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HISTÓRIA DE FERNANDO MESQUITA

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FERNANDO MESQUITA
Aprendizagem acelerada e concursos públicos
APRENDIZAGEM ACELERADA
Alcance sua aprovação em cargos públicos ou provas concorridas mais rapidamente estudando de forma inteligente.
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Uma história bizarra de estratégia e aprovações
Uma história bizarra de estratégia e aprovações
09/07/2015 BY FERNANDO MESQUITA75 COMMENTS
f11photo / Shutterstock.com
Nota: Sou péssimo com datas, então não se admire se alguns momentos históricos estiverem errados por alguns meses. Ou décadas.
A Apple Store da quinta avenida em Nova Iorque é uma caixa de vidro gigante com a logo da empresa mais valiosa do mundo.
Parece uma escultura minimalista, bem a cara da titã da tecnologia mundial. Fica na esquina do prédio onde morou John Lennon e hoje mora Yoko Ono, um detalhe irrelevante, mas que fica gravado na memória por fazer parte de um período intenso da vida.
Em 2012, foi nessa Apple Store que eu entrei em pânico e comecei a chorar, sentado no chão, inconsolável.
Pensando retrospectivamente, lá era um bom lugar para fazer isso, já que há tanta gente alternativa que as pessoas poderiam pensar que era o início de um flashmob que tinha dado errado.
Mas eu estava inconsolável e completamente arrasado. Mas claro, isso não começou lá.
Começou alguns anos antes, quando eu decidi que precisava de dinheiro e que morar na casa dos pais não dava mais. Eu tinha 18 anos e uma vontade louca de sair de casa.
Mas eu tinha um problema fundamental: O que fazer? Como fazer? Para onde ir?
E é sobre isso tudo que vamos falar: sonhos, expectativas, fracassos, sucessos e uma história que tinha tudo pra dar errado, mas que deu (e continua dando) certo.
Mas pra você entender o que aconteceu, vamos precisar voltar um pouco no tempo. Vem comigo?
 
“Fernando, faça. Você não sabe como vai estar daqui a dois anos”.
Essa frase foi dita pelo meu irmão em algum momento de 2003, enquanto estávamos a nos servir em um self-service perto de casa, logo no início da fila.
Ele havia sido doutrinado pela minha mãe para me convencer a fazer faculdade. Eu não queria fazer nada (na verdade, queria fazer muita coisa que não poderia ou não deveria). Era o típico menino problema.
Havia acabado o segundo grau (atual ensino médio) e não queria ir para a faculdade. Havia sido reprovado no segundo ano porque fiquei de recuperação em matemática, física e química e, em vez de ir para as aulas, ficava do lado de fora tocando violão e jogando truco.
Admito, não fiz por onde.
Minha mãe me ajudou com a reprovação, me matriculou no Objetivo em Brasília para que eu pudesse fazer dependência e continuar a vida no 3o ano.
Enquanto fazia um supletivo, me preparava para retornar ao Sigma, um dos maiores colégios da cidade, que me aceitou com ressalvas após minha mãe conversar com o diretor e prometer que eu ia me comportar.
Mas minha fase de rebeldia estava só começando. E mal sabia ela.
Nunca fui um aluno ruim. Eu tinha facilidade em entender os conteúdos. A bem da verdade, até a 6a série eu era considerado “nerd”, até que comecei a avançar no meu lado social com o apoio de alguns bons amigos que tenho até hoje.
Mas, como todo bom adolescente, eu não sabia equilibrar as coisas, então se era para ter amigos, eu ia gastar toda minha energia nisso – e nenhuma nos estudos.
Daí, foi ladeira abaixo.
Embora minhas notas tenham sido razoáveis, atingiram esse auge de podridão no segundo ano, o que me levou a me dedicar um pouco mais no 3º ano, mas continuei cometendo uma série de erros nos anos seguintes.
No final de 2002, quando finalmente disse adeus à escola, eu simplesmente não sabia o que fazer. E isso, como pude perceber, é algo normal quando inserimos nossos alunos em um sistema educacional que não tem absolutamente nada a ver com o mundo real, como já bem disse Bill Gates Charles Sykes em suas 11 regras.
Não tinha passado no vestibular nem no PAS (o programa de avaliação seriada, um vestibular em 3 etapas conduzido pelo Cespe/UnB, muito mais fácil do que o vestibular tradicional). Com os amigos e conhecidos indo para a faculdade, eu fiquei me perguntando “e agora?”.
E a sensação, como você pode imaginar, não era boa.
Eu passei a vida inteira tendo dúvidas, o que me levou a escrever algumas das frases que tenho no Facebook nos últimos meses.
Para ser brutalmente sincero, eu não lembro exatamente o que aconteceu nessa época – é tudo um borrão.
Eu sei que logo após isso (talvez por providência divina, o que eu acreditaria se não fosse ateu), talvez por insistência da minha mãe, talvez por um súbito acesso de responsabilidade e maturidade, as coisas começaram a dar certo.
No semestre seguinte, eu comecei a prestar vestibulares, e passei em vários. CEUB, UCB (3º lugar geral) e vendo que talvez precisasse de ajuda, convenci meu pai a pagar um curso preparatório para o vestibular da UnB (o falecido NDA).
Fiz o primeiro semestre de cursinho e não sabia exatamente o que ia querer da vida. Estava em dúvida entre cursos “semelhantes” (desde o final da escola): educação física, história, administração, arquivologia, biblioteconomia. A cabeça dos 18 anos definitivamente não era muito boa para fazer escolhas.
Os meses se passaram novamente e, na segunda oportunidade, participei de um concurso de bolsas de estudos. Dentre mais de 500 candidatos, acabei ficando em segundo lugar (sem estudar especificamente para isso, juro) e ganhei um desconto de 80% no curso, o que resolvi honrar e fazer valer o dinheiro gasto e o desconto conseguido.
Eu fiz uma promessa que só iria cortar o cabelo depois de passar na prova, e passei longos 6 meses parecendo um Menudo.
 
E estudei como nunca na vida. Tinha aulas de manhã, estudava à tarde e não raro varava noites no curso, fazendo todas as refeições por lá mesmo, participando de grupos de estudo (que foram mais importante por questões sociais do que estudantis) e fazendo um longo trabalho de imersão naquele ambiente que, eu esperava, me traria a chave mágica de um futuro melhor.
Obviamente, não foi isso que aconteceu.
O que aconteceu foi que eu descobri, finalmente, que não há mágica. Só o esforço constrói aprovações, mas também que o esforço não é suficiente, porque muita gente se esforçava mais do que eu e não passou.
Eventualmente, eu entrei na UnB, em Comunicação Social, onde só passei um semestre por conta de uma rusga com um professor de fotografia.
Eu tinha começado a fotografar “profissionalmente” no meio do segundo grau, e me achava super entendido do assunto.
Quanto um professor criticou meu trabalho eu, em vez de aproveitar aquela oportunidade para aprender mais e me desenvolver, decidi que a faculdade não era para mim. Pelo menos naquele momento.
Concomitantemente, tinha prestado um concurso no meio do curso preparatório para o vestibular que cobrava disciplinas muitos semelhantes às que eu estava estudando – era o concurso da Caixa 2004.
Não era exatamente o que eu esperava da vida. O trabalho era estressante e eu engordei um absurdo nesse meio tempo, perdi um tubo de dinheiro (porque era caixa executivo, ficava conversando com as pessoas e acabava dando troco errado) e resolvi sair quando entendi que não, aquela vida de bancário não era para mim.
Nessa época, a fotografia já estava tomando forma e força e o trabalho na Caixa começava a me atrapalhar.
Uma coisa interessante na minha trajetória – e que passou a me chamar atenção de um tempo para cá – é esse eterno conflito entre arte e serviço público.
Alguns dirão que é pelo fato de eu ser pisciano. Outros dirão que se trata de uma questão de ter plena consciência de que somos capazes de mais.
Isso certamente foi verdade para mim. Em um desabafo pessoal, eu sempre precisei de uma válvula de escape para as coisas que gostaria de fazer mas não podia.
Entendo hoje por que alguns horóscopos dizem que o pisciano é propenso à utilização e ao abuso de drogas. Nosso mundo é muito louco, um eterno conflito entre o que é e o que poderia ou deveria ser. Comigo não é diferente. Embora eu não seja usuário de drogas (e não beba), entendo que algumas pessoas com uma estruturasemelhante à minha possam vir a desenvolver dependência.
Mas chega de astrologia por hoje.
Quando fiquei cansado da rotina, acabei mergulhando em uma nova iniciativa, que era o Estúdio Fernando Mesquita, em Brasília, em que desempenhei alguns dos trabalhos mais legais (e mais estressantes) da minha vida.
Em 2007, Gabi decidiu fazer um mestrado no exterior. Como estávamos juntos há algum tempo e ela é o amor da minha vida, decidimos casar antes de ir.
Nosso casamento foi uma cerimônia muito pequena e bem bacana. No final das contas, o casamento para mim hoje é o que sempre foi: não a festa, não a cerimônia, não a aliança, mas o compromisso que fizemos um com o outro.
“Você, Fernando, aceita Gabriela de livre e espontânea vontade como sua esposa?”
“Hum… Deixe-me ver…”
Logo depois, partimos para uma temporada na Inglaterra, em que a Gabi foi estudar e eu fui… bem… curtir a vida.
Moramos em um apartamento muito simpático, em uma cidade linda chamada Bournemouth, no sul do país.
Foi uma estada muito divertida e de muito aprendizado. E isso me fez recomendar a todos que têm a oportunidade: Se você pode morar fora do país, more.
Nem que seja por um tempo. Nem que seja para aprender um pouco mais sobre outras culturas, outros povos, outros costumes. Ver outros lugares.
Essa experiência expande sua vida e sua percepção como poucas.
Viajar não é suficiente. O turismo nunca vai ter a mesma intensidade de uma temporada – mesmo que curta – no exterior.
Dito isso, eu continuava fotografando e, claro, a Inglaterra era um prato cheio para imagens bonitas.
Depois de um tempo, resolvi procurar um emprego (já que meu visto permitia) e acabei encontrando uma posição em um estúdio em uma cidade a aproximadamente 100km de Bournemouth (Chichester).
São aquelas ideias que, pensando hoje, eu me questiono: onde eu estava com a cabeça??
O trabalho começava às 8 da manhã, então eu tinha de acordar às 3h, tomar café (fazia um sanduíche excelente de tomate seco, muçarela de búfala, presunto, queijo) e sair para pegar o trem (depois de uma caminhada de 30 minutos até a estação) às 5h30, que levava duas horas para chegar ao destino, às 7h40.
Cara, que luta.
Não durou muito, mas acabei conhecendo um pessoal bem bacana e tendo uma experiência que não teria de outras formas.
Mais ou menos nessa época, vendo que voltaríamos em breve, cheguei a pedir para minha mãe que me mandasse uma apostila (sim, apostila!) para o concurso da Polícia Civil do DF, que estava para acontecer.
Pode-se dizer que, nessa época, começou a fase séria da minha preparação séria para concursos.
Pouco depois, voltamos ao Brasil, e comecei de fato a preparação.
Isso não foi gratuito, claro.
Quando voltamos, não tínhamos emprego nem nenhuma perspectiva. Não tínhamos também o menor interesse de procurar empregos mal pagos e exploradores e sabíamos que só restava um caminho: prestar concursos.
Para piorar um pouco a situação, meus sogros tinham oferecido para morarmos com eles enquanto as coisas se acalmavam. Revezamos entre a casa deles e a casa de meus pais, o que obviamente para um casal casado não era o ideal. Nós queríamos nossa liberdade e nossa independência – mesmo que parcial. E morar na casa dos pais não pode ser considerado ser livre.
Nessa mesma época, comecei a fazer um curso tecnológico para ter o diploma de nível superior. Mais uma vez, por influência de meu irmão.
E eu estudava como nunca estudei antes para passar em um concurso.
Eu não precisava de motivação, porque tinha todos os motivos do mundo para estudar. Estava quebrado, morando na casa dos sogros, sem a menor ideia de futuro.
Eu não tinha plano B. Então, eu estudava. E muito. E sem reclamar. Porque aquilo era tudo que eu tinha – e era tudo que eu precisava para ter o que eu queria: minha independência.
Com um dinheiro emprestado da minha mãe, comprei livros – alguns péssimos, alguns razoáveis que me permitiram estudar para três concursos semelhantes: Polícia Rodoviária Federal, Departamento Penitenciário Federal e Agência Brasileira de Inteligência.
A prova da Polícia Rodoviária era a primeira, era a que eu precisava estudar mais e me focar mais, porque era a primeira que ia acontecer. E tinha prova física.
Então, além de passar na prova prática, eu precisava me preparar para as provas físicas que vinham pela frente.
Eu estudava durante várias horas ao longo do dia e, quando já estava morando na casa da minha mãe, corria nas quadras da Asa Sul, fazendo contas na mão e estimativas para ver quanto seriam 3,2km em 20 minutos (já que naquela época estávamos longe de ter smartphones com GPS para calcular rotas e velocidade).
Durante a corrida, eu ouvia a constituição em áudio que é disponibilizada pelo site da Câmara dos Deputados. Cheguei a decorar vários trechos dela (e até hoje consigo me lembrar de alguns na voz do narrador).
Eu tinha muitas dúvidas de que conseguiria.
Eu duvidava de mim o tempo todo. E, como em tudo que fiz na minha vida, sempre achei que não ia dar certo.
Mas mesmo com essas dúvidas rondando, eu fiz de tudo para que desse certo. E deu.
Eu estudei 58 dias para a prova. E mesmo sem acreditar que ia dar, deu.
Eu passei não só na prova da PRF, mas também do DEPEN e da ABIN. O problema é que, de todas elas, apenas a Abin tinha lotação em Brasília, e o momento não estava propício para sair da cidade, então acabei optando pela Abin, onde fiquei durante 6 anos (de 2009 a 2015).
Foi um período muito interessante e que me ensinou demais.
Trabalhei em Operações durante pouco menos de 2 anos e, no restante do tempo, na assessoria da direção.
Aprendi sobre inteligência, sobre processos administrativos, sobre sistemas, sobre política nas organizações, sobre o serviço público – incluindo o que fazer e o que não fazer.
Mas claro, nada disso teria sido possível se eu não tivesse decidido aprender. E isso acontece com muitas pessoas.
Alguns colegas, percebi, em vez de se esforçarem para mudar de vida, decidiram se acomodar. E você vai ver isso em todos os órgãos onde for trabalhar.
Nem sempre é preciso se esforçar para sair, mas acredito firmemente em uma conduta voltada para a melhoria (pessoal ou profissional). E isso se manifesta de diversas formas, como sua vontade de fazer mais, de melhorar o trabalho ao seu redor, de não prejudicar o próximo. Percebe-se isso nas pessoas que querem ajudar os colegas e que não reclamam de fazer o trabalho que precisam fazer (como se não fosse obrigação do servidor!).
Eu sempre quis ser uma pessoa assim. Nem sempre fui bem-sucedido, admito, e por vezes acabei tendo comportamentos aquém do que gostaria. Não pense que minha expectativa de perfeição se traduz em perfeição. Eu tive mais problemas do que gostaria de admitir, mas aprendi um pouco com cada um deles.
Mas gosto de pensar que mantenho uma conduta que me permite sentir-me, na média, orgulhoso da imagem que carrego para dentro e para fora do serviço público.
Um pouco depois de assumir na Abin, nossos sonhos começaram a tomar forma.
Gabi e eu nos mudamos para um apartamento, e arranjamos nosso primeiro cachorro (um Golden Retriever lindo chamado Bob que nos deixou poucos meses depois vítima de doença).
Durante o trabalho, acabei me formando – não acidentalmente. E o canudo foi o que me permitiu continuar na luta.
Eu não parei de estudar. As provas se sucederam e, no final das contas, passei por três áreas principais:
– Áreas policiais
– Áreas administrativas
– Taquigrafia
Passei em concursos em todas essas áreas, alguns muito bem colocado, mas meu foco nunca foi estar nos primeiros lugares. Meu foco era passar dentro das vagas.
A prova do Senado – 2011/2012
Entre a posse na Abin em 2009 e a prova do Senado em 2011, acabei me afastando da área de segurança pública e me relacionando com a área administrativa, que era uma paixão há algum tempo.
Nesse ínterim, acabei passando em outros concursos, como TRF1 (técnico e analista) e TSE, algumas perto, outras distantes do primeiro lugar, que foram me mostrando que o caminho era de fato aquele que eu estava traçando. Cada aprovação (e cada reprovação)me ensinaram bastante. Como me ensinou aquela reprovação no Senado Federal em 2012.
Eu tinha me preparado excepcionalmente bem para a prova. Eu sabia tudo.
Embora a banca fosse a FGV, não o Cespe (como eu estava acostumado), eu me sentia preparado. Estava com a pontuação ok, os conhecimentos na ponta da língua e era o auge dos meus estudos para a área administrativa.
Eu entrei na Apple Store como parte da viagem para Nova Iorque, curtindo umas merecidas férias depois de bastante tempo de estudo. E tinha até esquecido do resultado que saíra naquele dia.
Mas, uma vez que adentrei a loja e vi todos aqueles iPads conectados à internet, imediatamente me veio à cabeça a imagem do papelzinho do gabarito, amassado no fundo do bolso do casaco.
Retirei o papel e comecei a conferir questão por questão. A prova, como de costume, começava por Língua Portuguesa. Uma das disciplinas em que eu sempre me saía bem (tanto que, anos atrás, parei de estudar português, porque sempre tirava acima de 70% na prova.
As questões estavam particularmente difíceis, mas eu estava confiante.
Conferi a primeira questão – Certa.
Conferi a segunda questão – Certa.
Conferi a terceira questão – Certa.
Na quarta questão, um erro. “Tudo bem”, pensei. Afinal, não se pode acertar todas.
A prova tinha 20 questões de português, e eu precisava de 10 para passar. Mas acertei apenas 9.
E por causa de uma questão em português – aquela disciplina que sempre dominei – fiquei de fora da prova em que eu mais queria passar na vida toda. Essa certamente foi a reprovação que mais me doeu. E eu sentei no chão e comecei a chorar. Não por causa do que tinha acontecido – mas porque eu estava cansado. Muito cansado.
Era como se cada lágrima ajudasse o corpo a ficar mais leve. E a resgatar forças para continuar na estrada – eu sabia que a caminhada não tinha acabado.
Mas eu aprendi. E também com as seguintes, que sempre me ensinaram algo.
Fiz diversas provas da área administrativa até 2012, quando mudei para a área de Taquigrafia – que foi a mais breve.
A mudança para taquigrafia
A prova de taquigrafia, inclusive, surgiu de um movimento que não tinha a ver com desejo, mas sim com estratégia.
Quando fui fazer a prova do Senado de 2012, comecei a reparar nos demais cargos disponíveis, que era algo que eu fazia com certa frequência.
A prova de Administrador cobrava disciplinas como Português, Inglês, Atualidades, Lei 8112, Lei 8666, Administração Geral, Organização e Métodos, Direito Constitucional, Direito Administrativo, Gestão de Pessoas, e por aí vai.
A prova de taquígrafo cobrava Português, Inglês, Direito Constitucional, Informática e Taquigrafia.
A diferença era brutal. E os dois eram analistas.
Quando eu ia fazer a prova de Administrador, QUASE fiz para taquígrafo. Mas pensei “Ah, pra quê? Quero um cargo na minha área e mimimi”…
Mas eu já chegava em um momento de divisão, em que era necessário pensar no que eu ia fazer da minha vida. E decidi, para minha vida, que o caminho seria o legislativo. Não um cargo específico. Não uma carreira. Mas um contexto que me permitisse evoluir a partir daí.
Minha experiência no Executivo foi boa, mas eu sentia o peso do estresse de um poder defasado e relegado a segundo plano. Havia feito algumas provas para o Judiciário (CNJ, TRF, TSE), mas sem grandes perspectivas pela frente.
E já estava cansado. Estudar é bom, é ótimo, e não tem um dia em que eu não estude alguma coisa, mas estudar para concursos é cansativo – e precisa acabar uma hora.
E em 2012, essa hora já tinha chegado há algum tempo.
Em seguida, saiu o concurso da Câmara dos Deputados e contemplava – adivinhe – a taquigrafia.
Eu tive um (de vários) momentos de crise pensando se faria a prova para Taquígrafo. Eu não sabia taquigrafar e ficava me questionando se seria tempo suficiente (não havia um espaço muito dilatado desde o lançamento do edital até a prova).
Mas, mais uma vez, em vez de ficar sonhando se daria certo, resolvi ir e fazer.
Entrei em um curso online de taquigrafia e o professor, sempre muito atencioso, me deu todo o suporte que eu precisava.
A uma certa altura, perguntei a ele “Professor, tenho um concurso daqui a 2 meses e quero saber: dá pra passar?”
Ele disse: “Não”.
Brincadeiras à parte, era mais ou menos isso. Com muita sabedoria, ele disse que eu tinha pouco tempo para estudar e que não era possível passar em uma prova com prazo tão exíguo.
Durante alguns segundos, eu quase acreditei. Mas pensei o seguinte: Eu já fiz tanta coisa improvável… por que agora seria diferente?
E resolvi me dar uma nova chance.
A participação do Professor Waldir foi fundamental. Ele, sempre muito atencioso, me guiou por este processo, me mostrou quais seriam as melhores estratégias. E essa foi mais uma prova de como a estratégia é importante, principalmente quando o tempo aperta.
Eu pratiquei. Muito. Eu taquigrafava 3, 4, às vezes 5 horas por dia. Praticava a escrita, a leitura.
Até que a prova foi suspensa.
E, claro, eu fiz aquilo que todo candidato deveria fazer. Fiquei firme na luta – sabia que a prova voltaria ao normal. faz. Entrei em desespero e comecei a me perguntar se era isso mesmo que deveria fazer.
Nessa hora, recebi uma visita muito providencial de uma amiga, para quem expus minhas angústias. E ela me disse, da mesma forma que meu irmão me disse: “Faça”. Ela não precisava de mais argumentos. E eu (não sem muita resistência) acabei fazendo.
E no dia da prova objetiva, fui muito bem. Na prova discursiva, fui muito bem. No dia da prova prática, nem tanto.
Se a nota mínima para aprovação era 4,5, eu acabei tirando 4,55 – aprovado, portanto. Na última posição da lista, por conta desse desempenho na prova prática, mas estava lá.
A partir daí, com uma aprovação na Câmara dos Deputados, foi cada vez mais difícil estudar de fato para um concurso.
Eu tinha algumas aprovações pendentes de movimentação e continuava fazendo provas, mas sem aquele mesmo afinco inicial – eu sabia que era uma questão de tempo para ser chamado.
Em 2013, resolvi escrever sobre concursos. Comecei com a pesquisa de um livro (que acabou não saindo ainda), e na necessidade de falar mais diretamente com você, o Blog do Fernando Mesquita.
Publiquei dois livros (Sucesso nos Concursos de A a Z e o Ciclo EARA – O processo da aprovação, onde estabeleço o sistema de estudos que usei em minhas aprovações e aprimorei com o trabalho com centenas de candidatos país afora), lancei cursos e comecei a entender melhor o mundo dos concursos.
Eu tinha feito algumas provas em que esperava nomeação. Fiz uma do TRF em 2011 em que estudei só por mapas mentais. O concurso era válido até 2015, mas depois de um tempo, vendo a lentidão das nomeações, acabei desistindo de acompanhar.
Como dizem, o leite só ferve quando você não está olhando.
Quando menos esperava, em pleno meio de 2015, recebi um email do TRF1 perguntando se eu estava interessado em assumir minha vaga de Analista Judiciário – e precisaria ser naquela semana, porque o concurso venceria em 3 dias.
Claro que eu estava.
Fui para o TRF como o último analista administrativo do concurso de 2011 nomeado e no primeiro dia fui convidado a ser Assessor da Diretoria-Geral.
Conheci pessoas muito bacanas (tenho essa sorte de cair em locais de trabalho com pessoas majoritariamente boas), desempenhando um novo trabalho – exatamente em um momento em que eu queria algo diferente na minha vida.
Estou feliz. Mais do que isso, realizado, com a sensação de que meu dever como concursando foi cumprido.
Eu conheci as agruras, as dificuldades, as alegrias – e é isso hoje que me ajuda a escrever para você, que me ajuda a te ajudar a entender como as coisas são e como elas podem ser. E eu sei que há uma luz no fim do túnel – essa luz que tento trazer para mais perto todos os dias.
O futuro
Mas lembrando, claro, que esse final é só o começo. Ainda temos muito pela frente.
Se eu ficar no TRF indefinidamente, serei feliz, porque já decidi que a felicidade não depende do trabalho, mas sim de como o encaro.
Continuo tendo o blog e continuo ministrando cursos com a plena convicçãode que sua vida pode ser mais fácil e suas aprovações podem ser mais rápidas do que as minhas foram. Eu fiz (quase) tudo do jeito mais difícil, quando não precisaria.
Mas… no fim das contas, se vier uma nomeação na Câmara dos Deputados, também ficarei feliz. Por várias razões: por poder passar pelos três poderes, por conhecer pessoas diferentes e órgãos diferentes, e por desempenhar tarefas diferentes em uma época tão agitada da vida, que são esses 20 aos 30 anos.
E fecho os 30 anos, a terceira década de vida, com sensação de dever concursando cumprido.
Atualização: em 28/12/15, saiu a nomeação da Câmara dos Deputados!
Em seguida, produzi um vídeo de agradecimento para meu professor de taquigrafia, Prof. Waldir. Vale a pena.
E, claro, depois tivemos cerimônia de posse. Boniiitaaa..
E tudo que vem com o trabalho.
 
No fundo, são várias lições que ficam – e que compartilho com você nos mais de 100 artigos escritos, nos podcasts, vídeos e cursos que fazemos. Hoje, meu trabalho é não só ser um bom servidor público, como também trazer esses ensinamentos de muitos anos na estrada e de muitas pessoas conhecidas para que você possa chegar lá mais rápido.
Pra isso que estamos aqui.
Agradeço a você que acompanha essa jornada. Ainda temos muito pela frente.
E quero contar a sua história aqui em breve também, combinado?
Dúvidas? Deixe seu recado. E obrigado sempre por ler.
Grande abraço e até breve,
Fernando Mesquita
P.S.: em 2018, eu voltei àquela mesma loja (que não era bem a mesma, que estava em reforma, mas praticamente no mesmo local). Foi bem catártico.
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FILED UNDER: ARTIGO
About Fernando Mesquita
Fernando Mesquita é escritor e Analista Legislativo da Câmara dos Deputados aprovado em 14 concursos públicos.
É casado, pai da Olívia, tem 4 cachorros, lê compulsivamente e publica algo aqui toda semana.
Conheça o mais recente livro: Ciclo EARA - O Processo da Aprovação.

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