Buscar

Livro texto Consultoria em Trabalho Social I

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 63 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autora: Profa. Daniela Emilena Santiago 
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudella Nanias 
 Profa. Karina Dala Pola 
Consultoria em 
Trabalho Social
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Professora conteudista: Daniela Emilena Santiago
Assistente social graduada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), especialista em Violência Doméstica 
contra Crianças e Adolescentes pela Universidade de São Paulo (USP) e mestre em Psicologia pela Universidade Estadual 
Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), campus de Assis/SP. Atualmente é funcionária pública do município de Quatá/
SP, atuando como assistente social junto à Secretaria Municipal de Promoção Social. Exerce também a função de 
docente e líder junto ao curso de Serviço Social da Universidade Paulista (Unip), campus de Assis/SP.
Partindo de sua vinculação à Unip, enquanto docente que atua do curso de Serviço Social no campus de Assis-
SP, emergiu a oportunidade de seu atrelamento também ao curso de graduação de Serviço Social na modalidade 
SEI, prestada pela Unip Interativa, o que lhe proporcionou a oportunidade de ministrar aulas de diversas disciplinas 
nessa modalidade de ensino. Além dessa inserção, também ministrou, na modalidade SEPI, aulas da disciplina Política 
Social de Saúde no curso de pós-graduação de Gestão em Políticas Sociais, oferecido pela Unip. O vínculo com essa 
universidade também lhe possibilitou elaborar o presente material.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
S235c Santiago, Daniela Emilena.
Consultoria em trabalho social. / Daniela Emilena Santiago. – 
São Paulo: Editora Sol, 2015.
116 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-013/15, ISSN 1517-9230.
1. Consultoria. 2. Serviço Social. 3. Responsabilidade social. I. 
Título.
CDU 362
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Carla Moro
 Virgínia Bilatto
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Sumário
Consultoria em Trabalho Social
APRESENTAçãO ......................................................................................................................................................7
INTRODUçãO ...........................................................................................................................................................8
Unidade I
1 TRABALhO E SERVIçO SOCIAL .................................................................................................................. 11
1.1 O cenário atual e suas incidências na questão social ........................................................... 19
1.2 O serviço social, o ambiente organizacional e suas demandas ......................................... 26
2 AS TENDêNCIAS NA áREA DE GESTãO E A CONTRIBUIçãO DO SERVIçO SOCIAL ............... 32
2.1 O papel do gestor social ................................................................................................................... 37
2.2 As ferramentas de gestão social ................................................................................................... 38
2.3 A importância da descentralização na gestão social ........................................................... 39
2.4 Rede: alianças e parcerias no intuito de fomentar a gestão social ............................... 39
2.5 A gestão social e o serviço social ................................................................................................... 44
3 CONSULTORIA ................................................................................................................................................... 48
3.1 A história da consultoria .................................................................................................................. 49
3.2 Consultoria como atividade profissional e os tipos de consultoria ................................. 50
3.3 Características do consultor ........................................................................................................... 54
4 ASSESSORIA: CONCEITUAçãO ................................................................................................................... 57
Unidade II
5 O SERVIçO SOCIAL NA ASSESSORIA E CONSULTORIA ..................................................................... 64
5.1 As possibilidades da atuação profissional na área da assessoria/consultoria ............ 72
5.2 Espaços de atuação de assessoria/consultoria do serviço social ..................................... 76
5.3 Atuação nas universidades .............................................................................................................. 76
5.4 Atuação em espaços públicos como os conselhos de direitos e secretarias ................ 78
5.5 Atuação em movimentos sociais .................................................................................................. 80
5.6 Atuação em empresas privadas .................................................................................................... 81
5.7 Atuação em organizações não governamentais ..................................................................... 81
6 ESTRATéGIAS PARA ATUAçãO DO ASSISTENTE SOCIAL 
NA áREA DE ASSESSORIA/CONSULTORIA ................................................................................................ 83
7 RESPONSABILIDADE SOCIAL COMO UM CONDICIONANTE 
PARA O TRABALhO COMO ASSESSOR/CONSULTOR DO ASSISTENTE SOCIAL ............................ 87
7.1 A responsabilidade social nos espaços organizacionais ...................................................... 92
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
7.1.1 Primeiro setor .......................................................................................................................................... 92
7.1.2 Segundo setor – organizações privadas ........................................................................................ 93
7.1.3 Terceiro setor – ONGs e OCIPs .......................................................................................................... 94
7.2 Balanço social ....................................................................................................................................... 96
7.3 Normas SA 8000: norma de gerenciamento social .............................................................. 97
8 RESPONSABILIDADE SOCIAL SOBA óTICA DO SERVIçO SOCIAL ............................................... 98
7
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
APrESEnTAção
Os temas Consultoria e Assessoria vêm sendo estudados, refletidos e pesquisados pelo serviço social 
devido ao crescimento da atuação de profissionais nessa nova área do saber. 
O estudo e a reflexão decorrem da globalização e do sistema neoliberal. As mudanças no cenário 
contemporâneo, inclusive as tecnológicas, vêm acontecendo freneticamente. Elas criam para o serviço 
social questões sociais que demandam trabalho e, até mesmo, novos espaços de atuação que devem 
ser bem estudados pelos profissionais de forma qualificada, como a assessoria e a consultoria. 
Nesse contexto, o assistente social deve estar qualificado para desempenhar adequadamente sua 
função e obter resultados positivos, na medida em que se apresenta como consultor/assessor ético e 
flexível, buscando alternativas de ação em equipe e em rede, rompendo com a caridade e a benevolência. 
Atuando como consultor/assessor, o assistente social estará fortalecendo a transformação social e 
rompendo com paradigmas instituídos pelo Estado neoliberal. Estará, ainda, ofertando subsídios aos 
usuários dos ambientes organizacionais, principalmente do primeiro e do terceiro setor, que são as 
classes subalternas, para que sejam autocríticos e protagonistas de sua própria história, enrijecendo o 
método dialético.
Iniciaremos o estudo discutindo a relação estabelecida entre a categoria trabalho e o serviço social, 
compreendendo este como um trabalho socialmente necessário na sociedade contemporânea. 
Discutiremos a respeito das questões sociais como objeto profissional no cenário atual e suas 
incidências, isto é, como o mundo globalizado e o sistema neoliberal vêm fomentando a exclusão social 
e enfraquecendo o Estado, o que amplia a demanda por ações do assistente social. E, nesse contexto, 
como o profissional de serviço social pode e deve comprometer-se e intervir nessas questões que se 
apresentam no seu espaço de trabalho, apoiado em projetos ético-políticos que busquem ultrapassar 
as perspectivas que enfocam apenas as relações pessoais, e enfatizar as demandas reais que vêm a seu 
encontro. 
Partindo da compreensão do serviço social como um trabalho, inscrito em um espaço sócio-
ocupacional, vamos discutir sua inserção laboral refletindo sobre o ambiente organizacional e as 
demandas que são postas à nossa profissão atualmente. Dentre essas demandas, vamos nos aproximar 
do conceito de gestão, que é uma necessidade também posta ao assistente social. 
Em seguida, iremos nos aproximar do conceito e da definição de consultoria. No que diz respeito à 
consultoria, indicaremos também os tipos existentes e o perfil requerido ao profissional que pretende 
atuar nessa área. Essas informações serão oferecidas para que seja possível uma maior aproximação a 
nosso objeto de estudo, que é como pontuamos a assessoria e a consultoria. 
Por fim, vamos apreender os conceitos de consultoria e de assessoria e a relação deles com o serviço 
social. Esse referencial pretende oferecer os subsídios necessários à compreensão da relação estabelecida 
entre o serviço social e atuação no âmbito da assessoria e da consultoria. 
8
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
A importância de estudar esse tema decorre dos requisitos que os assistentes sociais apresentam ao 
desempenhar a função de assessores/consultores, pois são profissionais capacitados e conhecedores de 
política pública social e sabem atuar na mobilização social, dois elementos fundamentais para se prestar 
consultoria e assessoria em responsabilidade social. Contudo, vale ressaltar que o profissional de serviço 
social não é somente um interventor, é também um profissional múltiplo que apresenta flexibilidade 
para atuar em diversos setores estruturais da sociedade brasileira. 
O estudo de consultoria e assessoria no serviço social busca fazer com que o acadêmico amadureça 
teoricamente e avance em sua prática, mesmo que em estágio curricular, provocando novos impulsos 
na realidade social, e também para lançar luz sobre a necessidade de especialização e compromisso com 
a profissão. O presente estudo na área da consultoria e da assessoria busca ainda mostrar que o serviço 
social vem ganhando espaço no mercado de trabalho, especificamente nessa área. 
Cabe destacar ainda que o caminho que o profissional de serviço social deve trilhar é o do conhecimento 
científico apoiado em reflexões e instrumentos teórico-metodológicos bem fundamentados, construídos 
por meio de um projeto ético-político que permita a ocupação de uma ação assistencialista, consolidando 
transformações sociais para um mundo mais justo a todos. 
Esse caminho será iluminado pelas discussões presentes neste material, buscando contemplar o 
objetivo geral desta disciplina, que é: oferecer ferramentas que possibilitem o conhecimento da 
intervenção profissional, nas diferentes dimensões, visando oportunizar as respostas profissionais 
demandadas pela sociedade. Possibilitar que os alunos reconheçam a consultoria em serviço social 
como estratégia e instrumento de trabalho, como disposto no Plano de Ensino. Dessa maneira, será 
possível capacitá-lo para atuação na área da assessoria e consultoria em serviço social.
InTroDução
Veja o texto a seguir:
A Social Consultoria é uma empresa atualizada e inovadora, que atua 
na área organizacional há mais de 15 anos. Contamos com uma equipe 
multidisciplinar em âmbito nacional com expertise nas questões sociais, 
previdenciárias e de clima organizacional. Nossa atuação está alinhada aos 
desafios contemporâneos utilizando-se de ferramentas e estratégias para 
soluções corporativas eficazes.
Nosso objetivo é prover aos clientes e seus colaboradores instrumentos de melhoria contínua, 
alinhando as atividades com o desenvolvimento corporativo a fim de promover qualidade de vida, otimizar 
a produtividade e lucratividade, favorecendo um excelente clima organizacional. Disponibilizamos aos 
nossos clientes um moderno sistema gerenciador de atendimentos via web, que possibilitará relatórios 
quali-quantitativos, com indicadores precisos da utilização dos serviços (SOCIAL, [s.d.]).
O texto foi extraído do site corporativo de uma empresa que há 15 anos presta consultoria e 
assessoria na área social. Apesar de composta de forma interdisciplinar, como sugere o próprio texto, ela 
9
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
conta com maioria de assistentes sociais atuantes. Portanto, representa um espaço sócio-ocupacional 
que cada vez mais vem sendo ocupado por nossa categoria profissional. 
Assim, precisamos compreender a assessoria e a consultoria em serviço social como um espaço 
de trabalho do assistente social na contemporaneidade. Para isso se faz necessário um passo inicial 
em nosso conhecimento e que se relaciona ao entendimento da categoria trabalho: a relação firmada 
entre o serviço social e o trabalho, ou seja, é necessário entender a assessoria e a consultoria como uma 
expressão do trabalho do assistente social na atualidade. 
Por ser trabalho, o serviço social também está sujeito a todas as mudanças e alterações que 
condicionam a classe que vive do trabalho na atualidade. A assessoria e a consultoria precisam também 
ser compreendidas nesse processo em que as mudanças contemporâneas influenciam nosso mercado 
de trabalho, nossa práxis e a realidade que nos cerca. Dentre uma série de alterações postas no mercado 
de trabalho do assistente social, destaca-se a necessidade da atuação como gestor em diversas áreas e 
espaços. 
Iniciamos nossas discussõesacerca da categoria trabalho para, na sequência, abordarmos também 
as mudanças atuais no mercado de trabalho de nossa profissão. Assim, poderemos apreender todas as 
questões que abarcam a prática do assistente social no âmbito da assessoria e da consultoria. 
10
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
11
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
Unidade I
Trabalho e serviço social: a profissão frente às transformações societárias recentes 
Prezado aluno, damos início a nossos estudos buscando entender a categoria trabalho e a sua 
relação com o serviço social. Na sequência, vamos voltar nosso olhar à compreensão sobre o ambiente 
organizacional no qual o serviço social vem sendo inscrito e as demandas postas à nossa profissão 
contemporaneamente, como a gestão social. 
1 TrAbAlho E SErvIço SoCIAl 
Sabemos que o assistente social é um profissional que se ocupa com as relações sociais, entre 
outras questões profissionais. No caso de nossa profissão, essas relações sociais são entendidas 
como expressões do atual estágio de desenvolvimento da sociedade capitalista. Atualmente 
vivemos o estágio monopolista ou imperialista. A seguir, nossas discussões acerca do período que 
estamos vivendo, com indicações para o desenvolvimento econômico, político e social.
 observação
é fundamental entender o serviço social como trabalho, portanto, 
inscrito nas relações de trabalho capitalistas.
Vivemos num cenário conturbado, com alterações significativas no quadro político-econômico 
mundial, que imprimem mudanças rápidas e complexas no mundo do trabalho, decorrentes da 
globalização, do neoliberalismo, da revolução informacional, da alta tecnologia, entre outros fatores 
que se originam do panorama cotidiano contemporâneo. 
Assim, cabe destacar que, de acordo com Netto (2001), atualmente o capitalismo vivencia a fase 
denominada monopólio. Nessa fase, o capital busca o controle dos mercados para manter elevada a 
extração do lucro. Em decorrência disso, são comuns as fusões e compras de empresas capitalistas 
privadas. Esse processo vem assentado no desenvolvimento e na expansão da tecnologia, da informática 
e da robótica, sendo que esses “fenômenos” também são meios usados pelo capital com a finalidade de 
ampliar o lucro.
Em virtude dessas mudanças, observamos que há uma ampliação do trabalho morto empreendido pelas 
tecnologias assentadas na informática e na robótica e, consequentemente, vemos a redução do trabalho vivo, 
expresso no trabalho desempenhado pelos seres humanos. Logo, temos a elevação do desemprego e uma 
massa de pessoas que não consegue mais atender às necessidades, muitas vezes de sobrevivência, como a 
alimentação. Por isso, temos uma ampliação da demanda que é posta ao assistente social. 
12
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
 Saiba mais
Por “exército industrial de reserva” nos referimos à população sobrante 
no capitalismo, ou seja, população que não consegue vender sua força de 
trabalho. Para entender mais, leia: 
NETTO, J. P. Capitalismo monopolista e serviço social. São Paulo: Cortez, 
2001.
Essas alterações emergentes ocorrem e interferem diretamente no espaço ocupacional do assistente 
social, implicando o desaparecimento de algumas funções tradicionais e o surgimento de novos 
paradigmas. Está se delineando um perfil profissional que ultrapassa as habilidades técnicas requeridas, 
no qual o assistente social é capaz de diagnosticar, intervir e propor, deixando de ser um mero executor. 
Tal mudança, somada à competitividade no mercado de trabalho, acaba por produzir duas categorias 
de profissionais: os qualificados e os sem qualificação para atuação segundo as exigências do mercado. 
 lembrete
O perfil do assistente social faz menção a uma série de habilidades 
requeridas a esse profissional frente à demanda que lhe é apresentada 
atualmente. 
A primeira categoria refere-se aos profissionais qualificados que são constantemente pressionados 
para manterem-se capacitados e atualizados, enquanto a segunda categoria permanece longe do 
mercado de trabalho. Este é estrito e cheio de exigências, dificultando a inserção do profissional 
desqualificado, deixando-o à margem do mercado, ou melhor, do seu espaço de atuação. 
Não colocamos aqui tal reflexão como uma constatação técnica e teórica, pois esses profissionais 
sentem no cotidiano e na prática as exigências e as solicitações que os provocam, deixando em evidência 
a necessidade que têm para adequarem-se, tomarem uma nova postura teórica e capacitarem-se 
tecnicamente, apoiados num projeto ético-político. 
Ao nos depararmos com vagas de empregos, a primeira exigência é mão de obra qualificada, o 
que significa que se buscam profissionais especializados, pois se trata de um mercado que exige um 
trabalho em quatro mãos, ou seja, quatro perfis em um único profissional: que tenha conhecimento 
e embasamento científicos e olhar crítico; que se aprofunde nas discussões sobre temas emergenciais e 
polêmicas da atualidade; que esteja dentro do contexto político, econômico e cultural; e com flexibilidade 
em buscar alternativas de ação em equipe e em rede. 
Com essas exigências, a pergunta é: que sinais esse mercado globalizado está colocando aos 
profissionais de serviço social, entre outros profissionais, num processo contínuo de novas configurações? 
13
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
Esses questionamentos devem ser respondidos pelos profissionais em curto prazo, pois algumas 
tendências estão se delineando: 
• a perda de vínculos trabalhistas para uma grande parcela da população, com o crescimento de 
trabalhos terceirizados, temporários e precários; 
• empregos estáveis para uma pequena e altamente qualificada parcela da população, com acesso 
a direitos trabalhistas e sociais. 
São esses os sinais do tempo e do espaço muito concretos que vivenciamos. Desse modo, novas 
tendências do mercado de trabalho devem ser objeto de reflexão dos assistentes sociais, tendo em 
vista saber analisar e intervir no foco central das transformações atuais, ou seja, a inter-relação entre 
empresa e indivíduo. 
 observação
A precarização do trabalho também afeta os assistentes sociais.
 Saiba mais
Para ampliar o conhecimento sobre as mudanças processadas no âmbito 
do trabalho, recomendamos a leitura do texto:
ANTUNES, R. Adeus ao trabalho: ensaio sobre as metamorfoses e a 
centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez, 2003.
Em O papel mediador em serviço social, Leandro (2011) aponta que é necessário que os profissionais 
de serviço social busquem novos caminhos e construam novos paradigmas compartilhados com 
comunidades científicas atendidas num plano estratégico para que as transformações ocorram de 
maneira eficaz, dando outra face ao serviço social e apresentando práticas inovadoras. Contudo, para 
isso é necessário: 
1. Ter competência na dimensão teórico-técnica e na dimensão política para gerar qualidade. 
2. Ser polivalente, ou seja, capaz de lidar simultaneamente com as demandas do mercado e atuar em 
rede com as demais políticas sociais. 
3. Ser um profissional informado e capacitado sobre os fatos políticos e econômicos e sobre a rotina 
de trabalho e setores afins, bem como estar atento às políticas internas e culturais das instituições onde 
estão inseridos. 
14
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5Unidade I
4. Ser um profissional articulador, empreendedor e flexível, que saiba atuar em parceria e fazer novas 
alianças com a rede. 
5. Ser um profissional compromissado com os princípios fundamentais éticos norteados pelo 
Código de ética Profissional, capaz de partilhar informações, decisões e, assim, incitar formas 
democráticas na gestão de políticas e programas sociais e empresariais (dependendo da área de 
atuação profissional). 
6. Ser um profissional atento a resultados, evidenciando-os na contribuição de seu trabalho no 
espaço de atuação, quando destacado na relação custo/benefício. 
7. Ser um profissional eficaz que atua multidisciplinarmente e apresenta resultados, competitividade 
e produtividade tanto para com a instituição, quanto para a população usuária. 
Trata-se de olhar para essas exigências do mercado de trabalho como algo atingível e possível, pois 
elas estão sintonizadas com as principais tendências profissionais de organizações da sociedade civil, 
do poder público, como também das empresas que favorecem profissionais que apresentam aspectos 
positivos intelectuais, sociais, educacionais, culturais, entre outros. 
Cada vez mais, as pesquisas comprovam o retorno do investimento em profissionais, em inteligências 
para elaboração de políticas e diretrizes políticas ou empresariais. 
Para melhor compreensão, deve-se entender que no mercado de trabalho o assistente social está 
sujeito a duas determinações históricas: 
• Estrutural: quando impõe aos profissionais de serviço social condições na divisão de trabalho e 
técnica, exigindo a prestação de serviço relacionado apenas à reprodução social. Isto é, quando a 
intervenção do profissional se dá no nível das condições sociais de existência da população usuária 
de tais serviços, na qual só se encaminha para programas de transferência de renda e entrega de 
cestas básicas. é o que pudemos ver nos espaços midiáticos sobre enchentes e deslizamentos de 
terra no verão de 2011, no estado do Rio de Janeiro, em que assistentes sociais fizeram cadastros e 
ofertaram “kits de sobrevivência” aos desabrigados. Isso caracteriza os profissionais como sujeitos 
“apolíticos” em face da primazia da concentração de riqueza e da rentabilidade que regem a 
ordem socioeconômica, que os coloca como subalternos no elenco das ocupações em geral em 
relação à política partidária. 
• Conjuntural: é quando os profissionais de serviço social ficam sujeitos às oscilações e mudanças 
no cenário contemporâneo no mundo do trabalho, sendo obrigados a “capacitar-se” de acordo 
com as normas dos processos de reestruturação produtiva nos mais diversos setores da atividade 
econômica, em face aos requerimentos da globalização. 
Faz-se necessário, portanto, que o profissional legitime socialmente a profissão por meio 
de um processo de qualificação profissional para que conquiste oportunidades no mercado de 
trabalho. Isso implica permanente negociação com a sociedade para dar visibilidade à profissão e 
15
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
às possibilidades de contribuição ao desenvolvimento social, cultural, econômico e político, não 
constituindo um processo linear e unidirecional, mas sim envolvendo um esforço dos atores e dos 
espaços onde atua, no sentido de introduzir, credenciar, legitimar e colocar a serviço da sociedade 
de acordo com o trabalho em quatro mãos. 
O trabalho do assistente social pode ir de encontro com as dimensões político-ideológicas, nas quais 
há um contraditório jogo de relações de poder entre os interesses do empregador e do seu público-alvo: 
as classes subalternas. Cabe ressaltar que essa dimensão política possui o rico potencial de promover a 
transposição da alienação do trabalhador; o assistente social deve refletir sobre as demandas impostas 
pelo capitalismo neoliberal e, assim, mobilizar seu público-alvo a lutar pelos seus direitos de cidadãos e 
a serem protagonistas de sua própria história. 
Iamamoto (2001, p. 20) reitera que o profissional de serviço social deve alterar o direcionamento 
de seu trabalho, sendo sujeito de sua ação, requalificando o fazer profissional, identificando suas 
particularidades e descobrindo novas alternativas, pois: 
um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é 
desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas 
de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir das 
demandas emergentes no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo 
e não só executivo. 
Para a autora, na atual conjuntura, o serviço social vem sendo tratado como um tipo de trabalho 
especializado que se realiza somente no campo de atuação de processos e nas relações de trabalho: 
práxis social. E, ainda, aponta que a prática profissional também é vista como condicionante 
interno e condicionante externo. O primeiro condicionante denominado como interno refere-
se a como o profissional vai desempenhar estratégica e tecnicamente sua ação e sua capacidade 
de realizar um diagnóstico da realidade. Já o segundo condicionante denominado como externo 
diz respeito a um conjunto de fatores que independe do profissional, pois se trata das relações 
de poder institucional, dos recursos que são colocados à disposição para execução dos trabalhos 
quando empregam os assistentes sociais, as políticas sociais específicas, os objetivos e as demandas 
do espaço empregador, a questão social da população usuária etc. Em síntese, a prática profissional 
é vista como a atividade do assistente social na relação com o usuário, os empregadores e os 
demais profissionais.
Devido a esses condicionantes, o assistente social deve focar o trabalho como participante no 
processo de trabalho, moldando-se em função das condições e relações sociais em que se realiza sua 
atuação, pois, durante a jornada de trabalho, a ação do assistente social submete-se às exigências 
impostas de seu empregador durante um tempo conforme as políticas, as diretrizes, os objetivos e os 
recursos da organização, e é no limite dessas condições que o profissional deve:
materializar a autonomia do profissional na condução de suas ações. 
O assistente social preserva uma condição relativa de independência 
na definição de prioridades e das formas doe execução de seu trabalho, 
16
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
sendo o controle do exercido sobre sua atividades distinto daquele a que 
é submetido, por exemplo, um operário na linha de produção (IAMAMOTO, 
2001, p. 95-97). 
A autora ainda fomenta que: 
As diretrizes ditadas pelas políticas sociais públicas ou empresariais, as 
relações de poder institucional, as prioridades políticas estabelecidas pelas 
instituições, os recursos humanos e financeiros que se possam mobilizar, as 
pressões sociais etc. — não se afiguram como “condicionante externo” ao 
trabalho social. Ao contrário, são condições e veículos de sua realização, 
indispensáveis como elementos constitutivos desse trabalho (IAMAMOTO, 
2001, p. 99-100). 
é nessa ótica do condicionante externo, cara às análises correntes da prática prisional, que vem 
sendo contestada e moldando tanto material quanto socialmente a ação do profissional do assistente 
social. 
Para melhor compreensão, cabe aqui dizer que o material (matéria-prima) do trabalho do assistente 
social são as questões sociais em suas múltiplas manifestações sociais – violência doméstica contra 
pessoas com deficiências e contra criança e adolescentes, relação de gênero, entre outros –, vivenciadas 
pelos sujeitos sociais em suas relações diárias e que respondem às ações, pensamentos e sentimentos 
desses sujeitos e que são abordados pelo profissional deserviço social em diversos recortes, delimitando 
o objeto de ação do trabalho profissional. Isto é, a questão social em suas variadas expressões é o objeto 
de trabalho do cotidiano do assistente social (IAMAMOTO, 2001). 
Para Faleiros (2001, p. 37): 
Questão social é tomada de forma muito genérica, embora seja usada 
para definir uma particularidade profissional. Se for entendida como 
sendo as contradições do processo de acumulação capitalista, seria, por 
sua vez, contraditório colocá-la como objeto particular de uma profissão 
determinada, já que se refere a relações impossíveis de serem tratadas 
profissionalmente, através de estratégias institucionais/relacionais próprias 
do próprio desenvolvimento das práticas do serviço social. Se forem as 
manifestações dessas contradições o objeto profissional, é preciso também 
qualificá-las para não colocar em pauta toda a heterogeneidade de situações 
que, segundo Netto, caracteriza, justamente, o serviço social. 
Para tanto, definir a questão social como objeto profissional do assistente social não estabelece a 
especificidade profissional. Contudo, o que Faleiros (2001) propõe é qualificar a questão social, o que 
significa abranger o que compete ao assistente social no âmbito dessa questão, isto é, entrarmos na 
discussão da expressão dela para não minimizar o espaço de atuação profissional. 
17
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
Nesse sentido, o objeto profissional deve ser inserido na teoria e na prática do serviço social, não 
sendo entendido de forma isolada, mas dentro do contexto padrão de conexão de forças, pois é esse 
objeto que define a delegação de poder do sujeito – seja no campo individual quanto no coletivo – na 
sua relação de cidadania, de identificação das discriminações, de autonomia. Isso vai ao encontro do 
(re)pensar como o objeto de serviço social vem sendo colocado e como podemos dar objetividade à 
atuação profissional. 
há nessa questão uma provocação aos profissionais de serviço social para que repensem como 
reconstruir o objeto profissional com a finalidade de garantir o processo de intervenção e as 
particularidades de cada situação que se insere no contexto em que atuamos profissionalmente. 
 observação
“Questão social é o conjunto das expressões das desigualdades da 
sociedade capitalista madura [...]” (IAMAMOTO, 2001, p. 27).
Basta ao assistente social ter como suporte instrumentos básicos de trabalho: a linguagem associada 
à sua formação teórico-metodológica, técnico-profissional e ético-política. Isso porque suas ações 
e atividades dependem da competência na leitura, do acompanhamento dos processos sociais e do 
estabelecimento nas relações e vínculos sociais com os sujeitos sociais (equipe, parceiros e público-
alvo). O assistente social é chamado a desempenhar sua função num trabalho coletivo, dispondo de 
autonomia ética e teórica, cujo produto em suas dimensões materiais e sociais “é fruto do trabalho 
combinado ou coorporativo, que se forja com o contributo específico das diversas especializações do 
trabalho” (IAMAMOTO, 2001, p. 107). 
Fica evidente que essas profundas modificações na técnica e na divisão social do trabalho – processo 
sob a hegemonia do capitalismo econômico – vêm provocando mudanças no perfil profissional exigido 
pelo mercado de trabalho no que diz respeito às funções e atribuições do profissional de serviço social, 
alterando suas formas aplicadas de produção e de gestão do trabalho. 
é forte, e ainda recorrente, o hábito histórico de vincular os profissionais do serviço social à 
”filantropia”, à ”caridade” e à ”ajuda”. Eles são, muitas vezes, chamados para ”solucionar problemas” 
e trabalhar nas consequências e não nas causas, sendo colocados à mercê de uma postura pontual e 
desarticulada com as demais ciências dos saberes e com os demais profissionais. 
A desmistificação das funções e atribuições do assistente social ocorrerá se o profissional se 
posicionar positivamente na relação contemporânea entre a sua atuação e o momento histórico, 
mostrando sua capacidade de articulação, de saber científico e de respostas criativas em face às 
demandas existentes no seu cotidiano; também é importante buscar parcerias com os movimentos 
sociais e com a rede de serviços que atua com políticas sociais de assistência social, de educação, 
de saúde etc. 
18
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
Para tanto, o assistente social deve dispor de condições mínimas de trabalho asseguradas pelas 
instituições empregadoras, que lhe permita proceder à escuta, reunião, contatos e encaminhamentos 
necessários para atuação técnico-operativa, em consonância com os artigos 4º e 5º do Código de 
ética Profissional, lei que regulamenta a atuação, as competências e a atribuição profissional. é 
necessário também que garantam recursos materiais e humanos para que o profissional atue na 
realização de forma competente e efetiva, possibilitando-lhe o exercício dos princípios e do sigilo 
profissional. 
Em geral, os profissionais de serviço social são contratados e assalariados, mas sabe-se que há 
profissionais que atuam na prática de caráter autônomo, legalmente reconhecido como profissional 
liberal. Contudo, mesmo com o fortalecimento da classe profissional de serviço social, apoiada no 
Código de ética Profissional e com a Resolução CFESS nº 418/2001, que dispõe da Tabela Referencial 
de honorários do Serviço Social, o salário dos assistentes sociais ainda não é respeitado de acordo com 
a referida tabela e está bastante inferior ao de outros profissionais, mesmo considerando a nova Lei nº 
12.317/2010 que estabelece a jornada de trabalho do assistente social para 30 horas semanais, sem que 
haja redução salarial. 
Mesmo com tantas dificuldades, o assistente social deve ser qualificado e ético, atendendo com 
competência às demandas geradas pelo mercado de trabalho. Para isso, o profissional deve saber decifrar 
e trabalhar pautado na ética, na cidadania e na política social, pois, no desenho concreto das solicitações 
que estão sendo feitas por esse mercado de trabalho exigente e estrito, o profissional poderá traduzi-las 
na concretização de ações proativas, voltadas para: 
• consultoria e assessoria aos gerentes nas questões relacionadas à administração pessoal e à 
implementação das políticas ora em curso; 
• gestão de serviços sociais; 
• implementação de programas com participação da população e/ou de empresas voltadas para: 
qualidade de vida do trabalhador, potencialização de talentos e protagonismo, ampliação e 
redimensionamento do sistema de benefícios e incentivos, meio ambiente, responsabilidade social 
e saúde ocupacional, entre outros. 
Dessas exigências emergiram novos temas que vêm sendo discutidos e pesquisados, na perspectiva 
de não apenas atendê-las, mas sim de colocá-las em prática fomentando a atuação profissional no 
limiar deste novo século. 
 lembrete
Perfil de profissional requerido: qualificado, que reforce e amplie a sua 
competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e 
decifra a realidade. 
19
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
1.1 o cenário atual e suas incidências na questão social
 observação
A questão social possui múltiplas formas de expressão. é um fenômeno 
gerado pelo sistema capitalista. 
Iniciaremos nossos estudos sobre as diferentes expressões da questão social geradas pelo 
capitalismo atualmente. Para isso, precisamos voltar nosso olhar para o desenvolvimento econômico 
em sua fase monopolista. Como sabemos, a partir da décadade 1970, o capitalismo assume sua 
fase monopolista que está assentada no controle dos mercados e também na ampliação do lucro. 
Uma das modalidades utilizadas para ampliar o lucro é a inserção da tecnologia no processo 
produtivo.
Assim, com as nanotecnologias instaladas sob o signo da informática e da robótica, a mão de obra 
trabalhista passa a ser supérflua e obrigada a se alojar na exclusão total do mercado de trabalho, forçada 
à exclusão social. 
Conforme nos coloca Forrestier (1997, p. 17): 
No atual modelo econômico que se instala no mundo sob o signo da 
cibernética, da automatização, das tecnologias revolucionárias, o trabalhador 
é supérfluo e está condenado a passar da exclusão social à eliminação. 
Na era da mundialização, do liberalismo absoluto, na era da globalização 
e a virtualidade, o trabalho é considerado como conjunto de empregos e 
assalariados, é um conceito obsoleto, um parasita sem utilidade, é a falta de 
humanidade de um sistema que lucra a partir da vergonha e da humilhação 
de milhares de desempregados por todo o mundo. 
Mesmo que toda a tecnologia tenha vindo para “facilitar” a vida dos trabalhadores, Kurz (1996) 
acrescenta, retomando a teoria de Marx, que o capitalismo começa a libertar o homem do sofrimento 
do trabalho, mas o escasso “tempo livre” é hoje um mero prolongamento do “trabalho” por outros 
meios, como prova a indústria da diversão. Na atualidade, a lógica do “trabalho” apoderou-se das esferas 
cindidas e insinua-se na cultura, no esporte e até mesmo na intimidade. 
Significa dizer que essa liberdade é camuflada, pois, se a intenção da tecnologia era “liberar” 
o trabalhador de seu trabalho para que utilizasse o seu tempo livre para o lazer e a cultura, ele, 
ao contrário, vem aproveitando esse tempo para trabalhar ainda mais, alienando-se no seu ofício 
e no uso excessivo das tecnologias existentes. Assim como Karl Marx se posicionou em relação à 
Revolução Industrial, Kurz (1996) retoma sua tese para explicitar que a nanotecnologia, a cibernética 
e a robótica vêm exercendo com a mesma intensidade o que os teares exerceram nos proletariados 
na Revolução Industrial. 
20
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
Cabe ressaltar que toda essa globalização é resultado da soma de forças significativas no cenário 
contemporâneo, segundo Eduardo Fonseca (apud ROSALEM; SANTOS, 2010) conhecidas como: 
• a terceira revolução tecnológica, que corresponde às tecnologias ligadas a processamento, 
transmissão e difusão das informações, inteligência artificial, engenharia genética; 
• a formação de áreas de livre comércio e blocos econômicos integrados, tais como: o Mercosul, a 
União Europeia e o Nafta; 
• a crescente interligação e interdependência dos mercados físicos e financeiros em escala planetária. 
Nota-se que o neoliberalismo surge como categoria que altera as dimensões, as funções e as 
orientações da política social fornecidas pelo Estado, que são bases para a atuação do profissional de 
serviço social, por exemplo: 
• Estado-mínimo e privatização: 
— quebra de monopólios;
— desregulamentação;
— desqualificação do servidor público; 
— pressão para abolir estabilidade; 
— acusação de “corporativismo”. 
Tais fatores enfraqueceram o Estado em consequência do neoliberalismo e das excessivas privatizações 
ocorridas na “Era FhC”. A política social passou das mãos do Estado para as das ONGs, igrejas, instituições 
filantrópicas, associações de moradores, fazendo com que ela perdesse seu caráter universal e focasse 
somente na população que se encontra em vulnerabilidade econômica. Portanto, o principal objetivo 
do neoliberalismo é maximizar os lucros das empresas privadas, e a esse critério todas as necessidades 
sociais ficam submetidas em função da economia. 
 observação
O desenvolvimento econômico capitalista amplia as expressões da 
questão social na contemporaneidade.
À vista do neoliberalismo, o mercado pode tudo e, nesse sentido, torna-se absoluto, não levando 
em conta que seu jogo livre deixa de garantir a satisfação das necessidades fundamentais de toda 
a população. Sendo assim, o mercado é incapaz de evitar a destruição de recursos naturais, o 
desaparecimento de programas de seguridade social, a não construção de moradia pelo Estado, a falta 
21
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
de controle de preços etc. Isso impõe ao cenário atual do “mundo do trabalho” políticas sociais que 
atingem a classe trabalhadora, como a redução de salários, o aumento dos preços de produtos e serviços 
básicos (transporte, água, luz, consulta médica), aumentando o desemprego e fomentando a exclusão 
social. 
 observação
Neoliberalismo é uma doutrina econômica que defende a absoluta 
liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a 
economia, só devendo ocorrer em setores imprescindíveis e, ainda assim, 
num grau mínimo.
Dessa forma, o Estado deixa de ser o grande empregador do serviço social devido ao intenso 
desenvolvimento do terceiro setor. 
Na década de 1990, o poder público era o maior empregador de profissionais de serviço 
social. Ainda hoje esse espaço tem a responsabilidade – em consonância entre as três esferas 
de governo (federal, estadual e municipal ou distrital) – de colocar a engrenagem das políticas 
de assistência social para funcionar, inclusive o monitoramento e a avaliação do terceiro setor. 
Contudo, nos dias atuais, os profissionais de serviço social são empregados, em sua maioria, pelo 
terceiro setor, seguido do Poder Público (assistência social, saúde e Poder Judiciário, formado 
pelo Ministério Público, Vara da Família, Vara da Infância e da Juventude). Este perdeu espaço 
por causa do neoliberalismo, modificou suas funções e tornou-se mais um espaço articulador do 
desenvolvimento social, sustentando-o para garantir o esforço dos cidadãos em se organizarem 
livremente no espaço público, que se amplia pelas novas formas atingidas pela participação. Assim, 
o Estado, como promotor do desenvolvimento, acaba por perder espaço para as organizações 
da sociedade civil que se articulam para além do Estado, formas antes nunca imaginadas de 
organização e participação social. 
Essa participação social ganha, nesse sentido, com mais intensidade, o conteúdo político e social, 
pois, justamente, é o campo da política social que articula e avança para criar novas formas de ampliação 
do espaço de liberdade humana e de democracia. 
 Saiba mais
A fim de ampliar a reflexão sobre as organizações não governamentais, 
recomendamos a visita ao site:
<http://www.abong.org.br/>.
22
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
Como já mencionado, cada vez mais o mercado de trabalho requisita dos profissionais de serviço 
social amplos conhecimentos na área social (conhecimentos da política pública e conhecimentos 
científicos). A despeito da relativa especialização que o próprio mercado assegura e que determinados 
postos de trabalho exigem, há procura de profissionais que saibam planejar e executar atividades e que 
visem assegurar o processo de melhoria na qualidade de vida da população usuária, bem como garantir 
o atendimento das necessidades básicas apoiados em um plano de ação ao usuário e dos segmentos 
que se encontram em vulnerabilidade biopsicossocial em relação às crises econômicas existentes na 
sociedade contemporânea. Isso faz com que o profissional de serviço social, apoiado num projeto ético-
político, demonstre que está capacitado. 
Mesmo com o processo no qual se encontra a política de assistência social na contemporaneidade,está longe de se esgotarem as possibilidades profissionais de serviço social nos órgãos públicos, pois 
cada vez mais cresce o número de exigências nas políticas de assistência social e há, ainda, um grande 
contingente de concursos públicos nas três esferas de governo. 
Mas qual é o papel reservado às profissões sociais, inclusive ao assistente social no limiar deste novo 
século? 
Com tantas conquistas (como o movimento de reconceituação do serviço social e o fortalecimento 
da política de assistência social enquanto política pública após promulgação da Constituição Federal 
de 1988), podemos notar que, com o capitalismo neoliberal, a ciência passa de condição de suporte 
oferecido aos estudos e às ações profissionais para agente direto de acumulação, isto é, passa a ser 
algo sem utilização. Isso faz com que o progresso científico e tecnológico reduza o trabalho social 
necessário à produção de riqueza e à sobrevivência da sociedade contemporânea. Entretanto, esse 
processo capitalista neoliberal existente não acompanha os avanços correspondentes nos planos sociais 
e éticos e também não assegura a sobrevivência da grande massa populacional que vive em situação de 
vulnerabilidade biopsicossocial, lançando um número alto de pessoas na contramão da cidadania e dos 
direitos humanos. 
No entanto, o serviço social vem enriquecendo desde a implantação da Lei Orgânica de Assistência 
Social – Lei nº 8.742, em 1993; passando pela implantação do Sistema Único de Assistência Social – 
SUAS, em 2005; até os dias atuais com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais em 2009, 
ora em curso. Vivemos num processo de descentralização e de municipalização. 
Dessa forma, dos profissionais que atuam na área social destaca-se aqui o assistente social. Ele deve 
se apresentar como um crítico das condições sociais ao deparar-se, cotidianamente, com os dilemas 
da exclusão social e suas diversas faces e formas de manifestação, recorrendo ao saber científico na 
condição de suporte para: refinar sua capacidade de análise; aguçar sua consciência crítico-política; 
aprimorar seus instrumentos de intervenção técnica e profissional; fortalecer suas alianças e redes 
sociais; associar seu projeto profissional às lutas amplas pela democratização social, cultural, política e 
econômica da sociedade; e saber defender-se como um profissional que necessita de espaço adequado 
para qualificar sua atuação de trabalho. 
23
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
 observação
é fundamental ao assistente social a apreensão de todos os aspectos 
relacionados ao espaço organizacional onde sua prática é desenvolvida. 
Chegamos num ponto importante e crucial desta unidade: olhar para os espaços organizacionais 
(Estado, empresas privadas e organizações não governamentais) de laboração para o assistente social, 
nos quais vem atuando de forma bastante fortalecida. 
Contudo, muitos profissionais, ao terminarem a graduação, deixam de olhar para as empresas 
privadas como um espaço rico de atuação. 
Como exemplo disso, a área empresarial de recursos humanos vem empregando assistentes sociais, 
pois se trata de uma área que já se afigurou como um dos maiores setores de comércio, indústria e 
serviços, e ainda abre espaço para atuação desse profissional. 
Assim como outros espaços organizacionais de trabalho, a empresa solicita e valoriza profissionais 
com habilidades e conhecimentos para o planejamento estratégico, conhecimento em marketing e na 
responsabilidade social e ambiental, para que se desenvolvam atividades de assessoria e consultoria. 
Observa-se que o mercado de trabalho para os profissionais de serviço social vem crescendo 
significativamente nos últimos cinco anos. Segundo o Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, esse 
crescimento é um reflexo da evolução das políticas públicas, principalmente da política de assistência 
social e da saúde, além de outras leis que surgiram na década de 1990 e que fortaleceram a atuação 
profissional do assistente social. 
O impacto que o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) fez com que o mercado de trabalho 
olhasse diferente para o serviço social, pois, desde 2005, com a implementação do SUAS descentralizando 
serviço, foram criados em todo território brasileiro, até meados do ano de 2010, cerca de 5.142 centros 
de referência da assistência social (CRAS – proteção social básica) e outros 1.434 centros de referência 
especializados da assistência social (CREAS – proteção especial social: média e alta complexidade). Cada 
espaço emprega dois profissionais de serviço social, segundo o Ministério de Desenvolvimento Social 
e Combate à Fome. há também oferta de empregos nas ONGs que vêm crescendo no Brasil e com a 
implementação dos centros de atendimento psicossociais (CAPS, que se originam do Sistema Único de 
Saúde – SUS).
Até 2005 havia, segundo dados do CFESS (2006), 84 mil profissionais de serviço social cadastrados 
nos Conselhos Regionais de Serviço Social e que se encontravam ativamente trabalhando no Brasil. A 
maioria encontrava-se empregada no setor público, no caso 78,16%, dos entrevistados. Destes, 40,97% 
estavam vinculados a entes municipais e apenas 24% estavam vinculados a instituições estatais, ao 
passo que apenas 13% atuavam em instituições federais. Os demais profissionais, ou 20%, estavam 
distribuídos entre instituições privadas e organizações não governamentais. 
24
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
Nota-se que a empregabilidade de assistentes sociais em empresas privadas teve um aumento 
devido à adoção das ações de responsabilidade social, o que vai além de um “modismo”, conforme nos 
aponta Gomes (2005). é, na verdade, um olhar responsável sobre o social, e o profissional de serviço 
social qualificado encontra-se pronto para atuar nessa área. 
Com o crescimento de empregos no mercado de trabalho para os profissionais de serviço social e com 
toda a mudança que vem ocorrendo, as organizações empresariais – pela modernização organizacional 
ou pelo processo de reestruturação produtiva decorrente do processo capitalista neoliberal – estão 
propondo novas formas de produzir trabalhos, estratégias de controle social e produtivo, de gestão dos 
recursos humanos, participação e de compromisso com seus funcionários, além de se colocarem como 
empresas “responsáveis socialmente”. 
Por trazer essas novas oportunidades ao mercado de trabalho, muitas empresas têm sido objeto de 
estudos e pesquisas sobre o tema responsabilidade social, sob o olhar do serviço social. Novas expressões 
da questão social são vivenciadas no contexto empresarial, o que demonstra que os espaços de atuação 
para profissionais compromissados, éticos e capacitados vislumbram soluções adequadas, desde que 
se trate de profissionais que vão além do imediatismo e do pragmatismo da organização, que estejam 
atentos, saibam intervir e adotem estratégias qualificadas, embasadas em pressupostos éticos que 
orientem a ação e a postura profissional. 
O exercício profissional está situado no desempenho das funções, informações referentes aos direitos 
sociais, elaboração de estudos e de parecer e/ou laudo social, articulação com a rede e parcerias, tendo 
como base os pressupostos da responsabilidade social e a missão do espaço onde atua. 
Segundo nos afirma Netto (1996, p. 89): 
[...] as profissões não são só os resultados de processos macroscópicos. 
Devem também ser tratadas, cada qual, como corpus teórico e político que 
condensam projetos sociais, onde emanam dimensões ideológicas que dão 
a direção aos mesmos processos sociais. 
Significa dizer que o assistente social deve conquistar e avançar no exigente mercado detrabalho, atendendo às exigências para ocupar o espaço organizacional tão cobiçado pelos 
profissionais graduados em serviço social. Mas só a formação acadêmica não basta, é necessário 
que o profissional se especialize, aprenda a dialogar com outros saberes e outras profissões, 
apreendendo novos conhecimentos e tendo reflexões críticas para que possam competir 
paralelamente com outros profissionais. 
Koike (1997) aponta que o mercado de trabalho solicita aos assistentes sociais que sejam profissionais 
críticos, com competência, apoiados em fundamentos teórico-metodológicos, instrumentos técnico-
operativos e em projetos ético-políticos, com habilidade, flexibilidade, criatividade e capacidade de 
mediar, negociar, argumentar e resolver frente às dificuldades que vão se apresentando, além de saber 
atuar inter e transdisciplinarmente no campo da consultoria. 
25
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
No pensamento do autor, o profissional de serviço social deve ir além da teoria apreendida na 
graduação; ele deve se especializar, ter conhecimento das questões sociais atuais, seja mundial ou 
territorial, e conhecimento de línguas estrangeiras e de informática, para que fique em sintonia com as 
mudanças e se qualifique continuadamente. 
A ética das profissões não está dissociada do contexto sociocultural e do 
debate filosófico. A ética profissional guarda uma profunda relação com a 
ética social e, consequentemente, com os projetos sociais. Não há, portanto, 
um hiato entre a ética profissional e a ética social, pois seria cindir a própria 
vida do homem na sua totalidade, isto é, em seus diversos pertencimentos: 
trabalho, gênero, família, ideologia, cultura, desejos etc. Na verdade, é o 
“homem inteiro”, na acepção luckacsiana, que participa da cotidianidade. 
Isso significa que o homem, no processo de produção de sua vida material e 
cultural, constrói valores que passam a nortear as relações consigo mesmo 
e com os outros homens, constituindo-se, assim, como sujeito ético no 
processo de sociabilidade (BRITES; SALES apud BARROCO, 2004, p. 9). 
Após trazermos um contexto histórico do cenário político e social e como o serviço social encontra-
se inserido nesse cenário, trataremos dos novos espaços da atualidade desse profissional no limiar deste 
século e dos séculos futuros. 
O espaço de trabalho de um profissional de serviço social deve ser trilhado cotidianamente para 
além da formulação das políticas públicas, da execução das atividades e da gestão dessas políticas; 
necessita que o assistente social saiba identificar as possíveis mudanças que ocorrem nas instituições 
e organizações, possíveis e necessárias mediações. Ainda, que saibam fazer uma leitura e análise 
desse contexto conjunto da realidade que constituem demandas potencializadoras de novas e futuras 
conquistas e de direitos sociais e, até mesmo, de novos serviços e projetos. 
Dessa forma, a ação profissional do assistente social pode e deve ser expressa por meio da consultoria 
e da assessoria em gestão pública e responsabilidade social: na fiscalização, formulação e gestão dos 
projetos e políticas sociais, sempre em equipe multidisciplinar, interdisciplinar e/ou transdisciplinar, 
principalmente nos projetos de responsabilidade social. 
Esses novos desafios, que os profissionais devem encarar de forma bastante amadurecida, somam-
se à garantia ao cerne do balanço social das organizações em que atuam, para que se fomentem 
instrumentos, que apresentem resultados e informações verdadeiras, difundindo os direitos, a cidadania 
e a responsabilidade social. 
Vasconcelos (1998, p. 101) acrescenta: 
[...] a conjuntura neoliberal impinge a busca de novas formas de acumulação 
como garantia de concentração e acumulação de riqueza cada vez maiores, 
impondo aos intelectuais discordantes dessa direção a necessidade premente 
da sua crítica radical, e ainda, para os assistentes sociais, a urgência de 
26
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
projetar sua ação profissional, tendo em vista uma participação consciente 
e de qualidade no enfrentamento desse quadro. 
Ou como nos coloca Iamamoto (2001), os assistentes sociais atuam na contracorrente do pensamento 
neoliberal e hegemônico no Estado brasileiro, já que primamos em nossa profissão pela ampliação dos 
direitos sociais dos segmentos vulnerabilizados pela sociedade capitalista contemporânea, sempre 
atentos ao disposto no projeto ético-político constituído por nossa categoria.
 Saiba mais
Recomendamos a leitura do texto:
NETTO, J. P. A construção do projeto ético-político do serviço social. 
Serviço Social e Saúde: Formação e Trabalho Profissional, 1999. Disponível 
em: <http://www.fnepas.org.br/pdf/servico_social_saude/texto2-1.pdf>. 
Acesso em: 29 nov. 2014.
1.2 o serviço social, o ambiente organizacional e suas demandas
Sob as determinações do cenário político, econômico e social na contemporaneidade, as demandas 
expostas ao Serviço social vem se (re)configurando e dialeticamente se reconstruindo. Essas demandas 
se apresentam no ambiente laboral e organizacional onde o assistente social é atuante.
Frente a esse cenário, as empresas, os órgãos públicos (de acordo com as políticas sociais instituídas) 
e as ONGs encontram-se preocupadas em fazer uma nova definição e em integrar ao recurso humano 
do espaço as políticas públicas implementadas e as estratégias da organização para fomentar as 
ações internas. Nesse escopo, o profissional de serviço social não pode fugir dessas novas exigências, 
pois é com ele que, muitas vezes, esses espaços contam para (re)pensar o planejamento estratégico 
e organizacional. 
Tais demandas na atuação dos assistentes sociais exigem desses profissionais conhecimentos 
para responder às informações políticas do espaço em que atuam de forma coerente. Eles devem ter 
competência para executar suas atividades com agilidade e coerência, sempre com reflexões críticas, 
ofertando à população usuária atendida/acompanhada um ambiente salubre e agradável. Eles também 
devem se fazer entender por meio de uma comunicação clara e fluente, além de saber trabalhar em 
equipe para obter êxito, apoiando-se nas metas que o espaço de trabalho oferta em busca de qualidade 
e produtividade. 
Nota-se que as empresas privadas, os órgãos públicos, as ONGs e os serviços que contratam 
consultores e assessores exigem e solicitam profissionais com conhecimento e com flexibilidade. 
Cesar (1998, p. 188) acrescenta que: 
27
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
Neste contexto atual, a flexibilidade do trabalho se dá com base na racionalização 
da produção e na intensificação do ritmo de trabalho que, na ótica das políticas 
de gestão, convertem-se em objeto das estratégias empresariais para enfrentar 
o desafio da competitividade no mercado globalizado. Assim, emergem novas 
formas de consumo da força de trabalho, mediadas pelo uso de novas tecnologias 
e pela disseminação de outro éthos do trabalho. 
Os profissionais de serviço social se defrontam com exigências de uma nova “cultura de trabalho”, 
principalmente no segundo setor que requisita integração organizada, habilidade na execução das 
tarefas e trabalho multidisciplinar na efetivação e no trabalho que deve ser executado. 
Cesar (1998, p. 126) destaca que: 
O assistente social, pelo reconhecimento do seu trabalho integrado, é requisito 
para atuar no segundo setor para satisfazer “necessidades humanas”, 
contribuindo para a formação da sociabilidade do trabalhador de modo a 
colaborar na formação de um comportamentoprodutivo compatível com 
as atuais exigências das empresas. Essas exigências sugerem que o serviço 
social é considerado como instrumento promotor da adesão do trabalhador 
às novas necessidades destas. Para tanto, refuncionalizam suas demandas 
profissionais sob o “manto” da inovação e da modernização. 
Percebemos, segundo o destaque de Cesar (1998), que, mesmo com o impacto tecnológico nas 
demandas dos profissionais, estes estão indo além do seu espaço institucional; estão exercendo funções 
de assessoramento às diretorias de empresas privadas e, por que não dizer, às diretorias das organizações 
da sociedade civil, o chamado terceiro setor. 
há ainda assistentes sociais que desempenham atividades “tradicionais”, mas há profissionais que 
já vêm atuando pautados no gerenciamento de pessoal, mesmo sem se desvincular da área de recursos 
humanos das empresas, marcando sua multifuncionalidade e horizontalização de suas atividades, 
propiciando confiança, aprendizado e crescimento dos funcionários e colaboradores, que são requisitos 
importantes para essas empresas. 
Para tanto, exige-se que o profissional seja qualificado e apresente capacitação técnica, conhecimento 
de política pública e privada, conhecimento teórico e esteja qualificado e capacitado, pois lidará com 
informações somadas a tecnologias, para lidar com gerenciamento e estratégias que busquem aumento 
na qualidade e na produtividade. 
Fortalecendo a discussão, apoiamo-nos ainda em Cesar (1998, p.116). Ele defende que os profissionais 
devem: 
Trabalhar, dentro de uma visão holística, o indivíduo com suas demandas, por 
meio de programas, projetos em serviços, numa perspectiva de superação 
de fetiches e aspectos do senso comum que dificultam a compreensão da 
28
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
rotina institucional e o enfrentamento das situações nas esferas da vida: 
família, trabalho e sociedade. 
E acrescenta que o assistente social deve: 
Perceber as alterações no clima social da empresa, que influenciam 
diretamente no clima organizacional, tendo condições, a partir destas, 
de propor estratégias que venham a contribuir de forma positiva para 
o bom clima da organização. As demandas dos assistentes sociais 
vão além do espaço institucional, pois os profissionais têm exercido 
funções como a de consultoria e de assessoria aos membros das 
diretorias (CESAR, 1998, p.117).
é nesse viés que o serviço social deve se encontrar e exercer sua função social, assumindo competências 
importantes, como gestar estratégias políticas e administrativas. 
Gentilli (1998, p. 139) nos apresenta a seguinte argumentação para fortalecer a discussão em 
questão: 
[...] aos profissionais do campo privado, há sinalização para uma posição 
menos imobilista. Neste, os profissionais acenam para a possibilidade de 
criação de alternativas de ação que superem as atuais funções práticas 
da profissão. Os profissionais assinalam a necessidade de se conduzirem 
com eficiência e eficácia no desempenho de seu papel profissional de 
problematizar as políticas sociais, não só em função das demandas dos 
usuários; das questões postas pela conjuntura e pela formação profissional; 
mas também respondendo a demandas do empregador por controle 
e disciplina da força de trabalho, no processo produtivo. é inevitável 
reconhecer que os ditames da mediação social são melhor compreendidos 
pelos profissionais que atuam no campo empresarial. 
Um bom exemplo é a área empresarial de recursos humanos, que exige e acaba por reforçar a 
produtividade do profissional no processo produtivo, estimulando-o a acreditar e a participar desse 
processo que reflete suas escolhas e necessidades. 
Para tanto, o assistente social precisa compreender que, para fomentar sua ação, deve saber dialogar 
com o ambiente organizacional por meio do conhecimento do clima social que, segundo Chiavenato 
(1995, p. 77), “refere-se ao ambiente interno das organizações onde o serviço social atua e está ligado 
e relacionado ao grau de motivação de seus participantes”. E é denominado por Luz (1996, p. 21) como 
sendo: “[...] a qualidade ou a propriedade do ambiente organizacional que é percebida ou experimentada 
pelos membros da organização; influenciando seu comportamento”.
Assim, um estado psicológico e social do indivíduo ou grupo ou comunitário vivenciado é 
determinado pela sua vivência, decorrente da motivação humana de acordo com o ambiente 
29
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
organizacional; o mesmo ocorre nos centros dos espaços organizacionais de laboração com seus 
funcionários. 
hall (2004, p. 204) já expõe que: 
[...] Num ambiente organizacional existem seis tipos de dimensões que 
são as tecnologias: política, legal, econômica, demográfica, ecológica e 
cultural [...], porém a dificuldade encontra-se em diferenciá-las e descrevê-
las de maneira útil, pois tal dificuldade acontece porque uma dimensão 
ultrapassa a outra, não possibilitando que saibamos onde uma começa e 
a outra termina nos ambientes organizacionais, obrigando o profissional 
a selecionar quais os aspectos relevantes dessas dimensões para análise e 
tomada de decisão, fazendo com que as organizações criem, inventem ou 
construam seus próprios ambientes. 
Para que essa criação, invenção e construção aconteçam, segundo hall, as organizações vêm 
apoiando-se em modelos de escolas “prescritivas” da estratégia, da abordagem, da dependência de 
recursos e ecologia da população de forma racional. 
Ao utilizar a decisão estratégica decorrente da análise racional dos ambientes, obteremos inúmeros 
vieses de informações do ambiente (DAFT; WEICK, 1987), e a própria racionalidade limitará as tomadas 
de decisão (SIMON, 1970), mesmo que utilizemos dados ambientais objetivos. Isso ocorre porque as 
organizações são pressionadas pelos ambientes que impõem demandas técnicas e econômicas, tanto na 
forma cultural quanto na forma social, a fim de se tornarem, segundo DiMaggio e Powel (1983, p. 77): 
homogêneas, que se denomina isomorfismo, sendo este entendido como 
processo que força as organizações a se modificarem e a se harmonizarem 
às características e condições do ambiente. Resultando tanto em demandas 
competitivas técnicas, que assumem um pressuposto racional e enfatizam 
a competição do mercado, mudanças de nicho e medidas de adequação; 
quanto em demandas institucionais que fazem com que as organizações 
incorporem aspectos institucionalizados no âmbito da sociedade, 
promovendo e garantindo legitimidade às suas ações. 
Já Scott (2001), num estudo mais recente, considera que as pressões políticas nascem da crise 
do desemprego, de práticas inovadoras e da redução dos contribuintes que apoiam as práticas 
tradicionais e usuais. Oliver (1992) aponta e considera que as pressões sociais ocorrem nas 
organizações quando estas não são agentes proativas da institucionalização e nem pretendem 
abandonar e rejeitar o tradicionalismo institucional, não aceitando as mudanças que ocorrem nas 
leis, história e até mesmo nas expectativas societárias, desencorajando ou proibindo uma nova 
prática institucional. 
Levando em consideração os apontamentos dos autores, a análise de pressões permite ao 
profissional do segundo setor, incluindo o do serviço social, a identificar forças que causam essas 
30
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
pressões e a formação de um campo. Nesse sentido, devemos, principalmente, para fomentar a ação 
do assistente social, recorrer aos stakeholders para que se possa identificar as informações corretas e 
gerarelementos para uma análise mais abrangente que fortalecerá a ação profissional. 
 observação
Stakeholder faz menção aos grupos de interesse com os quais 
a organização se relaciona e que são afetados por suas atividades: 
funcionários, acionistas, fornecedores, comunidade, governo etc. 
Recorrendo ao ambiente organizacional, é possível criar um clima. é por isso que o profissional de 
serviço social deve se direcionar a um novo rumo à prática do assistente social que é: 
Focar o trabalho profissional como partícipe de processos de trabalho 
que se organizam conforme as exigências econômicas e sociopolíticas 
do processo de acumulação, moldando-se em função das condições e 
relações específicas em que se realiza, as quais não são idênticas em 
todos os contextos em que se desenvolve o trabalho do assistente social 
(IAMAMOTO, 2001, p. 95). 
Portanto, significa dizer que o exercício independe da profissão, mas o serviço social dispõe de 
autonomia, compromisso com valores e princípios éticos que norteiam a ação profissional, disposto no 
Código de ética Profissional, não se engessando ao ambiente e ao clima impostos pela organização em 
que atua. 
é necessário, ainda apoiando-se em Iamamoto (2001, p. 114), que o assistente social saiba:
Decifrar os determinantes e as múltiplas expressões da questão social, 
eixo fundante da profissão, é um requisito básico para avançar na 
direção indicada. [...] Pois, a expressão da questão social é o processo 
de produção e reprodução da vida social na sociedade burguesa, da 
totalidade histórica concreta [...], que se orienta no sentido de captar 
as dimensões econômicas, políticas e ideológicas dos fenômenos que 
expressa, a questão social [...]. 
No campo empresarial, além da área de recursos humanos, observa-se a expansão de um novo tipo 
de ação profissional, conhecida como “empresa cidadã” ou “empresa solidária”, que investe em projetos 
sociais comunitários considerados de interesse público. 
Outro campo de destaque é a gestão social pública que se abre a um conjunto de especializações 
profissionais e que indica a tendência de se aplicar a qualificação profissional no mercado de trabalho 
competitivo que exige níveis de aperfeiçoamento na formação acadêmica e profissional. 
31
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Consultoria em trabalho soCial
São nesses espaços de ambiente e climas ocupacionais que o assistente social se depara 
com as portas abertas desde que o profissional apresente-se com o perfil descrito acima e 
venha marcando território em processos organizacionais e na formação política de segmentos 
diferenciados de trabalhadores. Segundo dados extraídos do site do CFESS, os profissionais vêm 
atuando em: 
• realização de consultorias em gestão pública, meio ambiente e/ou responsabilidade social e 
supervisão técnica; no campo da política pública, movimentos sociais e no campo empresarial; 
• contribuição na formulação, gestão e avaliação de políticas, programas e projetos sociais; 
• atuação na instrução de processos sociais, sentenças, decisões, especialmente no campo social e 
jurídico; 
• realização de estudos socioeconômicos e orientação a indivíduos, grupos, famílias, principalmente 
nas classes subalternas, impulsionando a mobilização social desses segmentos; 
• realização de práticas educativas em vários temas, como: sexualidade, movimento social, direitos 
humanos, perícia social, entre outros; 
• formulação e desenvolvimento de projetos de pesquisas e de atuação técnica; 
• realização de atividades na docência acadêmica universitária, direção, coordenação e supervisão; 
• participação em orçamentos participativos, conselhos que deliberam e fiscalizam a política 
pública, capacitam conselheiros de outros saberes, elaboram planos de assistência. 
Para tanto, é necessário e merece destaque, novamente, que o profissional de serviço social, 
independente do ambiente organizacional: 
Realize um trabalho que zele pela qualidade dos serviços prestados e pela 
abrangência no seu acesso, o que supõe a difusão de informações quanto 
aos direitos sociais e os meios de sua viabilização [...], pois o assistente social 
dispõe de relativo poder de interferência de critérios técnico-sociais que 
regem o acesso do público-alvo aos serviços prestados pelas instituições, 
organizações sociais e privadas (IAMAMOTO, 2001, p. 145). 
Cabe ainda ressaltar que, para fomentar a ação profissional no cenário competitivo do 
mercado de trabalho, os assistentes sociais devem ser comprometidos e capazes de sintonizar com 
o ritmo das mudanças no cenário social contemporâneo em que tudo que é “sólido desmancha 
no ar” (IAMAMOTO, 2001, p. 145). Assim, os profissionais devem se inserir como pesquisadores 
nesse contexto, e investindo em sua formação intelectual e cultural para acompanhar melhor 
as mudanças que ocorrem, extraindo potenciais propostas de trabalho, transformando-as em 
“novas” alternativas profissionais. 
32
SS
OC
 -
 R
ev
isã
o:
 C
ar
la
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: F
ab
io
 -
 1
5/
01
/1
5
Unidade I
2 AS TEnDênCIAS nA árEA DE GESTão E A ConTrIbuIção Do SErvIço 
SoCIAl
A sociedade do século XXI tem sido fortemente marcada pelas desigualdades socioeconômicas e 
devastada pelo desemprego devido ao cenário neoliberalista. 
A área social foi a que mais sofreu com esse enorme impacto para defender-se do Estado-mínimo, 
que seleciona as políticas sociais naturalizadas. Desde então, esse modelo está vigente em nossa sociedade 
e origina a crise que assola os países desenvolvidos, desde 2008. Uma transição do modelo de Estado-
mínimo para um Estado interventor é sinalizada como forma de buscar novas formas de acumulação de 
bens, fazendo com que o Estado mude sua estratégia de ação frente à economia e ao social. Isso conteria 
os impactos das crescentes crises e, assim, o Estado continuaria a ser vinculado ao sistema capitalista. 
Para melhor compreensão, retomaremos um pouco da história socioeconômica no Brasil. No final 
da década de 1970, o neoliberalismo se instalou por aqui e entraram em cena alguns atores sociais. O 
crescimento gigantesco de instituições privadas e da sociedade civil (ONGs) fez com que elas passassem 
a intervir no social, desenvolvendo políticas sociais nas mais diversificadas expressões da questão social. 
Já na década de 1980, especificamente em 1988, colocava-se um fim na ditadura militar com a 
promulgação da Constituição Federal que garante os direitos constitucionais da população brasileira. 
Contudo, encontrávamo-nos no auge do neoliberalismo e, em contradição, o Estado não atendia às 
demandas sociais de forma universalista, conforme preconiza a Constituição Federal de 1988: uma 
contradição! 
Assim, surgiram cooperativas e associações no final da década de 1980 e início de 1990 para responder 
às demandas sociais e com a alegação de que o Estado não abrangia totalmente as exigências sociais. 
O Estado passou a defender o surgimento de organizações da sociedade civil, alegando que dividiria 
a responsabilidade das demandas sociais com esse setor e que seria o responsável por financiar as 
intervenções do terceiro setor, o que seria uma terceirização dos serviços públicos. Logo, as empresas 
privadas passaram a intervir também nas demandas sociais como forma de buscar um perfil mais 
comunitário, rendendo-lhes credibilidade e visibilidade. 
Contudo, o Estado deixou de ser o principal ator nos atendimentos às demandas sociais, que sempre 
foi e é de sua responsabilidade, e passou a fornecer condições para que as empresas privadas e as 
organizações não governamentais atuassem de forma complementar às suas ações. 
Cabe ressaltar que a sociedade civil deve cobrar esse posicionamento do Estado para que ele se 
responsabilize

Outros materiais