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Livro texto Consultoria em Trabalho Social II

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Unidade II
Unidade II
A consultoria como espaço qualificado de reflexão e intervenção do serviço social 
Discutiremos acerca da relação estabelecida entre o serviço social e sua atuação prestando assessoria/
consultoria. Para isso, iniciamos com um breve percurso do desenvolvimento histórico de nossa profissão 
no Brasil. 
5 O ServiçO SOcial na aSSeSSOria e cOnSultOria
 Observação
O serviço social brasileiro, como profissão, surgiu em meados de 1930.
O serviço social surgiu no Brasil nos anos 1930 como formação técnica especializada, no ápice da 
revolução industrial e urbana. A primeira escola de serviço social do país foi fundada em 1936, em São Paulo. 
É interessante observar que a primeira turma dessa escola formou-se em 1938 e era composta somente por 
mulheres. Isso não foi por acaso. Há que se ter presente a influência do repertório valorativo da Igreja Católica, 
que, em relação à educação, por exemplo, não admitia a formação conjunta entre os sexos. 
O discurso da oradora dessa turma, Lucy Pestana da Silva (1938, p. 29-30), já manifestava atenção 
em relação à determinada condição de mulher e a implicação desta no campo do serviço social naquele 
período.
Neste contato, porém, um aspecto bom veio juntar-se: a mulher aprendeu a 
tomar uma atitude mais definida em face da vida. Uma corrente, procurando 
igualar o papel social feminino ao papel masculino [...] definiu-se de modo 
falso e errôneo. Ao seu lado, porém, outra mentalidade surgiu: a de formar 
a personalidade feminina, dando-lhe pleno desenvolvimento, tornando-a 
apta a cumprir de modo eficaz o seu papel dentro e fora do lar. [...] Costuma-
se ver o padrão da civilização do povo pelo nível de formação feminina. É 
desse aspecto que falo em segundo lugar. Se são muitas hoje na carreira 
que se nos oferecem não me parece feminino torná-las indistintamente. 
De acordo com a sua natureza mulher só poderá ser profissional numa 
carreira em que suas qualidades se desenvolvam, em que sua capacidade de 
dedicação e de devotamento seja exercida. [...] Como educadora é conhecida 
a sua missão. Abre-se-nos agora, também, como movimento atual, mais 
um aspecto de atividades: o serviço social, que apresenta alguns setores 
especiais de atividade feminina. 
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Consultoria em trabalho soCial
A qualificação em serviço social, portanto, nem sempre era condição suficiente para o exercício da 
profissão, pois se havia alguns setores especiais de atividade apropriadas às assistentes sociais femininas, 
outros se constituiriam apropriados ao masculino, o que evidencia como as relações de gênero foram 
constituintes desse campo profissional e esboroa, em parte, a “imagem feminina” de que foi revestido.
Em março de 1938, na cidade de São Paulo, à mesma época que se realizava a solenidade de colação 
de grau das primeiras assistentes sociais diplomadas no Brasil, iniciava-se o ano letivo da primeira turma 
mista da ESS/SP. Os cursos mistos foram criados para atender a uma solicitação do Departamento de 
Serviço Social do Estado de São Paulo, que necessitava, para alguns de seus serviços, de assistentes 
sociais masculinos.
Durante a formação dos assistentes sociais na ESS/SP, foi sendo gestada a constituição de um 
espaço de formação exclusivamente masculino, o Instituto de Serviço Social de São Paulo, fundado 
em março de 1940 – primeira unidade de ensino, desse campo profissional, masculina da América 
Latina (BERTELLI, 2009).
Bertelli (2009) nos diz ainda que isso ocorreu para que homens pudessem compor a categoria 
profissional sem preconceitos. O serviço social desvencilhava-se, assim, da ideologia católica para 
formarem-se profissionais de ambos os sexos, mas continuou sendo uma profissão formada, em sua 
maioria, por mulheres. 
Mesmo com todo esse modelo histórico tradicional (prática burocratizada, empirista e paliativa), 
o serviço social no Brasil, por meio de sua categoria profissional formada predominantemente por 
mulheres, iniciou um processo de questionamento a essas bases tradicionalistas, ainda, infelizmente, 
apreendidas pela sociedade. Com esse questionamento, a categoria procura distanciar-se desse modelo, 
iniciando, assim, o processo de renovação crítica da profissão, apoiada na conjuntura sócio-histórica e 
contextual, fundamentada na teoria e na prática do método dialético de Marx.
Para ocorrer esse processo histórico de renovação crítica da profissão, o serviço social pontuou e 
denunciou o conservadorismo tradicionalista, entre as décadas de 1960 e 1980, sob a influência do 
movimento da reconceituação latino-americana (GUIDORIZZI, 2008).
No Brasil, o movimento de reconceituação é compromissado com os interesses dos sujeitos 
sociais, intervindo por meio de pesquisas, qualificação na formação acadêmica e com a 
interlocução com outros saberes das ciências, constituindo uma ruptura com o modelo tradicional 
e apropriando-se de uma nova roupagem, identidade e ações para a consolidação e ampliação da 
cidadania e da democracia. 
Desde então, a atuação dos assistentes sociais no primeiro, no segundo e no terceiro setores, 
e também como prestadores de serviços, é orientada para formular, gestar e intervir nas políticas 
públicas. Os profissionais também atuam como consultores e assessores, auxiliando gestores e 
derrubando o mito de caridade e paternalismo, demonstrando, assim, que o profissional de serviço 
social é um estrategista social. 
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Unidade II
Vejamos as principais áreas de atuação em que o assistente social vem sendo requisitado a atuar, 
inclusive por meio da prestação de assessoria/consultoria. 
Na área do desenvolvimento da sustentabilidade pública, o serviço social vem subsidiando os 
órgãos públicos na formulação de políticas sociais e na gestão de pessoas. O mesmo acontece nas 
corporações: ao subsidiar as formulações de política de gestão das pessoas, é possível demonstrar a 
ambos os setores os impactos e os indicadores de resultados de produtividade, qualidade, imagem 
corporativa e lucratividade, auxiliando nas decisões estratégicas proativa e preventivamente. 
Nesse novo fazer, o assistente social vem sendo compreendido como um profissional de habilidades 
que sabe identificar condicionantes internos e externos e como gestor que sabe diagnosticar e 
enfrentar situações sociais de risco. Ele também sabe analisar ações integradas em rede apoiadas na 
transdisciplinaridade, que significa transpassar e transitar pelas fronteiras disciplinares, isto é, colocar em 
conexão os conhecimentos já produzidos e, por meio da articulação e da qualidade dialógica, produzir 
novos conhecimentos. 
Serviço Social
Objeto de estudo
História Psicologia
Antropologia
Direito
Figura 2 – Prática transdisciplinar 
Além disso, o assistente social precisa estar sempre atualizado, pois sua prática deve ser pautada em 
pactos e normas globais, o que tem relação direta com a área social e ambiental sob o mesmo patamar.
Nas últimas décadas, temos nos deparado com o “despertar” de organizações para a cidadania 
empresarial, de acordo com a gestão social. Referimo-nos às empresas privadas e às ONGs, que vêm 
desempenhando responsabilidade social – sem segundas intenções e de forma séria e coerente –, 
tendo em sua equipe técnica o profissional de serviço social, pois se trata de uma categoria profissional 
socialmente responsável tanto em sua atuação com o público interno como também com o público 
externo de interesse das organizações. 
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Consultoria em trabalho soCial
 Observação
Refilantropização faz menção às novas formas de filantropia gestadas 
no mundo e no Brasil.
No processo de refilantropização, de que nos falou Iamamoto (2001), no as empresas privadas e 
organizações não governamentais passam a atuar na área social por meio de uma série de projetos 
sociais. Essa nova configuração das empresas oferece ao profissional um novo espaço laboral, muitas 
vezes por meio de assessoria e de consultoria. 
Outro ponto importante a ser colocado aqui é que são alvos da ação dos profissionais de serviço 
social tanto o terceiro setor como também o público-alvo, que demandaram ações inclusivas e efetivas 
de projetos desenvolvidos. O profissional, para desempenhar o papel na gestão social em consultoria 
e assessoria, necessita profissionalizar-se em gestão e em voluntariado, pois eles recebem assessoria e 
consultoria na formulação de projetos sociais. 
Desde a década de 1990, a consultoria e a assessoria vêm sendo abordadas e praticadas por 
assistentes sociais para melhorar estrategicamente as políticas públicas e aperfeiçoar a profissão. Assim, 
o profissional de serviço social se coloca no papel de executor, de gestor e elaborador de políticas sociais. 
Para compreender melhor a inserção da consultoria e da assessoria no papel do assistente social, é 
preciso voltar um pouco na história literária do serviço social. 
Na década de 1980, começaram a aparecer na literatura do serviço social questões sobre o tema 
assessoria. Vieira (1981) escreveu o primeiro artigo que retratava a supervisão. Nesse artigo, a autora 
apresentava experiências vivenciadas pelos cursos de serviço social do Brasil e a importância da assessoria 
para os profissionais da área. 
Somente após a promulgação da Constituição Federal de 1988 cresceu o interesse e se deu a devida 
importância a esse tema, que afirma a política de assistência social como política social no Brasil, além 
de fomentar a criação da LOAS, que oferece diretrizes para a profissão do serviço social. 
 Observação
Também é possível realizar consultoria em políticas sociais públicas e 
privadas. 
Na atualidade, a temática continua presente, mas é pouco problematizada pelos profissionais que 
atuam nessa área e estão inseridos nesses processos. Os profissionais que estão em outras atuações têm 
apenas o conhecimento de que a assessoria e a consultoria se dão na perspectiva da política pública e 
na política privada. 
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Unidade II
Os temas assessoria e consultoria vêm crescendo, mas pouco se tem de literatura no serviço social. 
Isso faz com que muitos profissionais que atuam nesse ramo procurem em outras literaturas das áreas 
do saber, como administração, comunicação social, antropologia e sociologia, entre outras ciências, 
informações para fundamentar sua ação. 
 Saiba mais
Recomendamos a visita ao site: <http://www.caranconsultoria.com.
br/>, pois será possível uma aproximação a uma prática desenvolvida na 
área de consultoria.
Cabe ressaltar, entretanto, que o exercício de assessoria/consultoria está fortemente ligado 
ao status de reconhecimento intelectual que se dispensa ao profissional assessor/consultor. Esses 
profissionais estão ligados às ações desenvolvidas com conhecimento na área em que atuam e 
tomam como objeto de estudo de ação a realidade em sua totalidade e a realidade que estão 
inseridos para fundamentar seu trabalho. Isto é, o assessor não atua como interventor, mas 
traça caminhos e estratégias para que os profissionais e/ou equipe que está assessorando tenha 
autonomia e capacidade para realizar a leitura e implementar a ação/projeto, sempre monitorado 
pelo assessor/consultor. Sem contestação, o assessor/consultor desempenha um papel intelectual 
vinculado à proposta para a qual foi contratado. 
 lembrete
O assistente social que atue como consultor no terceiro setor precisa 
profissionalizar-se em gestão e em voluntariado. 
Vimos, no início desta unidade, o conceito de assessoria e de consultoria, mas para fixação seguem 
as distinções entre elas. 
Consultoria é mais pontual, por assim dizer, que a assessoria que remete à ideia de auxiliar. Para 
fundamentar os conceitos de consultoria, dialogamos com Vasconcelos (1998, p. 128-129), que expõe: 
Amiúde para que uma equipe ou assistente social (primeiro, segundo ou 
terceiro setor) solicite um processo de consultoria a outros profissionais 
de serviço social ou de outras áreas, é necessário que já se tenha passado, 
ainda que precariamente, pela elaboração de um projeto de prática, 
objetivando o encaminhamento deste. [...] As assessorias são solicitadas ou 
indicadas, na maioria das vezes, com o objetivo de possibilitar a articulação 
e a preparação de uma equipe para a construção do seu projeto de prática 
por meio de um expert que venha auxiliá-la teórica e tecnicamente. 
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Consultoria em trabalho soCial
Contudo, cabe aqui ressaltar que assessoria não é sinônimo de supervisão, não é um trabalho 
hipotético ou temporário e não deixa de ser uma assistência social. 
Segundo Vieira (1981, p. 108): 
O que distingue assessoria da supervisão é sua natureza temporária, 
eventual (o supervisionado procura o assessor quando necessita) e ampla 
liberdade do assessorado em aceitar ou não, em seguir ou não as indicações 
do assessor. Mais do que supervisor, o assessor tem autoridade de “ideias”, 
ou de ”competências”, e não ”de mando”. 
Logo, assessoria e consultoria em serviço social, segundo Mattos (2010, p. 31), constitui-se em “ação 
desenvolvida por profissionais com conhecimentos na área, que toma a realidade como objeto de estudo 
e detém uma intenção de alteração da realidade”. 
 lembrete
O assistente social, para ser um bom assessor/consultor, precisa realizar 
um diagnóstico sobre os condicionantes internos e externos do lócus de 
sua atuação. 
O assistente social deve refletir e aprimorar-se constantemente sobre as particularidades que envolvem 
o fazer profissional, levando em conta os condicionantes internos e externos, estudados anteriormente, 
pois dizem respeito ao contexto social no qual o assistente social está inserido. O profissional deve 
compreender que o exercício da profissão como trabalho exige mudanças de concepções devido às 
transformações constantes que ocorrem no cenário contemporâneo, e ele precisa acompanhá-las. 
Iamamoto (2001, p. 95) explica tal particularidade: 
Geralmente é chamado de prática e corresponde a um dos elementos 
constituídos do processo de trabalho que é o próprio trabalho. Mas para 
existir trabalho são necessários os meios de trabalho e a matéria-prima ou 
objeto sobre o que incide a ação transformadora do trabalho.
Mesmo ao desempenhar assessoria e consultoria, o assistente social intervém nas múltiplas questões 
sociais em sua totalidade, carregadas de contradições que demandam sua ação profissional. Por isso 
essa atividade requer que o profissional de serviço social apresente habilidades e estratégias focadas na 
garantia de direitos, conforme nos mostra Vasconcelos (1998, p. 123) por meio de sua reflexão sobre o 
agir e o pensar do serviço social nos processos de consultoria e assessoria: 
Diante da complexidade das situações vivenciadas pela categoria [serviço 
social], considero a assessoria e a consultoria necessárias, possíveis e viáveis, 
ainda que reconheçamos que não sejam suficientes, nem possamos assegurar 
as reais consequências de um processo que envolve unidades formadoras 
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de meio profissional, nas suas respectivas complexidades e diferenças, mas 
antes de tudo na sua unidade. 
A atuação em assessoria e consultoria vem sendo ampliada em seu espaço de trabalho e ação 
profissional, pois suas ações estão relacionadas: à implantação e orientação de conselho nas três 
esferas de governo de políticas públicas; à capacitação de conselheiros, que encontram nelas espaços 
para fiscalizar e formular essas políticas; elaboração de planos, também nas três esferas de governo; 
acompanhamento, monitoramento e avaliação de projetos e programas sociais. Esses trabalhos e 
ações são resultados de exigências de qualificação profissional, tais como: 
• domínio para realização de diagnósticos socioeconômicos dos espaços governamentais e não 
governamentais; 
• leitura e análise de orçamentos públicos governamentais e não governamentais;
• identificação de recursos disponíveis para tencionar suas ações profissionais; 
• domínio nos processos de planejamento organizacional e, principalmente, estratégico;
• competência no gerenciamento de monitoramento e avaliação de programas e projetos sociais; 
• capacidade de negociação. 
Os aspectos da atividade de assessoria e consultoria, recursos utilizados pelos profissionais de serviço 
social e/ou equipes, estão objetivados numa prática pensada e projetada, isto é, o profissional que não 
projeta e não produz a sua prática não leva adiante sua tarefa, nem mesmo as tarefas burocráticas 
(VASCONCELOS, 1998). 
Essa nova atividade de assessoria/consultoria contribui, por assim dizer, para a categoria profissional 
de serviço social, pois ocorrem enfrentamentos diversos das questões sociais dentro desse universo, 
o que auxiliará toda atividade de assessoria/consultoria. O profissional vai aprimorando seu trabalho, 
técnica e, teoricamente, a cada ação desenvolvida vai qualificando as ações do profissional atuante e 
também para a categoria. 
A assessoria e a consultoria estão direcionadas em trazer a totalização da metodologia da prática 
profissional com a intenção de apontar, resgatar e trabalhar as lacunas, os limites, os recursos e 
possibilidades da equipe, socializando conteúdos, instrumentos de investigação e análise. Isso para 
que, mais adiante, se produzam estudos e análises que fazem parte do papel profissional do assessor/
consultor, abrangendo respostas concretas e imediatas de que necessita e respondendo às demandas 
que a realidade impõe à sua ação (VASCONCELOS, 1998). 
A assessoria, nesse contexto, deve ser desenvolvida conforme a ação profissional também da 
equipe que vem sendo assessorada, revelando competências de cada uma das partes. É necessário 
estar atento às atividades de estratégias da assessoria, sem reduzi-las, para que o assessorado 
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execute as ações de acordo com o assessoramento. Por isso, as proposições de estratégias, a crítica, 
a busca das alternativas, a formulação das políticas, a avaliação e o monitoramento desenvolvidos 
como ação pelo serviço social são um processo de reflexão a ser elaborado pelo assessor e pelo 
assessorando. 
Fica evidente que o profissional de serviço social que atua em assessoria e consultoria, segundo 
Fonseca (2005, p. 14), vem sendo chamado para:
• Pensar a prática, o que significa analisar e entender as contradições 
da realidade dos espaços profissionais ocupados pelo serviço social, 
elaborar estratégias e ações para enfrentá-las, visando uma ação 
profissional pensada, consciente. 
• Conservar as preocupações éticas do fazer profissional através da 
preservação de espaços de exercício democrático e de viabilização do 
projeto ético-político profissional nas mais variadas esferas de sua 
atuação. 
• Estabelecer uma relação horizontal entre assessor e assessorado, sem 
considerar o primeiro como superior em detrimento do segundo. Deve 
sim abranger os dois polos interagentes, em que assessorado e assessor 
contribuem com o universo de seus respectivos conhecimentos para 
o alcance de um único objetivo. Nesse processo o assessor contribui 
por ser um agente externo com um olhar diferenciado e especializado 
sobre a questão problemática; enquanto o assessorado contribui 
com o mapeamento das demandas e a facilitação das informações 
mais íntimas a ele em suas rotinas, necessárias à desconstrução 
do problema. Ao assessor cabe a responsabilidade de verificar a 
amplitude do trabalho e dar um diagnóstico a respeito, atestando 
a real necessidade dele ou não. Muitas vezes o encaminhamento 
prático que uma determinada equipe espera ou indica não é aquele 
que o assessor irá propor para se alcançar determinados objetivos 
de maneira mais eficaz e eficiente. Esse olhar é que singulariza a 
atividade do assessor. 
Ratifica-se que é necessário que o assistente social em sua atuação como assessor, e também como 
consultor, se adeque às exigências do mercado e tenha habilidades teóricas e técnicas. O assistente 
social deve apresentar competência para atuar na atividade de assessoria/consultoria para não se perder 
na oportunidade de trabalho que poderá bater à sua porta tanto na sua área como em outras áreas que 
podem se favorecer da particularidade do trabalho do assistente social. 
Essa diversificação de demanda do profissional de serviço social abrange campos de “pesquisa, 
planejamento, capacitação, treinamentos, gerenciamento de recursos e projetos e a assessorias e 
consultorias” (IAMAMOTO, 2002, p. 80). Cada vez mais, essas demandas e os campos vêm se expandindo, 
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fazendo crescer os trabalhos, as parcerias institucionais (tanto no setor privado quanto no público), e 
agregam-se à assessoria os movimentos parlamentares e sociais e as organizações sindicais.
Para tanto, cabe ressaltar os fatores que determinam a assessoria/consultoria para ficarmos atentos 
a essas demandas. Conforme nos expõe Fonseca (2005, p. 14): 
Primeiro fator: aspectos da estrutura de organização do trabalho, em que 
as equipes não conseguem ter tempo, ou condições de fugir da rotina de 
trabalho para adquirirem determinada competência, que poderia exigir 
às vezes um ano de capacitação, formação ou treinamento. A assessoria 
cumpriria esse papel de uma forma mais rápida e mais urgente. 
Segundo fator: quando as dinâmicas institucionais não favorecem o 
avanço de determinadas questões, que precisa de um agente externo que 
auxilie nesse processo de conseguir um conhecimento, um olhar diferente 
sobre a realidade. 
Terceiro fator: um aspecto de ordem social, que é a exclusão de certos 
segmentos daquela tecnologia ou daquele conhecimento, que só pode ser 
acessado com a ajuda da assessoria. 
Cabe, então, dizer que é importante a condensação de reflexões sobre assessoria/consultoria e a 
sistematização dos desafios que essas experiências apontam. Esse caminho merece ser sempre alimentado 
com estudos, análise crítica da realidade e capacidade de proposições, pois, segundo Iamamoto (1979, p. 
79), o assessor/consultor deve ser: “um profissional informado, culto, crítico e competente”. 
 Saiba mais
Recomendamos a leitura do texto a seguir para aprimorar as discussões 
sobre a atuação do assistente social como assessor e/ou consultor:
GIAMPAOLI, M. C. Serviço social em empresas: consultoria e prestação 
de serviço. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 114, jun. 2013. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
66282013000200004&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 1 dez. 2014. 
5.1 as possibilidades da atuação profissionalna área da assessoria/
consultoria 
A assessoria/consultoria possibilita aprofundar a passagem entre o conhecimento teórico e a 
renovação crítica das suas estratégias técnico-operativas da profissão: desafio do atual projeto do 
assistente social. 
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Consultoria em trabalho soCial
Analisa-se ainda que a demanda de assessoria/consultoria do serviço social vem sendo um processo 
de trabalho para a profissão, pois essas atividades são consideradas de forma indireta nas prestações 
de serviços a órgãos governamentais, não governamentais e empresas privadas, conforme já citamos 
anteriormente. O profissional responsável pela execução dessa atividade instrumental, normalmente, 
não tem vínculo empregatício e atua como prestador de serviço para a organização demandatária. 
A assessoria/consultoria, mesmo em outros espaços, como nas universidades, conselhos tutelares, 
conselhos municipais (de descentralização e fiscalização), empresas, ONGs, órgãos públicos, entre 
outros, encontra o ambiente a ser desenvolvido pelos assistentes sociais no conjunto das atribuições 
que efetuam em seus locais de trabalho. Os assistentes sociais podem ser excelentes assessores, desde 
que garantam a sua capacitação profissional continuada, esta, aliás, uma necessidade intrínseca para 
atuação competente em qualquer área de trabalho. A formação profissional e a experiência possibilitam, 
especialmente, um domínio sobre as políticas sociais e de práticas educativas com a população. 
Se observarmos a atual Lei de Regulamentação da Profissão, Lei nº 8.662/1993, identificamos o 
exercício da assessoria/consultoria como uma atribuição privativa do assistente social e também como 
uma competência desse profissional: 
Art. 4º Constituem competência do assistente social: 
VIII – prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública 
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às 
matérias relacionadas no inciso II deste artigo; 
IX – prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria 
relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, 
políticos e sociais da coletividade; 
Art. 5º Constituem atribuições privativas do assistente social: 
III – assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e 
indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de serviço social 
(BRASIL, 1993).
Partindo disso, temos trabalhado com a perspectiva de que existem na atualidade três frentes de 
assessoria, em potencial, a serem desenvolvidas e/ou aprofundadas pelos profissionais de serviço social 
(MATTOS, 2009). 
No campo das atribuições privativas, identificamos como importante reforçar e ampliar as atividades 
de assessoria dos assistentes sociais aos profissionais da mesma profissão. Essa frente de assessoria visa 
qualificar a intervenção profissional e traz o compromisso, em tese, da universidade com a formação 
profissional continuada dos assistentes sociais. 
Análise relevante sobre essa frente de assessoria é desenvolvida por Vasconcelos (1998). A partir de 
uma reflexão sobre a dicotomia entre teoria e prática na profissão e preocupada com a viabilização de 
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um projeto profissional competente que se posicione contra o avanço do projeto neoliberal, a autora 
propõe como caminho uma articulação concreta entre a academia e o meio profissional. 
Para tanto, segundo a autora, faz-se necessário romper com o raciocínio, na profissão, de que em 
um espaço se elabora teoricamente e, em outro, aplica-se/intervém-se. É nessa perspectiva que a autora 
propõe como caminho a assessoria e/ou consultoria como uma estratégia possível. 
Na perspectiva de Vasconcelos (1998), a assessoria/consultoria seria um desdobramento de 
uma relação mais próxima entre a academia e o meio profissional, por meio da disciplina “estágio 
supervisionado”, pois é no trabalho de supervisão que os docentes envolvidos tomam contato com 
a realidade institucional e, a partir daí, podem pensá-la e problematizá-la. Também nesse processo 
é possível ao assistente social tomar contato (e interagir) com o debate posto na academia. 
Almeida (2010) trata da experiência de assessoria aos profissionais de serviço social por meio da 
disciplina “estágio supervisionado”, articulada ao projeto de extensão que coordena. Interessante, 
porque nessa sua proposta os alunos de serviço social integram junto com o autor a equipe de 
assessoria. 
No campo das competências profissionais, identificamos duas frentes de assessoria/consultoria. 
Uma delas, os profissionais de serviço social vêm desenvolvendo mais: a assessoria à gestão das políticas 
sociais. 
Atualmente, várias são as experiências de assessoria prestadas por assistentes sociais aos diferentes 
sujeitos envolvidos nessa área, como aos gestores públicos, privados e filantrópicos; aos conselhos 
tutelares, conselhos de direitos e de políticas; aos profissionais que atuam nos setores públicos e 
privados; aos movimentos sociais, entre outros. 
É importante que os integrantes da categoria profissional tenham clareza dos objetivos e intenções 
dessa demanda e sobre os contraditórios interesses de assessoria, desenvolvida por Freire (2010), por 
meio da sua experiência de assessoria a empresas, gestores e trabalhadores. 
A outra frente de assessoria das competências profissionais é a assessoria à organização política dos 
usuários. Essa rica frente pode ser desenvolvida no bojo das atividades que os profissionais de serviço 
social desenvolvem nos seus locais de trabalho. Ela tem potencial, mas é pouco explorada.
Para que a assessoria não seja uma ação eventual ou um acúmulo de trabalho, é necessário que 
haja um grande debate sobre seu exercício profissional. Essa frente de assessoria pode aprovar uma 
contribuição concreta da categoria por meio do seu exercício profissional, para a rearticulação e/ou 
fortalecimento dos movimentos sociais. 
A assessoria deve privilegiar os usuários dos serviços das organizações, buscando seu fortalecimento, 
como um desdobramento da natureza do serviço social, que é buscar a viabilização dos direitos dos 
usuários e intermediar seu acesso aos serviços e políticas sociais. 
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A demanda por assessoria/consultoria aos assistentes sociais deriva de sua própria dinâmica na 
atuação profissional, que também interage com constantes e novas necessidades reivindicadas pela 
população ou instituição. 
Visualizar o assistente social como prestador de serviços de assessoria, remete-nos à necessidade 
de melhor preparo técnico, teórico e o comprometimento ético-político. A categoria deve mobilizar-se 
para a ocupação desse novo espaço que se abre no mundo do trabalho. 
O momento atual exige um profissional que apresente propostas e não apenas tenha o papel 
de executor, que seja capaz de desenvolver projetos de trabalho, negociá-los com empregadores 
e seja apto a defender seus espaços ocupacionais em um mercado cada vez mais competitivo, 
conforme destaca Iamamoto (2001). Ou seja, o profissional deve estar capacitado para formular, 
gerir, programar, monitorar e avaliar políticas e projetos sociais, elaborar estudos e pesquisas, e 
assessorar movimentos sociais e conselhos de políticas sociais e de defesa de direitos, contribuindo 
para a implantação e o funcionamento do processo de acessibilidade às políticas sociais. 
A demanda por assessoria à gestão das políticas sociais é solicitada por diversos sujeitos representantesdo Estado, dos poderes executivo, legislativo e judiciário, conselheiros de direitos e de política, gestores 
empresariais, profissionais que atuam nos setores públicos e privados etc. 
Essa demanda expressa o reconhecimento da capacidade profissional do assistente social. 
Netto (1996) afirma que isso é reflexo da atuação profissional exclusivamente pautada na 
execução terminal das políticas sociais para uma atuação profissional competente na gestão da 
totalidade do processo da política social, incluindo as suas dimensões de formulação, gestão e de 
sua operacionalização. 
Nesse conjunto de habilidades e competências profissionais, os espaços que contratam os 
assistentes sociais para atuarem como consultores/assessores passaram a colocar de lado os 
modelos hierárquicos rígidos fundamentados em cargos, substituindo-os por modelos de trabalho 
em equipe, criatividade, dinamismo e inovação: combustíveis para que se apresentem resultados 
dentro da economia contemporânea. Isso acontece, principalmente, nos espaços empresariais 
(segundo setor) para que se permita que os profissionais, sejam os funcionários que prestam 
consultoria/assessoria interna, ou o assessor/consultor externo, fundamentem-se em movimentos 
estratégicos. Sendo a competitividade a palavra de ordem dentro do mercado de trabalho, a visão 
estratégica tem um peso determinante. 
Nesse caso, o profissional deve saber gestar por competência – gestão organizacional –, tendo 
como referência a estratégia da organização, que direciona as ações, o treinamento e o fortalecimento 
com as parcerias, as alianças e fundamentando a rede para alcançar os objetivos organizacionais. É a 
competência que define o conjunto de habilidades, conhecimentos e experiências acumulados pelo 
profissional. Eles devem ser reconhecidos pela liderança e empregados de forma a oferecer resultados 
positivos para espaços de atuação de assessoria e consultoria. 
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5.2 espaços de atuação de assessoria/consultoria do serviço social 
O serviço social é uma profissão regulamentada como liberal e tem autonomia, conforme vimos 
anteriormente, para gerir seu atendimento aos públicos-alvo, sejam eles indivíduos ou grupos sociais. 
Agora, trataremos do elemento central do serviço social: os espaços de atuação de assessoria e 
consultoria existentes para os assistentes sociais no primeiro, segundo e terceiro setores. Contudo, deve-
se ressaltar que esses espaços não são de exclusividade do serviço social, pois há espaços de processos 
de trabalhos coletivos que não foram elaborados por esse profissional, mas isso não implica a perda da 
autonomia ética e técnica que o assistente social possui (IAMAMOTO, 1999). 
Iamamoto (1999) ainda aponta que mesmo que os assistentes sociais estejam inseridos nesses 
espaços de processo de trabalho coletivo, eles precisam se questionar sobre como devem atuar sem 
perder sua particularidade e identidade profissional. 
Por serem diversos os espaços onde os profissionais de serviço social, sem perder sua identidade 
profissional, podem desenvolver a atividade de assessor/consultor, esta se apresenta como recurso 
estratégico de intervenção profissional. 
5.3 atuação nas universidades 
No espaço universitário, o profissional intervirá por meio da sólida base teórico-metodológica e 
uma experiência prática diversificada e consistente, pois é o lugar onde ocorrem reflexões e discussões 
que possibilitam o aprofundamento da teoria-prática. O acesso a esses debates contemporâneos da 
categoria profissional oferece oportunidade à implementação das atividades de assessoria/consultoria, 
proporcionando a articulação dos conteúdos teórico-empíricos, as atividades de pesquisa, ensino e 
extensão. 
Sendo a universidade um organismo de formação de indivíduos e também de grupos sociais no 
que diz respeito ao conhecimento e aos valores quanto à produção de conhecimento, esta também 
auxilia no processo de construção de visão de mundo. Iamamoto (2000, p. 163) considera que ao espaço 
acadêmico: 
Remetem à formação de profissionais qualificados para investigar e 
produzir conhecimentos sobre o campo que circunscreve sua prática, de 
reconhecer o seu espaço ocupacional no contexto mais amplo da realidade 
socioeconômica e política do país teórica e metodologicamente (e, portanto, 
tecnicamente) para compreender as implicações de sua prática, reconstituí-
la, efetivá-la e recriá-la no jogo das forças sociais presentes. 
Então cabe dizer que a assessoria/consultoria no espaço acadêmico acontece como forma de 
articulação teoria/prática no âmbito da universidade; e por meio das atividades de pesquisa, ensino e 
extensão para que o discente desenvolva e entenda os conteúdos teóricos que o habilitarão e ampliarão 
o seu conhecimento teórico para prestar a atividade de assessoria/consultoria. 
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Essa qualificação, segundo Iamamoto (1999, p. 202), implica: 
Uma estreita articulação entre as atividades de pesquisa da realidade que 
é objeto de intervenção, o ensino teórico – adensando referências para a 
análise das condições e da dinâmica da ação profissional – e o treinamento 
para o fazer profissional. 
Decorrente desse importante espaço de atividade de assessoria/consultoria, desenvolvido pelos 
docentes, Fonseca (2005, p. 22) aponta:
Que com o avanço tecnológico e científico, torna-se necessária uma 
série de novas atribuições e competências ao assistente social, que 
irão instrumentalizá-lo a tratar das demandas a ele apresentadas. 
Compreendemos que as implicações advindas desse processo contribuem 
para a reflexão do profissional sobre a importância de se ter uma 
intervenção mais qualitativa e um direcionamento teórico-metodológico 
e ético-político mais efetivo. 
Fundamentando, apresentamos Cardoso (1997, p. 32), que expõe: 
O serviço social vem acumulando acervo de conhecimento teórico-político 
e de técnicas de intervenção que é caudatário do conhecimento social 
gerado pela e sobre a sociedade e se concretiza na intervenção do serviço 
social enquanto campo de habilidades e de saberes que expressam um 
determinado reconhecimento social do trabalho profissional. 
Significa, então, dizer que as atividades no espaço acadêmico propiciam, segundo Fonseca 
(2005, p. 23): 
O acesso dos alunos aos níveis de conhecimento mais complexos, que 
exigem um grau maior de elaboração e podem ser produzidos e socializados 
através da atividade experimental de assessoria, visando à qualificação de 
todas as esferas do trabalho profissional. 
É importante ainda colocar que o distanciamento dos assistentes sociais já formados da universidade 
faz com que, muitas vezes, se desqualifiquem por não acompanharem as literaturas, que vão surgindo 
decorrentes das necessidades da realidade social que estão em constante movimento. 
Segundo Fonseca (2005), esse espaço de conhecimento fornece capacitação continuada, além 
de ofertar aos alunos e aos novos alunos de pós-graduação a possibilidade de reger o conhecimento 
que, coligado à longa investigação da proposta apresentada pela universidade, produzirá resultados 
anteriormente imaginados. Essa perspectiva é manifestada na legislação das Diretrizes Curriculares 
Nacionais do curso de Serviço Social: 
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Prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública, empresas 
privadas e movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais e 
à garantia dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade(CRESS, 2001, 
p. 333). 
Portanto, o serviço social proporciona uma dinâmica na vida social dos alunos por meio do ensino-
aprendizagem, e estabelece parâmetros curriculares para que esses alunos estejam preparados e 
implicados na capacitação teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa, para melhor 
“enfrentar” o tão exigente mercado de trabalho.
Esta nova estrutura curricular deve refletir o atual momento histórico e 
projetar-se para o futuro, abrindo novos caminhos para a construção de 
conhecimentos, como experiência concreta no decorrer da própria formação 
profissional. Esta é a grande moldura da configuração geral das diretrizes 
gerais aqui expressas (ABESS/CEDEPSS, 2001, p. 100). 
Considerando as competências regularizadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de 
Serviço Social e pela Lei de Regulamentação Profissional, o assistente social está habilitado ao exercício 
da função (CRESS, 2001), inclusive no que diz respeito ao conteúdo da assessoria e da consultoria. 
5.4 atuação em espaços públicos como os conselhos de direitos e 
secretarias
Os espaços públicos, hoje descentralizados da política social e que também servem para 
implementação do controle social na gestão da política, admitem a introdução de novos sujeitos sociais, 
como os conselheiros; é outro espaço para desenvolver a assessoria e a consultoria. 
Nesses espaços, a atuação do assistente social está ligada aos movimentos sociais. A assessoria surge 
como uma nova demanda a ser enfrentada por esses profissionais na luta pela defesa e pela efetivação 
dos direitos de cidadania e da democracia, em conformidade com os princípios do código de ética 
profissional. 
A importância da inserção do assistente social nesses espaços se dá pelo fato de a profissão se 
constituir na dinâmica sócio-histórica das relações entre Estado e as classes sociais no enfretamento 
da questão social. Sua necessidade histórica e seu significado social estão, assim, diretamente ligados 
às formas de enfrentamento da questão social, sendo o exercício profissional desenvolvido no campo 
contraditório de interesses e necessidades de classes sociais distintas e antagônicas (IAMAMOTO, 2000), 
como as que formam um conselho. 
A ampliação e as conquistas no campo dos direitos sociais implementadas nesse bojo se apresentam 
como novas possibilidades que necessitam serem apropriadas, decifradas e desenvolvidas por diversos 
profissionais que lidam com a garantia dos direitos e requerem, portanto, ir além da rotina da instituição 
e apreender as tendências e possibilidades presentes na realidade. 
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Verifica-se que há a necessidade de ter conhecimento desse espaço de controle, no que diz respeito 
às suas principais questões, assim como estar atento aos desafios a serem enfrentados. Assim, o 
profissional em serviço social assume também esse papel tendo em vista seu conhecimento crítico 
acerca da dinâmica da sociedade, uma vez que se encontra em contato direto com as políticas públicas. 
Citamos o exemplo de uma pesquisa realizada no Conselho Municipal de Saúde de Maceió, no ano 
de 2004, por Freire e Silva (apud TORRES, 2001), na qual foi observado que a inserção de assistente social 
na assessoria técnica desse órgão colegiado se dá de forma bastante significativa. Destacam-se, dentre 
outros avanços, a obtenção da revisão do Regimento Interno que legalizou a assessoria técnica como 
atividade própria do serviço social e a formação de grupos de estudo com conselheiros para discutir 
e avaliar o impacto causado na política de saúde municipal resultante de ações do conselho, como 
deliberações e conferências municipais, além de manter a articulação com/entre conselheiros (FREIRE; 
SILVA apud TORRES, 2001). 
Soares (2005, p. 10) afirma:
No município de Maceió, a assessoria do assistente social nos conselhos teve 
início em 2001 quando a então secretária municipal de saúde, Genilda Leão, 
inseriu, através da Coordenação de Controle Social, uma assistente social no 
Conselho Municipal de Saúde e criou o Grupo de Referência em Controle 
Social. 
Outro fato importante ocorrido devido à ação da assessoria técnica do assistente social no Conselho 
Municipal de Saúde, foi a elaboração, em 2002, de uma normatização para eleição dos conselheiros para 
2003-2004. Essa normatização definia regras como a de que conselheiro usuário não pode ter vínculo 
empregatício com a mesma esfera de governo (como aprovado na 5ª Conferência Municipal de Saúde) 
para participação dos fóruns de eleição de usuários e trabalhadores de saúde. A normatização baseada 
nas deliberações das conferências e em solicitações dos próprios conselheiros foi aprovada em reunião 
e transformada em resolução. 
Hoje o Conselho Municipal de Saúde de Maceió conta com quatro assistentes sociais para assessorá-
lo, que desenvolvem ações por meio das seguintes atividades: elaboração, coordenação, execução e 
avaliação, juntamente com conselheiros, dos planos de trabalhos do conselho; prestação de assessoria 
técnico-consultiva aos conselheiros e comissões do conselho; elaboração de relatório de atividades do 
conselho; organização da documentação do conselho; facilitação do fluxo de comunicação do conselho 
e outros setores da Secretaria Municipal de Saúde e entre o conselho e outras instituições; organização 
de Conferências de Saúde Municipais e de cursos de capacitação de conselheiros; realização de grupos 
de estudos com conselheiros, demais profissionais da saúde e Ministério Público Estadual. 
Podemos considerar vários avanços obtidos no Conselho Municipal de Saúde de Maceió, ocorridos 
após a intervenção da assessoria técnica do assistente social, mas o maior deles sem dúvida foi a posse 
de um usuário como presidente do Conselho Municipal de Saúde de Maceió. Hoje, o Conselho possui 
uma mesa diretora composta da seguinte forma: Presidente – Usuário – Representante da Associação 
Força Jovem do Vergel, Vice-Presidente – Usuário – Representante da Associação dos Moradores do 
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Residencial Casa Forte/Serraria –, 1ª Secretária – Trabalhador – Representante do Sindicato de Serviço 
Social do Estado de Alagoas e 2º Secretário – Gestor – Representante da Secretaria Municipal de Saúde. 
Para finalizar os espaços públicos, apoiamo-nos em Gomes (2000 apud TORRES, 2001), que 
expõe que nesses espaços de políticas sociais desenvolve-se um trabalho coletivo que não pode 
prescindir das articulações, alianças e parcerias com os diversos atores envolvidos. Há que exercitar 
a capacidade política de agregar parceiros e adesões a uma agenda comum, valendo-se de sua 
bagagem profissional. É necessário que o assistente social possua um bom conhecimento da 
legislação para viabilizar o exercício do controle social, de forma a possibilitar a participação da 
população de fato e de direito. 
Portanto, o trabalho de assessoria/consultoria nos espaços dos conselhos deve se revestir de um 
caráter muito mais político e técnico por ser um espaço inserido na esfera política, garantindo um 
posicionamento ético do profissional, democratizando a relação entre os sujeitos/atores que estão 
envolvidos, aprofundando-se no exercício da cidadania e estabelecendo um diálogo constante entre os 
diferentes segmentos sociais envolvidos nessa relação. 
5.5 atuação em movimentos sociais 
Entremos em outro espaço de atuação de assessoria/consultoria: os movimentos sociais, seus 
processos, sua estruturação interna e suas estratégias e resultados. 
Os movimentos sociais, principalmente os movimentos populares, enfrentam dificuldades 
de mobilização frente aos desafiosdas mudanças econômicas e políticas que culminam no 
desemprego, mas não têm deixado de reagir e de se rearticular, seguindo o que nos coloca Fonseca 
(2005, p. 18). 
Daí a importância da atuação de assessoria e consultoria do profissional de serviço social para 
esclarecer aos integrantes dos movimentos populares sobre quais os direitos dos cidadãos e quais são os 
serviços propiciados pelas mais variadas instituições e os mecanismos de acesso a elas. 
Se as políticas sociais e os programas delas derivados são respostas a um processo de lutas 
acumuladas historicamente pelas classes trabalhadoras, na busca de conquista de seus direitos 
de cidadania, tais programas – ao serem institucionalizados e administrados pelo Estado – são 
burocratizados, esvaziados de seus componentes políticos, de modo a diluir o conteúdo de classe 
das lutas reivindicatórias, que são assim ”recuperadas” e ”apropriadas” pelo bloco no poder. Os 
programas sociais e a participação social neles preconizados transformam-se, desse modo, em 
meio de controle das lutas sociais e das sequelas derivadas do crescimento da miséria relativa da 
população trabalhadora (IAMAMOTO, 2002, p. 106). 
Esse espaço de atuação profissional é também importante para o reconhecimento profissional e 
precisa ser apropriado por nossa categoria profissional, conferindo maior visibilidade às possibilidades 
de intervenção do assistente social contemporâneo. 
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5.6 atuação em empresas privadas 
Para atuar como assessor/consultor em empresas privadas, o assistente social: 
Precisa ter uma leitura crítica da lógica capitalista e dos parâmetros 
institucionais a serem enfrentados estrategicamente pelo assistente 
social, a fim de que não se reproduza a condição excludente e antagônica 
do mercado. Sabemos que os serviços sociais criam condições favoráveis 
à reprodução da força de trabalho e a profissão situa-se no processo 
de reprodução das relações sociais; portanto consideramos o espaço 
empresarial como um dos espaços institucionais mais complexos de 
intervenção profissional devido à manifestação patente da exploração 
e manutenção da força de trabalho. Por isso o profissional que dispõe do 
poder atribuído institucionalmente deve apropriar-se de um rigoroso 
trato teórico-metodológico que propicie uma análise e compreensão 
dos problemas e desafios com os quais se defronta (FONSECA, 2005, p. 
20- 21). 
Essa necessidade se dá, pois: 
A participação nos programas derivados das políticas sociais aparece assim 
como meio de antecipar e controlar possíveis insatisfações e/ou focos de 
conflito e tensão, que desarticulem ou obstaculizem as iniciativas do bloco 
no poder (IAMAMOTO, 1999, p. 106). 
No entanto, como assistentes sociais, nossa intervenção sempre deverá estar voltada para a atenção 
das necessidades apresentadas pelos segmentos vulneráveis, buscando dar visibilidade às demandas 
desses grupos, independente do grupo que esteja no poder da empresa privada. 
5.7 atuação em organizações não governamentais
 Saiba mais
Visitando o site será possível conhecer uma organização não 
governamental que atua com assessoria e consultoria. Confira a experiência. 
<http://www.fundacaosemear.org.br/>.
Conforme já estudamos, as ONGs decorrem de processos de movimentos sociais e, para alguns 
autores, também para sanar a falência do Estado. Desde a década de 1990, por conta das mudanças 
sociais, as ONGs vêm respondendo, por meio da sua atuação, às questões sociais. É nesse espaço, no qual 
emergem novos desafios para a concretização do projeto ético-político e profissional, que o assistente 
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social vem sendo cada vez mais inserido e exigido em relação à qualificação, competência, criatividade, 
dinamismo e flexibilidade. 
São exigências essenciais para que o profissional desenvolva um trabalho qualificado com estudo 
social sobre o público-alvo, conhecimento de políticas sociais da assistência social, saúde e educação e 
de questões administrativo-financeiras, o que explica a cobrança crescente de profissionais para gestar 
e coordenar esses espaços. 
Além dessas exigências, espera-se que os profissionais saibam atuar em equipe multidisciplinar, 
analisar orçamentos públicos, identificar alvos e metas, captar recursos, realizar prestação de 
contas, elaborar, planejar, executar, monitorar e avaliar ações e projetos, além de ter visão crítica 
da realidade. 
Os profissionais que apresentarem essas competências e habilidades são os que possuem perfil para 
gestar, coordenar e até mesmo para ser um assessor/consultor desse espaço denominado organização 
não governamental, as ONGs. 
[...] a forma e a natureza das relações sociais determinam as tendências 
das práticas sociais ao priorizar necessidades que, no âmbito da experiência 
profissional, assumem o estatuto de objetos de intervenção, materializando 
as exigências do mercado de trabalho e o lugar da profissão na divisão 
sociotécnica do trabalho (MOTA; AMARAL, 1998, p. 42). 
Nesse contexto de competências e habilidades: 
[...] o assistente social, mesmo realizando atividades partilhadas com 
outros profissionais, dispõe de ângulos particulares de observação 
na interpretação dos mesmos processos sociais e uma competência 
também distinta para o encaminhamento das ações. [...] Cada um dos 
especialistas, em decorrência de sua formação e das situações com que 
se defronta na sua história social e profissional, desenvolve sensibilidade 
e capacitação teórico-metodológica para identificar nexos e relações 
presentes nas expressões da questão social com as quais trabalham 
e distintas competências e habilidades para desempenhar as ações 
propostas (IAMAMOTO, 2002, p. 41). 
Não podemos deixar de esquecer que para tanto, há, segundo Iamamoto (2001, p. 352),
[...] uma interferência direta dos empregadores na definição do trabalho 
profissional, uma vez que a relação estabelecida entre o profissional e o 
objeto de intervenção depende do prévio recorte das políticas definidas 
pelos empregadores, que estabelecem demandas e prioridades a serem 
atendidas. 
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Nós, como assistentes sociais, em qualquer área de atuação, precisamos sempre ter em mente que 
estamos transitando entre as necessidades de nossos contradores e a população usuária de nossos 
serviços. 
Na sequência, indicaremos quais são as estratégias a serem consideradas, de forma genérica, para 
assistentes sociais que irão atuar com assessoria e/ou consultoria.
6 eStratégiaS para atuaçãO dO aSSiStente SOcial na área de 
aSSeSSOria/cOnSultOria 
Apresentaremos algumas estratégias para o desenvolvimento de assessorias/consultorias. Elas são 
generalizantes, pois não pretendem ser um rígido roteiro do que e como fazer. Ao contrário, a assessoria/
consultoria só pode ser desenvolvida a partir de uma acurada leitura, pois possui particularidades. Aqui, 
o que faremos é socializar parte das reflexões desenvolvidas – em continuidade ao diálogo feito com os 
autores citados no item anterior – como forma de apontar caminhos para outros processos de assessoria 
e consultoria. 
O primeiro ponto a ser tratado pelos assessores é o esclarecimento da razão da assessoria. Em geral, 
uma assessoria, quando solicitada, é porque o profissional, a equipe ou o movimento social identifica a 
necessidade de alguma mudança. 
Por isso, Vieira (1981), na concepção tradicional, trata da importância da assessoria na mudança de 
hábitose depois de congelamento das ações julgadas corretas para aquelas equipes assessoradas. 
Assim, o assessor propõe a solução por meio da correção de problemas. Contudo, a assessoria pode 
ser entendida como um processo que gera mudança, mas a partir de uma relação em que assessores 
e assessorados possuem distintas contribuições a serem dadas. Isso fica claro no texto de Vasconcelos 
(1998), quando a autora propõe que a universidade desenvolva assessoria às equipes de serviço social 
por meio do estágio supervisionado. 
Esse processo se dá como uma troca de saberes diferenciados, em que a universidade tem, ou teria, 
um papel na formação profissional continuada. Portanto, não necessariamente a assessoria é apenas 
para aqueles sujeitos ou equipes com problemas e sim um processo, que pode ser continuado, de 
aperfeiçoamento da ação desenvolvida pelos assessorados. 
O assessor, na sua privilegiada posição de agente externo e a partir da sua capacidade profissional, 
pode contribuir apontando caminhos e auxiliando no desvelamento de questões que a equipe e o 
profissional, sozinhos, não podem identificar. Assim, esse primeiro passo não é pouca coisa, é um 
momento em que o assessor, ou a equipe da assessoria, clareiam para si, na realidade, a concepção 
política e teórica de assessoria. 
Contudo, não basta estar claro isso para o assessor, é necessário também que esteja claro para 
quem irá ser assessorado. Ou seja, é fundamental que seja cuidadosamente avaliada a realidade, 
preferencialmente em conjunto com a equipe assessorada. 
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Só a partir daí é que se poderá construir um projeto de assessoria, no qual aquelas demandas 
originais e outras serão debatidas, pactuadas e apresentadas. 
Esse processo de estudo da realidade pode ser desenvolvido por meio de diferentes procedimentos. 
Somente a partir da proposta de assessoria, da pesquisa sobre a instituição ou dos movimentos sociais 
que se poderá iniciar o assessoramento ou consultoria e consequente apresentação e discussão do 
processo junto ao assessorado. 
Por vezes, há a tentação de “pôr logo a mão na massa”, ou seja, iniciar logo a assessoria, sobretudo 
pela habitual ansiedade de quem será assessorado. Contudo, essa fase inicial é fundamental, pois, 
invariavelmente, os assessorados apresentam demandas de assessoria que não são as reais, como nos 
casos em que as equipes solicitam a assessoria para elaboração de pesquisas, mas sequer fizeram uma 
discussão sobre o trabalho profissional e sobre a relevância de sistematização da prática profissional 
(ALMEIDA, 2010). 
As demandas pela prestação de serviços de assessoria/consultoria são motivadas por diferentes 
necessidades, tais como: 
• empresas solicitam assessoria para a adesão dos trabalhadores à mudança, quando no fundo é 
importante uma discussão sobre a reestruturação produtiva, e assim desvelar o impacto do atual 
forma de produção na vida do trabalhador (FREIRE, 2010);
• conselheiros de saúde reivindicam cursos de capacitação, enquanto o fundamental é a discussão 
da organização política e articulação junto às bases (BRAVO; MATOS, 2010). Esses são exemplos 
reais tirados de artigos sobre assessoria/consultoria. 
Uma vez definidos os pressupostos da assessoria, cabe o início do processo em si. 
Esta etapa, talvez a mais importante, é a operacionalização das intenções. É preciso ter claro que o 
assessor não é um porta-voz do que deve ou não ser feito. Não está em cena aqui a figura de um assessor 
que estuda a realidade, ouve e acolhe as sugestões de quem o contratou, que propõe alterações do fluxo 
de trabalho e depois busca convencer a quem assessora congelar as suas ações para que assim possa 
ter o perfeito desempenho. Ao contrário, o processo de assessoria é cotidianamente construído com os 
sujeitos fundamentais – os assessorados – e estes têm autonomia em acatar ou não as proposições da 
assessoria. 
Esse processo deve ser franco e aberto, por ambos os lados. O assessor é um sujeito propositivo, mas 
que só terá êxito nessa atividade se tiver interlocução com quem assessora. Para tanto, fundamental é 
a adoção de estratégias de trabalho participativas. 
Pouco tem se produzido no serviço social sobre práticas participativas. As experiências de assessorias 
– as pautadas nos princípios do atual projeto ético-político do serviço social – têm frequentemente 
lançado mão dessas estratégias. 
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Almeida (2006), na sua experiência de assessor de equipes de serviço social, ao encontrar com 
a demanda de pesquisa, tem provocado uma reflexão sobre o trabalho profissional. Ele constrói 
um fluxograma da trajetória do usuário nos serviços. Assim, o autor identifica – junto com a 
equipe que assessora – as diferentes lacunas do trabalho coletivo (portanto, não só da atuação 
profissional dos assistentes sociais) que, em geral, impactam negativamente a vida do usuário 
e que devem ser tratadas antes mesmo da constituição de equipes de pesquisa. Nesse processo, 
segundo o autor, várias das lacunas são enfrentadas por meio da capacitação, no bojo do processo 
de assessoria. 
Freire (2006) toma como referência as solicitações de empresas para assessoria na implantação 
de novos projetos ou de reestruturações, em que a demanda está na busca de adesão dos 
trabalhadores ou na construção de um controle diferenciado, muitas vezes aparentando um 
controle social de fato. 
Nesse tipo de assessoria é também importante que o assessor desvele a demanda original (por 
exemplo, a suposta busca de participação dos trabalhadores). Essa assessoria se dá, explicitamente, num 
espaço contraditório, tendo empresários e trabalhadores com interesses distintos e, como tal, passível 
de conflitos e de consensos, a partir da aliança ou tensão em determinados pontos, que podem ou não 
ser negociados. 
A par de sua capacidade profissional, mesmo com a relativa autonomia que aqui detém, o assistente 
social assessor poderá contribuir efetivamente para o favorecimento dos interesses dos trabalhadores. 
Em todo esse processo, a autora trabalha com a: 
pesquisa participante, em que os assessorados participam de todo o processo 
de assessoria, como o levantamento das informações e a análise institucional 
e, por isso, faz a autora, em seu texto, uma defesa destes, entendidos como 
um meio de trabalho importante para a constituição de sujeitos políticos 
(FREIRE, 2006, p. 190-191). 
Bravo e Matos (2010) relatam que a partir da demanda, que geralmente gira em torno da 
solicitação de capacitação de conselheiros, inicia junto com os solicitantes uma problematização 
sobre o tema. O que está no cerne é a desmistificação de que a capacitação resolveria problemas 
que são de ordem política. 
Enretanto, por outro lado, os autores sabem, contraditoriamente, do potencial da capacitação e, 
por isso, na maioria das vezes, desenvolvem-na, mas, num contexto de assessoria, com discussão dos 
conteúdos do curso e não como uma ação episódica. O curso costuma ser uma ação, junto com outras, 
como a construção de planos municipais de saúde, por exemplo. 
Por isso, estratégias importantes têm sido o recurso ao planejamento estratégico-situacional e à 
pesquisa participante. 
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Em geral, o curso é uma estratégia de articulação entre os militantes, tanto que, não por acaso, em 
geral no seu encerramento, tem se criado fóruns populares de políticas públicas. Muitos não vão à frente, 
mas isso está vinculado ao potencial da participação políticana atualidade. Os exemplos anteriores 
demonstram a riqueza das possibilidades de estratégias participativas. Estas devem ser criativas e não 
normativas, sendo a realidade e os objetivos que determinam como e de que forma o referencial teórico 
e os objetivos determinam a escolha de uma ou outra técnica. 
Esse raciocínio fica claro com os aportes de Guerra (2006), quando lembra que, a partir da 
necessidade de transformar a natureza, o homem define por quais meios constrói os instrumentos 
de trabalho. Analogia que podemos tomar para a reflexão sobre o porquê de determinada 
técnica ou metodologia. Contudo, é importante que os profissionais saibam das possibilidades 
existentes e é por isso que elas aqui são socializadas. Sim, a centralidade cai sobre o sujeito que 
a empreende. 
Uma vez atingido o objetivo, principal ou não, da assessoria, esta, necessariamente, não se 
acaba. Entendemos que o processo pode ter continuidade ou não. Afinal, na nossa concepção 
não está em cena uma adaptação a um modelo ideal de atuação. A realidade é dinâmica e 
apresenta permanentemente desafios, que podem ser mais bem encarados por meio da troca de 
conhecimentos que a assessoria propicia. Importantes espaços para isso são as avaliações que 
devem ser periodicamente realizadas. 
Mas isso não quer dizer que o assessor seja um sujeito neutro. Ao contrário, se o profissional é 
credenciado para ser assessor é porque há um reconhecimento da sua capacidade. 
O profissional que atua com assessoria e consultoria não deve abrir mão do que referendamos 
como uma garantia constitucional – a liberdade de expressão – não omitindo ou minimizando sua 
avaliação sobre a viabilidade ou não de cada ação, abrindo espaço e estimulando o debate entre assessor 
e assessorado. 
Acreditamos que todo o processo da assessoria – planejamento, desenvolvimento, seus impasses, 
avanços etc. – deve ser avaliado e registrado. Há um conjunto de conhecimentos que a prática da 
assessoria gera que merece ser socializado. 
Assim, se o assessor estiver atento, pode, em conjunto com quem assessora, construir documentos 
com diferentes perfis e profundidades, como textos educativos, panfletos, artigos. 
Esse material deve alimentar o conhecimento acadêmico, mas, em especial, deve ser socializado com 
os sujeitos fundamentais desse processo, que são as equipes ou profissionais assessorados. 
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Consultoria em trabalho soCial
7 reSpOnSabilidade SOcial cOmO um cOndiciOnante para O 
trabalhO cOmO aSSeSSOr/cOnSultOr dO aSSiStente SOcial
 Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos a respeito do assunto tratado, 
indicamos o texto:
MENEZES, F. C. de. O serviço social e a “responsabilidade social das 
empresas”: o debate da categoria profissional na Revista Serviço Social & 
Sociedade e nos CBAS. Serv. Soc. Soc., São Paulo, n. 103, set. 2010. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
66282010000300006&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 dez. 2014. 
Atualmente, assistentes sociais vêm desenvolvendo atividades de assessoria/consultoria em 
responsabilidade social empresarial. Esse novo “modismo”, conforme Gomes (2005), não pode ser 
explicado e esclarecido fora do contexto histórico, pois a responsabilidade social vem ganhando espaço 
no cenário do mercado de trabalho, devido à: 
crescente complexidade que vem permeando as práticas comerciais e 
industriais, o que tem obrigado as empresas a adotarem gradualmente 
parâmetros para identificar e atender aos interesses dos stakeholders 
(principais grupos envolvidos sejam eles fornecedores, clientes, colaboradores 
e/ou acionistas) (BRANCHINI, 2003, p. 32). 
No Brasil, a responsabilidade social surge por meio de movimentos empresariais que tinham como 
objetivo estudar as atividades econômicas e sociais do meio empresarial na década de 1960 e 1970. Da 
década de 1990 até os dias atuais, a responsabilidade social vem se fortalecendo por meio de movimentos 
de grupos e instituições que objetivam transformar o interesse empresarial em investimento social 
privado. 
No decorrer da história, o Brasil vivenciou inúmeras crises sociais, econômicas e políticas. Uma delas 
ocorreu no período de 1980 a 1994, com os seguintes acontecimentos: 
• esgotamento do modelo econômico vigente, representando taxas reais de crescimento em torno 
de 1%; 
• crescimento do endividamento externo e consequente dependência financeira, obrigando altos 
níveis de exportações para atender às exigências dos bancos credores;
• prostração do poder tributário do Estado que, somado ao endividamento interno, reduz sua 
disponibilidade de recursos e possibilidade de intervenção;
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• aumento da máquina estatal de forma desordenada e ineficiente, buscando fazer frente aos 
baixos índices de crescimento econômico; 
• maior espaço para ações reivindicatórias por parte da sociedade; 
• perda de credibilidade dos governantes, partidos políticos e instituições estatais; 
• aumento da marginalidade por ineficiência das intervenções estatais e absorção da força de 
trabalho. 
Decorrente dessas crises, a partir de 1997, o sociólogo Betinho lançou o modelo de balanço social e, 
em parceria com a empresa de mídia Gazeta Mercantil, criou o “selo do balanço social“, com a “Campanha 
nacional de ação da cidadania contra a fome e a miséria e pela vida“, apoiada pelo Pensamento Nacional 
das Bases Empresariais (PNBE).
Depois desse evento começaram a surgir outros selos e institutos, como o Instituto Ethos de 
Empresas e Responsabilidade Social, em 1998, fundamentado na ética, na cidadania, na transparência e 
na qualidade das relações da empresa com seus stakeholders. Esse instituto foi criado com o objetivo de 
promover a responsabilidade social de forma agregada de diversas empresas privadas.
A partir disso, muitos outros institutos e grupos foram criados no cenário empresarial, com intuito 
de difundir a responsabilidade social. 
Para melhor compreensão do que se trata a responsabilidade social, Ashley (2002, p. 6) define 
responsabilidade social como: 
O compromisso que uma organização deve ter para com a sociedade, 
expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo 
amplo, ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo proativamente 
e coerentemente no que tange a seu papel específico na sociedade e a sua 
prestação de contas para com ela. 
A responsabilidade social, no limiar desta década, passa a ser utilizada frequentemente por empresas 
”cidadãs” e ”socialmente responsáveis”, decorrente do significativo crescimento do marketing social no 
Brasil. 
Uma empresa ”socialmente responsável”, isto é, que desenvolve atividade de responsabilidade social, 
é uma empresa que realiza ações para uma comunidade na áreas da assistência social, educação, saúde 
e meio ambiente. 
Com o aparecimento da responsabilidade social, do balanço social e com a Norma de Gerenciamento 
Social (SA 8000), o profissional de serviço social fica frente ao desafio de instalar-se nesse novo 
processo de criação e elaboração coerente de estratégias e é qualificado para gerenciar as propostas e 
metodologias, para que responda positivamente às exigências desse novo espaço de atuação. 
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Tal trabalho de consultoria e assessoria em responsabilidade social, dentro de uma empresa ou 
em espaços públicos, deve ser somado ao terceiro setor, no qual esses espaços empresariais e órgãos 
públicos estão inseridos, ou em espaçosonde há uma grande concentração de funcionários para que se 
trabalhe a autoestima das comunidades e o voluntariado nos funcionários de empresas, por exemplo, 
indo além do intento acadêmico, abrangendo a ética. 
Citamos alguns exemplos de empresas que desenvolvem responsabilidade social no Brasil: 
Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) 
Criado pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, em 1981, tem se destacado por valorizar os 
movimentos de responsabilidade social empresarial no Brasil por meio do balanço social, isto é, tem como 
finalidade evidenciar a conduta empresarial brasileira nas ações de responsabilidade social empresarial. 
Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) 
Surgiu no final da década de 1980 e tem como finalidade a troca de experiência e incentivo às ações 
filantrópicas. O Gife é pioneiro, na América Latina, em reunir empresas, institutos e fundações de origem 
privada que têm exercícios voltados ao repasse de recursos privados para fins públicos, por meio de 
projetos sociais, culturais e ambientais.
Uma de suas atribuições é estimular parcerias entre o setor privado, o Estado e a sociedade civil 
organizada e, ainda, é um espaço considerado, por muitas multinacionais instaladas no Brasil, como 
braço filantrópico de empresas multinacionais e fundações de grandes empresas nacionais, o que lhe 
confere caráter proeminente no cenário brasileiro e faz com que seus associados tenham popularidade 
ao possuir uma qualidade bem-definida na área da responsabilidade social.
Na concepção do Gife, responsabilidade social empresarial é a condução dos negócios da empresa 
de forma que a torne parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social. 
 Saiba mais
Para conhecer mais sobre o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, 
acesse:
<http://www.gife.org.br>.
O Instituto Ethos 
Criado em 1999, tem como objetivo ”constituir parâmetros para as empresas interessadas em 
desenvolver ações de responsabilidade social”, abrangendo em seu caráter a mobilização, a promoção, a 
disseminação e a contenda a respeito da gestão socialmente responsável.
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Merece ser apontado que esse instituto investe em campanhas publicitárias, e a sua aproximação do 
meio político e acadêmico acontece, principalmente, por meio de cursos de administração e marketing.
Cabe ressaltar que o Instituto Ethos defende que independe se a empresa é de grande, médio ou 
pequeno porte e, até mesmo, se é nacional ou multinacional, pois o que importa é que suas ações 
estejam voltadas para a responsabilidade social, bastando apenas que tenham vontade política.
Há, ainda, outras empresas multinacionais, de diversos ramos de atuação, instaladas no Brasil que 
vem desenvolvendo institutos para desenvolver responsabilidade social, tais como: Bosch e seu Instituto 
Robert Bosch; C&A e o Instituto C&A e muitos outros.
Decorrente dessa expansão de empresas que vêm atuando com responsabilidade social, citamos 
alguns autores, que fazem a seguinte análise sobre o tema: 
[...] a perspectiva de que responsabilidade social se constitui no compromisso 
que uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio de 
atos e atitudes que a afetam positivamente, de modo amplo, ou a alguma 
comunidade, de modo específico na sociedade e a sua prestação de contas 
para com ela. Nesse contexto, assume obrigações de caráter moral, além 
das estabelecidas em lei, mesmo que não diretamente vinculadas às suas 
atividades, mas que possam contribuir para o desenvolvimento sustentável 
(ASHLEI, 2002, p. 6-7). 
Enquanto Montaño (2002, p. 60) faz o seguinte alerta: 
Responsabilidade social do empresariado não pode ser compreendida 
sem fazer referência à sempre presente necessidade de aumentar a 
produtividade e com ela o movimento de “relações humanas“ e diversas 
formas de tornar o trabalho mais ameno para conquistar o trabalhador, bem 
como a necessidade de conquistar o consumidor. Parte do pressuposto que 
a “filantropia empresarial“ nada mais é do que um novo modismo do capital, 
objetivando incrementar a sua lucratividade. 
Independente de quaisquer questões sociais, políticas ou econômicas, a responsabilidade social vem 
crescendo no cenário brasileiro em todos os seus setores: primeiro, segundo e terceiro setores, como 
também no setor acadêmico. 
Em 2000, o Ipea realizou uma pesquisa, no estado do Espírito Santo, intitulada: “Iniciativa privada e 
o espírito público: ação social das empresas privadas no Brasil”, na qual pode-se constatar 
Entre o final da década de 1990 e 2004, observa-se um crescimento 
generalizado na proporção de empresas que declararam realizar algum tipo de 
ação social para a comunidade (por região, por setor de atividade econômica 
e por porte). Ao se analisar o conjunto de empresas brasileiras nota-se que 
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a participação empresarial na área social aumentou 10 pontos percentuais, 
passando de 59%, em 2000, para 69%, em 2004. [...] Assim, entre aquelas que 
realizam atividades sociais, 50% encontram-se no Sudeste e 29% no Sul; em 
2000 essas proporções eram de 64% e 16%, respectivamente. [...] No que se 
refere ao porte das empresas é mister destacar o aumento significativo no 
período analisado da participação de microempresas no conjunto daquelas 
que beneficiaram as comunidades com sua atuação voluntária. Com efeito, 
entre 2000 e 2004, essa participação cresceu 10 pontos percentuais, indo de 
58%, no início da série, para 68%, no final (IPEA, 2006).
O Ipea também identificou os fatores de motivação dos empresários quando estabelecem suas 
empresas como socialmente responsáveis para desenvolverem ações sociais, ressaltando o lado 
filantrópico: 
• motivos humanitários;
• razões religiosas; 
• aumento da produtividade e qualidade no trabalho; 
• visibilidade da marca; 
• clientelismos (ações sociais motivadas por solicitação de amigos e políticos). 
E as áreas beneficiadas que os motivaram foram: 
• assistência social, com ênfase para alimentação e abastecimento;
• saúde;
• educação; 
• cultura;
• segurança. 
O principal foco foram os segmentos família, criança e adolescente, mas as doenças graves, como 
aids, tuberculose e câncer, foram quase que deixadas de fora, pois as empresas não querem seu logo 
associado a esse tipo de projeto que poderia reverter-se de forma conflitante aos seus negócios. Um 
exemplo grotesco é imaginarmos a Souza Cruz (fabricante de cigarros) investindo em projetos de ações 
sociais de combate ao câncer. 
Apesar do exemplo anterior, não há limites para a responsabilidade social empresarial. A motivação 
para ser uma empresa ”cidadã” vem do espaço aberto por conta do repasse de incentivos dados pelo 
Estado. Isso leva à intensa atuação da empresa na área social. 
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Conforme estudamos anteriormente, com a falência do Estado, as empresas assumiram as 
ações sociais, que veem nesse campo a possibilidade de aumentar sua lucratividade, ou melhor, 
corroboram os preceitos neoliberais que pregam a iniciativa privada, ocupando o espaço que é de 
dever do Estado. 
A responsabilidade social empresarial tem como intenção, diferente do mercadológico, ”agregar 
valores à marca”, o que demonstra nessa postura que as empresas são estimuladas por estratégias de 
negócio e não somente pela filantropia. Isso porque, em um mercado globalizado, a responsabilidade 
social concebe uma estratégia de sobrevivência e busca junto à

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