dane esse cara, eu quero saber o resto do pessoal, será que muita gente também conse- gue? Será que eu consigo?”. Prefiro responder analisando as coisas do jeito que mais gosto, em cima de números, e para meu deleite, logo no primeiro dia do curso de formação para o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB) em 2006, foi apresentado um estudo do perfil dos mil aprovados naquele certame, sabidamente um dos mais difíceis do País. Nele havia várias informações interessantes, das quais me arrependo amargamente não ter tomado nota. Entre elas, uma mostrava que dos 1.000 aprovados, 700 estavam trabalhando no período imediatamente anterior ao da pro- va. Destes, aproximadamente metade na iniciativa privada e a outra metade na pública (esses números são aproximados, ok?). Resumindo e arredondando, um terço não trabalhava, um terço traba- lhava no setor público e um terço no privado. E ainda faço uma ressalva: não quer dizer que esses que não trabalhavam tinha vida mansa, pois conheci vários aprovados desse tipo que foram muito mais guerreiros que os que trabalhavam, pois cuidavam de filhos ou dos pais, sem emprego, fazendo bicos etc. Bem, basta ler o livro Como vencer a mara- tona dos concursos públicos, de Lia Salgado, para você perceber que muitas vezes alguém que não trabalha e que teoricamente tem todo o tempo disponível para estudar está em piores condições do que quem trabalha e possui menos tempo. Confesso que fiquei encucado quando vi esses números. Era diferente do que imaginava, pois sempre vi os cursinhos lotados de pessoas que não trabalham e achei que eram no mínimo uns 75% dos aprovados nos concursos mais concorridos. Como dos “meus” 75% eles passaram a ser só 33%? Então comecei a buscar explicações para isso. A primeira que encontrei foi a do “concurso escada”, como o William Douglas o apelidou. São aqueles concursos que fazemos não como nosso objetivo final, mas sim para garantir uma relativa paz financeira e emocional para prosseguirmos nos estudos para os concursos mais concorridos. Isso explicava a grande maioria dos um terço de aprova- dos que trabalhavam no setor público. A outra é saber otimizar o tempo disponível para estudar. Generalizando, quem tem muito tempo para estudar costuma utilizar mais livros para A R T I G O WWW.CONCURSEIROSOLITARIO.COM.BR 25JUNHO 2011 - REVISTA Nº 3 três horas por dia, e isso vale tanto para os gênios quanto para os que não são. E mais: estudando somente duas ou três horas diárias durante a semana, no fim de semana terão que ser no mínimo umas seis a oito horas por dia. Simplesmente afirmo que não acredito no seu sucesso de outra forma porque a quantidade de assuntos é imensa e, se estudar menos do que isso, não chegará ao fim deles nunca. Conheço pessoas que conse- guiram agindo assim, mas são a exceção da exceção, mais difíceis de encontrar que um torcedor do Vasco no meio da torcida do Flamengo. “Puxa, mas eu só tenho uma hora por dia e o domingo para estudar um pouco mais, então será que não conseguirei passar?” Bem, você pode até calar minha boca depois, mas será muito difícil você ser aprovado em um concurso muito concorrido. Eu acredito nos números, e foram raríssimos os casos de aprovados que conheci tendo feito assim. Pense seriamente em tentar primeiro um concurso menos concorrido (“concurso escada”) ou então remaneje sua vida para obter mais horas de estudo, mas estudar somente uma hora por dia para concorrer a um concurso bem pesado e passar vai ser como acertar na loteria. Talvez seja mesmo o caso de pensar em estudar para um cargo menos concorrido e obter mais tranquilidade para estudar para um concurso mais difícil após ter entrado nesse cargo “intermediário”. Foi isso que a maior parte daquele um terço dos aprova- dos no AFRFB de 2005 que já trabalhavam no setor público fez. Desculpe-me, mas não concordo com a ideia de que se estudarmos uma hora por dia, no futuro acumularemosconhecimento suficiente para passar, só levaremos mais tempo que os demais concurseiros. Eu não acredito nisso porque o esquecimento será imenso, afinal, o conheci- mento não se acumula sem que esqueçamos o que já estudamos. As pessoas acham que acumulamos conhecimento como construímos uma casa, tijolo em cima de tijolo, mesmo que aos pouquinhos, e assim um dia a casa ficará pronta. Ou então que é um quebra-cabeças de 500 peças que montamos aos poucos. Não é assim. É o mesmo que construir uma casa em um local muito chuvoso e cheio de ladrões roubando tijolos, cimento, janelas e ferramentas, ou então montar o quebra-cabeças aos poucos no meio de uma creche. Eles não vão ficar prontos nunca, e esses exemplos se aplicam ao seu conhecimento também. Outra pergunta que os concurseiros sempre me fazem é se deveriam deixar o trabalho para se dedicar inteiramente aos estudos. Isso eu não respondo nunca, pois não interfiro em decisões pessoais, e não adianta insistir, porque nisso eu não opino nem para os meus melhores amigos. Só deixo umas perguntas no ar. Se você não for aprovado em dois ou três anos, você tem condições de voltar ao mercado de trabalho, caso desista do estudo em tempo integral? Você tem grana para se sustentar nesse período? É muito fácil largar o trabalho hoje e se dedicar mais para o concurso que acontecerá dentro de poucos meses, mas e se você não passar? O mundo desabará para você ou dará para continuar vivo e na vida de concurseiro? Reflita, converse com seus familiares e, por favor, “me inclua fora dessa”! Se você não trabalha, considere-se em melhores condições de ser apro- vado. Porém, cuidado com o excesso de cursos e livros e seja mais direcionado, organizado e compromissado. Não basta estudar mais horas do que os outros, tem de estudar horas realmente proveitosas, que acumulem conhecimento útil e crescente para você. Está cheio de gente querendo furar sua fila. Resumindo este artigo, é claro que um concurseiro que trabalha pode ser aprovado, pois em todos os concursos vemos que a maioria dos aprovados trabalhava, e os números dificilmente mentem. Porém, terá de ser compromissado e muito objetivo. E se seu trabalho for daqueles de estresse total e com mais de 10 ou 12 horas de trabalho diárias, deixando somente uma hora de estudo livre para estudar por dia, e sempre de cabeça muito cansada, pense seriamente em prestar um concurso escada antes. Bem, após ter lido estas palavras, você acredita que é possível trabalhar e ser aprovado? Se sim, então o que está esperando para acumular mais horas de estudo? Alguns trechos deste artigo foram retirados do meu livro lançado em maio de 2011 pela Editora Método/Gen, no qual abordo mais profunda- mente este assunto, entre diversos outros. Abraços e bons estudos. Alexandre Meirelles alexmeirelles@gmail.com Depois do sucesso do best-seller Manual do concurseiroManual do concurseiroManual do concurseiroManual do concurseiroManual do concurseiro, Alexandre Meirelles lança o livro Como estudar para concursosComo estudar para concursosComo estudar para concursosComo estudar para concursosComo estudar para concursos, abordando temas clássicos e recorrentes do “mundo dos concursos”, assuntos já tratados no seu manual e velhos conhecidos dos concurseiros como "A temida relação candidato por vaga: um grande engodo", "Concurso é só para gênios?", "Como organizar o estudo? Utilizando os ciclos". Além desses e de outros interessantes temas, o autor traz várias dúvidas como: "Passei! O que eu faço além de comemorar muito?", "Não passei! E agora, é o fim do mundo?" e "Quadro de controle de estudo: que bodega é essa?". Como estudar para concursosComo estudar para concursosComo estudar para concursosComo estudar para concursosComo estudar para concursos - Por: Alexandre Meirelles - Editora Método, 352 págs
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